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Teorias pedagógicas aplicadas_ deficiência visual - Tema 5

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DESCRIÇÃO
A deficiência visual como campo de estudo na educação especial, os tipos de tecnologias
assistivas e as teorias pedagógicas para a inclusão do deficiente visual.
PROPÓSITO
Compreender a deficiência visual, o papel do atendimento educacional especializado e as
tecnologias assistivas (em consonância com as práticas pedagógicas para os educadores) em
virtude da ampliação da inclusão escolar e dos cursos de licenciatura, assim como por conta de
subsídios para futuros professores concernentes à inclusão do aluno com deficiência visual na
educação básica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Localizar a deficiência visual e o papel do atendimento educacional especializado na educação
básica
MÓDULO 2
Reconhecer as tecnologias assistivas utilizadas por estudantes com deficiência visual
MÓDULO 3
Identificar as práticas pedagógicas aplicadas à inclusão do deficiente visual
INTRODUÇÃO
Falar de inclusão do deficiente visual na escola é, ao mesmo tempo, necessário e complexo.
Necessário porque na formação de professores, ou de qualquer outro profissional que tenha
como princípio o direito à igualdade de acesso ao conhecimento e aos serviços de todo cidadão,
é importante que tenhamos contato, ainda que brevemente, com conceitos e metodologias que
possibilitem ingressar nessa realidade.
É complexo exatamente porque essa realidade é ampla e nem sempre depende apenas do
profissional para que a inclusão aconteça, mas de políticas públicas que deem condições dessa
acessibilidade.
No caso da deficiência visual, será importante identificar as particularidades da cegueira e baixa
visão, bem como compreender o papel dos profissionais do atendimento educacional
especializado (AEE) e dos professores da sala de aula regular no que concerne ao atendimento
dos alunos com deficiência visual.
O mesmo grau de importância deve ser atribuído à identificação das tecnologias assistivas
utilizadas por pessoas com deficiência visual para: escrita e leitura, cálculos aritméticos, acesso
digital por meio do computador e orientação e mobilidade. Finalmente, é preciso compreender a
importância das práticas pedagógicas aplicadas com o uso das tecnologias assistivas.
MÓDULO 1
Localizar a deficiência visual e o papel do atendimento educacional especializado na
educação básica
A INSTITUIÇÃO ESPECIALIZADA
Imagem: Autor desconhecido / Le Monde Illustré / Domínio Público; Shutterstock.com
No Brasil, em 17 de setembro de 1854, no governo do imperador Dom Pedro II, foi inaugurado o
Instituto Benjamin Constant (IBC), que, inicialmente, teve o nome de Instituto Imperial dos Meninos
Cegos. Em 1891, o IBC recebeu o nome que tem hoje em homenagem ao seu terceiro diretor.
Atualmente, o IBC é a instituição brasileira vinculada ao gabinete do ministro da Educação e
referência no atendimento das pessoas com deficiência visual. O instituto oferece a
escolarização da educação precoce até o ensino médio técnico profissionalizante e ainda oferta
formação de professores nas modalidades presencial e a distância para atender às demandas
de alunos cegos, com baixa visão, com múltipla deficiência associada à deficiência visual e
surdocegos matriculados no ensino regular.
Imagem: Carlos Luis M C da Cruz / Own work / Domínio público; Shutterstock.com
 Fachada do prédio do IBC no bairro da Urca (RJ).
Foto: Shutterstock.com
Pelo Decreto nº 7.690, de 2 de março de 2012, que aprovou a estrutura regimental e o quadro
demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do Ministério da Educação, o
IBC passou legalmente a subsidiar a formulação da Política Nacional de Educação Especial
na área de deficiência visual. Os decretos posteriores mantiveram a decisão, incluindo o último
deles, o Decreto nº 10.195, de 30 de dezembro de 2019, conforme está descrito no artigo 35.
O IBC possui um parque gráfico no qual produz materiais em braille distribuídos gratuitamente às
escolas que os solicitam. Essa instituição centenária publica periodicamente estudos acerca da
deficiência visual disponibilizados no site da instituição ou distribuídos na forma impressa.
BRAILLE
Sistema de escrita e leitura em relevo tátil para pessoas com deficiência visual ou baixa
visão. No próximo módulo, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre o método braille.
 ATENÇÃO
Embora exista no Brasil uma instituição referência nacional no atendimento e na educação de
pessoas com deficiência visual, elas têm o direito de frequentar e ter ensino de qualidade nas
escolas regulares, sendo facultada à família a escolha da instituição de ensino.
DEFICIÊNCIA VISUAL: O QUE É?
A deficiência visual é entendida como a falta total ou parcial da visão de um olho ou dos dois
olhos, podendo ser congênita ou adquirida. Ela é classificada como cegueira ou baixa visão.
De acordo com Sá, a cegueira é explicada como:
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UMA ALTERAÇÃO GRAVE OU TOTAL DE UMA OU
MAIS DAS FUNÇÕES ELEMENTARES DA VISÃO QUE
AFETA DE MODO IRREMEDIÁVEL A CAPACIDADE DE
PERCEBER COR, TAMANHO, DISTÂNCIA, FORMA,
POSIÇÃO OU MOVIMENTO EM UM CAMPO MAIS OU
MENOS ABRANGENTE.
(SÁ, 2007, p. 15)
A cegueira congênita é definida pela inexistência da visão a partir do nascimento até os primeiros
cinco anos de vida. Já a adquirida é evidenciada pela perda da visão, podendo acontecer em
qualquer fase da vida em razão de algumas doenças infecciosas, enfermidades sistêmicas ou
traumas.
A cegueira não acarreta consequências somente para o sentido da visão: ela altera e reorganiza
completamente a vida mental do indivíduo, pois ocasiona uma série de limitações. O processo de
observação é organizado de modo diferente da pessoa que enxerga: a visão é o primeiro sentido
pelo qual a forma, a dimensão, a altura e a largura são compreendidas – e, em virtude dessa
ausência, a percepção sofre um atraso.
Foto: Shutterstock.com
 Cubaritmo: ferramenta de cálculo com estímulo tátil.
A fim de remediar as perdas naturais ocasionadas pela cegueira e pela baixa visão, são
necessárias atividades que trabalhem o sistema motor por meio de estimulações táteis (aluno
cego) e estimulação visual e tátil (aluno com baixa visão).
Na baixa visão (Sá, 2007), incluem-se características variadas dependendo do tipo e da
intensidade de comprometimentos das funções visuais, que podem englobar desde a
capacidade de percepção da luz até a redução da acuidade e do campo visual, que interferem
nas ações e no desempenho geral da pessoa. As pessoas com baixa visão, por vezes, são
questionadas em relação ao que conseguem enxergar ou não, pois nem sempre essa deficiência
é perceptível aos que estão à sua volta.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Com a inclusão escolar proposta no capítulo V (Da educação especial) da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), ou seja, da Lei nº 9.394/1996, tem crescido o número de
pessoas com deficiência incluídas no ensino regular. Segundo a LDB:
ART. 58 ENTENDE-SE POR EDUCAÇÃO ESPECIAL,
PARA OS EFEITOS DESTA LEI, A MODALIDADE DE
EDUCAÇÃO ESCOLAR OFERECIDA
PREFERENCIALMENTE NA REDE REGULAR DE
ENSINO, PARA EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA,
TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E
ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO.
(BRASIL, 1996)
Já o Decreto nº 7.611/2011, que revogou o de nº 6.571/2008, define os objetivos do AEE em seu
artigo 3º:
Prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir
serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos
estudantes;
Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;
Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as
barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e
Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e
modalidades de ensino.
(BRASIL, 2008)
O AEE é oferecido ao aluno com deficiência matriculado na escola regular no espaço da sala de
recursos multifuncionais (SRM), que é ministrado no contraturno. Propõe-se, em outras palavras,
a atender e adaptar materiaisa fim de suprir as demandas específicas do estudante e orientar o
professor da sala de aula regular no que tange às adaptações das atividades e dos conteúdos
ministrados. Seu objetivo é fazer com que o aluno não sofra perdas dos conteúdos curriculares.
Esse currículo – tal como é para os alunos que não possuem deficiência – deverá pautar-se pelas
diretrizes apontadas na Base Nacional Comum Curricular (2018), desenvolvendo habilidades e
competências de acordo com a faixa etária e o ano escolar.
Em nenhuma hipótese, o AEE substitui a classe regular, assim como essa classe não substitui o
AEE: ambos se complementam.
A sala de recursos multifuncionais, informa Gomes (2010), é um ambiente organizado com
materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as necessidades específicas de cada aluno, e
dispõe de profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais
especiais.
Esse atendimento precisa considerar as diferentes áreas e os aspectos relacionados:
Ao estágio de desenvolvimento cognitivo do aluno
Ao nível de escolaridade
Aos recursos específicos para sua aprendizagem
Às atividades de complementação e suplementação curricular
O atendimento realizado pelo professor do AEE é uma condição indispensável à permanência e
à inclusão da pessoa com deficiência visual, pois, não raras vezes, o professor da sala de aula
regular desconhece como utilizar o soroban para fazer cálculos, o sistema braille para ler e
escrever, as fontes adequadas de escrita e leitura para o aluno com baixa visão, as atividades da
vida diária, assim como a orientação e a mobilidade, entre outras especificidades no processo
ensino-aprendizagem da pessoa com deficiência visual.
As escolas públicas podem possuir salas de recursos multifuncionais de dois tipos: I e II. Segundo
o Programa de Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais, o que define o tipo a ser
utilizado são as matrículas ofertadas pela escola:
SOROBAN
Instrumento de cálculo originário do Oriente. No módulo seguinte, você terá mais
informações sobre o soroban.
A ESCOLA DE ENSINO REGULAR DEVE TER
MATRÍCULA DE ALUNO(S) PÚBLICO-ALVO DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL EM CLASSE COMUM, [...],
PARA A IMPLANTAÇÃO DA SALA TIPO I; A ESCOLA
DE ENSINO REGULAR DEVE TER MATRÍCULA DE
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ALUNO(S) CEGO(S) EM CLASSE COMUM [...], PARA A
IMPLANTAÇÃO DA SALA DE TIPO II [...].
(BRASIL, 2010a, p. 10)
Além disso, há diferentes componentes que caracterizam cada uma das salas de recursos.
Observe alguns recursos que podem ser utilizados para os estudantes deficientes visuais.
As salas de recursos multifuncionais Tipo I são compostas de:
Microcomputadores
Foto: Shutterstock.com
Monitores
Foto: Shutterstock.com
Fones de ouvido e microfones
Foto: Shutterstock.com
Scanner e impressora laser
Foto: Shutterstock.com
Teclado e mouse
Foto: Shutterstock.com
Materiais e jogos pedagógicos acessíveis
As salas de recursos multifuncionais Tipo II têm também os seguintes materiais:
Foto: Shutterstock.com
Lupas manuais (foto) e lupa eletrônica
Plano inclinado
Mesas, cadeiras, armário
Foto: ChameleonsEye / Shutterstock.com
Máquina de datilografia braille (foto)
Impressora braille
Reglete de mesa
Foto: Shutterstock.com
Punção e soroban (foto)
Guia de assinatura
Globo terrestre acessível
Foto: Shutterstock.com
Kit geométrico acessível (foto)
Calculadora sonora
Software para produção de desenhos gráficos e táteis
Falaremos sobre as salas de recursos multifuncionais:
A alfabetização da pessoa com deficiência visual ocorre por meio da parceria da sala regular
com o AEE, que, respeitando a metodologia escolhida pelo professor, orienta as adaptações de
materiais de acordo com sua proposta da sala regular. Para isso, a parte prática do processo de
alfabetização (ler e escrever em braille ou por meio da escrita e leitura ampliada) é uma tarefa
exercida pelo professor do AEE.
Foto: Shutterstock.com
No entanto, as atividades de preparo para o processo de alfabetização, especificamente
necessário para o estudante cego, são realizadas pelo professor da sala regular por intermédio
de brincadeiras, por exemplo. Essas tarefas precisam envolver as noções de lateralidade,
tamanhos, diferenciação de texturas e distinção de objetos.
Esse processo preparatório é de suma importância, pois a pessoa cega carece de estímulos
táteis e necessita desenvolver os outros sentidos remanescentes: paladar, olfato e audição. O
desenvolvimento de tais sentidos contribuirá para que ela leia e escreva com autonomia e
garantirá a orientação espacial e a prática das atividades da vida diária.
No caso do aluno com baixa visão, podem ser utilizados recursos ópticos e não ópticos desde a
alfabetização, quando ele começa seu processo de alfabetização e letramento. Para esses
alunos, utilizam-se textos ampliados no tamanho de fonte que vão de acordo com a necessidade
de cada um. Para tanto, o profissional do AEE (ao lado do oftalmologista) precisa avaliar se a
baixa visão se mostra suficiente para fins pedagógicos no que compete à tarefa de ler e escrever
de maneira ampliada.
São exemplos de recursos não ópticos:
Acetato amarelo (que auxilia em suas leituras e escrita)
Lápis 4B ou 6B
Caneta hidrográfica preta
Suportes para livros
Cadernos pautados espaçados
 ATENÇÃO
O livro acessível é um importante recurso de inclusão. Quando em formato digital, permite que
os cegos possam acessá-lo por meio de softwares leitores de telas. Ele oferece a ampliação das
fontes e a leitura de voz, contendo áudio e sendo em braille (inclusive quando impresso). O livro
acessível é um material ideal, mas ainda não disponível nas prateleiras das livrarias e das
bibliotecas.
LIVRO ACESSÍVEL
Você pode conseguir mais informações sobre isso no Portal do Livro Acessível.
Foto: Shutterstock.com
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Ainda cabe ao AEE orientar o professor da sala regular quanto à maneira adequada de se
oferecer, com independência e segurança, uma orientação espacial do estudante cego e com
baixa visão na escola seguindo os pressupostos dos estudos da orientação e mobilidade (OM),
que recomendam o uso da bengala branca para a pessoa cega. Vale mencionar que, em 1996, a
professora argentina Perla Mayo criou a bengala verde para os indivíduos com baixa visão.
PERLA MAYO
“Coordenadora de workshops e treinamentos em baixa visão para professores,
oftalmologistas e médicos na Argentina, Colômbia e Uruguai. Criadora do primeiro curso a
distância de baixa visão do mundo. Presidente da Associação Latino-americana de Baixa
Visão: O Direito de Ver e a Fundação Bastão Verde no Uruguai. Conselheira externa da
Unicef e dos laboratórios Bayer. Assessora da revista científica de Cuba: Medical Education
Cooperation with Cuba. Diretora do serviço baixa visão da Fundação Nacional de
Oftalmologia (FON) em Bogotá, Colômbia, 2012-2015.”
Fonte: CENTRO MAYO DE BAJA VISIÓN, 2021
O professor da sala de recursos precisa orientar o aluno em relação a pistas táteis e olfativas,
além de aguçar sua audição. Esses ensinamentos contribuirão para a autonomia da pessoa
cega e com baixa visão dentro e fora da escola. Esse profissional também necessita saber usar
os recursos a fim de ensiná-los aos estudantes.
PROGRAMAS DE
LEITURA DE TELA
NVDA
Jaws
Virtual Vision
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Dosvox
AMPLIADORES
DE TELA
Lente do Windows
MAGIc
O desejável é que as habilidades e as competências desenvolvidas na escola desdobrem-se
para a vida além dos muros escolares. Contudo, a parceria da família é primordial no processo
de inclusão e ascensão social da pessoa com deficiência visual.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NESTE MÓDULO, CITAMOS ALGUNS RECURSOS NÃO ÓPTICOS
UTILIZADOS POR ALUNOS COM BAIXA VISÃO. A ÚNICA OPÇÃO QUE NÃO
SE REFERE A RECURSOS NÃO ÓPTICOS É:
A) Acetato amarelo
B) Lápis 4B
C) Emborrachado
D) Cadernos pautados espaçados
E) Textos ampliados
2. DE ACORDO COM O QUE ESTUDAMOS NO TÓPICO ACERCA DA
CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, MARQUE A OPÇÃOCORRETA:
A) A deficiência visual não pode ser congênita.
B) A cegueira congênita é definida pela inexistência da visão desde o início do nascimento até os
primeiros cinco anos de vida.
C) A cegueira adquirida jamais ocorrerá na idade adulta.
D) A baixa visão ocorre somente a partir da adolescência.
E) A baixa visão é sempre visível aos que estão à sua volta.
GABARITO
1. Neste módulo, citamos alguns recursos não ópticos utilizados por alunos com baixa
visão. A única opção que não se refere a recursos não ópticos é:
A alternativa "C " está correta.
De acordo com o que estudamos, o emborrachado não é um recurso não óptico.
2. De acordo com o que estudamos no tópico acerca da caracterização da deficiência
visual, marque a opção correta:
A alternativa "B " está correta.
Conforme estudamos, a cegueira congênita é definida pela inexistência da visão desde o início
do nascimento até os primeiros cinco anos de vida.
MÓDULO 2
Reconhecer as tecnologias assistivas utilizadas por estudantes com deficiência visual
SISTEMA BRAILLE
Antes de tudo, é importante definir o que significa tecnologia assistiva (TA). A TA deve ser
entendida:
COMO UM AUXÍLIO QUE PROMOVERÁ A AMPLIAÇÃO
DE UMA HABILIDADE FUNCIONAL DEFICITÁRIA OU
POSSIBILITARÁ A REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO
DESEJADA E QUE SE ENCONTRA IMPEDIDA POR
CIRCUNSTÂNCIA DE DEFICIÊNCIA OU PELO
ENVELHECIMENTO.
(BERSCH, 2013, p. 2)
Imagem: Agence Rol / Bibliothèque Nationale de France / Domínio público; Shutterstock.com
 Busto de Louis Braille, por Étienne Leroux.
O sistema braille é um código universal de leitura e escrita inventado por Louis Braille na França
em 1825 e usado pela pessoa cega. Ele se baseia na organização de seis pontos em relevo
distribuídos em duas colunas de três pontos.
Esse conjunto de pontos forma a “cela braille”, e suas diferentes combinações resultam em 63
símbolos (ou 64 se levarmos em conta o espaço em branco) denominados símbolos universais
do sistema braille. Esses símbolos representam as letras do alfabeto, os números e outros
símbolos, como, por exemplo, os químicos, os matemáticos, os físicos e os musicais.
LOUIS BRAILLE
“Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, na pequena cidade francesa de Coupvray
[...]. No ano de 1812, ao brincar como de costume na oficina de seu pai, feriu o olho
esquerdo ao tentar perfurar um pedaço de couro com um objeto pontiagudo, causando
grave hemorragia. O ferimento infeccionou [...]. Alguns meses mais tarde, a infecção atingiu
o outro olho e a cegueira total adveio quando Louis estava com cinco anos. [...] As
dificuldades enfrentadas por Louis Braille em seus estudos o levaram, desde cedo, a
preocupar-se com a possibilidade de criação de um sistema de escrita para cegos. [...] Em
1839, publicou o Novo método para representação por sinais de formas de letras, mapas,
figuras geométricas e símbolos musicais para uso de cegos.”
Fonte: INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, 2021.
Como abordamos no módulo anterior, a escrita braille pode ser realizada com o uso de uma
reglete e uma punção (escrita da direita para a esquerda) por intermédio de uma máquina de
escrever braille (da esquerda para a direita) ou de meios digitais que aceleram a produção do
conteúdo escrito.
Vamos conhecer esses meios digitais:
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Foto: Shutterstock.com
IMPRESSORA BRAILLE
A impressora braille, que pode ser de médio ou grande porte, acelera a produção da escrita
braille de materiais de cunho literário e didáticos, como livros, apostilas e gráficos táteis.
Foto: Shutterstock.com
DISPLAY BRAILLE
Conhecido no Brasil como linha braille, ele é uma TA que possibilita a leitura de conteúdos
dispostos nas telas de celulares, tablets e computadores ou na própria linha braille.
SOROBAN
Adaptado do ábaco japonês por Joaquim Lima de Moraes em 1949, o soroban (Também
conhecido como sorobã.) é utilizado por pessoas cegas e com baixa visão para efetuar cálculos,
mas nada impede que outras usem esse recurso.
CUBARITMO
Você pode encontrar mais informações sobre matemática inclusiva na oficina de
capacitação para professores de Matemática na área da deficiência visual do IFRS
(Instituto Federal do Rio Grande do Sul).
O soroban veio em substituição ao cubaritmo, caixa de madeira vazada em pequenos
quadrados onde encaixavam-se pequenos cubos de seis faces. Em cinco faces, ficava a
representação em braille do algarismo em alto relevo; na última face, o sinal da operação
matemática que se realizaria.
O uso desse instrumento não era prático pelo fato de ser necessário movimentar peças
pequenas, as quais, não raras vezes, se perdiam; entretanto, teve grande relevância no Brasil
para a educação dos deficientes visuais, porque não havia opções melhores para efetuar
cálculos.
Foto: Shutterstock.com
 Algumas réguas em braille, cubaritmo (com suas peças) e soroban.
De acordo com Fernandes (2006, p. 83), “o soroban deve fazer parte do material escolar de
crianças cegas e com baixa visão”.
É fundamental que o professor desses educandos saiba utilizar esse instrumento. Para isso,
serão postas em prática duas metodologias:
O desejável é que as habilidades e as competências desenvolvidas na escola desdobrem-se
para a vida além dos muros escolares. Contudo, a parceria da família é primordial no processo
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de inclusão e ascensão social da pessoa com deficiência visual.
DUAS METODOLOGIAS
É possível distinguir tais metodologias no Manual de técnicas operatórias para pessoas
com deficiência visual publicado pelo Ministério da Educação em 2012. A obra está
disponível virtualmente.
METODOLOGIA MORAES
Cálculos das maiores ordens para as menores
MÉTODO BAHIA
Das menores ordens para as maiores
 SAIBA MAIS
A calculadora sonora, disponível nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa, é um importante
recurso de tecnologia assistiva.
ACESSO DIGITAL
LEITORES DE TELAS
O leitor de telas é um recurso de TA utilizado por pessoas cegas que possibilita o acesso aos
sistemas operacionais existentes para computadores, celulares e tablets. No computador, os
comandos são efetuados por meio do teclado, não sendo possível a manipulação deles pelo
mouse.
Nos equipamentos touch, os gestos são feitos na própria tela ou por um teclado com conexão via
bluetooth. Em 1993, o professor José Antônio dos Santos Borges, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), tornou exequível a utilização do sistema Dosvox.
Foto: Shutterstock.com
 Pessoa cega utiliza o leitor de telas na navegação via desktop.
Esse sistema permite o funcionamento de um computador com configurações mínimas,
atendendo às pessoas cegas em:
Leitura e audição de textos e pesquisas na internet
Edição de textos para impressão em braille
Emprego de calculadoras
Utilização de jogos pedagógicos e de entretenimento
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JOSÉ ANTÔNIO DOS SANTOS BORGES
“José Antonio dos Santos Borges [...] é mestre pela COPPE-UFRJ. Sua experiência
profissional inclui projeto de sistemas operacionais, projeto de sistemas CAD para
eletrônica, microeletrônica, computação gráfica tridimensional, multimídia e síntese de voz.
[...] É o coordenador do Projeto Dosvox, Sistema Operacional para Deficientes Visuais, o
primeiro sistema comercial que sintetizou vocalmente textos genéricos na língua
portuguesa.”
Fonte: INTERVOX, 2021.
Sistema gratuito desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, o Dosvox é um
programa de leitura de tela que auxilia o deficiente visual a utilizar o computador mediante o
emprego de um aparelho sintetizador de voz. No entanto, segundo Silveira, Bassani e Reidrich
(2007), outros três sistemas (Virtual Vision, JAWS e NVDA) já atendem aos requisitos mínimos
de acessibilidade:
VIRTUAL VISION
Fabricando no Brasil, ele é distribuído gratuitamente aos correntistas do banco Bradesco a fim de
que eles possam acessar os serviços bancários na internet e os recursos contidos no pacote
Office da Microsoft.
JAWS
Trata-se de um leitor de telas da empresanorte-americana Freedom Scientific. Seu objetivo
principal é tornar os computadores pessoais com o Microsoft Windows acessíveis para
deficientes visuais. A interface é realizada com a conversão do texto presente na tela para voz ou
por meio de uma linha braille, permitindo, assim, uma interação maior do teclado com o
computador. Ele também possibilita aos usuários a criação de scripts que podem alterar a
quantidade e o tipo de informações apresentadas nas diversas aplicações, oferecendo um
suporte de acessibilidade aos programas que não utilizam os controles predefinidos do Windows.
NVDA
É um software leitor de telas com código aberto e gratuito. Uma característica que diferencia o
NVDA dos demais leitores é sua portabilidade, podendo ser transportado em um pen drive ou
CD a fim de ser executado em qualquer computador sem a necessidade da instalação. Ele foi
criado em 2006 pela NV Access, organização australiana e sem fins lucrativos. Pouco a pouco,
tem sido desenvolvido, podendo ser, hoje em dia, equiparado aos leitores de tela
comercializados.
SCRIPTS
Conjunto de instruções para que uma função seja executada em determinado aplicativo.
O JAWS e o NVDA possuem atalhos de teclado similares, facilitando a memorização dos
usuários. Ambos disponibilizam uma lista de atalhos nos programas que indicam tanto o atalho
específico do programa quanto o do leitor de tela a ser utilizado.
Também é possível definir o display braille como um dispositivo tátil para visualização das letras
no sistema braille. Por intermédio de um mecanismo eletrônico, conjuntos de pontos são
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levantados e abaixados, conseguindo-se, assim, uma linha de texto em braille com conteúdo
dinâmico, já que ele é constantemente alterado.
EXEMPLO
O atalho do NVDA e do JAWS para o usuário saber o tipo de fonte escrita no texto no Word
é insert+f. Já o usado no Word para escolher os tipos de fonte é ctrl+shift+f.
 SAIBA MAIS
Os atuais displays possuem dimensões desde uma única célula (de seis ou oito pontos) até
linhas de 80 células. A maioria comporta entre 12 e 20 células por linha. O display é ligado ao
computador ou ao celular via bluetooth e recebe do leitor de tela a mesma informação que ele
enviaria para o sintetizador de voz. Ele é útil principalmente para as pessoas surdocegas, porém
infelizmente ainda é pouco usado no Brasil devido ao seu altíssimo custo.
AMPLIADORES DE TELAS
Os ampliadores de tela, tal como os leitores dela, funcionam em conjunto com outros softwares no
computador. Esses ampliadores possibilitam o aumento do tamanho da letra, a mudança da cor
dela e do fundo, zoom de parte da tela e alteração do brilho e do contraste das letras e figuras.
LUPA DO WINDOWS
Ela apresenta os seguintes recursos: nível de ampliação de até 16 vezes, inversão de cores,
funções de rastreio (seguir o ponteiro do mouse, o foco do teclado e o ponto de inserção do
texto) e três modos de exibição (tela inteira, lente e ancorado). Entretanto, a qualidade da
ampliação será insuficiente quando o nível de zoom for muito alto. Pelo fato de o ampliador de
tela lupa já fazer parte do sistema operacional Windows, ele é mais leve e não consome recursos
do sistema, sendo uma opção viável.
MAGIC
Desenvolvido pela mesma empresa do leitor de tela JAWS, o MAGIc é considerado por muitos o
melhor ampliador de tela disponível no mercado. Ele possui um sintetizador de voz (o mesmo do
leitor de tela JAWS) que lê de forma objetiva o que está na tela, constituindo uma espécie de
ajuda auditiva para o usuário não cansar os olhos. O ponto negativo é que ele consome muitos
recursos do sistema, deixando o computador um pouco mais lento.
ZOOMTEXT
Possui inúmeras opções de ampliação e funções para configurar o contraste da tela, cores e
tamanhos diferentes para o cursor do mouse e um sintetizador de voz. Nesse último quesito, o
ZoomText parece ter um leitor de tela mais bem incorporado que o MAGic, proporcionando uma
integração entre ampliação e leitura da tela. Um ponto negativo, porém, é seu alto custo.
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE
No Brasil, a bengala é o recurso de orientação e mobilidade mais utilizado tanto por pessoas
cegas quanto por aquelas com baixa visão.
As bengalas podem ser classificadas por:
TIPO DE CONSTRUÇÃO
Dobrável
Retrátil
Inteiriça
MATERIAL
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Ferro
Alumínio
Fibra de carbono
COR
Branca (indica pessoa cega)
Verde (pessoa com baixa visão)
Branca e vermelha (pessoa surdocega)
INTEIRIÇA
Esta é a menos utilizada, tendo em vista a falta de praticidade para guardá-la.
ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL
Foto: Shutterstock.com
 Pessoa surdocega.
No elenco de tecnologias assistivas existentes para o atendimento de pessoas com deficiência
visual, a audiodescrição é classificada como um recurso de acessibilidade comunicacional que
permite a pessoas com deficiência visual assistir a filmes, peças de teatro, programas de TV,
exposições, mostras, musicais e óperas, por exemplo, e entendê-los melhor, ouvindo o que pode
ser visto.
Nesse sentido, a audiodescrição amplia as possibilidades de acesso às imagens, com
informações dispostas nos ambientes virtuais de aprendizagens virtuais ou presenciais, por meio
de livros, vídeos etc. Ou seja, a formação de audiodescritores ocorre por meio de cursos
presenciais e a distância ofertados por universidades e instituições públicas e privadas.
A audiodescrição é feita por uma equipe composta por profissionais com formação no tema. Ela
contempla a elaboração do roteiro com a consultoria de um profissional cego ou com baixa visão,
cujo papel é apurar os possíveis erros nas escolhas tradutórias e ver se o produto audiodescrito
explica de fato o que a imagem se propõe a expressar. Em seguida, o material audiodescrito
deve ser gravado – preferencialmente, em um estúdio.
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) afirma que:
ART. 67 OS SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO DE SONS E
IMAGENS DEVEM PERMITIR O USO DOS SEGUINTES
RECURSOS, ENTRE OUTROS:
subtitulação por meio de legenda oculta; [...]
audiodescrição
(BRASIL, 2015)
Esses recursos assistivos serão essenciais para auxiliar o aluno cego ou com baixa visão em
todas as disciplinas.
Aprofundaremos nosso conhecimento sobre as tecnologias assistivas:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. DE ACORDO COM O QUE ESTUDAMOS, NÃO REPRESENTA EXEMPLO
DE LEITOR DE TELA:
A) Ampliador de tela do Windows
B) JAWS
C) NVDA
D) JAWS e NVDA
E) Virtual Vision e JAWS
2. MARQUE A OPÇÃO CORRETA:
A) O sistema braille foi criado no século XX.
B) O sistema braille é lido da direita para a esquerda.
C) O sistema braille é lido da esquerda para a direita.
D) O sistema braille foi desenvolvido por um professor inglês.
E) O sistema braille não possui representação de símbolos matemáticos.
GABARITO
1. De acordo com o que estudamos, não representa exemplo de leitor de tela:
A alternativa "A " está correta.
O ampliador de telas do Windows possui exclusivamente a função de ser um ampliador de telas.
2. Marque a opção correta:
A alternativa "C " está correta.
O sistema braille, conforme estudamos neste módulo, é lido somente da esquerda para a direita.
MÓDULO 3
Identificar as práticas pedagógicas aplicadas à inclusão do deficiente visual
LEITURA E ESCRITA PELO SISTEMA
BRAILLE
Identificar a TA é um primeiro passo ao se pensar na inclusão de alunos com deficiência visual.
Contudo, torna-se necessário que tais tecnologias sejam inseridas no cotidiano escolar por meio
de práticas pedagógicas a fim de que efetivamente possibilitem a autonomia do aluno cego ou
com baixa visão.
Desse modo, pode-se perceber que a compreensão de noções básicas do sistema braille é
fundamental na abordagem de tais práticas pedagógicas, decorrendo daí a importância de se
aprofundar um pouco mais esse sistema.
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 Pessoa cega utilizando um teclado adaptado em braille.
Como estudamos, o lugar ocupado pelos símbolos braille é denominado cela ou célula braille.Quando ocupa uma só cela, esses símbolos são denominados simples; se ocupam duas, duplos;
três, são triplos – e assim por diante.
Os seis pontos que compõem o sistema braille podem ser dispostos em três linhas (14, 25 e 36)
ou em duas colunas (123 - coluna esquerda, 456 - coluna direita). Assim, para facilitar a
compreensão relativa de cada um dos pontos do sistema, eles são numerados de cima para
baixo e da esquerda para a direita, tal como é feito no momento da leitura. Os símbolos braille
são dispostos em uma sequência chamada de ordem braille.
Serão dispostas a seguir as letras do alfabeto e seus respectivos pontos que as formam em
braille:
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LETRA A
Ponto 1
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LETRA B
Pontos 1 e 2
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LETRA C
Pontos 1 e 4
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LETRA D
Pontos 1, 4 e 5
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LETRA E
Pontos 1 e 5
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LETRA F
Pontos 1, 2 e 4
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LETRA G
Pontos 1, 2, 4 e 5
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LETRA H
Pontos 1, 2, 5
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LETRA I
Pontos 2 e 4
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LETRA J
Pontos 2, 4 e 5
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LETRA K
Pontos 1 e 3
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LETRA L
Pontos 1, 2 e 3
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LETRA M
Pontos 1, 3 e 4
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LETRA N
Pontos 1, 3, 4 e 5
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LETRA O
Pontos 1, 3 e 5
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LETRA P
Pontos 1, 2, 3, 4
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LETRA Q
Pontos 1, 2, 3, 4 e 5
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LETRA R
Pontos 1, 2, 3, 5
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LETRA S
Pontos 2, 3 e 5
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LETRA T
Pontos 2, 3, 4 e 5
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LETRA U
Pontos 1, 3 e 6
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LETRA V
Pontos 1, 2, 3 e 6
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LETRA W
Pontos 2, 4, 5 e 6
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LETRA X
Pontos 1, 3, 4 e 6
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LETRA Y
Pontos 1, 3, 4, 5 e 6
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LETRA Z
Pontos 1, 3, 5 e 6
Para que a pessoa com cegueira congênita ou adquirida se aproprie da leitura e da escrita por
meio do sistema braille, é necessário haver o exercício da coordenação motora fina e ampla,
bem como de experiências táteis. O IBC possui materiais pedagógicos para o ensino que
antecedem a escrita e a leitura em braille, como cartilhas e livros para se exercitar a leitura.
Contudo, nada impede que o professor crie o próprio material. É importante frisar que, nesse
processo de aprendizagem do braille, devem ser oferecidos recursos a fim de que o aluno
reconheça e distinga, entre outros, os seguintes itens:
TAMANHO DAS LINHAS
INÍCIO, MEIO E FIM DELAS
ESPAÇO DA CÉLULA BRAILLE
A escrita por meio do sistema braille pode ser realizada da esquerda para a direita (máquina de
datilografia braille) e da direita para a esquerda (reglete e punção).
UTILIZANDO SOROBAN PARA CÁLCULOS
ARITMÉTICOS
O Soroban – que atualmente é a TA pela qual a pessoa cega ou com baixa visão efetua cálculos
aritméticos – pode ser ensinado desde o primeiro ano do ensino fundamental.
Esse ensino parte da noção do concreto em relação à quantidade, à lateralidade, ao superior e
ao inferior.
São introduzidas as noções de classes e ordens simultaneamente com a escrita de números. A
posição das mãos, de maneira que consigam trabalhar com autonomia, é primordial para que os
cálculos sejam efetuados com êxito.
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O soroban é dividido em sete classes. Cada uma delas possui três ordens: centena, dezena e
unidade. A primeira classe fica na extremidade esquerda dele, enquanto a sétima classe está em
sua extremidade direita.
A anotação dos números é realizada da esquerda para a direita, isto é, da maior para a menor
ordem. Exemplo: em 123, anota-se primeiro o 1 na centena, o 2 na dezena e o 3 na unidade. Os
cálculos são feitos do maior valor relativo para o menor. No método Moraes, calcula-se da maior
ordem para a menor.
 EXEMPLO
UTILIZANDO O MÉTODO MORAES: QUANTO SOMAM 23 + 22?
Anotaremos o 22 na sétima classe e o 23 na primeira, repetindo-o na quinta classe. Em seguida,
com as mãos nas dezenas da sétima e da primeira classe, somaremos 2+2=4. Depois,
somaremos o 2 da unidade da sétima classe com o 3 da unidade da primeira = 5. O resultado da
soma ficará anotado na primeira classe, que, ao final do cálculo, será o número 45 (escrito na
primeira classe). No vídeo deste módulo, aprenderemos mais a respeito desse método.
TECNOLOGIAS DIGITAIS
O uso de tecnologias digitais por pessoas cegas e com baixa visão por intermédio das
tecnologias assistivas tem sido uma importante aliada na promoção da autonomia no exercício
das atividades da vida diária e escolares.
DOSVOX
O sistema Dosvox geralmente é a primeira TA usada na introdução do ensino dos recursos
computacionais tanto nas salas de recursos multifuncionais quanto nas instituições
especializadas no atendimento à pessoa com deficiência visual.
Inicialmente, ensina-se a posição das teclas do teclado do computador (que pode ser desktop ou
notebook) pela opção teste do teclado do Dosvox. Ela tem sido aprimorada pelos
desenvolvedores do sistema com o propósito de motivar e colaborar com a promoção da
autonomia da pessoa com deficiência visual no uso do computador.
O Dosvox possui diversos jogos pedagógicos e de entretenimento. No entanto, a maior parte
deles é usada no processo de alfabetização e no ensino da Matemática. Gradativamente, o
usuário se apropria dos atalhos de teclado existentes nesse e em outros aplicativos, agilizando o
manejo da tecnologia assistiva. Ao pressionar a tecla de função F9 em qualquer aplicativo
Dosvox, é possível acessar a lista de atalhos.
EDIVOX
Outro aplicativo bastante utilizado – sobretudo pelas pessoas cegas – é o Edivox, que consiste
em um editor de textos semelhante ao bloco de notas do Windows. Nesse sistema, o importante
é que o professor ensine os atalhos concernentes a copiar e colar, margens, remover linhas etc.
No Edivox, pode-se contar com uma calculadora, que, além de realizar cálculos diversos, tem
como diferencial o fato de deixá-los salvos em um arquivo.
WEBVOX
Para o acesso à internet pelo Dosvox, existe o Webvox, um navegador web no qual é possível ter
acesso a sites e baixar arquivos e programas. Contudo, infelizmente nem todos os sites possuem
uma acessibilidade web compatível com o Webvox.
CARTAVOX
O Cartavox é um aplicativo semelhante ao Outlook que possibilita enviar e receber e-mails.
NVDA
O leitor de telas NVDA permite a leitura de telas do Windows, do pacote Office, do Mozilla Firefox
e do Google Chrome. Tal como o Dosvox, ele é gratuito. No entanto, pelo fato de o NVDA ser um
leitor de telas, e não um programa com aplicativos próprios como o Dosvox, ele amplia o acesso
das pessoas cegas e com baixa visão, aproximando-se do que a pessoa que enxerga consegue
fazer por meio do computador.
No entanto, o acesso à internet, não raras vezes, é limitado, pois nem todos os web designers se
pautam pelas normas de acessibilidade web W3C. No tocante aos atalhos de teclado, o leitor de
telas NVDA possui atalhos próprios para cada programa que não devem ser confundidos com os
próprios atalhos do programa em si. Exemplo: nos navegadores web, o atalho para listar os links
de um site é o insert+F7 e, em seguida, seta para cima e para baixo. Enquanto isso, o atalho de
qualquer programa para copiar um texto para a área de transferência é o ctrl+c.
JAWS
Como vimos no módulo anterior, o JAWS é um leitor de telas utilizado pelas pessoas cegas
bastante semelhante ao NVDA. Porém, devido ao custo elevado, tem sido pouco utilizado,
sobretudo, nas escolas.
W3C
“O W3C Brasil conta com o GRUPO DE TRABALHO DE ACESSIBILIDADE NA WEB do
W3C Brasil (GT Acessibilidade na Web), criado em março de 2012 que se reúne
periodicamente para planejar ações a serem realizadas no Brasil. [...] Uma das demandas
desse grupo foi produzir uma cartilha de acessibilidade na web, para orientargestores,
desenvolvedores, auditores, procuradores, promotores e cidadãos sobre a importância de
se preocupar com e investir em acessibilidade na web.”
Fonte: W3C, 2021.
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Foto: Shutterstock.com
Com o objetivo de ampliar as possibilidades de acesso do deficiente visual ao mundo digital, é
fundamental que o professor de sala de recursos multifuncionais oriente os estudantes no uso dos
leitores de tela para dispositivos móveis.
Os leitores de tela mais conhecidos são:

VOICE OVER
Apple

TALKBACK
Android
Ambos proporcionam autonomia no uso dos celulares e tablets, os quais, embora não sejam
tecnologias disponíveis nas salas de recursos, podem auxiliar na realização de atividades
extraclasse. É importante que o professor saiba orientar as ações para o uso desses recursos,
que se diferenciam daqueles feitos sem o leitor de telas ativo.
Discorreremos neste vídeo sobre a aplicabilidade de alguns instrumentos de tecnologia assistiva
no âmbito da educação inclusiva:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O SISTEMA BRAILLE É, SEM DÚVIDAS, UM DOS ELEMENTOS
ESSENCIAIS PARA A INCLUSÃO DO ALUNO CEGO. MAS TAMBÉM PARA
AQUELES QUE ESTÃO ENVOLVIDOS NESSE PROCESSO DE INCLUSÃO,
É NECESSÁRIO QUE HAJA, MINIMENTE, NOÇÕES ACERCA DESSE
PROCESSO DE ESCRITA.
ASSIM, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA SOBRE O SISTEMA BRAILLE:
A) O lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado reglete.
B) O lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado cela ou célula.
C) A escrita por meio do sistema Braille, não deve ser ensinada para adultos.
D) No sistema Braille, não existem símbolos representados em duas celas.
E) Os símbolos no sistema Braille, não podem ser representados em mais de duas celas.
2. O NVDA É UM LEITOR DE TELAS GRATUITO. SENDO ASSIM, MARQUE
A ALTERNATIVA CORRETA EM RELAÇÃO AO USO DESSE LEITOR DE
TELAS:
A) O NVDA possui as mesmas funções do Dosvox.
B) O NVDA possui somente os atalhos particulares de cada programa compatível com o
Windows.
C) O NVDA possui atalhos próprios para cada programa.
D) O NVDA possui as mesmas teclas de atalho do Dosvox.
E) Os atalhos do NVDA não podem ser compatíveis com o Windows.
GABARITO
1. O Sistema Braille é, sem dúvidas, um dos elementos essenciais para a inclusão do
aluno cego. Mas também para aqueles que estão envolvidos nesse processo de
inclusão, é necessário que haja, minimente, noções acerca desse processo de escrita.
Assim, assinale a opção correta sobre o Sistema Braille:
A alternativa "B " está correta.
Como estudamos, o lugar ocupado pelos símbolos Braille é denominado cela ou célula. Já o
reglete é um dos instrumentos utilizados, juntamente com a punção, para a escrita Braille. Ao
escrever, os símbolos podem ser representados em 1, 2, ou mais células. E tal escrita pode ser
ensinada a pessoas de todas a idades.
2. O NVDA é um leitor de telas gratuito. Sendo assim, marque a alternativa correta em
relação ao uso desse leitor de telas:
A alternativa "C " está correta.
O NVDA possui atalhos para cada programa compatível com ele.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao momento de destacar alguns pontos importantes diretamente ligados ao que
estudamos neste tema: os caminhos para aprofundar tais conhecimentos e a possibilidade de
sua aplicabilidade na realidade – geralmente, escolar – em que vivemos.
A escola especializada IBC oferece a educação básica para as pessoas com deficiência visual e
apoia as ações de inclusão escolar por meio das publicações e da adaptação de materiais em
braille, bem como das pesquisas que envolvem o deficiente visual. Já na escola de educação
básica comum, o AEE precisa ser oferecido de forma a complementar o processo de
escolarização regular.
Em caso de necessidade, o aluno deve ter acesso ao aprendizado do sistema braille de leitura e
escrita, bem como aos recursos de tecnologias assistivas adequados tanto para a realização de
cálculos, orientação e mobilidade quanto para o acesso às tecnologias digitais. No caso do
estudante com baixa visão, ele tem de acessar as tecnologias digitais cabíveis ao seu processo
de ensino-aprendizagem: recursos não ópticos, ampliadores de tela etc.
Em relação aos leitores de tela e ao sistema Dosvox, cabe ao professor da sala de recursos
multifuncionais II orientar os alunos nos usos dessas tecnologias assistivas, auxiliando na inclusão
digital e na realização de tarefas escolares por intermédio, inclusive, de tecnologias móveis.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BERSCH, R. Introdução à tecnologia assistiva. Porto Alegre: Assistiva Tecnologia e
Educação, 2017.
BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, e
o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: Ministério da Educação e Cultura
/Consed/Undime, 2018.
BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Dispõe sobre a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência.
BRASIL. Manual de orientação: programa de implantação de sala de recursos multifuncionais.
Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 2010a.
CENTRO MAYO DE BAJA VISIÓN. Perla Mayo. Consultado em meio eletrônico em: 5 fev. 2021.
FERNANDES, C. T. et. al. A construção do conceito de número e o pré-soroban. Brasília:
Ministério da Educação, 2006.
GOMES, A. L. L. V. A Educação especial na perspectiva da inclusão escolar: o atendimento
educacional especializado para alunos com deficiência intelectual. v. 2. Coleção “A educação na
perspectiva da inclusão escolar”. Brasília: Ministério da Educação; Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará, 2010.
INTERVOX. José Antonio dos Santos Borges. Consultado em meio eletrônico em: 5 fev. 2021.
INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Quem foi Louis Braille. Consultado em meio eletrônico em:
5 fev. 2021.
SÁ, E. D. et al. Atendimento educacional especializado – deficiência visual. Brasília:
SEESP/SEED/Ministério da Educação e Cultura, 2007.
SILVEIRA, C; BASSANI, P. B. S.; REIDRICH, R. O. Avaliação das tecnologias de softwares
existentes para a inclusão digital de deficientes visuais através da utilização de requisitos
de qualidade. In: Revista Renote – novas tecnologias na educação. v. 5. n. 1. 2007. p. 1-16.
EXPLORE+
Conheça mais sobre JAWS, ZoomText e Fusion no site da Freedom Scientific e sobre
acessibilidade na página da empresa Virtual Vision.
No site Ler para ver, você encontrará informações minuciosas acerca do JAWS.
Assista aos vídeos As cores das flores – AD, libras e legenda, excelente exemplo de um produto
audiovisual com audiodescrição, e Acessibilidade Android – demonstração da linha Braille
Focus 40, que apresenta essa importante TA utilizando um smartphone. Não é difícil encontrar
vídeos sobre acessibilidade iOS (Apple).
Conheça a startup Cinema cego: desenvolvida na UnB, ela apresenta avanços na área da
audiodescrição.
Pesquise o portal Bengala legal, do MAQ (Marco Antonio de Queiroz), que tem como objetivo
divulgar a acessibilidade, especialmente na internet.
Visite o Centro Mayo de Baja Visión: coordenado por Perla Mayo, ele oferece assessoria e
formação na área da deficiência visual.
CONTEUDISTA
Margareth de Oliveira Olegário
 CURRÍCULO LATTES
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