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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FARMÁCIA CLÍNICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE FARMÁCIA CLÍNICA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 HISTÓRICO DA FARMÁCIA CLÍNICA 1.1 PRINCÍPIOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA 1.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA 1.3 PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA 2 PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS 2.1 SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA 2.2 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES 2.2.1 Método de Dáder 2.3 REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS - RAM 3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS MÓDULO II 4 FERRAMENTAS DA FARMÁCIA CLÍNICA 4.1 FARMACOVIGILÂNCIA 4.2 FARMACOEPIDEMIOLOGIA 4.3 FARMACOECONOMIA 4.3.1 Custos 4.3.2 Tipos de Análise Econômica 4.4 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA 5 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS - CIM 5.1 MEDICAMENTOS ESSENCIAIS 5.1.1 Critérios de Seleção dos Medicamentos Essenciais 5.1.2 Promoção do Uso Racional de Medicamentos 5.2 PESQUISA CLÍNICA 5.2.1 Fases do estudo Clínico AN02FREV001/REV 4.0 4 MÓDULO III 6 PROTOCOLOS CLÍNICOS 6.1 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA 7 FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM GRUPOS ESPECÍFICOS DE PACIENTES 7.1 PACIENTE HIPERTENSO 7.1.1 Investigação Clínica e Decisão Terapêutica 7.1.2 Tratamento Não Farmacológico 7.1.3 Tratamento Medicamentoso 7.2 PACIENTE DIABÉTICO 7.2.1 Diagnóstico 7.2.2 Prevenção 7.2.3 Esquemas Farmacoterapêuticos 7.3 PACIENTE DISLIPIDÊMICO 7.3.1 Tratamento farmacoterapêutico 7.4 PACIENTE ASMÁTICO 7.4.1 Atendimento ao Paciente Asmático 7.5 PACIENTE ONCOLÓGICO 7.5.1 Protocolo de Acompanhamento 7.6 PACIENTE IDOSO 7.6.1 Princípios de Prescrição de Drogas para Idosos MÓDULO IV 8 SAÚDE DA MULHER 8.1 PACIENTE GESTANTE 8.2 USO DE MEDICAMENTOS NA LACTAÇÃO 8.3 PACIENTE PEDIÁTRICO 9 USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS 10 FARMACOLOGIA CLÍNICA 10.1 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA 10.2 FARMACODINÂMICA CLÍNICA 10.3 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I 1 HISTÓRICO DA FARMÁCIA CLÍNICA Ao final da segunda Guerra Mundial dá-se início a história da farmácia clínica moderna. Devido ao ambiente de grande desenvolvimento tecnológico e econômico, ocorreu o lançamento de diversos medicamentos e a entrada de uma tecnologia farmacêutica capaz de uma produção em grande escala. O grande desenvolvimento tecnológico, principalmente dos EUA, fez com que houvesse uma inversão de valores, diminuindo a produção de medicamentos de manipulação magistral (manipulação de fármacos de forma rústica e em pequena escala), para a produção de medicamentos em grande escala, por meio da indústria farmacêutica. Por intermédio desses fatos, os farmacêuticos começaram a repensar o currículo dos cursos de Farmácia, tendo um direcionamento para as atividades clínicas. Isso acarretou em uma mudança no eixo de pensamento, em que o farmacêutico começa migrar da manipulação para a assistência aos pacientes. AN02FREV001/REV 4.0 6 FIGURA 01 - INDÚSTRIA FARMACÊUTICA NA 2ª GUERRA MUNDIAL FONTE: Disponível em: <http://www.tevabrasil.com.br/main/sobre-nos/linha-do-tempo/>. Acesso em: 11 jun. 2013. A partir da década de 60, devido ao uso indiscriminado do medicamento talidomida e as sequelas trágicas por ele ocasionadas, ocorreu uma maior preocupação com o usuário do medicamento, sendo que, tornou-se imprescindível a avaliação clínica das novas drogas e o acompanhamento em longo prazo dos medicamentos comercializados. Começam a surgir nessa ocasião às ciências como a farmacoepidemiologia1 e a farmacovigilância2 em que, o acompanhamento do uso dos medicamentos comercializados começa a melhorar a segurança do usuário de medicamentos. 1Segundo a ANVISA, podemos definir a Farmacoepidemiologia como sendo a aplicação do método e raciocínio epidemiológico no estudo dos efeitos - benéficos e adversos - e do uso de medicamentos em populações humanas. (Portaria nº 3.916/MS/GM, de 30 de outubro de 1998) 2Segundo a ANVISA, podemos definir a Farmacovigilância como sendo a identificação e avaliação dos efeitos, agudos ou crônicos, do risco do uso dos tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou em grupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. (Portaria nº 3.916/MS/GM, de 30 de outubro de 1998) AN02FREV001/REV 4.0 7 FIGURA 02 - TRAGÉDIA DA TALIDOMIDA FONTE: Disponível em: <http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0506/talidomida/efeitos.htm>. Acesso em: 11 jun. 2013 O mundo passava por uma transformação intensa neste período, e as Ciências Farmacêuticas não ficaram para traz, acompanhando toda esta mudança pós-guerra. Entretanto, elas não chegaram ao nosso país, nesse primeiro momento, pois o modelo adotado aqui contemplava a formação por meio das habilitações nas áreas de análises clínicas, industrial ou de alimentos. E as disciplinas da área clínica, farmacologia clínica, farmacoterapia e semiologia eram praticamente inexistentes na prática, enquanto as disciplinas voltadas para a química (geral, orgânica, analítica e físico-química) dominavam a grade curricular dos cursos de farmácia. AN02FREV001/REV 4.0 8 No país, esse panorama começou a alterar, quando farmacêuticos em hospitais começaram a introduzir novas técnicas de dispensação, tais como: dose- unitária e as atividades clínicas na rotina de trabalho. Na década de 80, começaram a surgir nos cursos de graduação de Farmácia, em algumas instituições de ensino superior, as disciplinas de Farmácia hospitalar, Farmácia clínica e farmacoterapia, gerando o início das atividades clínicas também fora dos hospitais. Por volta de 1990 o farmacêutico retorna às origens e reencontra a vocação assistencial, nesse mesmo período surge à atenção farmacêutica, sendo considerada, hoje em dia, a principal atividade do farmacêutico. A atenção farmacêutica é um processo dinâmico e que abrange diversas áreas, tais como: anamnese, análise, orientação, seguimento, conhecimentos de farmacologia, patologia, semiologia, interpretação de dados laboratoriais e as relações interpessoais. Mais recentemente ocorreu a introdução do perfil generalista para as faculdades de farmácia, com o foco voltado para as atividades clínicas, em que ganhou grande destaque as disciplinas de Farmácia clínica, farmacoterapia, Farmacologia clínica e atenção farmacêutica. FIGURA 03 - FARMACÊUTICO GENERALISTA FONTE: Disponível em: <http://hrhds.blogspot.com.br/2012/01/farmaceutico-parabens-pelo-seu- dia.html>. Acesso em: 11 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 9 Hoje a prática clínica na farmácia é um instrumento imprescindível para o sucesso terapêutico, assim como uma peça fundamental e segura na dispensação e administração de fármacos, para o paciente. Para que os farmacêuticos possam desempenhar, da melhor forma possível, a farmácia clínica e a assistência farmacêutica, possibilitando com essas ferramentas aumentar a eficácia e segurança da terapia, ele deve estar muito atento às novidades do ramo, assim como devem estar muito bem informados, principalmentesobre o uso racional de medicamentos e a farmacoterapia. É preciso deixar bem claro que a Farmácia Clínica não está exclusivamente voltada para o ambiente hospitalar, sendo que, ela pode ser exercida em todas as áreas de atuação do farmacêutico, em que ele esteja em contato direto com o paciente. Na farmácia clínica o objetivo principal é alcançar os resultados, ou seja, a cura do paciente. Por meio do nosso curso, o farmacêutico terá as ferramentas básicas de trabalho para o exercício da farmácia Clínica. Aquele profissional que deseja trabalhar em contato direto com os pacientes, exercendo a clínica farmacológica, deve ter uma série de conhecimentos e habilidades específicas, as quais serão discutidas no decorrer do nosso curso. 1.1 PRINCÍPIOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA Na atualidade, o profissional que deseja trabalhar na Farmácia Clínica, exercendo principalmente a atenção farmacêutica, precisa ter muito bem definidos alguns conceitos, e saber o tamanho de sua responsabilidade para o sucesso farmacoterapêutico do paciente. Com a atenção farmacêutica você poderá melhorar os resultados clínicos, por meio de um direcionamento da terapia farmacológica, com aconselhamentos de condutas terapêuticas, programas educativos sobre os medicamentos, e até mesmo a elaboração de protocolos clínicos terapêuticos. Para que se alcance este objetivo, você deve estabelecer estes protocolos e principalmente realizar um acompanhamento / monitoramento dos resultados junto AN02FREV001/REV 4.0 10 ao paciente. É muito importante que o profissional esteja sempre motivando o paciente, para que o mesmo não abandone o tratamento farmacológico. O farmacêutico é o profissional da saúde mais próximo da população, por isso, é uma peça fundamental para o sucesso e adesão do paciente ao tratamento farmacológico. O tratamento e as condutas podem ser realizados de forma individual, em grupos ou em família. Cabe ao profissional identificar qual a melhor conduta a ser realizada. Sendo o farmacêutico, o elo do processo paciente/medicamento, você deve sempre que possível realizar um trabalho multidisciplinar, informando os outros profissionais envolvidos, sobre os possíveis erros ou melhorias que podem ser adotadas na terapia, para que o paciente assuma o tratamento farmacológico da forma correta. Diversos estudos apontam que uma atenção farmacêutica realizada da forma correta, aumenta a adesão do paciente ao tratamento, reduz os custos com internações no sistema de saúde, ao controlar e notificar reações adversas, interações farmacológicas, alcançando com isso uma melhora na qualidade de vida do paciente. Segundo Bisson (2007), podemos definir a farmácia clínica como sendo, toda a atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente por meio do contato direto com este ou pela orientação a outros profissionais clínicos, como o médico e o dentista. A atenção farmacêutica está inserida dentro do conceito de Farmácia clínica, e é a principal ferramenta utilizada na prática clínica. Segundo Hepler & Strand (1990), a missão principal do farmacêutico é prover a atenção farmacêutica, que é a provisão responsável de cuidados relacionados a medicamentos com o propósito de conseguir resultados definitivos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. AN02FREV001/REV 4.0 11 FIGURA 04 - ATENÇÃO FARMACÊUTICA FONTE: Disponível em: <http://semanaracine.com.br/tag/assistencia-farmaceutica/>. Acesso em: 14 jun. 2013. A melhora da qualidade de vida do paciente é o objetivo principal da farmácia clínica e da atenção farmacêutica. Entende-se como melhora de vida do paciente, os seguintes pontos: * Cura da doença; * Eliminação dos sintomas; * Controle do progresso da doença; * Prevenção das doenças ou dos sintomas. Para que esses pontos sejam alcançados o farmacêutico deve identificar os problemas relacionados aos medicamentos, resolver estes problemas e preveni-los. Na tabela 01 serão apresentados os problemas mais relacionados com os medicamentos. AN02FREV001/REV 4.0 12 TABELA 01 - PRINCIPAIS PROBLEMAS COM MEDICAMENTOS Problema Definição do Problema Indicações sem tratamento Quando o paciente tem um problema e não está recebendo um tratamento medicamentoso. Sobredosagem É um problema muito sério, podendo levar à morte. Ocorre quando a dose estipulada para o tratamento é muito elevado, podendo ser tóxica. Seleção inadequada do medicamento É outro problema grave, ocorre quando o tratamento farmacológico não é indicado para a patologia do paciente. Dosagem Subterapêutica Diferentemente da seleção inadequada do medicamento, o paciente está recebendo o medicamento correto, mas em uma dosagem inferior a dosagem terapêutica. Não recebimento da medicação Este é um problema social, em que por questões financeiras, político e pessoal, o paciente não recebe a medicação para o seu tratamento. RAM - Reação Adversa ao Medicamento Como o próprio nome já diz, é um problema relacionado a um efeito adverso ou uma reação adversa ao medicamento, o qual faz com que o paciente deixe de utilizar o medicamento. Interações Medicamentosas É um dos problemas mais comuns na atualidade, ocorre devido à interação dos medicamentos utilizados com outros AN02FREV001/REV 4.0 13 medicamentos, alimentos ou exames laboratoriais. Automedicação Problema gravíssimo e muito comum, quando o paciente utiliza medicamentos indicados por amigos, vizinhos, conhecidos, balconistas. FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow (2007). Além desses problemas citados no quadro acima, temos que ter em mente que o tratamento farmacológico é algo individual, ou seja, cada paciente pode ter uma resposta única para um mesmo medicamento. Cabe aí a experiência do profissional no acompanhamento e na análise dos possíveis problemas que o paciente pode apresentar. Outro fator importante que podemos citar é a vontade do paciente, ou seja, o paciente é responsável pelo sucesso terapêutico. Uma vez que, o não cumprimento das determinações do prescritor e das orientações do farmacêutico, no ato da compra, não seja cumprido, o tratamento farmacológico terá uma grande probabilidade de falha ou, dependendo do caso, de uma cura parcial da patologia. Por esse motivo, durante o atendimento farmacêutico, deve ser frisado que ele, o paciente, tem uma grande parcela de responsabilidade para com o sucesso do tratamento, seja ele farmacológico ou não. Segundo Bisson (2007), a relação paciente-farmacêutico é fundamental para atingir os objetivos propostos, porém é necessário haver pleno consentimento por parte do primeiro para a realização do processo de acompanhamento farmacoterapêutico e educação. É necessário que haja uma relação de consentimento, confiança mútua, além de uma autorização formal para que o farmacêutico exerça suas atividades clínicas. Durante a consulta, o farmacêutico deve passar segurança e confiança para o paciente, principalmente sobre os assuntos ali tratados, deixando bem claro a confidencialidade da consulta, mantendo sigilo de todas as informações ali ditas. AN02FREV001/REV 4.0 14 O paciente sentindo essa confiança no profissional passará cada vez mais informações importantes, que auxiliaram o profissional na orientação ao tratamento mais adequado. A OMS / OPAS trata que "a missão da prática farmacêutica é prover medicamentos e outros produtos e serviços para a saúde e ajudar as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível." A prática da Farmácia Clínica busca a promoção da saúde por parte do farmacêutico, e a atenção farmacêutica está inserida neste contexto. Entende-se por promoçãoda saúde o resultado definitivo da cura, o controle e/ou retardamento de uma patologia, compreendendo aspectos de eficácia e segurança. Dentro da atenção farmacêutica estão inseridas algumas condutas, dentre elas podemos citar o atendimento farmacêutico3 e a intervenção farmacêutica4. 1.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA Atualmente o Farmacêutico em suas atividades rotineiras na farmácia / drogaria comercial e até mesmo hospitalar, fica envolvido em muitos processos administrativos / burocráticos e, esquece-se do seu foco principal, que é o atendimento de qualidade ao paciente. Temos que gerenciar melhor o nosso tempo, delegando certas tarefas aos colaboradores / funcionários do estabelecimento e informatizar os processos rotineiros, para que consigamos maximizar tempo, e com isso, colocar o paciente como foco principal de trabalho. Quando não há possibilidade do Farmacêutico responsável delegar certas tarefas, pois se trata de funções exclusivas, e que necessitam de conhecimento técnico elevado para o exercício da função, o farmacêutico deve propor a 3 Segundo a OMS (2002) o atendimento farmacêutico é o ato em que o farmacêutico, fundamentado em sua práxis, interage e responde às demandas dos usuários do sistema de saúde, buscando a resolução de problemas de saúde que envolva ou não o uso de medicamentos. Este processo pode compreender escuta ativa, identificação de necessidades, análise da situação, tomada de decisões, definição de condutas, documentação e avaliação, entre outros. 4 Segundo a OMS (2002) a Intervenção farmacêutica é um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário e profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de acompanhamento / seguimento farmacoterapêutico. AN02FREV001/REV 4.0 15 contratação de outros profissionais farmacêuticos, para que os mesmos realizem a atenção farmacêutica e o ajude nos processos específicos. Porém, nós sabemos que nem sempre é possível a contratação de outros profissionais e é aí que deixamos de lado a atenção farmacêutica (paciente) e ficamos envolvidos apenas com os processos administrativos / burocráticos. Essa situação é muito comum em diversos estabelecimentos, onde, na maioria das vezes a população não sabe nem quem é o farmacêutico e o confunde com um balconista ou técnico, pois o mesmo sempre está envolvido na frente de um computador resolvendo problemas administrativos, tais como: Relatórios, compras, planejamentos, armazenamento de medicamentos e outros. Temos que mudar este panorama, utilizando nossos conhecimentos específicos, demonstrando a importância da Atenção farmacêutica e os resultados alcançados. Mas para que o Farmacêutico brasileiro possa mudar este panorama ele deve estar apto a desenvolver a atenção farmacêutica, o que exige o desenvolvimento de suas habilidades e conhecimentos. Para o exercício da atenção ao paciente, o profissional deve ter os seguintes conhecimentos / habilidades: * Ter habilidades interpessoais, ou seja, ser uma pessoa social, comunicativa de fácil relacionamento; * Conhecer profundamente as patologias; * Conhecimento da terapia farmacológica e consequentemente da farmacologia; * Conhecimento de terapias alternativas; * Saber interpretar exames laboratoriais de forma correta; * Ter uma planilha de controle e monitoramento do paciente; * Ter o mínimo conhecimento sobre a avaliação física do paciente; * Deve ter um planejamento terapêutico. Como podemos observar são diversas, as habilidades e conhecimentos que o profissional deve possuir para exercer a Atenção correta ao paciente. A atenção farmacêutica pode ser realizada em praticamente todos os campos de atuação do farmacêutico, desde que haja um contato entre o farmacêutico e o paciente. AN02FREV001/REV 4.0 16 Segue abaixo algumas áreas de atuação do farmacêutico que podemos desenvolver a atenção farmacêutica ao paciente: * Farmácia Hospitalar e seus setores (ambulatório, UTI, etc.); * Farmácia pública; * Farmácia Nuclear, entre outras. A atenção farmacêutica é muito útil no acompanhamento de pacientes, principalmente para aqueles grupos especiais, tais como: idosos, crianças, obesos, psiquiatria, diabéticos, hipertensos, asmáticos, entre outros. A atenção farmacêutica deve ser uma prática focada no paciente. Segundo Bisson (2007), a prática focada no paciente baseia-se no fato de o farmacêutico colocar como centro do seu trabalho o cuidado do paciente, deixando de lado todas as outras funções (manipulação, logística e administração, entre outras). Além da dispensação de medicamentos, o farmacêutico deve conferir todas as prescrições que chegam até ele, utilizando para isso, todos os seus conhecimentos técnicos científicos, os relativos às reações adversas a medicamentos, dados farmacocinéticos e perfil clínico do paciente, com o objetivo de buscar o melhor acompanhamento farmacoterapêutico. Eventuais intervenções propostas aos pacientes ou aos prescritores devem ser anotadas em fichas próprias ou arquivos informatizados. 1.3 PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA Podemos evidenciar que a atenção farmacêutica necessita de diversos conhecimentos e pode ser aplicada em diversas áreas dentro da farmácia. Mas para que seja possível a implantação correta da atenção ao paciente é preciso que o farmacêutico saiba planejar, ou seja, deve ser realizado um planejamento cuidadoso e muito bem elaborado, para que sejam alcançados os resultados esperados. AN02FREV001/REV 4.0 17 Nesse planejamento o farmacêutico deve ter em mente alguns pontos, antes de iniciar um modelo de projeto de atenção farmacêutica. Para isso, ele deve realizar os seguintes questionamentos: * Qual a realidade desta região? (perfil dos pacientes - socioeconômico, sexo, idade, escolaridade e religião); * Que tipo de atenção farmacêutica será realizado? (Ambulatorial, residencial, Farmácia comercial ou pública); * Quais as patologias mais comuns nesta região? (perfil epidemiológico) * Que tipos de instalações físicas você possui? * Qual será o protocolo de trabalho? * Há necessidade de outros profissionais? Qual a quantidade? (farmacêuticos, técnicos ou outros). Após esses questionamentos o farmacêutico já terá condições de montar um projeto de atenção farmacêutica, em que deverão constar os motivos da atenção farmacêutica naquela região, assim como os benefícios e os resultados que serão esperados com a ação. Nesse projeto devemos detalhar as atividades que serão desenvolvidas, quais profissionais estarão envolvidos, que tipo de materiais será necessário e a verba necessária para a realização. Outro ponto importante que deve constar no projeto de atenção farmacêutica é o cronograma de realização das atividades, ou seja, o cronograma de implantação. Para finalizar, devem ser colocados os resultados, apresentados na forma de planilhas, gráficos, tabelas, etc. Acabamos de resumir um processo de planejamento e de elaboração de um projeto de atenção farmacêutica. É importante destacar que, o farmacêutico deve elaborar o seu projeto de atenção farmacêutica voltada para a realidade da região em que atua. Na figura 05 damos um exemplo simples de modelo de projeto de Atenção farmacêutica. AN02FREV001/REV 4.0 18 FIGURA 05 - MODELO DE TRABALHO EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA FONTE: Adaptado de OPAS / OMS (2002). 2 PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS Entende-se por prevenção de doenças, todas as técnicas/ferramentas utilizadas por profissionais de saúde (Médicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc.) para se evitar a instalação de uma patologia/doença. Como dito anteriormente o principal objetivo da Farmácia clínica é acura ou prevenção de doenças, em que o médico e o farmacêutico são peças fundamentais no sucesso da terapia, desempenhando um papel importantíssimo na educação do paciente. Para o sucesso da prevenção de doenças é necessário uma atividade multidisciplinar, em que o médico e farmacêutico sejam parceiros, onde cada um, atuando na sua área, pode contribuir ainda mais para o sucesso terapêutico, principalmente na prevenção de doenças. Tanto o médico quanto o farmacêutico AN02FREV001/REV 4.0 19 possuem o mesmo objetivo, que é a prevenção, tratamento e cura do paciente, por esse motivo devem trabalhar em conjunto. Embora as evidências demonstrem que o serviço de prevenção, realizado primeiramente pelo médico e posteriormente pelo farmacêutico, possa reduzir muito os custos médico-hospitalares, contribuindo para prolongar a vida dos pacientes, ela não vem acontecendo, ou vem acontecendo em casos raros. A informação correta é a melhor maneira para ajudar na prevenção de doenças, quando esta informação não é passada no consultório médico, ou o paciente não a entende corretamente, o farmacêutico deve enfatizar as informações corretas sobre o uso dos medicamentos e informações sobre cuidados não medicamentosos que o paciente possa necessitar. Basicamente a prevenção de saúde pode ser dividida em prevenção primária, secundária e terciária. Em que, a prevenção primária é o conjunto de ações que tem por objetivo evitar a doença na população. Para isso, devem ser removidas as causas da doença, diminuindo com isso a incidência da mesma. A vacinação, o tratamento de água, informações sobre doenças, são todos exemplos de prevenção primária. Já a prevenção secundária pode ser definida como sendo uma série de medidas que objetivam impedir a evolução da doença já existente, ou seja, detectando a doença precocemente e com isso evitando as suas complicações. O autoexame de mamas são exemplos clássicos de prevenção secundária. Por fim, a prevenção terciária pode ser definida como sendo a reabilitação e a reinserção social do paciente, em que por meio de ações, objetiva reduzir a incapacidade de forma a lhe proporcionar melhores condições de vida. AN02FREV001/REV 4.0 20 FIGURA 06 - NÍVEIS DA PREVENÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/Prevencao.htm>. Acesso em: 17 jun. 2013. Na Farmácia Clínica, mais precisamente na atenção farmacêutica, o foco principal será a prevenção primária, pois, devemos sempre orientar para evitar a instalação da doença. A maioria das doenças pode ser evitada e na maioria das vezes apenas com a orientação preventiva. No caso do tabaco, uma importante substância responsável por inúmeros casos de problemas pulmonares, além de cânceres. O farmacêutico deve saber a melhor forma de conduzir uma consulta farmacêutica para este tipo especial de paciente, podendo enfatizar os seguintes pontos para o paciente, durante a consulta: * Você sabe quais os riscos para a sua saúde com o uso do tabaco? E para os seus familiares não fumantes, sabe quais as consequências? * Você tem vontade de parar com o tabaco? Está preparado para abandonar este vício? * Sabe quais são as alternativas farmacológicas ou não farmacológicas para abandonar este vício? São questionamentos que irão aproximá-lo do paciente. Lembre-se que o farmacêutico deve entender e demonstrar profundo conhecimento sobre o assunto, AN02FREV001/REV 4.0 21 respondendo e sanando todas as dúvidas que pairam no ar. Lembre-se que você jamais deve ser autoritário com o paciente, muito pelo contrário, deve ganhar sua confiança, para que consiga alcançar os objetivos. Deve enfatizar para o paciente que só depende dele para abandonar o vício e que ele é o fator principal para o sucesso da terapia. Após todos esses esclarecimentos, você deve estabelecer, juntamente com o paciente, uma data para a parada da nicotina, acompanhá-lo durante todo este processo, inclusive elevando sua moral e força de vontade, isso pode ser feito por literaturas especializadas sobre o assunto, dependendo do caso pode-se utilizar uma suplementação de nicotina para auxiliar no processo e melhorar a perspectiva de sucesso. Deve orientar o paciente que ele deve realizar um acompanhamento médico durante todo este processo. FIGURA 07 - TABACO - VOCÊ SABIA? FONTE: Disponível em: <http://afepunesp.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html#.Ub_Kmfk3vRM>. Acesso em: 17 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 22 A mesma dinâmica clínica pode ser utilizada para o caso de outras substâncias, tais como o álcool e as drogas de abuso. Segundo Bisson (2007), o uso de álcool e drogas ocasiona mais de 100.000 mortes anualmente nos EUA. Por esse motivo, a atuação do farmacêutico na assistência ao paciente, por meio de aconselhamentos, indicação de programas educativos ambulatoriais e em casos mais graves a introdução da terapêutica medicamentosa é de suma importância. FIGURA 08 - ÁLCOOL - VOCÊ SABIA? FONTE: Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/sem-exageros- bebidas-alcoolicas-oferecem-nutrientes-ajudam-prevenir-doencas-7342835.html>. Acesso em: 17 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 23 Outra atuação importante do farmacêutico clínico é no tratamento, acompanhamento de paciente com problemas cardíacos, câncer, doenças ortopédicas e diabetes. Todas essas patologias estão ligadas por um fator predisponente, o excesso de peso. São várias as evidências clínicas que a modificação da ingestão calórica pode reduzir a mortalidade desses tipos de doenças. A redução de peso é classificada como uma prevenção primária de doenças. Podemos verificar que o consumo de gorduras está intimamente relacionado aos altos índices de colesterol, doenças coronarianas e vasculares. Segundo Bisson (2007), quando o consumo de gordura saturada está correlacionado com o nível de colesterol, doenças coronarianas são reduzidas em 2 a 3% para cada 1% de redução no nível do colesterol plasmático; a modificação dietética tem sido a maneira primária de diminuir a mortalidade nos EUA. O farmacêutico pode e deve ajudar o médico / nutricionista na reeducação alimentar do paciente obeso. Essa ajuda virá na forma de recomendações, orientações, inclusive podendo realizar as medidas corpóreas do paciente, explicando quais alimentos evitar, e quais alimentos consumir em maior quantidade. Na atenção farmacêutica é imprescindível que o profissional instrua o paciente, informando que o aumento na ingestão de alimentos gordurosos está associado há um risco maior de doenças, além daquelas citadas acima, podemos destacar: tumores malignos de mama, câncer de intestino, cólon, próstata e pulmão. Já uma alimentação rica em fibras pode auxiliar na diminuição da incidência de câncer no intestino, por exemplo. Outra medida importante que o farmacêutico deve enfatizar é a redução de açucares, sugerindo a substituição por mel, para os não diabéticos e de adoçantes para os diabéticos. A redução de sal de cozinha é outro fator predisponente na prevenção de doenças arteriais, tais como a hipertensão. Lembre-se que o papel do farmacêutico nesse sentido é o de aconselhamento ao paciente, obedecendo às orientações do nutricionista, pois este profissional é que irá estabelecer os objetivos e formular a dieta mais adequada para cada paciente. AN02FREV001/REV 4.0 24 FIGURA 09 - OBESIDADE FONTE: Disponível em: <http://saudedigestiva.blogspot.com.br/2011/01/o-impacto-da-obesidade-no- sistema.html>. Acesso em: 18 jun. 2013. Além de a reeducação alimentar, o farmacêutico pode orientar o paciente obeso sobre a importância da atividade física para o seu bem-estar, e quais os benefícios essa atividade física pode proporcionar para asua saúde. É muito importante que, durante a consulta farmacêutica o profissional deixe bem claro para o paciente, que antes de iniciar qualquer tipo de atividade física deve primeiramente procurar seu médico e posteriormente um profissional de educação física. Outro exemplo de prevenção primária pode ser verificado no comportamento sexual, pois a correta orientação sobre a importância da utilização do preservativo, informando sempre os riscos do sexo sem proteção. Na farmácia clínica, o farmacêutico cumpre um papel muito importante, pois pode atuar em diversas áreas na prevenção de doenças e riscos para o paciente. Para que o farmacêutico possa desempenhar suas atividades o mesmo deve possuir um conhecimento vasto sobre diversos assuntos e deve sempre manter uma relação de amizade, proximidade com o paciente. Durante a consulta farmacêutica deve-se criar um clima de harmonização, alegria e confiabilidade para o sucesso do tratamento. AN02FREV001/REV 4.0 25 O farmacêutico tem a capacidade técnico-científica para orientar o paciente em diversas áreas. Outros exemplos de prevenção primária no qual o farmacêutico está inserido são: Imunização, vacinação, profilaxia medicamentosa, entre outros. 2.1 SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA A semiologia farmacêutica é a disciplina que estuda, por meio dos sinais (signos), determinadas reações adversas aos medicamentos (RAM) e problemas relacionados a medicamentos (PRM). Diferentemente da semiologia médica que estuda, por meio dos signos, a identificação de patologias no paciente. Uma ferramenta muito útil na semiologia Farmacêutica é a anamnese. Anamnese pode ser entendida como sendo, uma entrevista realizada pelo profissional da saúde (médico, psicólogo, farmacêutico), que utiliza técnicas próprias para estabelecer uma avaliação e diagnóstico. Além da avaliação e diagnóstico, busca-se o conhecimento de detalhes da vida do paciente. O comportamento do paciente, sentimentos, conflitos psicossociais, são muito importantes no auxílio da interpretação ou para complementar as informações obtidas por exames ou métodos complementares de diagnóstico. Por meio da anamnese, buscam-se reconhecer as três dimensões do espaço diagnóstico: paciente, patologia e as causas, circunstâncias. AN02FREV001/REV 4.0 26 FIGURA 10 - MAPA DA ANAMNESE FONTE: Disponível em: <http://proavirtualg30.pbworks.com/w/page/18671521/MAPA%20DE%20ANAMNESE>. Acesso em: 18 jun. 2013. O farmacêutico deve buscar durante a anamnese, que o paciente relate todas as informações, faça um histórico da sua vida, relatando todos os sintomas que apresenta, inclusive informando a ordem cronológica com que ocorreram e com qual frequência. Muitas vezes, para o paciente, certa informação não é importante, mas para o profissional, esta informação é primordial para o esclarecimento, diagnóstico da patologia ou problema. Quando o paciente, por qualquer motivo que seja não relata certos fatos ao profissional, ele pode estar comprometendo a terapêutica. Há outros casos em que o paciente não tem condições de relatar na totalidade e de forma fidedigna a sua AN02FREV001/REV 4.0 27 história, podemos citar como exemplos as crianças, bebês, pessoas com distúrbios mentais, outro idioma, certos termos coloquiais utilizados, etc. Para a obtenção de uma anamnese de boa qualidade o farmacêutico deve seguir alguns princípios básicos: * Estar atento e motivado no relato do paciente; * A anamnese deve ser realizada em local separado da área comum do estabelecimento, de preferência na sala de atenção farmacêutica; * Não pode conter interrupções ao atendimento durante a consulta; * O farmacêutico tem que disponibilizar o tempo que for necessário para ouvir o relato do paciente; * O farmacêutico deve estar atento aos sinais do paciente, durante a anamnese; * Não interromper o relato do paciente até que o mesmo tenha terminado, ou em momentos críticos do relato; * Prestar atenção em todos os fatos relatados pelo paciente, inclusive realizando anotações sempre que julgar necessário; * O farmacêutico não deve discutir com o paciente sobre opiniões relatadas (homossexualismo, machismo, política, etc.); * Deve auxiliar o paciente a lembrar sobre fatos de sua vida que tenha importância clínica / médica; * O farmacêutico deve ter conhecimento científico sobre fisiopatologias, farmacologia, anatomia humana e a história natural das doenças; Ao final da Anamnese o farmacêutico deve se questionar se conseguiu alcançar os objetivos principais e a obtenção de informações suficientes para poder realizar a orientação. Caso ao final da anamnese, ainda restam dúvidas, o farmacêutico deve verificar nos seus questionamentos onde ocorreu o erro e posteriormente complementar com outros questionamentos, até conseguir o total entendimento do grau de exatidão das informações. Para que o Farmacêutico não se "perca" durante a anamnese, e venha a cometer algumas falhas, ele pode utilizar um roteiro, o qual, irá agilizar a consulta e o dará maior confiança na realização da anamnese. Dessa forma, o farmacêutico AN02FREV001/REV 4.0 28 não ficará preocupado em se esquecer de certas perguntas importantes, mesmo quando o paciente se prolonga na descrição de um determinado sintoma. O farmacêutico deve tomar um cuidado especial com o roteiro, para que o mesmo não se transforme em algo mecânico, em apenas um ato de fazer perguntas e anotar respostas. Para que isso seja evitado, o profissional deve sempre realizar a pergunta e olhar diretamente para o paciente, verificando todos os sinais demonstrados durante o relato. Tabela 02 - Pontos que devem ser abordados no roteiro da Anamnese Pontos abordados na Anamnese Descrição 1. História Pregressa do paciente Neste ponto o farmacêutico deve pesquisar informações referentes ao passado do paciente. Deve buscar informações sobre os seguintes dados: doenças prévias, traumatismos, gestações e partos, cirurgias, hospitalizações, exames laboratoriais já realizados, vacinas, medicamentos antigos e atuais que faz uso, tabaco, álcool, drogas, entre outras informações que julgar importante. 2. Histórico Familiar Neste ponto o farmacêutico deve realizar um levantamento do histórico familiar. Aqui devemos buscar informações sobre comportamento, caráter familiar, doenças na família, e toda informação familiar que julgar importante. 3. História Psicossocial Neste ponto devemos verificar como é a vida do paciente, do ponto de vista psicossocial. Como é o relacionamento dele com as outras pessoas, devemos AN02FREV001/REV 4.0 29 avaliar o nível de stress diário, qual a sua personalidade, situação socioeconômica atual, qual a importância da patologia em curso na sua vida. 4. Histórico dos sintomas Neste tópico devemos buscar o maior número de informações sobre os sintomas relatados pelo paciente, inclusive, a quantidade e a ordem cronológica dos mesmos. FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. AN02FREV001/REV 4.0 30 FIGURA 11 - MODELO DE FICHA DE ANAMNESE FARMACÊUTICA FONTE: Disponível em: <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2011/02/anamnese- farmaceutica.html>. Acesso em: 24 jun. 2013. Analisando a tabela 02 e as figuras 10 e 11, parece que, realizar a anamnese e o roteiro são trabalhos muito simples e fácil, mas na prática clínica a situação é bem diferente, pois não temos sempre o mesmo tipo de paciente, o AN02FREV001/REV 4.0 31 farmacêutico deve ter um jogo de cintura, pois, irá atender vários tipos de pessoas e para cada tipo ele terá que agir de forma específica. Vou listar abaixo os principais tipos de pacientes que você pode encontrar naclínica: a) Paciente sugestionável - é aquela pessoa que não pode ouvir falar de uma doença, que já se queixa dos sintomas. O farmacêutico deve identificá-lo logo no início da anamnese e o tratamento deve ser cuidadoso. Busque passar confiança ao paciente sugestionável, e utilize da informação técnico-científico para auxiliá-lo no tratamento. Normalmente, para esse tipo de paciente, não se utiliza um tratamento farmacológico e sim uma boa conversa e muita informação. b) Paciente ansioso - é aquele paciente precipitado, nervoso, apavorado, perna e braço irrequieto. O principal objetivo aqui é primeiramente acalmar o paciente, para depois iniciarmos a anamnese correta. Inicie a conversa com temas que não estejam relacionados com a sua patologia, como por exemplo, falar de um filme, futebol, etc. c) Paciente eufórico - é o tipo de pessoa que muda de assunto toda hora, não consegue completar um raciocínio, tem um humor exaltado, fala em tom alto, normalmente. Por não completar as perguntas torna-se um paciente difícil de caracterizar. O primeiro passo aqui é tentar acalmar o paciente, informando sobre a importância da conversa para o sucesso terapêutico. d) Paciente hostil - é o tipo de paciente que vive de mau-humor, principalmente quando o assunto são os sinais e sintomas que sente. Logo no início da anamnese o farmacêutico irá perceber as respostas hostis deste tipo de paciente. É importante jamais devolver as hostilidades recebidas. Apesar da hostilidade nas suas respostas este tipo de paciente consegue passar a grande maioria das informações. e) Paciente Hipocondríaco - este paciente encontra doença, sinais e sintomas em tudo na sua vida. Não confia no que o médico diz e muito menos em AN02FREV001/REV 4.0 32 resultados de exames. É um paciente que utiliza, na maioria das vezes, por conta própria, vários tipos de medicamentos. O farmacêutico percebendo este tipo de paciente deve orientá-lo sobre o uso correto dos medicamentos e descartar a possibilidade de interação medicamentosa. f) Paciente deprimido - dependendo do tipo de depressão (neurótica, psicótica, endógena) é de difícil identificação durante a anamnese farmacêutica. O profissional deve ter muita calma, pois o processo com este tipo de paciente é lento. Na maioria das vezes é necessário que o paciente retorne mais de uma vez para uma consulta farmacêutica. O farmacêutico deve tomar cuidado com este tipo de paciente, pois, por ser uma pessoa cabisbaixa, deprimida, pode fazer uso da polimedicação, por isso, devem-se evitar os riscos de superdosagens, intoxicação e interações farmacológicas. g) Paciente tímido - Normalmente são pessoas de baixa renda, pouco estudo ou da zona rural. Torna-se um paciente complicado durante a anamnese, pois, respondem as perguntas muitas vezes apenas por gestos, ou com afirmações. O farmacêutico deve ter uma sensibilidade apurada para deixar este tipo de paciente à vontade, pois, somente estando relaxado ele poderá responder as perguntas de forma fidedigna e clara. h) Crianças e adolescentes - Para as crianças o profissional deve estreitar um laço de simpatia e amizade. Já para os adolescentes o farmacêutico deve pesquisar qual a realidade que ele está inserido, saber sobre sua vida familiar, pessoal e profissional, quando houver, sempre respeitando os seus limites. Verificamos que temos uma grande quantidade de tipos de pacientes, e para cada tipo devemos proceder de uma maneira distinta. Cabe ao farmacêutico saber identificar de forma correta o tipo de paciente e adotar a postura correta, com a finalidade de alcançar o maior número de informações possíveis. AN02FREV001/REV 4.0 33 FIGURA 12 - TIPOS DE PACIENTES FONTE: Disponível em: <http://www.affonso.org/tipos-de-pacientes/>. Acesso em 18 jun. 2013. Já falamos sobre a anamnese e sobre os tipos de pacientes, agora vamos falar um pouco sobre outro assunto da semiologia farmacêutica - o Exame Físico. Para que o farmacêutico utilize o exame físico, ele deve estar embasado na farmacoterapia, se não houver, o farmacêutico corre o risco de ser acusado de exercício ilegal da medicina, por isso, devemos tomar todo o cuidado. O exame físico quando inserido dentro da atenção farmacêutica é um ato legal do profissional, cujo objetivo principal deve ser a melhor farmacoterapia para o paciente. O farmacêutico durante a consulta pode utilizar os seguintes procedimentos de Exame Físico, a saber: * Inspeção - verificação da queixa física do paciente, normalmente inicia-se antes mesmo da anamnese, apenas na observação, na maioria das vezes não utiliza instrumentos; * Palpação - consiste em uma técnica que pode ser executada com a palma das mãos, uni ou bimanual, ou com a ponta dos dedos, em que é introduzido um ou dois dedos em cavidade. Denominada toque (vaginal, retal) sendo respectivamente um exame ginecológico e proctológico. Esse procedimento permite delimitar áreas e observar sua consistência, forma, temperatura, mobilidade, sensibilidade, expansão AN02FREV001/REV 4.0 34 e vibração, bem como as características da pele e anexo. Essa técnica deve ser evitada por parte do farmacêutico, pois é de exclusividade médica; * Ausculta - é um exame primordial nos estudos dos sistemas respiratório e circulatório, em que se utiliza a audição para que o examinador colha dados preciosos em uma anamnese. Deve ser executada em ambiente silencioso, utilizando-se hoje em dia estetoscópio biauricular aplicado diretamente sobre a pele do examinado; * Sinais vitais - São as medidas quantitativas de temperatura, pulso, respiração e pressão arterial do paciente. A altura e o peso são também registrados como os sinais vitais do seguinte modo: Temperatura - Pulso - Frequência respiratória - pressão arterial - Braço direito - Braço esquerdo - Deitado - Sentado - Em pé - Coxa; * Dados antropométricos - Peso quando despido ou vestido e índice de massa corpórea (IMC); * Temperatura - Em geral a temperatura normal do corpo é de 37ºC na boca para pessoas deitada no leito; e 37,2ºC para pessoas em atividade. O nível normal mínimo pode ser 35,8ºC na boca. A temperatura retal é em média 1,3ºC mais alta que a temperatura oral, e as temperaturas axilares são 1,7ºC mais baixas que as orais; *Febre - é uma manifestação comum a vários tipos de processos patológicos não apenas infeccioso, mas também de outras naturezas, como traumática, neoplásica, vascular, metabólica e secundária a reações de hipersensibilidade. A febre é definida como um estado funcional anormal do sistema de termorregulação. Febres de origem medicamentosa são habitualmente do tipo contínuo, havendo nítida descorrelação entre a intensidade da mesma e o bom estado geral do paciente. Os medicamentos potencialmente causadores de febre são: Frequentemente: Anti-histamínicos, antipsicóticos, penicilinas e sulfonamidas (por reação de hipersensibilidade). Ocasionalmente: Vancomicina, iodetos e AN02FREV001/REV 4.0 35 cefalosporinas (por reação de hipersensibilidade), cimetidina, cocaína e seus derivados (por alteração da termorregulação) e estreptoquinase (por efeito pirogênico). Raramente: Digitálicos, cloranfenicol, insulinas e tetraciclinas; *Prurido - também conhecido como coceira, é um formigamento peculiar ou irritação incômoda da pele que provoca coceira. Pode ser local ou generalizado. As causas variam de acordo com idade, sexo, localização, características, evolução e fatores agravantes. Exemplos de prurido localizado: picadas de insetos, queimaduras do sol, parasitas (piolhos). Exemplos de prurido generalizado: urticária, doenças infecciosas (sarampo, catapora), reações alérgicas a alimentos e medicamentos. Após os exames físicos, os achados devem ser registrados com precisão, clareza e concisão;legibilidade, grafia e gramática devem ser cuidadosamente observadas. Os resultados dos exames físicos podem indicar normalidade ou anormalidade da estrutura anatômica e das funções fisiológicas do paciente. Um sinal, sintoma, fato da anamnese ou achado laboratorial não determinam o diagnóstico. Antes disso, o diagnóstico se baseia numa cuidadosa correlação e avaliação de toda informação fornecida pela história do paciente, seus sintomas, o exame físico e os dados de laboratório. AN02FREV001/REV 4.0 36 FIGURA 13 - VISÃO GERAL DO EXAME FÍSICO FONTE: Disponível em: <http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1222196510568_129612534_622/Vis%C3%A3o%20Geral%20do% 20Exame%20Fisico%20-%20clinica.cmap>. Acesso em: 19 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 37 2.2 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES O seguimento farmacoterapêutico de um paciente é uma das principais atividades, senão, a mais importante da atenção farmacêutica. Na prática, este processo é dividido em três fases, a saber: anamnese farmacêutica, interpretação de dados e processo de orientação ao paciente. A principal ferramenta para o desenvolvimento do trabalho do farmacêutico no seguimento farmacoterapêutico, é a informação, que vai desde os medicamentos, da patologia envolvida até a especificidade do paciente. Esse acompanhamento farmacoterapêutico pode ser realizado em qualquer área de trabalho do farmacêutico, desde a farmácia hospitalar, pública, comercial até no âmbito domiciliar. Segundo Bisson (2007), para o paciente internado utiliza-se o prontuário médico, que contém: * Dados do paciente; * Formulário de consentimento; * Prescrição médica; * Controles diversos (PA, temperatura, ingestão hídrica, diurese etc.); * Dados laboratoriais; * Procedimento diagnóstico; * Consultas e interconsultas; * Registros do centro cirúrgico; * História clínica e exames físicos; * Registro da administração de medicamentos. Utilizando as ferramentas (prontuário médico e anamnese farmacêutica), realizada na consulta, o farmacêutico irá traçar um histórico de uso de medicamentos. Após este processo o profissional terá que avaliar todas as AN02FREV001/REV 4.0 38 informações coletadas, para depois realizar o processo de orientação farmacêutica ao paciente. O farmacêutico na dispensação é o último integrante dos profissionais de saúde que está em contato com o paciente, antes que este tome a decisão de consumir os medicamentos; daí sua responsabilidade ética e profissional. Para que o farmacêutico possa minimizar os problemas relacionados com a administração medicamentosa, é necessário que seja feito o preenchimento correto da ficha farmacoterapêutica e o acompanhamento do paciente, uma vez que um medicamento seja responsável pelo aparecimento de determinados sintomas ou patologias, ou ainda a causa de uma complicação da enfermidade. O farmacêutico por meio da análise desta ficha poderá evitar e advertir o paciente sobre a ocorrência de certos problemas relacionados ao medicamento. Pode também, por meio da ficha farmacoterapêutica, coletar dados sobre reações adversas. Sabe-se que as reações adversas aos medicamentos são uma das causas de grande número de hospitalizações. AN02FREV001/REV 4.0 39 FIGURA 14 - REAÇÕES ADVERSAS FONTE: Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=22>. Acesso em: 24 jun. 2013. Este acompanhamento ao paciente deve ser realizado em sala própria, deve ser um ambiente calmo, tranquilo. Essa sala pode ser a sala de atenção farmacêutica, no caso das farmácias comerciais, ou um consultório farmacêutico no caso das farmácias hospitalares. Este consultório deve possuir: cadeiras suficientes, mesa, computador com acesso a internet, bibliografia especializada, local limpo, com pouca ou nenhuma decoração, etc. Para iniciar o programa de acompanhamento de pacientes, é importante definir aqueles que serão acompanhados e assim realizar a primeira etapa do processo de anamnese farmacêutica. Após a seleção dos pacientes que serão acompanhados, o farmacêutico deve se apresentar e relatar o motivo do acompanhamento, esclarecendo que esta consulta não tem caráter de diagnóstico médico AN02FREV001/REV 4.0 40 (exclusividade da classe médica) e sim, de traçar um histórico de uso de medicamentos, para garantir segurança e aumento da eficácia do tratamento farmacológico. O farmacêutico que está realizando esta consulta deve ser muito cordial, educado com o seu paciente, isso irá gerar, com o tempo, um laço de amizade/confiança. Conforme vimos anteriormente, podemos encontrar vários tipos de pacientes, cabe ao profissional identificar, o quanto antes, o tipo de paciente que se trata. A identificação do paciente irá facilitar a consulta, principalmente no ato da entrevista, e a conduta a ser tomada. Evite termos técnicos, principalmente quando o paciente for de um nível cultural menor, "fale a língua do paciente". Em alguns países do mundo o farmacêutico, a atenção farmacêutica e o acompanhamento farmacoterapêutico, são tidos como essenciais, inclusive tendo o custo de uma consulta médica. Nos EUA, temos relatos de planos de reembolso efetuados por empresas de medicina de grupo para farmacêuticos que acompanham seus pacientes. (BISSON, 2007). Isso demonstra a importância de uma consulta farmacêutica para a eficiência, segurança do tratamento farmacológico. O farmacêutico, durante sua jornada de trabalho, muitas vezes, não tem tempo para atender/acompanhar a todos os pacientes que passam pela farmácia. Por esse motivo, faz-se necessário seguir alguns critérios para a seleção dos pacientes, que passaram no processo de anamnese farmacêutica, são eles: * Pacientes que apresentam sinais ou sintomas que sugerem problemas relacionados com os medicamentos, tais como reações adversas a medicamentos ou resposta terapêutica inadequada; * A utilização de medicamentos com uma estreita margem entre a ação terapêutica e a tóxica (baixo índice terapêutico5), e que possam exigir a monitoração da concentração no sangue; 5 Índice Terapêutico - Ehrlich reconheceu que um fármaco tem de ser julgado por suas propriedades úteis, mas também por seus efeitos tóxicos, e exprimiu o índice terapêutico de um fármaco em termos da relação entre a média de doses eficazes mínimas e a média das doses máximas toleradas em um grupo de pacientes: Índice terapêutico = Dose máxima não tóxica . Dose Eficaz Mínima Fonte: RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale farmacologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. AN02FREV001/REV 4.0 41 * A polifarmacoterapia em que os pacientes consomem muitos medicamentos ou possuam várias enfermidades; * Indivíduos que passam por tratamento psiquiátrico ou são idosos, de modo que recebem um grande número de medicamentos, apresentando problemas relacionados com a medicação. Após iniciar a seleção dos pacientes no processo de anamnese farmacêutica, o segundo passo será obter os dados do histórico de uso de medicamentos desses pacientes. Para iniciar este processo de anamnese farmacêutica devem ser obtidas informações do paciente e anotadas nas fichas farmacoterapêuticas. Deve-se sempre iniciar com as informações demográficas (idade, peso, raça, residência, trabalho, grau de instrução, etc.), depois com as informações dietéticas e hábitos sociais (vícios, hobbies). Essas informações são muito importantes para que o farmacêutico conheça o paciente e possa relacionar sua patologia com certas características relatadas. Após este primeiro contato, a entrevista deve seguir para as queixas do paciente, em que o mesmo deve relatar o que sente,ou sentiu, inclusive devemos verificar se há casos na família com a mesma queixa, ou sintomas similares, pois muitas patologias são hereditárias. Posteriormente, vamos verificar as prescrições medicamentosas, em que devemos conhecer o que o paciente utilizava e utiliza, e de que forma. Neste tópico deve incluir os medicamentos prescritos pelo médico, assim como aqueles os quais, o paciente utiliza por indicação, ou conta própria. Dando continuidade ao seguimento farmacoterapêutico, é necessário utilizar o conhecimento da área de análises clínicas, em que exames laboratoriais permitem acompanhar a resposta ao tratamento farmacoterapêutico, auxiliando na correção de dosagem e posologia e troca de medicamentos, quando necessário. Após a fase de anamnese farmacêutica, inicia-se a interpretação dos dados adquiridos, representada pelo planejamento farmacoterapêutico, no qual se concentra o processo de tomada de decisão. Um planejamento eficaz facilita a seleção correta do medicamento, bem como sua dosagem e posologia, estruturando o profissional para o início da monitoração do paciente em relação à resposta da terapia. Este planejamento terapêutico é individual, ou seja, devem ser avaliadas as alternativas farmacoterapêuticas para cada tipo de paciente. Para que o farmacêutico obtenha AN02FREV001/REV 4.0 42 sucesso no planejamento é necessário que o profissional tenha conhecimentos de farmacologia, patologia humana, avaliação física, exames laboratoriais e diagnósticos Bisson (2007) destaca os seguintes passos do planejamento farmacoterapêutico: *Identificação do problema - Identificação de parâmetros objetivos (peso, altura, sinais vitais, parâmetros bioquímicos, hemograma, urianálise etc.); Identificação de parâmetros subjetivos (ansiedade, depressão, fadiga, insônia, dor de cabeça, náusea, dores gerais); Agrupamento desses parâmetros e avaliação e determinação dos problemas específicos do paciente. *Priorização do problema - Identificação de problemas ativos, inativos e classificação dos problemas. *Seleção de regimes terapêuticos específicos - Listagem das opções terapêuticas; Eliminação de drogas incompatíveis com o perfil ou quadro do paciente; Seleção de dosagem via e duração da terapia; Identificação de regimes terapêuticos alternativos; Planejamento da monitoração; Monitoração e modificações necessárias dos protocolos. 2.2.1 Método de Dáder Esse método baseia-se na obtenção da história da terapia farmacológica do paciente analisado, ou seja, as patologias que apresenta e a terapia medicamentosa que utiliza, assim como, na avaliação do seu estado de saúde em determinado momento, com o intuito de identificar prováveis problemas relacionados com os medicamentos (PRM)6 que o paciente possa apresentar. As PRM podem ser entendidas como uma falha do tratamento farmacológico e que leva ao surgimento de problemas de saúde para o paciente, e até mesmo complicações da doença já 6 O conceito de Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM) encontra-se definido no Segundo Consenso de Granada como: problemas de saúde, entendidos como resultados clínicos negativos, derivados do tratamento farmacológico que, produzidos por diversas causas têm como consequência, o não alcance do objetivo terapêutico desejado ou o aparecimento de efeitos indesejáveis. AN02FREV001/REV 4.0 43 instalada. Segundo o Consenso de Granada, as PRM podem ser divididas conforme o quadro 01: Quadro 01: Classificação dos Problemas Relacionados aos Medicamentos NECESSIDADE PRM 1 O paciente sofre um problema de saúde7 em consequência de não receber uma medicação de que necessita. PRM 2 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de receber um medicamento de que não necessita. EFETIVIDADE PRM 3 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma inefetividade não quantitativa da medicação. PRM 4 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma inefetividade quantitativa da medicação. SEGURANÇA PRM 5 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma insegurança não quantitativa de um medicamento. PRM 6 O paciente sofre um problema de saúde em consequência de uma insegurança quantitativa de um medicamento. FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow (2007). Após a identificação destes prováveis PRM, o farmacêutico terá que realizar intervenções com o objetivo de resolver estes problemas, e obter um maior benefício (efetividade e segurança) da terapêutica. Para a realização, com sucesso, deste método é necessário um compromisso do profissional e paciente, pois ele deve ser realizado de forma contínua, sistematizada e documentada, podendo ou não ter a colaboração de outros profissionais da saúde, para alcançar resultados concretos, que irão melhorar a qualidade de vida do paciente. A grande vantagem do método de Dáder é que ele possibilitou sistematizar experimentos e as publicações dos resultados encontrados no processo de atenção farmacêutica. (BISSON, 2007) 7 Entende-se por problema de saúde (PS) a definição da WONCA que considera: “qualquer queixa, observação ou fato percebido pelo paciente ou pelo médico como um desvio da normalidade que afetou, pode afetar ou afeta a capacidade funcional do paciente”. AN02FREV001/REV 4.0 44 FIGURA 15 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO MÉTODO DE DÁDER FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013. O acompanhamento farmacoterapêutico, pelo método de Dáder, possui as seguintes fases: AN02FREV001/REV 4.0 45 * Oferta do Serviço - O paciente aceita o acompanhamento Farmacoterapêutico? Este é o principal questionamento nesta etapa. É nesta fase que o farmacêutico explicará sobre o serviço de acompanhamento e sua importância, sendo que, só continuará no acompanhamento o paciente que aceitar. FIGURA 16 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA OFERTA DE SERVIÇO FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013. * Primeira Entrevista - O paciente que aceitou o serviço entrará nesta etapa, que consiste no primeiro contato do farmacêutico com o complexo paciente-doença- fármaco. É uma entrevista inicial, é a fase em que o farmacêutico observará as AN02FREV001/REV 4.0 46 preocupações e problemas de saúde do paciente, os medicamentos utilizados e encerrando a primeira entrevista com a fase de revisão. FIGURA 17 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA PRIMEIRA ENTREVISTA FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013. * Estado de Situação - é a relação entre os problemas de saúde do paciente e os medicamentos utilizados, em um determinado momento. * Fase de Estudo - é nesta fase que o farmacêutico obterá as informações necessárias dos problemas de saúde que afetam o paciente, e dos medicamentos que foram relatados na etapa anterior. AN02FREV001/REV 4.0 47 FIGURA 18 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO ESTADO DE SITUAÇÃO E DA FASE DE ESTUDO FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 48 * Fase de Avaliação - É nesta etapa que o Farmacêutico deverá avaliar a necessidade da utilização da farmacoterapia. O farmacêutico após analisar todos os dados relatados pelo paciente deverá seguir os princípios da farmacoterapia: Necessidade, efetividade e segurança. FIGURA 19 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA FASE DE AVALIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013.AN02FREV001/REV 4.0 49 * Fase de Intervenção - Aqui o farmacêutico deve utilizar seus conhecimentos farmacoterapêuticos e elaborar um plano de atuação em conjunto com o paciente. Nesta fase o farmacêutico irá propor as intervenções que julgar necessárias para resolver o PRM que o paciente apresenta. FIGURA 20 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA FASE DE INTERVENÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 50 * Resultado da Intervenção - São os resultados obtidos com a fase de intervenção. * Novo Estado de Situação - É o registro das mudanças que ocorreram no tratamento farmacológico e dos problemas de saúde ocasionados após a intervenção. * Entrevistas Sucessivas - Tem o objetivo principal de acompanhar o paciente, caso possam ocorrer eventuais PRM com o uso de Medicamentos, assim como prevenir possíveis novos casos de PRM. Como podemos verificar nas diversas etapas do Método de Dáder, é um processo longo, criterioso, e que depende muito da colaboração multiprofissional e principalmente da parceria farmacêutico - paciente, mas no final tem resultados ótimos. No final desse módulo, será disponibilizado (anexo 01) uma ficha padrão para utilização do método de Dáder no acompanhamento Farmacoterapêutico ao paciente. 2.3 REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS - RAM Entende-se por Reações adversas a medicamentos, todos os acontecimentos nocivos e não intencionais que podem aparecer com o uso de um determinado medicamento em doses terapêuticas, ou seja, doses utilizadas para, profilaxia, diagnóstico e tratamento de patologias. As RAM podem ocorrer em decorrência de características pessoais ou do medicamento. Os idosos, as crianças e as mulheres estão mais suscetíveis ao aparecimento de reações adversas a medicamentos. É de suma importância para o farmacêutico saber identificar as reações, pois permite prever os riscos de futuras administrações do medicamento, assim como, poderá permitir uma prevenção e tratamento correto, como também, ajustar a dosagem terapêutica ou a troca da medicação. AN02FREV001/REV 4.0 51 Existe uma grande variedade de Reações adversas, e também diversas classificações. Na tabela 03 listamos a classificação mais utilizada para as Reações adversas a medicamentos. Tabela 03 - Classificação das RAM Segundo Bisson (2007), a maior parte das reações adversas a medicamentos pode ser prevenida, e estudos recentes com a utilização de um sistema de análise sugerem que o sistema que mais falha está associado a falhas na disseminação de conhecimentos sobre drogas, sua prescrição e sua administração. AN02FREV001/REV 4.0 52 Esse dado vem a comprovar a importância do farmacêutico, na atenção farmacêutica, ele pode prevenir e orientar a população sobre o uso correto dos medicamentos. 3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Entende-se por interações medicamentosas todo evento clínico, em que um medicamento, alimento, bebida ou outro agente químico, altera os efeitos do fármaco utilizado pelo paciente. Esta alteração pode ser de forma sinérgica, aumentando o efeito e consequentemente a toxicidade, de forma antagônica, reduzindo o efeito. Dependendo da situação uma interação medicamentosa pode ser muito perigosa, principalmente quando esta interação promove o aumento da toxicidade de um fármaco. Existem também aquelas interações que são benéficas para o organismo, em que a associação de fármacos irá auxiliar no tratamento da doença. Temos como exemplo aqui, a associação de anti-hipertensivos e diuréticos, realizando um controle maior da pressão arterial. O farmacêutico deve estar alerta a todas as informações sobre os medicamentos, devido as possíveis interações medicamentosas. É impossível nos lembrarmos de todas as interações medicamentosas, pois são inúmeras, mas temos que ter em mente pelo menos as mais comuns. Além de saber se está havendo uma interação medicamentosa de importância clínica, o farmacêutico deve saber orientar o paciente para evitá-las. No Quadro 02 listamos as interações mais usuais na prática farmacêutica. AN02FREV001/REV 4.0 53 Quadro 02 - Algumas interações mais usuais na prática farmacêutica MEDICAMENTOS INTERAÇÃO CONDUTA Fármacos depressores do SNC - Opioides, benzodiazepínicos, barbitúricos, álcool, entre outros. Podem resultar em depressão respiratória, potenciação da depressão do SNC e hipotensão. Ajustes das doses, monitoramento da depressão respiratória, do SNC e da hipotensão. Penicilinas + tetraciclinas Possível efeito antagônico, reduzindo efeito de ambos os antibióticos. Contatar imediatamente o prescritor e informar sobre a possível interação. Antibióticos penicilínicos + anticoncepcionais orais Esta interação pode inativar a ação do anticoncepcional. Essa inativação pode ocorrer devido ao aumento da metabolização hepática. Outra hipótese é que o antibiótico irá suprimir a flora intestinal, consequentemente, não irá mais fornecer as reações enzimáticas que liberam estrogênio ativo, diminuindo Informar sobre os possíveis riscos dessa interação. Assim como orientar para que utilize outro método contraceptivo, por exemplo, o preservativo. AN02FREV001/REV 4.0 54 seu nível sanguíneo. Drogas anticolinérgicas + clorpromazina e difenidramina Aumento dos efeitos anticolinérgicos Informar o prescritor sobre a interação e reduzir a dose de ambas as drogas. Varfarina + metronidazol, cimetidina, corticosteroides, AINEs, cefalosporinas, entre outras. Aumento do efeito anticoagulante, com consequente sangramento. Deve informar o prescritor sobre a interação, medir o tempo de protrombina a cada três dias, e ajuste da dosagem. Anticonvulsivantes + antipsicóticos Diminuição do efeito do anticonvulsivante e risco de aparecimento de crises convulsivas. Informar o prescritor sobre a interação e ajuste da dose dos medicamentos. Levodopa + IMAO Aumento da pressão arterial, devido à inibição da metabolização da levodopa, e com isso, aumentando a estimulação de receptores dopaminérgicos. Informar o prescritor sobre esta interação. Esta associação deve ser evitada. Betabloqueadores + clonidina Aumento da pressão arterial Informar o prescritor sobre a interação para ajuste da dose ou substituição dos medicamentos. Betabloqueadores + AINEs Aumento da pressão arterial Informar o prescritor sobre a interação, e a evitar essa associação ou substituição dos medicamentos. AN02FREV001/REV 4.0 55 Corticoides + Fenobarbital O fenobarbital é um potente indutor enzimático, com isso irá diminuir a ação do anti- inflamatório esteroide. Ajuste da dose dos medicamentos, ou substituição do barbitúrico. FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow (2007). No quadro 02, estão elucidadas algumas interações medicamentosas que podem ocorrer na prática da Farmácia Clínica. Existem inúmeras interações, por essa razão, o farmacêutico deve sempre verificar todas as prescrições em busca de possíveis interações. O farmacêutico deve ter sempre disponível, fontes bibliográficas atuais de pesquisa, para com isso, evitar possíveis associações medicamentosas. Anexo 01 - Ficha Padrão para Acompanhamento Farmacoterapêutico - Método de Dáder. AN02FREV001/REV 4.0 56 AN02FREV001/REV 4.0 57 AN02FREV001/REV 4.0 58 FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013. FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 61 - 61 -616126MÓDULO II 4 FERRAMENTAS DA FARMÁCIA CLÍNICA Na prática da Farmácia Clínica podemos utilizar diversos tipos de ferramentas, as quais serão explicadas no decorrer deste módulo. 4.1 FARMACOVIGILÂNCIA Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), a Farmacovigilância é a ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer problema possível relacionado com fármacos. Portanto, a farmacovigilância é o conjunto de métodos, observações e instruções que permitem, durante a etapa de comercialização ou uso amplo do medicamento, detectar RAM e efeitos imprevistos na etapa prévia, de controle e avaliação. (BISSON, 2007) Tem o objetivo principal de reduzir a mortalidade e morbidade associado ao uso de medicamentos. Isso é possível, por meio da detecção inicial dos problemas de segurança dos medicamentos aos pacientes. O programa de farmacovigilância contribui também para a melhora da seleção e o uso racional de medicamentos pelos profissionais da saúde. Podemos evidenciar que o farmacêutico é um profissional que ocupa um lugar de relevância no programa de farmacovigilância. Pois, este profissional está em contato íntimo com o complexo paciente- medicamento, o que facilita a identificação de problemas e a orientação correta para evitá-los. AN02FREV001/REV 4.0 62 - 62 -626226 Outra ferramenta fundamental é a atenção farmacêutica. Uma atenção farmacêutica bem feita pode evitar futuros problemas com medicamentos, aumentando a segurança e a eficácia do tratamento. O papel do farmacêutico no programa de farmacovigilância é o de orientar o paciente, sobre o uso correto e racional do medicamento. Na atividade de dispensação, devemos orientar o paciente a procurar o farmacêutico ou médico sempre que ocorrer o aparecimento de reações adversas, alertar o paciente para que procure um pronto-socorro, no caso de reações adversas graves, e auxiliar na identificação do medicamento que está causando a reação adversa. Como foi dito no módulo I, o farmacêutico necessita desenvolver suas habilidades sociais, comunicativa, para favorecer uma relação de amizade, e desta forma, tornar o processo de dispensação e/ou atenção farmacêutica um procedimento que garanta qualidade para o paciente. Outro fator importante que irá garantir o sucesso do programa de farmacovigilância é o profundo conhecimento do farmacêutico sobre os medicamentos. Por isso, devemos sempre estar atentos às novidades na farmacologia. Um profissional que deseja realizar uma atenção farmacêutica de qualidade e desta forma contribuir para o programa de farmacovigilância deve ser um profundo conhecedor da farmacologia e suas aplicações na clínica. AN02FREV001/REV 4.0 63 - 63 -636326 FIGURA 21 - PROCESSO DE DISPENSAÇÃO - FARMACOVIGILÂNCIA 1-Situações em que a prescrição pode ser considerada inadequada. * - Antes de dispensar sempre conferir o(s) medicamentos(s) com os dados da prescrição. AN02FREV001/REV 4.0 64 - 64 -646426 FONTE: Adaptado. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516- 93322008000300017&script=sci_arttext>. Acesso em: 01 jul. 2013. Antes de um medicamento entrar para comercialização da população, este passa por numerosos testes. Mesmo após a entrada de um medicamento no mercado consumidor o órgão regulador, no caso do Brasil, a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - fiscaliza as reações que o medicamento pode ocasionar na população. A ANVISA utiliza um sistema de notificação por meio da plataforma web, o NOTIVISA. Está regulamentado por meio da portaria n.º 1.660, de 22 de julho de 2009, do Ministério da Saúde. Por intermédio desta plataforma web, os profissionais de saúde podem notificar os eventos adversos e queixas técnicas relacionadas aos medicamentos, entre outros produtos para a saúde. Além do NOTIVISA, algumas vigilâncias sanitárias estaduais, possuem seus centros estaduais de farmacovigilância, em que podemos destacar os estados da Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Por meio destas notificações o medicamento pode ser retirado do mercado para futuros estudos sobre eficácia e segurança. 4.2 FARMACOEPIDEMIOLOGIA A farmacoepidemiologia estuda o uso dos medicamentos nas populações, como também, os efeitos que estes medicamentos podem causar nesta mesma população. Verificamos que a farmacoepidemiologia é um conceito amplo, e que engloba inclusive a farmacovigilância. Segundo William Osler, a Farmacoepidemiologia é a aplicação do raciocínio epidemiológico, de métodos e conhecimentos no estudo dos usos e efeitos (benéficos e adversos) de drogas em populações humanas. (BISSON, 2007) Para facilitar, vamos definir a farmacoepidemiologia como sendo o estudo da utilização e dos efeitos dos fármacos em uma população. Ou ainda, como sendo a AN02FREV001/REV 4.0 65 - 65 -656526 aplicação dos métodos epidemiológicos em assuntos farmacológicos. Em que, para realizarmos estes estudos, devemos utilizar os conhecimentos da farmacologia e da epidemiologia. Por meio da farmacoepidemiologia podemos realizar a vigilância de drogas na fase de comercialização, utilizando-se para isso estudos epidemiológicos. A farmacoepidemiologia pode auxiliar na análise de outros aspectos, tais como: tipo de paciente, doença, legislação, fatores étnicos, sociais e econômicos. Podemos citar como exemplo, a associação da polifarmácia (prescrição de vários tipos de medicamentos para o mesmo paciente) com a prevalência de pacientes idosos. Com os estudos da farmacoepidemiologia podemos analisar os indicadores de qualidade nas prescrições médicas. Em que, aquelas prescrições que apresentam grande número de interações, são ditas como prescrições inadequadas, enquanto que aquelas com o menor número possível de interação são consideradas adequadas e seguras. Outro indicador de prescrições inadequadas pode ser evidenciado naquelas prescrições contendo medicamentos com baixo índice terapêutico, ou seja, grande risco de causar reações adversas, ou aqueles medicamentos com baixa eficácia terapêutica. Como podemos verificar a farmacoepidemiologia pode ser uma ciência primordial para a garantia da segurança terapêutica do paciente. Podendo evitar o aparecimento de RAM e promover o uso racional de medicamentos. Algumas ferramentas de gerenciamento de saúde podem ser utilizadas na farmacoepidemiologia, são elas: Estudos de utilização de medicamentos; acompanhamento do risco-benefício dos medicamentos; planejamento estratégico em longo prazo e os programas de gerenciamento de doenças. a) Estudos de utilização de medicamentos - tem como objetivos medir o uso dos medicamentos pela população, analisar os tipos de prescrições dos médicos e dentistas, assim como a adesão do paciente ao tratamento prescrito. Por meio destes estudos pode-se gerenciar a qualidade na utilização de medicamentos. b) Acompanhamento do risco-benefício dos medicamentos - Tem como objetivos identificar e validar a segurança das drogas e seus riscos. Por meio deste acompanhamento podemos medir o impacto dos benefícios na utilização dos AN02FREV001/REV 4.0 66 - 66 -666626 medicamentos na população, medir a relação risco-benefício do medicamento, além de implementar ações corretas para o uso racional de medicamentos, providenciando respostas rápidas aos alertas terapêuticos. c) Planejamento estratégico à longo prazo - Com este planejamento podemos analisar, quantificar e prever as necessidades dos sistemas de atenção à saúde dos pacientes. d) Programas de Gerenciamento de doenças - Tem como objetivo realizar um acompanhamento na qualidade de vida do paciente, utilizando para isso os resultados encontrados. No quadro 03 temos algumas indagaçõesque podem ser realizadas durante uma investigação farmacoepidemiológica de campo. Quadro 03 - Investigação farmacoepidemiológica FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/rbepid/v14n4/04q01.jpg>. Acesso em: 01 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 67 - 67 -676726 Segue na figura 22, um resumo de uma investigação farmacoepidemiológica de campo. AN02FREV001/REV 4.0 68 - 68 -686826 FIGURA 22 - FLUXOGRAMA DE UMA INVESTIGAÇÃO FARMACOEPIDEMIOLÓGICA FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- 790X2011000400004&script=sci_arttext>. Acesso em: 01 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 69 - 69 -696926 Analisando a figura 22 podemos verificar que o processo farmacoepidemiológico inicia-se na farmacovigilância, em que por meio da notificação dos efeitos adversos ou queixa técnica inicia-se a investigação epidemiológica, para quantificar a gravidade do problema em relação à população analisada. 4.3 FARMACOECONOMIA É um processo recente, que apareceu devido aos altos gastos com o tratamento em saúde. Até este momento do curso estivemos preocupados em alcançar a cura terapêutica, assim como acompanhar o paciente, orientando sobre os riscos do uso inadequado das medicações. A partir desse momento, teremos que nos preocupar com a melhor farmacoterapia e também com a redução de gastos dessa farmacoterapia. Sabemos que os gastos no sistema público são muito elevados e que os recursos são escassos. Por isso, a investigação farmacoeconômica tem como objetivo investigar, medir e comparar os custos e os resultados, ou seja, comparar quanto tem de investimento e o que pode gastar (recursos/custos), com a efetividade da qualidade de vida do paciente, a eficácia e segurança do tratamento. Bisson (2007) define farmacoeconomia como sendo: "a aplicação de metodologias derivadas das ciências sociais e físicas para examinar as terapias alternativas de medicamentos e serviços que alterem os resultados da assistência à saúde”. Como podemos evidenciar a farmacoeconomia é um "mix" de outras áreas, em que podemos encontrar diversos princípios da economia, epidemiologia, farmácia, medicina e ciências sociais. A farmacoeconomia também é muito utilizada pelas empresas do ramo farmacêutico, principalmente as grandes Indústrias farmacêuticas. Há departamentos inteiros voltados para esta visão econômica. Em que são analisadas as vantagens e desvantagens do medicamento produzido em relação aos outros já AN02FREV001/REV 4.0 70 - 70 -707026 existentes. Quando falamos de vantagens e desvantagens, estamos falando sobre o custo-efetividade. Mas aqui temos um impasse, pois o prescritor na maioria das vezes não tem o menor interesse sobre a economia daquele produto, ele somente precisa saber sobre suas características farmacológicas. Então, por que as indústrias farmacêuticas gastam milhões na farmacoeconomia? Esta resposta é bem simples. As indústrias farmacêuticas estão interessadas nos gestores, pois para eles o mais importante é a vantagem financeira. Como todos sabem no nosso país os recursos para área da saúde são escassos, por isso, os gestores devem conseguir adquirir um maior número de medicamentos para atender a população. Esse assunto é bem delicado, pois aqui temos de um lado o custo / lucro e do outro lado o bem-estar / saúde do paciente, por este motivo devemos sempre agir com ética, tentando conciliar o custo com o tratamento que dê resultados positivos para o paciente. 4.3.1 Custos Este é o primeiro elemento de estudo da farmacoeconomia. Dentro da farmacoeconomia podemos definir o custo como sendo uma despesa ocorrida para a produção dos produtos de assistência à saúde e seus serviços. Dentro da farmacoeconomia podemos diferenciar alguns tipos de custos, tais como: custos fixos, custos variáveis, custos médicos, entre outros. a) Custos Fixos: Como o próprio nome já diz, é um custo que não sofre uma variação em curto período de tempo, normalmente um ano. Este tipo de custo sofre uma variação com o tempo, mas não em decorrência da quantidade ou do volume do serviço oferecido. Podemos ter como exemplo de custos fixos dentro da farmacoeconomia o aluguel, salários, luz, seguro, etc. AN02FREV001/REV 4.0 71 - 71 -717126 b) Custos Variáveis: Ao contrário dos custos fixos, os custos variáveis sofrem variação em decorrência do volume do resultado. Este tipo de custo ocorre sempre quando aumentamos os gastos com medicamentos, produtos para a saúde ou serviços em virtude do aumento dos atendimentos. Podemos citar como exemplo de custo variável, o custo com medicamentos de um ambulatório, onde, com o aumento no número de pacientes haverá aumento nos gastos com medicamentos, em contrapartida, com a redução do número de pacientes, haverá uma redução dos custos. c) Custos Diretos - Médicos: Este tipo de custo pode ser fixo ou variável associado diretamente a uma condição médica ou assistencial à saúde. Neste tipo de custo engloba os gastos com médicos, farmacêuticos, enfermeiros, dentistas, etc. Além dos materiais que podem ser utilizados para tratamento de determinada condição. Por exemplo, no atendimento domiciliar de um paciente, em que o mesmo necessita da administração de um medicamento por via IM (Intramuscular), temos que colocar os custos do profissional, do material, medicamento e inclusive do transporte. d) Custos Diretos não médicos: Pode ser entendido como todo o tipo de custo relacionado ao paciente, em que o profissional não está envolvido diretamente. Podemos exemplificar o caso de um jovem internado em um hospital público no interior do país e que necessita de acompanhamento em um grande hospital. O gasto com o transporte deste paciente para a instituição de grande porte está inserido dentro deste tipo de custo. Note que neste exemplo, muitas vezes, há a necessidade de um acompanhamento profissional (médico, enfermeiro, etc.), para o paciente, mas o atendimento especializado será realizado apenas na instituição de saúde de destino. AN02FREV001/REV 4.0 72 - 72 -727226 e) Custos Indiretos: É todo aquele custo que é representado por ganhos não realizados, isso ocorre devido à maioria das situações de doenças e pode envolver o paciente ou os seus familiares. Pode ser entendida também como o custo ocasionado pela perda temporária ou definitiva da capacidade de trabalho. Ou seja, devido à doença, ou ao estado patológico que o paciente se encontra, ele deixou de produzir, gerando custos. FIGURA 23 - CUSTOS FONTE: Disponível em: <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol34/s2/208.html>. Acesso em: 02 jul. 2013. 4.3.2 Tipos de Análise Econômica A análise econômica ou farmacoeconômica pode ser realizada de quatro maneiras distintas: Minimização dos custos, custo - efetividade, custo - utilidade e custo-benefício. a) Análise de minimização dos custos (CMA) - É a análise mais simples e a mais utilizada. Ela pode ser definida como sendo o estudo comparativo dos custos de dois ou mais tratamentos de mesma eficácia ou efetividade. Este tipo de análise tem por objetivo analisar várias terapêuticas similares, comparando os seus custos. AN02FREV001/REV 4.0 73 - 73 -737326 Possui como desvantagem, a dificuldade em encontrar produtos que sejam totalmente equivalentes. Tabela 01 - Análise de minimização dos custos (CMA) Medicamento A Medicamento B Eficiência 97 % 95% Tempo Tratamento 7 dias 14 dias Preço R$ 15,00 R$ 13,00 Posologia 01 frasco-ampola / 6 horas 01 frasco-ampola / 12 horas Custo do medicamento (4 ampolas x 7 dias) * R$ 15,00 = R$ 420,00 (2 ampolas x 14) * R$ 13,00 = R$ 364,00 Custo deinternação (R$ 50,00 / dia) 50 * 7 = R$ 350,00 50 * 14 = 700,00 Custos de exames (R$ 5,00 / dia / exame) R$ 5,00 * 7 = R$ 35,00 R$ 5,00 * 14 = R$ 70,00 Custos de infusão (R$ 15,00 / aplicação / dia) R$ 15,00 * 4 * 7 = R$ 420,00 R$ 15,00 * 2 * 14 = R$ 420,00 Custo total do tratamento R$ 1.225,00 R$ 1.554,00 FONTE: Arquivo pessoal do autor. Analisando o exemplo fictício da tabela 01, podemos verificar que o Medicamento A possui maior eficiência com menor custo, devendo este ser a escolha correta. b) Análise Custo - Efetividade (CEA) - Como o próprio nome já diz, é uma técnica analítica que faz a comparação dos gastos monetários com um parâmetro de efetividade (p.ex. resultado clínico). Esse tipo de análise permite somente a comparação entre opções terapêuticas similares e com resultados nas mesmas unidades de medida. AN02FREV001/REV 4.0 74 - 74 -747426 Tabela 02 - Análise Custo- Efetividade (CEA) Antidepressivo A Antidepressivo B Tempo Tratamento Contínuo Contínuo Preço do tratamento R$ 1,50 / dia R$ 1,25 / dia Eficácia - Melhora do estado depressivo - ED 98% 95% Relação Custo / Eficácia R$ 0,015 / melhora ED R$ 0,013 / melhora ED FONTE: Arquivo pessoal do autor. Analisando a Tabela 02, podemos chegar à conclusão que o antidepressivo B tem a melhor Relação custo - Eficácia, portanto, é o medicamento que deve ser escolhido. c) Análise Custo-benefício (CBA) - Neste tipo de análise temos como principal objetivo reduzir os gastos para aumentar os lucros. Os resultados e os custos são mensurados em unidades monetárias, tendo como resultado econômico o lucro e consequentemente a economia. Tem como principais desvantagens a não avaliação dos elementos clínicos e da satisfação, é difícil estimar os resultados em saúde e em unidade monetária. Por meio da CBA uma alternativa terapêutica terá os custos avaliados e posteriormente os benefícios econômicos que esta alternativa terapêutica gerou. Podemos citar como exemplo hipotético, uma empresa B, que propõe uma campanha de vacinação contra a gripe para seus funcionários. Durante esta campanha a empresa terá custos, com pessoal qualificado, o medicamento, entre outros. Sabe-se que inúmeros de seus funcionários faltam ao serviço devido a problemas relacionados à gripe. Supondo-se que a empresa possua 100 funcionários e a incidência de gripe seja de 20 casos / 100 funcionários /ano, e isto ocasiona 07 dias de falta para cada episódio de gripe. Realizando os cálculos concluímos que a empresa tenha 140 dias de faltas de seus funcionários gripados (20 casos * 7 dias = 140 dias de faltas), por ano. E se cada funcionário tenha um AN02FREV001/REV 4.0 75 - 75 -757526 salário de R$ 1.000,00 / mês, o valor de um dia útil para cada funcionário é de R$ 50,00. (Utilize 20 dias úteis / mês). Portanto em um ano a empresa terá um prejuízo de: Prejuízo = 140 dias * 50,00 = R$ 7.000,00 / ano. Agora se o custo total de cada vacina é de R$ 40,00 / dose, já incluído o serviço de aplicação, temos um custo total para empresa de R$ 4.000,00 (40 * 100). Se a vacina tiver o máximo de eficácia, evitando com isso os casos de gripe, podemos perceber que a empresa evitou um prejuízo, ou seja, lucrou com a campanha de vacinação. d) Análise Custo - Utilidade (CUA) - Por meio da comparação das outras intervenções ou programas sanitários avalia o grau de satisfação do paciente com relação ao tratamento recebido em termos de qualidade de vida. Podemos dizer que esta análise é uma forma mais sofisticada da análise custo-efetividade, na qual ela expressa a duração e a qualidade de vida do paciente, nos diversos tipos de intervenções médicas, ou seja, é a relação entre os gastos (custos com intervenções médicas) e os resultados positivos, mensurados pela qualidade de vida. Neste tipo de análise a qualidade de vida é medida por meio da qualidade de vida ajustada por anos de vida (QALY). Segundo Bisson (2007), a QALY é definida como a unidade mais comumente usada para exprimir os resultados de uma CUA. Por exemplo, um paciente que está em um período perfeito, sem problemas de saúde, pode ser taxado como 1,0 QALY. Já outro paciente que no mesmo período de tempo teve 20% do seu estado perfeito de saúde, equivale a 0,2 QALY. A confiança das observações e dos resultados de qualquer tipo de análise depende de quem realiza, devendo os investigadores serem pessoas idôneas e sem interesse nos possíveis resultados. Por isso a farmacoeconomia é uma das principais ferramentas de apoio do processo decisório, devido a existência de diversos tipos distintos de métodos analíticos, facilitando a vida do gestor e consequentemente do profissional de saúde. AN02FREV001/REV 4.0 76 - 76 -767626 4.4 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA A Farmacocinética é a relação entre a sequência temporal das concentrações da substância alcançadas em diferentes regiões do corpo durante e após a administração de uma dose, ou seja, é o que o corpo faz com a substância. (HANG, 2004). De forma didática podemos dizer que é o caminho que a droga percorre no organismo e todas as suas interações em cada compartimento. A Farmacocinética Clínica é o conjunto de atividades da Farmacocinética, voltado para a clínica, ou seja, podemos ajustar esquemas posológicos individualizados por meio da aplicação dos princípios farmacocinéticos. Esta aplicação da Farmacocinética para determinar a segurança, posologia individualizada, máximo efeito terapêutico e otimização do tratamento farmacológico é conhecida como Farmacocinética Clínica. Na Farmácia Clínica o farmacêutico deve possuir alguns conceitos muito bem esclarecidos, para alcançar os benefícios da Farmacocinética Clínica, são eles: Farmacocinética básica; a utilidade clínica de cada princípio farmacocinético; cálculos e modelos farmacocinéticos; monitorização farmacocinética; entre outros. Para alcançar seus objetivos a Farmacocinética clínica utiliza as informações sobre absorção, distribuição, metabolismo e excreção dos fármacos. Para facilitar a prática da Farmacocinética Clínica, podemos utilizar alguns protocolos de trabalho, baseados em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades internacionais em farmacologia e pesquisa clínica, a saber: a) O regime posológico do paciente (individualizado) deve ser baseado nos dados farmacocinéticos do fármaco, características fisiopatológicas e no objetivo da terapia; b) Amostras biológicas para determinação dos níveis do medicamento; c) Análises de concentração dos fármacos; d) Selecionar os modelos farmacocinéticos para ajustar a dosagem do fármaco, utilizando-se para isso as concentrações plasmáticas do medicamento; AN02FREV001/REV 4.0 77 - 77 -777726 e) Elaborar informativos sobre as recomendações feitas do regime de dosagem mais adequado para aquele medicamento e sobre os futuros controles terapêuticos; f) Realizar reuniões dirigidas para os outros profissionais da saúde, sobre os princípios farmacocinéticos e sua aplicação prática etc. São inúmeros os medicamentos utilizados na prática clínica atual, para facilitar e direcionar seu estudo citamos as principais classes de medicamentos que apresentam os maiores problemas na farmacocinética e que necessitam de um acompanhamento farmacocinético, são eles: Aminoglicosídeos; Anticonvulsivantes; Antiarrítmicos; Imunossupressores; AINES; entre outros. 5 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS - CIM O Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) é um local onde são analisadas as informações sobre um medicamento, objetivando o uso racional de medicamentos. A informação sobre os medicamentos é tão importante quanto o próprio fármaco, pois, somente com informações corretas é que poderemos fazer o uso correto dos mesmos. A promoção, controlee monitoramento das informações dos fármacos é parte fundamental da política nacional de medicamentos. Devido aos grandes avanços na farmacologia e ao enorme número de novos fármacos disponíveis no mercado a cada momento pode dificultar a atuação do profissional de saúde na assistência ao paciente. Com o CIM temos um sistema de informação atualizado, seguro e rápido sobre todos os medicamentos utilizados na rotina do centro de saúde, isso facilita muito a vida do profissional. No Brasil temos 22 CIM, que estão localizados nos seguintes estados: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espirito Santo, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. (BISSON, 2007, p.103). AN02FREV001/REV 4.0 78 - 78 -787826 O CIM, além da informação sobre os medicamentos e o uso racional, pode estar integrado há um Centro de informações Toxicológicas, auxiliando ainda mais os profissionais da saúde, assim como orientando com maior eficiência o paciente. 5.1 MEDICAMENTOS ESSENCIAIS São todos aqueles fármacos que atendem às necessidades de saúde da maioria da população, com um preço acessível a todos. Os Medicamentos essenciais devem estar disponíveis para a população a qualquer hora e em quantidade adequada para o seu tratamento, nos serviços de saúde públicos. A seleção dos medicamentos essenciais é realizada a partir da sua importância para a Saúde pública, evidências de eficácia e segurança e comparação de custo-efetividade. 5.1.1 Critérios de Seleção dos Medicamentos Essenciais Como podemos evidenciar o estudo da farmacoeconomia deve estar inserida na escolha destes medicamentos, em que a análise custo-efetividade dos recursos de saúde deve ser levada em conta. A escolha desses medicamentos deve levar em conta a importância para a população e dados analíticos das principais doenças naquela região. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) publica uma lista de medicamentos, denominado de relação nacional de medicamentos Essenciais (RENAME). Atualmente esta lista conta com 343 fármacos, 8 produtos correspondentes a fármacos, 33 imunoterápicos, em 372 DCB (Denominação Comum Brasileira) distintas, contidas em 574 apresentações farmacêuticas. (Portal Saúde, Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=32820 &janela=1>. Acesso em: 28 jul. 2013.) AN02FREV001/REV 4.0 79 - 79 -797926 Para a escolha desses medicamentos essenciais são utilizados critérios, segue abaixo alguns dos critérios utilizados: a) Devem ser fármacos já aprovados e registrados na ANVISA; b) Dentro da mesma classe terapêutica é escolhido o fármaco com real e relevante benefício clínico. Esta escolha é realizada por meio de amplos ensaios clínicos randomizados; c) São escolhidos os fármacos que tem comparada ação em mais de uma patologia; d) Para evitar monopólio industrial, escolhem-se medicamentos produzidos por várias indústrias, para evitar os preços abusivos. e) Deve ser fabricado de acordo com as Boas Práticas de Fabricação, o que assegura a qualidade do medicamento; 5.1.2 Promoção do Uso Racional de Medicamentos Para a promoção do uso racional de medicamentos temos que ter todas as informações necessárias sobre o medicamento. Para o profissional de saúde as informações devem ser técnicas, constando os parâmetros farmacológicos dos medicamentos essenciais. Para o paciente a informação sobre as orientações e cuidados que deve ter com o uso do medicamento, é essencial, para o uso correto dos mesmos. A utilização da RENAME é apenas um dos passos para o uso racional dos medicamentos, e com isso um aumento da qualidade do cuidado à saúde. A informação correta sobre os medicamentos permeia a qualidade do tratamento farmacológico, em que o profissional de saúde deve ter todas as informações necessárias para os medicamentos essenciais utilizados pelos pacientes, no seu centro de saúde, prezando com isso a segurança, efetividade e a prudência no uso dos medicamentos, contribuindo para o uso racional de medicamentos. AN02FREV001/REV 4.0 80 - 80 -808026 5.2 PESQUISA CLÍNICA Com o crescimento da Farmácia Clínica, está crescendo a necessidade de pesquisas clínicas de medicamentos. Levando em conta que a área farmacêutica é a segunda maior movimentação financeira do mundo e que os gastos públicos, no país, com medicamentos representam os maiores custos, esta atividade vem ganhando grande espaço na área de saúde pública e privada. A pesquisa clínica pode propiciar muitos lucros, para as indústrias farmacêuticas, assim como, uma grande economia, para os órgãos públicos. Por isso o grande crescimento nesta área. No Brasil, são poucos os grupos de Pesquisa Clínica, ficando praticamente restrito as indústrias e as Unidades de Ensino Superior. A Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) é uma instituição civil, sem fins lucrativos, que auxiliam todos os profissionais no processo de condução de estudos em seres humanos. Os profissionais que trabalham com pesquisa clínica podem estar inseridos em vários segmentos de trabalhos, a saber: Técnico da ANVISA, estados e municípios, institutos de pesquisas públicos e privados, indústria farmacêutica, entre outros. Para a ANVISA, o estudo clínico é qualquer investigação em seres humanos, com o objetivo de descobrir ou verificar os efeitos farmacológicos da nova droga no organismo humano, inclusive as reações adversas que este produto em investigação pode ocasionar com o intuito de averiguar sua segurança e/ou eficácia. O estudo clínico pode ser dividido em: Fase pré-clínica, Fase I, Fase II, Fase III e Fase IV. AN02FREV001/REV 4.0 81 - 81 -818126 5.2.1 Fases do estudo Clínico a) Fase Pré-Clínica Esta fase consiste na utilização de cobaias não humanas da nova droga em estudo, após a identificação in vitro de potencial terapêutico. Nessa fase o pesquisador consegue obter maiores informações sobre a farmacologia e a segurança do possível fármaco. A maioria das drogas não passa da fase pré-clínica, pois, não possuem atividade terapêutica / farmacológica adequada ou são extremamente tóxicas. As drogas que são aprovadas nesta fase são encaminhadas para os estudos de Fase I. b) Fase I É realizado em uma pequena amostra de humanos voluntários, em torno de 50 pessoas. Sofre intensa supervisão do órgão avaliador. É realizado em indivíduos sadios, buscando estabelecer limites de segurança e o perfil farmacológico dessa nova droga (Farmacocinética e farmacodinâmica). Nos estudos de Fase I, são avaliados, nos voluntários humanos, a maior dose tolerável, a menor dose efetiva, a relação dose / efeito, a duração do efeito e as reações que esta nova substância pode ocasionar. c) Fase II Também conhecida como estudo terapêutico piloto. Nesta etapa temos uma amostra maior de voluntários humanos, em torno de 150, com o objetivo de verificar AN02FREV001/REV 4.0 82 - 82 -828226 se a substância é efetiva para a patologia que está sendo tratada. Este estudo utiliza pacientes voluntários para os quais a nova droga está sendo testada, ou seja, utiliza pacientes com a patologia com a qual a droga deve ser efetiva e segura. Nos estudos de Fase II, é avaliada a segurança a curto espaço de tempo e é possível estabelecer a dose - resposta. Segundo Bisson (2007), o principal objetivo desta fase é verificar se a droga de fato apresenta os efeitos sugeridos nos testes pré-clínicos, definir sua farmacocinética e relacionar suas concentrações plasmáticas com seus efeitos. d) Fase III Número maior de pacientes voluntários, em torno de 1000. Esta fase do estudo deve ser realizada em várias regiões diferentes,em diferentes centros e populações, com intuito de demonstrar a eficácia e segurança. Esse tipo de estudo pretende determinar os resultados risco/benefício a curto e longo período de tempo, o valor terapêutico da nova substância, estabelecer o perfil terapêutico da nova droga (indicação, posologia, reações, contraindicação, etc.), farmacoeconomia e qualidade de vida, a comparação com as outras drogas disponíveis no mercado, características especiais, possíveis interações medicamentosas entre outros. Podemos dizer que é a fase pré-comercialização. e) Fase IV Esta fase do estudo é realizada após a aprovação para a comercialização, ou seja, o produto já foi aprovado para comercialização para a população. É uma fase muito importante, pois podemos detectar possíveis eventos adversos, conhecer mais as características do produto (sabor, cheiro, facilidade de ingestão). A farmacovigilância é muito atuante nesta etapa, sendo importantíssima para estabelecer o valor terapêutico, eficácia / eficiência e a segurança do novo AN02FREV001/REV 4.0 83 - 83 -838326 medicamento para a população. Todas as fases devem seguir as normas éticas e científicas aplicadas no país, segundo a ANVISA. FIGURA 24 - FASES DA PESQUISA CLÍNICA FONTE: Disponível em: <http://www.emagister.com/curso-farmacologia-normativa- aprobacion-farmacos/autorizacion-farmacos-medicamentos-fases-proceso>. Acesso em: 08 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 84 - 84 -848426 Você poderá obter maiores informações sobre este assunto Pesquisa Clínica e seus aspectos regulatórios por meio do site da ANVISA: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/pesquisa/index.htm. FIM DO MÓDULO II AN02FREV001/REV 4.0 87 - 87 -878736 MÓDULO III 6 PROTOCOLOS CLÍNICOS No cotidiano de trabalho deparamos com uma imensa quantidade de casos clínicos e muitas vezes ficamos com algumas dúvidas sobre qual o melhor procedimento tomar. Habitualmente a solução é utilizar nossa experiência técnica sobre o assunto, caso ainda persista a dúvida, podemos consultar outros colegas ou até mesmo a literatura especializada. Mas este não é o procedimento mais adequado, pois o paciente necessita de uma devolutiva o mais breve possível, e muitas vezes a nossa dúvida pode gerar certa desconfiança do paciente, fazendo com que o mesmo fique desestimulado e desista do tratamento, antes mesmo de começar. Por isso alguns protocolos clínicos podem ser utilizados de acordo com a característica e o tipo de paciente específico. Uma prática muito utilizada na atualidade pelos médicos é a "Medicina Baseada em Evidências", que é a utilização consciente, judiciosa e explícita das melhores evidências na tomada de decisões sobre o cuidado dos pacientes. (Drummond, 2004) Como a Medicina Baseada em evidências é um instrumento de trabalho exclusivo do médico, não vamos entrar em muitos detalhes. O importante aqui é o farmacêutico ter a noção para realizar um atendimento ao paciente com qualidade e sempre auxiliando o prescritor para alcançar a cura do paciente. O papel do farmacêutico neste instrumento é o de atuar na pesquisa bibliográfica de protocolos farmacoterapêuticos existentes, verificando a realidade da instituição com esses protocolos adotados. O farmacêutico também pode analisar quais desses protocolos farmacoterapêuticos se encaixam melhor com a instituição, verificando qual apresenta os melhores resultados farmacoeconômicos. AN02FREV001/REV 4.0 88 - 88 -888836 Segundo Bisson (2007), "o Farmacêutico pode colaborar na elaboração de um manual de informações, com dados comparativos sobre medicamentos, "feedback" de padrões de conduta médica, custos comparados com o estilo de prescrição, visitas educativas, distribuição médica e elaboração de lembretes para serem colados nos prontuários no caso de pacientes hospitalares". Com isso podemos reduzir o número de internações, hospitalizações, reduzir o tempo de internação, reduzir o número de consultas, melhorar a qualidade de vida do paciente e dos colaboradores. 6.1 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA É um assunto muito delicado e que envolve outras áreas da medicina. Hoje em dia o Farmacêutico pode prescrever os medicamentos Fitoterápicos isentos de prescrição. A Resolução n.º 546 de 21 de julho de 2011 do Conselho Federal de Farmácia - CFF, fala sobre a indicação farmacêutica de plantas medicinais e fitoterápicos isentos de prescrição e o seu registro. Isso é um avanço para a classe Farmacêutica, e deve ser muito comemorado. Atualmente existe uma Consulta Pública (n.º 06/2013) de prescrição farmacêutica. Segundo a consulta, a prescrição farmacêutica poderá utilizar tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, e todas as outras intervenções que julgar necessário, relativo ao cuidado ao paciente. Obedecendo ao limite de competência profissional do farmacêutico. Conforme a consulta pública o farmacêutico poderá prescrever os medicamentos isentos de prescrição médica, plantas medicinais, drogas vegetais, como também os fitoterápicos isentos de prescrição médica. Se for aprovado este projeto será um grande avanço para a saúde da população, pois hoje sabemos que muitas pessoas procuram as farmácias e drogarias em busca desse tipo de medicamento, sem prescrição médica. É sabido de todos, que esses medicamentos são vendidos, muitas vezes sem orientação alguma, a famosa automedicação. AN02FREV001/REV 4.0 89 - 89 -898936 Com a obrigatoriedade da prescrição farmacêutica teremos a automedicação responsável, pois será imprescindível a prescrição farmacêutica. Isso reduzirá os casos de problemas relacionados aos medicamentos, pois todos os medicamentos serão prescritos pelo médico ou pelo farmacêutico, tendo como foco principal, as orientações corretas sobre a importância do uso do medicamento, os cuidados, a posologia correta, ou seja, todas as informações necessárias para o uso correto do medicamento. Diversos estudos apontam que os medicamentos isentos de prescrição são os principais causadores dos casos de intoxicação medicamentosa. Com a prescrição farmacêutica para este tipo de medicamento, obrigará os estabelecimentos de farmácia / drogaria, a ter um profissional habilitado por todo o tempo de funcionamento, não deixando a população sem a orientação deste profissional. Se for regulamentada a prescrição farmacêutica, as instituições de ensino superior terão que se adequar, inserindo esta disciplina na grade curricular do profissional. O próprio farmacêutico terá que buscar cursos, que o auxiliem neste novo caminho, a prescrição de medicamentos ao paciente. FIGURA 25 - PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA FONTE: Disponível em: <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2010/05/prescricao-farmaceutica-de-sua- sugestao.html>. Acesso em: 09 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 90 - 90 -909036 7 FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM GRUPOS ESPECÍFICOS DE PACIENTES O farmacêutico tem que estar se atualizando constantemente, por meio de cursos, palestras, congressos e literatura especializada. Vamos disponibilizar aqui alguns protocolos para serem utilizados no processo de Farmácia Clínica na atenção Farmacêutica em determinados grupos de pacientes. Vamos passar uma noção geral, por isso lembre-se você deve adequar estes protocolos ao tipo específico de paciente para a sua realidade de trabalho. 7.1 PACIENTE HIPERTENSO A hipertensão é um dos maiores problemas de saúde no mundo e acomete milhões de pessoas. Devido à agitação do trabalho, stress, hábitos de vida errados, obesidade, genética, outras doenças, a hipertensão vem crescendo em todo o mundo, principalmente no nosso país. Os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) com este tipo de pacientesão elevadíssimos, principalmente devido às diversas complicações que pode apresentar. No Brasil a Hipertensão arterial atinge cerca de 22% da população acima dos 20 anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente vascular cerebral, 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces. O farmacêutico para realizar um acompanhamento a este tipo de paciente deve conhecer muito bem a fisiopatologia da hipertensão e as doenças associadas que podem levar a complicações ainda maiores. Um paciente é considerado hipertenso quando a sua pressão arterial, com frequência, está acima de 140 por 90 mmHg e é tida como normal quando encontramos valores regulares em torno de 120 por 80 mmHg. AN02FREV001/REV 4.0 91 - 91 -919136 Tabela 04 - Recomendações para seguimento FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066- 782X2007001500012>. Acesso em: 09 jul. 2013. Essa elevação da pressão acima do normal, com frequência, pode ocasionar sérios danos ao corpo humano. Na figura 26 temos os principais órgãos acometidos pela elevação da pressão. FIGURA 26 - ÓRGÃOS MAIS AFETADOS PELA HIPERTENSÃO AN02FREV001/REV 4.0 92 - 92 -929236 FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36873&janela=1>. Acesso em: 09 jul. 2013. 7.1.1 Investigação Clínica e Decisão Terapêutica O farmacêutico deve realizar uma investigação clínica para confirmar a elevação persistente da pressão arterial do paciente. Esta investigação tem por objetivo avaliar as lesões de órgãos, identificar fatores de risco, diagnosticar outras doenças e determinar a etiologia da hipertensão. O farmacêutico pode seguir os seguintes passos: a) História do paciente - Aqui o profissional deve investigar os possíveis agravantes para a hipertensão do paciente. Podemos listar: idade, raça, condição AN02FREV001/REV 4.0 93 - 93 -939336 socioeconômica, tabagismo, etilismo, há quanto tempo é hipertenso, obesidade, histórico familiar de doenças arteriais e coronarianas, depressão, ansiedade, estresse, outras doenças (diabetes, doença renal, hepática, etc.), hábitos alimentares, histórico de medicamentos que o paciente utiliza, realiza atividade física, e outras situações que o profissional julgar necessário; b) Exame Físico - Aferição da pressão arterial com frequência, medida da massa corpórea (pesagem do paciente), comprimento da circunferência abdominal, verificação dos batimentos cardíacos, entre outros; c) Avaliação Laboratorial - Aqui o farmacêutico irá investigar todos os exames laboratoriais que o paciente já realizou e os que ele ainda irá realizar. Deve ser analisado os seguintes exames: urianálise, dosagens de potássio, creatinina, glicose, colesterol total e suas frações, e outros exames que o paciente disponibilizar; d) Avaliação Complementar - Aqui o farmacêutico irá avaliar o paciente como um todo. O interessante aqui é que o profissional entre em contato com o médico e trabalhe em conjunto com ele para a melhora do paciente. O Médico já solicitou para o paciente, vários tipos de exames e poderá com isso, passar informações importantes as quais o farmacêutico pode não ter identificado; Como dito anteriormente é muito importante que o farmacêutico trabalhe com os outros profissionais da saúde envolvidos, principalmente o médico prescritor. O farmacêutico deve deixar bem claro para o médico que ele é o profissional que está ali para ajudar o seu paciente, e que está aberto para qualquer troca de informações. Este ponto é muito importante, pois como todos nós sabemos, existe certa dificuldade de diálogo entre estes profissionais. Por isso mesmo, temos que entrar em contato com o profissional médico, apresentando-se e informando para o mesmo, a sua importância para o sucesso terapêutico. Graças a Deus temos muitos profissionais médicos que são receptivos a esta contribuição do farmacêutico e gostam desta iniciativa. Além do médico, o farmacêutico tem que ter um contato muito próximo com outros profissionais, que podem contribuir para a melhora do seu paciente, são eles: o enfermeiro, nutricionista, psicólogo e o profissional de educação física. AN02FREV001/REV 4.0 94 - 94 -949436 7.1.2 Tratamento Não Farmacológico Após a análise inicial do paciente podemos partir para o tratamento que ele está utilizando. Um tratamento muito eficaz e que não irá gerar risco nenhum ao nosso paciente, é a mudança de hábitos. O farmacêutico verificando a necessidade pode sugerir as seguintes mudanças para o paciente hipertenso, a fim de melhorar sua qualidade de vida, são elas: a) Buscar uma reeducação alimentar. Devemos orientar o paciente a procurar um profissional de Nutrição e buscar com isso uma redução do peso corporal e manutenção do peso ideal, com saúde; b) Reduzir a ingestão de sal e açúcar. Principalmente o sal de cozinha. O Sódio presente no sal de cozinha é um importante fator de elevação da pressão arterial e complicações coronarianas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, podemos consumir no máximo 5 gramas de sal / dia; c) Aumentar a ingestão de potássio. Uma alternativa para a redução do sal de cozinha (rico em Sódio) é o sal light, em que o sódio é substituído pelo potássio, favorecendo a redução da pressão arterial na população; d) Redução do consumo de bebidas alcoólicas e do fumo, pois o consumo regular favorece o aumento da pressão arterial; e) Orientação à prática esportiva, lembrando que esta prática deve ser sempre acompanhada por um profissional especializado; São medidas simples e que qualquer pessoa pode seguir, mas que fazem uma grande diferença para a saúde do paciente. 7.1.3 Tratamento Medicamentoso AN02FREV001/REV 4.0 95 - 95 -959536 O tratamento medicamentoso é aquele tratamento prescrito pelo médico cardiologista para o controle da pressão arterial. É obrigação do farmacêutico acompanhar este paciente, informando sobre a correta utilização do medicamento e a importância de seguir o tratamento de forma correta. As principais classes de medicamentos utilizados no país e que o farmacêutico deve conhecer profundamente são: Tabela 05 - Principais classes de Anti-hipertensivos utilizados no país. FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066- 782X2007001500012>. Acesso em: 09 jul. 2013. Os medicamentos utilizados na prática clínica devem obedecer algumas características importantes, dentre elas podemos destacar: O anti-hipertensivo de escolha deve ser eficaz e utilizado por via oral, ser bem tolerado e seguro, escolher o medicamento com menor número de doses diárias, iniciar o tratamento com a menor dose efetiva preconizada para cada situação clínica, entre outras. Notamos que os medicamentos para o tratamento da hipertensão estão distribuídos em diversas classes terapêuticas, vamos explicar de forma sucinta cada classe: AN02FREV001/REV 4.0 96 - 96 -969636 a) Diuréticos - esta classe trabalha por meio de diversos mecanismos na depleção de volume hídrico e em seguida na redução da resistência vascular periférica, por diversos mecanismos. Os diuréticos tiazídicos são comumente prescritos para a hipertensão arterial, em contrapartida os diuréticos de alça são prescritos para os casos de hipertensão associada à insuficiência renal e cardíaca. Os diuréticos apresentam alguns efeitos indesejáveis, tais como: hipopotassemia, hipomagnesemia, hiperuricemia, relacionados à intolerância à glicose, pode elevar os níveis de triglicérides, provoca em muitos casos disfunção sexual, entre outros. São exemplos de diuréticos a furosemida, hidroclorotiazida, espirinolactona, entre outros. b) Inibidores Adrenérgicosde ação Central - atuam estimulando os receptores alfa 2 adrenérgicos e os receptores imidazolidínicos no sistema nervoso central, ocasionando uma redução da descarga simpática, consequentemente reduzindo a pressão arterial. Os principais efeitos adversos estão relacionados com o sistema nervoso central, como sonolência, sedação, boca seca, hipotensão postural e impotência. Exemplos: Clonidina, alfametildopa, entre outros. c) Inibidores Adrenérgicos - Alfa-1 bloqueadores - o bloqueio destes receptores adrenérgicos inibe a vasoconstrição, tendo como efeito primário a vasodilatação das artérias e veias e consequente redução da pressão arterial. Os principais efeitos adversos são: hipotensão postural, palpitação e raramente astenia. Esta classe de medicamento é muito utilizada para a hiperplasia benigna de próstata e disfunção vesical. Exemplos: Doxazosina, prazosina, entre outros. d) Inibidores Adrenérgicos - Betabloqueadores - Reduzem a pressão arterial por meio da diminuição do débito cardíaco, redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e redução das catecolaminas das sinapses. As principais reações adversas desta classe são: broncoespasmos, bradicardia, depressão miocárdica, insônica, pesadelos, astenia e disfunção sexual. Exemplos: Propranolol, Atenolol. Pindolol, entre outros. e) Bloqueadores dos Canais de Cálcio - como o próprio nome já diz eles bloqueiam os canais de cálcio, com isso reduzem a resistência vascular periférica, devido à diminuição de cálcio nas células musculares lisas vasculares. AN02FREV001/REV 4.0 97 - 97 -979736 Os principais efeitos adversos são: Cefaleia, tontura, rubor facial e edema periférico. Exemplos: Verapamil, Diltiazem, Besilato de Anlodipino. f) Inibidores da ECA - Reduz a pressão arterial por meio da inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA). Além da redução da pressão arterial, são eficazes em pacientes hipertensos com insuficiência cardíaca e pacientes com infarto agudo do miocárdio. As principais reações adversas são: tosse seca, alteração do paladar, erupção cutânea, hiperpotassemia, entre outros. Exemplos: Captopril, Enalapril, etc. g) Inibidores da Angiotensina II - Reduzem a pressão arterial devido à inibição da angiotensina II, é uma alternativa terapêutica, quando o paciente não se adapta a classe dos inibidores da ECA. Principais reações adversas são: tontura, rash cutâneo (raro), entre outros. Exemplos: Losartana Potássica, Valsartana, Candesartana, entre outros. h) Vasodilatadores diretos - Atuam diretamente sobre a parede da musculatura vascular, causando um relaxamento, consequentemente reduzindo a pressão arterial, através da vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. Principais efeitos adversos são: Retenção hídrica, taquicardia reflexa, entre outros. Exemplos: Hidralazina, Minoxidil. A escolha da melhor farmacoterapia deve ser individualizada, ou seja, obedecendo as características de cada paciente. Seria interessante trabalhar em conjunto com o prescrito nesta etapa, o que geraria melhores resultados para a saúde do paciente. Quando a monoterapia não surtir o efeito desejado, o farmacêutico deve informar ao prescritor que a farmacoterapia não está alcançando seus objetivos, redução da pressão arterial do paciente. Podemos sugerir o aumento da dose do medicamento (caso não tenha ocorrido nenhum efeito adverso no paciente), ou a substituição por outra classe farmacológica ou ainda a associação de agentes anti-hipertensivos. Lembrando que esta associação deve obedecer à premissa de não associar fármacos com mecanismo de ação similar, pois podem potencializar os efeitos AN02FREV001/REV 4.0 98 - 98 -989836 adversos no paciente. Exceção para a associação de diuréticos tiazídicos, de alça e os poupadores de potássio. Outro papel importante do farmacêutico é a verificação de possíveis interações medicamentosas na prescrição do paciente hipertenso, pois este tipo de paciente utiliza, na grande maioria das vezes, vários tipos de medicamentos. Encontrando possíveis interações, o farmacêutico deve comunicar o médico imediatamente e auxiliá-lo na substituição farmacológica do medicamento. Lembre- se que o farmacêutico deve conhecer muito bem a farmacologia dos medicamentos, para poder auxiliar o prescritor da melhor forma possível. 7.2 PACIENTE DIABÉTICO O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença relacionada ao metabolismo da glicose, em que encontramos um excesso de açúcar no sangue do paciente. Isto pode acontecer devido há má absorção de insulina, hormônio sintetizado no pâncreas, cuja função é capturar a glicose dos vasos sanguíneos e transportá-la para o interior das células, para que seja utilizada na produção de energia. A elevação da glicose no paciente Diabético pode ocorrer de duas maneiras distintas: a) Pâncreas produz quantidade insuficiente de insulina, ou não produz, deixando o paciente com quantidades elevadas de açúcar no sangue. Esta é a principal característica do paciente com Diabetes do Tipo I. O diabetes do tipo I ocorre na infância e adolescência, e o paciente é dependente de insulina (insulinodependente); b) Já no Diabetes do tipo II o pâncreas produz quantidades suficientes de insulina, mas as células do paciente são resistentes à ação da mesma. O tipo II ocorre em pacientes de maior idade, sendo que, as pessoas acima de 40 anos obesas ou com sobrepeso são as mais acometidas por este tipo. O Paciente portador do Diabetes do tipo II não é dependente de insulina, ou seja, não insulinodependentes; AN02FREV001/REV 4.0 99 - 99 -999936 Além do Diabetes dos tipos I e II, temos o Diabetes Gestacional. Como o próprio nome já diz, ele se instala em pacientes gestantes, e na maioria das vezes ocorre devido ao aumento exagerado de peso da mãe. Os principais sintomas / complicações que encontramos no paciente diabético são: Excesso de urina (Poliúria); Desidratação; Aumento do apetite; Problemas de coagulação; Problemas visuais; Disfunções sexuais; Diminuição da imunidade; Problemas cardíacos e renais; Aterosclerose; Entre outros. 7.2.1 Diagnóstico Segundo a OMS, o diagnóstico do Diabetes Mellitus (DM) é estabelecido quando encontramos algumas das seguintes situações: a) Sintomas característicos (Sede excessiva, aumento de peso e apetite, problemas cardíacos, etc.), associado há uma glicemia de jejum igual ou superior à 140mg/dL ou uma determinação realizada a qualquer momento do dia superior à 200mg / dL; b) Sintomas clínicos associado há duas medições de glicose em jejum, confirmada em mais de uma ocasião, superior a 140 mg/dL. c) Indivíduos com fatores de risco (Hereditariedade, Obesidade, vícios, entre outros) e com glicemia de jejum inferior a 140 mg/dL e com glicemia acima de 200mg/dL após duas horas da sobrecarga oral com 75 gramas de glicose anidra; d) Outros fatores. AN02FREV001/REV 4.0 100 - 100 -10010036 7.2.2 Prevenção A mudança de estilo de vida do paciente é um fator fundamental para evitar a instalação da doença e a manutenção de uma vida saudável, para aqueles pacientes doentes. Somente no diabetes do tipo I não temos medidas preventivas, pois este tipo está relacionado há genética, hereditariedade do paciente, não existindo medida eficaz comprovada na prevenção. Já para os outros tipos de Diabetes, principalmente o tipo 2 e gestacional a mudança de algumas atitudes do cotidiano do paciente irá reduzir os riscos. A prática de esportes, dieta balanceada, evitando certos tipos de alimentos, principalmente doces, frituras, gorduras, massas, redução de peso, abolir os vícios, tais como cigarro, bebidas alcoólicas, etc. Todas essas medidas podem evitar a instauração da doença, ou pode melhorar a qualidade de vida do paciente doente.Como podemos verificar o paciente diabético pode ter uma boa qualidade de vida, desde que siga as orientações que o médico e posteriormente o farmacêutico irão lhe passar. E esse é o maior problema com esse tipo de paciente, pois na maioria das vezes ele não está preocupado com sua saúde, pensa que as complicações só podem acontecer com as outras pessoas e não com ele. E é aí que o Farmacêutico entra, o nosso primeiro e principal objetivo é conscientizar o paciente, a partir do momento que conseguirmos a conscientização, poderemos iniciar o próximo passo que será as orientações a respeito da qualidade de vida e sobre os medicamentos. Dentro dessa orientação inicial o farmacêutico deve deixar claro para o paciente que o diabetes mal cuidado, pode levar o paciente a ter outros tipos de doenças, complicações, tais como: problemas cardíacos, renais, hepáticos, circulatórios, entre outros. Lembre-se sempre de orientar o paciente diabético que mesmo adotando os novos hábitos de vida saudável, ele deve procurar ajuda especializada, pois o AN02FREV001/REV 4.0 101 - 101 -10110136 tratamento do diabetes envolve uma equipe multidisciplinar (Médico, farmacêutico, nutricionista, educador físico, fisioterapeuta, etc.). 7.2.3 Esquemas Farmacoterapêuticos O esquema farmacoterapêutico irá depender de qual tipo de Diabetes o paciente possui o insulinodependente ou o não insulinodependente. No Diabetes insulinodependente (Tipo I) o “tratamento ouro” é a utilização da insulina exógena, para manter os níveis elevados de insulina corpórea e com isso a redução da glicose sanguínea. Na tabela abaixo temos os tipos de insulina existentes no mercado. Tabela 06 - Tipos de Insulina AN02FREV001/REV 4.0 102 - 102 -10210236 FONTE: Disponível em: <http://www.vidamuitodoce.com.br/duvidas-frequentes/tipos-de- insulina/>. Acesso em: 15 jul. 2013. Já no diabetes não insulinodependentes (tipo II) utilizamos na farmacoterapia um arsenal de medicamentos hipoglicemiantes, e em alguns casos a associação de medicamentos hipoglicemiantes orais e a utilização da insulinização exógena. Na tabela 07 temos as principais classes de medicamentos hipoglicemiantes de uso oral, utilizado no tratamento deste tipo de paciente. AN02FREV001/REV 4.0 103 - 103 -10310336 Tabela 07 - Classes de Antidiabéticos orais FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066- 782X2006001800018>. Acesso em: 15 jul. 2013. Lembre-se que o tratamento, acompanhamento do paciente diabético deve ser associado às condutas não medicamentosas e a farmacoterapia. É importante deixar bem claro que o não seguimento de uma ou de outra conduta, o paciente não alcançará os resultados esperados, o controle da doença. Para uma melhor qualidade de vida devemos orientar o paciente a associar os novos hábitos saudáveis com o uso correto dos medicamentos prescritos. 7.3 PACIENTE DISLIPIDÊMICO AN02FREV001/REV 4.0 104 - 104 -10410436 A dislipidemia é definida como distúrbio que altera os níveis séricos dos lipídeos (gorduras). As alterações do perfil lipídico podem incluir colesterol total alto, triglicerídeos alto, assim como colesterol HDL e colesterol LDL elevados. Em consequência, a dislipidemia é considerada como um dos principais determinantes da ocorrência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, dentre elas aterosclerose1, infarto agudo do miocárdio, doenças isquêmica do coração e AVC (derrame). De acordo com o tipo de alteração dos níveis séricos de lipídeos, a dislipidemia é classificada como: Hipercolesterolemia isolada, hipertrigliceridemia isolada, hiperlipidemia mista e HDL baixo. (ANVISA, 2011) a) Hipercolesterolemia isolada - ocorre aumento do colesterol total ou da fração LDL - colesterol; b) Hipertrigliceridemia isolada - ocorre aumento nos níveis do triglicérides; c) Hiperlipidemia mista - ocorre aumento do colesterol total e dos triglicérides; d) HDL baixo - ocorre redução do HDL colesterol (colesterol bom) associada ou não ao aumento dos níveis de triglicérides e/ou LDL. 1 Aterosclerose é o espessamento e perda da elasticidade das paredes das artérias, podendo ocasionar complicações circulatórias graves. (ANVISA, 2011) AN02FREV001/REV 4.0 105 - 105 -10510536 Tabela 08 - Valores de Referência *Os valores de referência ou metas terapêuticas dependem além da idade, do sexo e da presença de outras doenças, tais como hipertensão arterial, aterosclerose, síndrome metabólica e diabetes Mellitus. FONTE: Adaptado de Sposito et al e Sociedade Brasileira de Cardiologia. Podemos observar que todas essas enfermidades estão interligadas, e não é raro ocorrer a presença de todas elas no mesmo tipo de paciente, na realidade é muito comum encontrarmos pacientes com diabetes, hipertensão, dislipidemias e outras patologias crônicas. A atenção farmacêutica a este tipo de paciente não sai muito do protocolo das anteriores, pois aqui temos o tratamento não medicamentoso e o tratamento medicamentoso. No tratamento não medicamentoso devemos utilizar as mesmas orientações anteriores, mudança de hábito do paciente. O que vai diferenciar estes pacientes é o tipo de tratamento medicamentoso, por isso vamos focar nesse tipo de tratamento. AN02FREV001/REV 4.0 106 - 106 -10610636 7.3.1 Tratamento farmacoterapêutico De modo geral os hipolipemiantes (medicamentos utilizados nas dislipidemias), devem ser utilizados quando não houver efeito satisfatório do tratamento não medicamentoso ou na impossibilidade de aguardar seus efeitos, dentre os medicamentos, destacam-se: Estatinas, Ezetimiba, Colestiramina, Fibratos e Ácido nicotínico. Vamos falar um pouco sobre as principais classes de medicamentos utilizados nas dislipidemias. a) Estatinas - São os medicamentos hipolipemiantes mais utilizados nas dislipidemias. Reduzem os níveis de LDL - colesterol por meio da inibição da HMG- CoA redutase, principal enzima da síntese do colesterol. As estatinas também possuem efeito na redução dos triglicérides e aumento do HDL - colesterol. Exemplos: Sinvastatinas, Rosuvastatinas, lovastatinas, atorvastatinas, entre outras. b) Ezetimiba - é um medicamento utilizado nas dislipidemias, devido a sua potente ação em reduzir a absorção intestinal de colesterol, diminuindo assim a quantidade de colesterol apresentada ao fígado. Pode ser utilizado em monoterapia ou em associação com as Estatinas. Exemplos: Zetia®, Ezetrol®. c) Colestiraminas ou resinas de troca iônica não são absorvidas pelo organismo e tem a capacidade de se ligar às moléculas com cargas negativas no intestino, inibindo a absorção e, consequentemente aumentando a eliminação das substâncias ligadas. As colestiraminas ligam-se aos ácidos biliares impedindo a reabsorção e como consequência ocorrerá diminuição dos níveis séricos. Os ácidos biliares são produzidos pelo fígado a partir das moléculas de colesterol, portanto, com a redução de ácidos biliares, mais moléculas de colesterol são utilizadas para a formação dos ácidos, e desta forma as resinas conseguem reduzir os níveis de colesterol. Exemplos: Colestipol®, Colestiramina. d) Fibratos - são derivados do ácido fíbrico, são indicados para o tratamento da hipertrigliceridemia endógena. O seu mecanismo de ação é complexo e não está totalmente elucidado, possuindo algumas hipóteses: Reduz o VLDL - colesterol por meio da redução do fluxo de ácidos graxos livres; AN02FREV001/REV 4.0 107 - 107 -10710736 Aumento da atividade da lipase das lipoproteínas; Aumento da excreção de colesterol pelas vias biliares; Possível ação inibitória da enzima HMG-CoAredutase; Etc. Temos como representantes desta classe os medicamentos Clofibrato, Bezafibrato, Genfibrosila, outros. e) Ácido nicotínico - é utilizado para a redução da fração LDL - colesterol, dos triglicérides e aumento do HDL-colesterol. Esse medicamento reduz a síntese e o acoplamento dos triglicérides no fígado. Resumimos algumas das características das principais classes de fármacos utilizados no tratamento das dislipidemias, é importante que o profissional busque maiores informações sobre os medicamentos utilizados para o tratamento das dislipidemias. O farmacêutico deve sempre buscar novas informações nas literaturas existentes, pois a atualização sobre o assunto é fundamental para uma boa orientação ao paciente. 7.4 PACIENTE ASMÁTICO A asma é uma doença que ocasiona o estreitamento dos bronquíolos, dificultando com isso a passagem do ar pelo pulmão e provocando contrações ou broncoespasmos. Nas crises o paciente tem dificuldade de respirar, não oxigenando os órgãos e sistemas do corpo humano. Este estreitamento ocorre devido há uma inflamação crônica das vias aéreas, mais precisamente nos bronquíolos. Esta inflamação está relacionada há reações alérgicas e não alérgica, em que encontramos particularmente mastócitos, eosinófilos e linfócitos T. AN02FREV001/REV 4.0 108 - 108 -10810836 FIGURA 27 - CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE ASMÁTICO FONTE: Disponível em: <http://pneumologia.med.br/site/?tag=asma>. Acesso em: 16 jul. 2013. Essa doença crônica vem aumentando nos últimos tempos e as taxas de mortalidade e morbidade tem aumentado significativamente em vários locais no mundo, com uma prevalência maior em pacientes idosos (acima de 60 anos). Segundo Bisson (2007), nos EUA, a mortalidade em 1977 e 1982 para adultos de 65 a 74 anos foi de 3,0 e 4,9 / 100.000, enquanto que em jovens menores de 35 anos ela foi de 0,5 a 0,6 / 100.000. Na Austrália, 45% das mortes por asma em 1986 ocorreram em pacientes com idade maior que 60 anos. Em 1985, na Inglaterra, 58% dos óbitos por asma em homens e 71% em mulheres ocorreram em pacientes com mais de 70 anos. Como podemos verificar esta doença proporciona enormes gastos para a saúde do país, com medicamentos, internações, hospitalizações e óbitos. Por essa AN02FREV001/REV 4.0 109 - 109 -10910936 razão o farmacêutico é muito importante no papel da prevenção, manutenção da doença. Como os outros pacientes já mencionados neste módulo, o protocolo farmacêutico deve focar na educação, orientando sobre alguns hábitos cotidianos. Dentre eles, podemos destacar o combate aos ácaros da poeira doméstica, o tabaco, diminuição de fumaças, odores, medidas de limpeza do ambiente onde vive e trabalha redução da umidade em locais fechados, para reduzir a proliferação de fungos, entre outras. São medidas fáceis de executar, que depende somente do paciente, e a execução destas medidas pode melhorar a qualidade de vida do mesmo. 7.4.1 Atendimento ao Paciente Asmático O papel principal do farmacêutico neste tipo de paciente é primeiramente de orientação sobre a doença, complicações e o tratamento farmacológico. Com isso o farmacêutico pode ajudar na terapia farmacológica, pode fornecer ao paciente ferramentas para melhorar seu senso de controle da doença, melhorar a qualidade de vida do paciente, aumentar o envolvimento do paciente e da família para com a doença, reduzir as crises asmáticas, pode individualizar a terapêutica para otimizar o tratamento, auxiliar o médico no controle de pacientes crônicos, entre outros. A melhor maneira para orientar o paciente é o conhecimento sobre a doença. Você pode preparar palestras, apresentações sobre a fisiopatologia da asma, sinais e sintomas, o que desencadeia as crises, controle ambiental, tratamento precoce e informações gerais sobre os medicamentos para a asma. A consulta farmacêutica deve durar em torno de 30 minutos, pois acima disso o paciente pode ficar nervoso atrapalhando a consulta. O intervalo entre as consultas deve variar de uma semana, ou no caso de pacientes sem histórico de crises, pode ser 01 vez por mês. O profissional deve elaborar uma planilha em que devem constar as mesmas informações (questionamentos) que foram tratados para o paciente hipertenso, claro que desta vez voltados para a asma e não a hipertensão. AN02FREV001/REV 4.0 110 - 110 -11011036 É imprescindível que o farmacêutico tenha a relação completa de medicamentos que o paciente utiliza, para que sejam evitadas possíveis interações medicamentosas. Inclusive aqueles medicamentos fitoterápicos, homeopáticos que o paciente utiliza, na maioria das vezes por conta própria. Podemos verificar que a conduta praticamente é a mesma para as patologias, temos um esqueleto principal de questionamentos e orientações para todas as patologias. Idade, sexo, atividade física, hábitos alimentares, vícios, medicamentos que utiliza, entre outros. O farmacêutico deve ficar atento às peculiaridades de cada patologia, é aí que o profissional fará o diferencial, com a orientação correta fisiopatológica e farmacoterapêutica. Os medicamentos mais utilizados para o tratamento da asma são: Broncodilatadores, Corticoides. a) Broncodilatadores: Encontramos uma grande quantidade de medicamentos nesta classe, sendo que os Agonistas beta 2 adrenérgico (salbutamol, Terbutalina, Fenoterol, entre outros), os antagonistas de receptores muscarínicos (Brometo de ipratrópio) e as Xantinas (Teofilina, Teobromina, cafeína, etc.) são os mais utilizados. As Xantinas são consideradas medicamentos de 2ª escolha e os Antagonistas de receptores muscarínicos são utilizados na maioria das vezes em associação com os agonistas beta-2-adrenérgicos. b) Glicocorticoides: Também conhecido como, terapia anti-inflamatória, pois, age inibindo a fosfolipase A2, consequentemente impedindo a formação das quimiotaxinas leucocitárias, dos espasmogênios, dos vasodilatadores e da interleucina-3, regula a produção de mastócitos. Exemplos: Beclometasona, budesonida, cromolin. FIGURA 28 - ASMA AN02FREV001/REV 4.0 111 - 111 -11111136 FONTE: Disponível em: <http://consenfmh.blogspot.com.br/2013/05/enfisema-pulmonar-e-outras- doencas-do_7.html>. Acesso em: 17 jul. 2013. 7.5 PACIENTE ONCOLÓGICO AN02FREV001/REV 4.0 112 - 112 -11211236 Os casos de câncer já rivalizam com as doenças cardíacas como a patologia que mais produz óbitos e diminui a qualidade de vida do paciente. A preparação, administração e eliminação dos dejetos de agentes quimioterápicos requerem prática altamente profissional e conhecimentos técnicos de farmacêuticos. (BISSON, 2007, p. 216.). Por isso, o farmacêutico que pretende trabalhar com este tipo de paciente, deve ter um grande conhecimento sobre os quimioterápicos utilizados, os tratamentos não farmacológicos, extremo conhecimento e técnica de venopunção, para administração dos medicamentos, saber manusear os dejetos quimioterápicos, educação em saúde coletiva. Dentro da farmacologia o profissional deve ter um grande conhecimento sobre a farmacodinâmica, farmacocinética, reações que podem ocorrer, interações medicamentosas, vias de administração, excreção, processos fisiológicos e metabólicos deste tipo de paciente. Na atualidade temos uma diversidade de tipos de cânceres conhecidos, cada um com sua peculiaridade, devido a isso, temos medicamentos que são mais indicados para cada tipo de tratamento de acordo com a peculiaridade do câncer. Na oncologia temos algumas classes de medicamentos que são utilizadas no tratamento, dentre elas destacam-se: Agentes alquilantes, antimetabólitos, Inibidores mitóticos, Antibióticos e outros agentes. Agentes Alquilantes - incluem-se aqui as mostardas nitrogenadas (clorambucil, ciclofosfamida,mecloretamina), nitrosuréias (carmustina, lomustina) e alquilsulfonatos (busulfan). Essas drogas são classificadas como drogas não “ciclo específicas”, ou seja, são aquelas que atuam em células que podem ou não estar no ciclo proliferativo. Agentes Antimetabólitos - São drogas fase-específicos da fase S do ciclo celular, ou seja, drogas que atuam em certas fases do ciclo celular, neste caso na fase S. Exemplos: Fluoruracil, metotrexato, mercaptopurina, tioguanina, entre outros. AN02FREV001/REV 4.0 113 - 113 -11311336 Agentes Inibidores Mitóticos - São drogas fase-específicas da fase S do ciclo, inibindo a mitose na metáfase, agindo diretamente sobre a proteína tubulina, a qual é formadora dos microtúbulos que constitui o fuso mitótico. Exemplos: Vincristina, Vimblastina, Vindesina, VP-I6, Etoposídeo, entre outros. Antibióticos - Eles atuam tanto nas células normais como nas células cancerígenas, devido a isso, apresentam diversos efeitos indesejados. Esta classe possui substâncias com estruturas químicas variadas e não atuam em fase específica do ciclo celular, sendo consideradas drogas não específicas. Exemplos: Mitomicina C, Actinomicina D, Mitramicina, Bleomicina, Daunorrubicina, entre outras. Outros agentes - Não se encaixam em nenhuma outra classe de quimioterápico, devido às peculiaridades estruturais e orgânicas da droga. Exemplos: Dacarbazina, Procarbazina, L-asparaginase, entre outras. Como podemos perceber temos diversas classes de quimioterápicos, sendo que cada um tem uma indicação e peculiaridade específica. Para aprofundar sobre o assunto, segue uma sugestão de leitura. 7.5.1 Protocolo de Acompanhamento SUGESTÃO DE LEITURA LINK: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=101 AN02FREV001/REV 4.0 114 - 114 -11411436 Este tipo de paciente receberá a medicação quimioterápica em um ambiente hospitalar, portanto, não é um paciente que encontraremos em farmácias e drogarias comerciais. O farmacêutico da Farmácia Hospitalar terá que seguir um protocolo para atendimento desse paciente, pois, trata-se de um paciente carente, nervoso e preocupado com a doença. Como estamos em um ambiente hospitalar o profissional terá acesso às fichas médicas, laboratoriais e qualquer outra informação que julgar importante para aquele momento. Se o paciente estiver consciente, o farmacêutico deve primeiramente se apresentar ao paciente, em uma conversa informal, mostrar a sua importância para o tratamento, e que está ali para ajudar no sucesso terapêutico. Na verdade este tipo de paciente deverá ter um acompanhamento multidisciplinar. Após a apresentação e consentimento do paciente, o farmacêutico iniciará a consulta verificando o histórico médico (passado, atual e prognóstico), dados laboratoriais. Durante o bate-papo, o profissional verificará se o paciente irá necessitar de um acompanhamento social e psicológico, inclusive se a família do paciente irá necessitar desse acompanhamento. Pois em muitos casos a família deve passar por uma educação sobre a doença, tratamento e cuidados pós- tratamento. Após a coleta de todos os dados e verificações, o farmacêutico juntamente com a equipe multidisciplinar pode traçar estratégias de tratamento. O farmacêutico é muito importante nesta etapa para evitar as interações medicamentosas que possam ocorrer. O tratamento quimioterápico por agir tanto nas células sadias como nas células doentes ocasionam diversas reações indesejadas no paciente, sendo que, a maioria é muito grave. As reações adversas que mais ocorrem são: Reações alérgicas, reações gastrintestinais (náuseas, vômitos), reações hematológicas (trombocitopenia, leucopenia / neutropenia, anemia), reações cutâneas, fadiga, entre outras. Como podemos evidenciar trata-se de reações sérias que não tratadas adequadamente pode piorar o estado do paciente, pode ainda fazer com que o paciente desista do tratamento farmacológico logo no início. AN02FREV001/REV 4.0 115 - 115 -11511536 Devemos analisar caso a caso, reação por reação, é uma etapa importante e muito difícil, neste ponto que a conscientização do paciente e da família é crucial para a melhora clínica do paciente. Portanto, o protocolo nesse momento é tratar cada reação adversa pontualmente, ou seja, utilizando medicações que amenizaram os efeitos indesejáveis, mas que não possuam interações. A grande maioria dos pacientes oncológicos sente muita dor, e isso é muito ruim para a família e para o próprio paciente. O protocolo aqui é utilizar medicamentos analgésicos que não possuam interação com os outros, ou que possua a menor quantidade de interações. O acompanhamento da equipe multidisciplinar de forma correta é um grande auxílio para a cura terapêutica do paciente, pois, ele se sente querido, bem cuidado. Os profissionais envolvidos devem ser humanistas, ou seja, pessoas atenciosas, educadas, sempre prontas a atender o paciente, somente desta forma conseguirão reduzir as complicações e dar uma melhor qualidade de vida para este paciente. FIGURA 29 - ATENDIMENTO AO PACIENTE ONCOLÓGICO FONTE: Disponível em: <http://nutricritical.com.br/site.php?idPagina=216>. Acesso em: 18 jul. 2013. 7.6 PACIENTE IDOSO AN02FREV001/REV 4.0 116 - 116 -11611636 Na Farmacologia, para o tratamento farmacológico, consideramos idosas aquelas pessoas acima dos 65 anos de idade. Farmacologicamente, fisiologicamente falando, este tipo de paciente é muito complicado, devido principalmente à polifarmácia, aos problemas gástricos, renais, hepáticos, imunológicos, que são comuns nesta fase da vida. Devido a essas complicações, estes pacientes geram um custo muito alto para o sistema de saúde público, com internações, hospitalizações, grande número de medicamentos, além daqueles problemas sociais, em que temos o aumento no número de reações adversas ao medicamento. A fisioanatomia do idoso, a qual temos uma maior quantidade de massa gorda, ou seja, com a idade ocorre a substituição da massa magra (músculos) pela massa gorda (gordura), aumenta o risco de reações inesperadas aos medicamentos. Isso ocorre porque os medicamentos, substâncias lipofílicas (tem afinidade por lipídeos / gordura), tendem a se acumular, aumentando os casos de intoxicações por medicamentos. Devido a essa característica lipofílica das drogas, aumenta o tempo de distribuição de diversos fármacos, com isso aumentando a meia-vida dos medicamentos e consequentemente aumentando o tempo do medicamento no corpo do idoso. Podemos destacar alguns outros problemas que podemos encontrar com o aumento da idade, são eles: Redução de água do corpo, Redução do volume sanguíneo, diminuição do fígado funcional, redução da função renal, entre outros. Esses e outros problemas são comuns nesta fase da vida, e isso demanda de um conhecimento muito maior da equipe multidisciplinar. FIGURA 30 - PACIENTE IDOSO AN02FREV001/REV 4.0 117 - 117 -11711736 FONTE: Disponível em: <http://coisadevelho.com.br/?p=3890>. Acesso em: 18 jul. 2013. 7.6.1 Princípios de Prescrição de Drogas para Idosos Este tipo de paciente não está restrito ao ambiente hospitalar, podemos encontrá-lo também, com frequência, nas farmácias e drogarias comerciais. Para realizar o acompanhamento deste paciente temos que seguir aqueles protocolos básicos, em que o paciente deve aceitar por escrito, o acompanhamento do farmacêutico. Após esse aceite, o farmacêutico deve elaborar um protocolo de atendimento, lembre-se que este protocolo pode ser maleável, você pode elaborar o seu protocolo de acordo com a realidade, na qual você e o paciente estão inseridos (Farmácia hospitalar, Posto de saúde, Farmácia comercial, etc.). O Farmacêutico deve primeiramente avaliar o tratamento farmacológico dopaciente, normalmente estes pacientes utilizam vários tipos de medicamentos. Nessa etapa o profissional deve avaliar além das possíveis interações, deve avaliar se alguma droga prescrita é contraindicada para o paciente, assim como avaliar se existem outros tipos de fármacos com menor número de efeitos colaterais. O segundo passo é realizar uma boa anamnese do paciente, verificando o histórico, hábitos diários, alimentação, atividade física, automedicação, entre outros. AN02FREV001/REV 4.0 118 - 118 -11811836 O farmacêutico tem a obrigação de conhecer a farmacologia dos medicamentos utilizados, pelo menos aqueles medicamentos que possui em sua farmácia / drogaria. O profissional pode solicitar que o paciente leve todos os exames laboratoriais já realizados para acompanhamento do tratamento farmacológico, e para evitar possíveis problemas para o paciente. O idoso na maioria das vezes tem suas crenças, temos que encorajar o paciente a não abandonar o tratamento e a segui-lo corretamente. Devemos mostrar a importância da sequência correta do tratamento para o controle e qualidade de vida do paciente. No início das consultas podemos solicitar que o paciente venha ao estabelecimento por pelo menos uma vez na semana, e dependendo da evolução do mesmo, essa frequência pode ser de uma vez por mês, o farmacêutico terá que avaliar. É importante que o profissional elabore um programa terapêutico, em que verifique regularmente a evolução do tratamento. Baseado nesse programa, o farmacêutico deve entrar em contato com o idoso para lembrá-lo do retorno à consulta farmacêutica. Um acompanhamento contínuo, garante melhores resultados terapêuticos. Neste módulo passamos algumas orientações importantes para o acompanhamento do farmacêutico a diversos tipos de pacientes, explicando as principais abordagens e formas de tratar o paciente. Cabe ao profissional estar sempre atualizado, para poder realizar uma atenção farmacêutica de qualidade, pois com a atenção farmacêutica de qualidade, haverá cada vez mais uma valorização profissional e, consequentemente uma redução nos gastos com a saúde e medicamentos. AN02FREV001/REV 4.0 119 - 119 -11911936 FIGURA 31 - PRINCIPAIS CLASSES DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR IDOSOS AN02FREV001/REV 4.0 120 - 120 -12012036 FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 71672012000500004>. Acesso em: 18 jul. 2013. FIM DO MÓDULO III AN02FREV001/REV 4.0 123 MÓDULO IV 8 SAÚDE DA MULHER A atenção farmacêutica em paciente do sexo feminino vem ganhando grande espaço nos últimos anos, principalmente no acompanhamento do uso de medicamentos utilizados para osteoporose, tratamento de reposição hormonal e os riscos envolvidos em outras patologias. O papel do farmacêutico no campo da prevenção de doenças pode representar um grande diferencial na melhora dos padrões de saúde das pacientes. (BISSON, 2007, p. 239). Apesar de a mulher procurar com maior frequência o auxílio médico hospitalar, a mulher é acometida por diversas enfermidades e isso gera um custo cada vez maior para a sociedade. Os casos de Morbidade e mortalidade feminina são explicados por fatores psicossociais (pobreza, estilo de vida, aumento gradativo na participação do trabalho familiar) e biológicos, em que a grande carga hormonal que a mulher possui também favorece o aparecimento de diversas complicações para a sua saúde. O farmacêutico pode auxiliar na saúde da mulher, inclusive, hoje é muito comum encontrarmos estabelecimentos comerciais (farmácias/drogarias) voltados especialmente para as mulheres. A qualificação do farmacêutico é fundamental para poder prestar as informações essenciais para a saúde da mulher. Na farmácia, seja ela comercial ou hospitalar, devemos sempre orientar sobre a importância do acompanhamento médico-hospitalar feminino, a realização dos exames preventivos regulares, orientar sobre os hábitos que podem prejudicar o futuro da mulher. A estrutura anatômica e fisiológica juntamente com fatores sociais, por si só já influencia o aparecimento de diversas patologias, dentre elas podemos citar a hipertensão, doenças autoimunes, osteoporose, artroses, artrites, desordens AN02FREV001/REV 4.0 124 psicológicas, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), todas elas com frequência mais elevadas nas mulheres do que nos homens. Preocupado com isso o governo vem intensificando a educação da população sobre esse tema, e criando diversos programas para a assistência à Saúde da Mulher. No Brasil, desde 1983, o Programa Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) e a atenção federal à saúde da mulher, são programas voltados exclusivamente para atender as mulheres em todas as etapas da vida. O farmacêutico tem o conhecimento técnico para orientar a população feminina sobre os cuidados com a saúde, sobre o uso correto de medicamentos e principalmente sobre hábitos sociais que possa prejudicá-la. O profissional deve ter profundo conhecimento sobre reposição hormonal, interações medicamentosas, fisiologia feminina, para conseguir prestar uma assistência à saúde feminina com qualidade. A saúde da mulher compreende todas as fases da vida, a infância, adolescência, fase adulta e principalmente, a fase gestante. O profissional deve conhecer as principais características de cada uma dessas fases. O nosso foco principal será um tipo específico de paciente, a da fase gestante. Para aprofundar o conhecimento sobre a saúde da mulher, fica a dica de leitura no site do Governo federal, sobre os programas, o que está sendo feito e o que o profissional pode ajudar. Site: <http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/saude-da- mulher>. 8.1 PACIENTE GESTANTE Essa é uma das fases da mulher que mais precisam de cuidados, pois todo o seu metabolismo é alterado, a utilização de medicamentos deve ser rigorosamente controlada juntamente com a alimentação e hábitos saudáveis de vida. A prescrição de medicamentos para a gestante deve ser realizada com grande cautela, pois o que pode ser terapêutico para a paciente, pode ser prejudicial para o feto, pois muitos fármacos atravessam a barreira placentária, tecido que envolve o embrião, com funções nutritivas e protetoras. AN02FREV001/REV 4.0 125 Algumas características dos fármacos facilitam a passagem dos medicamentos para o feto, podemos citar: Alta lipossolubilidade do fármaco, fármacos não ionizados, moléculas menores atravessam com maior facilidade, perfusão sanguínea da placenta, entre outros. FIGURA 32 - USO DE MEDICAMENTOS NA GESTAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://hmsportugal.wordpress.com/2012/02/16/mitos-e-crencas-na-saude-a- gravida-nao-deve-tomar-medicamentos/>. Acesso em: 20 jul. 2013. É importante saber que a gestante sofre algumas alterações fisiológicas durante a gravidez, fato este que explica os maiores cuidados com este tipo de paciente. Muitas dessas alterações irão ocasionar desconfortos ou até mesmo pequenas complicações, as quais normalmente você utilizaria um medicamento. Dentre as alterações metabólicas mais importantes podemos destacar: ALTERAÇÕES HORMONAIS - Nos primeiros meses de gestação o corpo lúteo é uma importante fonte de produção de progesterona, após 60 dias este papel passa para a placenta. A progesterona reduz a excitabilidade uterina e aumenta a vascularização do corpo e do colo uterino. Outro hormônio importante é o AN02FREV001/REV 4.0 126 estrogênio, baixo no início da gravidez, este hormônio aumenta gradativamente até próximo ao parto. Sua função está intimamente ligada ao crescimento e a excitabilidade uterina, induz aumento da vascularização, hipertrofia e hiperplasia das fibras miometriais. Destacam-seainda os hormônios Gonadotrofina coriônica (função luteotrófica); Hormônios Hipofisários (LH, FSH), aumento da função tireoideana, provavelmente devido à produção de FSH pela placenta. Alterações Anatomofisiológicas - Dentre as alterações mais comuns temos a postura corporal, pois ocorre aumento da distensão abdominal com isso desloca o centro gravitacional da mulher, fazendo com que a mulher altere sua postura normal, ocasionando problemas lombares. Outra alteração bastante relatada são as alterações cardiorrespiratórias, em que ocorre um aumento do consumo de oxigênio pela mãe, aumento de líquido extracelular com pequeno aumento das células sanguíneas, o que acarreta em muitas mulheres casos de anemia. A gestante, devido às alterações neste sistema, possui um débito cardíaco, frequência cardíaca aumentada, assim como uma redução da pressão diastólica e da resistência vascular periférica. O aumento de consumo de oxigênio ocorre devido ao aumento da capacidade respiratória (Ar inspirado + ar expirado) em torno de 40%, elevando com isso a frequência respiratória e podendo ocasionar a alcalose respiratória com excreção renal compensatória de bicarbonato para correção dos níveis de pH. Alterações Gastrintestinais - A gestante possui uma redução da mobilidade gástrica e redução da absorção alimentar, acredita-se que isso acontece devido aos altos níveis de progesterona. Por essa razão a gestante deve ter hábitos saudáveis de vida. Alterações Renais - Como a mulher possui maior quantidade de líquido corporal, ocorre com isso um aumento do fluxo renal plasmático, aumento da taxa de filtração glomerular, levando ao aumento de creatina. Devido ao aumento da taxa de filtração, a gestante passa a ter glicosúria recorrente, aumento da excreção de açúcar na urina. A progesterona age nos rins, mais precisamente nos cálices renais dilatando, facilitando a proliferação de micro-organismos e consequentemente de infecções urinárias recorrentes. AN02FREV001/REV 4.0 127 Alteração na função hepática - A função hepática fica ligeiramente anormal, ocorre diminuição da colinesterase plasmática. Alterações Hematológicas - Devido ao grande aumento de líquido (plasma) e o pequeno aumento dos glóbulos vermelhos, ocorre redução da viscosidade sanguínea, anemias. Na gestante a homeostasia é elevada, devido a elevação dos fatores de Coagulação, sendo um mecanismo de defesa contra sangramentos durante o parto. Alterações Farmacocinéticas - Estas alterações ocorrem em decorrência das alterações fisiológicas no corpo da mulher. A paciente gestante terá os seguintes parâmetros farmacocinéticos alterados: Absorção (Devido às alterações gastrintestinais), Distribuição (Devido ao aumento de líquido extravascular, e a redução das proteínas plasmáticas), Metabolismo (Devido às alterações Hepáticas e renais). Como podemos verificar a gestante sofre intensas mudanças no seu corpo, e isso requer cuidados especiais. O farmacêutico deve conhecer essas alterações para poder orientar de forma correta a gestante, assim como para auxiliar o médico no uso correto de medicamentos para este tipo de paciente. Além das alterações no corpo da mulher, temos o risco de inúmeras complicações para o embrião/feto com o uso de medicamentos, drogas lícitas e ilícitas. Segue abaixo as categorias de riscos para drogas na gestação, segundo a Food and Drug Administration (FDA) em 1980 e revisada em 2002. AN02FREV001/REV 4.0 128 Tabela 09 - Categoria de Risco para o uso de drogas na gestação FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482- 50042005000300007>. Acesso em: 20 jul. 2013. Os profissionais envolvidos no atendimento à gestante devem conhecer profundamente esta classificação e, por conseguinte a categoria dos fármacos utilizados para as gestantes, para evitar eventuais problemas. Vou citar alguns exemplos de fármacos e suas categorias: Anestésicos locais - Endofluorano (categoria B) / Metoxifluorano (Categoria C). Anestésicos intravenosos - Ketamina (Categoria B) / Tiopental (Categoria C). AN02FREV001/REV 4.0 129 Anestésicos Locais - Tetracaína (Categoria C). AINEs - AAS e salicilatos (categoria C), Paracetamol (Categoria B). Anticolinérgicos - Escopolamina (Categoria C). Antitussígenos, expectorantes e mucolíticos - Acetilcisteína (Categoria B), Guaifenesina e Dextrometorfano (Categoria C). Antiácidos gástricos - Hidróxido de alumínio, cálcio e magnésio (Categoria C). Antieméticos - Metoclopramida (Categoria B). Laxantes - Ágar (Categoria B). Antibióticos - Cefalosporinas Eritromicinas, Ácido Nalidíxico e Penicilinas (Categoria B), Tetraciclinas (Categoria D). Antiparasitários - Metronidazol (Categoria B), Clotrimazol (Categoria C). Além das informações farmacológicas e metabólicas o profissional tem que orientar a paciente sobre hábitos saudáveis, dentre eles podemos destacar: Visita regular ao seu médico; Dieta balanceada, com suplementos vitamínicos; Fazer exercícios físicos regulares, sempre com a orientação do médico e do educador físico; Abolir o uso de drogas lícitas e ilícitas; Evitar certos tipos de exames e ambientes (Raios-x, saunas, etc.); Cuidar da higiene pessoal para evitar possíveis infecções. Como podemos verificar são medidas simples e de fácil realização, o farmacêutico deve sempre enfatizar sobre os benefícios de uma vida saudável e os perigos que pode ocasionar para a gestante e o seu bebê o não cumprimento das orientações do profissional da saúde, seja ele, médico, farmacêutico, nutricionista, entre outros. O farmacêutico deve salientar a importância do seguimento farmacoterapêutico, explicando o funcionamento de cada medicamento e suplemento alimentar que a gestante esteja tomando. Na consulta farmacêutica, o profissional deve verificar a existência de possíveis interações medicamentosas, ou interações dos alimentos com os medicamentos. É importante explicar as diferentes AN02FREV001/REV 4.0 130 fases da gravidez, explicando sobre os cuidados que a gestante deve tomar. Na figura abaixo segue algumas dicas para cada fase da gestação. AN02FREV001/REV 4.0 131 FIGURA 33 - FASES DA GESTAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/06/especialistas-tiram-duvidas- sobre-gravidez-e-cuidados-com-bebes.html>. Acesso em: 20 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 132 É importante que a gestante tenha um acompanhamento multidisciplinar em todas as fases da gestação e o farmacêutico deve salientar sobre a importância de procurar uma assistência à saúde. 8.2 USO DE MEDICAMENTOS NA LACTAÇÃO Vimos à importância do profissional na saúde da gestante, iremos perceber que este cuidado segue após o parto, principalmente no aleitamento materno, pois inúmeros fármacos são excretados pelo leite e acaba agindo no recém-nascido. O Farmacêutico deve orientar a lactante para que ela continue seguindo as orientações da gestação, os mesmos cuidados e hábitos saudáveis de vida. O ato de amamentar é muito importante para a saúde do bebê, por esse motivo a mamãe não deve se automedicar, não deve utilizar bebidas alcoólicas, tabaco, entre outros. O farmacêutico deve enfatizar a importância do seguimento nutricional para a mãe e para o bebê com um profissional capacitado. É importante explicar para a mãe como os medicamentos que ela utiliza podem agir no seu bebê. O recém-nascido tem alguns dos seus órgãos ainda em formação, principalmente o rim e o fígado. Inúmeros fármacos atuam nesses dois órgãos, podendo causar toxicidade. Outro fator é a massa corpórea do bebê, pois o medicamento que a mamãe está utilizando é adequadopara o seu tamanho e massa corpórea, e ele pode ser excretado quase que inalterado pelo leite para o bebê, um ser infimamente menor, podendo acumular e causar sérios danos à saúde do bebê. Na tabela 10 temos alguns exemplos de drogas contraindicadas durante a amamentação, e os riscos que podem ocasionar para o bebê. AN02FREV001/REV 4.0 133 Tabela 10 - Drogas contraindicadas na lactação FONTE: Disponível em: <http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=21&id_detalhe=1975&tipo_detalhe=s>. Acesso em: 20 jul. 2013. Na próxima tabela, listamos as principais classes farmacológicas e as recomendações de usos, é uma boa dica para o profissional na hora da orientação à paciente lactante. AN02FREV001/REV 4.0 134 Tabela 11 - Recomendações no uso de Fármacos na lactação AN02FREV001/REV 4.0 135 FONTE: Disponível em: <http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=21&id_detalhe=1975&tipo_detalhe=s>. Acesso em: 20 jul. 2013. O Farmacêutico deve sempre avaliar a necessidade da terapia medicamentosa, se afirmativo, devemos orientar a paciente que procure o seu médico ou o pediatra. A medicação que for prescrita deve ter reconhecida segurança para a mãe e o bebê, o prescritor deve preferir o uso de medicamentos que já tenham estudos sobre segurança e eficácia, evitar a prescrição de drogas de ação prolongada, se possível escolha medicamentos pouco permeáveis a barreira hematoencefálica, prefira medicamentos com um único princípio ativo aos combinados, entre outras orientações. AN02FREV001/REV 4.0 136 A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção cuidadosa dos medicamentos geralmente permitem que a amamentação continue sem interrupção e com segurança. (BISSON, 2007) 8.3 PACIENTE PEDIÁTRICO Para este tipo de paciente você pode utilizar as recomendações para a paciente gestante e lactante. Além daquelas recomendações, a colaboração dos pais para o sucesso terapêutico é muito importante, pois a criança não tem discernimento da doença e dos riscos que o mau uso do medicamento pode ocasionar. Para realizar um acompanhamento farmacoterapêutico correto no paciente pediátrico, é necessário avaliar corretamente todos os fatores da criança, se ela possui alguma característica limitante e outros. O farmacêutico deve avaliar se o fármaco prescrito, a dose, a hora das tomadas, a via de administração são corretas para aquele tipo de paciente. É obrigação do farmacêutico, conhecer os mecanismos de ação dos medicamentos utilizados, interações farmacêuticas, a farmacocinética das drogas, interações alimentares. O profissional deve orientar os familiares sobre a importância dos medicamentos para a patologia da criança, sobre a importância das tomadas corretas. O farmacêutico deve orientar a família sobre: nome correto do fármaco, objetivo da terapia farmacológica, a importância da quantidade administrada, frequência da administração, duração do tratamento, efeitos que podem ocorrer com o medicamento. O farmacêutico deve salientar que qualquer evento diferente daqueles que ele relatou para a família indica que a criança está tendo um efeito secundário ou não esperado do medicamento, devendo imediatamente buscar auxílio hospitalar. Como são inúmeras as informações que serão passadas para a família, o farmacêutico deve realizar uma simples verificação para ver se realmente a família entendeu as orientações e procedimentos. Lembre-se que a consulta farmacêutica AN02FREV001/REV 4.0 137 deve ser toda documentada. Na primeira consulta devemos solicitar a carteira de vacinação da criança para verificar se ele está em dia com as vacinas regulares. Caso não esteja, é importante salientar para os familiares a importância da vacinação, e os riscos que pode acarretar para a criança, a não vacinação. A atenção farmacêutica para o paciente pediátrico envolve inúmeras ações de Saúde Pública, tais como: Epidemiologia, vigilância do crescimento e desenvolvimento da criança, acompanhamento de vacinação, sinais e sintomas clínicos da criança e a farmacoterapia pediátrica. FIGURA 34 - CALENDÁRIO VACINAÇÃO INFANTIL FONTE: Disponível em: <http://www.miscelaneaartes.com/2012/08/novo-calendario-de-vacinacao- infantil_21.html>. Acesso em: 20 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 138 O papel do Farmacêutico neste tipo de paciente é de orientação tanto dos medicamentos que a criança está utilizando, como também sobre as patologias que a criança possa ter principalmente aquelas mais corriqueiras, tais como: cólicas, diarreia, náuseas, febre, entre outras. Portanto, quanto maior o conhecimento sobre as doenças e os tratamentos para este seguimento de paciente, melhor será a conduta e a atenção farmacêutica. 9 USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS As doenças infecciosas são responsáveis por grande parte das internações e complicações que motivam consultas médicas. Os antimicrobianos são substâncias capazes de interagir com micro-organismos unicelulares ou pluricelulares que causam infecções no homem, de diversas maneiras, interferindo na ação dos mesmos, matando-o ou inibindo seu metabolismo e/ou sua reprodução, permitindo ao sistema imunológico combatê-lo com maior eficácia. Dessa forma, segundo Marliére (2000), os antibióticos constituem uma categoria de medicamentos amplamente utilizados em atenção primária, sendo uma das classes de medicamentos mais utilizadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de cinquenta por cento dos antibióticos é prescrito de forma inadequada, permitindo assim a resistência de bactérias aos antibióticos disponíveis clinicamente se tornando um problema de saúde pública em todo o mundo. Além disso, o custo financeiro de uma terapia fracassada por conta de micro-organismos resistentes é muito grande, gerando um aumento do custo do sistema público de saúde. De acordo com a ANVISA, estima-se que em 2009, no Brasil, o comércio de antibióticos movimentou R$ 1,6 bilhões de reais. Bactérias resistentes geram novas consultas, novos exames, diagnósticos, nova prescrição, sem contar a provável internação e ocupação dos leitos hospitalares. Pode-se verificar que a prática da automedicação e o acesso não AN02FREV001/REV 4.0 139 controlado a medicamentos são fatores que agravam o quadro geral de uso destes, principalmente dos antimicrobianos. Nascimento (2003) afirma que os antibióticos oferecem risco de toxicidade ao organismo humano, o qual está relacionado às doses administradas. Outra classe de risco citada pelo autor refere-se às reações de hipersensibilidade atribuídas à idiossincrasia ou a sensibilidade atribuída ao antimicrobiano. Para Mota et al. (2005), os prejuízos que os antibióticos podem causar à saúde humana incluem efeitos tóxicos diretos, indução de alergias e desenvolvimento de resistência. Diante destes fatos o problema de pesquisa consiste em questionar: Quais são os malefícios causados pelo uso indiscriminado de antimicrobianos? Um grande problema encontrado é quando o paciente não utiliza corretamente o antibiótico, ou por falta de condição financeira, quando não compra a quantidade de medicamento adequada para o tratamento. Quando se trata de antibióticos este requisito se torna indispensável, uma vez que o tratamento deve ser cumprido até o final, sob pena de, sendo interrompido antes do tempo determinado pelo médico, causar a chamada resistência bacteriana. Outro problema que encontramos na prática é a prescrição incorreta do antimicrobiano. Para Brinks (2003) o uso inadequado em infecções de etiologia viral já foi extensamente discutido na literatura e dados recentes dão conta de que aproximadamente 55% de infecção de etiologia viral são administrados antibióticos com finalidade profiláticae terapêutica. Segundo o autor, estudo prévio conduzido na Cidade de São Paulo verificou que 68% dos antimicrobianos prescritos para crianças menores de sete anos com infecções respiratórias agudas eram inadequados; a maioria foi indicada para resfriado comum. Nos casos de otites e amidalites, os maiores problemas encontrados foram: a escolha do antimicrobiano de amplo espectro e/ou alto custo, tempo curto de tratamento, erros no intervalo entre as doses administradas ou prescrições de antimicrobianos ineficazes para erradicação do estreptococo da orofaringe. O manejo inadequado da terapêutica antimicrobiana tem levado a dados assustadores nos níveis de resistência bacteriana. O principal patógeno associado às infecções aéreas, o Streptococcus pneumoniae aumentou de 2,5% para 13% seus níveis de resistência aos derivados penicilínicos. AN02FREV001/REV 4.0 140 Os antibióticos alteram a flora microbiana normal do paciente e também do ambiente, e o uso inadequado exerce uma pressão relativa no aparecimento de micro-organismos resistentes, é primordial reconhecer os principais erros, para se evitar o uso inadequado de antimicrobianos. Segue abaixo os principais erros que devem ser evitados: Escolha errada do antibiótico; Dosagem inadequada; Tempo de tratamento errado; Prescrição de antibiótico sem a certeza da etiologia da doença; Via de administração inadequada; Entre outros. FIGURA 35 - RESISTÊNCIA BACTERIANA FONTE: Disponível em: <http://new.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=1187>. Acesso em: 22 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 141 Como podemos verificar na figura 35, alguns fatores contribuem para o aparecimento da resistência bacteriana. A ANVISA percebendo a gravidade da situação agiu de forma contundente e criou legislações para proteger a saúde da população. Hoje em dia os medicamentos antibióticos ou que contenham antibióticos estão sob controle, sendo que, somente podem ser comercializados com a retenção da prescrição. É um grande avanço para a saúde no Brasil, pois obriga o cidadão a procurar a assistência médica e obriga o estabelecimento farmacêutico a dispensar somente com a retenção de receita e com a orientação do farmacêutico. FIGURA 36 - CONTROLE DE ANTIBIÓTICOS FONTE: Disponível em: <http://sinfargo.org.br/site/sem-categoria/audiencia-publica-na-camara- municipal-discute-resolucao-que-trata-do-controle-de-antibioticos/>. Acesso em: 22 jul. 2013. Como podemos perceber o farmacêutico exerce um papel fundamental para conseguir resultados positivos na eficácia do tratamento, segurança para o paciente, inclusive economia financeira, com o uso racional, para o estabelecimento hospitalar. AN02FREV001/REV 4.0 142 O farmacêutico pode auxiliar no uso racional de antibióticos tanto nos estabelecimentos comerciais como no ambiente hospitalar. Para isso, este profissional deve conhecer os princípios gerais para o uso de antibióticos: Conhecer a farmacologia dos Antimicrobianos disponíveis; O profissional deve ter um diagnóstico bacteriológico antes de iniciar o tratamento; Ter certeza de qual tipo de bactéria se trata (Gram-positivo ou Gram- negativo); Realizar o teste de sensibilidade aos antibióticos - Antibiograma; Saber o histórico do paciente, este possui alergia ao medicamento; Não utilizar antibióticos apenas na presença de febre e na ausência de infecção; Em casos de emergência, na qual não teve tempo hábil para o resultado do teste de sensibilidade, e já entramos com antibioticoterapia, e não surtiu efeito dentro de 03 dias, devemos considerar: O agente infeccioso não é o suspeitado no início, ou é resistente; Presença de alergia ao medicamento; Existem outros focos infecciosos; Sistema imunológico reduzido; A etiologia da infecção não é bacteriana; Para o sucesso do uso racional de antibiótico, o paciente deve aderir ao tratamento, seguindo todas as orientações; Verificar a presença de outros antimicrobianos, com valor reduzido e com mesma eficácia, para que o paciente com pouco poder aquisitivo, não pare o tratamento pela metade; Verificar a interação farmacológica com outros medicamentos ou alimentos; Monitoração laboratorial das funções hepáticas e renais do paciente. Entre outras. Aqui estão elucidados alguns princípios gerais para a utilização de antibióticos de forma racional. AN02FREV001/REV 4.0 143 O reconhecimento de todos esses fatores e o exercício adequado do controle do uso racional de antimicrobianos possibilita na redução da resistência bacteriana, por este motivo, o farmacêutico deve orientar da melhor forma possível os seus pacientes, sempre mostrando a importância do uso correto do medicamento e o seguimento correto do tratamento. Podemos verificar algumas informações valiosas para a prática da Farmácia Clínica, no ramo do uso racional de antimicrobianos, tentamos mostrar a importância do profissional e os perigos para a saúde da população, quando o farmacêutico não realiza a orientação sobre o uso adequado dos medicamentos. 10 FARMACOLOGIA CLÍNICA A farmacologia é o estudo dos conceitos básicos e relativamente comuns a todos os fármacos. Portanto a Farmacologia Clínica é o estudo da aplicação clínica dos fármacos. Para entendermos um pouco melhor a Farmacologia, ela é dividida em alguns parâmetros: parâmetros Farmacodinâmicos e farmacocinéticos. A farmacodinâmica estuda a ação do medicamento no organismo humano, inclusive todas as relações que o fármaco tem com os receptores correspondentes e suas ações. Já a Farmacocinética é o caminho que a droga percorre desde a administração até a chegada ao sítio de ação. Durante este caminho a droga pode desencadear algumas reações. A aplicação da farmacologia clínica proporciona maior segurança e efetividade ao tratamento, assim como racionalidade às prescrições médicas. AN02FREV001/REV 4.0 144 10.1 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA Como dito anteriormente a farmacocinética pode ser entendida como o caminho percorrido pelo medicamento dentro do organismo humano até a chegada ao sítio de ação. Já a farmacocinética clínica está relacionada aos efeitos farmacológicos da droga durante este trajeto pelo corpo humano e todas as suas relações. Para um entendimento melhor da farmacocinética, ela é dividida em outros parâmetros: Absorção, distribuição, meia-vida plasmática, biodisponibilidade e eliminação. ABSORÇÃO - é a passagem do fármaco do local onde é administrado até a corrente sanguínea. Portanto, nas administrações endovenosas, não ocorre absorção, pois não ocorre passagem, o fármaco é administrado diretamente na corrente sanguínea. DISTRIBUIÇÃO - é a passagem do fármaco da corrente sanguínea para os tecidos. Quanto mais lipossolúvel o fármaco for, maior quantidade de medicamento alcançará os tecidos. MEIA-VIDA PLASMÁTICA - é o tempo necessário para que metade do fármaco administrado seja eliminado. É um importante parâmetro farmacocinético, pois por meio dele podemos adequar à posologia dos medicamentos, evitando com isso o acúmulo da droga ou a falta da mesma. BIODISPONIBILIDADE - pode-se dizer que é a quantidade da droga / fármaco que chega a circulação sistêmica e que está apta para atingir o seu local de ação. Os fármacos administrados por via Endovenosa estão com 100% de biodisponibilidade. AN02FREV001/REV 4.0 145 EXCREÇÃO OU ELIMINAÇÃO - é a saída do fármaco do organismo na forma inalterada ou em seus metabólitos ativos ou inativos. A eliminação varia de acordo com as características físico-químicas da substância a ser eliminada. Além desses parâmetros que foram exemplificados, temos outras características que podem ocorrer, sãoeles: BIOTRANSFORMAÇÃO - Quando a droga passa pelo fígado, as enzimas microssomais hepáticas metabolizam a droga, ora transformando em metabólitos prontos para serem eliminados, ora transformando em metabólitos ativos para realizarem suas ações farmacológicas (Pró-fármacos). EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM - só ocorre na administração oral ou retal, não ocorre nas outras vias. O efeito de primeira passagem é a passagem do fármaco pelo fígado, onde o mesmo é metabolizado e eliminado, diminuindo assim a quantidade de fármaco biodisponível. INDUÇÃO ENZIMÁTICA - é o aumento da metabolização hepática das enzimas microssomais (citocromo P450), aumentando com isso a eliminação dos fármacos. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA - é a diminuição da metabolização hepática das enzimas microssomais (citocromo p450), aumentando com isso a biodisponibilidade dos fármacos. AN02FREV001/REV 4.0 146 FIGURA 37 - RESUMO DAS ETAPAS DA FARMACOCINÉTICA FONTE: Disponível em: <http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=6&materia_id=40&materiaver=1>. Acesso em: 22 jul. 2013. Aqui estão alguns parâmetros farmacocinéticos no qual você deve ter pleno conhecimento para a aplicação na prática clínica. O farmacêutico deve aplicar a teoria farmacológica no seu cotidiano profissional, pois somente assim conseguirá resolver a maioria das queixas dos seus pacientes. AN02FREV001/REV 4.0 147 10.2 FARMACODINÂMICA CLÍNICA A farmacodinâmica pode ser definida de uma maneira geral como sendo o estudo das diversas interações do fármaco com o seu receptor, ou seja, é definida como sendo o estudo dos mecanismos de ação dos fármacos no organismo humano. Quando nos referimos a receptor, estamos falando de qualquer componente molecular (macro ou micromolecular) com função definida no organismo e que tenha a possibilidade de interação com o fármaco e esta interação possa gerar uma resposta biológica modulada ou alterada. AN02FREV001/REV 4.0 148 FIGURA 38 - TIPOS DE INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS - FÁRMACO - RECEPTOR FONTE: Disponível em: <http://resumosdosegunda.wordpress.com/category/farmacologia-1/page/2/>. Acesso em: 22 jul. 2013. São diversos os tipos de interações, e cada receptor pode gerar uma resposta específica no organismo. Os fármacos podem atuar nesses receptores de algumas maneiras, dentre elas podemos destacar: Agonistas - são aqueles fármacos que quando ligados ao receptor fisiológico imita os efeitos fisiológicos dos compostos endógenos de sinalização. O agonista tem grande afinidade pelo receptor e é capaz de ativá-lo a realizar suas funções fisiológicas. Os agonistas podem ser divididos em: AN02FREV001/REV 4.0 149 Agonista total - é o agonista que tem capacidade de se ligar ao receptor específico e proporcionar uma resposta máxima. Agonista parcial - é o agonista que tem a capacidade de se ligar ao receptor específico, mas não tem a capacidade de gerar uma resposta máxima. Agonista inverso - é o agonista que tem a capacidade de se ligar ao receptor específico, mas atua de modo a abolir a atividade intrínseca do receptor livre, ou seja, desativa o receptor, produzindo um efeito inverso ao do agonista. Antagonistas - são aqueles fármacos que têm afinidade pelo receptor, mas ao se ligar ao receptor específico, inativa o receptor, sem gerar efeito fisiológico. FIGURA 39 - MODELO CHAVE-FECHADURA FONTE: Disponível em: <http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarTema.php?idTema=15>. Acesso em: 22 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 150 O modelo chave-fechadura exemplifica de forma clara as interações farmacodinâmicas, como podemos verificar na figura 39. A chave correta se ligar ao receptor fisiológico gerando uma resposta, se for um agonista total, gerará uma resposta biológica máxima. Já com um agonista parcial, ou seja, a chave modificada, temos uma afinidade entre o agonista e o sítio de ligação, na qual gerará uma resposta biológica, mas que não alcançará o pico máximo. Em contrapartida, a chave falsa, ou o antagonista, ele terá uma grande afinidade pela fechadura, mas não conseguirá ativá-la, apenas estará bloqueando, fazendo com que o sítio receptor não tenha resposta biológica. É imprescindível o conhecimento da farmacodinâmica das drogas, pois somente desta maneira conseguiremos realizar um atendimento ao paciente com qualidade. O acompanhamento farmacoterapêutico exige um vasto conhecimento do profissional e uma constante atualização profissional. Exemplificamos de forma simples a farmacologia clínica, e as principais características, ou pelo menos, as características básicas que o profissional deve ter para o exercício da Farmácia clínica. 10.3 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS FINAIS O farmacêutico na prática clínica deve avaliar cada parâmetro farmacológico na escolha do regime terapêutico, por esse motivo deve conhecer muito bem cada etapa do processo farmacológico. O profissional deve estar ciente que cada paciente responde de uma determinada maneira ao mesmo tratamento, por este motivo o paciente deve ser avaliado individualmente. A distribuição e eliminação são exemplos de parâmetros farmacocinéticos que ocorre variabilidade entre os pacientes. Deve ser levado em conta na prática da Farmácia Clínica o estado nutricional dos pacientes, pois pacientes obesos tem a tendência de acumular drogas lipofílicas, podendo ocasionar intoxicação, o profissional deve estar atento as diferenças interpacientes. Alguns estudos demonstram que estados patológicos e/ou fisiológicos por si só alteram a distribuição e eliminação de muitos fármacos. AN02FREV001/REV 4.0 151 Outro fator que o farmacêutico deve avaliar são as características da droga, muitas drogas possuem efeitos adversos no organismo, dentre eles podemos citar o efeito hepatotóxico e o comprometimento da função renal. Para estes tipos de pacientes o profissional deve agir com cautela e bom senso. Lembre-se que pacientes idosos e crianças, têm suas funções hepáticas e renais ainda em formação (no caso das crianças) e em falência (no caso dos idosos), por isso a escolha do medicamento deve ser considerada de acordo com a característica de cada paciente. Veja na figura abaixo, os danos que o medicamento (Paracetamol) pode ocasionar no fígado. AN02FREV001/REV 4.0 152 FIGURA 40 - INTOXICAÇÃO HEPÁTICA - PARACETAMOL FONTE: Disponível em: <http://www.blogdajoice.com/ministerio-da-justica-anuncia-recall-de-3- milhoes-de-embalagens-de-tylenol/>. Acesso em: 22 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 153 Outro efeito que o farmacêutico deve estar atento é sobre a tolerância aos medicamentos. O corpo humano tem a capacidade de não responder ao estímulo de certos tipos de medicamentos com o uso prolongado. Isso ocorre na maioria das vezes devido à falta de orientação ao paciente e pela automedicação. Pois, o paciente utiliza o medicamento por um período de tempo acima do necessário, desencadeando o processo de tolerância farmacológica. Você Sabia que o uso contínuo de descongestionantes nasais pode ocasionar problemas cardíacos, tais como a taquicardia? AN02FREV001/REV 4.0 154 FIGURA 41 - DESCONGESTIONANTE NASAL FONTE: Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/uso-abusivo-de- descongestionante-nasal-pode-causar-arritmia-pressao-alta-ate-trombose-8012094.html>. Acesso em: 22 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 155 Por fim, o farmacêutico deve ficar atento aos efeitos idiossincráticos dos medicamentos,sabe-se que muitos casos de reações aos medicamentos ocorrem devido à falta de observância se o paciente tem uma hipersensibilidade aumentada àquele determinado medicamento. Certo tipo de medicamentos tem maiores propensões de causarem reações de hipersensibilidade. FIGURA 42 - CUIDADOS GERAIS - REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE FONTE: Disponível em: <http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/05/22/noticia_saudeplena,143457/fique- atento-as-reacoes-alergicas-extremas.shtml>. Acesso em: 22 jul. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 156 Estas reações normalmente são causadas por variabilidade genética no metabolismo da droga, ou por processos imunológicos - reações alérgicas. Por esse motivo a orientação farmacêutica é muito importante, podendo reduzir e muito estes tipos de reações. No presente curso podemos verificar todas as etapas da atenção dentro de uma Farmácia Clínica, inclusive com os protocolos de atendimentos farmacêuticos de alguns tipos específicos de pacientes. Cabe a você profissional buscar mais informações para melhorar sua conduta profissional perante o paciente e a outros profissionais da saúde. Lembre-se que o farmacêutico é fundamental para a saúde da população no que tange o tratamento farmacológico, mas não se esqueça de que ele não é o único, na maioria das atividades o ideal é o acompanhamento multiprofissional, cada um respeitando o seu espaço. Se você quiser se aprofundar na Farmácia Clínica e na atenção farmacêutica eu lhe aconselho visitar o site da ANVISA <www.anvisa.gov.br>, lá você encontrará uma gama completa de artigos e textos que explana sobre esse assunto. FIM DO MÓDULO IV AN02FREV001/REV 4.0 157 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/glossario/glossario_f.htm>. Acesso em: 11 jun. 2013. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA. Disponível em: <http://semanaracine.com.br/tag/assistencia-farmaceutica/>. Acesso em: 14 jun. 2013. ATENÇÃO FARMACÊUTICA ESTUDANTIL PERMANENTE - AFEP - Disponível em: <http://afepunesp.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html#.Ub_Kmfk3vRM>. Acesso em: 17 jun. 2013. BISSON, Marcelo P. Farmácia Clinica e Atenção Farmacêutica. São Paulo: Medfarma, 2003.cap. 2, p70 - 110. BLOG DOO HOSPITAL REGIONAL HANS DIETER SCHMIDT. Disponível em: <http://hrhds.blogspot.com.br/2012/01/farmaceutico-parabens-pelo-seu-dia.html>. 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