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1 APOSTILA DE TUTORIA EM EAD III 1 Sumário Sumário .................................................................................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4 2. O tutor e comunicação dialógica: cliques para a construção do conhecimento ............................................................................................................ 5 3. ................................................................................................................................. 6 4. O trabalho do tutor ............................................................................................. 7 5. Tutor virtual e suas competências .................................................................. 10 6. Funções do aluno, professor e tutor no sistema EAD .................................. 14 7. EAD e o sistema tutorial ................................................................................... 18 8. Formação do professor tutor ........................................................................... 22 9. Processos de seleção, formação e avaliação dos professores tutores ...... 23 10. Desenvolvimento da ação tutorial: funções docentes, administrativas e de participação ............................................................................................................. 24 11. Lições aprendidas na tutoria: alguns problemas de percursos no processo de meditação ........................................................................................................... 28 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 31 1. PRETI, Oreste. Educação a distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: NEAD/IEUFNT, 1996. ................................................................................. 32 2 2. SÁ, Iranita. Educação a distância: processo contínuo de inclusão social. Fortaleza: CEC, 1998. .............................................................................................. 32 3. SARAIVA, T. M.; PERNIGOTTI, J. M.; BARCIA, R. M.; LAPOLLI, E. M. Tensões que afetam os espaços de Educação a Distância. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 3, p. 483-491, set./dez. 2006. ..................................................... 32 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 1. INTRODUÇÃO O importante trabalho do professor-tutor, averiguando suas características e suas qualidades. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre as possibilidades do trabalho de tutoria na educação a distância. O tema é considerado no contexto da modalidade de ensino, e privilegia o papel e a importância do tutor. O trabalho deste profissional é analisado como responsável pela mediação nos ambientes virtuais de aprendizagem e que possibilitam a construção do conhecimento, de acordo com as ideias defendidas por Paulo Freire, ao estabelecer o conceito de comunicação dialógica. Para tanto, buscou-se analisar as principais referências sobre educação a distância como artigos científicos, livros e manuais da área específica, com base nos principais autores e pesquisadores da área. Portanto, para que tudo isto seja concretizado, é preciso à criação de políticas para a prática na modalidade de EAD, visando alcançar os benefícios das ferramentas interativas no processo de ensino aprendizagem. Ter ambientes ricos em ferramentas interativas é importante, mas, o mais importante é os profissionais estarem preparados para utilizar estes recursos a fim de promover as interações, cooperações de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem virtual. A proposta de tutoria nos cursos superiores a distância, apresentando ações que descrevam e abordem essa modalidade e as relações de trabalho docente dos professores como parte de uma pesquisa que se encontra em desenvolvimento, pois é através da pesquisa que ampliamos nosso conhecimento a respeito do assunto abordado diante das questões sociais que marcam nosso país 5 2. O tutor e comunicação dialógica: cliques para a construção do conhecimento A todos esses requisitos, que marcam o papel e a importância do tutor nas práticas de EAD, soma-se o do responsável pela comunicação, pela interação. Essa ideia, a nosso ver, ganha relevo nos fundamentos da comunicação dialógica defendida por Freire (1983), dentre outras publicações relacionadas à Pedagogia que liberta, que transforma, que coloca o aprendiz como sujeito, aqui sintetizada no que defende o autor: "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão" (FREIRE, 1987, p. 78). Acreditamos que a dialogicidade seja possível nos ambientes de aprendizagem apoiados nas mídias em educação. Isso depende, fundamentalmente, de ação humana: do sujeito que aprende e do sujeito que acompanha, que mobiliza para isso. Nesse sentido, recorremos ao pensamento de Pernías (2002), que, ao ser indagado sobre qual a vantagem de uma educação onde os alunos e os professores estão envolvidos com a tecnologia, respondeu: A melhor e maior vantagem é que os alunos podem ser atendidos de maneira mais personalizada e o professor estabelece laços que quando estava diante deles não teria feito. A tecnologia nos permite isso. De alguma forma, professores e alunos, utilizando a tecnologia podem ir "além das montanhas". Isso já era possível na pedagogia clássica porque os alunos podiam trocar cartas com os que estão do outro lado da montanha. Hoje em dia, graças à tecnologia e à internet, não é só possível escrever nossas cartas como também conhecer as outras pessoas num tempo muito mais reduzido, o que permite uma aproximação maior com elas. (PERNÍAS, 2002, p. 23). Desse modo, é possível ratificar que, como promotor de laços e vínculos, o tutor responsabilizar-se-á pela criação de um ambiente acolhedor, confortável e propício à aprendizagem. E é esse um dos pontos vitais para a construção de conceitos sobre a dialogicidade, a comunicação e a interação que devem constituir o trabalho docente do tutor. Segundo Freire (1980, p. 82), o diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo. Nessa linha de raciocínio, o autor coloca 6 que este diálogo não pode significar o depósito de ideias em outros, nem tão pouco resumir-se a simples intercâmbio de ideias a serem consumidas por permutantes. Logo mais, Freire (p. 83) assegura que o diálogo não se restringe à discussãohostil, polêmica àquilo com o que os homens não estão comprometidos e, como tal, não pode acontecer sem estar impregnado de amor, fundamento do e o próprio diálogo. O tutor, preparado para exercer a mediação no processo de ensino e aprendizagem, tem condições para fazer a leitura dessas falas e, a partir delas, organizar, planejar ações que permitam a sua interação com os sujeitos da aprendizagem, no sentido de lhes fornecer referenciais de apoio para que os mesmos possam construir o conhecimento. Considerando que a EaD é uma relação educativa mediada e mediatizada entre o professor (autor/ tutor/ especialista) e estudantes, em momentos e espaços diferentes do ensino presencial, apoiado por meios diversos e diferenciados (PRETI, 1996); concebemos que, no cenário da EaD, os personagens de sala de aula, professor e aluno não se materializam no tempo e no espaço, conforme ocorre no ensino presencial. Eles não deixam de existir, mas assumem características e funções específicas para essa modalidade de ensino. Por conta disso, uma das mais importantes características da EaD é a organização de um sistema de apoio ao estudante, que deve ser amparado pela instituição formadora/EaD, no sentido de que esta forneça os mais variados tipos de suporte, do cognitivo ao afetivo, do social ao administrativo, do motivacional ao avaliativo, do comunicacional ao pedagógico, entre outros e, recursos didáticos que permitam a interação entre os partícipes do processo de ensino e aprendizagem, de maneira que seja possível a construção do conhecimento, principal objetivo do processo educacional". 7 O trabalho do tutor O ensino a distância requer adaptações tanto por parte do aluno quanto do professor. Ao passo que é importante para o estudante que ele desenvolva persistência e automotivação, o tutor precisa se tornar fluente com as novas tecnologias e elaborar eficientes estilos instrucionais a fim de amplificar o interesse e a motivação dos estudantes. A partir das reflexões de Dantas e Troleis (2013), é possível inferir que um tutor é aquele que favorece processos formativos, coordena e medeia aprendizagem. Portanto, ser tutor é estar interessado em promover capacidades humanas do próximo – no caso, o aluno. É, de forma mais ampla, conhecer caminhos (previstos nas estratégias inicialmente traçadas) e estar atento a outras formas, ditas pelos alunos, de concepção de mundo. Diante do exposto, é possível avaliar que o trabalho da tutoria exige uma tomada de decisão consciente daqueles que pretendem desenvolver a função de tutor virtual. Acerca dessa consciência se faz necessário refletir sobre a pessoa do tutor virtual. Mill et al (2008) apresentam algumas dicas para aqueles que, direta ou indiretamente, pretendem desenvolver atividades na EaD, evidenciando a necessidade da “tutoria e de cuidados necessários aos tutores, como cultivar a ideia de um número de alunos adequado ao trabalho pedagógico; a negociação com os alunos sobre a disponibilidade de tempo/horário para acompanhamento e cuidar dos riscos à própria saúde é fundamental à qualidade de vida do tutor teletrabalhador (tutor virtual), entre outros cuidados” (MILL et al, 2008). Acerca da função pedagógica, Pallof e Pratt (2002) propõem que o tutor é aquele que propicia aos cursistas um ambiente social estimulador da aprendizagem, utilizando recursos didáticos disponíveis pela mediação tutorial. Ele também atua mediante o agendamento de atividades do curso, acompanhamento sistemático dos cursistas, tempo de resposta e avaliação constante de sua prática e da participação dos alunos, além de possuir função técnica relacionada com o conhecimento técnico do tutor e seu potencial didático para compartilhá-lo com todos os cursistas. Nogueira e Both (2012) classificam as competências pedagógicas, didáticas e linguísticas como fundamentais para explicação e orientação das atividades; a 8 competência tecnológica para saber usar e ensinar o aluno a usar as tecnologias de internet, e-mails e ferramenta AVA (ambiente virtual de aprendizagem); a competência pessoal e de trabalho colaborativo em equipe para criação de um ambiente favorável. Entre elas, mencionamos e destacamos a competência pedagógica de "avaliação do material didático-pedagógico visando à proposição de melhorias de padrões de ensino e aprendizagem", fundamental para a mediação entre material e aluno, mas que só será possível com base em um diagnóstico do perfil da turma como consequência dos sucessivos encontros e interações entre os sujeitos. A função pedagógica está relacionada à manutenção de um ambiente social amigável, que é essencial à aprendizagem online. O papel do professor em qualquer ambiente educacional é garantir que o processo educativo ocorra entre os alunos. No ambiente online, o tutor é um facilitador, conduzindo o grupo de maneira mais livre e permitindo aos alunos explorar o material do curso sem restrição. A função gerencial envolve normas referentes ao agendamento do curso, ao seu ritmo, aos objetivos traçados, à elaboração de regras e à tomada de decisões. A função técnica depende do domínio técnico do tutor, sendo então capaz de transmitir tal domínio de tecnologia aos seus alunos. Os tutores devem conhecer bem a tecnologia que usam para atuar como facilitadores do curso. A função social significa facilitação educacional. O tutor é responsável por facilitar e dar espaço aos aspectos pessoais e sociais da comunidade online. Nos escritos de Saraiva et al (2006), ao discutir os espaços de tensão nos eventos de tutoria a distância, ficam implícitas duas grandes habilidades fundamentais para a tutoria: a paciência e a perspicácia para lidar com as tensões da tutoria e os conhecimentos das ferramentas e abertura ao novo. A nosso ver, a paciência é importante, pois, segundo os autores, os processos de capacitação usuais em EAD, seja qual for o aspecto focado, não são por si mesmos suficientes para dar conta da complexidade de situações que se vão criando à medida que os cursos vão sendo implementados (SARAIVA et al, 2006, p. 485). Para esses autores, penetrar no mundo cibernético demanda não apenas domínios motores e apropriação de uma linguagem nova, mas também abandono de certos modos de lidar com o desconhecido. O medo de errar precisa ser abrandado 9 para que o sujeito se permita navegar por rotas não previstas nem previsíveis. Os recursos tecnológicos, por não serem por si sós suficientes para atender a todos nas suas particularidades, necessitam da intervenção de tutores e monitores nos mecanismos de escuta e captura para suprir as necessidades de cada um (SARAIVA et al, 2006, p. 489). Sá (1998) realizou um estudo comparativo entre os tutores presenciais e a distância. Com base em distintos resultados, sinaliza que o ensino a distância configura-se basicamente por: ser acompanhado por um tutor; gerar atendimento ao aluno em consultas individualizadas ou em grupo, em situações em que o tutor mais ouve do que fala; preocupar-se com um processo educacional centrado no aluno; buscar a interatividade entre aluno e tutor sob outras formas, não descartada a ocasião para os “momentos presenciais”; adaptar-se ao ritmo determinado pelo aluno dentro de seus próprios parâmetros; avaliar de acordo com parâmetros definidos, em comum acordo pelo tutor e pelo aluno; ser atendido pelo tutor, com horários flexíveis, lugares distintos e meios diversos. É relevante esclarecer as semelhanças e diferenças do papel dos professores nas duas modalidades de educação (presencial e a distância) para evitar problemas na estruturação dos cursos a distância, para evitar uma possível desvalorização do trabalho do professor na EaD e para que o professor-tutor tenha consciência do seu papel e de suas funções. No papel de tutor, o delineamentomais preciso pode favorecer as instituições que promovem a EaD, na medida em que define as atribuições e os parâmetros do cargo, fornecendo subsídios para diversas práticas de Recursos Humanos, como seleção, treinamento, avaliação de desempenho e definição de salários, entre outras. 10 No que tange à dimensão administrativa, não podemos deixar de mencionar algumas funções exclusivas do tutor a distância, como: auxiliar o professor nas correções das atividades a distância; auxiliar o professor na criação ou na intermediação dos fóruns de debate ou de apresentação; auxiliar o professor nas edições das seções e de conteúdos inseridos na sala de aula solicitados pelo professor responsável; fazer a verificação diária de dúvidas enviadas tanto por mensagens como pelo fórum de dúvidas, num período ideal de até 24 h; auxiliar o professor no lançamento de notas e feedback para os alunos no AVA; auxiliar o professor publicando avisos importantes no AVA. Segundo Bottentut e Coutinho (2015), um dos grandes desafios do tutor consiste em manter o interesse dos alunos e garantir a sua presença nos ambientes online. Esse indicador costuma ser medido pelas taxas de evasão apresentadas nos cursos. Embora seja importante ressaltar que são muitas as razões que levam os alunos a abandonar um curso a distância, é também relevante ter em mente que muitas dessas razões poderiam ser contornadas com o papel-chave do professor- tutor em todo o processo. Ou seja, se as ferramentas tecnológicas utilizadas no processo de tutoria forem fáceis de utilizar, se os conteúdos estiverem estruturados de forma didática, se o tutor providenciar efetivo apoio a distância, o interesse dos alunos tende a aumentar, garantindo o sucesso do curso. 3. Tutor virtual e suas competências Conforme bibliografia consultada e estudada, encontramos o tutor como personagem essencial ao desenvolvimento da Educação a Distância. Para Alves (2006) apud Mercado et. al. (2007), a função de tutoria é um dos principais fatores que determinam a qualidade da formação num ambiente virtual de aprendizagem, já que 11 o tutor estabelece uma relação direta com o aluno mediando a interação necessária à aprendizagem. Sendo a tutoria um dos aspectos importantes para o sucesso da aprendizagem na EAD, é necessário conhecer as atribuições gerais do tutor. Este assume, conforme afirma Medeiros et. al. (2003), uma ação “(...) mais voltada à operação, à aplicação de estratégias pedagógicas durante o curso, ao uso de instrumentos de comunicação e à criação de clima favorável aos estudos.” (pag. 91). Em outras palavras, é importante compreender a tutoria como mediadora entre as necessidades do aluno e as possibilidades do curso, atuando com comprometimento em busca da aprendizagem autônoma construída, neste caso, na interação virtual. Outro autor que demonstra a necessidade do desenvolvimento de competências essências para a ação tutorial é Giannasi et. al. (2005), ao afirmar que: os tutores devem ter determinadas competências que possibilitem aos estudantes explorar todos os recursos disponíveis de forma a permitir a consecução dos objetivos previstos no curso e ainda, participar e promover ambientes de aprendizagem colaborativa, desenvolver autonomia e independência nos estudos como ferramenta para sua formação continuada ao longo da vida. Visando uma melhor compreensão da atuação tutorial, optamos por organizar as competências que delineiam a ação do tutor na EAD em 4 grupos: Competência Pedagógica: que envolve o aspecto pedagógico, os métodos de ensino-aprendizagem, que contribuem para o aprendizado do grupo e individual. Competências Sócio-Afetivas: que envolvem os aspectos interpessoais, a comunicação individual, a criatividade e a socialização contribuindo para um ambiente agradável. Competência Tecnológica: que envolve os aspectos técnicos do ambiente, o domínio das tecnologias de informação a orientação técnica visando um melhor aproveitamento do AVAs. 12 Competência auto avaliativa: que envolve a compreensão do tutor sob sua própria atuação buscando a análise e a melhoria de seu trabalho. Buscando uma compreensão abrangente realizamos a descrição aprofundada de dois desses grupos, destacando, assim, a relevância da competência tecnológica e da competência sócio afetivas. Competência tecnológica: características Podemos destacar dois tipos de relações no trabalho de tutoria: entre pessoas (relações humanas) e entre pessoas e máquinas/instrumentos (relações técnicas). Assim, é preciso que o tutor compreenda e esteja atento aos aspectos humanos, como perfis grupais, afetividade, estímulos para realização de atividades, e também aos aspectos técnicos, como conhecimento básico de informática e das ferramentas disponíveis, que significam apoio vital ao funcionamento da EaD. O cumprimento desses requisitos corresponde, genericamente, ao que se chama “competência tecnológica”. Consideramos que para o desenvolvimento dessa “competência” é preciso conhecer as possibilidades que se apresentam em relação ao uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) e dos chamados AVAs (Ambientes Virtuais de Aprendizagem). Desse modo, podemos destacar, como exemplo, algumas ações tutoriais que contribuem para o desenvolvimento da “competência tecnológica”: intermediar o contato virtual entre alunos e professores responsáveis ou coordenação de curso, no caso de haver necessidade; estabelecer a “ponte” entre alunos e equipe técnica, no que se refere a dúvidas sobre o uso das tecnologias disponíveis; utilizar e-mails para explicar e dirimir dúvidas sobre tarefas; usar mensagens instantâneas, em caso de assuntos mais restritos; dominar e utilizar a WIKI, para estimular trabalhos coletivos; realizar feedbacks, por meio das ferramentas disponíveis. A “competência tecnológica” pode ser traduzida, dessa forma, pela capacidade de manejar os recursos tecnológicos, tendo conhecimento técnico para suprir as 13 dúvidas dos alunos e, principalmente, propor o uso de diferentes estratégias, conforme a proposta do curso oferecido. Competência sócio afetiva: características A competência sócio afetiva, diz respeito a habilidades ligadas ao relacionamento com o aluno, a afetividade desenvolvida durante o processo de ensino-aprendizagem e a criação de um ambiente virtual pautado no acolhimento e no respeito ao próximo. Desta forma, reiteramos que um trabalho tutorial competente permite um satisfatório desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, já que dificuldades de âmbito socio-afetivo serão superadas. Para isso, é importante que o tutor planeje suas ações no sentido de construir um relacionamento agradável com os envolvidos no processo. Para desenvolver esse trabalho competente sócio afetivamente apontamos algumas ações que são essenciais: Conhecer o aluno; Ter uma linguagem cordial; Ser atento e prestativo as dúvidas, mesmo as mais comuns; Ter uma escuta sensível; Estimular a participação; Incentivar a todos apontando as facilidades; Destacar o crescimento individual e grupal; Observar as dificuldades e orientar na superação delas; Construir um relacionamento afetivo, pautado na comunicação respeitosa, cordial e comprometida com a aprendizagem. Observamos que a atuação tutorial na Educação a distância é imprescindível, já que atua diretamente com o aluno durante o processo de ensino-aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento do trabalho pautado na interação e na 14 coletividade, mesmo separados fisicamente pela distância, aproveitando assim, as possibilidades dessa realidade. 4. Funções do aluno, professor e tutor no sistema EAD O ALUNO O aluno que opta por fazer um curso a distância deve atender a alguns requisitos básicosvisando o bom aproveitamento durante o curso: Antes de se matricular num curso a distância, buscar informações sobre o seu funcionamento. “Ter tempo para se dedicar aos estudos e saber se precisa ou não fazer atividades presenciais, bem como se terá condições econômicas e físicas para ir até o local, no caso de todas as atividades não serem a distância. Aproveitar ao máximo suas próprias capacidades intelectuais. Buscar toda a ajuda necessária para conseguir o aprendizado. Apontar os objetivos que se propõe a alcançar durante o curso com realismo e clareza. Descobrir os procedimentos mais IDÔNEOS para realizar as tarefas de estudo. Dominar os conceitos e os dados básicos para a ampliação dos conhecimentos posteriores. Organizar as idéias, coerentemente, para conseguir uma melhor assimilação e posterior aplicação na prática” (GUEDES, 2007) Buscar local e horário adequados para o estudo, sem interferências que possam desviar a atenção e concentração. Estabelecer contato com os colegas de curso para troca de experiências, realização de atividades etc Realizar todas as atividades propostas durante o curso. Realizar as avaliações e avaliar seus próprios erros e acertos. 15 Procurar compreender os materiais do curso por meio de discussões e explicações com colegas, tutor e professor, se for o caso. Buscar esclarecimento para dúvidas sobre os conteúdos do curso quando necessário. O PROFESSOR O professor é o responsável pela elaboração do conteúdo do curso. Ao pensar o conteúdo do curso, ele não pode ignorar os diferentes contextos de atuação dos alunos que vão fazer tal curso. Por isso, o preparo de um conteúdo para uma aula, seja ela presencial ou a distância, deve ser pensado de forma a atender os diferentes contextos vividos pelos alunos. Para isso, o professor deve estar apto para fazer uso das tecnologias disponíveis que podem auxiliá-lo na elaboração das aulas, seja para o ensino presencial ou a distância. Algumas das funções do professor no atual contexto educativo da EAD são: Elaborar o conteúdo do curso. Supervisionar os projetos individuais e em grupo. Dar nota às tarefas e proporcionar feedback sobre o progresso do aluno. Manter os registros dos alunos. Ajudar os alunos a gerenciar seu estudo. Motivar os alunos. Responder ou encaminhar questões administrativas. Responder ou encaminhar questões técnicas. Responder ou encaminhar questões de aconselhamento. Representar os alunos perante a administração do curso. Avaliar a eficácia do curso 16 O TUTOR Para exercer a tutoria são necessárias habilidades e competências inerentes a essa função, tais como: capacidade para motivar o aluno para o estudo, facilitar a compreensão de conteúdo, esclarecer dúvidas, ter bom conhecimento das TICs e saber utilizá-las. A atividade de tutoria é um conjunto de ações educativas que: favorecem a habilidade de trabalhar em grupo; promovem a cooperação entre os alunos; estimulam a interação entre os grupos, com o objetivo de incentivar os alunos a enfrentarem as dificuldades presentes nessa modalidade de ensino; possibilitam a obtenção de crescimento intelectual e a autonomia dos alunos; incentivam o respeito a objetivos comuns. “Nota-se que o tutor tem uma atuação bastante diversificada, atuando algumas vezes como assessor, orientador e muitas outras como professor, animador, facilitador da aprendizagem” (FERREIRA; GARRIDO, 2005). Dependendo do projeto pedagógico do curso, muitas funções que são desempenhadas pelo professor (aquele que define qual conteúdo vai ser desenvolvido durante o curso) são também desempenhadas pelo tutor. Outras vezes ficam somente a cargo do tutor. O tutor deve planejar de forma sistemática e personalizada o atendimento a cada cursista, preparar os encontros individuais, as reuniões de grupo, promover a orientação a distância, supervisionar a prática pedagógica dos cursistas, além de ajudá-los a superar as dificuldades de redação do memorial, produção da monografia e incentivar a permanência dos cursistas até a conclusão do curso (FERREIRA; GARRIDO, 2005). Algumas das funções do tutor no atual contexto educativo da EAD são: orientar os alunos na familiarização com o ambiente virtual de ensino- aprendizagem e quanto às regras, diretrizes e aos padrões do curso” (GUEDES, 2007); Identificar as dificuldades dos alunos e ajudar a saná-las. 17 Estabelecer contato com os alunos desanimados, com atividades pendentes e reprovados, proporcionando sugestões particulares sobre as dificuldades apresentadas. Elaborar relatório sobre as dificuldades surgidas durante o curso. Corrigir as avaliações e comentar sobre erros e acertos como incentivo para o aluno. Ajudar os alunos a compreenderem os materiais do curso por meio das discussões e explicações. Responder às questões sobre a instituição ou encaminhá-las a quem souber responder. Orientar os grupos de estudo. Saber lidar com os portadores de necessidades especiais que estejam fazendo o curso, facilitando seu aprendizado. Disponibilizar telefone, e-mail e todos os meios de comunicação que facilitem o contato entre tutor e aluno. Acompanhar trabalhos práticos e projetos. Avaliar o progresso dos estudantes. Fornecer feedback (resposta, informação) aos coordenadores sobre os materiais dos cursos e as dificuldades dos estudantes. Manter o foco da discussão quando necessário. Esclarecer dúvidas dos materiais de curso quando necessário. Mostrar interesse pela melhoria do processo ensino-aprendizagem. Estar disponível para o contato com o aluno: o tutor deve ter, de fato, a disponibilidade e facilitar ao aluno ser encontrado quando necessário. Manter um contato regular com os alunos durante todo o curso. Incentivar os alunos a desenvolverem sistematicamente a sua autoavaliação. 18 “Desenvolver e promover a comunicação dentro do grupo. Incentivar e reconhecer as contribuições dos alunos. Demonstrar interesse pelo desenvolvimento de cada aluno e do grupo como um todo” (CEDEM, 2007). Respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno, orientando na resolução de questões que possam impedir o respectivo progresso dos alunos no curso. 5. EAD e o sistema tutorial Na modalidade de Educação a Distância existe em três elementos fundamentais em interação: aluno, material didático e professor. A experiência com EaD, independente da concepção de educação adotada e das ferramentas didáticas utilizadas (televisão, rádio, internet, material impresso), tem demonstrado que o sistema tutorial é cada vez mais indispensável ao desenvolvimento de aulas a distância. Nesse processo, cabe ao tutor acompanhar as atividades discentes, motivar a aprendizagem, orientar e proporcionar ao aluno condições de uma aprendizagem autônoma. A Educação a Distância, é importante observar, pressupõe um sistema de transmissão e estratégias pedagógicas adequadas às diferentes tecnologias utilizadas. A estratégia didática da Educação a Distância, de acordo com Brande (1993) significa a escolha dos métodos e meios instrucionais estruturados para produzir um aprendizado efetivo. Não deve merecer atenção apenas o conteúdo do curso, mas também decisões sobre o suporte ao aluno, acesso e escolha dos meios. A forma como o tutor e o aluno se comunicam e interagem dependerá do esquema de aprendizado a ser usado. O autor revela ainda três fatores indispensáveis para que a Educação a Distância aconteça: o modelo de aprendizagem, a infraestrutura tecnológica e infraestrutura física propiciada pelo setor. Qualquer estratégia, para atingir suas finalidades deve disponibilizar e gerenciar os conhecimentos de forma crítica, priorizando a educação para trabalhar os conteúdos de forma significativa,criando todas as condições à formação de indivíduos gestores da informação. A escola ainda não esclareceu as dúvidas que 19 possui sobre a utilização da tecnologia como fator fundamental para melhorar o desempenho dos alunos, ou até aprimorar a qualidade da educação. A qualificação do corpo docente continua sendo sempre a primeira prioridade. A utilização das tecnologias como recurso didático trouxe à tona uma série de desafios tais como: a seleção dos diferentes tipos de textos elaborados e/ ou produzidos para um curso de EaD, a articulação dos núcleos temáticos, interdisciplinaridade, coordenação didático- pedagógica, renovação metodológica dos docentes, fundamentos teóricos de aprendizagem e do processo de avaliação. É possível encontrar classificações relativas a EaD em que são utilizados critérios similares aos das tecnologias, cuja visão de homem está posta numa concepção linear de mundo. Segundo Aparici (1999, p. 3), tanto a informática como os sistemas tecnológicos de comunicação podem proporcionar a igualdade de oportunidades para promover a cidadania. A crise da sociedade contemporânea exige que os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, não se limitem a apenas lutar de forma racional e estratégica contra a pobreza, mas direcionem seus investimentos em políticas de educação, até para resgatar a dívida social, acumulada ao longo da história. A década de 90 trouxe à tona um novo modelo cultural, em que o saber passa a desempenhar papel relevante. Daí a relevância de os profissionais da educação serem formados numa perspectiva de superação da sociedade que está posta, evidenciando a necessidade de revisão nas concepções de ensino e de educação, nos procedimentos, nos modelos de gestão e de ações. Revisões estas que passam, sobretudo, pela compreensão do relacionamento orgânico entre as universidades e instituições quase milenares e a sociedade. No campo da tecnologia educacional, a abordagem do processamento da informação tem sido usada especificamente na pesquisa sobre meios educacionais. A comunicação docente/discente no ensino aberto e a distância exige dos professores novos esquemas mentais e novas concepções acerca do saber que envolve diálogos constantes, intercâmbios singulares, criatividade e disponibilidade para investigação, indispensáveis ao cumprimento do compromisso real com as políticas democráticas e de equidade social. 20 Para dar conta deste compromisso, a universidade precisa ser constantemente lugar de produção do saber, fato este que requer também tempo de reflexão crítica, já que o núcleo de qualidade da vida acadêmica se diferencia pela produção própria/coletiva e crítica, num contexto pluralista e democrático. Na sociedade atual, sob o primado de saberes que continuamente se superam e se reconstroem, não é mais possível pensar a educação como mero repasse de conhecimentos, seguindo uma tradição cultural. Pensar novas formas de educação exige que ultrapassemos a ideia de que ela não seja apenas um meio ou uma modalidade, mas uma possibilidade de ressignificação da educação em face das necessidades do mundo global, observa Neder (1999). Estas inovações estão exigindo assim uma mudança importante no papel do professor e uma formação específica nesse sentido. Para Rodriguez (1997), é necessário rever as dimensões: educativa, tecnológica e comunicativa, em relação ao papel e ao protagonismo que assumem os professores implicados na organização do trabalho pedagógico. É preciso insistir na ideia de que as multimídias não transformam o trabalho docente, elas apenas expressam com grande impacto os novos cenários da sociedade contemporânea e permitem um armazenamento enorme de informação, por meio de novas linguagens. Dessa forma, a educação a distância deve ser assumida como uma das utopias da educação para desenvolver as sociedades de nosso continente e superar os imperativos da cultura de consumo. Estas questões sublinham a importância da atuação docente em EaD, em que o perfil do profissional de educação deve conter competências bem mais complexas, tais como: Saber lidar com os ritmos individuais diferentes dos alunos; Apropriar-se de técnicas novas de elaboração do material didático impresso e do produzido por meios eletrônicos; Dominar técnicas e instrumentos de avaliação, trabalhando em ambientes diversos daqueles já existentes no sistema presencial de educação; Ter habilidades de investigação; 21 Utilizar técnicas variadas de investigação e propor esquemas mentais para criar uma nova cultura, indagadora e plena em procedimentos de criatividade. Diante desses novos paradigmas é que devem ser postos os questionamentos das instituições educacionais, suas polêmicas e preocupações sobre EaD. Os educadores que pretendem lutar contra a exclusão social devem preocupar-se em adquirir uma nova cultura educacional, atualizando-se no uso de tecnologias de informação e comunicação, pois, nesse novo modelo, o professor é continuamente chamado a estabelecer múltiplas interações. Algumas escolas já vêm desenvolvendo esse trabalho social com sucesso, investindo em equipamentos, na formação docente e em processo de gestão educacional inovador. Este deve envolver uma equipe multidisciplinar, administradores, professores, pesquisadores, tutores, monitores e profissionais da área técnica. Para que ganhem credibilidade no contexto social em que estão inseridas, várias universidades estão apostando firmemente na qualificação profissional, por meio de curso de aperfeiçoamento e de formação continuada, como é o caso da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) que, desde 1998, vem trabalhando com Educação a Distância, hoje organizada em um departamento específico. Um investimento necessário a qualquer instituição que busca desenvolver EaD, é a criação de sistemas tutoriais realmente eficazes, apropriados a apoiar e promover o crescimento do aluno em cada uma das etapas do processo de ensino. A figura de destaque, responsável pelo bom andamento das atividades, é o tutor, profissional que assume a missão de articulação de todo o sistema de ensino-aprendizagem, quer na modalidade semipresencial ou a distância. Segundo Ferreira e Rezende (2004), o tutor deve acompanhar, motivar, orientar e estimular a aprendizagem autônoma do aluno, utilizando-se de metodologias e meios adequados para facilitar a aprendizagem. Através de diálogos, de confrontos, da discussão entre diferentes pontos de vista, das diversificações culturais e/ou regionais e do respeito entre formas próprias de se ver e de se postar frente aos conhecimentos, o tutor assume função estratégica. E, estrategicamente, esse setor tem como finalidade resolver os ruídos de comunicação e os problemas que surgem ao longo do processo de ensino, 22 procurando resolvê-los e, ao mesmo tempo, realizando a articulação e desenvolvendo ações para aperfeiçoar o sistema de EaD, que deve ser alvo de constantes reflexões. 6. Formação do professor tutor Conforme R. MARIN IBÁÑEZ (1984), citado em GARCIA ARETIO (1994), é fundamental a relação pessoal entre os tutores e entre estes e as equipes da sede central. Como educador que é, além de sua formação teórica e metodológica, ao tutor são requeridas certas qualidades como maturidade emocional, capacidade de liderança, bom nível cultural, capacidade de empatia, cordialidade e habilidade para ouvir. A educação e formação de adultos é também parte integrante do currículo de formação do professor tutor em todas as perspectivas de vida: humana, social, política, laboral, tecnológica etc. sob uma visão axiológica, ética e crítica da sociedade. As novas tecnologias devem fazer parte integrante da formação do educador devido à necessidade de se transpor as fronteiras do educar convencional. A questão que se põe atualmente na formaçãodo docente tutor é como utilizar as tecnologias da forma mais proveitosa e educativa possível. Perfil de competências do professor tutor O currículo do curso de formação de tutores não é apenas uma listagem de conteúdo ou um rol de disciplinas que contém habilidades, fatos, valores selecionados para se transmitir às gerações futuras. O currículo deve ser pensado segundo APPLE, citado por NEDER (1999) na perspectiva de sua inserção no contexto social, tendo como base os princípios da historicidade, construção e do relacional dos conhecimentos a serem produzidos pelos professores tutores e estudantes; o da diversidade e da autonomia do trabalho cooperativo; da investigação e da criticidade. Na UFPR, os currículos dos cursos de especialização e de capacitação de tutores em EAD, para efeito didático, considera os núcleos contextual, estrutural metodológico e integrador que constituem o suporte dos módulos que compõem os currículos dos cursos. São eles: fundamentos e políticas de EAD; gestão, estrutura e 23 funcionamento em EAD; teoria e prática tutorial em EAD, tópicos especiais em EAD, comunicação e informação em EAD e avaliação da aprendizagem. Todos os módulos se integram às linhas de investigação do curso possibilitando uma regulamentação contínua dos processos de aprendizagem dos alunos e de avaliação do curso. 7. Processos de seleção, formação e avaliação dos professores tutores A discussão sobre o papel do professor tutor está posta numa visão estratégica, já que seu desempenho é o de atuar como mediador entre: o currículo, interesses e capacidades do jovem agora e, no futuro, professores, pais e alunos; alunos entre si e nos processos de ensino-aprendizagem. O tutor precisa tornar-se ele próprio um pesquisador-em-ação. Isso requer a ampliação da ideia de pesquisa, de forma a incluir nessa visão a investigação disciplinada e reflexiva sobre a prática. Em outras palavras, sugere-se que o tutor produza conhecimento, fundamentalmente, a partir de engajamento na investigação de sua própria prática. Destaca-se, ainda, a importância de se socializar esse conhecimento. No sentido de explicitar as implicações formativas articuladas ao papel do tutor, CASTILLO ARREDONDO (1998), selecionou os seguintes procedimentos: atuar como mediador; conhecer a realidade de seus alunos em todas as dimensões (pessoal, social, familiar, escolar); oferecer possibilidades permanentes de diálogo, saber ouvir, ser empático e manter uma atitude de cooperação; oferecer experiências de melhoria de qualidade de vida, de participação, de tomada de consciência, de elaboração dos próprios projetos de vida etc.; 24 demonstrar competência individual e de equipe para analisar realidades, formular planos de ação coerentes com os resultados de análises e de avaliação, etc.; identificar suas capacidades e limitações para atuar de forma realista com visão de superação; manter uma atitude reflexiva e crítica sobre a teoria e a prática educativa; possibilitar a comunicação entre os diferentes níveis, de pessoas, de coletivos etc. Na Universidade Federal de Mato Grosso a contratação dos orientadores acadêmicos (tutores) é de responsabilidade das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação na proporção de 50% para o Estado e 50% para os municípios. Após a seleção, os candidatos devem participar do processo de formação que supõe a participação dos candidatos em um curso de especialização sobre EAD, formação de grupos de estudos para a aprendizagem de elaboração do material didático do curso e questões relacionadas ao processo de orientação em tutoria (NEDER, 1999). 8. Desenvolvimento da ação tutorial: funções docentes, administrativas e de participação Os professores tutores são pessoas com titulação universitária de grau superior e pós-graduação, possuem experiência profissional na área de atuação e formação didático-pedagógica (ARETIO, 1996). Não é atribuída ao professor tutor a responsabilidade docente de decidir sobre a seleção dos conteúdos das disciplinas e módulos. Sua atribuição essencial é realizar as funções de assessoramento, de mediação e avaliação no processo de aprendizagem do aluno. As intervenções do tutor, no entanto, devem ser flexíveis e possibilitar aos alunos procedimentos reflexivos e fundados em conceituações teóricas consistentes. O tutor se encontra, portanto, diante de uma tarefa desafiadora e complexa. A formação especializada é imprescindível. Segundo SHULMAN (1995), o tutor deveria 25 apresentar alguns conhecimentos essenciais mínimos, tais como: conhecimento dos conteúdos; conhecimento pedagógico de tipo geral com especial referência aos princípios e estratégias de manejo e organização da classe; conhecimentos sobre os contextos educacionais; conhecimentos acerca das finalidades, dos propósitos, dos valores educativos e de suas raízes históricas e filosóficas. Funções administrativas e de participação Além das responsabilidades pedagógicas, os professores tutores devem assumir as seguintes atividades: permanecer no centro associado (ou de apoio) em dias e horas fixadas no Plano Anual de Organização Docente; enviar informações aos professores da sede central responsáveis pelos módulos, sobre o nível de preparação e a receptividade dos alunos; promover programas para a realização de práticas, seminários, convivências e demais atividades que contribuam para a integração e formação dos alunos; compor as bancas nas avaliações finais presenciais e nas situações que os docentes estejam completamente impedidos de participar; colaborar em atividades extra-acadêmicas e de extensão cultural, quando forem solicitados. Modalidades de tutoria A tutoria é realizada das seguintes formas: à distância: o cursista, individualmente, entrará em contato com o tutor, por meio dos meios de comunicação estabelecidos, em horários definidos anteriormente. É viável também realizar contatos em pequenos grupos de estudo para formular questões ou dúvidas e solicitar ao tutor os esclarecimentos, utilizando-se de um sistema interativo de comunicação; presencial: o cursista, individualmente (ou em pequenos grupos), entrará em contato com o seu tutor muito mais para discutir e avaliar o processo de aprendizagem, apresentar os resultados de suas leituras, atividades e trabalhos propostos nos materiais didáticos, do que somente tirar dúvidas. 26 Tutoria presencial Esta é a modalidade clássica de tutoria. Na educação a distância existem algumas divergências quanto a sua aplicabilidade. Para alguns, as seções presenciais são essenciais para o desempenho acadêmico dos alunos. A tutoria presencial pode ser individual ou em grupo Tutoria grupal Quando os problemas são similares é recomendada esta modalidade de orientação. As seções grupais têm a vantagem de proporcionar a comunicação direta entre os alunos de um curso, a troca de experiências, confronto de ideias e a busca de soluções facilitando a socialização. A metodologia empregada nos encontros grupais é diversificada, senão vejamos: problematização pelos alunos, explicitação das dúvidas pelo professor-tutor, orientações sobre investigação, interlocuções com os grupos, seminários, painéis, palestras, trabalhos em equipe etc. As experiências têm demonstrado que esse tipo de tutoria fortalece o sentimento dos alunos de pertencerem a uma equipe, diminuindo a sensação de isolamento e ansiedade. Tanto a tutoria individual como a realizada em grupos devem ser cuidadosamente planejadas, registradas em cronogramas distribuídos previamente para todos os alunos, e sua frequência será prevista e proposta levando-se em conta as necessidades dos estudantes e a disponibilidade dos professores-tutores. Tutoria postal É uma modalidade econômica de comunicação que já foi bastante utilizadaentre os alunos e os tutores. Atualmente os meios privilegiados são quase todos eletrônicos. Tutoria telefônica O telefone é um sistema de comunicação eficaz possibilitando o esclarecimento das dúvidas do aluno na mesma hora. Permite uma relação direta e interpessoal. Para facilitar esta comunicação o tutor precisa “saber escutar”, ser cordial, ter clareza de expressão e demonstrar entusiasmo, amizade e simpatia. Tutoria por rádio 27 É um meio de comunicação de massa, que envolve um grande número de ouvintes. É um sistema rápido acoplado ao telefone e pode assumir o caráter bidirecional, especialmente em regiões onde o sistema de comunicação é precário. Tutoria por multimídia Com o avanço das tecnologias, principalmente, no campo da informática, os sistemas de comunicação estão postos diretamente na interatividade. Os procedimentos de telemática estão sendo largamente utilizados. É o caso da teleconferência, videoconferência, da videotransmissão e do correio eletrônico. A participação entre os alunos e professores é imediata, cumprindo assim uma das grandes metas da educação a distância. Merecem destaque as vantagens: rapidez, uma vez que as mensagens chegam ao seu destino em segundos, em qualquer parte do mundo; economia, pois o custo equivale a uma chamada telefônica local; confiabilidade, considerando que se as mensagens não chegam ao seu destinatário, por algum motivo, retornam ao emissor. abertura de fronteiras, as mensagens chegam ao seu destino independentemente da localização geográfica. arquivo de informações, as mensagens podem ser copiadas em disquete, impressas. Grupos de discussão São os chamados newgroups, um ponto de encontro virtual para conversar – por escrito – com pessoas que compartilham afinidades e interesses comuns. Constitui um sistema global de mensagens organizadas por áreas temáticas, proporciona um meio de intercâmbio rápido de informação variada. Pode-se compartilhar informações com grande número de pessoas em pouco tempo. Conversação eletrônica (chat) O chat é um modo de comunicação interativa e em tempo real, com várias pessoas, sem contudo considerar que estas se encontram no outro lado do mundo. O 28 usuário “fala” com outro por meio de um texto que vai aparecendo na tela do computador de seu interlocutor de forma imediata. 9. Lições aprendidas na tutoria: alguns problemas de percursos no processo de meditação Não existe um modelo único de tutoria. Cada instituição, dependendo de sua estrutura administrativa, pedagógica e recursos financeiros disponíveis adota formas variadas de tutoria. Em decorrência da transição tecnológica que estamos vivenciando, alguns fatores se qualificam como primordiais e afetam a necessidade da formação dos tutores e da reciclagem dos docentes para atuar em EAD. São eles: a inovação e reconstrução dos procedimentos didáticos e metodológicos, a inserção de novas linguagens, de leituras diferentes da realidade no contexto da telemática etc. Para superar os modelos unidirecionais de educação, considerando o uso das novas tecnologias, é necessária uma mudança de perspectiva e um plano superior: enfatizar o estudante como pessoa e romper com a visão de que o professor ensina e o aluno aprende. Das prioridades com as quais nos defrontamos para a melhoria da qualidade da EAD no início deste milênio, duas parecem ser fundamentais: a investigação e a formação de professores. Construir um projeto para Educação a Distância envolvendo o ensino, a pesquisa, a capacitação de professores e o desenvolvimento de produtos indica a necessidade de articulação de diferentes componentes, que, integrados compõem a complexidade de um sistema que contém a infraestrutura tecnológica com a instalação de laboratórios, redes, links com a internet, acesso aos usuários, definição de ferramentas, programas e sistemas adequados às necessidades das mediações pedagógicas. O ambiente virtual de aprendizagem é um fator de importância fundamental na construção de um projeto de EAD. 29 Por sua vez, a composição das equipes de trabalho deve pautar-se em critérios de excelência, a fim de promover um trabalho colaborativo e criativo, possibilitando a interatividade entre todos os elementos que compõem o universo do aluno (história de vida, família, trabalho, classe, outros grupos a que pertença etc.). O processo de mediação, em sentido estrito, corresponde ao momento em que os alunos entram em contato com o conteúdo e as atividades, interagindo com os professores, com os colegas e técnicos no ambiente virtual de aprendizagem e por outros meios de comunicação disponíveis. Conflitos são muitas vezes inevitáveis. Constatam-se situações de múltiplo comando, ambiguidade de papéis, preocupações com as motivações dos alunos, com os procedimentos administrativos, recursos, custos, cronograma, materiais impressos e atuações diferenciadas. Num esforço de síntese, podemos afirmar que há uma série de fatores intervenientes, que ocorrem frequentemente, como por exemplo os hiatos de comunicação com os alunos devido problemas com o servidor. Esses hiatos provocam a sensação de abandono e solidão, desmotivando, e às vezes agravando as dificuldades já encontradas pelos estudantes. Outro problema é o da avaliação do percurso que se revela ser insuficiente para que os estudantes possam se apropriar dos recursos disponíveis e desenvolver habilidades para utilizá-los. Essa condição tem gerado impasses na formação de equipes interativas. O tutor deve estar preparado para lidar com questões relacionadas ao acúmulo de tarefas, cronogramas longos, alunos adultos que possuem idades, motivações, percepções, experiências, ritmos de trabalho e graus de formação completamente diversos. Essa análise é muito importante, uma vez que esses diferentes perfis exigem programações diferenciadas. Nessa perspectiva, o trânsito pela diversidade deixa de ser apenas um discurso para concretizar-se em ações comprometidas com uma aprendizagem ética e diferenciada. Enfim a capacitação é um desafio complexo pelas inúmeras razões citadas. Talvez a mais evidente seja a nossa pouca experiência em flagrar o próprio percurso, pois essa não é uma prática comumente desenvolvida entre nós, educadores. 30 Construir um ambiente de aprendizagem colaborativo e promover situações contínuas para o desenvolvimento da autonomia onde o aluno possa responsabilizar- se pelo seu percurso de aprendizagem, é um dos maiores desafios do docente que atua em EAD. A reflexão contínua sobre a prática constitui um saber essencial nas palavras de Paulo FREIRE (1997) quando cita: “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. 31 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDE, Lieve Van den. Flexible and Distance Learning. Londres: John Wiley & Sons, 1993. FERREIRA, Zeila Miranda; GARRIDO, Elsa. Caminhos e descaminhos do tutor na formação superior de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 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