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Mata Atlântica I N esta aula estudaremos a Floresta Atlântica, um bio-ma que se estende por todo o Brasil. Demonstrare-mos suas características geográficas, destacando a distribuição de seu território pelo Brasil e sua importância na manutenção dos mananciais para o abastecimento de água das grandes cidades brasileiras. Identificaremos tam- bém a riqueza de sua biodiversidade destacando a fauna e a flora. Características geográficas Este bioma é conhecido como Floresta Tropical Pluvial Costeira. A classificação se justifica devido às seguintes características: está distribuída ao longo do Trópico de Capricórnio; apresenta elevados índices de precipitações pluviométricas; localiza-se ao longo da costa brasileira e é extremamente influenciada pelo Oceano Atlântico. Os primeiros registros da extensão da cobertura original da Floresta Atlântica datam da época do descobrimento e retratam que a mesma se estendia do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, sendo que sua maior densidade ocorria a partir do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica está presente tanto na região litorânea como nos planaltos e serras do interior. Sua largura varia entre pequenas faixas e grandes extensões, atingindo em média 200 quilômetros de largura. Curiosidades Sua área ocupava 12% do território Nacional – 1,3mm/km² Floresta tropical pluvial costeira Clima quente e úmido (tropical) Características gerais A Floresta Atlântica se destaca pela sua grande exuberância vegetal. Algumas pesquisas iden- tificam que em 1 hectare de Mata Atlântica podemos encontrar 600 espécies de plantas com flor, enquanto em florestas de clima temperado apenas 30 espécies. 31 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Toda esta riqueza de vegetais se justifica pela característica de seu substrato, que é rico em nutrientes e com uma camada espessa de húmus1. Este solo garante fonte de nutrientes em abundância para os vegetais, permitindo assim um ganho em sua produtividade e uma maior densidade populacional. Outra característica importante a ser ressaltada é a grande oferta de água existente na Mata Atlântica. Este fato torna-se relevante uma vez que seus manan- ciais abastecem as grandes cidades brasileiras, principalmente da região sudeste (a região mais desenvolvida), permitindo a concentração de 70% da população brasileira. A presença da Floresta Atlântica nas encostas representa um fator funda- mental para o equilíbrio desse local, uma vez que suas raízes formam um ema- ranhado no solo garantindo a sustentação do terreno destas encostas e evitando a erosão2. Também é fundamental a cobertura de Mata Atlântica nas cabeceiras dos rios (Mata Ciliar ou Mata de Galeria), o que permite a manutenção do leito dos rios e garante o abastecimento de água. Estratificação da Floresta Encontramos na Floresta Atlântica uma distribuição vertical muito carac- terística, na qual as copas mais altas formam o dossel3 e chegam a atingir 30, 35 e até 50 metros de altura. O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica bem no alto. Neste dossel, as copas das árvores mais altas tocam-se umas nas ou- tras, formando uma massa de folhas e galhos que barra a passagem do sol. Abaixo do dossel encontramos os arbustos e pequenas árvores, formando os chamados sub-bosques. Estes vegetais desenvolvem adaptações para captação de luz e fixação sobre outras plantas mais altas, característica de uma relação deno- minada epifitismo4. As regiões de maior densidade de mata se caracterizam pela presença de maciços rochosos: Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Geral. Este fato é facil- mente explicado quando imaginamos a dificuldade de acesso a estas regiões, logo fica mais difícil a ocupação desordenada do ser humano. Existe também uma diferenciação da cobertura vegetal quanto à altitude: uma determinada espécie de árvore nascida no nível do mar difere de uma árvore desta mesma espécie no topo da serra. Este efeito de variação também fica eviden- te quando imaginamos a distribuição de outras espécies em nível continental, uma vez que a floresta se distribui por toda a costa do território brasileiro. Existem próximo aos oceanos diversos ecossistemas associados ou varieda- des de ecossistemas de Mata Atlântica: as planícies de restinga, dunas, mangues, lagunas e outros estuários de menor proporção. Os mangues estão presentes às margens das lagunas ou de rios de água salobra, variando conforme as marés. Eles são considerados os berçários de grande parte da vida marinha. 1Este tipo de substrato se caracteriza pela gran- de quantidade de nutrientes agregados. Normalmente é produzido pela atividade as- sociada de bactérias e fungos decompositores, junto à ação das minhocas, que, ao ingeri- rem esta matéria, a enrique- cem com cálcio favorecendo o equilíbrio do pH do solo. 2Caracteriza o fenômeno de degradação do solo, pela remoção de partículas do mesmo, devido à ação das intempéries (vento, sol, chu- va etc.) ocasionando a forma- ção de cicatrizes e perda de nutrientes do mesmo. 3Representa o conjunto das copas de árvores de grande porte, característicos de florestas densas, que dão origem a uma camada con- tínua e interligada que difi- culta a passagem dos raios luminosos para as regiões inferiores e abriga uma fauna específica. 4Representa uma relação ecológica classificada como harmônica e interes- pecífica. Nesta relação, algu- mas plantas se fixam sobre os troncos de outras, sem retirar nenhum tipo de nutrientes de- las. Esta fixação permite uma maior captação de luminosi- dade e favorece a realização da fotossíntese. Mata Atlântica I 32 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica I Características biológicas Alguns autores estimam que a Floresta Atlântica seria o ambiente mais di- versificado do planeta e que, devido ao seu elevado grau de fragmentação, perdeu esta posição para a Floresta Amazônica. A Mata Atlântica representa uma grande riqueza de patrimônio genético e paisagístico, demonstrada por índices verdadei- ramente impressionantes. Mais de 15% dos primatas existentes no Brasil habitam a floresta, e a grande maioria dessas espécies são endêmicas. 55% das espécies arbóreas e 40% das não arbóreas são endêmicas, ou seja, uma entre cada duas espécies ocorre exclusivamente naquele local. 70% de espécies (como as bromélias e orquídeas) e 39% dos mamífe- ros que vivem na floresta são endêmicos. Flora Em sua vegetação predominam espécies que possuem folhas largas (lati- foliadas) e perenes (perenifólias). A primeira característica permite aos vegetais uma intensa troca gasosa com o meio e, principalmente, uma grande liberação de água para a atmosfera. O fato de serem perenifólias permite uma maior produtividade, uma vez que a taxa fotossintética se eleva em virtude das folhas permanecerem em atividade durante todo o ano. Veja a seguir alguns exemplos. Jequitibá – árvore frondosa, com flores brancas e folhas permanentes, sempre se sobressai pelo tamanho e pela copa. Floresce em dezembro e janeiro. Árvores com 20 a 50 metros de altura. É muito usada para re- florestamento, pois tem crescimento rápido. Pode atingir 3,5 metros em dois anos de plantio. Sua madeira é considerada de lei, moderadamente pesada, macia, bastante durável. Estende-se desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. Embaúba – são árvores de porte médio, com caule reto e ramificação ape- nas na porção superior. Estão distribuídas por todo o país. Possui folhas largas, muito lobadas, verde-claras na parte superior e verde-prateadas na inferior. Dessa característica veio seu nome indígena (árvore que brilha). As flores pequenas reúnem-se em pseudo-espigas e os frutinhos, que ali se desenvolvem, são utilizados como alimento para vários animais. Seu caule é oco, o que permite uma associação entre de parasitismo com pulgões que se alimentamde sua seiva e elaboram uma secreção açuca- rada, muito apreciada por algumas espécies de formigas. No interior dos 33 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br troncos, elas vivem associadas a esses pulgões, aproveitando-se do ex- cesso de secreção produzida. Esta relação é denominada esclavagismo. As embaúbas são frequentemente encontradas em matas ciliares e bordas de capões. Florescem em setembro/outubro e estão muito presentes em florestas secundárias, indicando um grau de sucessão ecológica e que aquela área já sofreu desmatamento e recomposição da mata primária. Pau-brasil – a árvore que deu o nome ao nosso país e que foi extrema- mente explorada pelos colonizadores. Apresenta tamanhos variados, po- dendo alcançar ate 30 metros de altura. Toda a superfície de seu caule é recoberta por acúleos5 e apresenta diversas ramificações e frutos. Sua ex- ploração ocorreu devido a uma característica de sua casca que apresenta vasos secretores de pigmentos. Este tecido de secreção confere uma to- nalidade rosa-pardacenta ou acinzentada à sua casca. Floresce entre os meses de dezembro e maio, e suas estruturas florais são de cor amarelada e com um perfume muito apreciado. A frutificação ocorre no mesmo período da floração e sua estrutura é do tipo legume. Outra característica interessante dessa árvore é sua madeira, que possui uma coloração laran- ja, porém quando exposta ao ar torna-se avermelhada. Além disso, o seu cerne é duro e de peso elevado, sendo muito utilizada na construção civil e naval devido a sua grande resistência. Palmito-juçara – é uma espécie de palmeira que vive em ambiente de elevada umidade (higrófita). Árvore característica da Mata Atlântica e de grande valor comercial pela exploração da sua extremidade. O Palmito- -juçara tem o nome científico de Euterpe edulis e pertence à família das Palmae. Sua maior incidência ocorre do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul. Sua árvore atinge 15 metros de altura com estipe6 de 10 a 20 centí- metros de diâmetro. Floresce nos meses de setembro a dezembro e seus frutos amadurecem de abril a agosto. Líquens – representam um grupo muito característico da Floresta Atlân- tica. São organismos resultantes de uma associação de fungos (hifas) e algas (gonídias), numa relação harmônica denominada mutualismo7. Ocorrem sobre os troncos e rochas da Mata Atlântica, podendo ser foliá- ceos, crustáceos ou filamentosos. Estão presentes sobre os troncos das árvores e nas rochas no interior da mata. Dependem de muita umidade e ocorrem nos sub-bosques devido a sua pou- ca tolerância à luminosidade. São bioindicadores, ou seja, apresentam intolerância à poluição, o que evidencia locais sem impactos atmosféricos incidentes. Fauna A fauna da Mata Atlântica apresenta um elevado endemismo e uma grande biodiversidade. Entre os mamíferos, muitos se mostram como espécies vulnerá- veis em virtude do extremo grau de comprometimento dos seus habitats. A seguir descrevemos alguns desses espécimes relevantes: 5Representam estruturas em forma de espinhos, presentes nos caules dos ve- getais, com a função de pro- teger a planta. 6Tipo de caule presente nesta variedade de árvo- re, sendo caracterizado pela formação anelar e composto por uma madeira de grande resistência. 7Representa uma relação harmônica interespecífi- ca, em que os dois indivíduos apresentam uma dependência física e fisiológica. No caso dos líquens (uma associação de fungos e algas) as células dos fungos (hifas) fornecem suporte, CO2 e água para a alga (gonidia), e ela fornece alimento para este mesmo fungo. Mata Atlântica I 34 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica I Mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides) – é um primata endêmico da Mata Atlântica. É o maior macaco das Américas, podendo atingir até 15 quilos. Existe uma grande preocupação com a redução da densidade populacional deste animal, devido ao atual estado de fragmentação da Mata Atlântica, essa espécie está ameaçada de extinção. Sua área de vida original se configurava nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e no sul da Bahia. Hoje, predominam nas matas ombrófilas densas da região costeira e também florestas semidecíduas do interior, principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e, algumas famílias no Rio de Janeiro. Mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) – também é uma espécie endêmica da Mata Atlântica, especialmente encontrada no sul da Bahia. Apresenta como características fundamentais a cara aver- melhada e as mãos pretas. Seus hábitos alimentares o classificam como frugívoro-insetívoro e uma característica importante e comum às espé- cies de micos-leões é o uso de buracos nos troncos das árvores como abrigo, especialmente para dormitório. Ainda encontram-se com uma densidade populacional aceitável para espécies em equilíbrio e progra- mas recentemente estabelecidos para manter-se uma população viável em cativeiro têm sido muito bem sucedidos. Com financiamento inter- nacional da WWF (World Wildlife Fund) foi implementada a Reserva Biológica de Uma (Bahia), única área protegida na qual a espécie pode ser encontrada. Bicho-preguiça (Bradypus variegatus) – recebe esse nome devido aos seus hábitos de movimentos lentos e silenciosos, permanecendo quase todo o tempo nas árvores e dormindo 14 horas por dia. Alimentam-se de brotos das folhas e podem ser encontrados no solo quando estão mi- grando de uma árvore para outra. Sua pelagem o camufla nas árvores, permitindo assim uma proteção contra seus predadores. É encontrado nas florestas tropicais da Mata Atlântica e da Amazônia, em diversos países da América do Sul e da América Central. Existem alguns grupos ameaçados de extinção, entre eles estão o bicho-preguiça comum e o de coleira, encontrados no sul da Bahia. A extinção foi desencadeada pelo intenso desmatamento promovido na Mata Atlântica. Animais de hábitos solitários, os machos e as fêmeas só se encontram para acasalar. A gesta- ção dura de seis a oito meses, nascendo apenas um filhote, entre os meses de agosto e setembro. Quando adulto, um bicho-preguiça pode pesar até cinco quilos e medir 59 centímetros da ponta do nariz a ponta da cauda. O filhote mama durante um mês, permanecendo com a mãe até os cinco meses, para aprender a se locomover e se alimentar sozinho. Atualmente, o homem é seu principal predador, já que os predadores naturais, aves de rapina e grandes felinos, estão em extinção também. Gato-do-mato (Felis tigrina) – representa o menor gato selvagem da América do Sul, sendo que sua estrutura corporal se assemelha bastante à do gato doméstico. Sua pelagem é semelhante à da jaguatirica, com 35 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br presença de estrias transversais escuras na cauda e rosetas com manchas escuras circulares na porção lateral do corpo. Caracteriza-se pela extre- ma agilidade e pela capacidade de caçar pequenos animais. Está amea- çado devido à perda de habitat e à captura ilegal para a comercialização de peles. É encontrado na América do Sul e Central, e no Brasil está presente na maioria dos ecossistemas, inclusive na Mata Atlântica. Tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) – espécie endêmica do Brasil, mui- to característica da região de restinga. Alimenta-se de frutos e insetos e, em especial, das espigas de embaúba. Ainda é comum nas áreas nas quais há vegetação de restinga, podendo aparecer em loteamentos bem arborizados. Infelizmente, a ocupação descaracteriza o ambiente natural, prejudicando a sobrevivência dessa espécie, principalmente na região li- torânea. Cobras – o Brasil abriga cerca de 10% das espécies de cobras do mun- do (2 500), cerca de 10% delas têm a capacidade de produzir veneno (peçonhentas)8. Como representante destes animais temos a jararacaBothrops jararaca. Essa cobra está distribuída por todo o Brasil. Por causa dessa amplitude de ambiente, as jararacas são as campeãs em acidentes com os seres hu- manos. Podem chegar até 1,6 metro de comprimento e alimentam-se, principalmente, de roedores. Elas têm mais de 60 filhotes, que já nascem desenvolvidos e que são capazes de dar uma picada venenosa 20 minutos depois de terem nascido. Conclusões Nesta aula apresentamos parte do ecossistema da Mata Atlântica. Destacamos a sua localização e enfatizamos suas características gerais, tais como: sua impor- tância no abastecimento de água para a população das grandes cidades brasileiras. Entendemos as diversas formas de classificá-la, quanto à formação vegetal. Identificamos as características mais importantes na formação desse bioma, tais como as adaptações dos seres vivos e as condições variáveis que ele oferece. Ainda caracterizamos sua diversidade biológica por meio da exemplificação de exemplares da fauna e da flora, bem como a importância de sua preservação. 8 Animais peçonhentos são aqueles que, além de terem o veneno, possuem um órgão para injetá-lo. O veneno é uma secreção que funciona para a captura e digestão do alimen- to e, também, como defesa do animal contra os seus agres- sores. Mata Atlântica I 36 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica I Pau-brasil (MORETTI apud LOPES, 2002) O pau-brasil (Caesalpinia echinata) é uma leguminosa nativa da Mata Atlântica. Trata-se de uma planta que já atingiu até 30 metros de altura. Floresce desde o final do mês de setembro até meados de outubro. Entre os meses de novembro e janeiro ocorre a maturação dos frutos. Os índios chamavam essa árvore de ibirapitanga, que significa pau-vermelho. Eles utiliza- vam-na na pintura de enfeites e na confecção de arcos e flechas. Com os índios, os colonizadores conheceram o corante vermelho extraído do cerne da árvore: a brasileina, que era largamente usa- da como tinta para escrever e na coloração de roupas da nobreza. A madeira do pau-brasil servia de matéria-prima nas indústrias civil e naval. O comércio e a exploração do pau-brasil tiveram início em 1503, e, por um período de apro- ximadamente 30 anos, a árvore foi mantida como único recurso explorado pelos colonizadores, gerando bastante riqueza à coroa. Estima-se que, no século XVI, cerca de 2 milhões de árvores tenham sido derrubadas. Foram 375 anos de exploração indiscriminada. Diante disso, após a in- dependência do Brasil, a árvore já era considerada rara. Além da exploração abusiva para o comércio, o pau-brasil foi e tem sido ameaçado pelo in- tenso desmatamento da Mata Atlântica. Atualmente, é muito difícil encontrá-lo em estado natural, a não ser em áreas de preservação. Apesar de ameaçado de extinção, sua exploração ainda ocorre em locais em que há pouca vigilância. Hoje, o pau-brasil é cultivado para ornamentação e exportação. Graças à sua textura e resis- tência, sua madeira é muito indicada para a fabricação de violinos, tendo sido por isso exportado para a Europa. Em 7 de dezembro de 1978, com a promulgação da Lei 6.607, o pau-brasil tornou-se a Árvore Nacional e o dia 3 de maio tornou-se sua data comemorativa. 1. Faça um levantamento das adaptações da vegetação da Mata Atlântica em decorrência da água. 37 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 2. Identifique os tipos de solo encontrados na Floresta Atlântica. 3. Faça uma pesquisa da classificação dos líquens como bioindicadores. BANKS, Martin. Preserve as Florestas Tropicais. São Paulo: Scipione, 1997. DEAN, Warren. A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Boletim Informativo, Ago./Set. n. 9, 1999. Mata Atlântica I 38 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica II N esta aula estudaremos a Floresta Atlântica, destacando o seu processo de exploração pelos co-lonizadores e a ocupação pela sociedade brasileira, ressaltando os momentos históricos após a colonização com uma postura espoliativa evidenciada pelos ciclos do pau-brasil, do açúcar e do café. Também entenderemos a relação desse manejo com os impactos ambientais mais significativos na mata. Aspectos socioeconômicos A Floresta Atlântica representa a porta de entrada do Brasil, uma vez que se encontra distribuída por toda a costa brasileira. Foi nesse ecossistema que os portugueses aportaram no ano de 1500, em especial na região de Porto Seguro, no sul da Bahia. Cerca de três anos após o descobrimento, os portugueses perceberam a imensa riqueza dessa mata e, utilizando-se do conhecimento dos povos indígenas, os colonizadores iniciaram o ciclo do pau-brasil. O objetivo central era o desbravamento do território da colônia Terra Brasilis e na realidade o tipo de colonização, denominado pelos historiadores como Colonização de Exploração, era calcado numa postura de transferência das riquezas para o país colonizador, promovendo o enriquecimento da metrópole. Estima-se que a mata ocupava aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados e que se estendia por todo o Brasil. Os portugueses utilizaram a mão de obra indígena e, posteriormente, a dos negros africanos para viabilizar este ciclo de exploração. Durante três séculos houve uma intensa exploração do pau-brasil, utilizado na fabricação de corantes para tingimento e produção de caixotes, até que os portugueses perceberam que havia mais contrabando do que produção oficial. Também houve a produção de novos corantes a partir de poços de alcatrão, o que desvalorizou a exploração do pau-brasil (1859). Com o desmatamento, principalmente no Nordeste, onde havia florestas de pau-brasil, abriu-se espaço para a instalação de outras lavouras, e, aproveitando as terras férteis do local, foi sendo culti- vado o açúcar. A madeira derrubada alimentava os fornos das usinas e os canaviais foram avançando sobre a floresta. Ainda neste período, o homem buscava novas alternativas para sua expansão e depois do século XVII veio o momento de maior devastação com o ciclo do café, que perdurou até meados do século XIX, principalmente na região sudeste. Outra forma de exploração da floresta foi pela mineração. Motivados pela descoberta de ouro em Minas Gerais, os colonizadores desmataram grandes áreas para o desenvolvimento da atividade. Um aspecto significativo a ser destacado foi a exploração da fauna da Mata Atlântica, fato este que agravou o impacto ambiental sobre as espécies animais, uma vez que os mesmos já se encon- travam ameaçados pela fragmentação do seu ambiente e passaram a ser caçados para exportação de seu couro, peles, penas, carapaças ou simplesmente pela sua exuberância. Hoje, muitas espécies encontram-se ameaçadas de extinção ou já desapareceram. 39 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Com o desenvolvimento tecnológico e da sociedade humana há uma expan- são e a Mata Atlântica apresenta-se como um bioma com grandes atrativos, entre eles podemos destacar: localizada próximo ao mar, o que facilita a chegada de matéria-prima e escoamento da produção; solo muito fértil, o que permite uma agricultura forte; abundância de água, sendo fundamental para atender a população e suprir os processos industriais; suas belezas naturais atraem a população para moradia. Impactos ambientais A Floresta Atlântica apresenta um grau de impactação elevado. Isto reflete um histórico de exploração econômica inadequada e a falta de planejamento na utilização dos recursos naturais oferecidos pelo ecossistema. Outro fator significativo foi a densidade populacional. Desde o descobri- mento, a população se instalou nesse local e alguns dados de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística– IBGE – indicam que 70% da população brasileira vive em áreas da Floresta Atlântica, o que representa aproximadamente 130 milhões de pessoas. Nesse bioma estão localizadas as maiores e mais produtivas cidades brasile- iras, respondendo por 80% do Produto Interno Bruto (PIB). Fica evidente que a Flo- resta Atlântica sofre uma pressão antrópica muito grande, desde o descobrimento do Brasil e, principalmente, pelo modelo econômico desenvolvido atualmente. Como consequência desses fatores, houve uma redução significativa da cobertura da mata, estima-se que 93% da cobertura original já desapareceu. O desmatamento não ficou restrito ao pau-brasil. Madeiras consideradas nobres como canela, jacarandá, canjerana, hoje só são encontradas em áreas de unidades de conservação ou em florestas secundárias1. Outro impacto ambiental evidente é a exploração do palmito Euterpe edulis. Essa espécie de vegetal produz no topo de seu caule (estipe) um talo sa- boroso e muito apreciado pelo homem, o que resulta numa exploração excessiva dessa palmeira. O impacto sobre essa espécie é ainda maior devido à maneira como é explo- rada, ou seja, as árvores são retiradas da mata antes de seu período de frutificação, o que impede a produção de novas sementes e a continuidade dos indivíduos. Quando jovem, a árvore produz um palmito menor e para alcançar uma produ- tividade comercial o catador tem que derrubar uma maior quantidade delas, o que causa um impacto ainda mais significativo. Um grave problema quanto à extração clandestina de palmito e o seu pro- cessamento, segundo dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, é que a indústria 1Esta classificação é utili-zada para caracterizar re- giões de mata que já sofreram um processo de desmatamen- to e posterior reflorestamen- to. Algumas espécies são tí- picas dessas matas, tais como a embaúba. Mata Atlântica II 40 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica II de palmito representa o maior risco epidemiológico, esse fato se deve à forma de produção e conservação inadequadas e sem fiscalização. Os consumidores do palmito correm o risco de adquirirem a bactéria Clostridium botulinum, agente causador do botulismo2. O desmatamento da Floresta Atlântica também desencadeou dois graves problemas, sendo o primeiro a ocupação desordenada das encostas (2/3 da po- pulação ocupa essa área com a finalidade de moradia), porém, essa prática resul- ta na exposição do solo aos efeitos das intempéries naturais3, que somando-se à retirada das raízes que sustentam o solo resulta em deslizamentos e acidentes com mortes, principalmente nos períodos de chuvas. O segundo foi a retirada da mata ciliar4, promovendo o assoreamento com diminuição dos leitos dos rios e aumento das inundações. Identificamos ainda o impacto do desmatamento com o objetivo de produção de energia através dos recursos da Floresta Atlântica. A Mata Atlântica foi muito utilizada como fornecedora de lenha para as indústrias, principalmente nas dé- cadas de 1940 a 1960, no século XX. Ainda hoje, a madeira para produção de energia representa 22% do funcionamento das indústrias. Conclusões Nesta aula estudamos a evolução histórica da ocupação da Floresta Atlân- tica, destacando a exploração predatória do pau-brasil, os ciclos do açúcar e do café como extremamente impactantes à mata. Identificamos o desenvolvimento da sociedade brasileira ocupando principalmente esta região e concentrando 80% do PIB do país neste bioma. Ainda evidenciamos o desmatamento como o prin- cipal impacto ambiental da mata e sinalizamos que sua redução chegou a 7% da sua cobertura original. 2Doença causada pela to-xina da bactéria Clostri- dium botulinum que se desen- volve na ausência de oxigênio (anaeróbias estritas), sendo encontrada em conservas. Sua toxina ataca o sistema nervoso central, provocan- do a paralisia dos músculos respiratórios e do coração, acarretando morte rápida da pessoa contaminada. 3São fenômenos da natu-reza, tais como incidência de sol, ventos, chuvas, calor, reações com gases da atmos- fera, que provocam a desagre- gação das rochas e permitem a formação do solo. 4Representa a mata que ocupa as margens dos cursos de água, inclusive os rios, sendo fundamental para o escoamento das águas da chuva, diminuição do pico de cheia, estabilidade das mar- gens e ciclo dos nutrientes nos corpos hídricos. 500 anos de desmatamento (SILVEIRA, 2000, p. 12) Os 500 anos do Brasil na área ambiental foram marcados pela destruição. A área desmatada dos três maiores biomas – Floresta Amazônica, Mata Atlântica e Cerrado – totaliza 2,7 milhões de quilômetros quadrados ou 31,7% do território nacional e 62 vezes a superfície do estado do Rio de Janeiro. As principais vítimas do desmatamento foram a Mata Atlântica e a Mata de Araucária. Do período colonial até hoje, a Mata Atlântica perdeu 93% de sua área, que originalmente cobria 1,3 milhão de quilômetro quadrado ao longo do litoral. A Mata de Araucária, no Sul do país, está reduzida a apenas 2% da cobertura original. O cerrado perdeu 50%, ou 1 milhão de quilô- metros quadrados da cobertura original desde o início de sua ocupação, na década de 1950. Já a 41 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Amazônia, nos últimos 25 anos, teve destruída cerca de 15% da floresta ou 551 mil quilômetros quadrados. O nível de destruição ambiental a que chegamos nos primeiros cinco séculos de história do Brasil é alarmante, e as próximas gerações estarão condenadas a um futuro sombrio, se não apren- dermos a valorizar e usar de forma racional os recursos naturais. Os ciclos econômicos do Brasil Colônia são exemplos da exploração predatória dos recursos naturais. Grandes extensões de Mata Atlântica foram destruídas para abrir espaço para os cana- viais. Calcula-se que para cada quilo de açúcar produzido queimaram-se cerca de 15 quilos de lenha. A atividade econômica do século XVIII foi dominada de forma predatória pela mineração do ouro e dos diamantes. Encostas foram desmatadas, rios foram dragados e tiveram o curso desviado. Pelo menos 100 toneladas de mercúrio foram utilizadas na extração do ouro em Minas Gerais. No século XIX, o ciclo do café também destruiu o meio ambiente. O plantio foi feito no Brasil em áreas desmatadas da Mata Atlântica. Para cada hectare que se pretendia abrir para a lavoura, destruíam-se de 5 a 10 hectares pelo fogo descontrolado. Já no século XX, começaram a ser destruídos o cerrado e a Floresta Amazônica. Desde os anos 1950, o mercúrio vem sendo usado nos garimpos. A fronteira agrícola conti- nua em expansão. Ocorrem 30 mil focos de queimadas por mês no país durante a época da seca e os desmatamentos nas encostas provocam erosão e enchentes. Apesar da destruição, ao longo destes cinco séculos, o Brasil ainda possui 10% das florestas do mundo, 13% de toda a água doce e cerca de 20% de todas as espécies. 1. Faça um levantamento dos aspectos históricos dos ciclos do pau-brasil, do açúcar e do café no Brasil. Mata Atlântica II 42 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica II 2. Identifique os tipos de impactos ambientais característicos da Mata Atlântica. 3. Demonstre as consequências do desmatamento como principal impacto ambiental da Flo- resta Atlântica. 43 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br <www.sosmataatlantica.org.br> <www.ibama.gov.br> <www.educacional.com.br> Mata Atlântica II 44 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica III N esta aula identificaremos os principais mecanismos e estratégias de con-servação da Mata Atlântica. Apresentaremos os programas de pesquisa relacionados a este ecossistema, e ainda as práticas de Educação Am-biental que utilizam a Mata Atlântica como tema gerador. Destacaremos as ONGs que têm como objetivo a preservação e a conservação dos remanescentes deste ecossistema e alguns aspectos técnicos destes trabalhos. Situação atual A Floresta Atlântica, hoje, possui apenas cerca de 100 mil quilômetros qua- drados, o que representa 7% de sua cobertura original. Os estados brasileiros em que a floresta possui a maior densidade de mata estão localizados nas regiões sul e sudeste (RJ, SP, MG, ES, PR). Este fato é justificado pelo tipo de formação de re- levo nestes estados, que são caracteristicamente acidentados e consequentemente dificultam, em muito, o processo de ocupação humana. Esta área está distribuída em 456 manchas verdes e, mesmo sendo um res- quício da cobertura original da floresta, ainda apresenta uma extensão maior que a Espanha e França juntos. O principal agente de pressão sobre a mata é o desmatamento e esta prática ocorre continuamente em grandes cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Alguns pesquisadores destacam e sinalizam que num prazo de 50 anos a mata só restará em unidades de conservação. O que nos causa espanto e apreensão é que a Mata Atlântica abriga 100 mi- lhões de pessoas e concentra 80% do produto interno bruto. Este fato é relevante para o equilíbrio socioeconômico do país. Muitas empresas e pessoas utilizam os mananciais alimentados por essas matas para os seus processos produtivos e para sua sobrevivência. Além desse papel em regular o fluxo dos recursos hídricos, a mata mantém o equilíbrio das encostas e escarpas garantindo a manutenção das mesmas. Também fica evidente a preocupação com a manutenção da maior biodiversidade de árvores do planeta. Hotspots – “zonas quentes” A Mata Atlântica e o cerrado foram os dois biomas brasileiros classificados pela Conservação Internacional (CI) como hotspots1 e figuram agora numa lista de 34 ambientes no planeta. Esta classificação é preocupante, pois significa que esses ambientes apresentam um elevado grau de impactação, também apresenta o lado positivo, que implica em medidas de conservação e preservação, além de financiamentos de instituições nacionais e internacionais. 1São ambientes que apre-sentam mais de 50% de sua vegetação original perdi- da e que possuem intenso en- demismo. Esta classificação implica em soma de esforços para que haja mecanismos de controle e tentativa de recu- peração do ambiente. 45 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Medidas para reversão do quadro Criação de unidades de conservação A Mata Atlântica apresenta 3% de sua área atual incluída em unidades de conservação, existem discussões polêmicas quanto a esta alternativa ser a mais viável para a solução dos problemas em áreas degradadas. Alguns cientistas de- fendem que a criação de mais unidades de conservação favorece a exploração exacerbada das áreas que não estão inclusas nestes locais. A ciência que se ocupa em estudar e discutir as melhores formas de delimi- tar essas áreas é a Biologia da Conservação, que estabelece alguns critérios, tais como: distribuição das espécies; diversidade das espécies; endemismo; ameaça. Corredores ecológicos Outra medida adotada é a criação de corredores ecológicos. Esse tipo de técnica consiste em unir, através de reflorestamento, áreas de mata impactadas pelo desmatamento. Esta forma de recuperação da Mata Atlântica permite que populações que se encontravam isoladas voltem a se encontrar. Isto favorece a dispersão de vegetais e o fluxo gênico entre as populações de animais. Também favorece o equilíbrio climático e a recuperação da paisagem, além de manter e estimular a revitalização do solo. Esses corredores podem integrar áreas de unidades de conservação de diversos tipos (parques, reservas, Apas etc.) tanto públicas quanto privadas. Entre os benefícios dos corredores ecológicos, podemos evidenciar: aumento do fluxo de genes; movimentação da biota; maior possibilidade de dispersão das espécies; favorecimento de populações que necessitam de grandes áreas de vida; possibilidade de repovoamento de áreas degradadas. Regeneração espontânea Seguindo os princípios da sucessão ecológica2, é uma técnica muito inte- ressante, uma vez que apresenta um baixo custo e utiliza mecanismos da própria natureza do local. Com essa forma de atuar deixamos a natureza se recuperar sozinha, interrompendo os fatores de impactos e pressão antrópica no local. 2Conceito é caracteriza-do pelo aparecimento de um novo ambiente em uma área que se formou (em ilha oceânica) ou ainda pela trans- formação de um ambiente já existente (ex.: lago que vira um campo). Mata Atlântica III 46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica III Este tipo de estratégia depende de fatores, tais como: presença de bancos de sementes nativas ao redor; isolamento da área; restrição às espécies exóticas; grande intervalo de tempo. Podemos destacar algumas desvantagens desse tipo de manejo, entre elas a menor diversidade da mata resultante; a competição com espécies pioneiras, que tendem a colonizar mais intensamente o local; e a demora na recuperação. Reflorestamento Esta técnica de manejo consiste em ajudar a floresta a se recuperar através do plantio de mudas de espécies nativas. Nesse caso existem ganhos significativos quanto à economia de tempo e à manutenção da diversidade biológica das espécies de vegetais, porém é um tipo de atividade que demanda um investimento maior. Estudos demonstram que uma área de Floresta Atlântica, que promove sua regeneração espontaneamente, demora 40 anos para se recuperar e a mesma área com reflorestamento promove sua recuperação em 10 anos. Neste manejo alguns cuidados são fundamentais: replantar uma grande variedade de espécies; plantar as espécies respeitando seu tempo de crescimento; garantir uma sucessão; controlar o desenvolvimento das mudas. Fiscalização O papel dos governos nas três esferas (municipal, estadual e federal) é fun- damental. Eles devem trabalhar em conjunto na defesa dos remanescentes flores- tais da Mata Atlântica. Alguns municípios/estados já criaram seus conselhos de meio ambiente e suas polícias florestais, o que os torna ativos no combate à ação dos homens sobre esse bioma, por meio de programas de conscientização e de manutenção de áreas de preservação permanente nos locais. Programas para a Mata Atlântica Neste item apresentamos alguns programas de manejo sustentável e de re- cuperação da Floresta Atlântica. Esses programas são implementados a partir de iniciativas do poder público, da sociedade civil organizada e de instituições do terceiro setor. 47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Subprograma Mata Atlântica (Fonte: Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e Amazônia Legal – MMA) Teve seu início a partir da aprovação, na Reunião dos Participantes em ou- tubro de 1999, do Plano de Ação da Mata Atlântica. As diretrizes do subprograma foram definidas como: proteção da biodiversidade; 1. representatividade das diferentes fisionomias e unidades biogeográficas 2. que compõem o bioma; desenvolvimento das pesquisas necessárias à implementação dos proje-3. tos e ações desenvolvidos no âmbito do subprograma; livre acesso e divulgação dirigida dos resultados obtidos; 4. fortalecimento institucional das organizações públicas, comunitárias e 5. privadas responsáveis pela implementação de projetos e atividades de- senvolvidas no âmbito do subprograma; compatibilização de políticas setoriais; 6. financiamento de projetos e atividades relacionadas à utilização econô-7. mica de recursos florestais restrita à exploração de produtos não madei- reiros. Objetivos contribuir para a redução do processo de empobrecimento biológico e – cultural daMata Atlântica; contribuir para a redução do desmatamento e queimadas;– contribuir para a recuperação, regeneração, proteção, conservação, – valorização e uso apropriado dos recursos da Mata Atlântica; aumentar a quantidade de hectares de áreas protegidas na Mata Atlân-– tica; ações de capacitação, proteção e regularização fundiária das terras – das populações tradicionais e indígenas da região; apoiar a integração do manejo com a ocupação urbana nas áreas de – influência, entorno, tampão ou amortecimento de unidades de conser- vação. Projeto Manejo Regenerativo de Ecossistemas Associados à Mata Atlântica (<www.apremavi.org.br>) Responsáveis pelo projeto: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), nos municípios de São Mateus do Sul e Bituruna, no Es- tado do Paraná. Mata Atlântica III 48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica III O objetivo é alcançar o desenvolvimento sustentado em pequenas proprie- dades rurais. O projeto Sistemas produtivos de erva-mate (– Ilex paraguariensis) integrados ao manejo regenerativo das Florestas de Araucária. Rompimento do ciclo de degradação ambiental através da conserva-– ção dos recursos naturais e da promoção da melhoria de qualidade de vida das populações locais. Capacitação de 40 técnicos e 1 003 agricultores da região.– Preservar e recuperar a Mata Atlântica e ao mesmo tempo melhorar a – renda e a qualidade de vida do agricultor. Projetos de Sequestro de Carbono Desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, os países deveriam reduzir e controlar até 2008-2012 as emissões de gases que causam o efeito estu- fa, reduzindo-os em aproximadamente 5% em relação aos níveis registrados em 1990. Baseando-se nesta proposta foram criados os projetos de Sequestro de Carbono: São projetos que vêm sendo implantados pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) na região de Guaraqueçaba no litoral do estado do Paraná. Os projetos têm como meta a fixação de 2,5 milhões de toneladas de carbono, em 40 anos. É premissa da SPVS e exigência dos parceiros financiadores, que os projetos também ofereçam outros resulta- dos, como a recuperação florestal, ações de conservação do meio ambiente e alternativas de geração de renda para as comunidades que vivem próximas às suas áreas de influência e a preservação da biodiversidade da Mata Atlântica da região. A SPVS adquiriu e transformou em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) uma área de 20 mil hectares, nesta área está sendo promovida a conservação da biodiver- sidade, a restauração florestal em áreas degradadas, o enriquecimento de florestas secun- dárias e o desenvolvimento rural sustentável junto às comunidades do entorno. Os projetos fazem parte da ação contra o aquecimento global e pretendem contribuir para combater o fenômeno negativo das mudanças climáticas, provocado pelo efeito estufa. O último relatório divulgado do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, divulgado em 12 de julho 2001, afirma que as temperaturas globais vão aumentar de 1,4 a 5,8ºC até o fim do século. Tal aumento é quase duas vezes maior que o previsto há cinco anos. Projeto Mico-leão-dourado Este programa é realizado pelo Ibama em parceria com oito municípios do estado do Rio de Janeiro, em especial os de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, principal área de ocorrência da espécie. Objetivo – Preservar o mico-leão-dourado ameaçado de extinção. Projeto – Análise de viabilidade de população e de habitat (informações sobre os animais e seu habitat). 49 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ações pesquisa genética;– estudo de comportamento;– ecologia dos animais;– reprodução;– aumento da área de reserva (Poço das Antas).– Para considerar o mico-leão-dourado salvo da ameaça de extinção, será necessário alcançar até o ano 2025, uma população de 2 mil micos vivendo li- vremente em seu ambiente natural. Para isso, são necessários 25 mil hectares de florestas protegidas. Conclusões Nesta aula estudamos a situação atual do bioma Mata Atlântica. Identifi- camos a grave situação de seus remanescentes (apenas 7%). Apresentamos as al- ternativas adequadas ao manejo sustentável para recuperação da floresta, entre as alternativas destacamos a sucessão espontânea e o reflorestamento. Também identificamos algumas ações e instituições responsáveis pela recuperação da fau- na e da flora, e como pontos relevantes o programa do Governo Federal para recu- peração da mata e o Projeto Mico-leão-dourado. Protocolo de Kyoto e o sequestro de carbono (WWF, 2005) O Protocolo de Kyoto é um instrumento para implementar a Convenção das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Seu objetivo é que os países industrializados (com a exceção dos EUA que se recusam a participar do acordo) reduzam (e controlem) até 2008-2012 as emissões de gases que causam o efeito estufa em aproximadamente 5% os níveis registrados em 1990. Importante ressaltar, no entanto, que os países assumiram diferentes metas percentuais dentro da meta global combinada. As partes do Protocolo de Kyoto poderão reduzir as suas emissões em nível doméstico e/ou terão a possibilidade de aproveitar os chamados “mecanismos flexíveis” (Comércio de Emis- sões, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a Implementação Conjunta). Esses mecanismos servirão também para abater as metas de carbono absorvidas nos chamados “sorvedouros”, tais como florestas e terras agrícolas. Os países que não conseguirem cumprir as suas metas estarão sujeitos a penalidades. Os países terão de mostrar “progresso evidente” no cumprimento de suas metas até 2005. Considerando o tempo preciso para que a legislação seja implementada, é importante que os governos atuem de forma rápida para que o Protocolo entre em vigor. O Protocolo de Kyoto não possui novos compromissos para os países em desenvolvimento além daqueles estabelecidos na Mata Atlântica III 50 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mata Atlântica III Convenção sobre o Clima das Nações Unidas de 1992. Isto está de acordo com a Convenção, para a qual os países industrializados – os principais responsáveis pelas emissões que causam o aque- cimento global – devem ser os primeiros a tomar medidas para controlar suas emissões. Critérios para a entrada em vigor O Protocolo possui dois critérios para que entre em vigor. Primeiro, pelo menos 55 países membros da Convenção sobre o Clima devem ratificar, aceitar, aprovar e aderir ao Protocolo. Em segundo lugar, esse número deve incluir os países membros listados no Anexo 1 do Protocolo (os países industrializados), os quais são responsáveis por 55% das emissões totais de dióxido de carbono no planeta. O Protocolo entrará em vigor após um prazo de 90 dias do cumprimento dos critérios estipulados. 83 países membros firmaram e 46 países membros ratificaram o Protocolo em 11 de dezembro de 2001, sendo quase todos países em desenvolvimento. A barreira principal à entrada em vigor do Protocolo encontra-se em conseguir um número suficiente de ratificações dos principais emissores de CO2 visando o comprometimento dos responsáveis por pelo menos 55% das emissões globais. 1. Faça uma análise comparativa entre sucessão espontânea e reflorestamento, destacando os pon- tos positivos e negativos de cada um. 2. Identifique os benefícios decorrentes da implantação de corredores ecológicos. 51 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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