Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Microscopia de Varredura por Tunelamento (STM) Henrique Brolezi Nunciaroni (155715) e Vinicius Colombo de Oliveira (118904) Henrique.bn@outlook.com e colombo.vinicius@gmail.com Instituto de Física “Gleb Wataghin” – UNICAMP 17 de Novembro de 2017 Resumo Neste experimento utilizamos um microscópio de varredura por tunelamento onde foi possível obter a topografia de uma amostra de ouro e grafite. Procuramos entender todo o funcionamento do microscópio e o fenômeno por trás, tunelamento de elétrons por uma diferença de potencial aplicada entre duas superfícies (eletrodos). Encontramos a distância interatômica para os carbonos da superfície do grafite - 0,141 nm - e pudemos ver sua geometria hexagonal. I Introdução A microscopia de varredura por tunelamento, conhecida como STM, do inglês “scanning tunneling microscopy”, tem como ideia original fazer espectroscopia em áreas de diâmetros próximas a . Assim ao invés de usar uma ponta em contato mecânico sobre uma superfície a técnica é baseada em usar uma ponta a alguns Ångstrӧms ( ) da superfície da amostra e controlar tal distância por uma corrente de túnel que flui entra ponta e amostra devido à diferença de potencial entre elas. O desenvolvimento do microscópio de varredura por tunelamento feito por Gerd Binnig e Heinrich Rohrer (IBM Zürich) em 1981 fez com que seus idealizadores recebessem o Prêmio Nobel de Física em 1986. Figura 1: O princípio do STM. A corrente flui entre ponta e amostra através de canais estreitos de maneira que a melhor resolução de dimensões atômicas da superfície é obtida quando a ponta apresenta apenas um átomo do material. Adaptada de [1]. O tunelamento de elétrons oferece possibilidades fascinantes e desafiadoras na física de superfícies e em muitas outras áreas. Neste experimento concentramos nossos esforços em observar a topografia da superfície de alguns materiais condutores em escala atômica. O fenômeno ocorre entre dois condutores separados por uma camada isolante suficientemente fina ou, em termos físicos, barreira de potencial. A corrente de tunelamento é uma medida das funções de onda dos dois eletrodos (ponta e amostra), portanto é uma função da separação de eletrodos e da natureza dos mailto:Henrique.bn@outlook.com mailto:colombo.vinicius@gmail.com https://pt.wikipedia.org/wiki/Gerd_Binnig https://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Rohrer https://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Rohrer pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen Grupo 1 (azul) ● F 740 – B ● Prof. R. Urbano 2 estados eletrônicos envolvida no processo. A junção consiste em um sanduíche de condutor-isolante- condutor plano em que o isolante é geralmente uma camada de óxido, formada por oxidação de um dos eletrodos. Para elétrons livres que atravessam uma barreira plana em pequenas tensões, a densidade de corrente J pode ser escrita como: ( ) ( ) ( ) (1) Onde s é a distância eficaz do túnel em Ångstrӧms, é o comprimento de decaimento inverso da densidade da função de onda fora da superfície, V a tensão aplicada em volts, e ( ) ; é dado pela expressão ( ) √ ( ) em que é a altura (valor) da barreira de potencial entre os eletrodos; ela é dada por [ ( ) ]. Figura 2: Barreiras de potencial dos eletrodos e diferença de potencia V entre as amostras para que haja densidade de corrente j. Adaptada de [4]. II Detalhes Experimentais Nosso experimento consiste em varrer uma superfície com uma ponta de metal de modo a observar a topografia do material, porém nossa ponta mantém uma distância regulada por uma corrente elétrica de tunelamento, sendo assim a ponta não encosta no material analisado. Faremos a varredura na superfície de alguns materiais nas direções PX e PY como na figura3. A corrente túnel JT entre a ponta e o material deve permanecer constante, sendo assim aplica-se uma diferença de potencial V, fazendo com que a distância s também permaneça sem alterações. Com isso a superfície da amostra se estabelece fixa enquanto o motor onde a ponta está presa regula sempre o movimento na direção PZ de modo manter a distância s (devido às imperfeições da superfície da amostra – picos e vales) e fazer a varredura nos eixos PX e PY. Figura 3: Princípio de funcionamento do STM onde podemos observar as direções em que a varredura é feita (PX e PY) pela ponta sobre a amostra e também a corrente elétrica estabelecida JT devido a diferença de potencial V aplicada para que a distância s permaneça constante. Adaptada de [2]. O ideal seria termos uma ponta com apenas um átomo, porém isso se torna inviável uma vez que a produção da ponta necessitaria de recursos muito mais sofisticados. Nossa ponta foi feita de Pt/Ir de 0,25mm de diâmetro com 1 cm de comprimento, onde cortamos o fio de maneira mais precisa possível de modo a conseguir a menor espessura final na ponta. Para a realização das medidas não foi utilizado o microscópio em vácuo, porém se o tivéssemos as medidas poderiam ser mais satisfatórias uma vez que a umidade do ar interfere em nossas medidas. Tivemos muito cuidado com ruídos eletromagnéticos e oscilações mecânicas na plataforma onde foi colocado o equipamento do STM. Na figura 4 podemos ver o microscópio de varredura por tunelamento. pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen Grupo 1 (azul) ● F 740 – B ● Prof. R. Urbano 3 Figura 4: Microscópio de varredura por tunelamento modelo easyScan 2 STM, versão 1.3 utilizado na realização das medidas [3]. Entendemos o software utilizado no equipamento através do manual [5] onde compreendemos como seriam feitas as medidas. Depois de colocada a ponta como na figura 5 e encaixado a amostra no local adequado, a olho aproximamos o máximo possível sem tocar a agulha na amostra e feito isso colocamos a opção aproximando para que o próprio motor aproxime agulha da amostra até que a corrente de tunelamento de 1nA fosse estabelecida a uma distância ponta-amostra na casa de alguns Ångstrӧms. Fizemos essa aproximação com as instruções fornecidas pela literatura [5]. Figura 5: Agulha colocada e amostra presa sobre um pequeno cilindro que com o motor será aproximado até que se estabeleça a corrente de tunelamento escolhida. Adaptada de [5]. III Resultados, Análise de Dados e Discussões Em nossa primeira medida analisamos uma amostra de ouro estabelecendo corrente de tunelamento 1nA e diferença de potencial de 0,5V com o passo do motor em 0,3 segundos por linha. Foi varrida uma área de 200 x 200 nm para observarmos a topografia da superfície do ouro, como segue a figura abaixo. Figura 6: Imagem da superfície de uma amostra de ouro com área de varredura 200 x 200 nm. Podemos ver as imperfeições da amostra, porém nada muito claro. Afim de obter uma imagem mais detalhada da superfície da amostra, fizemos a varredura em uma área de 75 x 75 nm, como é apresentado na figura 7. Figura 7: Imagem da superfície de uma amostra de ouro com área de varredura 75 x 75 nm. Podemos ver claramente as imperfeições da amostra, vales e picos. pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen Grupo 1 (azul) ● F 740 – B ● Prof. R. Urbano 4 Após vermos uma superfície bem aproximada da teoria [5], fizemosuma varredura em uma área menor ainda, como dimensões 9 x 9 nm. Figura 8: Imagem da superfície de uma amostra de ouro com área de varredura 9 x 9 nm. Foram realizadas diversas vezes novas medidas para tentarmos obter uma figura melhor com as dimensões como a da figura 8, porém a melhor imagem capturada é a analisada aqui, onde no canto superior esquerdo podemos ver a topografia como a da literatura [5], porém no resto da figura não obtivemos sucesso em observar o que esperávamos. Em seguida trocamos a amostra de ouro por uma de grafite onde esperávamos encontrar uma topografia próxima do que seriam a organização atômica do material, os átomos de carbono. A figura a seguir foi nossa primeira medida onde não tivemos sucesso em observar a organização atômica do material. Vale ressaltar que para as medidas do grafite foi estabelecida uma nova voltagem menor, de 0,05V entre amostra e ponta e assim uma nova distancia foi estabelecida a fim de manter a corrente de 1nA de tunelamento. Figura 8: Imagem da superfície de uma amostra de grafite com área de varredura 8 x 8 nm. Foram realizadas diversas novas medidas para o grafite também, porém todas muito parecidas com a figura 8. Acreditamos que as medidas não foram satisfatórias devido a imperfeições das superfícies das amostras e da ponta. Um agravante foi também que em determinado momento pareceu que a ponta chegou a tocar a amostra, isto muda todo cenário, pois a ponta pode não estar mais em boa qualidade. Sendo assim foram feitas a troca da ponta e das amostras e com a parceria dos colegas de laboratório Lucas de Oliveira Lopes e Rodrigo Cardoso Leon conseguimos uma nova medida do grafite, colocando os mesmos parâmetros anteriores, figura 9. Vale ressaltar que todas as medidas foram supervisionadas pelo Professor Doutor Ricardo Rodrigues Urbano, que nos auxiliou e colocou mais que o tempo disponível em aula para nos ajudar. pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen Grupo 1 (azul) ● F 740 – B ● Prof. R. Urbano 5 Figura 9: Imagem da superfície de uma amostra de grafite com área de varredura 2,5 x 2,5 nm. Observa-se que na figura 9 conseguimos obter o padrão esperado para a superfície do grafite, podendo observar a organização atômica do material. Na figura 10 observamos as distâncias interatômicas e feita uma média entre elas pudemos obter um valor de 0,141 nm, que é bem próximo do valor esperado pela literatura [5], 0,140 nm. Na próxima figura podemos observar as linhas de onde conseguimos estimar as distâncias inter atômicas. Figura 10: Imagem da superfície de uma amostra de grafite com área de varredura 2,5 x 2,5 nm marcada com as distâncias interatômicas – 15 distâncias estimadas. IV Conclusões Neste experimento foi interessante compreender como funciona, de forma prática, o tunelamento quântico uma vez que nunca tínhamos feito ou visto nada do tipo. Em essência o experimento não é trabalhoso, porém é demorada sua calibragem e precisamos de boas amostras e ótima ponta para observar algo. Nosso objetivo era ver algo parecido com a figura 11, que segue adiante, para a amostra de ouro. Figura 11: Imagem esperada da superfície de uma amostra de ouro com área de varredura 215 x 215 nm. Adaptada de [5]. Comparado com a figura 7, conseguimos algo bem próximo. A dificuldade de se obter uma imagem melhor e com uma resolução menor esta ligada ao fato de que os elétrons estão distribuídos muito mais homogeneamente na superfície, diferentemente da superfície do grafite, onde tínhamos por objetivo encontrar algo como a figura 12. pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen Grupo 1 (azul) ● F 740 – B ● Prof. R. Urbano 6 Figura 12: Imagem esperada da superfície de uma amostra de grafite com área de varredura 4,37 x 4,37nm. Adaptada de [5]. Depois de diversas tentativas conseguimos, em parceria com os colegas do laboratório, uma boa medida que se aproxima da figura 12. Nossa medida, figura 9, mostra a estrutura dos carbonos na superfície do grafite. Não conseguimos algo exatamente como o esperado devido a contaminações na superfície da amostra e a ponta utilizada ter sido danificada em algum ponto da medida (encostada na amostra). Conseguimos uma ótima distancia interatômica em nossa medida, 0,141 nm. Muito próxima da literatura, 0,140 nm. Também pudemos conhecer mais sobre a corrente de tunelamento e o microscópio de varredura por tunelamento. REFERÊNCIAS [1] Binnig, Gerd, and Heinrich Rohrer. "Scanning tunneling microscopy—from birth to adolescence." reviews of modern physics 59.3 (1987): 615. [2] Binnig, Gerd, and Heinrich Rohrer. "Scanning tunneling microscopy." Surface science 126.1-3 (1983): 236-244. [3]http://ase.tufts.edu/chemistry/sykes/The%20Lab/e zstm.html [4] Binnig, Gerd, and Heinrich Rohrer. "Scanning tunneling microscopy." IBM Journal of research and development 44.1/2 (2000): 279. [5] Manual de instruções nanoSurf “Operating Instructions – easyScan 2 STM version 1.3” http://ase.tufts.edu/chemistry/sykes/The%20Lab/ezstm.html http://ase.tufts.edu/chemistry/sykes/The%20Lab/ezstm.html pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen pdf-notes Pen
Compartilhar