Buscar

OAB - PENAL IDENTIFICAÇÃO PEÇAS - AS FASES PROCESSUAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AS FASES PROCESSUAIS 
Para a escolha da peça adequada, é essencial que se tenha em mente que o 
processo penal é dividido em fases. É possível fazer uma porção de divisões, mas 
adotarei a mais simples possível: a) fase pré-processual; b) fase processual; c) fase 
pós-processual. Para cada uma delas, há um rol de peças, com objetivos 
específicos. 
 
PRÉ-PROCESSUAL → PROCESSUAL → PÓS-PROCESSUAL 
 
FASE PRÉ-PROCESSUAL 
A fase pré-processual engloba tudo o que ocorrer antes do RECEBIMENTO da 
denúncia ou da queixa. Ainda não existe um processo em andamento. Antes de 
falarmos da fase pré-processual em si, uma distinção importante: não confunda 
oferecimento da petição inicial com o seu recebimento. Um exemplo que talvez 
esclareça: 
João é promotor de justiça. Francisco praticou um roubo. João OFERECE denúncia 
contra Francisco. Carlos, o juiz da comarca, RECEBE a denúncia contra Francisco, 
dando início ao processo. 
No momento em que o promotor OFERECEU a denúncia, a fase ainda é a pré-
processual. No entanto, quando o juiz a RECEBEU – houve uma decisão judicial 
dizendo que a petição inicial do promotor está de acordo com o art. 395 do CPP -, 
deu-se início à fase processual. Pode parecer besteira, mas veja algumas situações 
em que essa distinção é exigida: 
1ª. O arrependimento posterior (CP, art. 16) só é possível se ocorrer até o 
RECEBIMENTO da denúncia. 
2ª. A retratação da representação, em crime de ação penal pública condicionada, 
só é possível até o OFERECIMENTO da denúncia (CPP, art. 25). 
3ª. A prescrição é interrompida pelo RECEBIMENTO da petição inicial, e não pelo 
OFERECIMENTO (CP, art. 117, I). 
Portanto, como já dito, a fase pré-processual é encerrada no momento em que a 
petição inicial (denúncia ou queixa) é recebida, quando é dado início à fase 
processual. Sabendo disso, veja como é simples saber se uma peça é pré-
processual ou processual. Dois exemplos: 
1º. Defesa Prévia da Lei de Drogas (Lei 11.343/06): “Art. 55. Oferecida a denúncia, 
o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, 
no prazo de 10 (dez) dias.”. 
2º. Resposta à Acusação (CPP, art. 396): “Art. 396. Nos procedimentos ordinário e 
sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, 
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por 
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.”. 
No primeiro exemplo, o dispositivo diz: oferecida a denúncia, o acusado deve 
oferecer defesa prévia. Logo, fase pré-processual. No segundo, o CPP fala em 
recebimento da denúncia. Destarte, fase processual. Então, se o enunciado da 
prova dissesse que a petição inicial foi recebida, a defesa prévia da Lei de Drogas 
estaria descartada, pois só é cabível após o oferecimento e antes do recebimento 
da denúncia. 
Na fase pré-processual, embora existam outras peças, as realmente possíveis para 
a segunda fase são as seguintes: 
a) Liberdade Provisória: o enunciado descreverá hipótese em que o cliente foi preso 
em flagrante dentro da legalidade, mas estão ausentes os requisitos da prisão 
preventiva (CPP, art. 312). Não há denúncia e nem nada. Apenas a prisão em 
flagrante. Exemplo: “João foi preso em flagrante por estar dirigindo embriagado. Ele 
possui residência fixa, trabalha e é a primeira vez em que é preso. Como advogado 
de João, elabore a peça adequada em sua defesa”. A LP nunca caiu em uma 
segunda fase por ser uma peça extremamente simples, que não comporta muitas 
teses. Se caísse na próxima segunda fase, seria, sem dúvida, uma grande surpresa. 
b) Relaxamento da Prisão em Flagrante: assim como na liberdade provisória, o seu 
cliente foi preso em flagrante, mas há um porém: a prisão é ilegal. Exemplo: “Após 
ser obrigado a fazer o teste do bafômetro, João foi preso em flagrante por estar 
dirigindo embriagado. Como seu advogado, elabore a peça adequada em sua 
defesa”. Como todos sabemos, ninguém pode ser obrigado a fazer o teste. Logo, a 
prisão em flagrante foi ilegal, devendo ser relaxada. Veja que não há qualquer 
menção ao recebimento de denúncia ou queixa. Portanto, fácil perceber que 
estamos lidando com peça da fase pré-processual. O relaxamento caiu no VI Exame 
de Ordem. 
c) Queixa-Crime: é uma peça com boas chances para a próxima segunda fase. O 
enunciado dirá que o seu cliente foi vítima de um delito e você, como advogado, 
deve buscar os meios adequados para que o criminoso seja punido. Exemplo: “João 
disse em uma rede social que Francisco, seu vizinho, está tendo um caso 
extraconjugal. Segundo ele, Francisco encontra a amante às quartas, após o 
expediente. Como advogado de Francisco, elabore a peça adequada para a defesa 
dos seus interesses”. Veja que não se falou em recebimento de queixa ou em 
sentença. O seu cliente foi ofendido e você deve fazer algo em sua defesa. Portanto, 
a peça só pode ser a queixa-crime, que não cai desde o XV Exame de Ordem. 
d) Defesa Preliminar (Crimes Funcionais): o art. 514 do CPP diz assim: “Art. 514. 
Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz 
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, 
dentro do prazo de quinze dias.”. Trata-se de peça do rito especial dos crimes 
funcionais (crimes cometidos por funcionários públicos). Perceba que o dispositivo 
não fala, em momento algum, que a denúncia foi recebida. Embora tenha havido 
manifestação do juiz, não houve o recebimento da petição inicial. Logo, mais uma 
peça pré-processual. Dica: antes do recebimento, o juiz manda notificar; após o 
recebimento, o juiz manda citar. Se o dispositivo legal disser “notificar”, você já sabe 
que a peça é pré-processual. Exemplo: “João foi preso em flagrante pela prática do 
crime de peculato (CP, art. 312). Concluído o inquérito, o promotor de justiça o 
denunciou pela prática delituosa. O juiz da comarca o notificou a respeito da 
denúncia, para que ofereça a peça cabível. Como advogado de João, ofereça a 
peça adequada”. 
e) Defesa Prévia (Lei de Drogas, art. 55): o enunciado da prova descreverá situação 
em que o cliente praticou crime da Lei 11.343/06 – provavelmente, tráfico – e dirá 
que a denúncia foi oferecida, mas ainda não recebida. Exemplo: “João foi preso em 
flagrante por estar transportando 2kg de maconha. O promotor de justiça o 
denunciou pelo crime de tráfico de drogas, com fundamento no art. 33 da Lei 
11.343/06. João foi notificado no dia de ontem da denúncia. Como seu advogado, 
elabore a peça cabível”. Perceba, mais uma vez, que não foi falado em recebimento, 
fazendo com que o leitor do enunciado conclua com facilidade que se trata de peça 
pré-processual. 
Como já dito, há outras peças pré-processuais. Algumas serão vistas durante a 
nossa preparação. No entanto, as de maior probabilidade para a próxima segunda 
fase são as descritas acima. 
FASE PROCESSUAL 
A fase processual tem início com o recebimento da petição inicial (denúncia ou 
queixa). O juiz decide se recebe ou não a inicial com fundamento no art. 395 do 
CPP – marque em seu vade mecum, pois pode ser útil no futuro. As principais peças 
da fase processual são as seguintes: 
a) Resposta à Acusação: é a primeira chance de defesa na fase processual. O 
problema dirá que a denúncia foi recebida e que o cliente foi citado. Exemplo: “João 
foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo. O promotor de justiça o 
denunciou pela prática delituosa. O juiz de direito recebeu a inicial e determinou a 
citação do réu, ocorrida há dois dias. Como advogado de João, elabore a peça 
cabível”. Veja que não foi falado em audiência ou em sentença. A problema tem 
como último ato o recebimento da inicial. A resposta à acusação foi a peça em três 
Exames de Ordem. 
b) Memoriais: como regra, concluída a audiência, advogados e Ministério Público 
devem fazer as alegações finais oralmente. No entanto, em algumas situações, isso 
não é possível, e o juiz abre prazo para que as alegações sejam oferecidas por 
escrito. São os memoriais. Portanto,se o problema disser que houve audiência, 
mas ainda não foi dada a sentença, os memoriais são a única peça possível. 
Exemplo: “João foi preso em flagrante pela prática do crime de roubo. O promotor 
de justiça o denunciou pela prática delituosa. O juiz de direito recebeu a inicial e 
determinou a citação do réu. A resposta à acusação foi oferecida. Ocorrida a 
audiência, saíram as partes intimadas para que ofereçam suas considerações 
finais. Como advogado de João, elabore a peça cabível”. A FGV já cobrou 
memoriais em quatro oportunidades. 
c) Apelação e Recurso em Sentido Estrito (razões): se o problema disser que houve 
decisão de juiz de primeira instância, é bem provável que a peça cabível seja uma 
dessas duas. Há outras, a exemplo dos embargos de declaração, que serão 
estudadas, mas a chance de caírem em uma segunda fase é quase inexistente. 
Para decidir por uma ou por outra, veja se a hipótese relatada se encaixa em uma 
das situações do art. 581 do CPP. Se houver correspondência, faça o recurso em 
sentido estrito. Caso contrário, faça apelação. Exemplo: “João foi denunciado pela 
prática de um homicídio. Recebida a inicial e ocorrida a audiência, o juiz decidiu 
pronunciá-lo. Como advogado de defesa, elabore a peça cabível”. Como o art. 581, 
IV, prevê que a peça cabível é o RESE, é a peça a ser elaborada no exemplo. Outro 
exemplo: “João foi denunciado pelo crime de roubo. Concluída a audiência, o juiz o 
condenou à pena de 6 anos. Como advogado de João, elabore a peça adequada”. 
Como o art. 581 não prevê a hipótese do segundo exemplo, por eliminação, a peça 
cabível é a apelação. A apelação já caiu em oito edições da prova. O RESE, em 
duas, e já não cai há algum tempo, o que me leva a crer que pode ser a peça da 
próxima segunda fase. Atenção: pode ocorrer de o enunciado descrever hipótese 
em que a outra parte ofereceu apelação ou recurso em sentido estrito. Neste caso, 
para defender o cliente do recurso interposto, deverão ser oferecidas contrarrazões. 
d) Embargos Infringentes e/ou de Nulidade: nunca caíram em uma segunda fase – 
e, sinceramente, acho que nem cairão. Digo isso pela facilidade da peça. Os 
embargos são cabíveis contra decisão por acórdão (decisão de órgão colegiado, a 
exemplo de uma câmara criminal de TJ), quando não houver unanimidade entre os 
julgadores. Explico: se uma câmara criminal for composta por três 
desembargadores, pode ocorrer de dois votarem pela condenação e um pela 
absolvição. Neste caso, o réu pode oferecer embargos infringentes e/ou de nulidade 
para que o voto do desembargador que entendeu pela absolvição prevaleça. 
e) Recurso Especial e Recurso Extraordinário: nunca caíram, mas acredito que pela 
dificuldade. São os recursos cabíveis contra decisões de tribunais em hipóteses 
bem específicas, previstas nos arts. 102, III, e 105, III, da CF. O Recurso Especial 
leva a discussão ao STJ; o Extraordinário, ao STF. Se caírem um dia, a reprovação 
será em massa. Considerando que a FGV pegou pesado na primeira fase do XXIII 
Exame de Ordem, não acredito em um dos dois para a próxima segunda fase. De 
qualquer forma, serão estudados. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.htm
f) Recurso Ordinário Constitucional: carinhosamente chamado de “ROC”, é uma 
peça com boas chances para uma segunda fase. O ROC é cabível contra decisão 
de tribunal que denega HC e MS. Se a decisão for de TJ ou TRF, o ROC deve ser 
endereçado ao STJ; se a decisão for do STJ, a peça é endereçada ao STF. 
Exemplo: “João teve a sua prisão preventiva decretada pelo juiz da 1ª Vara Criminal. 
Um Habeas Corpus foi impetrado em seu favor, mas o Tribunal de Justiça o 
denegou. Como advogado de João, elabore a peça cabível”. No exemplo, a peça é 
um ROC ao STJ. 
FASE PRÓ-PROCESSUAL 
Considera-se fase pós-processual tudo aquilo ocorrido após o trânsito em julgado, 
momento em que a fase processual é encerrada. Como advogado, há dois motivos 
de intervenção pós-processual: para a discussão do cumprimento da pena (ex.: 
pedido de progressão de regime) ou para buscar a rediscussão de um caso já 
transitado, quando nenhum recurso é mais cabível. Para o Exame de Ordem, há 
duas peças pós-processuais com grande probabilidade: 
a) Agravo em Execução: é o único recurso cabível contra decisão do juiz da 
execução penal. Se o problema disser que o a decisão partiu de juiz da Vara da 
Execução penal, pode fazer Agravo em Execução, sem medo de errar. Exemplo: 
“João cumpriu 1/6 de sua pena em regime fechado. Embora presentes os requisitos 
para a progressão de regime, o juiz da Vara da Execução penal negou o pedido 
feito. Como advogado de João, elabore a peça cabível”. Caiu uma vez no Exame 
de Ordem. 
b) Revisão Criminal: é a peça cabível para voltar a discutir o mérito de um processo 
já transitado. Como já não há mais recursos cabíveis, resta ao injustiçado buscar o 
que lhe é de direito em revisão – equivalente à rescisória do processo civil. Exemplo: 
“João foi condenado pelo crime de roubo. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, surgem documentos que provam a sua inocência. Como advogado 
de João, elabore a peça adequada em busca dos seus interesses”. Também caiu 
uma vez no Exame de Ordem. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É claro, há outras peças – HC, MS, carta testemunhável etc. Todas elas serão 
estudadas. No entanto, a FGV não é de inovar no que vem pedindo. Por isso, o seu 
foco deve estar voltado às peças vistas neste resumo. Uma delas cairá na próxima 
segunda fase. No próximo post, começaremos com o estudo individualizado das 
peças. A primeira será o relaxamento da prisão em flagrante. Por ora, tenho uma 
sugestão: leia os enunciados das provas passadas e tente identificar quais foram 
as peças cobradas.

Outros materiais