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66 Unidade II Unidade II 5 ERRO, DIFICULDADE, OBSTÁCULO E CONCEPÇÃO EQUIVOCADOS No estudo que fazemos sobre didática da matemática, trazemos uma reflexão sobre como os conceitos de erro, dificuldade e obstáculos comparecem na literatura de educação e educação matemática. Nosso objetivo é trazer à luz essas ideias, para compreensão da perspectiva teórica, quando se pensa os efeitos dos processos de ensino e aprendizagem de matemática. Vamos partir de uma compreensão do que significam os termos: dificuldade, erro e obstáculo (CURI; RAMOS, 2013, p. 30‑31). Dificuldade tem como significado “o que impede, embaraça; estorvo, obstáculo”. Erro significa “juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada; engano”. Obstáculo designa “algo que impede ou atrapalha o movimento, a progressão de alguém ou alguma coisa”. Por esses significados, podemos perceber que os termos dificuldade e obstáculo são palavras sinônimas, pois na acepção de ambas encontramos o termo impedimento. Empregadas para contexto de um processo de ensino e aprendizagem, são palavras com significado de barreiras na busca e no estudo do conhecimento. Por outro lado, o termo erro também é expresso como “engano” em um dos seus significados ou podemos dizer que “é um desvio em relação ao padrão ou ideal preestabelecido” (CURI; RAMOS, 2013, p. 11). Retomar o significado desses três termos reforça a ideia de que há uma relação entre eles, o que pode contribuir para o entendimento do que ocorre em momentos de aprendizagem de um conceito matemático. De antemão, consideramos que falar em dificuldade é senso comum para expressar que os alunos não atingiram as expectativas de aprendizagem, após um processo de ensino e aprendizagem em que ocorrem o envolvimento e a interação do aluno com determinado conteúdo matemático. Contudo, ao abordar o termo erro, inevitavelmente, comparecem outros dois, dificuldade e obstáculo. O termo obstáculo apresenta uma elaboração mais consistente na literatura da educação matemática. Uma abordagem alternativa da questão dos “desvios de padrão que ocorre na aprendizagem” consiste em estudar outra noção: a concepção equivocada de conceitos matemáticos que aparecem durante a aprendizagem. Após essa exposição, vamos ampliar o que significam esses termos. Comecemos pela noção de erro. O erro, analisado com base no referencial da psicologia cognitiva, apresenta um papel importante no processo de aprendizagem de conteúdos matemáticos (TEIXEIRA, 1997). 67 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA Para entender como ocorre o erro na aprendizagem, a psicologia cognitiva recorre a diferentes concepções: • a abordagem behaviorista; • a abordagem piagetiana; • a abordagem de G. Brousseau; • a abordagem dos campos conceituais de G. Vergnaud. A abordagem behaviorista ou comportamental, em linhas gerais, considera que “o erro ocorre devido à ausência de condicionamento adequado ou de reforçamento, para que um estímulo discriminativo produza uma resposta específica” (TEIXEIRA, 1997, p. 49). Saiba mais Abordagens psicológicas sobre a aprendizagem humana são muito bem apresentadas numa série de vídeos no site da Didatics. Sobre behaviorismo, há três vídeos e textos, que podem ser acessados diretamente através do link: Disponível em: https://bit.ly/3wM9bKT. Acesso em: 23 ago. 2022. Sobre construtivismo, há três vídeos e texto de aprofundamento, (teoria de Jean Piaget), que podem ser acessados diretamente através do link: Disponível em: https://bit.ly/3QIpZdn. Acesso em: 23 ago. 2022. Nela, o erro é visto de maneira negativa e sem qualquer interesse, o que implica minimizá‑lo em um processo de ensino e aprendizagem. Isso significa que, pelo ponto de vista dessa abordagem, o erro não pode trazer compreensões ao professor sobre o conhecimento mobilizado pelo aluno ao explicitar o conhecimento elaborado ou consolidado na aprendizagem. Na abordagem piagetiana, o erro é entendido como resultado de um conflito cognitivo em decorrência de um esforço adaptativo dos indivíduos a novas situações. Essa concepção de erro é mais utilizada nas correntes pedagógicas centradas no tripé aluno, professor e conhecimento, de maneira articulada, em que os dois primeiros têm responsabilidades específicas no processo de ensino e aprendizagem. Ainda nessa concepção, temos a ideia de um conflito cognitivo, o termo usado por Piaget para explicar o processo através do qual ocorrem mudanças cognitivas. Isso significa que as aprendizagens de conceitos ou conteúdos ocorrem pela passagem de um estado de equilíbrio a outro, teoria da 68 Unidade II equilibração, por meio de um período de transição em que há formas contraditórias de interpretar e resolver um mesmo problema. O conflito se supera por meio de um processo de regulação interna, em que há uma reorganização e uma coordenação das ações em jogo (TEIXEIRA, 1997). Observação O erro e, em especial, o conflito cognitivo, serão também explorados mais adiante, na próxima unidade (tecnologias educacionais em metodologias ativas) sob a ótica do insucesso escolar e jogos eletrônicos. Aqui, o erro assume um papel construtivo e auxiliar na aprendizagem de conceitos matemáticos. O conceito de erro distancia‑se do de dificuldade, já que “o erro, nessa perspectiva, não é apenas o indício de uma dificuldade, mas sobretudo, indicador de uma lógica infantil ou ‘teoria em ação’, que orienta as estratégias de ação com vistas à obtenção do êxito” (TEIXEIRA, 1997, p. 49). Nessa concepção, os erros não têm o propósito de avaliar o aluno, mas de contribuir para compreensão de como ele se envolve e se apropria de um determinado conhecimento e quais as dificuldades ainda precisa superar até ser capaz de trabalhar com o conteúdo em questão. Assim, o erro é visto como construtor da aprendizagem. As soluções de questões matemáticas têm sido investigadas, tanto quantitativa quanto qualitativamente, para analisar as dificuldades apresentadas pelos estudantes na aprendizagem de conteúdos matemáticos (CURY, 2013). Outra percepção construtiva em relação ao erro é a abordagem de G. Brousseau, no contexto de pesquisas da didática francesa. Para concebê‑la, Brousseau recorre à noção de obstáculo, cunhada por G. Bachelard, que a compreende como inevitável, pois faz parte do conhecimento, revela a sua sedimentação, constituindo resistência à mudança. Bachelard classifica esse obstáculo como epistemológico e aponta alguns desses obstáculos encontrados ao longo da história da produção do conhecimento das ciências físicas, tais como: o senso comum, a opinião, o realismo das observações, a tendência a explicar o fenômeno por uma causa única etc. (TEIXEIRA, 1997). O obstáculo epistemológico caracteriza‑se por um conhecimento, uma concepção – e não por uma dificuldade ou uma falta de conhecimento – que em um certo contexto produz respostas adaptadas e, fora dele, respostas falsas. A noção de obstáculo pode ser utilizada para discutir tanto a gênese histórica de um conhecimento como o ensino ou a evolução espontânea do aluno. Os obstáculos podem ter motivações diferentes: • obstáculos epistemológicos; • obstáculos de origem didática; • obstáculos ontogênicos. 69 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA Os obstáculos epistemológicos são aqueles que tiveram um papel importante no desenvolvimento histórico do conhecimento, cuja rejeição precisou ser integrada explicitamente no saber transmitido, sendo, portanto, inerentes ao saber e identificáveis pelas dificuldades encontradas pelos matemáticos para superá‑los no decorrer da história. Podemos citar, como exemplo, a construção da ideia de número irracional, com a qual se depararam os pitagóricos na Antiguidade Grega, as regras de sinais na multiplicação de números inteiros ou ainda o desenvolvimento das geometrias não euclidianas, a partir da negação do Quinto Postulado de Euclides, no século XIX. A ideia de que, ao aprender, nos deparamos com obstáculos, mostra o distanciamento em relação à noção de dificuldade,nessa elaboração teórica. Os obstáculos não podem ser confundidos, portanto, com meras dificuldades. Os obstáculos de origem didática parecem depender apenas de uma escolha ou de um projeto de um sistema educativo que resulta de uma transposição didática que dificilmente o professor pode renegociar no conjunto restrito da sala de aula. Surgem da escolha das estratégias do ensino, permitindo formar, no momento da aprendizagem, conhecimentos errôneos ou incompletos que se revelarão mais tarde como obstáculo ao desenvolvimento da conceituação, sendo, por isso, inevitáveis, inerentes à necessidade da transposição didática. Lembrete Esse é um dos motivos pelo qual o educador precisa tomar muito cuidado na escolha de sua metodologia e estratégia de aula, pois os alunos mobilizam um conhecimento prévio de matemática, por serem cidadãos. Assim, independentemente do trabalho de aprendizagem formal na escola, os alunos têm contato com práticas informais de aprendizagem, quando vão ao supermercado, frequentam shoppings centers ou convivem no contexto familiar. Como participantes da vida econômica, quando manuseiam dinheiro, estratégias de resolução de problemas são acionadas, muitas vezes, com o significado do conceito matemático totalmente desconhecido ou empregado de forma assistemática. Um fator importante que deve ser observado com muita atenção é que cada discente, em qualquer nível de escolaridade, traz para a escola sua identidade cultural, com histórias de vida diferenciadas, suas crenças e concepções, inclusive sobre a matemática. Sendo assim, o professor, ao escolher a metodologia mais adequada para dar sentido ao processo ensino e aprendizagem, se depara com obstáculos surgidos no processo em contextos informais. Além disso, como futuro professor, é necessário perceber como ocorre sua aprendizagem dos conceitos e conteúdos matemáticos ao longo da graduação, porque também nesses momentos pode haver obstáculos didáticos. 70 Unidade II Temos ainda os obstáculos ontogênicos, “provenientes das limitações do sujeito num dado momento do seu desenvolvimento mental” (TEIXEIRA, 1997, p. 50). Por exemplo, a aprendizagem da abstração exigida pelas estruturas algébricas será mais propícia ao aluno no fim do Ensino Fundamental. Ou, ainda, a completa compreensão e o domínio dos processos envolvidos na demonstração de um teorema também devem se dar tardiamente, porque há a necessidade de entender a lógica matemática e a estrutura axiomática para encadear as hipóteses, expressas em noções primitivas, postuladas e, eventualmente, outros teoremas, a fim de se chegar a uma tese. Diante da noção de obstáculo, o erro adquire um novo significado: Frente a estas colocações, Brousseau afirma que o erro não é somente o efeito da ignorância, da incerteza, do acaso mas o efeito de um conhecimento anterior, que num contexto era adaptado, mas que em outro se revela falso ou simplesmente inadaptado. Podemos citar, como exemplo, a redução aos naturais das operações no conjunto Z e R, ou, ainda, a dificuldade de entender nos inteiros, a operação de adição como associação e não como acréscimo. Acrescenta ainda que os erros, em um mesmo sujeito, comparecem ligados entre si por uma fonte comum: um conhecimento antigo que foi eficiente em certas situações. Por isso mesmo são resistentes e vão ressurgir várias vezes, mesmo depois do sujeito ter rejeitado o modelo errado (TEIXEIRA, 1997, p. 50). Outra concepção sobre erros diz respeito à abordagem da teoria dos campos conceituais de G. Vergnaud. Para esse autor, os conceitos matemáticos são compostos de um tripé de três conjuntos (TEIXEIRA, 1997, p. 50): • Conjunto de situações de referência ou do real que dão sentido ao conceito: o significado dos conceitos advém da variedade de situações comuns de problemas aos quais o conceito se aplica. As situações indicam o sentido da aprendizagem, ou seja, implicam para que e quando. A ação em situação é a fonte da formação dos conceitos. • Conjunto de invariantes operatórios que são constitutivos do conceito: para cada classe de situações, há operações de pensamento que se baseiam no reconhecimento de invariantes relativos à extração de uma propriedade, a regras de ação, a inferências, a predições, ou mesmo à aplicação de um verdadeiro teorema, mesmo não necessariamente explícito. • Conjunto de significantes ou de representações simbólicas que podem ser de várias ordens: linguagem natural, gestos, desenhos, esquemas, tabelas, álgebra, referentes não só à representação dos problemas, como às soluções. Embora não compareça à noção de obstáculo, nessa abordagem, Vergnaud identifica obstáculos como resultado das contradições entre a ação a ser executada (por exemplo, uma operação aritmética ou algébrica) e aquela apontada pelo funcionamento do esquema, definido como organização invariante da conduta para uma classe de situações dadas (TEIXEIRA, 1997). 71 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA Outra maneira de entender os desvios de padrão que ocorrem na aprendizagem de um conceito consiste em identificar efeitos colaterais da aprendizagem em matemática ou na concepção equivocada de conceitos matemáticos (MAKHUBELE, 2014). Observação Na tradução do verbete misconception, a palavra concepção foi mantida para ficar mais próxima do significado em inglês. Podem ocorrer diferentes acepções para a concepção equivocada de conceitos matemáticos (MAKHUBELE, 2014, p. 45‑46): • aspectos incorretos do conhecimento do aluno que são repetidos e explicitados; • dificuldades conceituais experimentadas pelos alunos que podem impedir o conhecimento dos conceitos matemáticos, de modo que concepções equivocadas são, portanto, impedimentos na aprendizagem significativa dos conhecimentos matemáticos; • entendimentos feitos pelo aprendiz que podem ser uma pedra no caminho para o entendimento de conceitos matemáticos; • linha de pensamento que causa uma série de erros, todos eles resultantes de uma subjacente premissa incorreta, em vez de um erro esporádico sem conexão e não sistemático; • dificuldade de entendimento ou raciocínio que impede o domínio de certo conteúdo; • aplicação equivocada de uma regra, uma excessiva ou insuficiente generalização ou uma concepção alternativa de uma situação. A concepção equivocada de conceitos matemáticos, entendidos como um conjunto relativamente estável e funcional das crenças de um indivíduo, entra em conflito com uma posição alternativa proposta por uma comunidade de estudiosos, especialistas e professores. Isso quer dizer que muitas vezes, nossas intuições e concepções podem se chocar com o entendimento correto de uma ideia em uma certa área de conhecimento. O papel do professor consiste em, partindo das concepções equivocadas, que podem ocorrer durante a aprendizagem de conceitos matemáticos, persuadir os alunos sobre o pensamento compreendido em uma teoria matemática. Essa concepção diz respeito à teoria do reparo: [...] quando os solucionadores se deparam com um novo problema, eles tentam aplicar um conhecimento anterior à nova situação. Se eles falham ao resolver o problema, eles podem introduzir um reparo no procedimento. Quando o procedimento mudado está correto, uma solução criativa é obtida. 72 Unidade II Entretanto, quando o procedimento alterado está incorreto, uma concepção equivocada se manifesta. Então, de acordo com a teoria do reparo, uma concepção equivocada não é uma simples generalização excessiva que ocorre sempre que o solucionador aplica um conceito quando está em outro domínio em que é incorreto; mas uma concepção equivocada resulta de um pequeno reparo a dado procedimento (MAKHUBELE, 2014, p. 43). Fazendo uma analogia, ao resolver problemas, elaboramos hipóteses, que precisam ser testadas, para se chegar à solução. Pôr à prova essas hipóteses, sem validá‑las acriticamente, exige intervenções do professor, que vão levar à aprendizagem de novos procedimentos, conceitos ou a uma solução criativa doproblema. Lembrete A clareza na discussão sobre as ideias abordadas contribui para um melhor entendimento do processo de ensino e aprendizagem por parte do professor. 6 AVALIAÇÃO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA De acordo com a Lei n. 9.394 (BRASIL, 1996), em seu artigo 24, parágrafo V, os critérios para avaliação do rendimento escolar são: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos. Observe que a legislação fixa momentos em que a escola precisa garantir também quando ocorre déficit de aprendizagem: aceleração de estudos e estudos de recuperação. Avaliar está presente nas práticas sociais como ato deliberado e organizado que reflete o resultado de um juízo de valor. Considera‑se que em situações de ensino e aprendizagem, esse ato desconsidera 73 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA o aluno e os conhecimentos, e por isso é descartado por pesquisadores de didática da matemática (ALMOULOUD, 2007). A avaliação escolar está baseada em duas suposições (DOLL JR., 1997, p. 188), pelo ponto de vista do professor: a) fazer com que os alunos adquiram um conjunto específico de conhecimento de maneira específica, para que possam lidar com este conhecimento de maneira “aceitável”; b) obter a avaliação em termos de notas, para saber quanto do padrão e seu método o estudante adquiriu, medindo o “déficit” entre o padrão apresentado e o padrão adquirido. Superar esse modelo consiste em considerar a avaliação como um processo que leve à transformação dos atores envolvidos. Por meio de negociação e crítica, a avaliação seria comunal e interativa. Por esse ponto de vista, observe que o professor continua a desempenhar um papel central no processo, mas não como avaliador exclusivo, já que abre a possibilidade de ser um processo interativo de fazer‑criticar‑fazer‑criticar (DOLL JR., 1997). Por um lado, a avaliação teria como papel o levantamento de informações sobre o aluno, tais como a forma e as condições de sua aprendizagem, para que ele possa saber sobre seus avanços, dificuldades e possibilidades. Por outro lado, a avaliação seria um termômetro para o professor avaliar criticamente sua prática, para propor ajustes e orientação adequada, tanto para o seu trabalho de ensino como para a aprendizagem do aluno, a fim de verificar os objetivos educacionais alcançados. Nessa concepção, a avaliação apresenta como características ser formativa, contínua, processual e coletiva; de forma que tanto alunos quanto professores estejam envolvidos nos momentos de avaliação, o qual se constitui em um processo de reflexão para a transformação da aprendizagem. Além disso, essa concepção destaca que a avaliação não é um ato isolado, tampouco um fim em si mesmo no processo de ensino e aprendizagem, mas relacionado a todos os momentos em que aluno, escola e professor estão interagindo. A avaliação do processo de ensino e aprendizagem apresenta alguns pressupostos e princípios (HAYDT, 2011, p. 217): a) A avaliação é um processo contínuo e sistemático, porque acompanha cada etapa do ensino e da aprendizagem; b) A avaliação é funcional, porque se realiza em função dos objetivos previstos; 74 Unidade II c) A avaliação é orientadora, porque indica os avanços e dificuldades do aluno, ajudando‑o a progredir na aprendizagem, orientando‑o no sentido de atingir os objetivos propostos, mas também direciona o trabalho do professor; d) A avaliação é integral, pois considera o aluno como um ser total e integrado e não de forma compartimentada. Por esses princípios e pressupostos, entendemos que analisar o desempenho do aluno pode adquirir outro caráter diante dos significados construídos pelos envolvidos nos momentos de avaliação, superando a dicotomia da aprovação e retenção a que se reduz a avaliação. 6.1 Avaliação e objetivos educacionais Em um sistema de ensino, a avaliação é tratada segundo objetivos educacionais a serem alcançados, referentes à aquisição de conhecimentos, habilidades e competências em relação ao conhecimento estudado. Ao avaliar, o professor verifica o que foi atingido ou não pelo aluno (ALMOULOUD, 2007). Dessa maneira, as metas são o suporte para as avaliações escolares, levando à fragmentação das tarefas, o que influi no aprendizado dos conceitos fundamentais do currículo que os estudantes precisam saber. Almouloud (2007) considera que essa forma de tratar a avaliação configura a pedagogia por objetivos, que traz alguns problemas à prática escolar. O autor tece algumas críticas sobre a operacionalização dos objetivos: • Pode favorecer o condicionamento: tendo por objetivo resolver equação do tipo ax + b = cx + d, o aluno talvez aprenda a resolver uma equação tal como 7x – 3 = 13x – 15, mas não consiga responder se o valor x = 10 é solução dessa mesma equação. • Pode esconder a realidade do saber do aluno: por exemplo, seja o objetivo levantar as medidas de um triângulo desenhado em uma folha de papel e calcular a área: Caso 1 Caso 2 Sucesso: 46% Sucesso: 20% Figura 26 – Porcentagem de sucesso em medida de área Fonte: Almouloud (2007, p. 100). 75 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA — pode ocorrer que o aluno tenha dificuldade em responder qual a área de um triângulo obtusângulo, dependendo da operacionalização dos objetivos; — pode esconder a significação do saber: saber‑fazer diz respeito a mobilizar o conhecimento para resolver outras situações. No caso de solicitar a construção de bissetriz de um ângulo, os resultados foram os seguintes: Construir a bissetriz do âbgulo XO?Y X A B C O Y Construir a bissetriz do âbgulo BAC Sucesso = 28%Sucesso = 69% Figura 27 – Porcentagem de sucesso na construção de bissetriz Fonte: Almouloud (2007, p. 102). • Levar à infidelidade da avaliação do saber: julgar o aprendizado do aluno por meio de diferentes provas particulares, com diferentes objetivos pode significar não ser fiel, já que cada prova tem diferentes fins. Outra constatação é que o comportamento do aluno pode ser afetado por cada situação de avaliação, sem que o professor esteja atento a esse fenômeno. • Evidenciar que o saber não é a preocupação essencial da avaliação do professor: como formador, o professor está preocupado com o conhecimento aprendido pelo aluno, ao passo que, como avaliador, o professor atende a uma função social que não está relacionada ao saber. Um dos seus desafios é compreender que julgar o nível de conhecimento não é o único objetivo da avaliação, mas que também significa considerar o saber e a evolução do aprendizado. 6.2 Avaliação diagnóstica A avaliação diagnóstica é feita no início de cada processo de aprendizado para verificar domínio, aptidões e competências, por exemplo, no início de um ano letivo. Esse tipo de avaliação proporciona informações acerca dos conhecimentos prévios do aluno, que podem ser importantes antes de iniciar um processo de ensino e aprendizagem, indicando os saberes já consolidados e os que poderão ser aprendidos. Outro aspecto da avaliação diagnóstica é o professor identificar possíveis causas de dificuldades, com a finalidade de planejar as situações didáticas mais adequadas. Ao conhecer as dificuldades do aluno no início do processo educativo, é possível prever suas reais necessidades e trabalhar na busca de seu atendimento. 76 Unidade II Em suma, a avaliação diagnóstica constitui‑se em momento importante, cujas informações serão úteis para a tomada de decisão sobrecomo pode ser feito o planejamento dos conteúdos a serem trabalhados, bem como os cuidados que o professor precisa antecipar para atingir os resultados educacionais esperados. 6.3 Avaliação formativa A avaliação formativa é realizada ao longo de um processo de ensino e aprendizagem com o intuito de verificar se o aluno atingiu os objetivos esperados, podendo ser uma ferramenta para a tomada de decisão sobre os próximos momentos do trabalho docente. Essa avaliação possibilita ao professor detectar os problemas relativos à aprendizagem dos alunos e identificar deficiências na sua maneira de ensinar, trazendo informações importantes para o desenvolvimento do trabalho didático, no sentido de seu aperfeiçoamento. No desenvolvimento do trabalho didático, torna‑se evidente que o aluno tenha clareza de quais são seus acertos e erros, para que se sinta motivado a continuar aprendendo. Dessa forma, a avaliação formativa, dentro da pedagogia dos objetivos, tem a função de orientar o aluno em seu aprendizado e evidenciar ao professor aquilo que pode ser redirecionado em seu trabalho, para alcançar os objetivos educacionais esperados. 6.4 Avaliação somativa Essa forma de avaliação fornece uma síntese de um processo de ensino e aprendizagem, por exemplo, ao fim do ano letivo, possibilitando visualizar os níveis de aproveitamento; o que auxilia na promoção de uma série para outra. A avaliação somativa apresenta como objetivo captar o que foi aprendido pelo aluno ao final de uma unidade de aprendizagem no sentido de aferir resultados já colhidos por avaliações formativas. Pode ser empregada para obter indicadores que permitam aperfeiçoar o processo de ensino. Por ser uma síntese final, tem por finalidade mostrar o grau de domínio do aluno em um tópico de aprendizagem, dando apoio a uma certificação ou decisão de continuidade de estudos, no caso dos anos de um nível de ensino. Assim, o presente tipo de avaliação denota a preocupação do professor em apresentar os resultados finais da aprendizagem, no que diz respeito ao desempenho dos alunos, sendo mais coerente e fiel quanto mais cuidado tenha sido a condução das avaliações parciais feitas pelo professor. Concluindo, trata‑se de um processo decisório final de um processo educativo, ou seja, corresponde a um levantamento final, a uma visão de conjunto relativa ao que foi aprendido, considerando as apreciações parciais feitas pelo professor. 77 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA 6.5 Tipos de avaliação e instrumentos de avaliação Apresentaremos a seguir a figura síntese dos tipos de avaliação: Por que avaliar? Avaliação somativa Indicar os níveis de aprendizagem já consolidados pelo aluno Avaliação diagnóstica Conhecer os alunos, suas capacidades, atitudes e conhecimentos com os quais inicia o processo Avaliação formativa Elaborar plano de ação, intervenção e acompanhamento Figura 28 – Síntese das avaliações Ao falar em tipos de avaliação, é importante entender que elas servem para coleta e análise de informações que possam ser usadas na tomada de decisão para o desenvolvimento do trabalho do professor. Para tanto, os professores podem empregar diferentes instrumentos de avaliação. Durante o planejamento de um curso, ao selecionar as técnicas e os instrumentos de avaliação da aprendizagem, o professor precisa considerar os seguintes aspectos (HAYDT, 2011, p. 223): • os objetivos visados para o ensino‑aprendizagem (aplicação de conhecimentos, habilidades, atitudes); • a natureza do componente curricular ou área de estudo; • os métodos e procedimentos usados no ensino e as situações de aprendizagem; • as condições de tempo do professor; • o número de alunos da classe. Os principais instrumentos de avaliação (HAYDT, 2011, p. 223) estão descritos no quadro 1. Quadro 1 – Técnicas, instrumentos e objetivos básicos Técnicas Instrumentos Objetivos básicos Observação Registro da observação em fichas ou cadernos Verificar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicossocial do educando, em decorrência das experiências vivenciadasAutoavaliação Registro da autoavaliação Aplicação de provas Prova escrita, dissertativa ou objetiva Determinar o aproveitamento cognitivo do aluno, em decorrência da aprendizagem Adaptado de: Haydt (2011, p. 223). 78 Unidade II 6.6 Avaliação institucional Assim como o professor exerce seu papel social e a responsabilidade de avaliar o aluno no âmbito escolar, a Lei n. 9.394 (BRASIL, 1996) determinou que os municípios, estados e a União também avaliassem seus sistemas de ensino. No âmbito federal, foram criadas a Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), avaliações para diagnóstico, em larga escala, com o objetivo de aferir a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos. A Prova Brasil é realizada desde 1995. Esses testes são aplicados no quinto e nono anos (antigas 4ª e 8ª séries) do Ensino Fundamental e no terceiro ano do Ensino Médio. Os estudantes respondem a itens (questões) de língua portuguesa, com foco em leitura; e matemática, com foco na resolução de problemas. Na avaliação, os alunos também respondem a um questionário socioeconômico, fornecendo informações sobre fatores de contexto que podem estar associados ao desempenho. Por sua vez, professores e diretores das turmas e escolas avaliadas também respondem a questionários que coletam dados demográficos, perfil profissional e de condições de trabalho, produzindo dados para o conhecimento do desempenho educacional no país, que podem ser empregados no planejamento e na execução de políticas educacionais referentes ao nível municipal, estadual e federal. No nível superior, foi criado, em 2004, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), formado por três componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O Sinaes avalia todos os aspectos que giram em torno desses três eixos, principalmente, o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente e as instalações. Para avaliar o Ensino Superior, foi criado o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que avalia o rendimento dos alunos dos cursos de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos cursos em que estão matriculados. O exame é obrigatório para os estudantes selecionados e condição indispensável para a emissão do histórico escolar. A primeira aplicação ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento – em 2017, foi avaliado o curso de Matemática. Contudo, percebe‑se, ao longo dos anos, que os resultados têm sido utilizados para produzir comparações entre escolas e universidades por meio de diferentes tipos de ranqueamentos, desconsiderando características, particularidades e problemas específicos de cada instituição de ensino. Outro efeito da valorização dessas provas institucionais, consideradas como um fim em si mesmas, tem sido o desenvolvimento de uma cultura de direcionamento da avaliação escolar unicamente por avaliações institucionais, desvalorizando, muitas vezes, a elaboração curricular da escola. 79 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA Uma crítica aos resultados das provas é o pouco retorno à escola de informações que auxiliem a compreensão das dificuldades do professor no processo de ensino e aprendizagem, de modo que as provas têm, portanto, pouco impacto na formação dos alunos. Por fim, essas avaliações restringem‑se ao conhecimento em matemática, português e ciências, desconsiderando o conhecimento que outras áreas propiciam para a formação cultura e social dos alunos; ainda que pese o fato de essas avaliações terem questões com abordagens interdisciplinares e contextualizadas das situações propostas. Saiba mais Para ter uma ideia mais clara sobre o tipo de avaliação realizadapara o 9º ano, acesse: NEP. Testes e questionários Brasília, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/UCNgAIP. Acesso em: 13 set. 2022. 80 Unidade II Resumo Estudamos a diferença entre erro, dificuldade, obstáculos e concepções equivocadas. Esses diferentes termos procuram sinalizar ao professor os cuidados a serem tomados no estudo de conceitos matemáticos, sendo inerentes ao processo de ensino e aprendizagem, por isso sua discussão é pertinente. As diferentes abordagens didático‑pedagógicas apresentam o erro desde a instância do insucesso ao mecanismo processual de estruturação de pensamento, passando por acepções teóricas que identificam esse fator como base do processo construtivo e auxiliar na aprendizagem de conceitos matemáticos. Erro ou engano? Que obstáculos pressupõem a rota de dificuldades no processo de aprendizagem? Nesta unidade, nos debruçamos em aprofundar a compreensão mais pertinente da relação do estudante com o ato de aprender e de que forma as percepções distorcidas podem influir na práxis docente. Tratou‑se de incluir, junto à expressividade das situações didáticas que compreendem a reformulação do conceito de erro, o debate sobre conceitos de avaliação, destacando os diferentes tipos: diagnóstica, formativa e somativa e algumas críticas em relação à pedagogia dos objetivos educacionais; prática que baliza as avaliações escolares. Abordamos, ainda, as avaliações institucionais, destacando sua importância, planejamento e execução de políticas educacionais, bem como tecemos algumas críticas a respeito dessas avaliações. O repertório comum e imediato da avaliação na práxis docente permeia a necessidade de avanços nas estratégias didáticas que dialoguem com a modernidade. Para tanto, foram abordados alguns elementos distintivos da contemporaneidade tecnológica frente a um contexto dinâmico das relações de ensino‑aprendizagem no campo da ciência da didática para o ensino da matemática. A unidade termina com a apresentação de técnicas avaliativas que corroboram a eficiência e a eficácia educacional, em seus mais amplos desdobramentos. 81 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA Exercícios Questão 1. Vimos, no livro‑texto, que, de modo didático, podemos classificar as avaliações conforme indicado a seguir. • Avaliação diagnóstica. • Avaliação formativa. • Avaliação somativa. Em relação a esses tipos de avaliações, avalie as descrições I, II e III a seguir. • Descrição I: feita ao longo do processo de ensino e aprendizagem, com a intenção de verificar se o aluno alcançou os objetivos propostos. Pode ser uma ferramenta útil para a tomada de decisão sobre as próximas atividades a serem desenvolvidas pelo professor. Essa avaliação permite que o docente identifique problemas relativos à aprendizagem dos alunos e deficiências no seu modo de ensinar, o que fornece informações importantes para o aprimoramento do trabalho didático. • Descrição II: realizada no início de cada processo de aprendizado (por exemplo, no começo do ano letivo), a fim de verificar domínio de determinadas aptidões e competências. Trata‑se de um tipo de avaliação que fornece informações sobre os conhecimentos prévios dos estudantes, que podem ser importantes antes de iniciarmos um processo de ensino e aprendizagem, visto que indica os saberes já consolidados e os que poderão/deverão ser aprendidos. • Descrição III: oferece uma síntese de um processo de ensino e aprendizagem, o que possibilita que o professor observe os níveis de aproveitamento dos alunos, e auxilia na decisão a respeito da promoção de uma série para outra. Tem como objetivo captar o que foi aprendido pelo estudante ao final de uma unidade de aprendizagem, a fim de aferir os resultados já verificados. Assinale a alternativa que mostra correta e respectivamente os tipos de avaliações associadas às descrições I, II e III. A) Avaliação somativa, avaliação formativa e avaliação diagnóstica. B) Avaliação somativa, avaliação diagnóstica e avaliação formativa. C) Avaliação diagnóstica, avaliação formativa e avaliação somativa. D) Avaliação formativa, avaliação somativa e avaliação diagnóstica. E) Avaliação formativa, avaliação diagnóstica e avaliação somativa. Resposta correta: alternativa E. 82 Unidade II Análise da questão No livro‑texto, vimos o que segue. • Avaliação diagnóstica: realizada no início de cada processo de aprendizado (por exemplo, no começo do ano letivo), a fim de verificar domínio de determinadas aptidões e competências. Trata‑se de um tipo de avaliação que fornece informações sobre os conhecimentos prévios dos estudantes, que podem ser importantes antes de iniciarmos um processo de ensino e aprendizagem, visto que indica os saberes já consolidados e os que poderão/deverão ser aprendidos. Além disso, na avaliação diagnóstica, o professor pode identificar os motivos das dificuldades e, assim, planejar as situações didáticas mais apropriadas. • Avaliação formativa: feita ao longo do processo de ensino e aprendizagem, com a intenção de verificar se o aluno alcançou os objetivos propostos. Pode ser uma ferramenta útil para a tomada de decisão sobre as próximas atividades a serem desenvolvidas pelo professor. Essa avaliação permite que o docente identifique problemas relativos à aprendizagem dos alunos e deficiências no seu modo de ensinar, o que fornece informações importantes para o aprimoramento do trabalho didático. Em suma, a avaliação formativa visa a orientar o estudante em termos de aprendizado e a evidenciar ao professor o que pode ser aperfeiçoado no trabalho no sentido de atingir as metas educacionais. • Avaliação somativa: oferece uma síntese de um processo de ensino e aprendizagem, o que possibilita que o professor observe os níveis de aproveitamento dos alunos e auxilia na decisão a respeito da promoção de uma série para outra. Tem como objetivo captar o que foi aprendido pelo estudante ao final de uma unidade de aprendizagem, a fim de aferir os resultados já verificados. Em resumo, a avaliação somativa visa mostrar o grau de domínio do aluno em relação a determinado tópico de aprendizagem, dando mais subsídios ao docente sobre a decisão de progressão do aluno para outro nível de ensino. Questão 2. (Enade 2017). Leia o texto a seguir. É preciso repensar certas ideias predominantes acerca da avaliação em matemática, ou seja, ideias que concebem como prioritário avaliar apenas se os alunos memorizam as regras e os esquemas, não verificando a compreensão dos conceitos, o desenvolvimento de atitudes e procedimentos e a criatividade nas soluções, que, por sua vez, se refletem nas possibilidades de enfrentar situações‑problema e resolvê‑las. As formas de avaliação devem contemplar também as explicações, justificativas e argumentações orais, uma vez que estas revelam aspectos do raciocínio que, muitas vezes, não ficam evidentes nas avaliações escritas. Adaptado de: BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: Ministério da Educação, 1998. Disponível em: https://bit.ly/3SXmPnQ. Acesso em: 15 jul. 2022. 83 DIDÁTICA ESPECÍFICA - MATEMÁTICA Considerando as informações do texto, avalie as afirmativas. I – A observação do trabalho individual do aluno permite a análise de erros. Na aprendizagem escolar, o erro é inevitável e, muitas vezes, pode ser interpretado como um caminho para buscar o acerto. II – Na seleção dos critérios de avaliação, é fundamental contemplar a visão da matemática como uma construção significativa, analisando‑se o progresso do estudante em relação à média de desempenho da turma. III – Para cada conteúdo a ser desenvolvido, é importante que se reconheçam as possibilidades de conexões e que se fomente um conhecimento flexível com várias formas de aplicações, valorizando o progresso do aluno. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa C. Análise das afirmativas I – Afirmativacorreta. Justificativa: os PCNs afirmam o que segue sobre o erro no processo de ensino‑aprendizagem: Os resultados expressos pelos instrumentos de avaliação, sejam eles provas, trabalhos ou postura em sala, constituem indícios de competências e como tal devem ser considerados. A tarefa do avaliador constitui um permanente exercício de interpretação de sinais, de indícios, a partir dos quais manifesta juízos de valor que lhe permitem reorganizar a atividade pedagógica. Ao levantar indícios sobre o desempenho dos alunos, o professor deve ter claro o que pretende obter e que uso fará desses indícios. Nesse sentido, a análise do erro pode ser uma pista interessante e eficaz. 84 Unidade II Na aprendizagem escolar, o erro é inevitável e, muitas vezes, pode ser interpretado como um caminho para buscar o acerto. Quando o aluno ainda não sabe como acertar, faz tentativas, à sua maneira, construindo uma lógica própria para encontrar a solução. Fonte: BRASIL. Parametros Curriculares Nacionais: matematica. Brasilia: Ministerio da Educacao, 1998. Disponivel em: https://bit.ly/3SXmPnQ. Acesso em: 15 jul. 20212. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: deve‑se analisar o progresso individual do aluno, e não apenas seu desempenho em relação ao desempenho médio da turma, de forma que as características individuais sejam respeitadas e valorizadas. Cada estudante tem um ritmo de aprendizado, uma vivência diferente: não se pode tratar a classe como um grupo uniforme. III – Afirmativa correta. Justificativa: sobre conexões no processo de ensino e aprendizagem de matemática, os PCNs afirmam o que segue: É fundamental não subestimar a capacidade dos alunos, reconhecendo que resolvem problemas, mesmo que razoavelmente complexos, lançando mão de seus conhecimentos sobre o assunto e buscando estabelecer relações entre o já conhecido e o novo. O significado da atividade matemática para o aluno também resulta das conexões que ele estabelece entre ela e as demais disciplinas, entre ela e seu cotidiano e das conexões que ele percebe entre os diferentes temas matemáticos. Fonte: BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: Ministério da Educação, 1998. Disponível em: https://bit.ly/3SXmPnQ. Acesso em: 15 jul. 20212.
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