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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1 HISTÓRICO DA FARMÁCIA CLÍNICA 
1.1 PRINCÍPIOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
1.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
1.3 PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
2 PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS 
2.1 SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA 
2.2 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES 
2.2.1 Método de Dáder 
2.3 REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS - RAM 
3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
 
 
MÓDULO II 
4 FERRAMENTAS DA FARMÁCIA CLÍNICA 
4.1 FARMACOVIGILÂNCIA 
4.2 FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
4.3 FARMACOECONOMIA 
4.3.1 Custos 
4.3.2 Tipos de Análise Econômica 
4.4 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA 
5 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS - CIM 
5.1 MEDICAMENTOS ESSENCIAIS 
5.1.1 Critérios de Seleção dos Medicamentos Essenciais 
5.1.2 Promoção do Uso Racional de Medicamentos 
5.2 PESQUISA CLÍNICA 
5.2.1 Fases do estudo Clínico 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
MÓDULO III 
6 PROTOCOLOS CLÍNICOS 
6.1 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA 
7 FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM GRUPOS 
ESPECÍFICOS DE PACIENTES 
7.1 PACIENTE HIPERTENSO 
7.1.1 Investigação Clínica e Decisão Terapêutica 
7.1.2 Tratamento Não Farmacológico 
7.1.3 Tratamento Medicamentoso 
7.2 PACIENTE DIABÉTICO 
7.2.1 Diagnóstico 
7.2.2 Prevenção 
7.2.3 Esquemas Farmacoterapêuticos 
7.3 PACIENTE DISLIPIDÊMICO 
7.3.1 Tratamento farmacoterapêutico 
7.4 PACIENTE ASMÁTICO 
7.4.1 Atendimento ao Paciente Asmático 
7.5 PACIENTE ONCOLÓGICO 
7.5.1 Protocolo de Acompanhamento 
7.6 PACIENTE IDOSO 
7.6.1 Princípios de Prescrição de Drogas para Idosos 
 
 
MÓDULO IV 
8 SAÚDE DA MULHER 
8.1 PACIENTE GESTANTE 
8.2 USO DE MEDICAMENTOS NA LACTAÇÃO 
8.3 PACIENTE PEDIÁTRICO 
9 USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS 
10 FARMACOLOGIA CLÍNICA 
10.1 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA 
10.2 FARMACODINÂMICA CLÍNICA 
10.3 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS FINAIS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 HISTÓRICO DA FARMÁCIA CLÍNICA 
 
 
Ao final da segunda Guerra Mundial dá-se início a história da farmácia 
clínica moderna. Devido ao ambiente de grande desenvolvimento tecnológico e 
econômico, ocorreu o lançamento de diversos medicamentos e a entrada de uma 
tecnologia farmacêutica capaz de uma produção em grande escala. 
O grande desenvolvimento tecnológico, principalmente dos EUA, fez com 
que houvesse uma inversão de valores, diminuindo a produção de medicamentos de 
manipulação magistral (manipulação de fármacos de forma rústica e em pequena 
escala), para a produção de medicamentos em grande escala, por meio da indústria 
farmacêutica. 
Por intermédio desses fatos, os farmacêuticos começaram a repensar o 
currículo dos cursos de Farmácia, tendo um direcionamento para as atividades 
clínicas. Isso acarretou em uma mudança no eixo de pensamento, em que o 
farmacêutico começa migrar da manipulação para a assistência aos pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
 
FIGURA 01 - INDÚSTRIA FARMACÊUTICA NA 2ª GUERRA MUNDIAL 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.tevabrasil.com.br/main/sobre-nos/linha-do-tempo/>. 
Acesso em: 11 jun. 2013. 
 
 
A partir da década de 60, devido ao uso indiscriminado do medicamento 
talidomida e as sequelas trágicas por ele ocasionadas, ocorreu uma maior 
preocupação com o usuário do medicamento, sendo que, tornou-se imprescindível a 
avaliação clínica das novas drogas e o acompanhamento em longo prazo dos 
medicamentos comercializados. 
Começam a surgir nessa ocasião às ciências como a farmacoepidemiologia1 
e a farmacovigilância2 em que, o acompanhamento do uso dos medicamentos 
comercializados começa a melhorar a segurança do usuário de medicamentos. 
 
 
 
 
 
1Segundo a ANVISA, podemos definir a Farmacoepidemiologia como sendo a aplicação do método e 
raciocínio epidemiológico no estudo dos efeitos - benéficos e adversos - e do uso de medicamentos 
em populações humanas. (Portaria nº 3.916/MS/GM, de 30 de outubro de 1998) 
2Segundo a ANVISA, podemos definir a Farmacovigilância como sendo a identificação e avaliação 
dos efeitos, agudos ou crônicos, do risco do uso dos tratamentos farmacológicos no conjunto da 
população ou em grupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. (Portaria nº 3.916/MS/GM, 
de 30 de outubro de 1998) 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
 
 
FIGURA 02 - TRAGÉDIA DA TALIDOMIDA 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0506/talidomida/efeitos.htm>. 
Acesso em: 11 jun. 2013 
 
 
O mundo passava por uma transformação intensa neste período, e as 
Ciências Farmacêuticas não ficaram para traz, acompanhando toda esta mudança 
pós-guerra. Entretanto, elas não chegaram ao nosso país, nesse primeiro momento, 
pois o modelo adotado aqui contemplava a formação por meio das habilitações nas 
áreas de análises clínicas, industrial ou de alimentos. E as disciplinas da área 
clínica, farmacologia clínica, farmacoterapia e semiologia eram praticamente 
inexistentes na prática, enquanto as disciplinas voltadas para a química (geral, 
orgânica, analítica e físico-química) dominavam a grade curricular dos cursos de 
farmácia. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
No país, esse panorama começou a alterar, quando farmacêuticos em 
hospitais começaram a introduzir novas técnicas de dispensação, tais como: dose-
unitária e as atividades clínicas na rotina de trabalho. Na década de 80, começaram 
a surgir nos cursos de graduação de Farmácia, em algumas instituições de ensino 
superior, as disciplinas de Farmácia hospitalar, Farmácia clínica e farmacoterapia, 
gerando o início das atividades clínicas também fora dos hospitais. 
Por volta de 1990 o farmacêutico retorna às origens e reencontra a vocação 
assistencial, nesse mesmo período surge à atenção farmacêutica, sendo 
considerada, hoje em dia, a principal atividade do farmacêutico. 
A atenção farmacêutica é um processo dinâmico e que abrange diversas 
áreas, tais como: anamnese, análise, orientação, seguimento, conhecimentos de 
farmacologia, patologia, semiologia, interpretação de dados laboratoriais e as 
relações interpessoais. 
Mais recentemente ocorreu a introdução do perfil generalista para as 
faculdades de farmácia, com o foco voltado para as atividades clínicas, em que 
ganhou grande destaque as disciplinas de Farmácia clínica, farmacoterapia, 
Farmacologia clínica e atenção farmacêutica. 
 
 
FIGURA 03 - FARMACÊUTICO GENERALISTA 
 
FONTE: Disponível em: <http://hrhds.blogspot.com.br/2012/01/farmaceutico-parabens-pelo-seu-
dia.html>. Acesso em: 11 jun. 2013. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
Hoje a prática clínica na farmácia é um instrumento imprescindível para o 
sucesso terapêutico, assim como uma peça fundamental e segura na dispensação e 
administração de fármacos, para o paciente. 
Para que os farmacêuticos possam desempenhar, da melhor forma possível, 
a farmácia clínica e a assistência farmacêutica, possibilitando com essas 
ferramentas aumentar a eficácia e segurança da terapia, ele deve estar muito atento 
às novidades do ramo, assim como devem estar muito bem informados, 
principalmentesobre o uso racional de medicamentos e a farmacoterapia. 
É preciso deixar bem claro que a Farmácia Clínica não está exclusivamente 
voltada para o ambiente hospitalar, sendo que, ela pode ser exercida em todas as 
áreas de atuação do farmacêutico, em que ele esteja em contato direto com o 
paciente. 
Na farmácia clínica o objetivo principal é alcançar os resultados, ou seja, a 
cura do paciente. Por meio do nosso curso, o farmacêutico terá as ferramentas 
básicas de trabalho para o exercício da farmácia Clínica. 
Aquele profissional que deseja trabalhar em contato direto com os pacientes, 
exercendo a clínica farmacológica, deve ter uma série de conhecimentos e 
habilidades específicas, as quais serão discutidas no decorrer do nosso curso. 
 
 
1.1 PRINCÍPIOS DA FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
 
 
Na atualidade, o profissional que deseja trabalhar na Farmácia Clínica, 
exercendo principalmente a atenção farmacêutica, precisa ter muito bem definidos 
alguns conceitos, e saber o tamanho de sua responsabilidade para o sucesso 
farmacoterapêutico do paciente. 
Com a atenção farmacêutica você poderá melhorar os resultados clínicos, 
por meio de um direcionamento da terapia farmacológica, com aconselhamentos de 
condutas terapêuticas, programas educativos sobre os medicamentos, e até mesmo 
a elaboração de protocolos clínicos terapêuticos. 
Para que se alcance este objetivo, você deve estabelecer estes protocolos e 
principalmente realizar um acompanhamento / monitoramento dos resultados junto 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
ao paciente. É muito importante que o profissional esteja sempre motivando o 
paciente, para que o mesmo não abandone o tratamento farmacológico. 
O farmacêutico é o profissional da saúde mais próximo da população, por 
isso, é uma peça fundamental para o sucesso e adesão do paciente ao tratamento 
farmacológico. O tratamento e as condutas podem ser realizados de forma 
individual, em grupos ou em família. Cabe ao profissional identificar qual a melhor 
conduta a ser realizada. 
Sendo o farmacêutico, o elo do processo paciente/medicamento, você deve 
sempre que possível realizar um trabalho multidisciplinar, informando os outros 
profissionais envolvidos, sobre os possíveis erros ou melhorias que podem ser 
adotadas na terapia, para que o paciente assuma o tratamento farmacológico da 
forma correta. 
Diversos estudos apontam que uma atenção farmacêutica realizada da 
forma correta, aumenta a adesão do paciente ao tratamento, reduz os custos com 
internações no sistema de saúde, ao controlar e notificar reações adversas, 
interações farmacológicas, alcançando com isso uma melhora na qualidade de vida 
do paciente. 
Segundo Bisson (2007), podemos definir a farmácia clínica como sendo, 
toda a atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente por 
meio do contato direto com este ou pela orientação a outros profissionais clínicos, 
como o médico e o dentista. 
A atenção farmacêutica está inserida dentro do conceito de Farmácia clínica, 
e é a principal ferramenta utilizada na prática clínica. 
Segundo Hepler & Strand (1990), a missão principal do farmacêutico é 
prover a atenção farmacêutica, que é a provisão responsável de cuidados 
relacionados a medicamentos com o propósito de conseguir resultados definitivos 
que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
 
 
FIGURA 04 - ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
 
FONTE: Disponível em: <http://semanaracine.com.br/tag/assistencia-farmaceutica/>. Acesso em: 14 
jun. 2013. 
 
 
A melhora da qualidade de vida do paciente é o objetivo principal da 
farmácia clínica e da atenção farmacêutica. Entende-se como melhora de vida do 
paciente, os seguintes pontos: 
 
* Cura da doença; 
* Eliminação dos sintomas; 
* Controle do progresso da doença; 
* Prevenção das doenças ou dos sintomas. 
 
Para que esses pontos sejam alcançados o farmacêutico deve identificar os 
problemas relacionados aos medicamentos, resolver estes problemas e preveni-los. 
Na tabela 01 serão apresentados os problemas mais relacionados com os 
medicamentos. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
 
 
TABELA 01 - PRINCIPAIS PROBLEMAS COM MEDICAMENTOS 
 
Problema Definição do Problema 
Indicações sem tratamento 
Quando o paciente tem um problema e 
não está recebendo um tratamento 
medicamentoso. 
Sobredosagem 
É um problema muito sério, podendo 
levar à morte. Ocorre quando a dose 
estipulada para o tratamento é muito 
elevado, podendo ser tóxica. 
Seleção inadequada do medicamento 
É outro problema grave, ocorre quando o 
tratamento farmacológico não é indicado 
para a patologia do paciente. 
Dosagem Subterapêutica 
Diferentemente da seleção inadequada 
do medicamento, o paciente está 
recebendo o medicamento correto, mas 
em uma dosagem inferior a dosagem 
terapêutica. 
Não recebimento da medicação 
Este é um problema social, em que por 
questões financeiras, político e pessoal, 
o paciente não recebe a medicação para 
o seu tratamento. 
RAM - Reação Adversa ao Medicamento 
Como o próprio nome já diz, é um 
problema relacionado a um efeito 
adverso ou uma reação adversa ao 
medicamento, o qual faz com que o 
paciente deixe de utilizar o 
medicamento. 
Interações Medicamentosas 
É um dos problemas mais comuns na 
atualidade, ocorre devido à interação 
dos medicamentos utilizados com outros 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
medicamentos, alimentos ou exames 
laboratoriais. 
Automedicação 
Problema gravíssimo e muito comum, 
quando o paciente utiliza medicamentos 
indicados por amigos, vizinhos, 
conhecidos, balconistas. 
FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo 
Polacow (2007). 
 
 
Além desses problemas citados no quadro acima, temos que ter em mente 
que o tratamento farmacológico é algo individual, ou seja, cada paciente pode ter 
uma resposta única para um mesmo medicamento. Cabe aí a experiência do 
profissional no acompanhamento e na análise dos possíveis problemas que o 
paciente pode apresentar. 
Outro fator importante que podemos citar é a vontade do paciente, ou seja, o 
paciente é responsável pelo sucesso terapêutico. Uma vez que, o não cumprimento 
das determinações do prescritor e das orientações do farmacêutico, no ato da 
compra, não seja cumprido, o tratamento farmacológico terá uma grande 
probabilidade de falha ou, dependendo do caso, de uma cura parcial da patologia. 
Por esse motivo, durante o atendimento farmacêutico, deve ser frisado que ele, o 
paciente, tem uma grande parcela de responsabilidade para com o sucesso do 
tratamento, seja ele farmacológico ou não. 
Segundo Bisson (2007), a relação paciente-farmacêutico é fundamental para 
atingir os objetivos propostos, porém é necessário haver pleno consentimento por 
parte do primeiro para a realização do processo de acompanhamento 
farmacoterapêutico e educação. 
É necessário que haja uma relação de consentimento, confiança mútua, 
além de uma autorização formal para que o farmacêutico exerça suas atividades 
clínicas. Durante a consulta, o farmacêutico deve passar segurança e confiança 
para o paciente, principalmente sobre os assuntos ali tratados, deixando bem claro a 
confidencialidade da consulta, mantendo sigilo de todas as informações ali ditas. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
O paciente sentindo essa confiança no profissional passará cada vez mais 
informações importantes, que auxiliaram o profissional na orientação ao tratamento 
mais adequado. 
A OMS / OPAS trata que "a missão da prática farmacêutica é prover 
medicamentos e outros produtos e serviços para a saúde e ajudar as pessoas e a 
sociedade a utilizá-los da melhor forma possível." 
A prática da Farmácia Clínica busca a promoção da saúde por parte do 
farmacêutico, e a atenção farmacêutica está inserida neste contexto. Entende-se por 
promoçãoda saúde o resultado definitivo da cura, o controle e/ou retardamento de 
uma patologia, compreendendo aspectos de eficácia e segurança. 
Dentro da atenção farmacêutica estão inseridas algumas condutas, dentre 
elas podemos citar o atendimento farmacêutico3 e a intervenção farmacêutica4. 
 
 
1.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
 
 
Atualmente o Farmacêutico em suas atividades rotineiras na farmácia / 
drogaria comercial e até mesmo hospitalar, fica envolvido em muitos processos 
administrativos / burocráticos e, esquece-se do seu foco principal, que é o 
atendimento de qualidade ao paciente. Temos que gerenciar melhor o nosso tempo, 
delegando certas tarefas aos colaboradores / funcionários do estabelecimento e 
informatizar os processos rotineiros, para que consigamos maximizar tempo, e com 
isso, colocar o paciente como foco principal de trabalho. 
Quando não há possibilidade do Farmacêutico responsável delegar certas 
tarefas, pois se trata de funções exclusivas, e que necessitam de conhecimento 
técnico elevado para o exercício da função, o farmacêutico deve propor a 
 
3
Segundo a OMS (2002) o atendimento farmacêutico é o ato em que o farmacêutico, fundamentado 
em sua práxis, interage e responde às demandas dos usuários do sistema de saúde, buscando a 
resolução de problemas de saúde que envolva ou não o uso de medicamentos. Este processo pode 
compreender escuta ativa, identificação de necessidades, análise da situação, tomada de decisões, 
definição de condutas, documentação e avaliação, entre outros. 
4
 Segundo a OMS (2002) a Intervenção farmacêutica é um ato planejado, documentado e realizado 
junto ao usuário e profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir problemas que interferem ou 
podem interferir na farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de acompanhamento / 
seguimento farmacoterapêutico. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
contratação de outros profissionais farmacêuticos, para que os mesmos realizem a 
atenção farmacêutica e o ajude nos processos específicos. Porém, nós sabemos 
que nem sempre é possível a contratação de outros profissionais e é aí que 
deixamos de lado a atenção farmacêutica (paciente) e ficamos envolvidos apenas 
com os processos administrativos / burocráticos. 
Essa situação é muito comum em diversos estabelecimentos, onde, na 
maioria das vezes a população não sabe nem quem é o farmacêutico e o confunde 
com um balconista ou técnico, pois o mesmo sempre está envolvido na frente de um 
computador resolvendo problemas administrativos, tais como: Relatórios, compras, 
planejamentos, armazenamento de medicamentos e outros. 
Temos que mudar este panorama, utilizando nossos conhecimentos 
específicos, demonstrando a importância da Atenção farmacêutica e os resultados 
alcançados. Mas para que o Farmacêutico brasileiro possa mudar este panorama 
ele deve estar apto a desenvolver a atenção farmacêutica, o que exige o 
desenvolvimento de suas habilidades e conhecimentos. 
Para o exercício da atenção ao paciente, o profissional deve ter os seguintes 
conhecimentos / habilidades: 
 
* Ter habilidades interpessoais, ou seja, ser uma pessoa social, 
comunicativa de fácil relacionamento; 
* Conhecer profundamente as patologias; 
* Conhecimento da terapia farmacológica e consequentemente da 
farmacologia; 
* Conhecimento de terapias alternativas; 
* Saber interpretar exames laboratoriais de forma correta; 
* Ter uma planilha de controle e monitoramento do paciente; 
* Ter o mínimo conhecimento sobre a avaliação física do paciente; 
* Deve ter um planejamento terapêutico. 
 
Como podemos observar são diversas, as habilidades e conhecimentos que 
o profissional deve possuir para exercer a Atenção correta ao paciente. A atenção 
farmacêutica pode ser realizada em praticamente todos os campos de atuação do 
farmacêutico, desde que haja um contato entre o farmacêutico e o paciente. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
 Segue abaixo algumas áreas de atuação do farmacêutico que podemos 
desenvolver a atenção farmacêutica ao paciente: 
 
* Farmácia Hospitalar e seus setores (ambulatório, UTI, etc.); 
* Farmácia pública; 
* Farmácia Nuclear, entre outras. 
 
A atenção farmacêutica é muito útil no acompanhamento de pacientes, 
principalmente para aqueles grupos especiais, tais como: idosos, crianças, obesos, 
psiquiatria, diabéticos, hipertensos, asmáticos, entre outros. 
A atenção farmacêutica deve ser uma prática focada no paciente. Segundo 
Bisson (2007), a prática focada no paciente baseia-se no fato de o farmacêutico 
colocar como centro do seu trabalho o cuidado do paciente, deixando de lado todas 
as outras funções (manipulação, logística e administração, entre outras). 
Além da dispensação de medicamentos, o farmacêutico deve conferir todas 
as prescrições que chegam até ele, utilizando para isso, todos os seus 
conhecimentos técnicos científicos, os relativos às reações adversas a 
medicamentos, dados farmacocinéticos e perfil clínico do paciente, com o objetivo 
de buscar o melhor acompanhamento farmacoterapêutico. Eventuais intervenções 
propostas aos pacientes ou aos prescritores devem ser anotadas em fichas próprias 
ou arquivos informatizados. 
 
 
1.3 PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
 
 
Podemos evidenciar que a atenção farmacêutica necessita de diversos 
conhecimentos e pode ser aplicada em diversas áreas dentro da farmácia. Mas para 
que seja possível a implantação correta da atenção ao paciente é preciso que o 
farmacêutico saiba planejar, ou seja, deve ser realizado um planejamento cuidadoso 
e muito bem elaborado, para que sejam alcançados os resultados esperados. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
Nesse planejamento o farmacêutico deve ter em mente alguns pontos, antes 
de iniciar um modelo de projeto de atenção farmacêutica. Para isso, ele deve 
realizar os seguintes questionamentos: 
 
* Qual a realidade desta região? (perfil dos pacientes - socioeconômico, 
sexo, idade, escolaridade e religião); 
* Que tipo de atenção farmacêutica será realizado? (Ambulatorial, 
residencial, Farmácia comercial ou pública); 
* Quais as patologias mais comuns nesta região? (perfil epidemiológico) 
* Que tipos de instalações físicas você possui? 
* Qual será o protocolo de trabalho? 
* Há necessidade de outros profissionais? Qual a quantidade? 
(farmacêuticos, técnicos ou outros). 
 
Após esses questionamentos o farmacêutico já terá condições de montar um 
projeto de atenção farmacêutica, em que deverão constar os motivos da atenção 
farmacêutica naquela região, assim como os benefícios e os resultados que serão 
esperados com a ação. Nesse projeto devemos detalhar as atividades que serão 
desenvolvidas, quais profissionais estarão envolvidos, que tipo de materiais será 
necessário e a verba necessária para a realização. Outro ponto importante que deve 
constar no projeto de atenção farmacêutica é o cronograma de realização das 
atividades, ou seja, o cronograma de implantação. Para finalizar, devem ser 
colocados os resultados, apresentados na forma de planilhas, gráficos, tabelas, etc. 
Acabamos de resumir um processo de planejamento e de elaboração de um 
projeto de atenção farmacêutica. É importante destacar que, o farmacêutico deve 
elaborar o seu projeto de atenção farmacêutica voltada para a realidade da região 
em que atua. 
Na figura 05 damos um exemplo simples de modelo de projeto de Atenção 
farmacêutica. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
 
 
FIGURA 05 - MODELO DE TRABALHO EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
 
 
FONTE: Adaptado de OPAS / OMS (2002). 
 
 
2 PRINCÍPIOS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS 
 
 
Entende-se por prevenção de doenças, todas as técnicas/ferramentas 
utilizadas por profissionais de saúde (Médicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc.) 
para se evitar a instalação de uma patologia/doença. 
Como dito anteriormente o principal objetivo da Farmácia clínica é acura ou 
prevenção de doenças, em que o médico e o farmacêutico são peças fundamentais 
no sucesso da terapia, desempenhando um papel importantíssimo na educação do 
paciente. 
Para o sucesso da prevenção de doenças é necessário uma atividade 
multidisciplinar, em que o médico e farmacêutico sejam parceiros, onde cada um, 
atuando na sua área, pode contribuir ainda mais para o sucesso terapêutico, 
principalmente na prevenção de doenças. Tanto o médico quanto o farmacêutico 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
possuem o mesmo objetivo, que é a prevenção, tratamento e cura do paciente, por 
esse motivo devem trabalhar em conjunto. 
Embora as evidências demonstrem que o serviço de prevenção, realizado 
primeiramente pelo médico e posteriormente pelo farmacêutico, possa reduzir muito 
os custos médico-hospitalares, contribuindo para prolongar a vida dos pacientes, ela 
não vem acontecendo, ou vem acontecendo em casos raros. 
A informação correta é a melhor maneira para ajudar na prevenção de 
doenças, quando esta informação não é passada no consultório médico, ou o 
paciente não a entende corretamente, o farmacêutico deve enfatizar as informações 
corretas sobre o uso dos medicamentos e informações sobre cuidados não 
medicamentosos que o paciente possa necessitar. 
Basicamente a prevenção de saúde pode ser dividida em prevenção 
primária, secundária e terciária. Em que, a prevenção primária é o conjunto de ações 
que tem por objetivo evitar a doença na população. Para isso, devem ser removidas 
as causas da doença, diminuindo com isso a incidência da mesma. A vacinação, o 
tratamento de água, informações sobre doenças, são todos exemplos de prevenção 
primária. 
Já a prevenção secundária pode ser definida como sendo uma série de 
medidas que objetivam impedir a evolução da doença já existente, ou seja, 
detectando a doença precocemente e com isso evitando as suas complicações. O 
autoexame de mamas são exemplos clássicos de prevenção secundária. 
Por fim, a prevenção terciária pode ser definida como sendo a reabilitação e 
a reinserção social do paciente, em que por meio de ações, objetiva reduzir a 
incapacidade de forma a lhe proporcionar melhores condições de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 20 
 
 
FIGURA 06 - NÍVEIS DA PREVENÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/Prevencao.htm>. Acesso em: 17 
jun. 2013. 
 
 
Na Farmácia Clínica, mais precisamente na atenção farmacêutica, o foco 
principal será a prevenção primária, pois, devemos sempre orientar para evitar a 
instalação da doença. A maioria das doenças pode ser evitada e na maioria das 
vezes apenas com a orientação preventiva. 
No caso do tabaco, uma importante substância responsável por inúmeros 
casos de problemas pulmonares, além de cânceres. O farmacêutico deve saber a 
melhor forma de conduzir uma consulta farmacêutica para este tipo especial de 
paciente, podendo enfatizar os seguintes pontos para o paciente, durante a consulta: 
 
* Você sabe quais os riscos para a sua saúde com o uso do tabaco? E para 
os seus familiares não fumantes, sabe quais as consequências? 
* Você tem vontade de parar com o tabaco? Está preparado para abandonar 
este vício? 
* Sabe quais são as alternativas farmacológicas ou não farmacológicas para 
abandonar este vício? 
 
São questionamentos que irão aproximá-lo do paciente. Lembre-se que o 
farmacêutico deve entender e demonstrar profundo conhecimento sobre o assunto, 
 
 
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 21 
respondendo e sanando todas as dúvidas que pairam no ar. Lembre-se que você 
jamais deve ser autoritário com o paciente, muito pelo contrário, deve ganhar sua 
confiança, para que consiga alcançar os objetivos. Deve enfatizar para o paciente 
que só depende dele para abandonar o vício e que ele é o fator principal para o 
sucesso da terapia. 
Após todos esses esclarecimentos, você deve estabelecer, juntamente com 
o paciente, uma data para a parada da nicotina, acompanhá-lo durante todo este 
processo, inclusive elevando sua moral e força de vontade, isso pode ser feito por 
literaturas especializadas sobre o assunto, dependendo do caso pode-se utilizar 
uma suplementação de nicotina para auxiliar no processo e melhorar a perspectiva 
de sucesso. Deve orientar o paciente que ele deve realizar um acompanhamento 
médico durante todo este processo. 
 
 
FIGURA 07 - TABACO - VOCÊ SABIA? 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://afepunesp.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html#.Ub_Kmfk3vRM>. Acesso em: 17 jun. 
2013. 
 
 
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 22 
 
 
A mesma dinâmica clínica pode ser utilizada para o caso de outras 
substâncias, tais como o álcool e as drogas de abuso. Segundo Bisson (2007), o uso 
de álcool e drogas ocasiona mais de 100.000 mortes anualmente nos EUA. 
Por esse motivo, a atuação do farmacêutico na assistência ao paciente, por 
meio de aconselhamentos, indicação de programas educativos ambulatoriais e em 
casos mais graves a introdução da terapêutica medicamentosa é de suma 
importância. 
 
 
FIGURA 08 - ÁLCOOL - VOCÊ SABIA? 
 
FONTE: Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/sem-exageros-
bebidas-alcoolicas-oferecem-nutrientes-ajudam-prevenir-doencas-7342835.html>. Acesso em: 17 jun. 
2013. 
 
 
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 23 
 
 
Outra atuação importante do farmacêutico clínico é no tratamento, 
acompanhamento de paciente com problemas cardíacos, câncer, doenças 
ortopédicas e diabetes. Todas essas patologias estão ligadas por um fator 
predisponente, o excesso de peso. São várias as evidências clínicas que a 
modificação da ingestão calórica pode reduzir a mortalidade desses tipos de 
doenças. 
A redução de peso é classificada como uma prevenção primária de doenças. 
Podemos verificar que o consumo de gorduras está intimamente relacionado aos 
altos índices de colesterol, doenças coronarianas e vasculares. 
Segundo Bisson (2007), quando o consumo de gordura saturada está 
correlacionado com o nível de colesterol, doenças coronarianas são reduzidas em 2 
a 3% para cada 1% de redução no nível do colesterol plasmático; a modificação 
dietética tem sido a maneira primária de diminuir a mortalidade nos EUA. 
O farmacêutico pode e deve ajudar o médico / nutricionista na reeducação 
alimentar do paciente obeso. Essa ajuda virá na forma de recomendações, 
orientações, inclusive podendo realizar as medidas corpóreas do paciente, 
explicando quais alimentos evitar, e quais alimentos consumir em maior quantidade. 
Na atenção farmacêutica é imprescindível que o profissional instrua o 
paciente, informando que o aumento na ingestão de alimentos gordurosos está 
associado há um risco maior de doenças, além daquelas citadas acima, podemos 
destacar: tumores malignos de mama, câncer de intestino, cólon, próstata e pulmão. 
Já uma alimentação rica em fibras pode auxiliar na diminuição da incidência de 
câncer no intestino, por exemplo. 
Outra medida importante que o farmacêutico deve enfatizar é a redução de 
açucares, sugerindo a substituição por mel, para os não diabéticos e de adoçantes 
para os diabéticos. A redução de sal de cozinha é outro fator predisponente na 
prevenção de doenças arteriais, tais como a hipertensão. 
Lembre-se que o papel do farmacêutico nesse sentido é o de 
aconselhamento ao paciente, obedecendo às orientações do nutricionista, pois este 
profissional é que irá estabelecer os objetivos e formular a dieta mais adequada para 
cada paciente. 
 
 
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 24 
 
 
FIGURA 09 - OBESIDADE 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://saudedigestiva.blogspot.com.br/2011/01/o-impacto-da-obesidade-no-
sistema.html>. Acesso em: 18 jun. 2013. 
 
 
Além de a reeducação alimentar, o farmacêutico pode orientar o paciente 
obeso sobre a importância da atividade física para o seu bem-estar, e quais os 
benefícios essa atividade física pode proporcionar para asua saúde. É muito 
importante que, durante a consulta farmacêutica o profissional deixe bem claro para 
o paciente, que antes de iniciar qualquer tipo de atividade física deve primeiramente 
procurar seu médico e posteriormente um profissional de educação física. 
Outro exemplo de prevenção primária pode ser verificado no comportamento 
sexual, pois a correta orientação sobre a importância da utilização do preservativo, 
informando sempre os riscos do sexo sem proteção. 
Na farmácia clínica, o farmacêutico cumpre um papel muito importante, pois 
pode atuar em diversas áreas na prevenção de doenças e riscos para o paciente. 
Para que o farmacêutico possa desempenhar suas atividades o mesmo deve possuir 
um conhecimento vasto sobre diversos assuntos e deve sempre manter uma relação 
de amizade, proximidade com o paciente. 
Durante a consulta farmacêutica deve-se criar um clima de harmonização, 
alegria e confiabilidade para o sucesso do tratamento. 
 
 
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 25 
O farmacêutico tem a capacidade técnico-científica para orientar o paciente 
em diversas áreas. Outros exemplos de prevenção primária no qual o farmacêutico 
está inserido são: Imunização, vacinação, profilaxia medicamentosa, entre outros. 
 
 
2.1 SEMIOLOGIA FARMACÊUTICA 
 
 
A semiologia farmacêutica é a disciplina que estuda, por meio dos sinais 
(signos), determinadas reações adversas aos medicamentos (RAM) e problemas 
relacionados a medicamentos (PRM). Diferentemente da semiologia médica que 
estuda, por meio dos signos, a identificação de patologias no paciente. 
Uma ferramenta muito útil na semiologia Farmacêutica é a anamnese. 
Anamnese pode ser entendida como sendo, uma entrevista realizada pelo 
profissional da saúde (médico, psicólogo, farmacêutico), que utiliza técnicas próprias 
para estabelecer uma avaliação e diagnóstico. 
Além da avaliação e diagnóstico, busca-se o conhecimento de detalhes da 
vida do paciente. O comportamento do paciente, sentimentos, conflitos 
psicossociais, são muito importantes no auxílio da interpretação ou para 
complementar as informações obtidas por exames ou métodos complementares de 
diagnóstico. Por meio da anamnese, buscam-se reconhecer as três dimensões do 
espaço diagnóstico: paciente, patologia e as causas, circunstâncias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 26 
 
 
FIGURA 10 - MAPA DA ANAMNESE 
 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://proavirtualg30.pbworks.com/w/page/18671521/MAPA%20DE%20ANAMNESE>. Acesso em: 
18 jun. 2013. 
 
 
O farmacêutico deve buscar durante a anamnese, que o paciente relate 
todas as informações, faça um histórico da sua vida, relatando todos os sintomas 
que apresenta, inclusive informando a ordem cronológica com que ocorreram e com 
qual frequência. Muitas vezes, para o paciente, certa informação não é importante, 
mas para o profissional, esta informação é primordial para o esclarecimento, 
diagnóstico da patologia ou problema. 
Quando o paciente, por qualquer motivo que seja não relata certos fatos ao 
profissional, ele pode estar comprometendo a terapêutica. Há outros casos em que o 
paciente não tem condições de relatar na totalidade e de forma fidedigna a sua 
 
 
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 27 
história, podemos citar como exemplos as crianças, bebês, pessoas com distúrbios 
mentais, outro idioma, certos termos coloquiais utilizados, etc. 
Para a obtenção de uma anamnese de boa qualidade o farmacêutico deve 
seguir alguns princípios básicos: 
 
* Estar atento e motivado no relato do paciente; 
* A anamnese deve ser realizada em local separado da área comum do 
estabelecimento, de preferência na sala de atenção farmacêutica; 
* Não pode conter interrupções ao atendimento durante a consulta; 
* O farmacêutico tem que disponibilizar o tempo que for necessário para 
ouvir o relato do paciente; 
* O farmacêutico deve estar atento aos sinais do paciente, durante a 
anamnese; 
* Não interromper o relato do paciente até que o mesmo tenha terminado, ou 
em momentos críticos do relato; 
* Prestar atenção em todos os fatos relatados pelo paciente, inclusive 
realizando anotações sempre que julgar necessário; 
* O farmacêutico não deve discutir com o paciente sobre opiniões relatadas 
(homossexualismo, machismo, política, etc.); 
* Deve auxiliar o paciente a lembrar sobre fatos de sua vida que tenha 
importância clínica / médica; 
* O farmacêutico deve ter conhecimento científico sobre fisiopatologias, 
farmacologia, anatomia humana e a história natural das doenças; 
 
Ao final da Anamnese o farmacêutico deve se questionar se conseguiu 
alcançar os objetivos principais e a obtenção de informações suficientes para poder 
realizar a orientação. Caso ao final da anamnese, ainda restam dúvidas, o 
farmacêutico deve verificar nos seus questionamentos onde ocorreu o erro e 
posteriormente complementar com outros questionamentos, até conseguir o total 
entendimento do grau de exatidão das informações. 
Para que o Farmacêutico não se "perca" durante a anamnese, e venha a 
cometer algumas falhas, ele pode utilizar um roteiro, o qual, irá agilizar a consulta e 
o dará maior confiança na realização da anamnese. Dessa forma, o farmacêutico 
 
 
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 28 
não ficará preocupado em se esquecer de certas perguntas importantes, mesmo 
quando o paciente se prolonga na descrição de um determinado sintoma. 
O farmacêutico deve tomar um cuidado especial com o roteiro, para que o 
mesmo não se transforme em algo mecânico, em apenas um ato de fazer perguntas 
e anotar respostas. Para que isso seja evitado, o profissional deve sempre realizar a 
pergunta e olhar diretamente para o paciente, verificando todos os sinais 
demonstrados durante o relato. 
 
 
Tabela 02 - Pontos que devem ser abordados no roteiro da Anamnese 
 
Pontos abordados na Anamnese Descrição 
1. História Pregressa do paciente Neste ponto o farmacêutico deve 
pesquisar informações referentes ao 
passado do paciente. Deve buscar 
informações sobre os seguintes dados: 
doenças prévias, traumatismos, 
gestações e partos, cirurgias, 
hospitalizações, exames laboratoriais já 
realizados, vacinas, medicamentos 
antigos e atuais que faz uso, tabaco, 
álcool, drogas, entre outras informações 
que julgar importante. 
2. Histórico Familiar Neste ponto o farmacêutico deve realizar 
um levantamento do histórico familiar. 
Aqui devemos buscar informações sobre 
comportamento, caráter familiar, 
doenças na família, e toda informação 
familiar que julgar importante. 
3. História Psicossocial Neste ponto devemos verificar como é a 
vida do paciente, do ponto de vista 
psicossocial. Como é o relacionamento 
dele com as outras pessoas, devemos 
 
 
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 29 
avaliar o nível de stress diário, qual a 
sua personalidade, situação 
socioeconômica atual, qual a 
importância da patologia em curso na 
sua vida. 
4. Histórico dos sintomas Neste tópico devemos buscar o maior 
número de informações sobre os 
sintomas relatados pelo paciente, 
inclusive, a quantidade e a ordem 
cronológica dos mesmos. 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 30 
 
 
FIGURA 11 - MODELO DE FICHA DE ANAMNESE FARMACÊUTICA 
 
FONTE: Disponível em: <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2011/02/anamnese-
farmaceutica.html>. Acesso em: 24 jun. 2013. 
 
 
Analisando a tabela 02 e as figuras 10 e 11, parece que, realizar a 
anamnese e o roteiro são trabalhos muito simples e fácil, mas na prática clínica a 
situação é bem diferente, pois não temos sempre o mesmo tipo de paciente, o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 31 
farmacêutico deve ter um jogo de cintura, pois, irá atender vários tipos de pessoas e 
para cada tipo ele terá que agir de forma específica. 
Vou listar abaixo os principais tipos de pacientes que você pode encontrar 
naclínica: 
 
a) Paciente sugestionável - é aquela pessoa que não pode ouvir falar de 
uma doença, que já se queixa dos sintomas. O farmacêutico deve identificá-lo logo 
no início da anamnese e o tratamento deve ser cuidadoso. Busque passar confiança 
ao paciente sugestionável, e utilize da informação técnico-científico para auxiliá-lo no 
tratamento. Normalmente, para esse tipo de paciente, não se utiliza um tratamento 
farmacológico e sim uma boa conversa e muita informação. 
 
b) Paciente ansioso - é aquele paciente precipitado, nervoso, apavorado, 
perna e braço irrequieto. O principal objetivo aqui é primeiramente acalmar o 
paciente, para depois iniciarmos a anamnese correta. Inicie a conversa com temas 
que não estejam relacionados com a sua patologia, como por exemplo, falar de um 
filme, futebol, etc. 
 
c) Paciente eufórico - é o tipo de pessoa que muda de assunto toda hora, 
não consegue completar um raciocínio, tem um humor exaltado, fala em tom alto, 
normalmente. Por não completar as perguntas torna-se um paciente difícil de 
caracterizar. O primeiro passo aqui é tentar acalmar o paciente, informando sobre a 
importância da conversa para o sucesso terapêutico. 
 
d) Paciente hostil - é o tipo de paciente que vive de mau-humor, 
principalmente quando o assunto são os sinais e sintomas que sente. Logo no início 
da anamnese o farmacêutico irá perceber as respostas hostis deste tipo de paciente. 
É importante jamais devolver as hostilidades recebidas. Apesar da hostilidade nas 
suas respostas este tipo de paciente consegue passar a grande maioria das 
informações. 
 
e) Paciente Hipocondríaco - este paciente encontra doença, sinais e 
sintomas em tudo na sua vida. Não confia no que o médico diz e muito menos em 
 
 
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 32 
resultados de exames. É um paciente que utiliza, na maioria das vezes, por conta 
própria, vários tipos de medicamentos. O farmacêutico percebendo este tipo de 
paciente deve orientá-lo sobre o uso correto dos medicamentos e descartar a 
possibilidade de interação medicamentosa. 
 
f) Paciente deprimido - dependendo do tipo de depressão (neurótica, 
psicótica, endógena) é de difícil identificação durante a anamnese farmacêutica. O 
profissional deve ter muita calma, pois o processo com este tipo de paciente é lento. 
Na maioria das vezes é necessário que o paciente retorne mais de uma vez para 
uma consulta farmacêutica. O farmacêutico deve tomar cuidado com este tipo de 
paciente, pois, por ser uma pessoa cabisbaixa, deprimida, pode fazer uso da 
polimedicação, por isso, devem-se evitar os riscos de superdosagens, intoxicação e 
interações farmacológicas. 
 
g) Paciente tímido - Normalmente são pessoas de baixa renda, pouco 
estudo ou da zona rural. Torna-se um paciente complicado durante a anamnese, 
pois, respondem as perguntas muitas vezes apenas por gestos, ou com afirmações. 
O farmacêutico deve ter uma sensibilidade apurada para deixar este tipo de paciente 
à vontade, pois, somente estando relaxado ele poderá responder as perguntas de 
forma fidedigna e clara. 
 
h) Crianças e adolescentes - Para as crianças o profissional deve estreitar 
um laço de simpatia e amizade. Já para os adolescentes o farmacêutico deve 
pesquisar qual a realidade que ele está inserido, saber sobre sua vida familiar, 
pessoal e profissional, quando houver, sempre respeitando os seus limites. 
Verificamos que temos uma grande quantidade de tipos de pacientes, e para 
cada tipo devemos proceder de uma maneira distinta. Cabe ao farmacêutico saber 
identificar de forma correta o tipo de paciente e adotar a postura correta, com a 
finalidade de alcançar o maior número de informações possíveis. 
 
 
 
 
 
 
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 33 
 
 
FIGURA 12 - TIPOS DE PACIENTES 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.affonso.org/tipos-de-pacientes/>. Acesso em 18 jun. 2013. 
 
 
Já falamos sobre a anamnese e sobre os tipos de pacientes, agora vamos 
falar um pouco sobre outro assunto da semiologia farmacêutica - o Exame Físico. 
Para que o farmacêutico utilize o exame físico, ele deve estar embasado na 
farmacoterapia, se não houver, o farmacêutico corre o risco de ser acusado de 
exercício ilegal da medicina, por isso, devemos tomar todo o cuidado. 
O exame físico quando inserido dentro da atenção farmacêutica é um ato 
legal do profissional, cujo objetivo principal deve ser a melhor farmacoterapia para o 
paciente. O farmacêutico durante a consulta pode utilizar os seguintes 
procedimentos de Exame Físico, a saber: 
 
 * Inspeção - verificação da queixa física do paciente, normalmente inicia-se 
antes mesmo da anamnese, apenas na observação, na maioria das vezes não 
utiliza instrumentos; 
 
* Palpação - consiste em uma técnica que pode ser executada com a palma 
das mãos, uni ou bimanual, ou com a ponta dos dedos, em que é introduzido um ou 
dois dedos em cavidade. Denominada toque (vaginal, retal) sendo respectivamente 
um exame ginecológico e proctológico. Esse procedimento permite delimitar áreas e 
observar sua consistência, forma, temperatura, mobilidade, sensibilidade, expansão 
 
 
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 34 
e vibração, bem como as características da pele e anexo. Essa técnica deve ser 
evitada por parte do farmacêutico, pois é de exclusividade médica; 
 
* Ausculta - é um exame primordial nos estudos dos sistemas respiratório e 
circulatório, em que se utiliza a audição para que o examinador colha dados 
preciosos em uma anamnese. Deve ser executada em ambiente silencioso, 
utilizando-se hoje em dia estetoscópio biauricular aplicado diretamente sobre a pele 
do examinado; 
 
* Sinais vitais - São as medidas quantitativas de temperatura, pulso, 
respiração e pressão arterial do paciente. A altura e o peso são também registrados 
como os sinais vitais do seguinte modo: Temperatura - Pulso - Frequência 
respiratória - pressão arterial - Braço direito - Braço esquerdo - Deitado - Sentado - 
Em pé - Coxa; 
 
* Dados antropométricos - Peso quando despido ou vestido e índice de 
massa corpórea (IMC); 
 
* Temperatura - Em geral a temperatura normal do corpo é de 37ºC na boca 
para pessoas deitada no leito; e 37,2ºC para pessoas em atividade. O nível normal 
mínimo pode ser 35,8ºC na boca. A temperatura retal é em média 1,3ºC mais alta 
que a temperatura oral, e as temperaturas axilares são 1,7ºC mais baixas que as 
orais; 
 
*Febre - é uma manifestação comum a vários tipos de processos patológicos 
não apenas infeccioso, mas também de outras naturezas, como traumática, 
neoplásica, vascular, metabólica e secundária a reações de hipersensibilidade. A 
febre é definida como um estado funcional anormal do sistema de termorregulação. 
Febres de origem medicamentosa são habitualmente do tipo contínuo, havendo 
nítida descorrelação entre a intensidade da mesma e o bom estado geral do 
paciente. Os medicamentos potencialmente causadores de febre são: 
Frequentemente: Anti-histamínicos, antipsicóticos, penicilinas e sulfonamidas (por 
reação de hipersensibilidade). Ocasionalmente: Vancomicina, iodetos e 
 
 
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 35 
cefalosporinas (por reação de hipersensibilidade), cimetidina, cocaína e seus 
derivados (por alteração da termorregulação) e estreptoquinase (por efeito 
pirogênico). Raramente: Digitálicos, cloranfenicol, insulinas e tetraciclinas; 
 
*Prurido - também conhecido como coceira, é um formigamento peculiar ou 
irritação incômoda da pele que provoca coceira. Pode ser local ou generalizado. As 
causas variam de acordo com idade, sexo, localização, características, evolução e 
fatores agravantes. Exemplos de prurido localizado: picadas de insetos, 
queimaduras do sol, parasitas (piolhos). Exemplos de prurido generalizado: urticária, 
doenças infecciosas (sarampo, catapora), reações alérgicas a alimentos e 
medicamentos. 
 
Após os exames físicos, os achados devem ser registrados com precisão, 
clareza e concisão;legibilidade, grafia e gramática devem ser cuidadosamente 
observadas. 
Os resultados dos exames físicos podem indicar normalidade ou 
anormalidade da estrutura anatômica e das funções fisiológicas do paciente. Um 
sinal, sintoma, fato da anamnese ou achado laboratorial não determinam o 
diagnóstico. 
Antes disso, o diagnóstico se baseia numa cuidadosa correlação e avaliação 
de toda informação fornecida pela história do paciente, seus sintomas, o exame 
físico e os dados de laboratório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 36 
 
 
FIGURA 13 - VISÃO GERAL DO EXAME FÍSICO 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1222196510568_129612534_622/Vis%C3%A3o%20Geral%20do%
20Exame%20Fisico%20-%20clinica.cmap>. Acesso em: 19 jun. 2013. 
 
 
 
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 37 
 
 
2.2 SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES 
 
 
O seguimento farmacoterapêutico de um paciente é uma das principais 
atividades, senão, a mais importante da atenção farmacêutica. Na prática, este 
processo é dividido em três fases, a saber: anamnese farmacêutica, interpretação de 
dados e processo de orientação ao paciente. 
A principal ferramenta para o desenvolvimento do trabalho do farmacêutico 
no seguimento farmacoterapêutico, é a informação, que vai desde os medicamentos, 
da patologia envolvida até a especificidade do paciente. Esse acompanhamento 
farmacoterapêutico pode ser realizado em qualquer área de trabalho do 
farmacêutico, desde a farmácia hospitalar, pública, comercial até no âmbito 
domiciliar. 
Segundo Bisson (2007), para o paciente internado utiliza-se o prontuário 
médico, que contém: 
 
* Dados do paciente; 
* Formulário de consentimento; 
* Prescrição médica; 
* Controles diversos (PA, temperatura, ingestão hídrica, diurese etc.); 
* Dados laboratoriais; 
* Procedimento diagnóstico; 
* Consultas e interconsultas; 
* Registros do centro cirúrgico; 
* História clínica e exames físicos; 
* Registro da administração de medicamentos. 
 
Utilizando as ferramentas (prontuário médico e anamnese farmacêutica), 
realizada na consulta, o farmacêutico irá traçar um histórico de uso de 
medicamentos. Após este processo o profissional terá que avaliar todas as 
 
 
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 38 
informações coletadas, para depois realizar o processo de orientação farmacêutica 
ao paciente. 
O farmacêutico na dispensação é o último integrante dos profissionais de 
saúde que está em contato com o paciente, antes que este tome a decisão de 
consumir os medicamentos; daí sua responsabilidade ética e profissional. 
Para que o farmacêutico possa minimizar os problemas relacionados com a 
administração medicamentosa, é necessário que seja feito o preenchimento correto 
da ficha farmacoterapêutica e o acompanhamento do paciente, uma vez que um 
medicamento seja responsável pelo aparecimento de determinados sintomas ou 
patologias, ou ainda a causa de uma complicação da enfermidade. 
O farmacêutico por meio da análise desta ficha poderá evitar e advertir o 
paciente sobre a ocorrência de certos problemas relacionados ao medicamento. 
Pode também, por meio da ficha farmacoterapêutica, coletar dados sobre reações 
adversas. Sabe-se que as reações adversas aos medicamentos são uma das 
causas de grande número de hospitalizações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 39 
 
FIGURA 14 - REAÇÕES ADVERSAS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=22>. Acesso 
em: 24 jun. 2013. 
 
 
Este acompanhamento ao paciente deve ser realizado em sala própria, deve 
ser um ambiente calmo, tranquilo. Essa sala pode ser a sala de atenção 
farmacêutica, no caso das farmácias comerciais, ou um consultório farmacêutico no 
caso das farmácias hospitalares. Este consultório deve possuir: cadeiras suficientes, 
mesa, computador com acesso a internet, bibliografia especializada, local limpo, 
com pouca ou nenhuma decoração, etc. Para iniciar o programa de 
acompanhamento de pacientes, é importante definir aqueles que serão 
acompanhados e assim realizar a primeira etapa do processo de anamnese 
farmacêutica. Após a seleção dos pacientes que serão acompanhados, o 
farmacêutico deve se apresentar e relatar o motivo do acompanhamento, 
esclarecendo que esta consulta não tem caráter de diagnóstico médico 
 
 
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 40 
(exclusividade da classe médica) e sim, de traçar um histórico de uso de 
medicamentos, para garantir segurança e aumento da eficácia do tratamento 
farmacológico. O farmacêutico que está realizando esta consulta deve ser muito 
cordial, educado com o seu paciente, isso irá gerar, com o tempo, um laço de 
amizade/confiança. 
Conforme vimos anteriormente, podemos encontrar vários tipos de 
pacientes, cabe ao profissional identificar, o quanto antes, o tipo de paciente que se 
trata. A identificação do paciente irá facilitar a consulta, principalmente no ato da 
entrevista, e a conduta a ser tomada. Evite termos técnicos, principalmente quando 
o paciente for de um nível cultural menor, "fale a língua do paciente". Em alguns 
países do mundo o farmacêutico, a atenção farmacêutica e o acompanhamento 
farmacoterapêutico, são tidos como essenciais, inclusive tendo o custo de uma 
consulta médica. Nos EUA, temos relatos de planos de reembolso efetuados por 
empresas de medicina de grupo para farmacêuticos que acompanham seus 
pacientes. (BISSON, 2007). Isso demonstra a importância de uma consulta 
farmacêutica para a eficiência, segurança do tratamento farmacológico. O 
farmacêutico, durante sua jornada de trabalho, muitas vezes, não tem tempo para 
atender/acompanhar a todos os pacientes que passam pela farmácia. Por esse 
motivo, faz-se necessário seguir alguns critérios para a seleção dos pacientes, que 
passaram no processo de anamnese farmacêutica, são eles: 
 
* Pacientes que apresentam sinais ou sintomas que sugerem problemas 
relacionados com os medicamentos, tais como reações adversas a medicamentos 
ou resposta terapêutica inadequada; 
* A utilização de medicamentos com uma estreita margem entre a ação 
terapêutica e a tóxica (baixo índice terapêutico5), e que possam exigir a monitoração 
da concentração no sangue; 
 
5
 Índice Terapêutico - Ehrlich reconheceu que um fármaco tem de ser julgado por suas propriedades 
úteis, mas também por seus efeitos tóxicos, e exprimiu o índice terapêutico de um fármaco em termos 
da relação entre a média de doses eficazes mínimas e a média das doses máximas toleradas em um 
grupo de pacientes: 
 
Índice terapêutico = Dose máxima não tóxica . 
 Dose Eficaz Mínima 
 
Fonte: RANG, H. P.; DALE, M. M. Rang & Dale farmacologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
* A polifarmacoterapia em que os pacientes consomem muitos 
medicamentos ou possuam várias enfermidades; 
* Indivíduos que passam por tratamento psiquiátrico ou são idosos, de modo 
que recebem um grande número de medicamentos, apresentando problemas 
relacionados com a medicação. 
 
Após iniciar a seleção dos pacientes no processo de anamnese 
farmacêutica, o segundo passo será obter os dados do histórico de uso de 
medicamentos desses pacientes. Para iniciar este processo de anamnese 
farmacêutica devem ser obtidas informações do paciente e anotadas nas fichas 
farmacoterapêuticas. Deve-se sempre iniciar com as informações demográficas 
(idade, peso, raça, residência, trabalho, grau de instrução, etc.), depois com as 
informações dietéticas e hábitos sociais (vícios, hobbies). 
Essas informações são muito importantes para que o farmacêutico conheça 
o paciente e possa relacionar sua patologia com certas características relatadas. 
Após este primeiro contato, a entrevista deve seguir para as queixas do paciente, 
em que o mesmo deve relatar o que sente,ou sentiu, inclusive devemos verificar se 
há casos na família com a mesma queixa, ou sintomas similares, pois muitas 
patologias são hereditárias. Posteriormente, vamos verificar as prescrições 
medicamentosas, em que devemos conhecer o que o paciente utilizava e utiliza, e 
de que forma. Neste tópico deve incluir os medicamentos prescritos pelo médico, 
assim como aqueles os quais, o paciente utiliza por indicação, ou conta própria. 
Dando continuidade ao seguimento farmacoterapêutico, é necessário utilizar 
o conhecimento da área de análises clínicas, em que exames laboratoriais permitem 
acompanhar a resposta ao tratamento farmacoterapêutico, auxiliando na correção 
de dosagem e posologia e troca de medicamentos, quando necessário. Após a fase 
de anamnese farmacêutica, inicia-se a interpretação dos dados adquiridos, 
representada pelo planejamento farmacoterapêutico, no qual se concentra o 
processo de tomada de decisão. Um planejamento eficaz facilita a seleção correta 
do medicamento, bem como sua dosagem e posologia, estruturando o profissional 
para o início da monitoração do paciente em relação à resposta da terapia. Este 
planejamento terapêutico é individual, ou seja, devem ser avaliadas as alternativas 
farmacoterapêuticas para cada tipo de paciente. Para que o farmacêutico obtenha 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
sucesso no planejamento é necessário que o profissional tenha conhecimentos de 
farmacologia, patologia humana, avaliação física, exames laboratoriais e 
diagnósticos Bisson (2007) destaca os seguintes passos do planejamento 
farmacoterapêutico: 
 
*Identificação do problema - Identificação de parâmetros objetivos (peso, 
altura, sinais vitais, parâmetros bioquímicos, hemograma, urianálise etc.); 
Identificação de parâmetros subjetivos (ansiedade, depressão, fadiga, insônia, dor 
de cabeça, náusea, dores gerais); Agrupamento desses parâmetros e avaliação e 
determinação dos problemas específicos do paciente. 
*Priorização do problema - Identificação de problemas ativos, inativos e 
classificação dos problemas. 
*Seleção de regimes terapêuticos específicos - Listagem das opções 
terapêuticas; Eliminação de drogas incompatíveis com o perfil ou quadro do 
paciente; Seleção de dosagem via e duração da terapia; Identificação de regimes 
terapêuticos alternativos; Planejamento da monitoração; Monitoração e modificações 
necessárias dos protocolos. 
 
 
2.2.1 Método de Dáder 
 
 
Esse método baseia-se na obtenção da história da terapia farmacológica do 
paciente analisado, ou seja, as patologias que apresenta e a terapia medicamentosa 
que utiliza, assim como, na avaliação do seu estado de saúde em determinado 
momento, com o intuito de identificar prováveis problemas relacionados com os 
medicamentos (PRM)6 que o paciente possa apresentar. As PRM podem ser 
entendidas como uma falha do tratamento farmacológico e que leva ao surgimento 
de problemas de saúde para o paciente, e até mesmo complicações da doença já 
 
6
 O conceito de Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM) encontra-se definido no 
Segundo Consenso de Granada como: problemas de saúde, entendidos como resultados clínicos 
negativos, derivados do tratamento farmacológico que, produzidos por diversas causas têm como 
consequência, o não alcance do objetivo terapêutico desejado ou o aparecimento de efeitos 
indesejáveis. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
instalada. Segundo o Consenso de Granada, as PRM podem ser divididas conforme 
o quadro 01: 
 
Quadro 01: Classificação dos Problemas Relacionados aos Medicamentos 
NECESSIDADE 
PRM 1 
O paciente sofre um problema de saúde7 em consequência de 
não receber uma medicação de que necessita. 
PRM 2 
O paciente sofre um problema de saúde em consequência de 
receber um medicamento de que não necessita. 
EFETIVIDADE 
PRM 3 
O paciente sofre um problema de saúde em consequência de 
uma inefetividade não quantitativa da medicação. 
PRM 4 
O paciente sofre um problema de saúde em consequência de 
uma inefetividade quantitativa da medicação. 
SEGURANÇA 
PRM 5 
O paciente sofre um problema de saúde em consequência de 
uma insegurança não quantitativa de um medicamento. 
PRM 6 
O paciente sofre um problema de saúde em consequência de 
uma insegurança quantitativa de um medicamento. 
FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow 
(2007). 
 
Após a identificação destes prováveis PRM, o farmacêutico terá que realizar 
intervenções com o objetivo de resolver estes problemas, e obter um maior benefício 
(efetividade e segurança) da terapêutica. Para a realização, com sucesso, deste 
método é necessário um compromisso do profissional e paciente, pois ele deve ser 
realizado de forma contínua, sistematizada e documentada, podendo ou não ter a 
colaboração de outros profissionais da saúde, para alcançar resultados concretos, 
que irão melhorar a qualidade de vida do paciente. A grande vantagem do método 
de Dáder é que ele possibilitou sistematizar experimentos e as publicações dos 
resultados encontrados no processo de atenção farmacêutica. (BISSON, 2007) 
 
 
 
 
 
7
 Entende-se por problema de saúde (PS) a definição da WONCA que considera: “qualquer queixa, 
observação ou fato percebido pelo paciente ou pelo médico como um desvio da normalidade que 
afetou, pode afetar ou afeta a capacidade funcional do paciente”. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
 
 
FIGURA 15 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO MÉTODO DE DÁDER 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013. 
 
 
O acompanhamento farmacoterapêutico, pelo método de Dáder, possui as 
seguintes fases: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
* Oferta do Serviço - O paciente aceita o acompanhamento 
Farmacoterapêutico? Este é o principal questionamento nesta etapa. É nesta fase 
que o farmacêutico explicará sobre o serviço de acompanhamento e sua 
importância, sendo que, só continuará no acompanhamento o paciente que aceitar. 
 
 
FIGURA 16 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA OFERTA DE SERVIÇO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013. 
 
 
* Primeira Entrevista - O paciente que aceitou o serviço entrará nesta etapa, 
que consiste no primeiro contato do farmacêutico com o complexo paciente-doença-
fármaco. É uma entrevista inicial, é a fase em que o farmacêutico observará as 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
preocupações e problemas de saúde do paciente, os medicamentos utilizados e 
encerrando a primeira entrevista com a fase de revisão. 
 
 
FIGURA 17 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA PRIMEIRA ENTREVISTA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013. 
 
 
* Estado de Situação - é a relação entre os problemas de saúde do paciente 
e os medicamentos utilizados, em um determinado momento. 
* Fase de Estudo - é nesta fase que o farmacêutico obterá as informações 
necessárias dos problemas de saúde que afetam o paciente, e dos medicamentos 
que foram relatados na etapa anterior. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
 
 
FIGURA 18 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO ESTADO DE SITUAÇÃO E DA 
FASE DE ESTUDO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
* Fase de Avaliação - É nesta etapa que o Farmacêutico deverá avaliar a 
necessidade da utilização da farmacoterapia. O farmacêutico após analisar todos os 
dados relatados pelo paciente deverá seguir os princípios da farmacoterapia: 
Necessidade, efetividade e segurança. 
 
 
FIGURA 19 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA FASE DE AVALIAÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013.AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
 
* Fase de Intervenção - Aqui o farmacêutico deve utilizar seus 
conhecimentos farmacoterapêuticos e elaborar um plano de atuação em conjunto 
com o paciente. Nesta fase o farmacêutico irá propor as intervenções que julgar 
necessárias para resolver o PRM que o paciente apresenta. 
 
 
FIGURA 20 - FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DA FASE DE INTERVENÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
 
* Resultado da Intervenção - São os resultados obtidos com a fase 
de intervenção. 
* Novo Estado de Situação - É o registro das mudanças que 
ocorreram no tratamento farmacológico e dos problemas de saúde 
ocasionados após a intervenção. 
* Entrevistas Sucessivas - Tem o objetivo principal de acompanhar o 
paciente, caso possam ocorrer eventuais PRM com o uso de Medicamentos, 
assim como prevenir possíveis novos casos de PRM. 
Como podemos verificar nas diversas etapas do Método de Dáder, é um 
processo longo, criterioso, e que depende muito da colaboração multiprofissional e 
principalmente da parceria farmacêutico - paciente, mas no final tem resultados 
ótimos. No final desse módulo, será disponibilizado (anexo 01) uma ficha padrão 
para utilização do método de Dáder no acompanhamento Farmacoterapêutico ao 
paciente. 
 
 
2.3 REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS - RAM 
 
 
Entende-se por Reações adversas a medicamentos, todos os 
acontecimentos nocivos e não intencionais que podem aparecer com o uso 
de um determinado medicamento em doses terapêuticas, ou seja, doses 
utilizadas para, profilaxia, diagnóstico e tratamento de patologias. 
As RAM podem ocorrer em decorrência de características pessoais 
ou do medicamento. Os idosos, as crianças e as mulheres estão mais 
suscetíveis ao aparecimento de reações adversas a medicamentos. É de 
suma importância para o farmacêutico saber identificar as reações, pois 
permite prever os riscos de futuras administrações do medicamento, assim 
como, poderá permitir uma prevenção e tratamento correto, como também, 
ajustar a dosagem terapêutica ou a troca da medicação. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
Existe uma grande variedade de Reações adversas, e também 
diversas classificações. Na tabela 03 listamos a classificação mais utilizada 
para as Reações adversas a medicamentos. 
 
 
Tabela 03 - Classificação das RAM 
 
 
 
Segundo Bisson (2007), a maior parte das reações adversas a 
medicamentos pode ser prevenida, e estudos recentes com a utilização de um 
sistema de análise sugerem que o sistema que mais falha está associado a falhas 
na disseminação de conhecimentos sobre drogas, sua prescrição e sua 
administração. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
Esse dado vem a comprovar a importância do farmacêutico, na atenção 
farmacêutica, ele pode prevenir e orientar a população sobre o uso correto dos 
medicamentos. 
 
 
3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
 
 
Entende-se por interações medicamentosas todo evento clínico, em que um 
medicamento, alimento, bebida ou outro agente químico, altera os efeitos do 
fármaco utilizado pelo paciente. Esta alteração pode ser de forma sinérgica, 
aumentando o efeito e consequentemente a toxicidade, de forma antagônica, 
reduzindo o efeito. 
Dependendo da situação uma interação medicamentosa pode ser muito 
perigosa, principalmente quando esta interação promove o aumento da toxicidade 
de um fármaco. 
Existem também aquelas interações que são benéficas para o organismo, 
em que a associação de fármacos irá auxiliar no tratamento da doença. Temos 
como exemplo aqui, a associação de anti-hipertensivos e diuréticos, realizando um 
controle maior da pressão arterial. 
O farmacêutico deve estar alerta a todas as informações sobre os 
medicamentos, devido as possíveis interações medicamentosas. É impossível nos 
lembrarmos de todas as interações medicamentosas, pois são inúmeras, mas temos 
que ter em mente pelo menos as mais comuns. Além de saber se está havendo uma 
interação medicamentosa de importância clínica, o farmacêutico deve saber orientar 
o paciente para evitá-las. No Quadro 02 listamos as interações mais usuais na 
prática farmacêutica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
 
 
Quadro 02 - Algumas interações mais usuais na prática farmacêutica 
MEDICAMENTOS INTERAÇÃO CONDUTA 
Fármacos 
depressores do 
SNC - Opioides, 
benzodiazepínicos, 
barbitúricos, álcool, 
entre outros. 
Podem resultar em 
depressão 
respiratória, 
potenciação da 
depressão do SNC 
e hipotensão. 
Ajustes das doses, monitoramento da 
depressão respiratória, do SNC e da 
hipotensão. 
Penicilinas + 
tetraciclinas 
Possível efeito 
antagônico, 
reduzindo efeito de 
ambos os 
antibióticos. 
Contatar imediatamente o prescritor e 
informar sobre a possível interação. 
Antibióticos 
penicilínicos + 
anticoncepcionais 
orais 
Esta interação pode 
inativar a ação do 
anticoncepcional. 
Essa inativação 
pode ocorrer devido 
ao aumento da 
metabolização 
hepática. Outra 
hipótese é que o 
antibiótico irá 
suprimir a flora 
intestinal, 
consequentemente, 
não irá mais 
fornecer as reações 
enzimáticas que 
liberam estrogênio 
ativo, diminuindo 
Informar sobre os possíveis riscos 
dessa interação. Assim como orientar 
para que utilize outro método 
contraceptivo, por exemplo, o 
preservativo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
seu nível 
sanguíneo. 
Drogas 
anticolinérgicas + 
clorpromazina e 
difenidramina 
Aumento dos efeitos 
anticolinérgicos 
Informar o prescritor sobre a interação e 
reduzir a dose de ambas as drogas. 
Varfarina + 
metronidazol, 
cimetidina, 
corticosteroides, 
AINEs, 
cefalosporinas, 
entre outras. 
Aumento do efeito 
anticoagulante, com 
consequente 
sangramento. 
Deve informar o prescritor sobre a 
interação, medir o tempo de 
protrombina a cada três dias, e ajuste 
da dosagem. 
Anticonvulsivantes 
+ antipsicóticos 
Diminuição do efeito 
do anticonvulsivante 
e risco de 
aparecimento de 
crises convulsivas. 
Informar o prescritor sobre a interação e 
ajuste da dose dos medicamentos. 
Levodopa + IMAO 
Aumento da 
pressão arterial, 
devido à inibição da 
metabolização da 
levodopa, e com 
isso, aumentando a 
estimulação de 
receptores 
dopaminérgicos. 
Informar o prescritor sobre esta 
interação. Esta associação deve ser 
evitada. 
Betabloqueadores + 
clonidina 
Aumento da 
pressão arterial 
Informar o prescritor sobre a interação 
para ajuste da dose ou substituição dos 
medicamentos. 
Betabloqueadores + 
AINEs 
Aumento da 
pressão arterial 
Informar o prescritor sobre a interação, 
e a evitar essa associação ou 
substituição dos medicamentos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
Corticoides + 
Fenobarbital 
O fenobarbital é um 
potente indutor 
enzimático, com 
isso irá diminuir a 
ação do anti-
inflamatório 
esteroide. 
Ajuste da dose dos medicamentos, ou 
substituição do barbitúrico. 
FONTE: Adaptado do livro Farmácia Clínica & Atenção farmacêutica. Bisson, Marcelo Polacow 
(2007). 
 
 
No quadro 02, estão elucidadas algumas interações medicamentosas que 
podem ocorrer na prática da Farmácia Clínica. Existem inúmeras interações, por 
essa razão, o farmacêutico deve sempre verificar todas as prescrições em busca de 
possíveis interações. O farmacêutico deve ter sempre disponível, fontes 
bibliográficas atuais de pesquisa, para com isso, evitar possíveis associações 
medicamentosas. 
 
 
Anexo 01 - Ficha Padrão para Acompanhamento Farmacoterapêutico - Método de 
Dáder. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 56 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 57 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pharmanet.com.br/atencao/metododader.pdf>. Acesso em: 25 
jun. 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 61 - 61 -616126MÓDULO II 
 
 
4 FERRAMENTAS DA FARMÁCIA CLÍNICA 
 
 
Na prática da Farmácia Clínica podemos utilizar diversos tipos de 
ferramentas, as quais serão explicadas no decorrer deste módulo. 
 
 
4.1 FARMACOVIGILÂNCIA 
 
 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), a Farmacovigilância é a 
ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção 
de efeitos adversos ou qualquer problema possível relacionado com fármacos. 
Portanto, a farmacovigilância é o conjunto de métodos, observações e 
instruções que permitem, durante a etapa de comercialização ou uso amplo do 
medicamento, detectar RAM e efeitos imprevistos na etapa prévia, de controle e 
avaliação. (BISSON, 2007) 
Tem o objetivo principal de reduzir a mortalidade e morbidade associado ao 
uso de medicamentos. Isso é possível, por meio da detecção inicial dos problemas 
de segurança dos medicamentos aos pacientes. 
O programa de farmacovigilância contribui também para a melhora da 
seleção e o uso racional de medicamentos pelos profissionais da saúde. 
Podemos evidenciar que o farmacêutico é um profissional que ocupa um 
lugar de relevância no programa de farmacovigilância. 
Pois, este profissional está em contato íntimo com o complexo paciente-
medicamento, o que facilita a identificação de problemas e a orientação correta para 
evitá-los. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 62 - 62 -626226 
Outra ferramenta fundamental é a atenção farmacêutica. Uma atenção 
farmacêutica bem feita pode evitar futuros problemas com medicamentos, 
aumentando a segurança e a eficácia do tratamento. 
O papel do farmacêutico no programa de farmacovigilância é o de orientar o 
paciente, sobre o uso correto e racional do medicamento. 
Na atividade de dispensação, devemos orientar o paciente a procurar o 
farmacêutico ou médico sempre que ocorrer o aparecimento de reações adversas, 
alertar o paciente para que procure um pronto-socorro, no caso de reações adversas 
graves, e auxiliar na identificação do medicamento que está causando a reação 
adversa. 
Como foi dito no módulo I, o farmacêutico necessita desenvolver suas 
habilidades sociais, comunicativa, para favorecer uma relação de amizade, e desta 
forma, tornar o processo de dispensação e/ou atenção farmacêutica um 
procedimento que garanta qualidade para o paciente. 
Outro fator importante que irá garantir o sucesso do programa de 
farmacovigilância é o profundo conhecimento do farmacêutico sobre os 
medicamentos. 
Por isso, devemos sempre estar atentos às novidades na farmacologia. Um 
profissional que deseja realizar uma atenção farmacêutica de qualidade e desta 
forma contribuir para o programa de farmacovigilância deve ser um profundo 
conhecedor da farmacologia e suas aplicações na clínica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 63 - 63 -636326 
FIGURA 21 - PROCESSO DE DISPENSAÇÃO - FARMACOVIGILÂNCIA 
 
1-Situações em que a prescrição pode ser considerada inadequada. 
* - Antes de dispensar sempre conferir o(s) medicamentos(s) com os dados da prescrição. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 64 - 64 -646426 
FONTE: Adaptado. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
93322008000300017&script=sci_arttext>. Acesso em: 01 jul. 2013. 
 
 
Antes de um medicamento entrar para comercialização da população, este 
passa por numerosos testes. Mesmo após a entrada de um medicamento no 
mercado consumidor o órgão regulador, no caso do Brasil, a ANVISA - Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária - fiscaliza as reações que o medicamento pode 
ocasionar na população. 
A ANVISA utiliza um sistema de notificação por meio da plataforma web, o 
NOTIVISA. Está regulamentado por meio da portaria n.º 1.660, de 22 de julho de 
2009, do Ministério da Saúde. Por intermédio desta plataforma web, os profissionais 
de saúde podem notificar os eventos adversos e queixas técnicas relacionadas aos 
medicamentos, entre outros produtos para a saúde. 
Além do NOTIVISA, algumas vigilâncias sanitárias estaduais, possuem seus 
centros estaduais de farmacovigilância, em que podemos destacar os estados da 
Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. 
Por meio destas notificações o medicamento pode ser retirado do mercado 
para futuros estudos sobre eficácia e segurança. 
 
 
4.2 FARMACOEPIDEMIOLOGIA 
 
 
A farmacoepidemiologia estuda o uso dos medicamentos nas populações, 
como também, os efeitos que estes medicamentos podem causar nesta mesma 
população. Verificamos que a farmacoepidemiologia é um conceito amplo, e que 
engloba inclusive a farmacovigilância. 
Segundo William Osler, a Farmacoepidemiologia é a aplicação do raciocínio 
epidemiológico, de métodos e conhecimentos no estudo dos usos e efeitos 
(benéficos e adversos) de drogas em populações humanas. (BISSON, 2007) 
Para facilitar, vamos definir a farmacoepidemiologia como sendo o estudo da 
utilização e dos efeitos dos fármacos em uma população. Ou ainda, como sendo a 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 65 - 65 -656526 
aplicação dos métodos epidemiológicos em assuntos farmacológicos. Em que, para 
realizarmos estes estudos, devemos utilizar os conhecimentos da farmacologia e da 
epidemiologia. 
Por meio da farmacoepidemiologia podemos realizar a vigilância de drogas 
na fase de comercialização, utilizando-se para isso estudos epidemiológicos. A 
farmacoepidemiologia pode auxiliar na análise de outros aspectos, tais como: tipo de 
paciente, doença, legislação, fatores étnicos, sociais e econômicos. Podemos citar 
como exemplo, a associação da polifarmácia (prescrição de vários tipos de 
medicamentos para o mesmo paciente) com a prevalência de pacientes idosos. 
Com os estudos da farmacoepidemiologia podemos analisar os indicadores 
de qualidade nas prescrições médicas. Em que, aquelas prescrições que 
apresentam grande número de interações, são ditas como prescrições inadequadas, 
enquanto que aquelas com o menor número possível de interação são consideradas 
adequadas e seguras. Outro indicador de prescrições inadequadas pode ser 
evidenciado naquelas prescrições contendo medicamentos com baixo índice 
terapêutico, ou seja, grande risco de causar reações adversas, ou aqueles 
medicamentos com baixa eficácia terapêutica. 
Como podemos verificar a farmacoepidemiologia pode ser uma ciência 
primordial para a garantia da segurança terapêutica do paciente. Podendo evitar o 
aparecimento de RAM e promover o uso racional de medicamentos. Algumas 
ferramentas de gerenciamento de saúde podem ser utilizadas na 
farmacoepidemiologia, são elas: Estudos de utilização de medicamentos; 
acompanhamento do risco-benefício dos medicamentos; planejamento estratégico 
em longo prazo e os programas de gerenciamento de doenças. 
 
a) Estudos de utilização de medicamentos - tem como objetivos medir o uso 
dos medicamentos pela população, analisar os tipos de prescrições dos médicos e 
dentistas, assim como a adesão do paciente ao tratamento prescrito. Por meio 
destes estudos pode-se gerenciar a qualidade na utilização de medicamentos. 
 
b) Acompanhamento do risco-benefício dos medicamentos - Tem como 
objetivos identificar e validar a segurança das drogas e seus riscos. Por meio deste 
acompanhamento podemos medir o impacto dos benefícios na utilização dos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 66 - 66 -666626 
medicamentos na população, medir a relação risco-benefício do medicamento, além 
de implementar ações corretas para o uso racional de medicamentos, 
providenciando respostas rápidas aos alertas terapêuticos. 
 
c) Planejamento estratégico à longo prazo - Com este planejamento 
podemos analisar, quantificar e prever as necessidades dos sistemas de atenção à 
saúde dos pacientes. 
 
d) Programas de Gerenciamento de doenças - Tem como objetivo realizar 
um acompanhamento na qualidade de vida do paciente, utilizando para isso os 
resultados encontrados. 
 
No quadro 03 temos algumas indagaçõesque podem ser realizadas durante 
uma investigação farmacoepidemiológica de campo. 
 
Quadro 03 - Investigação farmacoepidemiológica 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/rbepid/v14n4/04q01.jpg>. Acesso em: 01 
jul. 2013. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 67 - 67 -676726 
 
Segue na figura 22, um resumo de uma investigação farmacoepidemiológica 
de campo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 68 - 68 -686826 
 
 
FIGURA 22 - FLUXOGRAMA DE UMA INVESTIGAÇÃO 
FARMACOEPIDEMIOLÓGICA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-
790X2011000400004&script=sci_arttext>. Acesso em: 01 jul. 2013. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 69 - 69 -696926 
 
Analisando a figura 22 podemos verificar que o processo 
farmacoepidemiológico inicia-se na farmacovigilância, em que por meio da 
notificação dos efeitos adversos ou queixa técnica inicia-se a investigação 
epidemiológica, para quantificar a gravidade do problema em relação à população 
analisada. 
 
 
4.3 FARMACOECONOMIA 
 
 
É um processo recente, que apareceu devido aos altos gastos com o 
tratamento em saúde. Até este momento do curso estivemos preocupados em 
alcançar a cura terapêutica, assim como acompanhar o paciente, orientando sobre 
os riscos do uso inadequado das medicações. A partir desse momento, teremos que 
nos preocupar com a melhor farmacoterapia e também com a redução de gastos 
dessa farmacoterapia. 
Sabemos que os gastos no sistema público são muito elevados e que os 
recursos são escassos. Por isso, a investigação farmacoeconômica tem como 
objetivo investigar, medir e comparar os custos e os resultados, ou seja, comparar 
quanto tem de investimento e o que pode gastar (recursos/custos), com a 
efetividade da qualidade de vida do paciente, a eficácia e segurança do tratamento. 
Bisson (2007) define farmacoeconomia como sendo: "a aplicação de 
metodologias derivadas das ciências sociais e físicas para examinar as terapias 
alternativas de medicamentos e serviços que alterem os resultados da assistência à 
saúde”. Como podemos evidenciar a farmacoeconomia é um "mix" de outras áreas, 
em que podemos encontrar diversos princípios da economia, epidemiologia, 
farmácia, medicina e ciências sociais. 
A farmacoeconomia também é muito utilizada pelas empresas do ramo 
farmacêutico, principalmente as grandes Indústrias farmacêuticas. Há 
departamentos inteiros voltados para esta visão econômica. Em que são analisadas 
as vantagens e desvantagens do medicamento produzido em relação aos outros já 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 70 - 70 -707026 
existentes. Quando falamos de vantagens e desvantagens, estamos falando sobre o 
custo-efetividade. 
Mas aqui temos um impasse, pois o prescritor na maioria das vezes não tem 
o menor interesse sobre a economia daquele produto, ele somente precisa saber 
sobre suas características farmacológicas. Então, por que as indústrias 
farmacêuticas gastam milhões na farmacoeconomia? 
Esta resposta é bem simples. As indústrias farmacêuticas estão 
interessadas nos gestores, pois para eles o mais importante é a vantagem 
financeira. Como todos sabem no nosso país os recursos para área da saúde são 
escassos, por isso, os gestores devem conseguir adquirir um maior número de 
medicamentos para atender a população. 
Esse assunto é bem delicado, pois aqui temos de um lado o custo / lucro e 
do outro lado o bem-estar / saúde do paciente, por este motivo devemos sempre agir 
com ética, tentando conciliar o custo com o tratamento que dê resultados positivos 
para o paciente. 
 
 
4.3.1 Custos 
 
 
Este é o primeiro elemento de estudo da farmacoeconomia. Dentro da 
farmacoeconomia podemos definir o custo como sendo uma despesa ocorrida para 
a produção dos produtos de assistência à saúde e seus serviços. 
Dentro da farmacoeconomia podemos diferenciar alguns tipos de custos, tais 
como: custos fixos, custos variáveis, custos médicos, entre outros. 
 
a) Custos Fixos: 
 
Como o próprio nome já diz, é um custo que não sofre uma variação em 
curto período de tempo, normalmente um ano. Este tipo de custo sofre uma variação 
com o tempo, mas não em decorrência da quantidade ou do volume do serviço 
oferecido. Podemos ter como exemplo de custos fixos dentro da farmacoeconomia o 
aluguel, salários, luz, seguro, etc. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 71 - 71 -717126 
 
b) Custos Variáveis: 
 
Ao contrário dos custos fixos, os custos variáveis sofrem variação em 
decorrência do volume do resultado. Este tipo de custo ocorre sempre quando 
aumentamos os gastos com medicamentos, produtos para a saúde ou serviços em 
virtude do aumento dos atendimentos. Podemos citar como exemplo de custo 
variável, o custo com medicamentos de um ambulatório, onde, com o aumento no 
número de pacientes haverá aumento nos gastos com medicamentos, em 
contrapartida, com a redução do número de pacientes, haverá uma redução dos 
custos. 
 
c) Custos Diretos - Médicos: 
 
Este tipo de custo pode ser fixo ou variável associado diretamente a uma 
condição médica ou assistencial à saúde. Neste tipo de custo engloba os gastos 
com médicos, farmacêuticos, enfermeiros, dentistas, etc. Além dos materiais que 
podem ser utilizados para tratamento de determinada condição. Por exemplo, no 
atendimento domiciliar de um paciente, em que o mesmo necessita da 
administração de um medicamento por via IM (Intramuscular), temos que colocar os 
custos do profissional, do material, medicamento e inclusive do transporte. 
 
d) Custos Diretos não médicos: 
 
Pode ser entendido como todo o tipo de custo relacionado ao paciente, em 
que o profissional não está envolvido diretamente. Podemos exemplificar o caso de 
um jovem internado em um hospital público no interior do país e que necessita de 
acompanhamento em um grande hospital. O gasto com o transporte deste paciente 
para a instituição de grande porte está inserido dentro deste tipo de custo. Note que 
neste exemplo, muitas vezes, há a necessidade de um acompanhamento 
profissional (médico, enfermeiro, etc.), para o paciente, mas o atendimento 
especializado será realizado apenas na instituição de saúde de destino. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 72 - 72 -727226 
e) Custos Indiretos: 
 
É todo aquele custo que é representado por ganhos não realizados, isso 
ocorre devido à maioria das situações de doenças e pode envolver o paciente ou os 
seus familiares. Pode ser entendida também como o custo ocasionado pela perda 
temporária ou definitiva da capacidade de trabalho. Ou seja, devido à doença, ou ao 
estado patológico que o paciente se encontra, ele deixou de produzir, gerando 
custos. 
 
 
FIGURA 23 - CUSTOS 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol34/s2/208.html>. Acesso em: 02 jul. 
2013. 
 
 
4.3.2 Tipos de Análise Econômica 
 
 
A análise econômica ou farmacoeconômica pode ser realizada de quatro 
maneiras distintas: Minimização dos custos, custo - efetividade, custo - utilidade e 
custo-benefício. 
 
a) Análise de minimização dos custos (CMA) - É a análise mais simples e a 
mais utilizada. Ela pode ser definida como sendo o estudo comparativo dos custos 
de dois ou mais tratamentos de mesma eficácia ou efetividade. Este tipo de análise 
tem por objetivo analisar várias terapêuticas similares, comparando os seus custos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 73 - 73 -737326 
Possui como desvantagem, a dificuldade em encontrar produtos que sejam 
totalmente equivalentes. 
 
 
Tabela 01 - Análise de minimização dos custos (CMA) 
 Medicamento A Medicamento B 
Eficiência 97 % 95% 
Tempo Tratamento 7 dias 14 dias 
Preço R$ 15,00 R$ 13,00 
Posologia 
01 frasco-ampola / 6 
horas 
01 frasco-ampola / 12 
horas 
Custo do medicamento 
(4 ampolas x 7 dias) * 
R$ 15,00 = R$ 420,00 
(2 ampolas x 14) * R$ 
13,00 = R$ 364,00 
Custo deinternação 
(R$ 50,00 / dia) 
50 * 7 = R$ 350,00 50 * 14 = 700,00 
Custos de exames 
(R$ 5,00 / dia / exame) 
R$ 5,00 * 7 = R$ 35,00 R$ 5,00 * 14 = R$ 70,00 
Custos de infusão 
(R$ 15,00 / aplicação / dia) 
R$ 15,00 * 4 * 7 = 
R$ 420,00 
R$ 15,00 * 2 * 14 = 
R$ 420,00 
Custo total do tratamento R$ 1.225,00 R$ 1.554,00 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Analisando o exemplo fictício da tabela 01, podemos verificar que o 
Medicamento A possui maior eficiência com menor custo, devendo este ser a 
escolha correta. 
 
b) Análise Custo - Efetividade (CEA) - Como o próprio nome já diz, é uma 
técnica analítica que faz a comparação dos gastos monetários com um parâmetro de 
efetividade (p.ex. resultado clínico). Esse tipo de análise permite somente a 
comparação entre opções terapêuticas similares e com resultados nas mesmas 
unidades de medida. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 74 - 74 -747426 
 
 
Tabela 02 - Análise Custo- Efetividade (CEA) 
 Antidepressivo A Antidepressivo B 
Tempo Tratamento Contínuo Contínuo 
Preço do tratamento R$ 1,50 / dia R$ 1,25 / dia 
Eficácia - Melhora do 
estado depressivo - ED 
98% 95% 
Relação Custo / Eficácia R$ 0,015 / melhora ED R$ 0,013 / melhora ED 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Analisando a Tabela 02, podemos chegar à conclusão que o antidepressivo 
B tem a melhor Relação custo - Eficácia, portanto, é o medicamento que deve ser 
escolhido. 
 
c) Análise Custo-benefício (CBA) - Neste tipo de análise temos como 
principal objetivo reduzir os gastos para aumentar os lucros. Os resultados e os 
custos são mensurados em unidades monetárias, tendo como resultado econômico 
o lucro e consequentemente a economia. Tem como principais desvantagens a não 
avaliação dos elementos clínicos e da satisfação, é difícil estimar os resultados em 
saúde e em unidade monetária. 
Por meio da CBA uma alternativa terapêutica terá os custos avaliados e 
posteriormente os benefícios econômicos que esta alternativa terapêutica gerou. 
Podemos citar como exemplo hipotético, uma empresa B, que propõe uma 
campanha de vacinação contra a gripe para seus funcionários. Durante esta 
campanha a empresa terá custos, com pessoal qualificado, o medicamento, entre 
outros. Sabe-se que inúmeros de seus funcionários faltam ao serviço devido a 
problemas relacionados à gripe. Supondo-se que a empresa possua 100 
funcionários e a incidência de gripe seja de 20 casos / 100 funcionários /ano, e isto 
ocasiona 07 dias de falta para cada episódio de gripe. Realizando os cálculos 
concluímos que a empresa tenha 140 dias de faltas de seus funcionários gripados 
(20 casos * 7 dias = 140 dias de faltas), por ano. E se cada funcionário tenha um 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 - 75 -757526 
salário de R$ 1.000,00 / mês, o valor de um dia útil para cada funcionário é de R$ 
50,00. (Utilize 20 dias úteis / mês). Portanto em um ano a empresa terá um prejuízo 
de: 
Prejuízo = 140 dias * 50,00 = R$ 7.000,00 / ano. 
 
Agora se o custo total de cada vacina é de R$ 40,00 / dose, já incluído o 
serviço de aplicação, temos um custo total para empresa de R$ 4.000,00 (40 * 100). 
Se a vacina tiver o máximo de eficácia, evitando com isso os casos de gripe, 
podemos perceber que a empresa evitou um prejuízo, ou seja, lucrou com a 
campanha de vacinação. 
 
d) Análise Custo - Utilidade (CUA) - Por meio da comparação das outras 
intervenções ou programas sanitários avalia o grau de satisfação do paciente com 
relação ao tratamento recebido em termos de qualidade de vida. Podemos dizer que 
esta análise é uma forma mais sofisticada da análise custo-efetividade, na qual ela 
expressa a duração e a qualidade de vida do paciente, nos diversos tipos de 
intervenções médicas, ou seja, é a relação entre os gastos (custos com intervenções 
médicas) e os resultados positivos, mensurados pela qualidade de vida. 
Neste tipo de análise a qualidade de vida é medida por meio da qualidade de 
vida ajustada por anos de vida (QALY). 
Segundo Bisson (2007), a QALY é definida como a unidade mais 
comumente usada para exprimir os resultados de uma CUA. Por exemplo, um 
paciente que está em um período perfeito, sem problemas de saúde, pode ser 
taxado como 1,0 QALY. Já outro paciente que no mesmo período de tempo teve 
20% do seu estado perfeito de saúde, equivale a 0,2 QALY. 
 
A confiança das observações e dos resultados de qualquer tipo de análise 
depende de quem realiza, devendo os investigadores serem pessoas idôneas e sem 
interesse nos possíveis resultados. 
Por isso a farmacoeconomia é uma das principais ferramentas de apoio do 
processo decisório, devido a existência de diversos tipos distintos de métodos 
analíticos, facilitando a vida do gestor e consequentemente do profissional de saúde. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 76 - 76 -767626 
 
 
4.4 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA 
 
 
A Farmacocinética é a relação entre a sequência temporal das 
concentrações da substância alcançadas em diferentes regiões do corpo durante e 
após a administração de uma dose, ou seja, é o que o corpo faz com a substância. 
(HANG, 2004). De forma didática podemos dizer que é o caminho que a droga 
percorre no organismo e todas as suas interações em cada compartimento. 
A Farmacocinética Clínica é o conjunto de atividades da Farmacocinética, 
voltado para a clínica, ou seja, podemos ajustar esquemas posológicos 
individualizados por meio da aplicação dos princípios farmacocinéticos. Esta 
aplicação da Farmacocinética para determinar a segurança, posologia 
individualizada, máximo efeito terapêutico e otimização do tratamento farmacológico 
é conhecida como Farmacocinética Clínica. 
Na Farmácia Clínica o farmacêutico deve possuir alguns conceitos muito 
bem esclarecidos, para alcançar os benefícios da Farmacocinética Clínica, são eles: 
Farmacocinética básica; a utilidade clínica de cada princípio farmacocinético; 
cálculos e modelos farmacocinéticos; monitorização farmacocinética; entre outros. 
Para alcançar seus objetivos a Farmacocinética clínica utiliza as informações 
sobre absorção, distribuição, metabolismo e excreção dos fármacos. 
Para facilitar a prática da Farmacocinética Clínica, podemos utilizar alguns 
protocolos de trabalho, baseados em dados da Organização Mundial da Saúde 
(OMS) e outras entidades internacionais em farmacologia e pesquisa clínica, a 
saber: 
a) O regime posológico do paciente (individualizado) deve ser baseado nos 
dados farmacocinéticos do fármaco, características fisiopatológicas e no objetivo da 
terapia; 
b) Amostras biológicas para determinação dos níveis do medicamento; 
c) Análises de concentração dos fármacos; 
d) Selecionar os modelos farmacocinéticos para ajustar a dosagem do 
fármaco, utilizando-se para isso as concentrações plasmáticas do medicamento; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 77 - 77 -777726 
e) Elaborar informativos sobre as recomendações feitas do regime de 
dosagem mais adequado para aquele medicamento e sobre os futuros controles 
terapêuticos; 
f) Realizar reuniões dirigidas para os outros profissionais da saúde, sobre os 
princípios farmacocinéticos e sua aplicação prática etc. 
 
São inúmeros os medicamentos utilizados na prática clínica atual, para 
facilitar e direcionar seu estudo citamos as principais classes de medicamentos que 
apresentam os maiores problemas na farmacocinética e que necessitam de um 
acompanhamento farmacocinético, são eles: Aminoglicosídeos; Anticonvulsivantes; 
Antiarrítmicos; Imunossupressores; AINES; entre outros. 
 
 
5 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS - CIM 
 
 
O Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) é um local onde são 
analisadas as informações sobre um medicamento, objetivando o uso racional de 
medicamentos. 
A informação sobre os medicamentos é tão importante quanto o próprio 
fármaco, pois, somente com informações corretas é que poderemos fazer o uso 
correto dos mesmos. A promoção, controlee monitoramento das informações dos 
fármacos é parte fundamental da política nacional de medicamentos. 
Devido aos grandes avanços na farmacologia e ao enorme número de novos 
fármacos disponíveis no mercado a cada momento pode dificultar a atuação do 
profissional de saúde na assistência ao paciente. Com o CIM temos um sistema de 
informação atualizado, seguro e rápido sobre todos os medicamentos utilizados na 
rotina do centro de saúde, isso facilita muito a vida do profissional. 
No Brasil temos 22 CIM, que estão localizados nos seguintes estados: 
Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espirito Santo, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, 
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa 
Catarina e São Paulo. (BISSON, 2007, p.103). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 78 - 78 -787826 
O CIM, além da informação sobre os medicamentos e o uso racional, pode 
estar integrado há um Centro de informações Toxicológicas, auxiliando ainda mais 
os profissionais da saúde, assim como orientando com maior eficiência o paciente. 
 
 
5.1 MEDICAMENTOS ESSENCIAIS 
 
 
São todos aqueles fármacos que atendem às necessidades de saúde da 
maioria da população, com um preço acessível a todos. Os Medicamentos 
essenciais devem estar disponíveis para a população a qualquer hora e em 
quantidade adequada para o seu tratamento, nos serviços de saúde públicos. 
A seleção dos medicamentos essenciais é realizada a partir da sua 
importância para a Saúde pública, evidências de eficácia e segurança e comparação 
de custo-efetividade. 
 
 
5.1.1 Critérios de Seleção dos Medicamentos Essenciais 
 
 
Como podemos evidenciar o estudo da farmacoeconomia deve estar 
inserida na escolha destes medicamentos, em que a análise custo-efetividade dos 
recursos de saúde deve ser levada em conta. 
A escolha desses medicamentos deve levar em conta a importância para a 
população e dados analíticos das principais doenças naquela região. 
No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) publica uma lista de medicamentos, 
denominado de relação nacional de medicamentos Essenciais (RENAME). 
Atualmente esta lista conta com 343 fármacos, 8 produtos correspondentes a 
fármacos, 33 imunoterápicos, em 372 DCB (Denominação Comum Brasileira) 
distintas, contidas em 574 apresentações farmacêuticas. (Portal Saúde, Disponível 
em: 
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=32820
&janela=1>. Acesso em: 28 jul. 2013.) 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 79 - 79 -797926 
Para a escolha desses medicamentos essenciais são utilizados critérios, 
segue abaixo alguns dos critérios utilizados: 
 
a) Devem ser fármacos já aprovados e registrados na ANVISA; 
b) Dentro da mesma classe terapêutica é escolhido o fármaco com real e 
relevante benefício clínico. Esta escolha é realizada por meio de amplos ensaios 
clínicos randomizados; 
c) São escolhidos os fármacos que tem comparada ação em mais de uma 
patologia; 
d) Para evitar monopólio industrial, escolhem-se medicamentos produzidos 
por várias indústrias, para evitar os preços abusivos. 
e) Deve ser fabricado de acordo com as Boas Práticas de Fabricação, o que 
assegura a qualidade do medicamento; 
 
 
5.1.2 Promoção do Uso Racional de Medicamentos 
 
 
Para a promoção do uso racional de medicamentos temos que ter todas as 
informações necessárias sobre o medicamento. Para o profissional de saúde as 
informações devem ser técnicas, constando os parâmetros farmacológicos dos 
medicamentos essenciais. Para o paciente a informação sobre as orientações e 
cuidados que deve ter com o uso do medicamento, é essencial, para o uso correto 
dos mesmos. 
A utilização da RENAME é apenas um dos passos para o uso racional dos 
medicamentos, e com isso um aumento da qualidade do cuidado à saúde. 
A informação correta sobre os medicamentos permeia a qualidade do 
tratamento farmacológico, em que o profissional de saúde deve ter todas as 
informações necessárias para os medicamentos essenciais utilizados pelos 
pacientes, no seu centro de saúde, prezando com isso a segurança, efetividade e a 
prudência no uso dos medicamentos, contribuindo para o uso racional de 
medicamentos. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 - 80 -808026 
 
 
5.2 PESQUISA CLÍNICA 
 
 
Com o crescimento da Farmácia Clínica, está crescendo a necessidade de 
pesquisas clínicas de medicamentos. Levando em conta que a área farmacêutica é 
a segunda maior movimentação financeira do mundo e que os gastos públicos, no 
país, com medicamentos representam os maiores custos, esta atividade vem 
ganhando grande espaço na área de saúde pública e privada. 
A pesquisa clínica pode propiciar muitos lucros, para as indústrias 
farmacêuticas, assim como, uma grande economia, para os órgãos públicos. Por 
isso o grande crescimento nesta área. No Brasil, são poucos os grupos de Pesquisa 
Clínica, ficando praticamente restrito as indústrias e as Unidades de Ensino 
Superior. 
A Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) é uma 
instituição civil, sem fins lucrativos, que auxiliam todos os profissionais no processo 
de condução de estudos em seres humanos. 
Os profissionais que trabalham com pesquisa clínica podem estar inseridos 
em vários segmentos de trabalhos, a saber: Técnico da ANVISA, estados e 
municípios, institutos de pesquisas públicos e privados, indústria farmacêutica, entre 
outros. 
Para a ANVISA, o estudo clínico é qualquer investigação em seres 
humanos, com o objetivo de descobrir ou verificar os efeitos farmacológicos da nova 
droga no organismo humano, inclusive as reações adversas que este produto em 
investigação pode ocasionar com o intuito de averiguar sua segurança e/ou eficácia. 
O estudo clínico pode ser dividido em: Fase pré-clínica, Fase I, Fase II, Fase 
III e Fase IV. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 81 - 81 -818126 
 
 
5.2.1 Fases do estudo Clínico 
 
 
a) Fase Pré-Clínica 
 
Esta fase consiste na utilização de cobaias não humanas da nova droga em 
estudo, após a identificação in vitro de potencial terapêutico. Nessa fase o 
pesquisador consegue obter maiores informações sobre a farmacologia e a 
segurança do possível fármaco. A maioria das drogas não passa da fase pré-clínica, 
pois, não possuem atividade terapêutica / farmacológica adequada ou são 
extremamente tóxicas. As drogas que são aprovadas nesta fase são encaminhadas 
para os estudos de Fase I. 
 
 
b) Fase I 
 
 
É realizado em uma pequena amostra de humanos voluntários, em torno de 
50 pessoas. Sofre intensa supervisão do órgão avaliador. É realizado em indivíduos 
sadios, buscando estabelecer limites de segurança e o perfil farmacológico dessa 
nova droga (Farmacocinética e farmacodinâmica). 
Nos estudos de Fase I, são avaliados, nos voluntários humanos, a maior 
dose tolerável, a menor dose efetiva, a relação dose / efeito, a duração do efeito e 
as reações que esta nova substância pode ocasionar. 
 
 
c) Fase II 
 
 
Também conhecida como estudo terapêutico piloto. Nesta etapa temos uma 
amostra maior de voluntários humanos, em torno de 150, com o objetivo de verificar 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 82 - 82 -828226 
se a substância é efetiva para a patologia que está sendo tratada. Este estudo utiliza 
pacientes voluntários para os quais a nova droga está sendo testada, ou seja, utiliza 
pacientes com a patologia com a qual a droga deve ser efetiva e segura. 
Nos estudos de Fase II, é avaliada a segurança a curto espaço de tempo e é 
possível estabelecer a dose - resposta. 
Segundo Bisson (2007), o principal objetivo desta fase é verificar se a droga 
de fato apresenta os efeitos sugeridos nos testes pré-clínicos, definir sua 
farmacocinética e relacionar suas concentrações plasmáticas com seus efeitos. 
 
 
d) Fase III 
 
 
Número maior de pacientes voluntários, em torno de 1000. Esta fase do 
estudo deve ser realizada em várias regiões diferentes,em diferentes centros e 
populações, com intuito de demonstrar a eficácia e segurança. 
Esse tipo de estudo pretende determinar os resultados risco/benefício a 
curto e longo período de tempo, o valor terapêutico da nova substância, estabelecer 
o perfil terapêutico da nova droga (indicação, posologia, reações, contraindicação, 
etc.), farmacoeconomia e qualidade de vida, a comparação com as outras drogas 
disponíveis no mercado, características especiais, possíveis interações 
medicamentosas entre outros. Podemos dizer que é a fase pré-comercialização. 
 
 
e) Fase IV 
 
 
Esta fase do estudo é realizada após a aprovação para a comercialização, 
ou seja, o produto já foi aprovado para comercialização para a população. É uma 
fase muito importante, pois podemos detectar possíveis eventos adversos, conhecer 
mais as características do produto (sabor, cheiro, facilidade de ingestão). 
A farmacovigilância é muito atuante nesta etapa, sendo importantíssima para 
estabelecer o valor terapêutico, eficácia / eficiência e a segurança do novo 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 83 - 83 -838326 
medicamento para a população. Todas as fases devem seguir as normas éticas e 
científicas aplicadas no país, segundo a ANVISA. 
 
 
FIGURA 24 - FASES DA PESQUISA CLÍNICA 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.emagister.com/curso-farmacologia-normativa-
aprobacion-farmacos/autorizacion-farmacos-medicamentos-fases-proceso>. Acesso em: 08 jul. 2013. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 84 - 84 -848426 
Você poderá obter maiores informações sobre este assunto Pesquisa Clínica 
e seus aspectos regulatórios por meio do site da ANVISA: 
http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/pesquisa/index.htm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO II 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 87 - 87 -878736 
 
 
MÓDULO III 
 
 
6 PROTOCOLOS CLÍNICOS 
 
 
No cotidiano de trabalho deparamos com uma imensa quantidade de casos 
clínicos e muitas vezes ficamos com algumas dúvidas sobre qual o melhor 
procedimento tomar. Habitualmente a solução é utilizar nossa experiência técnica 
sobre o assunto, caso ainda persista a dúvida, podemos consultar outros colegas ou 
até mesmo a literatura especializada. 
Mas este não é o procedimento mais adequado, pois o paciente necessita 
de uma devolutiva o mais breve possível, e muitas vezes a nossa dúvida pode gerar 
certa desconfiança do paciente, fazendo com que o mesmo fique desestimulado e 
desista do tratamento, antes mesmo de começar. 
Por isso alguns protocolos clínicos podem ser utilizados de acordo com a 
característica e o tipo de paciente específico. 
Uma prática muito utilizada na atualidade pelos médicos é a "Medicina 
Baseada em Evidências", que é a utilização consciente, judiciosa e explícita das 
melhores evidências na tomada de decisões sobre o cuidado dos pacientes. 
(Drummond, 2004) 
Como a Medicina Baseada em evidências é um instrumento de trabalho 
exclusivo do médico, não vamos entrar em muitos detalhes. O importante aqui é o 
farmacêutico ter a noção para realizar um atendimento ao paciente com qualidade e 
sempre auxiliando o prescritor para alcançar a cura do paciente. 
O papel do farmacêutico neste instrumento é o de atuar na pesquisa 
bibliográfica de protocolos farmacoterapêuticos existentes, verificando a realidade da 
instituição com esses protocolos adotados. O farmacêutico também pode analisar 
quais desses protocolos farmacoterapêuticos se encaixam melhor com a instituição, 
verificando qual apresenta os melhores resultados farmacoeconômicos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 88 - 88 -888836 
Segundo Bisson (2007), "o Farmacêutico pode colaborar na elaboração de 
um manual de informações, com dados comparativos sobre medicamentos, 
"feedback" de padrões de conduta médica, custos comparados com o estilo de 
prescrição, visitas educativas, distribuição médica e elaboração de lembretes para 
serem colados nos prontuários no caso de pacientes hospitalares". 
Com isso podemos reduzir o número de internações, hospitalizações, reduzir 
o tempo de internação, reduzir o número de consultas, melhorar a qualidade de vida 
do paciente e dos colaboradores. 
 
 
6.1 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA 
 
 
É um assunto muito delicado e que envolve outras áreas da medicina. Hoje 
em dia o Farmacêutico pode prescrever os medicamentos Fitoterápicos isentos de 
prescrição. 
A Resolução n.º 546 de 21 de julho de 2011 do Conselho Federal de 
Farmácia - CFF, fala sobre a indicação farmacêutica de plantas medicinais e 
fitoterápicos isentos de prescrição e o seu registro. Isso é um avanço para a classe 
Farmacêutica, e deve ser muito comemorado. 
Atualmente existe uma Consulta Pública (n.º 06/2013) de prescrição 
farmacêutica. Segundo a consulta, a prescrição farmacêutica poderá utilizar 
tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, e todas as outras intervenções 
que julgar necessário, relativo ao cuidado ao paciente. Obedecendo ao limite de 
competência profissional do farmacêutico. 
Conforme a consulta pública o farmacêutico poderá prescrever os 
medicamentos isentos de prescrição médica, plantas medicinais, drogas vegetais, 
como também os fitoterápicos isentos de prescrição médica. 
Se for aprovado este projeto será um grande avanço para a saúde da 
população, pois hoje sabemos que muitas pessoas procuram as farmácias e 
drogarias em busca desse tipo de medicamento, sem prescrição médica. É sabido 
de todos, que esses medicamentos são vendidos, muitas vezes sem orientação 
alguma, a famosa automedicação. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 89 - 89 -898936 
Com a obrigatoriedade da prescrição farmacêutica teremos a automedicação 
responsável, pois será imprescindível a prescrição farmacêutica. Isso reduzirá os 
casos de problemas relacionados aos medicamentos, pois todos os medicamentos 
serão prescritos pelo médico ou pelo farmacêutico, tendo como foco principal, as 
orientações corretas sobre a importância do uso do medicamento, os cuidados, a 
posologia correta, ou seja, todas as informações necessárias para o uso correto do 
medicamento. 
Diversos estudos apontam que os medicamentos isentos de prescrição são 
os principais causadores dos casos de intoxicação medicamentosa. Com a 
prescrição farmacêutica para este tipo de medicamento, obrigará os 
estabelecimentos de farmácia / drogaria, a ter um profissional habilitado por todo o 
tempo de funcionamento, não deixando a população sem a orientação deste 
profissional. 
Se for regulamentada a prescrição farmacêutica, as instituições de ensino 
superior terão que se adequar, inserindo esta disciplina na grade curricular do 
profissional. O próprio farmacêutico terá que buscar cursos, que o auxiliem neste 
novo caminho, a prescrição de medicamentos ao paciente. 
 
 
FIGURA 25 - PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2010/05/prescricao-farmaceutica-de-sua-
sugestao.html>. Acesso em: 09 jul. 2013. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 90 - 90 -909036 
 
 
7 FARMÁCIA CLÍNICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM GRUPOS 
ESPECÍFICOS DE PACIENTES 
 
 
O farmacêutico tem que estar se atualizando constantemente, por meio de 
cursos, palestras, congressos e literatura especializada. Vamos disponibilizar aqui 
alguns protocolos para serem utilizados no processo de Farmácia Clínica na atenção 
Farmacêutica em determinados grupos de pacientes. 
Vamos passar uma noção geral, por isso lembre-se você deve adequar 
estes protocolos ao tipo específico de paciente para a sua realidade de trabalho. 
 
 
7.1 PACIENTE HIPERTENSO 
 
 
A hipertensão é um dos maiores problemas de saúde no mundo e acomete 
milhões de pessoas. Devido à agitação do trabalho, stress, hábitos de vida errados, 
obesidade, genética, outras doenças, a hipertensão vem crescendo em todo o 
mundo, principalmente no nosso país. 
Os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) com este tipo de pacientesão 
elevadíssimos, principalmente devido às diversas complicações que pode 
apresentar. 
No Brasil a Hipertensão arterial atinge cerca de 22% da população acima 
dos 20 anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente vascular cerebral, 
60% dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces. 
O farmacêutico para realizar um acompanhamento a este tipo de paciente 
deve conhecer muito bem a fisiopatologia da hipertensão e as doenças associadas 
que podem levar a complicações ainda maiores. 
Um paciente é considerado hipertenso quando a sua pressão arterial, com 
frequência, está acima de 140 por 90 mmHg e é tida como normal quando 
encontramos valores regulares em torno de 120 por 80 mmHg. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 91 - 91 -919136 
 
 
Tabela 04 - Recomendações para seguimento 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2007001500012>. Acesso em: 09 jul. 2013. 
 
 
Essa elevação da pressão acima do normal, com frequência, pode ocasionar 
sérios danos ao corpo humano. Na figura 26 temos os principais órgãos acometidos 
pela elevação da pressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 26 - ÓRGÃOS MAIS AFETADOS PELA HIPERTENSÃO 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 92 - 92 -929236 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36873&janela=1>. Acesso em: 09 
jul. 2013. 
 
 
7.1.1 Investigação Clínica e Decisão Terapêutica 
 
 
O farmacêutico deve realizar uma investigação clínica para confirmar a 
elevação persistente da pressão arterial do paciente. Esta investigação tem por 
objetivo avaliar as lesões de órgãos, identificar fatores de risco, diagnosticar outras 
doenças e determinar a etiologia da hipertensão. O farmacêutico pode seguir os 
seguintes passos: 
 
a) História do paciente - Aqui o profissional deve investigar os possíveis 
agravantes para a hipertensão do paciente. Podemos listar: idade, raça, condição 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 93 - 93 -939336 
socioeconômica, tabagismo, etilismo, há quanto tempo é hipertenso, obesidade, 
histórico familiar de doenças arteriais e coronarianas, depressão, ansiedade, 
estresse, outras doenças (diabetes, doença renal, hepática, etc.), hábitos 
alimentares, histórico de medicamentos que o paciente utiliza, realiza atividade 
física, e outras situações que o profissional julgar necessário; 
b) Exame Físico - Aferição da pressão arterial com frequência, medida da 
massa corpórea (pesagem do paciente), comprimento da circunferência abdominal, 
verificação dos batimentos cardíacos, entre outros; 
c) Avaliação Laboratorial - Aqui o farmacêutico irá investigar todos os 
exames laboratoriais que o paciente já realizou e os que ele ainda irá realizar. Deve 
ser analisado os seguintes exames: urianálise, dosagens de potássio, creatinina, 
glicose, colesterol total e suas frações, e outros exames que o paciente 
disponibilizar; 
d) Avaliação Complementar - Aqui o farmacêutico irá avaliar o paciente 
como um todo. O interessante aqui é que o profissional entre em contato com o 
médico e trabalhe em conjunto com ele para a melhora do paciente. O Médico já 
solicitou para o paciente, vários tipos de exames e poderá com isso, passar 
informações importantes as quais o farmacêutico pode não ter identificado; 
 
Como dito anteriormente é muito importante que o farmacêutico trabalhe 
com os outros profissionais da saúde envolvidos, principalmente o médico prescritor. 
O farmacêutico deve deixar bem claro para o médico que ele é o profissional que 
está ali para ajudar o seu paciente, e que está aberto para qualquer troca de 
informações. Este ponto é muito importante, pois como todos nós sabemos, existe 
certa dificuldade de diálogo entre estes profissionais. 
Por isso mesmo, temos que entrar em contato com o profissional médico, 
apresentando-se e informando para o mesmo, a sua importância para o sucesso 
terapêutico. Graças a Deus temos muitos profissionais médicos que são receptivos a 
esta contribuição do farmacêutico e gostam desta iniciativa. 
Além do médico, o farmacêutico tem que ter um contato muito próximo com 
outros profissionais, que podem contribuir para a melhora do seu paciente, são eles: 
o enfermeiro, nutricionista, psicólogo e o profissional de educação física. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 94 - 94 -949436 
 
7.1.2 Tratamento Não Farmacológico 
 
 
Após a análise inicial do paciente podemos partir para o tratamento que ele 
está utilizando. Um tratamento muito eficaz e que não irá gerar risco nenhum ao 
nosso paciente, é a mudança de hábitos. 
O farmacêutico verificando a necessidade pode sugerir as seguintes 
mudanças para o paciente hipertenso, a fim de melhorar sua qualidade de vida, são 
elas: 
a) Buscar uma reeducação alimentar. Devemos orientar o paciente a 
procurar um profissional de Nutrição e buscar com isso uma redução do peso 
corporal e manutenção do peso ideal, com saúde; 
b) Reduzir a ingestão de sal e açúcar. Principalmente o sal de cozinha. O 
Sódio presente no sal de cozinha é um importante fator de elevação da pressão 
arterial e complicações coronarianas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 
podemos consumir no máximo 5 gramas de sal / dia; 
c) Aumentar a ingestão de potássio. Uma alternativa para a redução do sal 
de cozinha (rico em Sódio) é o sal light, em que o sódio é substituído pelo potássio, 
favorecendo a redução da pressão arterial na população; 
d) Redução do consumo de bebidas alcoólicas e do fumo, pois o consumo 
regular favorece o aumento da pressão arterial; 
e) Orientação à prática esportiva, lembrando que esta prática deve ser 
sempre acompanhada por um profissional especializado; 
São medidas simples e que qualquer pessoa pode seguir, mas que fazem 
uma grande diferença para a saúde do paciente. 
 
 
 
 
 
7.1.3 Tratamento Medicamentoso 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 95 - 95 -959536 
 
O tratamento medicamentoso é aquele tratamento prescrito pelo médico 
cardiologista para o controle da pressão arterial. É obrigação do farmacêutico 
acompanhar este paciente, informando sobre a correta utilização do medicamento e 
a importância de seguir o tratamento de forma correta. As principais classes de 
medicamentos utilizados no país e que o farmacêutico deve conhecer 
profundamente são: 
 
 
Tabela 05 - Principais classes de Anti-hipertensivos utilizados no país. 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2007001500012>. Acesso em: 09 jul. 2013. 
 
 
Os medicamentos utilizados na prática clínica devem obedecer algumas 
características importantes, dentre elas podemos destacar: O anti-hipertensivo de 
escolha deve ser eficaz e utilizado por via oral, ser bem tolerado e seguro, escolher 
o medicamento com menor número de doses diárias, iniciar o tratamento com a 
menor dose efetiva preconizada para cada situação clínica, entre outras. 
Notamos que os medicamentos para o tratamento da hipertensão estão 
distribuídos em diversas classes terapêuticas, vamos explicar de forma sucinta cada 
classe: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 96 - 96 -969636 
a) Diuréticos - esta classe trabalha por meio de diversos mecanismos na 
depleção de volume hídrico e em seguida na redução da resistência vascular 
periférica, por diversos mecanismos. Os diuréticos tiazídicos são comumente 
prescritos para a hipertensão arterial, em contrapartida os diuréticos de alça são 
prescritos para os casos de hipertensão associada à insuficiência renal e cardíaca. 
Os diuréticos apresentam alguns efeitos indesejáveis, tais como: 
hipopotassemia, hipomagnesemia, hiperuricemia, relacionados à intolerância à 
glicose, pode elevar os níveis de triglicérides, provoca em muitos casos disfunção 
sexual, entre outros. São exemplos de diuréticos a furosemida, hidroclorotiazida, 
espirinolactona, entre outros. 
b) Inibidores Adrenérgicosde ação Central - atuam estimulando os 
receptores alfa 2 adrenérgicos e os receptores imidazolidínicos no sistema nervoso 
central, ocasionando uma redução da descarga simpática, consequentemente 
reduzindo a pressão arterial. 
Os principais efeitos adversos estão relacionados com o sistema nervoso 
central, como sonolência, sedação, boca seca, hipotensão postural e impotência. 
Exemplos: Clonidina, alfametildopa, entre outros. 
c) Inibidores Adrenérgicos - Alfa-1 bloqueadores - o bloqueio destes 
receptores adrenérgicos inibe a vasoconstrição, tendo como efeito primário a 
vasodilatação das artérias e veias e consequente redução da pressão arterial. 
Os principais efeitos adversos são: hipotensão postural, palpitação e 
raramente astenia. Esta classe de medicamento é muito utilizada para a hiperplasia 
benigna de próstata e disfunção vesical. Exemplos: Doxazosina, prazosina, entre 
outros. 
d) Inibidores Adrenérgicos - Betabloqueadores - Reduzem a pressão arterial 
por meio da diminuição do débito cardíaco, redução da secreção de renina, 
readaptação dos barorreceptores e redução das catecolaminas das sinapses. 
As principais reações adversas desta classe são: broncoespasmos, 
bradicardia, depressão miocárdica, insônica, pesadelos, astenia e disfunção sexual. 
Exemplos: Propranolol, Atenolol. Pindolol, entre outros. 
e) Bloqueadores dos Canais de Cálcio - como o próprio nome já diz eles 
bloqueiam os canais de cálcio, com isso reduzem a resistência vascular periférica, 
devido à diminuição de cálcio nas células musculares lisas vasculares. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 97 - 97 -979736 
Os principais efeitos adversos são: Cefaleia, tontura, rubor facial e edema 
periférico. Exemplos: Verapamil, Diltiazem, Besilato de Anlodipino. 
f) Inibidores da ECA - Reduz a pressão arterial por meio da inibição da 
enzima conversora de angiotensina (ECA). Além da redução da pressão arterial, são 
eficazes em pacientes hipertensos com insuficiência cardíaca e pacientes com 
infarto agudo do miocárdio. 
As principais reações adversas são: tosse seca, alteração do paladar, 
erupção cutânea, hiperpotassemia, entre outros. Exemplos: Captopril, Enalapril, etc. 
g) Inibidores da Angiotensina II - Reduzem a pressão arterial devido à 
inibição da angiotensina II, é uma alternativa terapêutica, quando o paciente não se 
adapta a classe dos inibidores da ECA. 
Principais reações adversas são: tontura, rash cutâneo (raro), entre outros. 
Exemplos: Losartana Potássica, Valsartana, Candesartana, entre outros. 
h) Vasodilatadores diretos - Atuam diretamente sobre a parede da 
musculatura vascular, causando um relaxamento, consequentemente reduzindo a 
pressão arterial, através da vasodilatação e redução da resistência vascular 
periférica. 
Principais efeitos adversos são: Retenção hídrica, taquicardia reflexa, entre 
outros. Exemplos: Hidralazina, Minoxidil. 
 
A escolha da melhor farmacoterapia deve ser individualizada, ou seja, 
obedecendo as características de cada paciente. Seria interessante trabalhar em 
conjunto com o prescrito nesta etapa, o que geraria melhores resultados para a 
saúde do paciente. 
Quando a monoterapia não surtir o efeito desejado, o farmacêutico deve 
informar ao prescritor que a farmacoterapia não está alcançando seus objetivos, 
redução da pressão arterial do paciente. 
Podemos sugerir o aumento da dose do medicamento (caso não tenha 
ocorrido nenhum efeito adverso no paciente), ou a substituição por outra classe 
farmacológica ou ainda a associação de agentes anti-hipertensivos. 
Lembrando que esta associação deve obedecer à premissa de não associar 
fármacos com mecanismo de ação similar, pois podem potencializar os efeitos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 98 - 98 -989836 
adversos no paciente. Exceção para a associação de diuréticos tiazídicos, de alça e 
os poupadores de potássio. 
Outro papel importante do farmacêutico é a verificação de possíveis 
interações medicamentosas na prescrição do paciente hipertenso, pois este tipo de 
paciente utiliza, na grande maioria das vezes, vários tipos de medicamentos. 
Encontrando possíveis interações, o farmacêutico deve comunicar o médico 
imediatamente e auxiliá-lo na substituição farmacológica do medicamento. Lembre-
se que o farmacêutico deve conhecer muito bem a farmacologia dos medicamentos, 
para poder auxiliar o prescritor da melhor forma possível. 
 
 
7.2 PACIENTE DIABÉTICO 
 
 
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença relacionada ao metabolismo da 
glicose, em que encontramos um excesso de açúcar no sangue do paciente. Isto 
pode acontecer devido há má absorção de insulina, hormônio sintetizado no 
pâncreas, cuja função é capturar a glicose dos vasos sanguíneos e transportá-la 
para o interior das células, para que seja utilizada na produção de energia. 
A elevação da glicose no paciente Diabético pode ocorrer de duas maneiras 
distintas: 
a) Pâncreas produz quantidade insuficiente de insulina, ou não produz, 
deixando o paciente com quantidades elevadas de açúcar no sangue. Esta é a 
principal característica do paciente com Diabetes do Tipo I. O diabetes do tipo I 
ocorre na infância e adolescência, e o paciente é dependente de insulina 
(insulinodependente); 
b) Já no Diabetes do tipo II o pâncreas produz quantidades suficientes de 
insulina, mas as células do paciente são resistentes à ação da mesma. O tipo II 
ocorre em pacientes de maior idade, sendo que, as pessoas acima de 40 anos 
obesas ou com sobrepeso são as mais acometidas por este tipo. O Paciente 
portador do Diabetes do tipo II não é dependente de insulina, ou seja, não 
insulinodependentes; 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 99 - 99 -999936 
Além do Diabetes dos tipos I e II, temos o Diabetes Gestacional. Como o 
próprio nome já diz, ele se instala em pacientes gestantes, e na maioria das vezes 
ocorre devido ao aumento exagerado de peso da mãe. 
Os principais sintomas / complicações que encontramos no paciente 
diabético são: 
 Excesso de urina (Poliúria); 
 Desidratação; 
 Aumento do apetite; 
 Problemas de coagulação; 
 Problemas visuais; 
 Disfunções sexuais; 
 Diminuição da imunidade; 
 Problemas cardíacos e renais; 
 Aterosclerose; 
 Entre outros. 
 
 
7.2.1 Diagnóstico 
 
 
Segundo a OMS, o diagnóstico do Diabetes Mellitus (DM) é estabelecido 
quando encontramos algumas das seguintes situações: 
a) Sintomas característicos (Sede excessiva, aumento de peso e apetite, 
problemas cardíacos, etc.), associado há uma glicemia de jejum igual ou superior à 
140mg/dL ou uma determinação realizada a qualquer momento do dia superior à 
200mg / dL; 
b) Sintomas clínicos associado há duas medições de glicose em jejum, 
confirmada em mais de uma ocasião, superior a 140 mg/dL. 
c) Indivíduos com fatores de risco (Hereditariedade, Obesidade, vícios, entre 
outros) e com glicemia de jejum inferior a 140 mg/dL e com glicemia acima de 
200mg/dL após duas horas da sobrecarga oral com 75 gramas de glicose anidra; 
d) Outros fatores. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 100 - 100 -10010036 
 
7.2.2 Prevenção 
 
 
A mudança de estilo de vida do paciente é um fator fundamental para evitar 
a instalação da doença e a manutenção de uma vida saudável, para aqueles 
pacientes doentes. 
Somente no diabetes do tipo I não temos medidas preventivas, pois este tipo 
está relacionado há genética, hereditariedade do paciente, não existindo medida 
eficaz comprovada na prevenção. 
Já para os outros tipos de Diabetes, principalmente o tipo 2 e gestacional a 
mudança de algumas atitudes do cotidiano do paciente irá reduzir os riscos. 
A prática de esportes, dieta balanceada, evitando certos tipos de alimentos, 
principalmente doces, frituras, gorduras, massas, redução de peso, abolir os vícios, 
tais como cigarro, bebidas alcoólicas, etc. Todas essas medidas podem evitar a 
instauração da doença, ou pode melhorar a qualidade de vida do paciente doente.Como podemos verificar o paciente diabético pode ter uma boa qualidade de 
vida, desde que siga as orientações que o médico e posteriormente o farmacêutico 
irão lhe passar. 
E esse é o maior problema com esse tipo de paciente, pois na maioria das 
vezes ele não está preocupado com sua saúde, pensa que as complicações só 
podem acontecer com as outras pessoas e não com ele. 
E é aí que o Farmacêutico entra, o nosso primeiro e principal objetivo é 
conscientizar o paciente, a partir do momento que conseguirmos a conscientização, 
poderemos iniciar o próximo passo que será as orientações a respeito da qualidade 
de vida e sobre os medicamentos. 
Dentro dessa orientação inicial o farmacêutico deve deixar claro para o 
paciente que o diabetes mal cuidado, pode levar o paciente a ter outros tipos de 
doenças, complicações, tais como: problemas cardíacos, renais, hepáticos, 
circulatórios, entre outros. 
Lembre-se sempre de orientar o paciente diabético que mesmo adotando os 
novos hábitos de vida saudável, ele deve procurar ajuda especializada, pois o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 101 - 101 -10110136 
tratamento do diabetes envolve uma equipe multidisciplinar (Médico, farmacêutico, 
nutricionista, educador físico, fisioterapeuta, etc.). 
 
 
7.2.3 Esquemas Farmacoterapêuticos 
 
 
O esquema farmacoterapêutico irá depender de qual tipo de Diabetes o 
paciente possui o insulinodependente ou o não insulinodependente. 
No Diabetes insulinodependente (Tipo I) o “tratamento ouro” é a utilização da 
insulina exógena, para manter os níveis elevados de insulina corpórea e com isso a 
redução da glicose sanguínea. Na tabela abaixo temos os tipos de insulina 
existentes no mercado. 
 
 
Tabela 06 - Tipos de Insulina 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 102 - 102 -10210236 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.vidamuitodoce.com.br/duvidas-frequentes/tipos-de-
insulina/>. Acesso em: 15 jul. 2013. 
 
 
Já no diabetes não insulinodependentes (tipo II) utilizamos na 
farmacoterapia um arsenal de medicamentos hipoglicemiantes, e em alguns casos a 
associação de medicamentos hipoglicemiantes orais e a utilização da insulinização 
exógena. Na tabela 07 temos as principais classes de medicamentos 
hipoglicemiantes de uso oral, utilizado no tratamento deste tipo de paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 103 - 103 -10310336 
Tabela 07 - Classes de Antidiabéticos orais 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2006001800018>. Acesso em: 15 jul. 2013. 
 
 
Lembre-se que o tratamento, acompanhamento do paciente diabético deve 
ser associado às condutas não medicamentosas e a farmacoterapia. 
É importante deixar bem claro que o não seguimento de uma ou de outra 
conduta, o paciente não alcançará os resultados esperados, o controle da doença. 
Para uma melhor qualidade de vida devemos orientar o paciente a associar 
os novos hábitos saudáveis com o uso correto dos medicamentos prescritos. 
 
 
 
 
7.3 PACIENTE DISLIPIDÊMICO 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 104 - 104 -10410436 
 
 
A dislipidemia é definida como distúrbio que altera os níveis séricos dos 
lipídeos (gorduras). As alterações do perfil lipídico podem incluir colesterol total alto, 
triglicerídeos alto, assim como colesterol HDL e colesterol LDL elevados. Em 
consequência, a dislipidemia é considerada como um dos principais determinantes 
da ocorrência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, dentre elas 
aterosclerose1, infarto agudo do miocárdio, doenças isquêmica do coração e AVC 
(derrame). De acordo com o tipo de alteração dos níveis séricos de lipídeos, a 
dislipidemia é classificada como: Hipercolesterolemia isolada, hipertrigliceridemia 
isolada, hiperlipidemia mista e HDL baixo. (ANVISA, 2011) 
 
a) Hipercolesterolemia isolada - ocorre aumento do colesterol total ou da 
fração LDL - colesterol; 
b) Hipertrigliceridemia isolada - ocorre aumento nos níveis do triglicérides; 
c) Hiperlipidemia mista - ocorre aumento do colesterol total e dos 
triglicérides; 
d) HDL baixo - ocorre redução do HDL colesterol (colesterol bom) associada 
ou não ao aumento dos níveis de triglicérides e/ou LDL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 Aterosclerose é o espessamento e perda da elasticidade das paredes das artérias, podendo 
ocasionar complicações circulatórias graves. (ANVISA, 2011) 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 105 - 105 -10510536 
Tabela 08 - Valores de Referência 
 
*Os valores de referência ou metas terapêuticas dependem além da idade, do sexo e da presença de 
outras doenças, tais como hipertensão arterial, aterosclerose, síndrome metabólica e diabetes 
Mellitus. 
FONTE: Adaptado de Sposito et al e Sociedade Brasileira de Cardiologia. 
 
 
Podemos observar que todas essas enfermidades estão interligadas, e não 
é raro ocorrer a presença de todas elas no mesmo tipo de paciente, na realidade é 
muito comum encontrarmos pacientes com diabetes, hipertensão, dislipidemias e 
outras patologias crônicas. 
A atenção farmacêutica a este tipo de paciente não sai muito do protocolo 
das anteriores, pois aqui temos o tratamento não medicamentoso e o tratamento 
medicamentoso. 
No tratamento não medicamentoso devemos utilizar as mesmas orientações 
anteriores, mudança de hábito do paciente. O que vai diferenciar estes pacientes é o 
tipo de tratamento medicamentoso, por isso vamos focar nesse tipo de tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 106 - 106 -10610636 
7.3.1 Tratamento farmacoterapêutico 
 
 
De modo geral os hipolipemiantes (medicamentos utilizados nas 
dislipidemias), devem ser utilizados quando não houver efeito satisfatório do 
tratamento não medicamentoso ou na impossibilidade de aguardar seus efeitos, 
dentre os medicamentos, destacam-se: Estatinas, Ezetimiba, Colestiramina, Fibratos 
e Ácido nicotínico. Vamos falar um pouco sobre as principais classes de 
medicamentos utilizados nas dislipidemias. 
 
a) Estatinas - São os medicamentos hipolipemiantes mais utilizados nas 
dislipidemias. Reduzem os níveis de LDL - colesterol por meio da inibição da HMG-
CoA redutase, principal enzima da síntese do colesterol. As estatinas também 
possuem efeito na redução dos triglicérides e aumento do HDL - colesterol. 
Exemplos: Sinvastatinas, Rosuvastatinas, lovastatinas, atorvastatinas, entre outras. 
b) Ezetimiba - é um medicamento utilizado nas dislipidemias, devido a sua 
potente ação em reduzir a absorção intestinal de colesterol, diminuindo assim a 
quantidade de colesterol apresentada ao fígado. Pode ser utilizado em monoterapia 
ou em associação com as Estatinas. Exemplos: Zetia®, Ezetrol®. 
c) Colestiraminas ou resinas de troca iônica não são absorvidas pelo 
organismo e tem a capacidade de se ligar às moléculas com cargas negativas no 
intestino, inibindo a absorção e, consequentemente aumentando a eliminação das 
substâncias ligadas. As colestiraminas ligam-se aos ácidos biliares impedindo a 
reabsorção e como consequência ocorrerá diminuição dos níveis séricos. Os ácidos 
biliares são produzidos pelo fígado a partir das moléculas de colesterol, portanto, 
com a redução de ácidos biliares, mais moléculas de colesterol são utilizadas para a 
formação dos ácidos, e desta forma as resinas conseguem reduzir os níveis de 
colesterol. Exemplos: Colestipol®, Colestiramina. 
d) Fibratos - são derivados do ácido fíbrico, são indicados para o tratamento 
da hipertrigliceridemia endógena. O seu mecanismo de ação é complexo e não está 
totalmente elucidado, possuindo algumas hipóteses: 
 Reduz o VLDL - colesterol por meio da redução do fluxo de ácidos 
graxos livres; 
 
 
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 107 - 107 -10710736 
 Aumento da atividade da lipase das lipoproteínas; 
 Aumento da excreção de colesterol pelas vias biliares; 
 Possível ação inibitória da enzima HMG-CoAredutase; 
 Etc. 
Temos como representantes desta classe os medicamentos Clofibrato, 
Bezafibrato, Genfibrosila, outros. 
e) Ácido nicotínico - é utilizado para a redução da fração LDL - colesterol, 
dos triglicérides e aumento do HDL-colesterol. Esse medicamento reduz a síntese e 
o acoplamento dos triglicérides no fígado. 
Resumimos algumas das características das principais classes de fármacos 
utilizados no tratamento das dislipidemias, é importante que o profissional busque 
maiores informações sobre os medicamentos utilizados para o tratamento das 
dislipidemias. 
O farmacêutico deve sempre buscar novas informações nas literaturas 
existentes, pois a atualização sobre o assunto é fundamental para uma boa 
orientação ao paciente. 
 
 
7.4 PACIENTE ASMÁTICO 
 
 
A asma é uma doença que ocasiona o estreitamento dos bronquíolos, 
dificultando com isso a passagem do ar pelo pulmão e provocando contrações ou 
broncoespasmos. Nas crises o paciente tem dificuldade de respirar, não oxigenando 
os órgãos e sistemas do corpo humano. 
Este estreitamento ocorre devido há uma inflamação crônica das vias 
aéreas, mais precisamente nos bronquíolos. Esta inflamação está relacionada há 
reações alérgicas e não alérgica, em que encontramos particularmente mastócitos, 
eosinófilos e linfócitos T. 
 
 
 
 
 
 
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 108 - 108 -10810836 
FIGURA 27 - CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE ASMÁTICO 
 
FONTE: Disponível em: <http://pneumologia.med.br/site/?tag=asma>. Acesso em: 16 jul. 
2013. 
 
 
Essa doença crônica vem aumentando nos últimos tempos e as taxas de 
mortalidade e morbidade tem aumentado significativamente em vários locais no 
mundo, com uma prevalência maior em pacientes idosos (acima de 60 anos). 
Segundo Bisson (2007), nos EUA, a mortalidade em 1977 e 1982 para 
adultos de 65 a 74 anos foi de 3,0 e 4,9 / 100.000, enquanto que em jovens menores 
de 35 anos ela foi de 0,5 a 0,6 / 100.000. Na Austrália, 45% das mortes por asma 
em 1986 ocorreram em pacientes com idade maior que 60 anos. Em 1985, na 
Inglaterra, 58% dos óbitos por asma em homens e 71% em mulheres ocorreram em 
pacientes com mais de 70 anos. 
Como podemos verificar esta doença proporciona enormes gastos para a 
saúde do país, com medicamentos, internações, hospitalizações e óbitos. Por essa 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 109 - 109 -10910936 
razão o farmacêutico é muito importante no papel da prevenção, manutenção da 
doença. 
Como os outros pacientes já mencionados neste módulo, o protocolo 
farmacêutico deve focar na educação, orientando sobre alguns hábitos cotidianos. 
Dentre eles, podemos destacar o combate aos ácaros da poeira doméstica, 
o tabaco, diminuição de fumaças, odores, medidas de limpeza do ambiente onde 
vive e trabalha redução da umidade em locais fechados, para reduzir a proliferação 
de fungos, entre outras. São medidas fáceis de executar, que depende somente do 
paciente, e a execução destas medidas pode melhorar a qualidade de vida do 
mesmo. 
 
 
7.4.1 Atendimento ao Paciente Asmático 
 
 
O papel principal do farmacêutico neste tipo de paciente é primeiramente de 
orientação sobre a doença, complicações e o tratamento farmacológico. Com isso o 
farmacêutico pode ajudar na terapia farmacológica, pode fornecer ao paciente 
ferramentas para melhorar seu senso de controle da doença, melhorar a qualidade 
de vida do paciente, aumentar o envolvimento do paciente e da família para com a 
doença, reduzir as crises asmáticas, pode individualizar a terapêutica para otimizar o 
tratamento, auxiliar o médico no controle de pacientes crônicos, entre outros. 
A melhor maneira para orientar o paciente é o conhecimento sobre a 
doença. Você pode preparar palestras, apresentações sobre a fisiopatologia da 
asma, sinais e sintomas, o que desencadeia as crises, controle ambiental, 
tratamento precoce e informações gerais sobre os medicamentos para a asma. 
A consulta farmacêutica deve durar em torno de 30 minutos, pois acima 
disso o paciente pode ficar nervoso atrapalhando a consulta. O intervalo entre as 
consultas deve variar de uma semana, ou no caso de pacientes sem histórico de 
crises, pode ser 01 vez por mês. 
O profissional deve elaborar uma planilha em que devem constar as 
mesmas informações (questionamentos) que foram tratados para o paciente 
hipertenso, claro que desta vez voltados para a asma e não a hipertensão. 
 
 
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 110 - 110 -11011036 
É imprescindível que o farmacêutico tenha a relação completa de 
medicamentos que o paciente utiliza, para que sejam evitadas possíveis interações 
medicamentosas. Inclusive aqueles medicamentos fitoterápicos, homeopáticos que 
o paciente utiliza, na maioria das vezes por conta própria. 
Podemos verificar que a conduta praticamente é a mesma para as 
patologias, temos um esqueleto principal de questionamentos e orientações para 
todas as patologias. Idade, sexo, atividade física, hábitos alimentares, vícios, 
medicamentos que utiliza, entre outros. 
O farmacêutico deve ficar atento às peculiaridades de cada patologia, é aí 
que o profissional fará o diferencial, com a orientação correta fisiopatológica e 
farmacoterapêutica. 
Os medicamentos mais utilizados para o tratamento da asma são: 
Broncodilatadores, Corticoides. 
a) Broncodilatadores: Encontramos uma grande quantidade de 
medicamentos nesta classe, sendo que os Agonistas beta 2 adrenérgico 
(salbutamol, Terbutalina, Fenoterol, entre outros), os antagonistas de receptores 
muscarínicos (Brometo de ipratrópio) e as Xantinas (Teofilina, Teobromina, cafeína, 
etc.) são os mais utilizados. 
As Xantinas são consideradas medicamentos de 2ª escolha e os 
Antagonistas de receptores muscarínicos são utilizados na maioria das vezes em 
associação com os agonistas beta-2-adrenérgicos. 
 
b) Glicocorticoides: Também conhecido como, terapia anti-inflamatória, pois, 
age inibindo a fosfolipase A2, consequentemente impedindo a formação das 
quimiotaxinas leucocitárias, dos espasmogênios, dos vasodilatadores e da 
interleucina-3, regula a produção de mastócitos. Exemplos: Beclometasona, 
budesonida, cromolin. 
 
 
 
 
 
FIGURA 28 - ASMA 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 111 - 111 -11111136 
 
FONTE: Disponível em: <http://consenfmh.blogspot.com.br/2013/05/enfisema-pulmonar-e-outras-
doencas-do_7.html>. Acesso em: 17 jul. 2013. 
 
 
7.5 PACIENTE ONCOLÓGICO 
 
 
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 112 - 112 -11211236 
 
 
Os casos de câncer já rivalizam com as doenças cardíacas como a patologia 
que mais produz óbitos e diminui a qualidade de vida do paciente. A preparação, 
administração e eliminação dos dejetos de agentes quimioterápicos requerem 
prática altamente profissional e conhecimentos técnicos de farmacêuticos. (BISSON, 
2007, p. 216.). 
Por isso, o farmacêutico que pretende trabalhar com este tipo de paciente, 
deve ter um grande conhecimento sobre os quimioterápicos utilizados, os 
tratamentos não farmacológicos, extremo conhecimento e técnica de venopunção, 
para administração dos medicamentos, saber manusear os dejetos quimioterápicos, 
educação em saúde coletiva. 
Dentro da farmacologia o profissional deve ter um grande conhecimento 
sobre a farmacodinâmica, farmacocinética, reações que podem ocorrer, interações 
medicamentosas, vias de administração, excreção, processos fisiológicos e 
metabólicos deste tipo de paciente. 
Na atualidade temos uma diversidade de tipos de cânceres conhecidos, 
cada um com sua peculiaridade, devido a isso, temos medicamentos que são mais 
indicados para cada tipo de tratamento de acordo com a peculiaridade do câncer. 
Na oncologia temos algumas classes de medicamentos que são utilizadas 
no tratamento, dentre elas destacam-se: Agentes alquilantes, antimetabólitos, 
Inibidores mitóticos, Antibióticos e outros agentes. 
 
 Agentes Alquilantes - incluem-se aqui as mostardas nitrogenadas 
(clorambucil, ciclofosfamida,mecloretamina), nitrosuréias (carmustina, 
lomustina) e alquilsulfonatos (busulfan). Essas drogas são 
classificadas como drogas não “ciclo específicas”, ou seja, são 
aquelas que atuam em células que podem ou não estar no ciclo 
proliferativo. 
 Agentes Antimetabólitos - São drogas fase-específicos da fase S do 
ciclo celular, ou seja, drogas que atuam em certas fases do ciclo 
celular, neste caso na fase S. Exemplos: Fluoruracil, metotrexato, 
mercaptopurina, tioguanina, entre outros. 
 
 
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 113 - 113 -11311336 
 Agentes Inibidores Mitóticos - São drogas fase-específicas da fase S 
do ciclo, inibindo a mitose na metáfase, agindo diretamente sobre a 
proteína tubulina, a qual é formadora dos microtúbulos que constitui o 
fuso mitótico. Exemplos: Vincristina, Vimblastina, Vindesina, VP-I6, 
Etoposídeo, entre outros. 
 Antibióticos - Eles atuam tanto nas células normais como nas células 
cancerígenas, devido a isso, apresentam diversos efeitos 
indesejados. Esta classe possui substâncias com estruturas químicas 
variadas e não atuam em fase específica do ciclo celular, sendo 
consideradas drogas não específicas. Exemplos: Mitomicina C, 
Actinomicina D, Mitramicina, Bleomicina, Daunorrubicina, entre 
outras. 
 Outros agentes - Não se encaixam em nenhuma outra classe de 
quimioterápico, devido às peculiaridades estruturais e orgânicas da 
droga. Exemplos: Dacarbazina, Procarbazina, L-asparaginase, entre 
outras. 
 
Como podemos perceber temos diversas classes de quimioterápicos, sendo 
que cada um tem uma indicação e peculiaridade específica. Para aprofundar sobre o 
assunto, segue uma sugestão de leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
7.5.1 Protocolo de Acompanhamento 
 
 SUGESTÃO DE LEITURA 
LINK: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=101 
 
 
 
 
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 114 - 114 -11411436 
 
Este tipo de paciente receberá a medicação quimioterápica em um ambiente 
hospitalar, portanto, não é um paciente que encontraremos em farmácias e 
drogarias comerciais. O farmacêutico da Farmácia Hospitalar terá que seguir um 
protocolo para atendimento desse paciente, pois, trata-se de um paciente carente, 
nervoso e preocupado com a doença. 
Como estamos em um ambiente hospitalar o profissional terá acesso às 
fichas médicas, laboratoriais e qualquer outra informação que julgar importante para 
aquele momento. Se o paciente estiver consciente, o farmacêutico deve 
primeiramente se apresentar ao paciente, em uma conversa informal, mostrar a sua 
importância para o tratamento, e que está ali para ajudar no sucesso terapêutico. Na 
verdade este tipo de paciente deverá ter um acompanhamento multidisciplinar. 
Após a apresentação e consentimento do paciente, o farmacêutico iniciará a 
consulta verificando o histórico médico (passado, atual e prognóstico), dados 
laboratoriais. Durante o bate-papo, o profissional verificará se o paciente irá 
necessitar de um acompanhamento social e psicológico, inclusive se a família do 
paciente irá necessitar desse acompanhamento. Pois em muitos casos a família 
deve passar por uma educação sobre a doença, tratamento e cuidados pós-
tratamento. 
Após a coleta de todos os dados e verificações, o farmacêutico juntamente 
com a equipe multidisciplinar pode traçar estratégias de tratamento. O farmacêutico 
é muito importante nesta etapa para evitar as interações medicamentosas que 
possam ocorrer. 
O tratamento quimioterápico por agir tanto nas células sadias como nas 
células doentes ocasionam diversas reações indesejadas no paciente, sendo que, a 
maioria é muito grave. As reações adversas que mais ocorrem são: Reações 
alérgicas, reações gastrintestinais (náuseas, vômitos), reações hematológicas 
(trombocitopenia, leucopenia / neutropenia, anemia), reações cutâneas, fadiga, entre 
outras. 
Como podemos evidenciar trata-se de reações sérias que não tratadas 
adequadamente pode piorar o estado do paciente, pode ainda fazer com que o 
paciente desista do tratamento farmacológico logo no início. 
 
 
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Devemos analisar caso a caso, reação por reação, é uma etapa importante e 
muito difícil, neste ponto que a conscientização do paciente e da família é crucial 
para a melhora clínica do paciente. Portanto, o protocolo nesse momento é tratar 
cada reação adversa pontualmente, ou seja, utilizando medicações que amenizaram 
os efeitos indesejáveis, mas que não possuam interações. 
A grande maioria dos pacientes oncológicos sente muita dor, e isso é muito 
ruim para a família e para o próprio paciente. O protocolo aqui é utilizar 
medicamentos analgésicos que não possuam interação com os outros, ou que 
possua a menor quantidade de interações. 
O acompanhamento da equipe multidisciplinar de forma correta é um grande 
auxílio para a cura terapêutica do paciente, pois, ele se sente querido, bem cuidado. 
Os profissionais envolvidos devem ser humanistas, ou seja, pessoas atenciosas, 
educadas, sempre prontas a atender o paciente, somente desta forma conseguirão 
reduzir as complicações e dar uma melhor qualidade de vida para este paciente. 
 
 
FIGURA 29 - ATENDIMENTO AO PACIENTE ONCOLÓGICO 
 
FONTE: Disponível em: <http://nutricritical.com.br/site.php?idPagina=216>. Acesso em: 18 jul. 2013. 
 
 
 
7.6 PACIENTE IDOSO 
 
 
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 116 - 116 -11611636 
 
 
Na Farmacologia, para o tratamento farmacológico, consideramos idosas 
aquelas pessoas acima dos 65 anos de idade. Farmacologicamente, 
fisiologicamente falando, este tipo de paciente é muito complicado, devido 
principalmente à polifarmácia, aos problemas gástricos, renais, hepáticos, 
imunológicos, que são comuns nesta fase da vida. 
Devido a essas complicações, estes pacientes geram um custo muito alto 
para o sistema de saúde público, com internações, hospitalizações, grande número 
de medicamentos, além daqueles problemas sociais, em que temos o aumento no 
número de reações adversas ao medicamento. 
A fisioanatomia do idoso, a qual temos uma maior quantidade de massa 
gorda, ou seja, com a idade ocorre a substituição da massa magra (músculos) pela 
massa gorda (gordura), aumenta o risco de reações inesperadas aos medicamentos. 
Isso ocorre porque os medicamentos, substâncias lipofílicas (tem afinidade por 
lipídeos / gordura), tendem a se acumular, aumentando os casos de intoxicações por 
medicamentos. 
Devido a essa característica lipofílica das drogas, aumenta o tempo de 
distribuição de diversos fármacos, com isso aumentando a meia-vida dos 
medicamentos e consequentemente aumentando o tempo do medicamento no corpo 
do idoso. 
Podemos destacar alguns outros problemas que podemos encontrar com o 
aumento da idade, são eles: Redução de água do corpo, Redução do volume 
sanguíneo, diminuição do fígado funcional, redução da função renal, entre outros. 
Esses e outros problemas são comuns nesta fase da vida, e isso demanda 
de um conhecimento muito maior da equipe multidisciplinar. 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 30 - PACIENTE IDOSO 
 
 
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 117 - 117 -11711736 
 
FONTE: Disponível em: <http://coisadevelho.com.br/?p=3890>. Acesso em: 18 jul. 2013. 
 
 
7.6.1 Princípios de Prescrição de Drogas para Idosos 
 
 
Este tipo de paciente não está restrito ao ambiente hospitalar, podemos 
encontrá-lo também, com frequência, nas farmácias e drogarias comerciais. Para 
realizar o acompanhamento deste paciente temos que seguir aqueles protocolos 
básicos, em que o paciente deve aceitar por escrito, o acompanhamento do 
farmacêutico. 
Após esse aceite, o farmacêutico deve elaborar um protocolo de 
atendimento, lembre-se que este protocolo pode ser maleável, você pode elaborar o 
seu protocolo de acordo com a realidade, na qual você e o paciente estão inseridos 
(Farmácia hospitalar, Posto de saúde, Farmácia comercial, etc.). 
O Farmacêutico deve primeiramente avaliar o tratamento farmacológico dopaciente, normalmente estes pacientes utilizam vários tipos de medicamentos. 
Nessa etapa o profissional deve avaliar além das possíveis interações, deve avaliar 
se alguma droga prescrita é contraindicada para o paciente, assim como avaliar se 
existem outros tipos de fármacos com menor número de efeitos colaterais. 
O segundo passo é realizar uma boa anamnese do paciente, verificando o 
histórico, hábitos diários, alimentação, atividade física, automedicação, entre outros. 
 
 
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O farmacêutico tem a obrigação de conhecer a farmacologia dos 
medicamentos utilizados, pelo menos aqueles medicamentos que possui em sua 
farmácia / drogaria. O profissional pode solicitar que o paciente leve todos os 
exames laboratoriais já realizados para acompanhamento do tratamento 
farmacológico, e para evitar possíveis problemas para o paciente. 
O idoso na maioria das vezes tem suas crenças, temos que encorajar o 
paciente a não abandonar o tratamento e a segui-lo corretamente. Devemos mostrar 
a importância da sequência correta do tratamento para o controle e qualidade de 
vida do paciente. 
No início das consultas podemos solicitar que o paciente venha ao 
estabelecimento por pelo menos uma vez na semana, e dependendo da evolução do 
mesmo, essa frequência pode ser de uma vez por mês, o farmacêutico terá que 
avaliar. 
É importante que o profissional elabore um programa terapêutico, em que 
verifique regularmente a evolução do tratamento. Baseado nesse programa, o 
farmacêutico deve entrar em contato com o idoso para lembrá-lo do retorno à 
consulta farmacêutica. Um acompanhamento contínuo, garante melhores resultados 
terapêuticos. 
Neste módulo passamos algumas orientações importantes para o 
acompanhamento do farmacêutico a diversos tipos de pacientes, explicando as 
principais abordagens e formas de tratar o paciente. Cabe ao profissional estar 
sempre atualizado, para poder realizar uma atenção farmacêutica de qualidade, pois 
com a atenção farmacêutica de qualidade, haverá cada vez mais uma valorização 
profissional e, consequentemente uma redução nos gastos com a saúde e 
medicamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 119 - 119 -11911936 
FIGURA 31 - PRINCIPAIS CLASSES DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR 
IDOSOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 120 - 120 -12012036 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71672012000500004>. Acesso em: 18 jul. 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO III 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 123 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
8 SAÚDE DA MULHER 
 
 
A atenção farmacêutica em paciente do sexo feminino vem ganhando 
grande espaço nos últimos anos, principalmente no acompanhamento do uso de 
medicamentos utilizados para osteoporose, tratamento de reposição hormonal e os 
riscos envolvidos em outras patologias. O papel do farmacêutico no campo da 
prevenção de doenças pode representar um grande diferencial na melhora dos 
padrões de saúde das pacientes. (BISSON, 2007, p. 239). 
Apesar de a mulher procurar com maior frequência o auxílio médico 
hospitalar, a mulher é acometida por diversas enfermidades e isso gera um custo 
cada vez maior para a sociedade. 
Os casos de Morbidade e mortalidade feminina são explicados por fatores 
psicossociais (pobreza, estilo de vida, aumento gradativo na participação do trabalho 
familiar) e biológicos, em que a grande carga hormonal que a mulher possui também 
favorece o aparecimento de diversas complicações para a sua saúde. 
O farmacêutico pode auxiliar na saúde da mulher, inclusive, hoje é muito 
comum encontrarmos estabelecimentos comerciais (farmácias/drogarias) voltados 
especialmente para as mulheres. A qualificação do farmacêutico é fundamental para 
poder prestar as informações essenciais para a saúde da mulher. 
Na farmácia, seja ela comercial ou hospitalar, devemos sempre orientar 
sobre a importância do acompanhamento médico-hospitalar feminino, a realização 
dos exames preventivos regulares, orientar sobre os hábitos que podem prejudicar o 
futuro da mulher. 
A estrutura anatômica e fisiológica juntamente com fatores sociais, por si só 
já influencia o aparecimento de diversas patologias, dentre elas podemos citar a 
hipertensão, doenças autoimunes, osteoporose, artroses, artrites, desordens 
 
 
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 124 
psicológicas, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), todas elas com 
frequência mais elevadas nas mulheres do que nos homens. 
Preocupado com isso o governo vem intensificando a educação da 
população sobre esse tema, e criando diversos programas para a assistência à 
Saúde da Mulher. No Brasil, desde 1983, o Programa Assistência Integral à Saúde 
da Mulher (PAISM) e a atenção federal à saúde da mulher, são programas voltados 
exclusivamente para atender as mulheres em todas as etapas da vida. 
O farmacêutico tem o conhecimento técnico para orientar a população 
feminina sobre os cuidados com a saúde, sobre o uso correto de medicamentos e 
principalmente sobre hábitos sociais que possa prejudicá-la. 
O profissional deve ter profundo conhecimento sobre reposição hormonal, 
interações medicamentosas, fisiologia feminina, para conseguir prestar uma 
assistência à saúde feminina com qualidade. 
A saúde da mulher compreende todas as fases da vida, a infância, 
adolescência, fase adulta e principalmente, a fase gestante. O profissional deve 
conhecer as principais características de cada uma dessas fases. O nosso foco 
principal será um tipo específico de paciente, a da fase gestante. 
Para aprofundar o conhecimento sobre a saúde da mulher, fica a dica de 
leitura no site do Governo federal, sobre os programas, o que está sendo feito e o 
que o profissional pode ajudar. Site: <http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/saude-da-
mulher>. 
 
 
8.1 PACIENTE GESTANTE 
 
 
Essa é uma das fases da mulher que mais precisam de cuidados, pois todo 
o seu metabolismo é alterado, a utilização de medicamentos deve ser rigorosamente 
controlada juntamente com a alimentação e hábitos saudáveis de vida. 
A prescrição de medicamentos para a gestante deve ser realizada com 
grande cautela, pois o que pode ser terapêutico para a paciente, pode ser prejudicial 
para o feto, pois muitos fármacos atravessam a barreira placentária, tecido que 
envolve o embrião, com funções nutritivas e protetoras. 
 
 
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 125 
Algumas características dos fármacos facilitam a passagem dos 
medicamentos para o feto, podemos citar: Alta lipossolubilidade do fármaco, 
fármacos não ionizados, moléculas menores atravessam com maior facilidade, 
perfusão sanguínea da placenta, entre outros. 
 
 
FIGURA 32 - USO DE MEDICAMENTOS NA GESTAÇÃO 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://hmsportugal.wordpress.com/2012/02/16/mitos-e-crencas-na-saude-a-
gravida-nao-deve-tomar-medicamentos/>. Acesso em: 20 jul. 2013. 
 
 
É importante saber que a gestante sofre algumas alterações fisiológicas 
durante a gravidez, fato este que explica os maiores cuidados com este tipo de 
paciente. Muitas dessas alterações irão ocasionar desconfortos ou até mesmo 
pequenas complicações, as quais normalmente você utilizaria um medicamento. 
Dentre as alterações metabólicas mais importantes podemos destacar: 
 
 ALTERAÇÕES HORMONAIS - Nos primeiros meses de gestação o 
corpo lúteo é uma importante fonte de produção de progesterona, após 60 dias este 
papel passa para a placenta. A progesterona reduz a excitabilidade uterina e 
aumenta a vascularização do corpo e do colo uterino. Outro hormônio importante é o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 126 
estrogênio, baixo no início da gravidez, este hormônio aumenta gradativamente até 
próximo ao parto. Sua função está intimamente ligada ao crescimento e a 
excitabilidade uterina, induz aumento da vascularização, hipertrofia e hiperplasia das 
fibras miometriais. Destacam-seainda os hormônios Gonadotrofina coriônica (função 
luteotrófica); Hormônios Hipofisários (LH, FSH), aumento da função tireoideana, 
provavelmente devido à produção de FSH pela placenta. 
 
 Alterações Anatomofisiológicas - Dentre as alterações mais comuns 
temos a postura corporal, pois ocorre aumento da distensão abdominal com isso 
desloca o centro gravitacional da mulher, fazendo com que a mulher altere sua 
postura normal, ocasionando problemas lombares. Outra alteração bastante relatada 
são as alterações cardiorrespiratórias, em que ocorre um aumento do consumo de 
oxigênio pela mãe, aumento de líquido extracelular com pequeno aumento das 
células sanguíneas, o que acarreta em muitas mulheres casos de anemia. A 
gestante, devido às alterações neste sistema, possui um débito cardíaco, frequência 
cardíaca aumentada, assim como uma redução da pressão diastólica e da 
resistência vascular periférica. O aumento de consumo de oxigênio ocorre devido ao 
aumento da capacidade respiratória (Ar inspirado + ar expirado) em torno de 40%, 
elevando com isso a frequência respiratória e podendo ocasionar a alcalose 
respiratória com excreção renal compensatória de bicarbonato para correção dos 
níveis de pH. 
 Alterações Gastrintestinais - A gestante possui uma redução da 
mobilidade gástrica e redução da absorção alimentar, acredita-se que isso acontece 
devido aos altos níveis de progesterona. Por essa razão a gestante deve ter hábitos 
saudáveis de vida. 
 Alterações Renais - Como a mulher possui maior quantidade de líquido 
corporal, ocorre com isso um aumento do fluxo renal plasmático, aumento da taxa 
de filtração glomerular, levando ao aumento de creatina. Devido ao aumento da taxa 
de filtração, a gestante passa a ter glicosúria recorrente, aumento da excreção de 
açúcar na urina. A progesterona age nos rins, mais precisamente nos cálices renais 
dilatando, facilitando a proliferação de micro-organismos e consequentemente de 
infecções urinárias recorrentes. 
 
 
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 127 
 Alteração na função hepática - A função hepática fica ligeiramente 
anormal, ocorre diminuição da colinesterase plasmática. 
 Alterações Hematológicas - Devido ao grande aumento de líquido 
(plasma) e o pequeno aumento dos glóbulos vermelhos, ocorre redução da 
viscosidade sanguínea, anemias. Na gestante a homeostasia é elevada, devido a 
elevação dos fatores de Coagulação, sendo um mecanismo de defesa contra 
sangramentos durante o parto. 
 Alterações Farmacocinéticas - Estas alterações ocorrem em 
decorrência das alterações fisiológicas no corpo da mulher. A paciente gestante terá 
os seguintes parâmetros farmacocinéticos alterados: Absorção (Devido às 
alterações gastrintestinais), Distribuição (Devido ao aumento de líquido 
extravascular, e a redução das proteínas plasmáticas), Metabolismo (Devido às 
alterações Hepáticas e renais). 
Como podemos verificar a gestante sofre intensas mudanças no seu corpo, 
e isso requer cuidados especiais. O farmacêutico deve conhecer essas alterações 
para poder orientar de forma correta a gestante, assim como para auxiliar o médico 
no uso correto de medicamentos para este tipo de paciente. 
Além das alterações no corpo da mulher, temos o risco de inúmeras 
complicações para o embrião/feto com o uso de medicamentos, drogas lícitas e 
ilícitas. Segue abaixo as categorias de riscos para drogas na gestação, segundo a 
Food and Drug Administration (FDA) em 1980 e revisada em 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 128 
 
Tabela 09 - Categoria de Risco para o uso de drogas na gestação 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-
50042005000300007>. Acesso em: 20 jul. 2013. 
 
 
Os profissionais envolvidos no atendimento à gestante devem conhecer 
profundamente esta classificação e, por conseguinte a categoria dos fármacos 
utilizados para as gestantes, para evitar eventuais problemas. 
Vou citar alguns exemplos de fármacos e suas categorias: 
 Anestésicos locais - Endofluorano (categoria B) / Metoxifluorano 
(Categoria C). 
 Anestésicos intravenosos - Ketamina (Categoria B) / Tiopental 
(Categoria C). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 129 
 Anestésicos Locais - Tetracaína (Categoria C). 
 AINEs - AAS e salicilatos (categoria C), Paracetamol (Categoria B). 
 Anticolinérgicos - Escopolamina (Categoria C). 
 Antitussígenos, expectorantes e mucolíticos - Acetilcisteína (Categoria 
B), Guaifenesina e Dextrometorfano (Categoria C). 
 Antiácidos gástricos - Hidróxido de alumínio, cálcio e magnésio 
(Categoria C). 
 Antieméticos - Metoclopramida (Categoria B). 
 Laxantes - Ágar (Categoria B). 
 Antibióticos - Cefalosporinas Eritromicinas, Ácido Nalidíxico e 
Penicilinas (Categoria B), Tetraciclinas (Categoria D). 
 Antiparasitários - Metronidazol (Categoria B), Clotrimazol (Categoria C). 
 
Além das informações farmacológicas e metabólicas o profissional tem que 
orientar a paciente sobre hábitos saudáveis, dentre eles podemos destacar: 
 Visita regular ao seu médico; 
 Dieta balanceada, com suplementos vitamínicos; 
 Fazer exercícios físicos regulares, sempre com a orientação do 
médico e do educador físico; 
 Abolir o uso de drogas lícitas e ilícitas; 
 Evitar certos tipos de exames e ambientes (Raios-x, saunas, etc.); 
 Cuidar da higiene pessoal para evitar possíveis infecções. 
 
Como podemos verificar são medidas simples e de fácil realização, o 
farmacêutico deve sempre enfatizar sobre os benefícios de uma vida saudável e os 
perigos que pode ocasionar para a gestante e o seu bebê o não cumprimento das 
orientações do profissional da saúde, seja ele, médico, farmacêutico, nutricionista, 
entre outros. O farmacêutico deve salientar a importância do seguimento 
farmacoterapêutico, explicando o funcionamento de cada medicamento e 
suplemento alimentar que a gestante esteja tomando. Na consulta farmacêutica, o 
profissional deve verificar a existência de possíveis interações medicamentosas, ou 
interações dos alimentos com os medicamentos. É importante explicar as diferentes 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 130 
fases da gravidez, explicando sobre os cuidados que a gestante deve tomar. Na 
figura abaixo segue algumas dicas para cada fase da gestação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 131 
 
FIGURA 33 - FASES DA GESTAÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/06/especialistas-tiram-duvidas-
sobre-gravidez-e-cuidados-com-bebes.html>. Acesso em: 20 jul. 2013. 
 
 
 
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 132 
É importante que a gestante tenha um acompanhamento multidisciplinar em 
todas as fases da gestação e o farmacêutico deve salientar sobre a importância de 
procurar uma assistência à saúde. 
 
 
8.2 USO DE MEDICAMENTOS NA LACTAÇÃO 
 
 
Vimos à importância do profissional na saúde da gestante, iremos perceber 
que este cuidado segue após o parto, principalmente no aleitamento materno, pois 
inúmeros fármacos são excretados pelo leite e acaba agindo no recém-nascido. 
O Farmacêutico deve orientar a lactante para que ela continue seguindo as 
orientações da gestação, os mesmos cuidados e hábitos saudáveis de vida. O ato 
de amamentar é muito importante para a saúde do bebê, por esse motivo a mamãe 
não deve se automedicar, não deve utilizar bebidas alcoólicas, tabaco, entre outros. 
O farmacêutico deve enfatizar a importância do seguimento nutricional para 
a mãe e para o bebê com um profissional capacitado. 
É importante explicar para a mãe como os medicamentos que ela utiliza 
podem agir no seu bebê. O recém-nascido tem alguns dos seus órgãos ainda em 
formação, principalmente o rim e o fígado. Inúmeros fármacos atuam nesses dois 
órgãos, podendo causar toxicidade. Outro fator é a massa corpórea do bebê, pois o 
medicamento que a mamãe está utilizando é adequadopara o seu tamanho e 
massa corpórea, e ele pode ser excretado quase que inalterado pelo leite para o 
bebê, um ser infimamente menor, podendo acumular e causar sérios danos à saúde 
do bebê. 
Na tabela 10 temos alguns exemplos de drogas contraindicadas durante a 
amamentação, e os riscos que podem ocasionar para o bebê. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 133 
 
Tabela 10 - Drogas contraindicadas na lactação 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=21&id_detalhe=1975&tipo_detalhe=s>. 
Acesso em: 20 jul. 2013. 
 
 
Na próxima tabela, listamos as principais classes farmacológicas e as 
recomendações de usos, é uma boa dica para o profissional na hora da orientação à 
paciente lactante. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 134 
 
Tabela 11 - Recomendações no uso de Fármacos na lactação 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 135 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=21&id_detalhe=1975&tipo_detalhe=s>. 
Acesso em: 20 jul. 2013. 
 
 
O Farmacêutico deve sempre avaliar a necessidade da terapia 
medicamentosa, se afirmativo, devemos orientar a paciente que procure o seu 
médico ou o pediatra. A medicação que for prescrita deve ter reconhecida segurança 
para a mãe e o bebê, o prescritor deve preferir o uso de medicamentos que já 
tenham estudos sobre segurança e eficácia, evitar a prescrição de drogas de ação 
prolongada, se possível escolha medicamentos pouco permeáveis a barreira 
hematoencefálica, prefira medicamentos com um único princípio ativo aos 
combinados, entre outras orientações. 
 
 
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 136 
A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção cuidadosa dos 
medicamentos geralmente permitem que a amamentação continue sem interrupção 
e com segurança. (BISSON, 2007) 
 
 
8.3 PACIENTE PEDIÁTRICO 
 
 
Para este tipo de paciente você pode utilizar as recomendações para a 
paciente gestante e lactante. Além daquelas recomendações, a colaboração dos 
pais para o sucesso terapêutico é muito importante, pois a criança não tem 
discernimento da doença e dos riscos que o mau uso do medicamento pode 
ocasionar. 
Para realizar um acompanhamento farmacoterapêutico correto no paciente 
pediátrico, é necessário avaliar corretamente todos os fatores da criança, se ela 
possui alguma característica limitante e outros. 
O farmacêutico deve avaliar se o fármaco prescrito, a dose, a hora das 
tomadas, a via de administração são corretas para aquele tipo de paciente. 
É obrigação do farmacêutico, conhecer os mecanismos de ação dos 
medicamentos utilizados, interações farmacêuticas, a farmacocinética das drogas, 
interações alimentares. 
O profissional deve orientar os familiares sobre a importância dos 
medicamentos para a patologia da criança, sobre a importância das tomadas 
corretas. O farmacêutico deve orientar a família sobre: nome correto do fármaco, 
objetivo da terapia farmacológica, a importância da quantidade administrada, 
frequência da administração, duração do tratamento, efeitos que podem ocorrer com 
o medicamento. O farmacêutico deve salientar que qualquer evento diferente 
daqueles que ele relatou para a família indica que a criança está tendo um efeito 
secundário ou não esperado do medicamento, devendo imediatamente buscar 
auxílio hospitalar. 
Como são inúmeras as informações que serão passadas para a família, o 
farmacêutico deve realizar uma simples verificação para ver se realmente a família 
entendeu as orientações e procedimentos. Lembre-se que a consulta farmacêutica 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 137 
deve ser toda documentada. Na primeira consulta devemos solicitar a carteira de 
vacinação da criança para verificar se ele está em dia com as vacinas regulares. 
Caso não esteja, é importante salientar para os familiares a importância da 
vacinação, e os riscos que pode acarretar para a criança, a não vacinação. 
A atenção farmacêutica para o paciente pediátrico envolve inúmeras ações 
de Saúde Pública, tais como: Epidemiologia, vigilância do crescimento e 
desenvolvimento da criança, acompanhamento de vacinação, sinais e sintomas 
clínicos da criança e a farmacoterapia pediátrica. 
 
 
FIGURA 34 - CALENDÁRIO VACINAÇÃO INFANTIL 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.miscelaneaartes.com/2012/08/novo-calendario-de-vacinacao-
infantil_21.html>. Acesso em: 20 jul. 2013. 
 
 
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 138 
 
 
O papel do Farmacêutico neste tipo de paciente é de orientação tanto dos 
medicamentos que a criança está utilizando, como também sobre as patologias que 
a criança possa ter principalmente aquelas mais corriqueiras, tais como: cólicas, 
diarreia, náuseas, febre, entre outras. 
Portanto, quanto maior o conhecimento sobre as doenças e os tratamentos 
para este seguimento de paciente, melhor será a conduta e a atenção farmacêutica. 
 
 
9 USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS 
 
 
As doenças infecciosas são responsáveis por grande parte das internações 
e complicações que motivam consultas médicas. Os antimicrobianos são 
substâncias capazes de interagir com micro-organismos unicelulares ou 
pluricelulares que causam infecções no homem, de diversas maneiras, interferindo 
na ação dos mesmos, matando-o ou inibindo seu metabolismo e/ou sua reprodução, 
permitindo ao sistema imunológico combatê-lo com maior eficácia. 
Dessa forma, segundo Marliére (2000), os antibióticos constituem uma 
categoria de medicamentos amplamente utilizados em atenção primária, sendo uma 
das classes de medicamentos mais utilizadas. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de cinquenta por 
cento dos antibióticos é prescrito de forma inadequada, permitindo assim a 
resistência de bactérias aos antibióticos disponíveis clinicamente se tornando um 
problema de saúde pública em todo o mundo. Além disso, o custo financeiro de uma 
terapia fracassada por conta de micro-organismos resistentes é muito grande, 
gerando um aumento do custo do sistema público de saúde. 
De acordo com a ANVISA, estima-se que em 2009, no Brasil, o comércio de 
antibióticos movimentou R$ 1,6 bilhões de reais. 
Bactérias resistentes geram novas consultas, novos exames, diagnósticos, 
nova prescrição, sem contar a provável internação e ocupação dos leitos 
hospitalares. Pode-se verificar que a prática da automedicação e o acesso não 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 139 
controlado a medicamentos são fatores que agravam o quadro geral de uso destes, 
principalmente dos antimicrobianos. 
Nascimento (2003) afirma que os antibióticos oferecem risco de toxicidade 
ao organismo humano, o qual está relacionado às doses administradas. Outra 
classe de risco citada pelo autor refere-se às reações de hipersensibilidade 
atribuídas à idiossincrasia ou a sensibilidade atribuída ao antimicrobiano. 
Para Mota et al. (2005), os prejuízos que os antibióticos podem causar à 
saúde humana incluem efeitos tóxicos diretos, indução de alergias e 
desenvolvimento de resistência. Diante destes fatos o problema de pesquisa 
consiste em questionar: Quais são os malefícios causados pelo uso indiscriminado 
de antimicrobianos? 
Um grande problema encontrado é quando o paciente não utiliza 
corretamente o antibiótico, ou por falta de condição financeira, quando não compra a 
quantidade de medicamento adequada para o tratamento. Quando se trata de 
antibióticos este requisito se torna indispensável, uma vez que o tratamento deve ser 
cumprido até o final, sob pena de, sendo interrompido antes do tempo determinado 
pelo médico, causar a chamada resistência bacteriana. 
Outro problema que encontramos na prática é a prescrição incorreta do 
antimicrobiano. Para Brinks (2003) o uso inadequado em infecções de etiologia viral 
já foi extensamente discutido na literatura e dados recentes dão conta de que 
aproximadamente 55% de infecção de etiologia viral são administrados antibióticos 
com finalidade profiláticae terapêutica. Segundo o autor, estudo prévio conduzido 
na Cidade de São Paulo verificou que 68% dos antimicrobianos prescritos para 
crianças menores de sete anos com infecções respiratórias agudas eram 
inadequados; a maioria foi indicada para resfriado comum. 
Nos casos de otites e amidalites, os maiores problemas encontrados foram: 
a escolha do antimicrobiano de amplo espectro e/ou alto custo, tempo curto de 
tratamento, erros no intervalo entre as doses administradas ou prescrições de 
antimicrobianos ineficazes para erradicação do estreptococo da orofaringe. 
O manejo inadequado da terapêutica antimicrobiana tem levado a dados 
assustadores nos níveis de resistência bacteriana. O principal patógeno associado 
às infecções aéreas, o Streptococcus pneumoniae aumentou de 2,5% para 13% 
seus níveis de resistência aos derivados penicilínicos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 140 
Os antibióticos alteram a flora microbiana normal do paciente e também do 
ambiente, e o uso inadequado exerce uma pressão relativa no aparecimento de 
micro-organismos resistentes, é primordial reconhecer os principais erros, para se 
evitar o uso inadequado de antimicrobianos. Segue abaixo os principais erros que 
devem ser evitados: 
 
 Escolha errada do antibiótico; 
 Dosagem inadequada; 
 Tempo de tratamento errado; 
 Prescrição de antibiótico sem a certeza da etiologia da doença; 
 Via de administração inadequada; 
 Entre outros. 
 
 
FIGURA 35 - RESISTÊNCIA BACTERIANA 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://new.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=1187>. Acesso em: 22 
jul. 2013. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 141 
Como podemos verificar na figura 35, alguns fatores contribuem para o 
aparecimento da resistência bacteriana. A ANVISA percebendo a gravidade da 
situação agiu de forma contundente e criou legislações para proteger a saúde da 
população. Hoje em dia os medicamentos antibióticos ou que contenham antibióticos 
estão sob controle, sendo que, somente podem ser comercializados com a retenção 
da prescrição. 
É um grande avanço para a saúde no Brasil, pois obriga o cidadão a 
procurar a assistência médica e obriga o estabelecimento farmacêutico a dispensar 
somente com a retenção de receita e com a orientação do farmacêutico. 
 
 
FIGURA 36 - CONTROLE DE ANTIBIÓTICOS 
 
FONTE: Disponível em: <http://sinfargo.org.br/site/sem-categoria/audiencia-publica-na-camara-
municipal-discute-resolucao-que-trata-do-controle-de-antibioticos/>. Acesso em: 22 jul. 2013. 
 
 
Como podemos perceber o farmacêutico exerce um papel fundamental para 
conseguir resultados positivos na eficácia do tratamento, segurança para o paciente, 
inclusive economia financeira, com o uso racional, para o estabelecimento 
hospitalar. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 142 
O farmacêutico pode auxiliar no uso racional de antibióticos tanto nos 
estabelecimentos comerciais como no ambiente hospitalar. Para isso, este 
profissional deve conhecer os princípios gerais para o uso de antibióticos: 
 
 Conhecer a farmacologia dos Antimicrobianos disponíveis; 
 O profissional deve ter um diagnóstico bacteriológico antes de iniciar 
o tratamento; 
 Ter certeza de qual tipo de bactéria se trata (Gram-positivo ou Gram-
negativo); 
 Realizar o teste de sensibilidade aos antibióticos - Antibiograma; 
 Saber o histórico do paciente, este possui alergia ao medicamento; 
 Não utilizar antibióticos apenas na presença de febre e na ausência 
de infecção; 
 Em casos de emergência, na qual não teve tempo hábil para o 
resultado do teste de sensibilidade, e já entramos com antibioticoterapia, e não 
surtiu efeito dentro de 03 dias, devemos considerar: 
 O agente infeccioso não é o suspeitado no início, ou é resistente; 
 Presença de alergia ao medicamento; 
 Existem outros focos infecciosos; 
 Sistema imunológico reduzido; 
 A etiologia da infecção não é bacteriana; 
 Para o sucesso do uso racional de antibiótico, o paciente deve aderir 
ao tratamento, seguindo todas as orientações; 
 Verificar a presença de outros antimicrobianos, com valor reduzido e 
com mesma eficácia, para que o paciente com pouco poder aquisitivo, não pare o 
tratamento pela metade; 
 Verificar a interação farmacológica com outros medicamentos ou 
alimentos; 
 Monitoração laboratorial das funções hepáticas e renais do paciente. 
 Entre outras. 
 
Aqui estão elucidados alguns princípios gerais para a utilização de 
antibióticos de forma racional. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 143 
O reconhecimento de todos esses fatores e o exercício adequado do 
controle do uso racional de antimicrobianos possibilita na redução da resistência 
bacteriana, por este motivo, o farmacêutico deve orientar da melhor forma possível 
os seus pacientes, sempre mostrando a importância do uso correto do medicamento 
e o seguimento correto do tratamento. 
Podemos verificar algumas informações valiosas para a prática da Farmácia 
Clínica, no ramo do uso racional de antimicrobianos, tentamos mostrar a importância 
do profissional e os perigos para a saúde da população, quando o farmacêutico não 
realiza a orientação sobre o uso adequado dos medicamentos. 
 
 
10 FARMACOLOGIA CLÍNICA 
 
 
A farmacologia é o estudo dos conceitos básicos e relativamente comuns a 
todos os fármacos. Portanto a Farmacologia Clínica é o estudo da aplicação clínica 
dos fármacos. Para entendermos um pouco melhor a Farmacologia, ela é dividida 
em alguns parâmetros: parâmetros Farmacodinâmicos e farmacocinéticos. 
A farmacodinâmica estuda a ação do medicamento no organismo humano, 
inclusive todas as relações que o fármaco tem com os receptores correspondentes e 
suas ações. Já a Farmacocinética é o caminho que a droga percorre desde a 
administração até a chegada ao sítio de ação. Durante este caminho a droga pode 
desencadear algumas reações. 
A aplicação da farmacologia clínica proporciona maior segurança e 
efetividade ao tratamento, assim como racionalidade às prescrições médicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 144 
 
 
10.1 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA 
 
 
Como dito anteriormente a farmacocinética pode ser entendida como o 
caminho percorrido pelo medicamento dentro do organismo humano até a chegada 
ao sítio de ação. Já a farmacocinética clínica está relacionada aos efeitos 
farmacológicos da droga durante este trajeto pelo corpo humano e todas as suas 
relações. 
Para um entendimento melhor da farmacocinética, ela é dividida em outros 
parâmetros: Absorção, distribuição, meia-vida plasmática, biodisponibilidade e 
eliminação. 
 
 ABSORÇÃO - é a passagem do fármaco do local onde é 
administrado até a corrente sanguínea. Portanto, nas administrações endovenosas, 
não ocorre absorção, pois não ocorre passagem, o fármaco é administrado 
diretamente na corrente sanguínea. 
 
 DISTRIBUIÇÃO - é a passagem do fármaco da corrente sanguínea 
para os tecidos. Quanto mais lipossolúvel o fármaco for, maior quantidade de 
medicamento alcançará os tecidos. 
 
 MEIA-VIDA PLASMÁTICA - é o tempo necessário para que metade 
do fármaco administrado seja eliminado. É um importante parâmetro 
farmacocinético, pois por meio dele podemos adequar à posologia dos 
medicamentos, evitando com isso o acúmulo da droga ou a falta da mesma. 
 
 BIODISPONIBILIDADE - pode-se dizer que é a quantidade da droga / 
fármaco que chega a circulação sistêmica e que está apta para atingir o seu local de 
ação. Os fármacos administrados por via Endovenosa estão com 100% de 
biodisponibilidade. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 145 
 EXCREÇÃO OU ELIMINAÇÃO - é a saída do fármaco do organismo 
na forma inalterada ou em seus metabólitos ativos ou inativos. A eliminação varia de 
acordo com as características físico-químicas da substância a ser eliminada. 
Além desses parâmetros que foram exemplificados, temos outras 
características que podem ocorrer, sãoeles: 
 
 BIOTRANSFORMAÇÃO - Quando a droga passa pelo fígado, 
as enzimas microssomais hepáticas metabolizam a droga, ora transformando em 
metabólitos prontos para serem eliminados, ora transformando em metabólitos 
ativos para realizarem suas ações farmacológicas (Pró-fármacos). 
 
 EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM - só ocorre na 
administração oral ou retal, não ocorre nas outras vias. O efeito de primeira 
passagem é a passagem do fármaco pelo fígado, onde o mesmo é metabolizado e 
eliminado, diminuindo assim a quantidade de fármaco biodisponível. 
 
 INDUÇÃO ENZIMÁTICA - é o aumento da metabolização 
hepática das enzimas microssomais (citocromo P450), aumentando com isso a 
eliminação dos fármacos. 
 
 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA - é a diminuição da metabolização 
hepática das enzimas microssomais (citocromo p450), aumentando com isso a 
biodisponibilidade dos fármacos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 146 
 
 
FIGURA 37 - RESUMO DAS ETAPAS DA FARMACOCINÉTICA 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=6&materia_id=40&materiaver=1>. Acesso em: 
22 jul. 2013. 
 
 
Aqui estão alguns parâmetros farmacocinéticos no qual você deve ter pleno 
conhecimento para a aplicação na prática clínica. O farmacêutico deve aplicar a 
teoria farmacológica no seu cotidiano profissional, pois somente assim conseguirá 
resolver a maioria das queixas dos seus pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 147 
 
 
10.2 FARMACODINÂMICA CLÍNICA 
 
 
A farmacodinâmica pode ser definida de uma maneira geral como sendo o 
estudo das diversas interações do fármaco com o seu receptor, ou seja, é definida 
como sendo o estudo dos mecanismos de ação dos fármacos no organismo 
humano. 
Quando nos referimos a receptor, estamos falando de qualquer componente 
molecular (macro ou micromolecular) com função definida no organismo e que tenha 
a possibilidade de interação com o fármaco e esta interação possa gerar uma 
resposta biológica modulada ou alterada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 148 
 
 
FIGURA 38 - TIPOS DE INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS - FÁRMACO - 
RECEPTOR 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://resumosdosegunda.wordpress.com/category/farmacologia-1/page/2/>. 
Acesso em: 22 jul. 2013. 
 
 
São diversos os tipos de interações, e cada receptor pode gerar uma 
resposta específica no organismo. Os fármacos podem atuar nesses receptores de 
algumas maneiras, dentre elas podemos destacar: 
 
 Agonistas - são aqueles fármacos que quando ligados ao receptor 
fisiológico imita os efeitos fisiológicos dos compostos endógenos de sinalização. O 
agonista tem grande afinidade pelo receptor e é capaz de ativá-lo a realizar suas 
funções fisiológicas. Os agonistas podem ser divididos em: 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 149 
 Agonista total - é o agonista que tem capacidade de se ligar ao 
receptor específico e proporcionar uma resposta máxima. 
 Agonista parcial - é o agonista que tem a capacidade de se ligar ao 
receptor específico, mas não tem a capacidade de gerar uma resposta máxima. 
 Agonista inverso - é o agonista que tem a capacidade de se ligar ao 
receptor específico, mas atua de modo a abolir a atividade intrínseca do receptor 
livre, ou seja, desativa o receptor, produzindo um efeito inverso ao do agonista. 
 
 Antagonistas - são aqueles fármacos que têm afinidade pelo receptor, 
mas ao se ligar ao receptor específico, inativa o receptor, sem gerar efeito 
fisiológico. 
 
 
FIGURA 39 - MODELO CHAVE-FECHADURA 
 
FONTE: Disponível em: <http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarTema.php?idTema=15>. Acesso em: 22 
jul. 2013. 
 
 
 
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 150 
O modelo chave-fechadura exemplifica de forma clara as interações 
farmacodinâmicas, como podemos verificar na figura 39. A chave correta se ligar ao 
receptor fisiológico gerando uma resposta, se for um agonista total, gerará uma 
resposta biológica máxima. Já com um agonista parcial, ou seja, a chave 
modificada, temos uma afinidade entre o agonista e o sítio de ligação, na qual gerará 
uma resposta biológica, mas que não alcançará o pico máximo. Em contrapartida, a 
chave falsa, ou o antagonista, ele terá uma grande afinidade pela fechadura, mas 
não conseguirá ativá-la, apenas estará bloqueando, fazendo com que o sítio 
receptor não tenha resposta biológica. 
É imprescindível o conhecimento da farmacodinâmica das drogas, pois 
somente desta maneira conseguiremos realizar um atendimento ao paciente com 
qualidade. O acompanhamento farmacoterapêutico exige um vasto conhecimento do 
profissional e uma constante atualização profissional. 
Exemplificamos de forma simples a farmacologia clínica, e as principais 
características, ou pelo menos, as características básicas que o profissional deve ter 
para o exercício da Farmácia clínica. 
 
 
10.3 CONSIDERAÇÕES FARMACOLÓGICAS FINAIS 
 
 
O farmacêutico na prática clínica deve avaliar cada parâmetro farmacológico 
na escolha do regime terapêutico, por esse motivo deve conhecer muito bem cada 
etapa do processo farmacológico. 
O profissional deve estar ciente que cada paciente responde de uma 
determinada maneira ao mesmo tratamento, por este motivo o paciente deve ser 
avaliado individualmente. A distribuição e eliminação são exemplos de parâmetros 
farmacocinéticos que ocorre variabilidade entre os pacientes. 
Deve ser levado em conta na prática da Farmácia Clínica o estado 
nutricional dos pacientes, pois pacientes obesos tem a tendência de acumular 
drogas lipofílicas, podendo ocasionar intoxicação, o profissional deve estar atento as 
diferenças interpacientes. Alguns estudos demonstram que estados patológicos e/ou 
fisiológicos por si só alteram a distribuição e eliminação de muitos fármacos. 
 
 
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Outro fator que o farmacêutico deve avaliar são as características da droga, 
muitas drogas possuem efeitos adversos no organismo, dentre eles podemos citar o 
efeito hepatotóxico e o comprometimento da função renal. Para estes tipos de 
pacientes o profissional deve agir com cautela e bom senso. 
Lembre-se que pacientes idosos e crianças, têm suas funções hepáticas e 
renais ainda em formação (no caso das crianças) e em falência (no caso dos 
idosos), por isso a escolha do medicamento deve ser considerada de acordo com a 
característica de cada paciente. 
Veja na figura abaixo, os danos que o medicamento (Paracetamol) pode 
ocasionar no fígado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 40 - INTOXICAÇÃO HEPÁTICA - PARACETAMOL 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.blogdajoice.com/ministerio-da-justica-anuncia-recall-de-3-
milhoes-de-embalagens-de-tylenol/>. Acesso em: 22 jul. 2013. 
 
 
 
 
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Outro efeito que o farmacêutico deve estar atento é sobre a tolerância aos 
medicamentos. O corpo humano tem a capacidade de não responder ao estímulo de 
certos tipos de medicamentos com o uso prolongado. Isso ocorre na maioria das 
vezes devido à falta de orientação ao paciente e pela automedicação. Pois, o 
paciente utiliza o medicamento por um período de tempo acima do necessário, 
desencadeando o processo de tolerância farmacológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você Sabia que o uso contínuo de descongestionantes nasais pode ocasionar 
problemas cardíacos, tais como a taquicardia? 
 
 
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FIGURA 41 - DESCONGESTIONANTE NASAL 
 
FONTE: Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/uso-abusivo-de-
descongestionante-nasal-pode-causar-arritmia-pressao-alta-ate-trombose-8012094.html>. Acesso 
em: 22 jul. 2013. 
 
 
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Por fim, o farmacêutico deve ficar atento aos efeitos idiossincráticos dos 
medicamentos,sabe-se que muitos casos de reações aos medicamentos ocorrem 
devido à falta de observância se o paciente tem uma hipersensibilidade aumentada 
àquele determinado medicamento. Certo tipo de medicamentos tem maiores 
propensões de causarem reações de hipersensibilidade. 
 
 
FIGURA 42 - CUIDADOS GERAIS - REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/05/22/noticia_saudeplena,143457/fique-
atento-as-reacoes-alergicas-extremas.shtml>. Acesso em: 22 jul. 2013. 
 
 
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Estas reações normalmente são causadas por variabilidade genética no 
metabolismo da droga, ou por processos imunológicos - reações alérgicas. Por esse 
motivo a orientação farmacêutica é muito importante, podendo reduzir e muito estes 
tipos de reações. 
No presente curso podemos verificar todas as etapas da atenção dentro de 
uma Farmácia Clínica, inclusive com os protocolos de atendimentos farmacêuticos 
de alguns tipos específicos de pacientes. 
Cabe a você profissional buscar mais informações para melhorar sua 
conduta profissional perante o paciente e a outros profissionais da saúde. Lembre-se 
que o farmacêutico é fundamental para a saúde da população no que tange o 
tratamento farmacológico, mas não se esqueça de que ele não é o único, na maioria 
das atividades o ideal é o acompanhamento multiprofissional, cada um respeitando o 
seu espaço. 
Se você quiser se aprofundar na Farmácia Clínica e na atenção 
farmacêutica eu lhe aconselho visitar o site da ANVISA <www.anvisa.gov.br>, lá 
você encontrará uma gama completa de artigos e textos que explana sobre esse 
assunto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO IV 
 
 
 
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FIM DO CURSO

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