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ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 1 19 ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 2 19 Sumário Considerações Iniciais ....................................................................................................................... 3 Férias ................................................................................................................................................. 4 1 - Introdução ................................................................................................................................ 4 2 – Férias Individuais ..................................................................................................................... 5 2 – Férias Coletivas ...................................................................................................................... 10 Dano Extrapatrimonial .................................................................................................................... 14 1 - Introdução .............................................................................................................................. 14 2 – Dano Extrapatrimonial ........................................................................................................... 16 ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 3 19 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Olá, pessoal! Começamos a caminhar para a metade dos nossos PDF’s que serão disponibilizados. Espero que vocês já tenham estudado todos os PDF’s das aulas anteriores, de forma que a matéria esteja cada vez mais alinhada e fixada para o grande dia da prova. Na aula de hoje, trataremos sobre mais alguns temas importantes, e que possuem grande potencial para serem novamente cobrados em sua prova, são eles: ü Dano moral na relação de trabalho; ü Descanso Semanal Remunerado; ü Férias. Estes temas tiveram um certo impacto pela Reforma Trabalhista, Lei nº 13.467/2017, o que nos exige maior atenção. Assim, vamos ao trabalho! Bons estudos e muito sucesso! Prof.ª Priscila Ferreira. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 4 19 FÉRIAS 1 - Introdução O artigo 7º, XVII, da Constituição Federal preceitua que: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. As férias constituem um direito constitucional do empregado em não laborar e estar à disposição do empregador durante um determinado número de dias consecutivos por ano, sem prejuízo da remuneração, quando preenchidos alguns requisitos exigidos por lei. A concessão de férias tem por objetivo a preservação da saúde e da integridade física do empregado, à medida que o repouso a ser usufruído nesse período visa recuperar as energias do trabalhador e permitir o seu retorno ao serviço em melhores condições físicas e psíquicas. As férias possuem natureza jurídica dúplice de “direito-dever”, assim sendo: Constitui direito do empregado de gozá-las nos prazos e períodos previstos legalmente, e também um dever de não trabalhar para outro empregador nesse período, a menos que esteja obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. De outro lado, constitui um dever do empregador de conceder as férias ao empregado e um direito de exigir que o empregado não trabalhe durante o curso das férias, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de outro contrato de trabalho. A natureza imperativa das normas atinentes as férias torna que o direito a elas seja irrenunciável e indisponível pelo empregado, o que garante o repouso durante o período respectivo. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 5 19 2 – Férias Individuais As férias a serem usufruídas pelo empregado, em regra, serão de, no mínimo, 30 (trinta dias), a cada 12 (doze) meses de serviços prestados (denominado período aquisitivo), de forma que a legislação ainda autoriza o fracionamento em, no máximo, até 03 (três) períodos, observado o mínimo exigido por lei, em cada período, como se observa: Observe que o fracionamento, nesta modalidade, deve ser tido como exceção no Direito do Trabalho, de forma que deverá preencher os seguintes requisitos para sua devida validade: ü Concordância do empregado com o fracionamento, por meio de acordo individual; ü Fracionamento em até 03 (três) períodos; ü Um dos períodos do fracionamento não pode ser inferior a 14 (quatorze) dias, e os demais períodos não inferiores a 05 (cinco) dias corridos. Desta forma, quando o período aquisitivo de 12 (doze) meses for completado, iniciar-se-á o período concessivo, no qual o empregador, a seu critério e dentro do período de 12 (doze) meses, deverá determinar a época de fruição das férias pelo empregado. Neste sentido, preceitua a CLT: Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. A época em que o empregado usufruirá de suas férias deverá a ele ser comunicada, por escrito, com 30 (trinta) dias de antecedência, lembrando que algumas pessoas, em exceção à legislação, terão preferência sobre a escolha da época das férias, como se observa com os seguintes casos: Período Concessivo (12 Meses) Período Aquisitivo (12 Meses) 14 dias (mínimo) 5 dias (mínimo) 5 dias (mínimo) ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 6 19 ü Estudante menor de idade, o qual terá o direito de suas férias coincidirem com as férias escolares; ü Membros de uma mesma família e que laborem em determinada empresa, poderão usufruir às férias em mesmo período, caso não prejudiquem o empregador. Neste sentido, preceitua o artigo 136, da CLT: Art. 136 - A época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do empregador. § 1º - Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço. § 2º - O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares. E, ainda, conforme artigo 134, § 3º da CLT, torna-se vedado o início das férias no período de 02 (dois) dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. As férias serão remuneradas ao equivalente à remuneração normal do empregado, ou seja, o mesmo valor que o empregado receberia caso trabalhasse no respectivo período, com o acréscimo de 1/3 (um terço), conforme disposição do artigo 142 da CLT e artigo 7º, XVII da CF. Observe, ainda, o disposto na Súmula nº 328 do TST: O pagamento das férias, integrais ou proporcionais, gozadas ou não, na vigência da CF/1988, sujeita-se ao acréscimo do terço previsto no respectivo art. 7º, XVII. Logo, o empregado receberá a sua remuneração acrescida do denominado terço constitucional, devendo o pagamento ocorrer em até 02 (dois) dias antes da fruição das férias, conforme preceitua o artigo 145 da CLT, sob pena de as férias serem pagas em dobro, acrescidas de 1/3 (um terço), conforme entendimento sedimentado por meio da Súmula nº 450 do TST, in verbis: É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 7 19 Da mesma forma ocorre no caso de inobservância ao período concessivo pelo empregador,que importará igualmente no pagamento das férias de forma dobrada, segundo entendimento da Súmula supramencionada. Apesar do caráter irrenunciável das férias, o legislador amenizou tal aspecto ao permitir a conversão parcial do período de férias em pecúnia. Trata-se do abono pecuniário (conhecido popularmente como “venda de férias”), que é caracterizado pela faculdade concedida ao empregado de converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em trabalho, recebendo, como consequência, abono pecuniário no valor da remuneração correspondente aos dias trabalhados, nos termos do artigo 143 da CLT. Destaca-se que a empresa não poderá recusar a conversão das férias em abono pecuniário, por tratar-se de um direito potestativo do empregado, quando requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo. A duração das férias é fixada de forma objetiva pelo legislador a partir do critério assiduidade do empregado em seu labor. A regra geral, inclusive para os empregados contratados sob o regime de tempo parcial, é que sua duração é de 30 (trinta) dias corridos. No entanto, a duração do período de férias poderá ser menor e sofrer impactos em razão do número de faltas injustificadas ao trabalho que o empregado tiver durante o período aquisitivo, conforme a proporção prevista no artigo 130 da CLT, que assim dispõe: Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 8 19 § 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao serviço. § 2º - O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de serviço. Ø DURAÇÃO DAS FÉRIAS Ø FALTAS INJUSTIFICADAS 30 dias corridos; Até 5 faltas; 24 dias corridos; De 6 a 14 faltas; 18 dias corridos; De 15 a 23 faltas; 12 dias corridos; De 24 a 32 faltas; Sem direito a férias. Mais de 32 faltas. Para fins de apuração do número de dias de férias do empregado, não são consideradas as faltas justificadas ao serviço, que são as previstas no artigo 131 da CLT. Assim, se as faltas já são justificadas pela lei, consideram-se como ausências legais e não serão descontadas para o cálculo do período de férias, conforme dispõe a Súmula nº 89 do TST. Ainda, o empregado poderá perder o direito as férias em outras hipóteses preceituadas no artigo 133 da CLT. Veja: Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: I - deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias subsequentes à sua saída; II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 9 19 III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. Por fim, ao término do contrato de trabalho, caso o empregado ainda esteja no curso do seu período aquisitivo, deverá receber pelas férias proporcionais acrescidas de 1/3 (um terço), ainda que esteja laborando na empresa há menos de 01 (um) ano, conforme dispõe as Súmulas nº 171 e 261 do TST. Já as férias, com seu período aquisitivo completo, deverão ser pagas ao empregado em sua totalidade, acrescida do terço constitucional. Observe: Súmula n. 171 do TST Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da CLT) Súmula 261 do TST O empregado que se demite antes de complementar 12 (doze) meses de serviço tem direito a férias proporcionais. Portanto, na extinção do contrato de trabalho o empregado receberá, de forma indenizada, as férias proporcionais e, se for o caso, as férias simples e as férias vencidas pendentes, todas acrescidas de 1/3 (um terço). Nesse sentido, cabe relembrar: Férias Simples São aquelas cujo período aquisitivo já se completou, sendo que o período concessivo está em curso por ocasião da extinção do contrato de trabalho; ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 10 19 Férias Vencidas São aquelas cujos períodos aquisitivos e concessivos já se completaram, sem que o empregado tivesse gozado o respectivo descanso; Férias Proporcionais São aquelas cujo período aquisitivo ainda não se completou por ocasião da extinção do contrato de trabalho. 2 – Férias Coletivas As férias coletivas são aquelas concedidas, por interesse do empregador ou em virtude de negociação coletiva, a todos os empregados da empresa ou de determinado estabelecimento ou setor da empresa. Trata-se de situação excepcional, tendo em vista que o usual é a concessão de férias individuais a cada empregado, respeitados os respectivos períodos aquisitivos e concessivos. Ao mesmo tempo que é facultado ao empregador a concessão férias coletivas, o artigo 139 da CLT prevê determinados requisitos formais que devem ser observados pelo empregador para a validade desta modalidade excepcional de concessão de férias, quais sejam: ü As férias poderão ser gozadas em 2 (dois) períodos anuais desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos; ü O empregador comunicará ao órgão local do Ministério do Trabalho, com a antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as datas de início e fim das férias, precisando quais os estabelecimentos ou setores abrangidos pela medida; ü Em igual prazo, o empregador enviará cópia da aludida comunicação aos sindicatos representativos da respectiva categoria profissional, e providenciará a afixação de aviso nos locais de trabalho. Torna-se importante salientar, conforme elencado acima, que a concessão das férias coletivas deverá ser comunicada pelo empregador, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias: (i) ao órgão local do Ministério do Trabalho e Emprego; (ii) ao sindicato dos trabalhadores; (iii) aos próprios trabalhadores. Por fim, os empregados contratados há menos de 12 (doze) meses gozarão, na oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 11 19 (FGV/X Exame de Ordem Unificado) O empregado afastado por incapacidade laborativa, recebendo auxílio-doença previdenciário por trinta dias, tem garantido legalmente o direito: A) À estabilidade provisória por, no mínimo, doze meses após a cessação do auxílio-doença acidentário. B) De exigir de seu empregador os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço correspondentes ao período em que ficou afastado. C) De exigir de seu empregador o pagamento de complementação do benefício previdenciário para manter o valor do salário que recebia antes do afastamento previdenciário. D) De gozar férias de trinta dias após período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho. Comentários Com base nas assertivas propostas pela banca, observe: A: Errado – O empregadoadquire estabilidade apenas quando fica afastado por mais de 15 dias, percebendo auxílio-doença acidentário, o que não se observa no caso em tela, conforme Súmula nº 378 do TST. B: Errado – Por não se tratar de uma situação de acidente do trabalho, não há obrigação de recolhimento do FGTS pelo empregador, ficando o contrato suspenso. C: Errado – Quando o empregado fica afastado por mais de 15 dias, o período remanescente deve ser arcado pela Previdência social. D: Correta - Nos termos do artigo 133, IV da CLT, não terá direito a férias o empregado que tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. No caso, em tela, o empregado ficou afastado tão somente 30 dias, logo, faz jus às férias. Gabarito: ''D'' (FGV/II Exame de Ordem Unificado) Com relação ao regime de férias, é correto afirmar que: ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 12 19 A) As férias devem ser pagas ao empregado com adicional de 1/3 até 30 dias antes do início do seu gozo. B) Salvo para as gestantes e os menores de 18 anos, as férias podem ser gozadas em dois períodos. C) O empregado que pede demissão antes de completado seu primeiro período aquisitivo faz jus a férias proporcionais. D) As férias podem ser convertidas integralmente em abono pecuniário, por opção do empregado. Comentários Com base nas assertivas propostas pela banca, observe: A: Errado – As férias devem ser pagas pelo empregador até dois dias antes de sua fruição pelo empregado, conforme preceitua o artigo 145 da CLT; B: Errada – As férias podem ser gozadas em até três períodos para qualquer tipo de empregado, com exceção das férias coletivas, que o fracionamento pode ocorrer em até dois períodos anuais; C: Correta – O empregado, ainda que não tenha completado o primeiro ciclo de período aquisitivo, fará jus às férias proporcionais ao período laborado; D: Errada – As férias podem ser convertidas em abono pecuniário apenas no que se refere a 1/3, ou seja, dez dias, ficando a conversão a critério do empregado. Gabarito: ''C'' (FGV/XXVI Exame de Ordem Unificado) Considerando a grave crise financeira que o país atravessa, a fim de evitar a dispensa de alguns funcionários, a metalúrgica Multiforte Ltda. pretende suspender sua produção por um mês. O Sindicato dos Empregados da indústria metalúrgica contratou você para, como advogado, buscar a solução para o caso. Segundo o texto da CLT, assinale a opção que apresenta a solução de acordo mais favorável aos interesses dos empregados. A) Implementar a suspensão dos contratos de trabalho dos empregados por 30 dias, por meio de acordo individual de trabalho. B) Conceder férias coletivas de 30 dias. C) Promover o lockout. D) Implementar a suspensão dos contratos de trabalho dos empregados por 30 dias, por meio de acordo coletivo de trabalho. Comentários ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 13 19 Nos termos do art. 139, da CLT, poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa. Gabarito: ''B'' (FGV/XVIII Exame de Ordem Unificado) Jorge, Luiz e Pedro trabalham na mesma empresa. Na época designada para o gozo das férias, eles foram informados pelo empregador que Jorge não teria direito às férias porque havia faltado, injustificadamente, 34 dias ao longo do período aquisitivo; que Luiz teria que fracionar as férias em três períodos de 10 dias e que Pedro deveria converter 2/3 das férias em abono pecuniário, podendo gozar de apenas 1/3 destas, em razão da necessidade de serviço do setor de ambos. Diante disso, assinale a afirmativa correta. A) A informação do empregador foi correta nos três casos. B) Apenas no caso de Jorge o empregador está correto. C) O empregador agiu corretamente nos casos de Jorge e de Luiz, mas não no de Pedro. D) O empregador está errado nas três hipóteses. Comentários Com base na análise destas assertivas, observa-se que: - Jorge não terá direito às férias, considerando que faltou por mais de 34 dias; - Luiz poderá fracionar suas férias em até três períodos, sendo um deles não inferior a 14 dias, e os demais não inferiores a cinco dias corridos; - Pedro poderá converter apenas 1/3 de suas férias em abono pecuniário, ou seja, dez dias. Logo, a única assertiva correta é a que faz menção a Jorge, nos termos do artigo 130 da CLT. Gabarito: ''B'' ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 14 19 DANO EXTRAPATRIMONIAL 1 - Introdução A Reforma Trabalhista instituiu regramento próprio para a reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho, conforme artigos 223-A a 223-G da CLT. Tais dispositivos são aplicáveis as situações decorrentes de ação ou omissão que configurem ofensa à esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são titulares exclusivas do direito à reparação. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão, nos termos do artigo 223-E da CLT. Assim, a CLT regulamenta o tema, no seguinte sentido: Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos deste Título. Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. Art. 223-D. A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa jurídica. Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão. Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. § 1o Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 15 19 § 2o A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais. Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a natureza do bem jurídico tutelado; II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; III - a possibilidade de superação física ou psicológica; IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; X - o perdão, tácito ou expresso; XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; XII - o grau de publicidade da ofensa. § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada umdos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. § 2o Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor. § 3o Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização. ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 16 19 2 – Dano Extrapatrimonial Os artigos 223-C e 223-D da CLT indicam os bens juridicamente tutelados da pessoa natural e jurídica, como se observa: Pessoa Natural Pessoa Jurídica A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, o gênero, a orientação sexual, a saúde, o lazer e a integridade física. A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo da correspondência. Preliminarmente, devemos entender que dano é todo prejuízo causado a determinada pessoa, física ou jurídica, podendo consolidar-se na esfera material, moral ou, ainda, estética. Neste sentido, importante diferenciamos o dano material frente ao dano extrapatrimonial, como se observa: Ø DANO MATERIAL O dano material é aquele que atinge a esfera patrimonial de determinada pessoa, e pode subdividir-se em: - Danos Emergentes: O dano emergente abrange todo o prejuízo gerado à pessoa lesionada, na esfera patrimonial. Exemplo: Gastos com remédios, cirurgia, tratamento psicológico etc. - Lucros Cessantes: Já os lucros cessantes relacionam-se a tudo que o empregado deixou de auferir financeiramente em razão da lesão sofrida. Exemplo: Trabalhos extras já programados que foram interrompidos, e não prestados. Ø DANO EXTRAPATRIMONIAL ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 17 19 É a lesão que atinge os bens imateriais da pessoa física ou jurídica, mais precisamente em sua honra, dignidade, personalidade, moral etc. Desta forma, o dano extrapatrimonial poderá englobar o dano moral e o dano estético, conforme artigo 223- B da CLT: “Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.” Dessa forma, os bens juridicamente tutelados devem ser analisados sob a seguinte ótica: Quando houver violação patrimonial e extrapatrimonial à pessoa física ou jurídica, poderá pleitear- se as respectivas indenizações de forma cumulada, conforme preceitua o artigo 223-F da CLT. E uma vez comprovada a ocorrência do dano e a culpa do empregador, ou de seus prepostos, deve-se aferir sua extensão. O valor a ser arbitrado pelo dano extrapatrimonial sofrido pela pessoa, deverá ter por base os seguintes aspectos elencados no artigo 223-G da CLT: Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a natureza do bem jurídico tutelado; II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; III - a possibilidade de superação física ou psicológica; IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; X - o perdão, tácito ou expresso; XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; XII - o grau de publicidade da ofensa. Analisado tais aspectos de ponderação para valoração do dano extrapatrimonial, a indenização passa a ter uma limitação de valor, conforme tabela consignada no artigo 223-G, § 1º da CLT: § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 18 19 I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. Desta forma, para melhor entendimento: GRAVIDADE DA OFENSA LIMITAÇÃO DA INDENIZAÇÃO Natureza Leve Até três vezes o último salário contratual do ofendido; Natureza Média Até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; Natureza Grave Até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; Natureza Gravíssima Até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos acima, mas referindo-se ao salário contratual do ofensor, conforme fundamenta o artigo 223-G, § 2º da CLT. Outro importante fator destaca-se quanto a esta tarifação, considerando que, em havendo reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização (artigo 223-G, §3º da CLT). ESTRATÉGIA OAB Direito do Trabalho – Priscila Ferreira oab.estrategia.com | 19 19 Aguardo vocês em nossa próxima aula! Bons estudos e muito sucesso a todos! Priscila Ferreira prof.prisfer@gmail.com profpriscilaferreira Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno
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