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Teoria Geral dos Contratos

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Ana Luiza Bittencourt 
DIREITO CIVIL IV – CONTRATOS 
Teoria Geral dos Contratos 
 
Escada Ponteana: Plano da Existência --- Plano da Validade --- Plano da Eficácia = negócio jurídico perfeito. 
• Plano da Existência: sujeito, objeto e forma; 
• Plano da Validade: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não 
defesa em lei. 
Situações que levam à invalidade: 
o Invalidade relativa (anulabilidade – negócio anulável): vícios, problemas em relação à vontade. Existe 
prazo para ser reconhecido, só existe um vício que não se enquadra na anulabilidade, e sim na 
nulidade, que é a simulação. 
o Invalidade absoluta (nulidade – negócio nulo): ocorre quando não existe alguma das situações do art. 
104. A nulidade pode ser declarada a qualquer momento, e alegada por qualquer interessado, 
inclusive pelo juiz, de ofício. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - Agente capaz; II - Objeto 
lícito, possível, determinado ou determinável; III - Forma prescrita ou não defesa em lei. 
• Plano da Eficácia: efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e a terceiros. 
 
- Conceito: relação jurídica subjetiva, baseada na solidariedade constitucional e destinada a produção de efeitos 
jurídicos existenciais e patrimoniais. 
“Contrato é um negócio jurídico bilateral por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função 
social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das 
suas próprias vontades.” – Pablo Stolze Gagliano. 
- Elementos: 
• Direito Civil Constitucional 
• Conteúdo Patrimonial e Existencial 
• Função Social: mensurar os impactos causados para terceiros. 
 
- Antes de iniciar a parte de contratos de fato é importante ter uma noção da relevância do CARTÓRIO (serviço 
extrajudicial) para o Direito Civil como um todo e para os contratos. 
- Existem 2 tipos gerais de cartórios: de tabelionato e de registro. 
TABELIONATO: 
• Regido pelo TABELIÃO, o qual tem como função geral o papel de qualificar a vontade das partes. Na escritura, 
por exemplo, é isso que o tabelião está fazendo. Existem 2 tipos de tabelionato: 
o Tabelionato de Notas: autentica documentos; reconhece assinaturas e realiza a ata notarial. Tem esse 
poder por ter, reconhecidamente, a fé pública. 
o Tabelionato de Protesto: publicidade à inadimplência. 
REGISTRO: 
• Regido pelo OFICIAL DE REGISTRO, com base na lei 6.015/73. Existem 4 tipos de cartórios de registro: 
o Registro Civil de Pessoas Naturais (RCPN): registro de atos da vida civil, como nascimento, casamento, 
morte etc. A função do registrador é dar publicidade a esses atos. 
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ): nascimento de pessoas jurídicas. 
o Registro de Imóveis (RI): somente constitui propriedade com o registro, feito por esse cartório. 
o Registro de Títulos e Documentos (RTD): tem função residual, ou seja, aquilo que não for registrado 
nos outros cartórios, será registro neste. Arts. 172 e 129 falam quais atos devem ser registrados no 
RTD. **registro de conservação. 
TÍTULO V – DOS CONTRATOS EM GERAL 
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS 
SEÇÃO I - PRELIMINARES 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Você tem liberdade para 
contratar, mas deve obedecer a FUNÇÃO SOCIAL do contrato > você deve mensurar os impactos do contrato para 
terceiros (aqueles que vão sofrer os efeitos). 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a 
excepcionalidade da revisão contratual. 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos 
concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, 
garantido também que: Auto Lafaiete > vende carro para Renato > Renato vende para Waidd > Waidd empresta para 
Cirley > polícia requer o carro para perseguição. Nesse conjunto, existem relações regidas pelo direito empresarial e 
outras regidas pelo direito civil. Ainda assim, são paritários e simétricos pois um não tem mais importância que o outro. 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de 
seus pressupostos de revisão ou de resolução; 
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Contratos 
que não têm previsão em lei podem ser feitos, desde que obedeçam normas gerais, como função social. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Pacta corvina. 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
1. Direitos e deveres: 
a. Unilateral: só gera obrigações para uma pessoa. Ex.: A doa um objeto para B > B não somente está 
recebendo. 
b. Bilateral (sinalagmáticos): gera obrigações para duas pessoas. Ex.: A dou um objeto para B, desde que B 
faça X coisa. 
c. Plurilateral: os efeitos atingem terceiros. 
 
2. Patrimonial: 
a. Oneroso: gera algum tipo de ônus (gera algum tipo de vantagem). 
b. Gratuito: 
 
3. Aperfeiçoamento: 
a. Consensual: baseado no consenso e em tese basta a concordância para o contrato se aperfeiçoar. 
b. Real: som 
 
4. Riscos: 
a. Comutativo: você tem noção dos riscos que vai gerar > há previsibilidade; você sabe quais são suas 
consequências. 
b. Aleatório: baseados no acaso; sem previsibilidade. 
 
5. Previsão Legal: 
a. Típico: previsto no CC. 
b. Atípico: podem ser criados, mas não estão no CC. 
 
6. Negociação do conteúdo: 
a. Adesão: a pessoa adere ao contrato que já está pronto > você não negocia as cláusulas do contrato. 
b. Paritário: há negociação entre as partes para a formação do contrato. 
 
7. Formalidades: 
a. Informal: não importa o jeito que será feito, pode ser verbal, escrito ou por escritura. Alguns podem ser 
informais e outros não. 
b. Formal: deve ser escrito. 
c. Solene: feito de forma escrita, feita por meio de uma solenidade pública, ou seja, uma escritura pública 
(art. 215 CC). 
 
8. Dependência: 
a. Principal: exemplo: locação. 
b. Acessório: exemplo: fiança. 
 
9. Cumprimento: 
a. Instantâneo: se realiza naquele instante. 
b. Diferido: vai sendo realizado ao longo do tempo. 
c. Trato sucessivo: vai sendo realizado ao longo do tempo e as prestações vão se renovando. 
 
10. Pessoalidade: 
a. Pessoal: a característica pessoal daquela pessoa é fundamental para que aquele contrato seja realizado. 
b. Impessoal: não há característica pessoal fundamental para que o contrato seja realizado. 
 
11. Definição: 
a. Preliminar: feito de forma anterior ao contrato principal. 
b. Definitivo: instrumento por excelência que vai ser firmado entre as partes > é o final, sem necessidade de 
contrato preliminar. 
 
12. Compra e venda: 
- Bilateral 
- Oneroso 
- Comutativo 
- Consensual 
- Informal – Formal – Solene 
- Típico 
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
1. Princípio da Obrigatoriedade 
- Pacta Sunt Servanda: força obrigatória dos contratos > uma vez que você exerceu a autonomia da vontade para 
praticar um contrato, você se obriga a ele > de nada valeria se não houvesse força obrigatória. Não possui caráter 
absoluto: essa regra pode ser relativizada pelo dirigismo contratual. 
- Dirigismo contratual: os fatos e as pessoas mudam > o contrato não pode ficar engessado > situações concretas 
podem levar à relativização do contrato, levando a ideia de revisão contratual, que também é um princípio. A parte 
que se sentir lesada pode ingressar em juízo pleiteando a revisão contratual. 
 
2. Princípio da Autonomia da Vontade: liberdade de contratar > ato volitivo > consensualismo (o encontro das 
vontades livres e contrapostas faz surgir o consentimento. Inclusive, sea vontade estiver contaminada, é possível 
decretar anulabilidade do contrato. 
 
3. Princípio da Supremacia da Ordem Pública: contratos não podem contrariar normas de ordem pública, regras 
jurídicas. 
 
4. Princípio da Função Social: todo contrato possui função social > influência a terceiros > imposição de limites à 
liberdade de contratar, em prol do bem comum. 
 
5. Princípio da Boa-Fé: ponto de vista objetivo (o que a sociedade acredita ser certo) e subjetivo (o que a pessoa 
entende como certo). 
- Funções da boa-fé: 
Interpretativa: boa-fé serve para auxiliar na elaboração e interpretação contratual. 
Integrativa: cria um dever entre as partes. 
Limitadora: evitar contradições entre as atitudes das partes e as cláusulas do contrato. 
Ex.: venire conera factum proprium (não podem ter ações desleais e contraditórias das ações das partes com o 
contrato); supressio-surrectio (aquela circunstância que existia contratualmente foi alterada na prática e as partes se 
adequaram a ela); tu quoque. 
 
6. Princípio da Revisão 
- Rebus sic stantibus 
 
7. Princípio da Relatividade (arts. 436 a 438): a priori, as disposições do contrato somente interessam às partes, não 
dizendo respeito a terceiros estranhos à relação jurídica obrigacional. Mas existem exceções, como é o caso da 
estipulação em favor de terceiro e a promessa de fato de terceiro. 
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (arts. 436 a 438) 
- Contrato no qual alguém que, não participando da relação contratual original, será por ele beneficiado. Ex.: 
• Seguro de vida: quando o assegurado morre, um terceiro (escolhido pelo assegurado) recebe o benefício 
(indenização) do segurador. 
• Convenção coletiva do trabalho: espécie de acordo entre empresas e sindicatos que criam regras para os 
trabalhadores > quem ganha é o trabalhador (o terceiro da relação). 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, 
sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá 
o estipulante exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente 
da sua anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 
PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (arts. 439 e 440) 
- O proponente não é o executor do ato prometido. 
Ex.: X faz um contrato com Y que quem tem que cumprir é Z. Isso pode se Z der aquiescência > se ele não fizer isso e o 
contrato for feito, daria perdas e danos. 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua 
anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair 
sobre os seus bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar 
à prestação.

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