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0 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ENGRAVIDANDO OUTROS MODOS DE CUIDAR DE GESTANTES COM SIFILIS E DAS PARCERIAS SEXUAIS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DEISE DE OLIVEIRA BRAGA EUGÊNIA GABRIELE DOS SANTOS BRAZ LUCIENE LUIZA FERREIRA DE MORAES Rio de Janeiro 2019. 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DEISE DE OLIVEIRA BRAGA EUGÊNIA GABRIELE DOS SANTOS BRAZ LUCIENE LUIZA FERREIRA DE MORAES ENGRAVIDANDO OUTROS MODOS DE CUIDAR DE GESTANTES COM SIFILIS E DAS PARCERIAS SEXUAIS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Augusto Motta- UNISUAM, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Professora Drª Eluana Borges Leitão de Figueiredo. Rio de Janeiro 2019. 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ENGRAVIDANDO OUTROS MODOS DE CUIDAR DE GESTANTES COM SIFILIS E DAS PARCERIAS SEXUAIS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DEISE DE OLIVEIRA BRAGA EUGÊNIA GABRIELE DOS SANTOS BRAZ LUCIENE LUIZA FERREIRA DE MORAES Banca examinadora composta para a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. APROVADA em: _______________________________________________________________ Orientadora: Professora Drª Eluana B. L. Figueiredo Centro Universitário Augusto Motta _______________________________________________________________ Prof. Bruno Dias Centro Universitário Augusto Motta _____________________________________________________________ Profª. Simone Paixão Centro Universitário Augusto Motta 3 DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a todos nossos familiares, amigos e mestres que contribuíram durante esses anos para nossa formação profissional. 4 AGRADECIMENTOS Considerando este trabalho como resultado de um sonho realizado, agradecemos a todos que de alguma forma passaram pelas nossas vidas e contribuíram para a construção de quem nos tornamos hoje. Gostaríamos de agradecer primeiramente a Deus e ao nosso senhor Jesus Cristo que com sua misericórdia e bondade nos concederam força e sabedoria direcionando nossos passos para alcançarmos nossos objetivos. Agradecemos aos nossos pais e familiares pelo apoio incondicional às nossas escolhas e por serem nossos maiores exemplos. As nossas mães em especial, por serem nossas companheiras, dádivas do senhor Jesus Cristo para ser a luz das nossas vidas e por estarem sempre conosco nesta caminhada. Agradecemos a todos os professores do curso de enfermagem da faculdade UNISUAM: Claudia Cunha, Cleide Rufino, Patrícia Souza, René Spezani, Helena Farias, Raquel e Daniel Granadeiro, pelos conselhos e ensinamentos que fizeram de nós enfermeiras. Hoje somos um pouquinho de cada um de vocês e sempre terão nosso respeito, carinho e gratidão. Agradecemos a nossa orientadora Eluana Figueiredo, que disponibilizou seu tempo para nos orientar, pelo incentivo, paciência e dedicação, sendo o ponto chave para a conclusão deste trabalho. Nossa gratidão aos nossos amigos de curso, pelos cinco anos de agradável convivência, tornando as nossas vidas acadêmicas mais desafiantes, contribuindo com o nosso crescimento para um novo olhar profissional. Fazemos menção a nossa parceria acadêmica no que tange ao desempenho, a dedicação e a seriedade na construção desse trabalho, buscando o aperfeiçoamento e crescimento profissional. Nesse percurso, fomos marcadas pela coragem, determinação, foco e persistência, mesmo com tantas dificuldades conseguimos atingir nosso objetivo: somos enfermeiras! Deise de Oliveira Braga Luciene Luiza Ferreira de Moraes Eugênia Gabriele dos Santos Braz 5 LISTA DE QUADROS QUADRO 1. Esquemas de tratamento da sífilis ................................................................. 19 QUADRO 2. Apresentação quantitativa de estudos encontrados nas bases de dados utilizando descritores individualizados ........................................................ 25 QUADRO 3. Apresentação quantitativa de estudos encontrados nas bases de dados utilizando descritores em dupla ................................................................... 26 QUADRO 4. Apresentação quantitativa de estudos encontrados nas bases de dados utilizando descritores em trio ....................................................................... 26 QUADRO 5. Artigos selecionados nas bases de dados para a categoria temática I ........... 28 QUADRO 6. Artigos selecionados nas bases de dados para a categoria temática II .......... 34 6 LISTA DE ABREVIATURAS ACS – Agente Comunitário de Saúde BDENF – Base de Dados de Enfermagem BVS – Biblioteca Virtual em Saúde CE – Consulta de Enfermagem COFEN – Conselho Federal de Enfermagem DeCS – Descritores de Ciência da Saúde DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis ESF – Estratégia Saúde da Família HBV – Vacina da Hepatite B HIV – Vírus de Imunodeficiência Humana HPV – Papilomas Vírus Humano IST – Infecção Sexualmente Transmissível LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde MEDLINE – Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica MS – Ministério da Saúde NOAS – Normas Operacionais da Assistência à Saúde OMS – Organização Mundial de Saúde PSF – Programa de Saúde da Família SCIELO – Scientific Electronic Library Online SUS – Sistema Único de Saúde UBS – Unidade Básica de Saúde VDRL – Venereal Disease Research Laboratory VHL – Virtual Health Library 7 Braga, Deise de Oliveira; Braz, Eugênia Gabriele dos Santos; Moraes, Luciene Luiza Ferreira de, 2019. Engravidando outros modos de cuidar de gestantes com sífilis e parcerias sexuais na Estratégia de Saúde da Família. Rio de Janeiro, 2019. 39p. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Graduação em Enfermagem, Centro Universitário Augusto Motta – UNISUAM. RESUMO Introdução: Esse estudo tem por objeto as dificuldades e implicações do enfermeiro no engravidamento de novos modos de cuidado no pré-natal de gestantes sifilíticas e as parcerias sexuais na Estratégia de Saúde da Família (ESF). A Sífilis é uma doença infecciosa bacteriana também chamada de cancro duro ou Lues, de caráter sistêmico e curável que evolui lentamente. É transmitida por contato sexual sem preservativo e mais raramente por contaminação feto placentária (vertical). É causada pela bactéria Treponema Pallidum é caracterizada por lesões da pele e mucosas denominada sífilis congênita. A sífilis materna sem tratamento tem como consequência o abortamento, o nascimento prematuro, recém- nascidos com sinais clínicos de sífilis congênita ou bebê aparentemente saudável que desenvolve sinais clínicos posteriormente. Objetivo: descrever as dificuldades que o enfermeiro da ESF vem enfrentando no cotidiano de seu trabalho no que se refere à produção de vínculos com as parcerias sexuais de gestantes com sífilis e identificar as estratégias de cuidado criadas pelo enfermeiro da ESF com as gestantes e as parcerias sexuais de modo que os mesmos se comprometam com o tratamento e com o cuidado de si. Metodologia: Trata-se de pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, tendo como método a revisão bibliográfica a partir de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), tais como: Atenção Primária à Saúde; Sífilis; Enfermeiro e Cuidado Pré-natal. Olevantamento dos dados bibliográficos foi realizado por meio de busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Resultados: Os resultados mostraram a necessidade de discutir o tema da gestante com sífilis e sua parceria sexual a partir de duas categorias temáticas, a saber: As dificuldades que o enfermeiro da ESF enfrenta em relação a produção de vínculos com as parcerias sexuais de mulheres gestantes com sífilis e As estratégias criadas pelo enfermeiro para a implicação da gestante e sua parceria sexual ao tratamento. Considerações Finais: Espera-se que o estudo venha contribuir para oferecer subsídios teóricos aos enfermeiros no cuidado à mulher gestante portadora de sífilis e suas parcerias sexuais de modo que tais enfermeiros não fiquem centrados apenas em protocolos, sobretudo, que engravidem outros modos de cuidado na ESF. Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Enfermeiro; Cuidado Pré-natal; Sífilis e Gravidez. 8 Braga, Deise de Oliveira; Braz, Eugênia Gabriele dos Santos; Moraes, Luciene Luiza Ferreira de, 2019. Engravidando other ways of caring for pregnant women and sexual partners in the Family Health Strategy. Rio de Janeiro, 2019. 39p. Graduation Course in Nursing, University Center Augusto Motta - UNISUAM. ABSTRACT Introduction: This study aims at the difficulties and implications of the nurse in the pregnancy of new modes of care in the prenatal care of syphilitic pregnant women and the sexual partnerships in the Family Health Strategy (ESF). Syphilis is a bacterial infectious disease also called a hard or slow, slowly evolving systemic or hard cancer. It is transmitted by sexual contact without a condom and more rarely by placental (vertical) fetal contamination. It is caused by the bacterium Treponema Pallidum is characterized by lesions of the skin and mucous membranes called congenital syphilis. Untreated maternal syphilis results in miscarriage, premature birth, newborns with clinical signs of congenital syphilis, or seemingly healthy baby who develop clinical signs later. Objective: describe the difficulties that the ESF nurse has been experiencing in the daily life of her work in relation to the production of links with the sexual partnerships of pregnant women with syphilis and to identify the care strategies created by the ESF nurse with the pregnant women and sexual partners so that they commit to treatment and care for themselves. Methodology: It is a descriptive research, with a qualitative approach, having as a method the bibliographic review from Descriptors in Health Sciences (DeCS), such as: Primary Health Care; Syphilis; Nurse and Prenatal Care. The collection of the bibliographic data was done through a search in the Virtual Health Library (VHL). The databases used for the research were Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Online Medical Literature Search and Analysis System (MEDLINE), Nursing Database (BDENF) and Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Results: The results showed the need to discuss the subject of the pregnant woman with syphilis and their sexual partnership from two thematic categories, namely: The difficulties that the nurse of the ESF faces in relation to the production of bonds with the sexual partnerships of pregnant women with syphilis and The strategies created by the nurse for the implication of the pregnant woman and her sexual partnership to the treatment. Final considerations: It is hoped that the study will contribute to offer theoretical subsidies to nurses in the care of pregnant women with syphilis and their sexual partnerships so that such nurses are not focused only on protocols, above all, that make pregnant other modes of care in ESF. Key words: Primary Health Care; Nurse; Prenatal care; Syphilis and Pregnancy. 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10 1.1 Apresentação da Temática .............................................................................................. 10 1.2 Motivação........................................................................................................... 12 1.3 Problema de Pesquisa ..................................................................................................... 13 1.4 Objetivos ........................................................................................................................ 13 1.5 Relevância e Justificativa ............................................................................................... 14 1.6 Considerações Finais ...................................................................................................... 14 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 15 2.1 Sífilis em gestantes e os aspectos relacionados às parcerias sexuais ............................. 15 2.1.2 A importância do diagnóstico precoce na Estratégia da Saúde da Família .................. 17 2.1.3 Transmissão de Sífilis na Gestação .............................................................................. 18 2.1.4 Tratamento da Sífilis na Gestação ................................................................................ 19 2.2 O manejo da sífilis na gestação: o que dizem os protocolos? ........................................ 20 3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 24 4. RESULTADOS ............................................................................................................. 28 4.1 Categoria I - As dificuldades que o enfermeiro da ESF enfrenta em relação a produção de vínculos com as parcerias sexuais de mulheres gestantes com sífilis ............... 28 4.2 Categoria II - As estratégias criadas pelo enfermeiro para a implicação da gestante e sua parceria sexual ao tratamento ....................................................................................... 32 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 38 10 1. INTRODUÇÃO 1.1. Apresentação da Temática Esse estudo tem por objeto as dificuldades e implicações do enfermeiro no engravidamento 1 de novos modos de cuidado no pré-natal de gestantes sifilíticas e as parcerias sexuais na Estratégia de Saúde da Família (ESF). A sífilis é uma infecção bacteriana de caráter sistêmico, curável e exclusiva do ser humano. Trata-se de uma doença conhecida há séculos. Seu agente etiológico foi descoberto em 1905, sendo chamado de treponema pallidum. Trata-se de uma bactéria Gram negativa do grupo das espiroquetas. O contato sexual é a principal via de transmissão, seguido pela transmissão vertical quando a gestante acometida por sífilis não é tratada ou é inadequadamente tratada (BRASIL, 2015). Nas gestantes, a sífilis pode provocar a morte do neonato ou a morte intrauterina, entre os sintomas apresentados pelo feto pode-se destacar: baixo peso, rinite com coriza sanguinolenta, obstrução nasal, prematuridade, choro ao manuseio, hepatoesplenomegalia, alterações respiratórias (pneumonia), icterícia, anemia severa, ascite e lesões cutâneas (na palma da mão e no pé) (BRASIL, 2010; ARAÚJO et al, 2011). Em face ao exposto, a sífilis atualmente mostra-se como um grave problema de saúde pública haja vista as repercussõesque podem acarretar no feto quando a gestante não realiza o tratamento adequadamente. De acordo com o Ministério da Saúde (MS) a sífilis voltou a ser uma epidemia no Brasil e o alto número de infectados tem preocupado especialistas da saúde. O baixo uso de preservativos e a falta de conclusão dos tratamentos por parte dos pacientes dificultam o combate à doença. Talvez isso explique o fato da Sífilis ter se tornado uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) mais recorrentes entre jovens adultos, gestantes e idosos no país. Dados do Boletim Epidemiológico da Sífilis 2018 mostram que a taxa de detecção da sífilis adquirida aumentou de 44,1/100 mil habitantes em 2016 e 58,1/100 mil habitantes em 2017. No mesmo período, a sífilis em gestantes cresceu de 10,8 casos por mil nascidos vivos para 17,2. Já a sífilis congênita, passou de 21.183 casos em 2016 para 24.666 em 2017. O 1 O termo engravidamento pode ser entendido como criação, gestação ou construção de modos de cuidado pelo enfermeiro. User Realce 11 número de óbitos por sífilis congênita foi de 206 casos em 2017, enquanto em 2016 ocorreram 195 casos (BRASIL, 2017). Diante da magnitude supracitada, a Sífilis consta como uma doença de notificação compulsória e todos os profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros, devem estar aptos a reconhecer as manifestações clínicas da doença, a interpretar os exames laboratoriais e a realizar o protocolo de monitoramento e tratamento da doença (BRASIL, 2015).Nessa direção, a notificação compulsória da Sífilis representa um importante indicador de atenção pré-natal e puerperal. Embora a notificação da sífilis na gestação tenha sido incluída na relação nacional de doenças de notificação compulsória no ano de 2005 (Portaria n°33) e por se tratar de uma doença com etiologia bem conhecida e com tratamento disponível na rede de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), o que se percebe é a persistência da doença (BRASIL, 2005). Vale ressaltar que, além da notificação compulsória obrigatória, o Ministério da Saúde (MS) tem lançado mão de programas, políticas e serviços para reduzir a transmissão de Sífilis no país. Dentre elas, a Rede Cegonha que visa proporcionar saúde, qualidade de vida e bem- estar às mulheres durante a gestação, parto, pós-parto, além do desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Todas as iniciativas têm o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. A proposta qualifica os serviços ofertados pelo SUS no planejamento familiar, na confirmação da gravidez, no pré-natal, no parto e no puerpério, período que compreende até 28 dias após o parto. Nesta perspectiva, faz-se necessário o acolhimento de mulheres e as parcerias sexuais em um serviço de saúde que ofereça um tratamento oportuno e eficaz. Nessa direção, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) é o serviço de saúde favorável para o engravidamento de novos modos de cuidado e novas tecnologias com grande potência para o controle de transmissão vertical de Sífilis e suas consequências na vida de gestantes. No cenário da ESF, a presença do enfermeiro é muito importante, sobretudo, no que se refere à atuação no Pré- natal. Para tanto, o profissional enfermeiro frente a impactante estatística de casos de sífilis em gestantes deve gerar novos modos de cuidado e novas tecnologias que conversem com as necessidades de cada paciente e as parcerias sexuais, para que não ocorram reincidências. No User Realce User Realce User Realce 12 campo de prática, o enfermeiro deve avaliar a situação psicológica e social da família, perceber a presença de riscos e vulnerabilidades e a partir disso, construir parceria e negociação do cuidado com a gestante e com seu parceiro sexual. Mediante esta relação poderá ser construído o vínculo e será possível realizar propostas alternativas para captar e tratar, tanto a gestante faltosa quanto o parceiro ausente nas consultas de pré-natal, buscando alternativas de abordagem. Sabe-se que a ESF vem se configurando como um novo modelo assistencial, com o objetivo de substituir o modelo tradicional, que tinha como prioridade tratar a “doença” e não o usuário na sua integralidade. Diante deste novo modelo assistencial, a ESF passa a priorizar ações de educação, prevenção e recuperação, aspectos fundamentais ao manejo terapêutico das gestantes com sífilis e as parcerias sexuais. O enfermeiro atuante na ESF desempenha diferentes atribuições tais como: gerenciamento, supervisão, coordenação de equipes, a assistência e cuidados de enfermagem. Na assistência, o enfermeiro, está capacitado e qualificado para realizar a Consulta de Enfermagem (CE), regulamentada pela Lei 7.498/86 (COFEN, 1986) e pelo Decreto nº 94.406/87 (COFEN, 1987). Através desta consulta, o enfermeiro tem a responsabilidade de acompanhar o Pré-Natal e identificar os riscos que possam comprometer a saúde materno- infantil. Isso evidencia que, além da quantidade de consultas à gestante, o pré-natal de qualidade requer educação permanente dos profissionais que realizam o acompanhamento das gestantes em prol da prevenção da sífilis congênita e consequentemente a melhoria dos indicadores de morbidade materna. 1.2. Motivação O interesse por esta temática surgiu mediante os estudos na graduação e foram motivados no campo da prática do estágio realizada em uma Unidade Básica de Saúde no Rio de Janeiro. No campo de estágio pudemos constatar que existe uma elevada taxa de gestantes com sífilis, o que nos levou a uma preocupação em relação ao pré-natal de qualidade, o acesso à informação, além do papel do enfermeiro na promoção à saúde e prevenção da doença e agravos, e consequentemente, a redução nos riscos de complicações materno-infantil relacionados à sífilis. Outro ponto que nos motivou na construção deste estudo foi a 13 experiência profissional de algumas das autoras na ESF, onde o cotidiano do trabalho tem mostrado a dificuldade do enfermeiro vincular-se às parcerias sexuais de gestantes com sífilis de modo a atraí-los ao tratamento e à unidade de saúde. Tudo isso nos levou a refletir acerca da necessidade do enfermeiro engravidar estratégias de cuidados mais relacionais, mais afetivas, de modo a produzir vínculos fortes. 1.3. Problema de Pesquisa Considerando que a qualidade da assistência dos profissionais de enfermagem durante a gestação de mulheres portadoras de sífilis depende também da qualidade do vínculo assegurado comas parcerias sexuais, nota-se a necessidade cada vez mais os enfermeiros engravidarem outros modos de cuidar que transcendam os protocolos, isto é, que se construa um cuidado singular, humano e centrado nas necessidades de cuidado tanto individual, como de familiar. As estatísticas têm apresentado a sífilis na gestação como um grande problema para a saúde e por isso, a abordagem do enfermeiro não deve ser centrada apenas na doença, no doente, sobretudo, em tudo que cerca a vida desta mulher incluindo seus laços afetivos e conjugais. Diante do exposto, tem-se como questão norteadora de pesquisa: Quais as evidências científicas dispostas na Literatura Brasileira sobre as dificuldades e estratégias de cuidado desenvolvidas por enfermeiros no cotidiano de seu trabalho com gestantes com sífilis e as parcerias sexuais? 1.4. Objetivos Descrever as dificuldades que o enfermeiro da ESF vem enfrentando no cotidiano de seu trabalho no que se refere à produção de vínculos com as parcerias sexuais de gestantes com sífilis; Identificar as estratégias de cuidado criadas pelo enfermeiro da ESF com as gestantes e as parcerias sexuais de modo que os mesmos se comprometam com o tratamento e com o cuidado de si. 14 1.5.Relevância e Justificativa Considerando o aumento na taxa da incidência de mulheres com sífilis e da alta taxa de possibilidade da transmissão vertical (da mãe para o bebê em até 80%), esse estudo justifica-se pelo fato de que a ocorrência de sífilis na gestação pode acarretar intercorrências para a gestante e para o concepto quando não acompanhados de forma adequada, mesmo com o aumento do número de consultas de pré-natal. Anualmente, calculam-se dois milhões de casos de gestações afetadas pela doença no mundo, sendo responsável por cerca de 25% dos casos de natimortos ou abortos espontâneos e 25% dos neonatos têm baixo peso ao nascer ou infecção grave, favorecendo o aumento dos casos de morte Pré-natal (BRASIL, 2017). Portanto, o estudo faz-se necessário no sentido de identificar as dificuldades que o enfermeiro de ESF vem enfrentando no cotidiano de seu trabalho, inicialmente no que se refere à produção de vínculos com as parcerias sexuais de gestantes com sífilis e o engravidamento de novas estratégias de cuidado com as gestantes de modo que as mesmas se comprometam com o tratamento e com o cuidado de si. 1.6. Contribuições do Estudo O presente estudo pretende contribuir para três áreas do conhecimento: pesquisa ensino e serviço. Como fonte de pesquisa, poderá oferecer subsídios atualizados para novos estudos sobre o tema proposto, tornando possível um maior entendimento sobre o pré-natal das gestantes sifilíticas e seus parceiros. Terá relevância também no âmbito do ensino ao contribuir com conhecimentos atuais sobre as dificuldades dos enfermeiros no Pré-natal das gestantes portadoras de sífilis na ESF com a possibilidade de aprofundamento no tema para aqueles que se interessam pelo assunto. O estudo poderá ampliar ainda a discussão entre professores e alunos quanto à importância de engravidar novos modos de cuidado para o tratamento da sífilis. Por fim, acredita-se que estudo poderá contribuir para os profissionais de enfermagem no que se refere à possibilidade de desenvolver novas estratégias de cuidado e competências, 15 além de provocar uma reflexão sobre a assistência prestada e promover melhorias na realização dos cuidados prestados aos usuários da ESF. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Sífilis em gestantes e os aspectos relacionados às parcerias sexuais Com o avanço da medicina, muitas descobertas auxiliaram no tratamento e detecção do diagnóstico precoce da sífilis, assim como a sua classificação, porém, por muito tempo a sífilis foi confundida com a gonorreia (até 1767). Nessa direção, alguns estudos foram elaborados e com o advento das novas tecnologias e da expansão da ciência, estudiosos do Século XVIII (Balfour e Hunter) desenvolveram métodos de distinção entre a sífilis e a gonorreia, onde levavam em consideração a aparência e rigidez do cancro sifilítico (ARAÚJO, 2010). Nota-se que a sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, causada pelo Treponema Pallidum. Essa infecção também conhecida como “cancro duro”, passou a constar em 2005 na lista de agravos de notificação compulsória em âmbito nacional devido às formas adquirida e congênita da doença. A sífilis na gestação tem demonstrado grande preocupação devida a elevada taxa de transmissão vertical em gestantes sem tratamento ou com tratamento inadequado e também pela falta de tratamento das parcerias sexuais (BRASIL, 2012; SILVA, 2010). É considerado caso de sífilis na gestação: toda gestante com evidência clínica de sífilis e/ou com sorologia não treponêmica reagente, com qualquer titulagem, mesmo na ausência de resultado de teste treponêmico, realizada no Pré-natal ou no momento do parto ou curetagem (BRASIL, 2015). De acordo com o Ministério da Saúde (2016), a Sífilis pode manifestar-se em três formas (primária, secundária e terciária), sendo as duas primeiras as mais contagiosas, e a terceira (tardia ou terciária), menos aparente por não apresentar sintomas em sua grande maioria, dando a falsa impressão de cura. A Sífilis Primária é o tipo de sífilis que se manifesta após um período de incubação (entre dez e noventa dias), com uma média de 21 dias após o contato com o agente etiológico. 16 Nesse período inicial o paciente apresenta-se assintomático até o aparecimento do chamado "cancro duro". Esta lesão permanece por 4 a 6 semanas, desaparecendo espontaneamente, geralmente única no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, anus, boca e outros locais). Geralmente não dói, não coça, não arde e nem tem pus. Podem surgir ínguas na virilha aparecendo entre dez e noventa dias após o contagio. Pode durar entre duas e seis semanas e desaparecer de forma espontânea, independentemente de tratamento. A Sífilis Secundária, em geral, manifesta-se entre seis e oito semanas após o desaparecimento espontâneo do cancro duro. As manifestações mais comuns do secundar ismo são: roséolas (exantema), sífilis papulosas (pápulas cutâneas com localização nas superfícies palmo plantares sugerem fortemente o diagnóstico do secundar ismo da sífilis), alopecia e condiloma plano (lesões pápulo-hipertróficas nas regiões de dobras ou de atrito). Manchas no corpo, principalmente na palma das mãos e na planta dos pés, são as mais comuns, desaparecem de forma espontânea em poucas semanas independentemente de tratamento mesmo a pessoa ainda tendo a infecção. Já a Sífilis Terciária ou tardia, aparece, aproximadamente, um ano depois da infecção inicial, porém, há casos que levam cerca de 10 anos para se manifestar. Essa fase é caracterizada por formação de gomas sifilíticas, tumorações amolecidas na pele e nas mucosas, existindo também a possibilidade de aparecimento em qualquer parte do corpo, inclusive no sistema ósseo. As manifestações mais graves incluem neurossífilis e a sífilis cardiovascular. Podendo levar a morte. Sífilis Latente, não apresenta sinais ou sintomas, sendo o diagnostico realizado por testes imunológicos. É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção). Apesar de assintomática, pode ser interrompida pelo surgimento dos sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. A existência de histórico de relação sexual desprotegida e a alta suspeita do profissional de saúde são fundamentais para que ocorra o diagnostico nesse estágio. Todavia, a transmissão vertical da gestante acometida por sífilis, ocorre quando a mulher e sua parceria deixam de ser tratados ou são tratados inadequadamente, transmitindo a doença para o feto. Diante da gravidade da doença, a pesquisa de sífilis durante a gestação é obrigatória e o rastreamento neonatal recomendado. 17 Desse modo, a possibilidade de erradicação da sífilis congênita também está relacionada aos tratamentos das parcerias sexuais tendo em vista que estes fazem parte da cadeia de transmissão da infecção. No entanto, os estudos feitos pelo Ministério da Saúde apontam que as maiores dificuldades no manejo dos casos e na vinculação dos homens com tratamento residem em: Comportamento masculino no que se refere à infidelidade; Dificuldade no uso de preservativo quando se trata de relações estáveis; Serviços de saúde pouco atrativos para os homens (feminilizados). Assim, o campo da saúde carece de estruturação das unidades de atendimento do SUS e intensificação de ações para detecção precoce da Sífilis na população masculina. A lei nº 13.045 de 25 de novembro de 2014, reforça a importância de preparar os serviços públicos e envolver os profissionais de saúde de forma a garantir atendimento adequado e humanizado, para isso devem orientar os pacientes sobre os sinais e sintomas da doença, encaminhá-los para a realização de exames quando houver indicação clínica e deixar clara a diferença entre rastreamento populacional em pacientes assintomáticose detecção precoce. 2.1.2. A importância do diagnóstico precoce na Estratégia da Saúde da Família De acordo com Mesquita et al. (2012) a sífilis pode acarretar várias complicações para a mulher e seu concepto, tais como: Nat imortalidade e aborto. As mulheres que tiveram essa doença durante a gestação, mesmo após realizar o tratamento, podem apresentar complicações como: recém-nascido de baixo peso, óbito fetal, perinatal ou neonatal e outros. Assim, a sífilis carece de um diagnóstico preciso. O diagnóstico de sífilis na gestação é realizado nos casos em que a gestante apresenta evidências clínicas da doença e/ou sorologia não treponêmica reagente com qualquer titulação, sendo essa obtida no pré-natal, parto ou curetagem (OLIVEIRA e FIGUEIREDO, 2011). O principal meio de controle da sífilis congênita é a triagem sorológica das gestantes por meio de testes não treponêmicos. Por isso é justificável a valorização e a aplicação do teste de Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) para investigação da sífilis na gestante, bem como o tratamento adequado das gestantes e das parcerias sexuais. 18 Em relação às medidas de controle da sífilis congênita no pré-natal, o Ministério da Saúde recomenda que após o acolhimento e aconselhamento, ocorra a realização do teste VDRL no mínimo duas vezes na gestação, sendo um na primeira consulta e outro, no terceiro trimestre da gestação. A realização do VDRL no terceiro trimestre possibilita que o tratamento materno seja finalizado 30 dias antes do parto, garantindo um intervalo mínimo necessário que o recém-nascido seja tratado intra-úteros. O objetivo é proporcionar uma interrupção da infecção e diminuir sequelas irreversíveis, favorecendo o tratamento precoce do recém-nascido (BRASIL, 2013). Para o diagnóstico devem ser utilizados: Testes não treponêmico (ex.: VDRL ou RPR ou TRUST). Teste treponêmico (ex.: teste rápido ou FTA-Abs ou TPHA ou EQL ou ELISA). Para o Ministério da Saúde: A ordem de realização fica a critério do serviço de saúde. Quando o teste rápido for utilizado como triagem, nos casos reagentes, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste não treponêmico. Em caso de gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, treponêmico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado do segundo teste (BRASIL, 2015, pag. 94). Através do diagnóstico e tratamento adequado da gestante durante o acompanhamento pré-natal, a sífilis congênita pode ser controlada. É na ESF que a mulher e sua parceria sexual podem ser assistidas através do Pré-natal. Por isso, a realização do Pré-natal, a detecção precoce e o tratamento completo são fundamentais para evitar os agravos da sífilis congênita. A ESF atua na promoção de ações voltadas para o problema a saúde na perspectiva longitudinal idade do cuidado. Nessa estratégia se insere a atenção Pré-natal, a triagem de sífilis na gestante e o tratamento, tanto da mulher quanto do parceiro sexual quando apresentarem teste positivo. Desse modo, a ESF é o principal serviço para o controle de sífilis congênita, para o diagnóstico precoce e para o tratamento (MESQUITA et al. 2012). 2.1.3. Transmissão de Sífilis na Gestação A transmissão de sífilis pode ocorrer em qualquer fase da gestação e em qualquer estágio da doença. No entanto, na sífilis primária e secundária as probabilidades de transmissão para o feto são entre 50% e 100%. Na sífilis latente precoce há 40% de chance de transmissão e 10% na sífilis latente tardia. É possível também a transmissão direta no canal do 19 parto. Em cerca de 40% dos casos há evolução para aborto espontâneo, natimorto ou óbito Peri natal (BRASIL, 2008). A transmissão depende do estado da infecção na gestante, ou seja, quanto mais recente a infecção, mais treponemas estarão circulantes e, portanto, mais gravemente o feto será atingido. Inversamente, a infecção antiga leva à formação progressiva de anticorpos pela mãe, o que atenuará a infecção ao concepto, produzindo lesões mais tardias na criança (DANTAS, 2008). 2.1.4. Tratamento da Sífilis na Gestação A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), que pode ser controlada através de ações e medidas de saúde, com diagnóstico rápido, tratamento de baixo custo e que pode apresentar cura (BRASIL, 2012). Em se tratando de gestantes, a penicilina é a droga de escolha. Utiliza-se a penicilina devido à sua capacidade de atravessar a barreira transplacentária e de não haver, na literatura, relatos de resistência do Treponema pallidum ao medicamento. Na gestação, o tratamento adotado é o mesmo empregado para a sífilis adquirida, de acordo com a fase da doença, e é benéfico para a mãe e para o feto (BRASIL, 2010). O quadro abaixo apresenta os esquemas de tratamento priorizados para sífilis. Quadro 1. Esquemas de Tratamento da Sífilis Estadiamento Penicilina G Benzatina Intervalos Controle de Cura Sífilis primária 1 série dose total: 2.400.000 Ul Dose única VDRL mensal Sífilis secundária ou Latente com menos de 1 ano de evolução 1 série Dose total: 4.800.000 UI Uma semana VDRL mensal Sífilis terciária ou com mais de um ano de evolução ou com Duração ignorada 1 série Dose total: 7.200.000 UI Uma semana VDRL mensal Fonte: Manual de Gestação de Alto Risco. MS, 2012. SILVA et al. (2014), apontam algumas ações que são realizadas pelo profissional enfermeiro no que se refere ao tratamento: Após o aconselhamento o enfermeiro deve solicitar 20 o VDRL na primeira consulta e no terceiro trimestre da gestação; Realizar o tratamento da gestante e da parceria juntos, mesmo que a parceria não tenha confirmação do seu diagnóstico por meio de teste sorológico; Orientar quanto aos cuidados para o sexo seguro, com uso de preservativos durante e após o tratamento, para evitar a reinfecção; Considerar a paciente tratada quando houver manutenção de títulos de anticorpos em baixos níveis, ou declínio do mesmo. Em caso de gestantes com hipersensibilidade comprovada a penicilina, esta deverá ser encaminhada para o serviço de dessensibilização ou na impossibilidade, recomenda-se o uso de estearato de eritromicina. Enfatiza-se que o tratamento da parceria se torna um determinante para a cura eficaz da mãe e para controle da sífilis congênita. Deve-se considerar a sífilis na parceria como agravante para a prevalência da doença, e, portanto, há necessidade da inclusão do tratamento na problemática abordada (OLIVEIRA e FIGUEIREDO, 2011). Para que seja realizado um tratamento adequado e de qualidade, é importante que existam melhoria na assistência ofertada à parceria sexual, pois a mesma precisa ser incentivada e orientada a participar de consultas de Pré-Natal, e entender a importância da realização de exames de VDRL, para o tratamento eficaz e preciso, obtendo com isso a prevenção precoce da sífilis congênita (MESQUITA et al., 2012). Considera-se tratamento inadequado aquele realizado com qualquer medicamento que não a penicilina; tratamento incompleto, mesmo tendo sido feito com penicilina; tratamento inadequado para a fase clínica da doença ou instituído no prazo de até 30 dias antes do parto; parceiro(s) sexual(is) com sífilis não tratado(s) ou tratado(s) inadequadamente (BRASIL, 2014). 2.2. O manejo da sífilis na gestação: o que dizem os protocolos? Como dito anteriormente, a ESF vem se configurando como uma importante rede de cuidados para avançar na prevenção e no controle da sífilis e demais agravos a saúde da gestante, nessa direção os enfermeiros tem lançado mão de conhecimentos e de diferentes tecnologias de cuidados, dentre eles, os protocolos, os manuais, as portarias e os processos de enfermagem, na perspectiva de contribuir para a implementação do cuidado. Contribuindo na elaboração de estratégias que apontam novos caminhospara o tratamento de pessoas com sífilis. 21 Na atenção básica o enfermeiro possui um vínculo mais próximo com a população, tendo a oportunidade de colocar em prática estratégias como orientações e acompanhamento aos pacientes (RODRIGUES et al, 2016). A enfermagem é de extrema importância na atenção básica, pois participa de todo o processo desde a detecção, diagnóstico até o tratamento da sífilis. A enfermagem atua ainda na prevenção junto à comunidade com estratégias como palestras e orientações (RODRIGUES et al, 2016). Além do acolhimento e da assistência humanizada o enfermeiro (conforme protocolo) solicita exames complementares, testes rápidos e prescreve medicamentos pré-estabelecidos nos programas de saúde pública, visto que o enfermeiro possui autonomia para acompanhamento em gravidez de baixo risco na Unidade Básica de Saúde (UBS) (BRASIL, 2012). A sífilis congênita é um agravo 100% evitável, desde que a gestante seja identificada e as medidas recomendadas sejam tomadas. O Brasil é signatário junto à OPAS/OMS da Iniciativa Regional para a Eliminação da Transmissão Materno-Infantil do HIV e Sífilis na América Latina e Caribe, assumindo o compromisso para a eliminação da sífilis congênita. A sífilis e seus desdobramentos, assim como, outras IST se inserem no quadro de doenças evitáveis, passíveis de tratamento e cura, através do diagnóstico precoce para proceder ao tratamento de forma efetiva. Para isso, uma série de protocolos foi estabelecida. No que tange a enfermagem, a consulta de enfermagem as gestantes com IST é regulamentada pela lei do exercício profissional n.º 7.498/86 de 25 de junho de 1986 e Decreto n.º 94.406/87 que prevê solicitação de exames laboratoriais, diagnóstico, tratamento e aconselhamento adequados (COFEN,1997). Os fluxogramas de atendimento a gestante e sua parceria com IST auxiliam, portanto, o profissional na tomada de decisão, normatiza a atuação e a responsabilidade do enfermeiro generalista e do enfermeiro obstetra na assistência às gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia, Centros de Parto Normal e/ou Casas de Parto e outros locais onde ocorra essa assistência (COFEN, 2016). A consulta de enfermagem a gestante com sífilis e a parceria sexual é uma atividade privativa do enfermeiro, na qual são identificados problemas de saúde, prescritas e 22 implementadas medidas de enfermagem com o objetivo de promoção, proteção, recuperação ou reabilitação do paciente. A consulta de enfermagem a gestante com sífilis prevê as seguintes etapas no que se refere a Sistematização da Assistência de Enfermagem: Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem; Implementação e Avaliação de Enfermagem (Evolução). O Protocolo de Enfermagem na Atenção Básica no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro também é um importante norteador das práticas dos enfermeiros uma vez que exercem um papel importante junto as gestantes seu parceiro no Pré-natal (BRASIL, 2005). O protocolo traz o papel do enfermeiro como cuidador da saúde integral destas mulheres promovendo atividades que contribuam no favorecimento de uma gestação e nascimento saudáveis. De acordo com a portaria N°2.488, de 21 de outubro de 2011 do Ministério da Saúde o enfermeiro na atenção básica tem como atribuições: I - Realizar atenção a saúde aos indivíduos e famílias cadastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.), em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade; II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços; III - Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; IV - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS em conjunto com os outros membros da equipe; V - Contribuir, participar, e realizar atividades de educação permanente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe; e VI - Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. 23 O Protocolo Clínico e a Diretriz Terapêutica Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) também contribuem para o trabalho da enfermagem no que tange ao Pré-natal de gestante com Sífilis. O referido protocolo aborda as estratégias de atenção integral às pessoas com IST, dentre elas, as mulheres com sífilis. O protocolo fala de uma prevenção combinada, isto é, uma prevenção individual e coletiva onde o enfermeiro deve realizar: Triagem para clamídia para gestantes de 15 a 24 anos, quando disponível; Triagem para sífilis, gonorreia, clamídia, hepatites virais B e C e HIV para pessoas com IST e populações-chave (gays, profissionais do sexo, travestis/transexuais e pessoas que usam drogas), quando disponível, testagem de rotina para diagnóstico de HIV, Sífilis e hepatite B durante o pré-natal e parto, conforme recomenda o MS para prevenção da transmissão vertical. Além disso, deve ofertar diagnóstico e tratamento para IST assintomática como, por exemplo: HIV, hepatite B; Informação/educação em saúde, Preservativo masculino e feminino, Gel lubrificante; Busca adequada e acesso a serviços de saúde; Prevenção da transmissão vertical do HIV, sífilis e hepatites virais; Vacinação para HBV e HPV; Profilaxia pós-exposição ao HIV, quando indicada, Profilaxia pós-exposição às IST em violência sexual, Redução de danos. E por fim, deve desenvolver o manejo de IST sintomáticas com uso de fluxogramas: Queixa de síndrome específica, anamnese e exame físico, diagnóstico com e sem laboratório, tratamento etiológico ou baseado na clínica (para os principais agentes causadores da síndrome). O enfermeiro deve ainda dar ênfase na adesão ao tratamento, na comunicação, diagnóstico e tratamento das parcerias sexuais (mesmo que assintomáticas), proceder a Notificação da IST, conforme a Portaria vigente. Além do uso dos protocolos a enfermagem precisa estar atenta quanto a Notificação Compulsória (de acordo com a Lei 6.259,30 de outubro de 1975). A sífilis congênita é doença de notificação compulsória e de investigação obrigatória. A sífilis adquirida deve ser notificada de acordo com as normas estaduais e/ou municipais. A Coordenação Nacional de IST e AIDS do Ministério da Saúde selecionaram fontes de informações específicas em conjunto com estados e municípios para as IST, visando o aprimoramento da sua vigilância. Deve ainda promover a educação em saúde uma vez que é um dos principais dispositivos para viabilizar a promoção da saúde na atenção primária à saúde no Brasil. Dentre os temas abordados pelo enfermeiro estão à orientações acerca das consequências para o feto em caso de não adesão ao tratamento; a conscientização, sensibilização, e orientações 24 quanto a importância do tratamento para o bem estar da gestação; a apresentação do álbum seriado de IST para então gerar impacto na paciente e o esclarecimento quanto a doença, os sintomas clínicos e os riscos. O enfermeiro de também promover a educação permanente em saúde dos trabalhadores partindo do pressuposto da aprendizagem significativa (promove e produz sentidos) da transformação das praticas profissionais a partir da problematizarão do processo de trabalho (BRASIL, 2016). Contudo, temos percebido que existe uma grande oferta de treinamentos, manuais e protocolos que a enfermagem deve basear seu trabalho. A implantação dos protocolosassistenciais tem sido apontada como uma etapa importante na identificação das estratégias a serem adotadas no caso de sífilis na gestação. 3. METODOLOGIA Trata-se de pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, tendo como método a revisão bibliográfica. De acordo com Gil (2017), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Suas características mais significativas estão na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Polit et al. (2004) ressaltam que a pesquisa descritiva caberá ao pesquisador conduzi- la, ou seja, observar, contar, descrever e classificar. Já Demo (2012) diz que a pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural, a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador são os instrumentos chaves. Entende-se por pesquisa qualitativa o estudo que não tenha a pretensão de enumerar ou medir unidades ou categorias homogêneas uma vez que possuem as facilidades de determinar hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar no processo de mudança a criação ou formação de determinados grupos e permitir, em grau de profundidade, 25 a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (GIL, 2017). Já a pesquisa bibliográfica é aquela que visa um levantamento dos trabalhos realizados anteriormente sobre o mesmo tema estudado no momento. É um tipo de pesquisa que pode identificar e selecionar o método e as técnicas a serem utilizadas. Em suma, uma pesquisa bibliográfica conduz os pesquisadores ao aprendizado sobre uma determinada área. Desse modo, a pesquisa bibliográfica é aquela que é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet (GIL, 2017). Para a construção do estudo procedemos a revisão bibliográfica a partir dos seguintes passos: a) elaboração da questão de pesquisa; b) busca nas bases de dados; c) extração dos dados; d) avaliação dos resultados; e) análise e síntese dos resultados e f) apresentação da revisão. A pesquisa foi realizada a partir de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) tais como: Atenção Primária a Saúde; Sífilis; Enfermeiro e Cuidado Pré-natal. O levantamento dos dados bibliográficos foi realizado por meio de busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Contudo, nas buscas foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados no idioma português, no recorte temporal compreendido no período de 2013 à 2019 e disponibilizados sob forma de texto completo. Os critérios de exclusão foram os artigos repetidos e que não atendiam ao objetivo do estudo. Após coleta de dados, foi realizada uma leitura sistemática e exploratória dos estudos encontrados. Nesse sentido realizamos inicialmente as buscas com descritores individuais, posteriormente em dupla e por fim em trio. Ao pesquisar os descritores de forma individual foi encontrado um quantitativo de artigos científicos, conforme apresenta o Quadro 2: 26 Quadro 2 – Apresentação quantitativa de estudos encontrados nas bases de dados utilizando descritores individualizados. DESCRITORES BASE DE DADOS BDENF LILACS MEDLINE SCIELO TOTAL Atenção Primária à Saúde 2140 2120 0 4339 18599 Sífilis 68 968 17634 789 20459 Enfermeiro 6471 434 108003 2179 124087 Cuidado Pré-natal 793 086 0 705 4584 Fonte: elaboração própria Diante do grande quantitativo de publicações, optou-se por realizar um refinamento. Desse modo, os descritores foram pesquisados em dupla, utilizando o termo booleano “AND” para obtenção de melhores resultados, conforme apresenta o Quadro 3. Quadro 3 – Apresentação quantitativa de estudos encontrados nas bases de dados utilizando descritores em associação dupla. DESCRITORES BASE DE DADOS BDENF LILACS MEDLINE SCIELO TOTAL Atenção primária à Saúde AND Sífilis 11 44 0 11 66 Atenção primária à Saúde AND Enfermeiro 366 46 0 157 569 Atenção primária à Saúde AND Cuidado Pré-natal 74 21 0 72 167 Sífilis AND Enfermeiro 7 10 26 0 43 Sífilis AND Cuidado Pré- natal 25 128 0 57 210 Enfermeiro AND Cuidado Pré-natal 120 118 0 15 253 Fonte: elaboração própria Devido ao grande número de artigos encontrados optou-se pela busca com os descritores em associação tripla. Os resultados da busca estão presentes no Quadro 4. 27 Quadro 4 – Apresentação quantitativa de estudos encontrados nas bases de dados utilizando descritores em associação tripla. DESCRITORES BASE DE DADOS BDENF LILACS MEDLINE SCIELO TOTAL Atenção primária à Saúde AND Sífilis AND Enfermeiro 1 2 0 0 3 Atenção primária à Saúde AND Sífilis AND Cuidado Pré-natal 4 15 0 2 21 Sífilis AND Enfermeiro AND Cuidado Pré-natal 1 5 0 0 6 Fonte: elaboração própria Posteriormente, realizou-se a leitura dos resumos e os que apresentavam relevância com o tema foram selecionados 30 artigos que foram lidos na íntegra. A partir dessa leitura preliminar, foram selecionados 16 artigos que mantinham correspondência com os descritores acima apresentados e com os objetivos do estudo. Foram excluídos 14 artigos. Após a identificação e seleção das produções científicas que seriam utilizadas, partiu- se para a fase de análise e discussão das informações obtidas, com vistas a elucidar os objetivos do estudo. Desse modo, os resultados foram agrupados em categorias temáticas conforme propõe Bardin (2009). Para isso realizamos as seguintes etapas: pré- analise do material; leitura sistemática; categorização temática. As categorias que emergiram das buscas foram: As dificuldades que o enfermeiro da ESF enfrenta em relação a produção de vínculos com as parcerias sexuais de mulheres gestantes com sífilis e As estratégias criadas pelo enfermeiro para a implicação da gestante e sua parceria sexual ao tratamento. Cabe destacar que os resultados do estudo serão socializados em sessão acadêmica de Trabalho de Conclusão de Curso no Centro Universitário Augusto Motta e ainda em apresentações em eventos científicos no campo da enfermagem. 28 4. RESULTADOS 4.1. Categoria I - As dificuldades que o enfermeiro da ESF enfrenta em relação a produção de vínculos com as parcerias sexuais de mulheres gestantes com sífilis A presente categoria foi criada a partir da leitura de 10 artigos científicos identificados na busca inicial. Os artigos que tratam das dificuldades apresentadas pelo enfermeiro são: “Sífilis e pré-natal na rede pública de saúde e na área indígena do Ambaí\MS: Conhecimento e prática de profissionais”; “Conhecimento dos profissionais que realizam pré-natal na atenção Básica sobre o manejo da Sífilis”; “Diagnóstico tardio de sífilis congênita: uma realidade na atenção á saúde da mulher e da criança no Brasil”; “Diagnostico e tratamento de sífilis durante a gestação: Desafio para a enfermeira”; “O enfermeiro frente ao acompanhamento de mulheres com sífilis na estratégia de saúde da família”; “Praticas de enfermagem a cerco do controle da sífilis congênita”; “Programa rede mãe paranaense: análise da atençãopré-natal em uma regional de saúde”; “Conhecimento dos profissionais que realizam pré-natal na atenção básica sobre o manejo da sífilis”; “Análise da qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exame de VDRL reagente”; “Implantação dos testes rápidos para sífilis e HIV na rotina do pré-natal em Fortaleza- Ceará”. Após leitura sistemática dos artigos foi elaborado o Quadro 5: Quadro 5: Artigos selecionados nas bases de dados que contribuíram para a categoria temática I TÍTULO AUTORES BASE DE DADOS PERIÓDICO ANO RESUMO Sífilis e pré-natal na rede pública de saúde e na área indígena de Sífilis e pré-natal na rede pública de saúde e na área indígena de Sífilis e pré-natal na rede púbica de saúde e na área indígena de Ambaí, MS conhecimento e prática de profissionais. Amambai, MS: Sífilis e pré-natal na rede púbica de saúde e na área indígena de Ambaí, MS conhecimento e prática de profissionais. Schmeing, Lilian e Mara Basili. LILACS Revista Brasileira de Enfermagem /2012. O estudo revela que as dificuldades encontradas pelos profissionais para o manejo adequado da sífilis na gestação são: o início tardio do pré-natal e o não comparecimento do parceiro. Conhecimento dos profissionais que realizam pré- natal na atenção Básica sobre o manejo da sífilis Jolana Cristina; Marchi, Aparecida Donizetti de Araújo; Benedetti, Volmir Pitt. BDENF Cienc Cuid saude/2018. Este artigo identifica o conhecimento dos profissionais na atenção primária e as dificuldades encontradas na adesão dos parceiros ao tratamento. 29 Diagnóstico tardio de sífilis congênita: Uma realidade na atenção à saúde da mulher e da criança no Brasil. Ana Laura Mendes Becker Andradea et al. LILACS Revista Paulista de Pediatria/2018 O artigo nos mostra uma realidade na busca do tratamento da sífilis hoje no Brasil.As equipes de enfermagem das UBS receberam treinamento para execução, leitura e interpretação dos resultados do teste rápido em gestantes e seus parceiros. Diagnóstico e tratamento de sífilis durante a gestação: Desafios para Enfermeira. Isadora Machado. BDENF Revista Saúde e Pesquisa/2018 . O artigo apresentou as dificuldades e facilidades que enfermeiras (os) encontram para realizar o tratamento da sífilis na gestante e em seus parceiros sexuais. O enfermeiro frente ao acompanhamento de mulheres com sífilis na estratégia de saúde da família. Miranda, Avanilde Paes. LILACS Nursing/2019. O artigo mostrou a importância do enfermeiro na prática de educação continuada (promoção de saúde) e na realização de ações de maneira adequada para essas mulheres. Práticas de enfermagem a cerco do controle da sífilis congênita. Beck.Elisiane Quatrin e Souza Martha Helena Teixeira. BDENF Rev.Pesqui.Cu id.Funda M. On line/2018. Este estudo mostra indicadores desfavoráveis em torno do controle da sífilis gerando a necessidades politicas eficientes para sua abordagem. Programa rede mãe paranaense: análise da atenção pré-natal em uma regional de saúde. Baggio,Maria Aparecida et al. LILACS Rev,Cogitare Enfermagem/ 2016. Estudo objetivou analisar a atenção pré-natal em uma Regional de Saúde do Estado do Paraná. De acordo com o preconizado pelo Programa, obtiveram resultados insatisfatórios no que diz respeito ao início do pré-natal no primeiro trimestre e realização de testes rápidos de HIV e sífilis. Conhecimento dos profissionais que realizam pré- natal na atenção básica sobre o manejo da sífilis. Costa, Lediana Dalla. LILACS Cienc Cuid Saude /2018. Neste artigo identificou-se que os profissionais apresentaram algumas dificuldades no diagnóstico e tratamento da sífilis na gestação, o que pode justificar-se pela ausência de consenso entre os profissionais e gestores de saúde quanto ao estabelecimento de um único protocolo no município, sendo a principal dificuldade apresentada na assistência pela equipe, a falta de adesão do parceiro. http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Miranda,%20Avanilde%20Paes%22 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Miranda,%20Avanilde%20Paes%22 http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Nursing%20(S%C3%A4o%20Paulo) 30 Análise da qualidade dos registros nos prontuários de gestantes com exame de VDRL reagente. Araujo, Maria Leite Alix et al. LILACS Rev.APS/2008 . O estudo refere que informações disponíveis nos prontuários referentes ao acompanhamento pré-natal de gestantes com VDRL reagente são precárias, prejudicando uma ação mais efetiva no controle da sífilis na gestação. Implantação dos testes rápidos para sífilis e HIV na rotina do pré- natal em Fortaleza- Ceará. Lopes, Ana Cristina Martins Uchoa et al. LILACS Rev. Bras. de Enfer./2016. O artigo apresenta que incidência de sífilis congênita reflete a qualidade da assistência prestada as gestante no pré-natal ,por ser uma doença de notificação compulsória, cujo o tratamento é disponibilizado pela rede pública de saúde no qual observa se a deficiência na capacitação de profissionais especializado para o serviço como apoio matricial. Fonte: elaboração própria No campo da atenção a mulher gestante com sífilis percebe-se que o enfermeiro vem enfrentando algumas dificuldades em relação a produção de vínculos com as parcerias sexuais, especialmente no que se refere ao público masculino. Nessa direção, o Ministério da Saúde preconiza que os profissionais de saúde incentivem os homens a fazerem exames para prevenção e detecção de doenças uma vez que eles ainda são minorias na ESF (BRASIL, 2005). Apesar dos protocolos assistenciais serem bem estabelecidos e da disponibilidade de medicações para tratamento nas unidades primárias de saúde, o enfermeiro tem uma dificuldade muito grande de captação das parcerias sexuais para diagnóstico e tratamento, porque esse parceiro/parceria não acredita estar com a doença ou por que não tem tempo a perder em unidade de saúde. Muitas vezes a justificativa se dá por ser o provedor da família, porque ele acredita que sua parceira esta lhe traindo e que por isso tem a doença. Assim, muitos homens acreditam que não têm necessidade de acompanhar a companheira ao pré- natal, o que pode ocasionar casos de reincidências da Sífilis. Isto acontece muitas vezes pelo fato da sociedade ainda carregar certo preconceito e uma visão machista de que a gravidez e a criação dos filhos são de responsabilidade exclusiva das mulheres, o que contribui para o aumento de casos de sífilis no Brasil. 31 Assim, a autora aponta que a educação em saúde pode ser uma ferramenta indispensável para a assistência, ao passo que orientações pertinentes, identificação precoce da parceria, busca ativa e adoção de intervenções preventivas são estratégias que associadas à corresponsabilização do indivíduo podem contribuir para a redução da sífilis gestacional e congênita (MARCHI, 2018). A adesão da parceria sexual de gestantes com sífilis guarda uma relação direta com o sucesso do tratamento, pois mulheres que tem o apoio da parceria sexual apresentam mais chances de concluírem o tratamento devido o apoio que recebem. Com o cuidado simultâneo da mulher e da parceria sexual, em tempo oportuno do pré- natal, é possível reduzir as chances de sífilis congênita. Entretanto, percebe-se que, mesmo tendo grande cobertura depré-natal às gestantes (seis a sete consultas durante a gestação) e ainda oferta de diagnósticos e a disponibilidade da penicilina, ainda temos expressivos números de sífilis congênita. Daí a importância de incluir as parcerias sexuais. Outra dificuldade apresentada pela autora refere-se a desmotivação dos enfermeiros quanto aos processo de capacitação sobre sífilis onde constatou-se que estes trabalhadores encontravam-se desmotivados a participar das capacitações, sob a justificativa que não agregavam conhecimento, e também, por serem exclusivamente teóricas. Desse modo, destaca-se a importância do desenvolvimento de programas de treinamento com metodologias ativas, diversificando o processo de aprendizado através do estudo e a discussão de casos entre a equipe. Assim, a qualificação profissional voltada para abordagem do parceiro sobre a condição de portador de sífilis pode ser uma estratégia na garantia de adesão ao tratamento. Ainda no que se refere à educação permanente em saúde é possível que o desconhecimento dos profissionais da ESF acerca do manejo da gestante com sífilis esteja refletindo em ações que precisam ser reforçadas por meio de capacitações, como também de supervisões em serviços, a fim de promover assistência de qualidade à gestante com sífilis. Frente a esses resultados, urge repensar o processo de capacitação e formação continuada dos profissionais da ESF, visando proporcionar assistência pré-natal de qualidade (SILVA, 2014). Nessa direção, os estudos apontam que a educação permanente dos trabalhadores de enfermagem com uso de metodologias ativas pode favorecer assistência prestada pelo enfermeiro da ESF no pré-natal de modo que venha instrumentalizá-los para a captação das parcerias sexuais de mulheres com sífilis, criando vínculos com o individuo e familiares, flexibilizando o horário de atendimento conforme as necessidades dos usuários e gestando novos modos de cuidado para com a gestante. 32 Ressalta-se que a sífilis apesar de ser uma doença controlável e que tem que tem cura, esta longe de ser erradicada devido a baixa adesão das parcerias ao tratamento. A questão da dificuldade do tratamento do parceiro vem sendo apontada como o maior vetor desta infecção, e que o mesmo, em grande parte dos casos, não se trata junto com sua companheira, ocorrendo a reinfecção da mesma, com consequente dano e em maior escala para o feto. Por isso, torna-se necessária uma atitude eficaz dos enfermeiros para captação destes parceiros/parcerias, bem como a extensão da assistência do pré-natal para estes. É fundamental realizar busca ativa para diagnóstico e tratamento de parcerias sexuais de gestantes com sífilis, bem como fortalecer o pré-natal de ambos nos serviços de saúde (MACHADO, 2018). No Brasil a busca por mulheres diagnosticadas para tratamento da sífilis ainda é uma barreira para um tratamento eficaz. A Organização Mundial de Saúde estima uma incidência de 12 milhões de novos casos de sífilis anualmente, no mundo, sendo 1 milhão em gestantes. A dificuldade de tratamento e controle da sífilis no período gestacional é, portanto, um problema de saúde pública grave e, apesar de existirem políticas de saúde definidas e oficializadas na grande maioria dos países, inclusive no Brasil, a Sífilis Congênita (SC) ainda é retratada como uma problemática mundial que vem preocupando organismos nacionais e internacionais responsáveis pela saúde da população. Tudo isso eleva a responsabilidade dos trabalhadores de saúde, especialmente os enfermeiros da ESF que muitas vezes perdem essas mulheres por motivos de abandono do tratamento, mudança de endereço e muitas das vezes pelo próprio parceiro/parceria (ANDRADEA, 2018). Contudo, percebemos com os estudos que o profissional de enfermagem tem um papel primordial no que se refere ao enfrentamento das dificuldades no cuidado a gestantes com sífilis e suas parcerias sexuais uma vez que é o profissional que realiza o primeiro contato com as gestantes e são os responsáveis pela execução das ações de prevenção individual e coletiva, ações educativas com palestras sobre sífilis realizando um amplo trabalho que envolve escolas, reuniões em comissões locais nos bairros e visitas domiciliares (MIRANDA, 2019). 33 4.2. Categoria II - As estratégias criadas pelo enfermeiro para a implicação da gestante e sua parceria sexual ao tratamento A presente categoria foi criada a partir da leitura de 06 artigos científicos identificados na busca inicial. Os artigos que tratam das dificuldades apresentadas pelo enfermeiro são: “O Enfermeiro frente ao acompanhamento de mulheres com sífilis na estratégia de saúde da família”; “Abordagem das DST: Consulta de enfermagem pré-natal estratégia de saúde da família; Assistência pré-natal no contexto da estratégia de saúde da família”; “Sífilis na gestação: Perspectivas e conduta do Pré-natal no programa de saúde da família (PSF)”; “Programa de teste rápido para sífilis no pré-natal da atenção básica no Rio Grande do Sul”. Após leitura sistemática dos artigos supracitados foi elaborado o Quadro 6, a seguir: Quadro 6: Artigos selecionados nas bases de dados que contribuíram para a categoria temática II. TÍTULO AUTORES BASE DE DADOS PERIÓDICO ANO RESUMO O Enfermeiro frente ao acompanhamento de mulheres com sífilis na estratégia de saúde da família. Miranda, Avanildes Paes et al BDENF Nursing/2019. O artigo propõe identificar o perfil dos enfermeiros que atuam em unidades de atenção primária com mulheres com sífilis. CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS QUE REALIZAM PRÉ-NATAL NA Abordagem das DST: Consulta de enfermagem pré-natal estratégia de saúde da família. Juiz de Fora Costa, Lediana Dalla; Faruch, Soraia Bernal; Teixeira, GéssicaTuani; Cavalheiri, Zampier,vander leia soéli de barros. BDENF Manual de Controle de doenças Sexualmente Transmissíveis /2008 Este estudo verifica ocorrência do diagnóstico e tratamento de DST pela enfermagem no pré-natal realizado na UBS com Estratégia de Saúde da Família . Assistência pré-natal no contexto da estratégia de saúde da família Pitombeira,Hel ciacarla dos santos et al. BDENF Rev.Enferm UFPE(on line)/2010 O artigo mostrou assistência ao pré-natal em conformidade com PHPN, baseado na prevenção e promoção da saúde. Sífilis na gestação: Perspectivas e condutas do enfermeiro. Nunes,Jacqueli netargino et al BDENF REv Enfem UFPE on line, Recife/2017 Este artigo relata que as UBS realizam atendimento respeitando demandas espontâneas, em geral voltadas para especialidade médicas. Por outro lado a participação do enfermeiro é fundamental para fortalecimento da atenção ao pré-natal principalmente a gestante com sífilis. Pré-natal no programa de saúde da Família (PSF) Benigna,Maia José Carir et al BDENF Rev Cogit Enfermagem/ 2004 O Artigo relata que o pré-natal deve ser encarado como trabalho de prevenção de intercorrências clinico- obstétrico. 34 Programa de teste rápido para sífilis no pré-natal da atenção básica no Rio Grande do Sul Bagatini, Carmen Luisa Teixeira. LILACS Ciências da Saúde./2014 O artigo destaca aa capacitação para médicos, enfermeiros e dentistas; a capacitação de pelo menos um profissional de cada unidade básica o envolvimento da equipe municipal; a ativação da rede e a construção da linha de cuidado. Fonte: elaboração própria De acordo com os artigos supracitados, foi possível perceber que diante da consulta pré-natal e do acolhimento a mulher gestante com sífilis, não se pode perder de vista os sujeitos envolvidos: o enfermeiro, a mulher e as parcerias sexuais. Na relação profissional, o enfermeiro, sujeito singular, com concepções e maneiras próprias de olhar o outro, depara-se com um cliente que tem necessidadesde saúde e expectativas em relação à gravidez e à sua própria atuação profissional. São as vivências desse profissional, bem como os limites e possibilidades do serviço, que levam o enfermeiro a optar por uma ou outra forma de abordagem ao cliente. Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher gestante, buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família, notadamente se ela for adolescente. A escuta sensível, sem julgamentos nem preconceitos, possibilita que a mulher compartilhe e faça reflexões sobre suas fantasias, medos, emoções, amores e desamores, estabelecendo um elo de confiança com o profissional que a está assistindo. Ressalta-se que o enfermeiro deve desenvolver uma forma peculiar de conduzir a situação. Um exemplo disso é o aconselhamento como sendo a forma mais eficiente de prevenção quando se trata de cuidados nas relações sexuais. Neste momento, o enfermeiro pode ajudar o casal no que se refere ao uso de preservativo e orientar sobre evitar ações de promiscuidade. Uma estratégia eficaz é realizar o aconselhamento da parceria sexual de forma individual e sigilosa. Nesse primeiro contato com o profissional de saúde, a estratégia pode evitar constrangimentos e fazendo sentir-se mais acolhido naquele ambiente que vai precisar frequentar. Por meio desse acolhimento adequado, o enfermeiro pode transmitir confiança e um ambiente profissional agradável, no qual a parceria sexual tenha garantia de sigilo, privacidade e confidencialidade no atendimento. Os estudos ressaltam que o aconselhamento é uma das estratégias fundamentais para o a quebra da cadeia da transmissão da sífilis, pois uma gestante não tratada pode transmitir a doença para o seu bebe por via transplacentária. Nos momentos de aconselhamento, os 35 enfermeiros podem engravidar modos de cuidado que auxiliam na adesão ao tratamento, bem como na organização de um plano de cuidado que envolva as parcerias sexuais dentro da realidade e contextos de vida. Em relação às gestantes, a realização de testes no período de pré-natal é primordial em prol de diagnóstico precoce e assim permitir o tratamento das gestantes positivas para a sífilis, evitando-se assim a transmissão vertical. O MS preconiza que as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para sífilis, em especial, as gestantes alertando que a sífilis pode levar ao aborto, má formação fetal do feto/ou morte ao nascer. Logo, o exame deve ser realizado na primeira consulta de pré-natal, no terceiro trimestre da gestação e no momento do parto. Para tanto, faz-se necessário que este enfermeiro construa junto a mulher gestante outros modos de cuidados mais pautados na relação de confiança. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) constitui o arcabouço das políticas de saúde do país, regulamentado pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1981. A efetivação do SUS proporcionou a reversão do modelo assistencial centrado na doença, dando ênfase para atenção primária à saúde por meio da Estratégia Saúde da Família (BRASIL, 2005). Ressalta-se que a ESF é o local propicio para identificação de casos de sífilis em gestantes pois ela trabalha com um elemento fundamental que é o vinculo. De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), o vínculo tem a finalidade de estabelecer relação de afetividade entre profissional e usuário, família, comunidade, baseada na ética, na corresponsabilidade, no respeito e na confiança. Para a operacionalização da ESF, é necessário a criação de equipe multiprofissional que atue numa área delimitada. As práticas voltadas para o acompanhamento de mulheres grávidas com sífilis vão para além da unidade de saúde, envolvem a comunidade local em seu habitat, permitem o conhecimento da realidade e o estabelecimento de prioridades de trabalho em curto, médio e longo prazo. As ações básicas a serem executadas pelos profissionais da ESF estão descritas nas Normas Operacionais da Assistência à Saúde (NOAS) e constam de: atenção à saúde da criança, atenção à saúde da mulher, controle do Diabetes mellitus, controle da hipertensão arterial, controle da Tuberculose, eliminação da Hanseníase e ações de saúde bucal, de acordo com a Portaria nº 95 de 26 de janeiro de 2001, aprovado pelo ministério da saúde (BRASIL, 2005). Dentre essas funções, destaca-se o pré-natal. No campo da ESF a atuação do enfermeiro no pré-natal deve dar especial atenção ao acolhimento como um dos instrumentos utilizados na prestação de um cuidado sensível, facilitador da aproximação entre o cuidador e 36 o cliente. Saber utilizar a escuta ativa, a clínica ampliada e a sensibilidade é um requisito primordial no trabalho com a mulher grávida, especialmente as que são portadoras de sífilis dada à sensibilidade emocional por ela manifestada. A atenção dispensada pelo enfermeiro à mulher grávida no pré-natal é uma das ações recomendadas no Programa Saúde da Mulher, garantido por meio de políticas públicas de saúde (DUARTE, 2006). A construção de vínculo com os usuários é de fundamental importância, pois, é a partir desse componente que se estabelece uma relação de confiança com o usuário no cotidiano. O vínculo amplia, portanto, a eficácia do tratamento, favorecendo a participação das parcerias nas ações desenvolvidas por meio de uma boa escuta. Assim, o pré-natal não deve ser somente um momento técnico centrado em um fenômeno biológico, visto que tal conduta não estabelece vínculo, acolhimento, confiança e segurança, dificultando a relação enfermeiro/gestante. O enfermeiro deve considerar que o conteúdo emocional é fundamental para a relação profissional/cliente. O estabelecimento do vínculo estimula o profissional de saúde a utilizar sua sensibilidade para “olhar” a cliente como um ser biopsicossocial, alguém que possui uma história particular antes da história clínica. O profissional enfermeiro tem sua autonomia mediante ao protocolo de enfermagem, garantindo a essa mulher tratamento eficaz e diagnóstico precoce da sífilis promovendo projetos educativos, orientação para essa família e aproximar a parceria sexual no pré-natal. O controle da Sífilis requer, portanto, maior engajamento de profissionais que atuam na atenção primária e a invenção de outros modos de cuidado, uma vez que é nesse nível de assistência que deve ocorrer o acompanhamento pré-natal, oportunidade ímpar de detecção precoce de sífilis e os primeiros cuidados relacionados à prevenção da transmissão vertical. Por outro lado, é imperiosa a capacitação de profissionais quanto às questões técnicas do manejo da doença como na abordagem de gestantes com sífilis, respeitando as especificidades e dificuldades vivenciadas para o seguimento adequado do tratamento. O acompanhamento e o controle do pré-natal são fatores fundamentais para uma eficácia no tratamento e seu diagnóstico. Assim, novas estratégias devem ser criadas pelo enfermeiro para a implicação da gestante e sua parceria sexual ao tratamento, podendo, assim, melhorar os índices epidemiológicos da sífilis no Brasil. O acompanhamento da gestante com VDRL reagente requer dos profissionais de saúde adoção de condutas atualizadas e adequadas. Para tanto, faz- se necessário que profissionais responsáveis por realizar o acompanhamento pré-natal na 37 atenção primária estejam capacitados e comprometidos com assistência de qualidade em prol da prevenção da SC e, consequentemente, a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade materna e perinatal (ARAUJO, 2014). Nesse sentido, outra estratégia a ser utilizada pelos enfermeiros é manter com as mulheres gestantes e suas parcerias uma boa comunicação. Sabe-se que a comunicação eficaz pode evitar falhas e aproximar as parcerias de gestantes com sífilis dos serviços de saúde, além de propiciar iniciativas que favorecem o vínculo. Através de uma boa comunicação