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3 - Crimes Contra a Administração Pública - Peculato I

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Crimes Contra a Administração Pública – Peculato
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PECULATO
O delito mais cobrado em provas de crimes contra a administração pública é o crime 
de peculato, do art. 312, que precisa ser entendido de forma detalhada e em todas as suas 
modalidades.
Capítulo I – Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a 
Administração em Geral
• Peculato – Tipos penais:
– Peculato apropriação (art. 312, caput, 1ª parte)
– Peculato desvio (art. 312, caput, 2ª parte)
– Peculato furto (art. 312, § 1º)
– Peculato culposo (art. 312, § 2º)
– Peculato mediante erro de outrem – peculato estelionato (art. 313)
– Peculato eletrônico (arts. 313-A - Inserção de dados falsos em sistema de informa-
ções e 313-B - Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações)
Os peculatos apropriação e desvio são chamados de peculato próprio; o peculato furto é 
chamado de peculato impróprio. Tanto o peculato próprio quanto o impróprio são hipóteses 
de crimes funcionais impróprios, pois ambos admitem a subsunção a outro tipo penal caso se 
retire a qualidade de funcionário público. Caso fossem praticados por uma pessoa que não 
é funcionário público, estas condutas iriam se incidir em outro tipo penal: o peculato próprio 
recairia na conduta da apropriação indébita (art. 168 do CC) e o peculato impróprio passaria a 
ser o crime de furto (art. 155 do CC).
Peculato Próprio
É dividido em peculato apropriação e peculato desvio, como os próprios verbos utilizados 
no texto da lei traduzem:
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público 
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
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Crimes Contra a Administração Pública – Peculato
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Apropriar-se é se apoderar de algo que a pessoa já tem a posse. O desvio é quando uma 
coisa que deveria ser utilizada para a finalidade X é desviada para a finalidade Y.
Ex. 1: Suponha que você é motorista concursado de um governador estadual e o conduza 
no carro oficial diariamente, de casa para o trabalho etc. Um dia, você decide se apropriar 
daquele veículo estatal e não vai buscar o governador, indo embora para não mais voltar. Você 
se apropriou de algo que estava na sua posse, um bem público.
Ex. 2: Suponha que você é um policial rodoviário federal. Um guincho da PRF leva embora 
20 dos carros que se encontram apreendidos no posto da PRF. Deveriam ser 21, mas você 
gostou de um dos carros, que estava mais conservado que os demais, e decide ficar com ele. 
Você então desvia esse veículo, cuja posse você tinha em razão do cargo que exerce. Esse 
é um bem particular.
Em ambos os exemplos há um crime de peculato, cujo objeto material é, respectivamente, 
um bem público e um bem particular.
No exemplo 2, imagine que você, policial rodoviário federal, se apropriou do carro para 
presentear seu pai. Tem-se assim um desvio desse bem em proveito de outra pessoa.
A apropriação e o desvio se dão em relação a um bem patrimonial. Entretanto o proveito 
que o agente deseja obter não deve ser necessariamente patrimonial. A doutrina entende que 
esse proveito que advém do crime de peculato pode ser um proveito de outras ordens, como 
moral, sexual, de prestígio etc.
Esse é um crime de elevado potencial ofensivo, dada a sua pena. Por ser um crime funcio-
nal, é um crime próprio; não pode ser praticado por particular, a menos que este esteja agindo 
em concurso de pessoas e conheça a condição de funcionário público do agente.
Além disso: a) trata-se de um crime material, visto que se consuma quando o sujeito ativo 
se comporta como proprietário da coisa e obtém seu domínio; b) é um crime de ação penal 
pública incondicionada; c) admite tentativa; e d) é um crime funcional impróprio.
Peculato Impróprio
Também chamado de peculato furto, a diferença para o peculato próprio é o agente não ter 
a posse do bem. Nesse caso, ele terá que subtraí-lo, mesmo verbo utilizado no crime de furto. 
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor 
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se 
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
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Para tal crime, é obrigatório que o agente venha a se valer de alguma facilidade que seu 
cargo lhe proporciona.
As características desse crime são: a) é um crime funcional impróprio; b) é um crime de 
ação penal pública incondicionada; c) admite tentativa; e d) é um crime material, que se con-
suma com a efetiva subtração da coisa.
Peculato de uso
Relembrando o exemplo 1 acima, o motorista do governador decidiu se apropriar do veí-
culo estatal cometendo o crime de peculato. Suponha agora que a pessoa acabou de deixar 
o governador no aeroporto, pois ele fará uma viagem de 1 semana de duração. Durante esse 
tempo, esse motorista não tem nada para fazer e decide ir para a praia com o veículo, vol-
tando a tempo de pegar o governador no aeroporto.
A apropriação requer um dolo de assenhoramento definitivo, o que não é o caso. Aqui, 
a pessoa teve a intenção de se apropriar temporariamente da coisa; ela já tinha a posse do 
veículo e decidiu usá-lo durante 1 semana, restituindo-o depois. Tem-se, assim, uma situação 
de peculato de uso, em que a pessoa se apropriou temporariamente de um bem público em 
proveito próprio.
Funcionário público que utiliza bem que tem a posse em razão do cargo, para satisfazer, 
interesse pessoal e por tempo determinado, pratica o crime de peculato? Depende:
• Bem infungível (e não consumível) – Não haverá crime de peculato, mas consiste em 
ato de improbidade administrativa (art. 9º, IV, Lei 8.429/92);
O veículo do exemplo é um bem não consumível, pois não perde suas características com 
o uso durante esse período, e é infungível, pois não se confunde com outro veículo.
• Bem fungível (e consumível) – Configura crime de peculato.
Ex.: Um escrivão de polícia ou um técnico judiciário recebe uma fiança judicial de 2 mil, 
o mesmo valor que ele precisa para pagar uma conta pessoal. Ele decide usar esse dinheiro 
e, no dia seguinte, como irá receber seu salário, ele irá depositar o valor referente à fiança. 
Nessa situação, por se tratar de bem fungível e consumível, ainda que seja peculato de uso, 
se configura crime de peculato.
(STF. HC 108433 AgR, julgado em 25/06/2013).
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Obs.: Em qualquer hipótese, o peculato de uso é crime se praticado por prefeito, pois há 
previsão legal específica no art. 1º, II, Dec. Lei n. 201/67.
Não configura o crime de peculato
• Servidor público que recebe seus vencimentos sem prestar os devidos serviços não 
comete o crime de peculato. A conduta é atípica, uma vez que não há apropriação, 
desvio ou subtração. Fica sujeito, porém, a sanções por improbidade administrativa 
(STJ, RHC 60.601/SP, Dje 19/08/2016). Esse é o servidor que assina o ponto e vai 
embora, sem trabalhar aquele dia. Há nesse caso um enriquecimento ilícito e ele res-
ponde por improbidade administrativa, mas não peculato;
• Não configura crime de peculato servidor público que utiliza do trabalho (serviços) de 
outro servidor público em proveito próprio (STF. Inq 3776, julgado em 07/10/2014). 
Todavia, se o servidor públicoque se utilizou da mão de obra for Prefeito, cometerá o 
delito do art. 1º, II, do DL 201/67. Ex.: O chefe de uma repartição pede favores pessoais 
a um funcionário subordinado, fazendo-o trabalhar para ele em vez de em prol do ser-
viço público; 
• Não pratica peculato o depositário judicial que vende os bens em seu poder, uma vez 
que não é funcionário público para fins penais. Ao depositário judicial é atribuído um 
munus, pelo juízo, em razão de bens que, litigiosos, ficam sob sua guarda e zelo. (STJ, 
HC 402949/SP, Dje 26/03/2018)
Peculato culposo
O peculato doloso, próprio e impróprio, já é bastante cobrado em provas, como visto; o 
peculato culposo, um dos únicos crimes culposos praticados contra a administração pública, 
é ainda mais abordado e necessita de bastante atenção.
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Esse é um crime de menor potencial ofensivo e admite todas as medidas despenalizado-
ras da Lei n. 9.099/95.
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Crimes Contra a Administração Pública – Peculato
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Nesse crime, o funcionário contribui, por meio de negligência, imprudência ou imperícia, 
para o crime de outrem, respondendo por peculato culposo. O crime pode ser qualquer um, 
não precisa ser outro peculato culposo. E “outrem” pode ser outro funcionário público ou um 
particular.
Ex. 1: Imagine 2 gerentes de um banco público, celetistas e, portanto, funcionários públi-
cos para fins penais. Existe uma regra naquele banco de que um deles só pode entrar no 
cofre acompanhado pelo outro. Em um determinado dia, o gerente A chama o gerente B para 
acompanhá-lo ao cofre; mas B, ocupado, diz que confia em A e lhe entrega seu crachá, para 
que ele vá sozinho. O gerente A então decide subtrair mil reais do cofre. Ele irá responder pelo 
crime de peculato doloso; o gerente B, que por negligência não acompanhou A ao cofre, irá 
responder por peculato culposo, porque sua conduta contribuiu para a prática do peculato por 
parte do gerente A. 
Ex. 2: Um policial estaciona uma viatura com as portas abertas e a chave na ignição e sai 
para tomar um café, duvidando que alguém tivesse coragem de mexer em um carro da polí-
cia. Porém um particular vê a cena e decide subtrair a viatura, indo embora com ela. Tem-se a 
prática de um crime de furto por parte do particular e de peculato culposo por parte do policial, 
pois devido a sua negligência a viatura foi subtraída.
Reparação do dano no crime de peculato culposo
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extin-
gue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Na linha do tempo abaixo: A = Crime; B = Inquérito policial; C = Ação penal; D = Sentença 
condenatória; E = Recurso; F = Sentença irrecorrível (trânsito em julgado)
|------------------|-----------------|-----------------|-----------------|-----------------|
A B C D E F
• Se a reparação do dano ocorre antes do trânsito em julgado (sentença irrecorrível), 
extingue a punibilidade.
• Se a reparação do dano ocorre após o trânsito em julgado (sentença irrecorrível), a 
pena é reduzida pela metade. 
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As bancas examinadoras podem colocar vários momentos temporais para essa reparação 
dos danos, por isso é importante realmente saber o conteúdo da lei.
Reparação do dano no crime de peculato doloso
Não se aplica o benefício do parágrafo 3º, mas pode fazer jus a outros benefícios:
– Se a reparação ocorre antes do recebimento da denúncia, será aplicada a diminui-
ção da pena de um a dois terços em razão do arrependimento posterior (art. 16, CP), 
desde que presentes os requisitos;
– Se a reparação ocorre após o recebimento da denúncia, mas antes do julgamento, 
poderá ser aplicada ao réu a atenuante genérica prevista no art. 65, III, b, CP;
– Se a reparação ocorre após a sentença, mas antes do trânsito em julgado, poderá ser 
aplicada a atenuante genérica inominada do art. 66, CP;
– A reparação após o trânsito em julgado será condicionante para progressão do regime 
(art. 33, § 4º, CP).
���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pelo professor Erico Palazzo. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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