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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA ....................................................... 5 3 AUDITORIA ..................................................................................................... 7 3.1 Objetivos e vantagens da auditoria ........................................................... 7 4 COMPREENSÃO DA AUDITORIA INTERNA E EXTERNA ........................... 9 4.1 Auditoria interna ........................................................................................ 9 4.2 Auditoria externa ..................................................................................... 13 5 DIFERENÇAS ENTRE AUDITORES INTERNOS E EXTERNOS ................. 15 6 ÓRGÃOS REGULADORES DA AUDITORIA ............................................... 16 6.1 Nacionais ................................................................................................. 16 6.2 Internacionais .......................................................................................... 17 6.2.1IASB – International Accounting Standards Board .....................................................................................................................17 6.2.2IFAC – International Federation of Accountants .....................................................................................................................17 6.2.3IAASB – International Auditing and Assurance Standards Board .....................................................................................................................17 6.2.4PCAOB – Public Company Accounting Oversight Board. .....................................................................................................................18 7 BREVE RELATO SOBRE A SAÚDE NO BRASIL ....................................... 18 8 AUDITORIA EM SAÚDE ............................................................................... 23 9 TIPOS DE AUDITORIA EM SAÚDE ............................................................. 25 9.1 Campo de atuação ou ambiente ............................................................. 25 9.2 Execução ................................................................................................. 26 9.3 Frequência .............................................................................................. 26 9.4 Tipos de auditorias .................................................................................. 27 9.5 Forma de realização ................................................................................ 27 9.6 Auditoria de qualidade ............................................................................. 28 10 AUDITORIA NO SUS .................................................................................... 29 11 ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DOS AUDITORES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ........................................................................................................................32 12 A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA EM SAÚDE PARA O ALCANCE DE BONS RESULTADOS ................................................................................................... 36 13 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 40 4 1 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA AUDITORIA A origem da auditoria advém de tempos antigos, por volta do século XVII. Embora ainda não fossem chamados de auditores, alguns contadores introduziram em sua rotina as atividades de averiguação das contas, além das habituais rotinas de guarda livros. Com o desenvolvimento do capitalismo, a partir de 1900, e a expansão dos mercados, as empresas passaram a buscar investimentos externos. Como resultado, surgiram novas demandas e a instituição efetiva da profissão auditoria, tanto em âmbito interno quanto externo. No aspecto interno, a auditoria foi criada para auxiliar os administradores na otimização de processos e, consequentemente, de resultados. Por outro lado, a necessidade de investimentos internos gerou oportunidades para que auditores independentes pudessem emitir parecer alheio aos interesses da empresa, a fim de atender às necessidades de informações dos investidores e demais stakeholders. O mercado de auditoria independente chegou ao Brasil influenciado pelo mercado financeiro internacional, principalmente após a formação da Securities and Exchange Commission (SEC), que regulamenta o mercado financeiro americano. As empresas estrangeiras que já haviam sido auditadas possuíam subsidiárias no Brasil que também exigiam revisão de resultados e outras informações financeiras. No que diz respeito à auditoria interna no Brasil, os primeiros registros a respeito dessa profissão são de 1949, mas a profissão só se consolidou de fato após a fundação do Instituto dos Auditores internos do Brasil, por volta de 1960. A partir desse momento, a profissão difundiu e se desenvolveu no país, pois a criação desse órgão expôs claramente os benefícios da profissão que hoje já é compreendido pelas empresas de todos os portes e regiões do país. Outro fato importante foi a homologação da Lei nº 6.404/1976 (BRASIL,1976), que, através de seu artigo 177, instituiu que as demonstrações financeiras das companhias abertas deveriam ser, obrigatoriamente, submetidas a 6 auditoria por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isso instigou o mercado de auditoria. Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos. § 2o A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamentesubmetidas a auditoria por auditores independentes nela registrados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados. § 5o As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007). § 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007). § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (BRASIL,1976). Qualquer empresa, a critério de seus administradores, pode contratar empresas de auditoria externa para averiguar sua situação econômico, financeira e prestar outros serviços. No entanto, para empresas cujas ações são negociadas na bolsa de valores, este serviço externo é obrigatório. Este é um fato normativo, que também tem contribuído para promover o desenvolvimento da profissão de auditoria. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 7 3 AUDITORIA O processo de auditoria visa auxiliar as entidades, averiguando a eficácia e eficiência de seus processos internos e a movimentações de seu patrimônio. É por esse motivo que a área de auditoria é identificada como guardiã dos interesses empresariais. O mercado de auditoria evoluiu ao longo dos anos em função de uma série de fatores, aperfeiçoando seus objetivos e ampliando sua esfera de atuação. Segundo Attie (2018) “A auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado.” A auditoria inclui a verificação de documentos, livros e registros com características de controles, obtenção de evidências de informações de cunho interno ou externo relevantes para o controle do patrimônio e a exatidão dos registros e das demonstrações deles decorrentes. A ênfase que se dá a cada situação depende de uma série de consequências dos diferentes segmentos que compõem a organização. A auditoria das demonstrações contábeis tem como alvo as informações contidas nessas afirmações, ficando claro que todos os métodos, formas e ítens que as influenciam também serão examinados. 3.1 Objetivos e vantagens da auditoria O objetivo da auditoria contínua é verificar as principais áreas financeiras da empresa, que se refletem diretamente em seus resultados financeiros. Entre elas estão os imobilizados, o caixa e outras atividades e passivos importantes. É possível emitir um relatório sobre a veracidade dos dados contábeis. No entanto, uma área financeira não deve ser examinada isoladamente; as demais áreas e controles da empresa também devem ser avaliados. Já a auditoria interna, que em alguns casos pode ser dividida em duas ou três subáreas, dependendo do escopo de atuação tem mais liberdade de 8 deslocamento entre as diversas áreas da empresa. Ao contrário de uma auditoria contábil, que é utilizada para atender aos interesses de acionistas e financiadores, uma auditoria interna foca nas necessidades administrativas da empresa. Embora a intenção principal da auditoria não seja identificar fraudes, desvios éticos e erros operacionais, ela tem como objetivo demonstrar, de forma estruturada, essas ocorrências, caso sejam detectadas práticas fraudulentas durante o trabalho. Além disso, as auditorias, tanto externas quanto internas, visam à análise técnica dos dados das empresas auditadas, emitindo parecer sobre as informações em questão e recomendando ações corretivas e de melhorias. A auditoria contábil não se destina a expressar opinião sobre a qualidade dos produtos e serviços de uma empresa. No entanto, a área de auditoria interna pode realizar análises de produtos das empresas, para contribuir com a melhoria contínua desses elementos, caso isso seja imposto dentro da área de atuação. A opinião do auditor pode, algumas vezes, recomendar a criação de um determinado controle, mas a relação custo-benefício deve ser sempre observada. No entanto, a sugestão de criação de controles é opcional durante a auditoria, pois em muitos casos a empresa auditada não necessita de melhorias, uma vez que seus controles são eficazes, funcionam bem e atendem as empresas. Sabe-se que em relação aos benefícios do trabalho de auditoria, as contribuições são inúmeras. Uma delas, talvez mais conhecida por quem não está diretamente envolvido na área de auditoria, é a identificação de fraudes. Embora, por lei, as empresas de capital aberto tenham que passar por auditorias realizadas por empresas independentes, o trabalho de auditoria não tem como vantagem qualificar empresas a operem no mercado de ações, mas sim de proporcionar transparência e independência aos acionistas, uma opinião sobre a situação econômica e financeira da empresa. Essa opinião gera credibilidade aos números, o que agrega valor à empresa auditada. A contribuição de uma auditoria é bastante abrangente, porém, em geral gira em torno da confiabilidade das informações ou do processo. Dessa forma, o principal benefício de um processo de auditoria é baseado em suas opiniões, conselhos e sugestões de melhorias, em relação ao escopo do trabalho. 9 Portanto, conclui-se que os auditores externos têm um papel fundamental e contribuem para o desenvolvimento do mercado de capitais. Por outro lado, embora os auditores internos também desempenham essa função, eles focam nos interesses internos da empresa. Ambos criam valor comercial de maneiras diferentes, mas correlacionadas. 4 COMPREENSÃO DA AUDITORIA INTERNA E EXTERNA A origem do termo português auditor, embora perfeitamente representada pela origem latina (o que vê, o que ouve), vem da palavra inglesa to audit (examinar, ajustar, corrigir, certificar). Para Cordeiro (2011) remete à função de colher informação dos registros para elaboração de relatórios, permitindo a emissão de um parecer para o solicitante. O termo "auditor" não se limita à esfera contábil; também se aplica a uma variedade de outras atividades que compartilham objetivos semelhantes. O trabalho do auditor interno e do auditor externo, na maioria das vezes, tem finalidades distintas, porém, em ambas as áreas, o trabalho deve ser pautado pelo compromisso ético, dedicação e comprometimento, atenção e técnica exigidas pela profissão do auditor. Em alguns casos, o trabalho dos auditores internos pode ser compartilhado com os auditores externos, o que demonstra, do ponto de vista técnico, que estão próximos. 4.1 Auditoria interna A auditoria interna é um departamento dentro de uma organização composto por uma equipe de auditores que possuem vínculo empregatício com a empresa e atuam na área de alta administração. Mesmo que o auditor interno faça parte do quadro trabalhista da empresa, seu trabalho deve ser feito com o maior grau de independência possível, o que significa que a auditoria deve se reportar ao mais 10 alto nível hierárquico da empresa, para que todas equaisquer inconsistências sejam levadas ao conhecimento da alta administração . Dois outros fatores que são realmente importantes no trabalho da auditória interna: Periodicidade dos testes: a equipe de auditores internos trabalha em tempo integral dentro de uma única empresa, os trabalhos de investigação de áreas e controles-chave acontecem com maior frequência. Profundidade dos testes: os testes feitos pela auditoria interna tendem a ser realizados com excelente nível técnico, pois além dos conhecimentos básicos da profissão de auditor, a equipe interna, geralmente, tem grande conhecimento dos processos e normas da empresa e conseguem fornecer excelente cobertura aos riscos dos negócios no qual operam. Na busca por gerar valor para empresa, uma equipe de auditoria interna deve ser capaz de realizar diversos tipos de auditorias. É necessário ter conhecimento das normas técnicas contábeis e das práticas de mercado para verificar os dados contábeis e acompanhar o trabalho. Também é necessário conhecer as políticas operacionais internas e os detalhes dos processos para a execução das tarefas operacionais, contribuindo para a identificação de riscos e necessidade de melhorias. Além disso, são necessárias habilidades técnicas para a realização de auditorias gerenciais, bem como para auxiliar a empresa em projetos e reestruturações. Como resultado, o conhecimento técnico e a formação acadêmica de uma equipe de auditoria interna podem variar, pois as necessidades do negócio devem ser acompanhadas. Profissionais de administração de empresas e contabilidade são requisitados na composição de uma equipe de auditoria interna, pois somente eles podem cobrir algumas das tarefas mencionadas anteriormente. 11 4.1.1.1 Função da auditoria interna A auditoria interna desempenha uma função extremamente importante dentro das organizações, apoiando a alta administração no controle dos ativos, monitorando o andamento dos processos e garantindo o cumprimento das normas internas. Cabe à auditoria interna garantir um ambiente seguro para os controles internos, bem como fazer as devidas recomendações sobre potenciais melhorias quando necessário. Por serem os olhos e ouvidos da alta administração da empresa em meio aos processos, o trabalho do auditor interno deve transmitir confiança. Nesse sentido, é importante destacar que o auditor interno deve ter total liberdade de movimentação em toda a empresa para obter uma visão macro e sistêmica do negócio. Só assim poderá atingir alguns dos seus objetivos, que são apoiar os processos administrativos e financeiros da empresa e investir nos outros processos transacionais e não transacionais da entidade. Os auditores internos avaliam os fluxos do processo e identificam os pontos de risco. Também realizam testes nos processos de rotina das áreas auditadas para garantir sua eficiência e eficácia. Além do mais, o auditor interno analisa e testa os controles internos já mapeados de cada uma das áreas auditadas, realizando testes preponderantes conforme a demanda. Além de completar o plano de auditoria, atender a solicitações especiais da gestão e investigar possíveis erros operacionais ou fraudes, faz parte da rotina do auditor, em alguns casos prestar serviços de consultoria para as mais diversas áreas da empresa , pois antes que os gestores dessas áreas tomem uma decisão estratégica, eles consultam a auditoria interna para avaliar o impacto das ações desejadas em outras áreas da empresa ou mesmo em termos de compliance de normas externas. No entanto, observar-se que a auditoria interna não possui autoridade decisória sobre os processos; em vez disso, faz recomendações técnicas. A decisão de cumprir ou não cumprir é de responsabilidade dos administradores da empresa. 12 O auditor não tem responsabilidade direta sobre os processos que examinam, sua responsabilidade é limitada a sua apresentação final e, também, não tem como prática realizar pessoalmente a implantação das ações que recomendam ao final de cada trabalho. Ele pode, por vezes , atuar como consultor, orientando sobre os passos que devem ser dados até a implantação de um plano de ação, mas isso não é recomendado. Por muitas empresas a auditoria interna é vista como uma ferramenta de controle centralizada e, por isso, formam equipes de auditoria interna com o objetivo de reduzir custos, substituindo pessoas que realizam e auditam controles diretamente nos processos e transferindo essa atividade para uma área corporativa para serem realizadas por mão de obra técnica. Na maioria dos casos, esse processo apresenta uma excelente relação custo-benefício, além de proporcionar maior segurança aos processos devido ao nível de segregação de funções. Os auditores detêm muitas informações sigilosas e estratégicas das empresas, como: informações financeiras, de pessoal, margens de produtos, preços de compra, lista de clientes, lista de fornecedores e outros dados que são valiosos para o negócio. Por isso, é fundamental que essas informações permaneçam restritas à equipe de auditoria e sejam arquivadas, física ou virtualmente, em ambientes seguros aos quais o restante da empresa não tem acesso. Os trabalhos de auditoria interna são baseados em princípios éticos, procedimentos técnicos e metodologia: Testes de observância: visam à obtenção de uma segurança razoável quanto aos controles internos estabelecidos pela administração, se estão em efetivo funcionamento e, inclusive, quanto ao seu cumprimento pelos funcionários da entidade. Teste substantivos: visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informações da entidade. 13 Papéis de trabalho: são compostos por evidências (documentos) e apontamentos feitos pelo auditor ao longo do trabalho, visando a amparar as informações citadas em seu parecer. O departamento de auditoria interna trabalha de forma planejada e metódica para cobrir os principais exames e locais (filiais e empresas do grupo) necessários para a continuidade dos negócios .Os dados são cuidadosamente escolhidos, de forma direcionada ou amostral aleatória, mas com considerações técnicas. Em suma, o trabalho é finalizado com o relato dos fatos apurados por meio de um sumário executivo e /ou relatório analítico que evidencia os resultados obtidos a todas as partes envolvidas no processo de auditoria , sempre com uma perspectiva imparcial, objetiva e contributiva. Os benefícios gerados a partir do trabalho, são: Fraudes identificadas; Valores recuperados; Perdas identificadas e estancadas a partir do trabalho; Desvios relevantes; Oportunidades de melhoria. 4.2 Auditoria externa A auditoria externa, também conhecida como auditoria independente, cumpre uma importante função na sociedade. De certa forma, seu trabalho é semelhante ao de um auditor interno, mas há diferenças significativas entre as duas profissões. A primeira e mais importante é a relação profissional. O auditor externo não possui vínculo de trabalho com a empresa auditada; em vez disso , é um prestador de serviços, o que resulta em maior independência no trabalho e, consequentemente, na emissão do relatório. 14 A independência do auditor é tão importante para o trabalho do auditor externo que a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) estabelece regras que regem por quanto tempo uma empresa de auditoria pode continuar prestando serviços a uma empresa auditada. A norma especifica um tempo máximo de relacionamento de cinco anos; após esse período, a empresa auditada deve procurar um novo auditor externo para avaliar suas demonstrações de conformidade, e só poderá recontratar o parceiro anterior após três anos. Esta regra se aplica a todas as empresas coligadas à CVM em geral. O objetivo principal de uma auditoriaexterna é examinar os registros financeiros por meio de procedimentos técnicos e emitir uma opinião parcial sobre os dados verificados. Como resultado deste trabalho, é possível detectar uma fraude. Porém sabe-se que não é competência de um auditor externo emitir pareceres e recomendações sobre a qualidade do produto; em geral, essas atividades são realizadas por departamentos específicos das empresas e, às vezes, passam por auditoria interna. É obrigatório que os auditores externos, que realizam auditorias de balanço, sejam formados em contabilidade. Contudo, uma organização de auditoria também pode empregar profissionais de outras áreas que sejam responsáveis pela cobertura de outros serviços oferecidos por essas empresas. No entanto, vale ressaltar que o principal e mais conhecido produto do mercado é , de fato , a auditoria das demonstrações financeiras e os principais controles relacionados à contabilidade. Outra característica importante e distintiva do trabalho da auditoria externa é a profundidade dos testes. Os auditores externos têm algumas limitações quando se trata do nível de compreensão do negócio. Eles também não têm o mesmo prazo para concluir os testes. A profundidade dos testes assim obtidos não é a mesma obtida em uma auditoria interna. 15 5 DIFERENÇAS ENTRE AUDITORES INTERNOS E EXTERNOS Auditor interno Auditor externo É colaborador da empresa auditada. Não pode ter vínculo empregatício com a entidade que está passando pela auditoria. Possui menor grau de independência. Possui um nível elevado de independência. Os objetivos primordiais se referem a: * Analisar se as normas internas da empresa estão sendo obedecidas. * Verificar a necessidade de melhorar as normas internas existentes. * Analisar se existe a necessidade de criar novas normas internas. * Realizar auditoria, nas diversas áreas, relativa às demonstrações contábeis. Auditar também as áreas operacionais. Objetivo: * Emitir parecer ou opinião sobre as demonstrações contábeis, observando se refletem de modo correto a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as variações ocorridas no patrimônio líquido e os fluxos de caixa da entidade auditada. É preciso também analisar se as demonstrações contábeis obedecem aos princípios de contabilidade e se elas foram executadas de maneira uniforme no exercício social anterior. Efetua um número maior de testes, devido ao tempo que possui dentro da empresa para aplicação dos trabalhos de auditoria. Efetua um número reduzido de testes, pois deve focar seus trabalhos em possíveis erros que possam modificar as informações das demonstrações contábeis. Fonte: Adaptada de Almeida (2010). 16 6 ÓRGÃOS REGULADORES DA AUDITORIA O aumento da demanda por auditores coincidiu com a globalização e as mudanças correspondentes no mercado em todo o mundo. Como resultado, surgiu a necessidade da formação de fóruns e comitês para discussão de auditoria e outros temas relacionados à profissão de auditor. É relevante abordar que o auditor deve estar atento às mudanças legislativas no mercado interno e externo. Para isso, deve conhecer os principais órgãos de auditoria e atentar às normas emitidas por esses órgãos, pois os auditores, internos e externos, são multiplicadores e fiscalizadores dessas leis: 6.1 Nacionais 6.1.1.1 CVM – Comissão de Valores Mobiliários Para começar, é possível afirmar que estudar o trabalho e abrangência dos órgãos reguladores é fundamental para a formação do auditor. A Comissão de Valores Mobiliários, por meio de sua Instrução Normativa nº 308, delibera sobre os direitos e deveres dos auditores independentes, com foco em trabalhos envolvendo empresas que atuam no mercado de capitais brasileiro. 6.1.1.2 IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil O objetivo principal do O IBRACON é fortalecer a profissão de auditor independente e as estruturas de mercado no Brasil. É também a única instituição autorizada a traduzir o Livro Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS). 6.1.1.3 CFC e CRC – Conselho Federal e Regional de Contabilidade 17 O CFC é responsável por regular a profissão contábil e emitir normas que regem o trabalho dos contadores e auditores internos e externos, em relação à auditoria contábil ou avaliação dos controles internos que afetam os resultados da empresa ou a situação patrimonial. 6.1.1.4 IIA Brasil – Instituto dos Auditores Internos do Brasil O IIA Brasil se preocupa em promover a valorização do auditor interno nas organizações, proporcionar condições para o desenvolvimento e capacitação de executivos do setor e disseminar o papel dessa profissão no mercado. 6.2 Internacionais 6.2.1 IASB – International Accounting Standards Board Criado em 2001, com sede em Londres, o IASB é responsável pelo estudo e divulgação das normas contábeis internacionais (IFRS, do inglês International Financial Standards Reports). 6.2.2 IFAC – International Federation of Accountants Foi criado em 1977 e tem sua sede nos Estados Unidos. É responsável por emitir diretrizes contábeis e de auditoria em aspectos como: IAS (normas e procedimentos internacionais de auditoria) por meio do apoio ao IAASB; Código de ética sobre os profissionais de contabilidade; Procedimentos internacionais de contabilidade gerencial e governamental. 6.2.3 IAASB – International Auditing and Assurance Standards Board 18 Criado em 1978 nos Estados Unidos como um organismo de normatização e tem como objetivo estabelecer normas internacionais sobre auditoria, revisão, outras garantias, controle de qualidade e serviços relacionados. Também trabalha para melhorar a qualidade da prática dos auditores em todo o mundo. 6.2.4 PCAOB – Public Company Accounting Oversight Board Desde 2002 está ativo, com sede nos Estados Unidos, foi criado em conjunto com a Lei SOX ( Sarbanes - Oxley) com o objetivo de fiscalizar os auditores e, consequentemente, proteger os interesses dos investidores. Embora aplicável às empresas que estão sujeitas a SOX, a missão do PCAOB é estabelecer as normas de auditoria, controle de qualidade, ética e independência em relação aos processos de investigação e emissão relatórios de auditoria. 7 BREVE RELATO SOBRE A SAÚDE NO BRASIL Antes do século XX, a saúde brasileira se concentrava no atendimento médico e filantrópico orientado pela política liberal. A saúde entra no século XX com a incipiente organização do movimento operário, impulsionado pelas transformações econômicas e políticas do século anterior. Nesse período, surgem pequenas e dispersas ações no campo da saúde, como a vigilância do exercício profissional e a realização de campanhas educativas. O século XX foi caracterizado pela rápida industrialização, instabilidade política e regime autoritário; os períodos democráticos foram breves. Nota-se também nessa época a pressão da sociedade civil por uma reforma sanitária. O dinâmico e complexo Sistema de Saúde Única ( SUS ) foi instituído pela Constituição de 1988 com a premissa de que a saúde é um direito do cidadão e dever do Estado. O objetivo do SUS é fornecer atenção integral e universal à saúde, tanto preventiva quanto curativa, por meio da administração e prestação descentralizada da atenção à saúde, incentivando a participação da comunidade em todos os níveis de governo. 19 Esse contexto histórico foi fundamental para motivar o governo brasileiro a tomar medidas para enfrentar o problema epidêmico. Como exemplo dos casos das campanhas de vacinação realizadas de forma autoritária, com a participação e fiscalização da polícia sanitária, resultando em oposição popular, como se viu na Revolta da Vacina de 1904. Greves reivindicaram melhorias nas condições de trabalho, de vida, e de saúdeentre 1915 e 1920. Fundos financeiros foram criados em diversas categorias, com contribuições que incidiam sobre um percentual do salário individual de acordo com as categorias. O dinheiro arrecadado com esses fundos destinava-se a assistência médica, pensões e casos de invalidez. Os médicos sanitaristas a partir da década de 1920, influenciados por ideias trazidas da Europa e dos Estados Unidos, iniciaram discussões para desenvolver um sistema de saúde baseado em centros de saúde , com foco na higiene e nutrição de gestantes e crianças. Nessa década, foram estabelecidas organizações especializadas no combate a doenças. As Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP), criadas em 1923 pela Lei Elói Chaves, são consideradas a origem do sistema previdenciário brasileiro. Funcionavam como poupanças coletivas, nas quais funcionários depositavam dinheiro mensalmente, e o montante funcionava como um seguro para as famílias dos empregados. Até a década de 1930, a saúde pública era conhecida como "campanhista", com foco em ações policia sanitárias, abordando problemas de saúde que afligiam a população e tinham impacto econômico importante. Desde 1930 , observa-se consistente intervenção estatal na saúde brasileira. As Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP) foram unificadas, na década de 1930, dando origem aos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP), que estenderam a previdência social à maioria dos trabalhadores urbanos. O governo estava encarregado da gestão desses institutos; assim, o dinheiro dos IAP foi utilizado em obras públicas, financiamento de iniciativas privadas na área da saúde e construções de hospitais, propagando a existência de um modelo que centralizava a atenção à saúde. 20 O período "desenvolvimentista", de 1945 a 1964, caracterizou-se pela instabilidade democrática, com aumento da industrialização e malha rodoviária. Brasília foi fundado em 1960. Nesse período, doenças crônico-degenerativas, acidentes de trabalho e de trânsito foram os desafios mais significativos enfrentados pelo sistema de saúde. Ainda havia uma dualização na época: de um lado, a assistência aos problemas coletivos e, de outro, a assistência curativa vinculada ao IAP. O Ministério da Saúde foi criado em maio de 1953, com escassos recursos financeiros, demonstrando o descaso com a saúde da população, foi criado o Ministério da Saúde (MS). Em 1956, foi criado o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU), para promover a educação sanitária da população rural. O Brasil abriu espaço para grupos estrangeiros, e houve entrada de grupos médicos estrangeiros que passaram a administrar vários hospitais construídos com recursos do Estado. Surgiram as primeiras empresas de saúde e expansão dos serviços hospitalares. A Terceira Conferência Nacional de Saúde (CNS) foi realizada em 1963, com o objetivo de reorganizar os serviços de saúde e estabelecer diretrizes para determinar uma nova divisão de responsabilidades entre os níveis político e administrativo da Federação com a finalidade de municipalizar a saúde. A partir de 1964, as reformas governamentais impulsionaram a expansão das iniciativas do setor privado na área da saúde, principalmente nas grandes cidades. A cobertura da previdência social sofreu expansão, passando a contemplar o meio rural. O estado fornece fundos para a construção de hospitais de duas maneiras: primeiro, investindo dinheiro em investidores e, segundo, financiando assistência médica ao público. Em 1966, os IAPs foram unificados no Instituto Nacional e Previdência Social (INPS), hoje conhecido como Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), com privatização da assistência médica e capitalização do setor da saúde. A assistência médica individual prestada pelo INPS era limitada aos trabalhadores que contribuíam com a previdência social (em regime de trabalho com 21 carteira assinada). Assim, os trabalhadores rurais permaneciam excluídos do sistema de saúde, configurando o nascimento dos planos de saúde, desenvolvendo nas empresas a prática de prestar serviços de saúde aos empregados. No entanto, isso não reduziu a amplitude de cobertura que esse movimento exigiu, bem como uma expansão significativa da assistência médica, o que explica problemas atuais enfrentados envolvendo o sistema único de saúde e a previdência social. Em 1974, o regime militar dividiu o INPS em Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). O INAMPS ficou responsável pela assistência médica ambulatorial e hospitalar. Saúde e previdência passaram a ser tratadas juntas. A maioria dos atendimentos do INAMPS era pela iniciativa privada, e os convênios eram remunerados por procedimento realizado, consolidando o modelo de cuidado da doença e não da saúde. Para contemplar essa ampliação a solução encontrada foi comprar a oferta desses serviços da rede privada. Assim, o governo não provia esses serviços de forma direta, incentivando o desenvolvimento do mercado privado de saúde. Em meados de 1970, com o fim do milagre econômico, houve uma crise no financiamento da previdência social, com repercussões no INAMPS. Entre 1970 e 1974, recursos do governo federal foram usados para reforma e construção de hospitais privados, e a responsabilidade pela oferta de atenção à saúde foi estendida aos sindicatos e instituições filantrópicas que ofereciam assistência de saúde a trabalhadores rurais. Os subsídios diretos a empresas privadas para a oferta de assistência médica a seus empregados foram substituídos por incentivos fiscais, resultando na expansão da oferta dos cuidados médicos e à proliferação de planos de saúde privados. A maior cobertura da previdência social e um mercado de saúde baseado em pagamentos e prestadores do setor privado geraram uma crise de financiamento na previdência social, que, associada à recessão econômica da década de 1980, alimentou os anseios pela reforma. 22 Vale ressaltar que o benefício, historicamente, estava vinculado à inserção do indivíduo no mercado de trabalho, com características de seguro e não de direito (cidadania). O Sistema Nacional de Saúde foi criado em 1975, promulgado pela Lei nº 6.229, de 17 de julho, reforçando o que já era estabelecido à época: a previdência social continuava responsável pela assistência médica individual e curativa, enquanto o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais se responsabilizavam pelos cuidados preventivos. A proposta para a reforma no setor da saúde teve início em meados de 1970, reunindo iniciativas de diversos setores da sociedade. Esse movimento questionava o modelo biomédico, defendendo que a saúde era também uma questão social e política. O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), foi criado em 1976, para organizar o movimento da reforma sanitária, e em 1979 fundou-se a Associação Brasileira de Pós-Graduação em saúde coletiva (ABRASCO). Teorias sobre a complexidade do processo de saúde-doença e a necessidade de mudanças no sistema de saúde ganharam força em vários países da América Latina. No final da década de 1970, surgiu o Movimento da Reforma Sanitária, buscando soluções para o dilema da política nacional de saúde. O I Simpósio Nacional de Política de Saúde aconteceu em 1979 . O Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE), o Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) e as Ações Integradas de Saúde (AIS) foram criados na década de 1980 para evitar as fraudes e lutar contra o monopólio das empresas particulares de saúde. O INAMPS passou por uma progressiva universalização do atendimento, já em processo de transição com o Sistema Único de Saúde (SUS). 23 8 AUDITORIA EM SAÚDE Nota-se a postura observacional e analítica do auditor em relação aoobjeto auditado, seja uma demonstração, um dado, um registro, um documento, entre outros. De acordo com Moura, Lopes e Barbosa (2017) a auditoria tem um princípio controlador e carece de algo que possa ser mensurado para a emissão de relatórios e pareceres, com o objetivo de proteger os bens e direitos das instituições de danos como fraudes, desvios e desfalques. Santos (2014) sintetiza a auditoria em saúde usando termos que envolvem a definição de auditoria, como fiscalização e exame sistemático, adotados pela auditoria contábil. Acrescenta ainda a fiscalização, baseada em ensaio e outras técnicas apropriadas para uma atividade com objetivo de adequar e alcançar os resultados obtidos com os determinantes previamente almejados, de acordo com normas e legislações vigentes. O Manual de Normas de Auditoria elaborado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1998) estabelece que a auditoria, com base em julgamento sistemático e independente de uma atividade, sistema ou elemento, poderão determinar se as ações que envolvem o âmbito da saúde, ou mesmo aquilo que delas resultar, foram ou não realizadas de acordo com as normas e legislações vigentes. Além do controle e da verificação de informações, dados, operações e registros, um parâmetro a ser seguido. Ou seja, para a aplicação de auditorias em saúde, devem ser obedecidas as normas e legislações vigentes sobre saúde e as suas demandas, conforme descrito no Manual de Normas de Auditoria, como documento que faz parte do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) e determinante dos passos para tal aplicação. Considerando que a auditoria em saúde se baseia nas normas e legislações vigentes, pode-se admitir outra característica dos fundamentos da auditoria: a intenção regulatória. O perfil regulador resulta em parâmetros que, por conseguinte, evoluem para o estabelecimento de níveis de serviço, no caso, dos serviços de saúde. Desta forma, quando estabelecidos níveis ou classificações para 24 determinado conjunto ou grupo de serviços, podem-se destacar qualidades, estabelecer uma relação entre auditoria e qualidade nos serviços de saúde, incluindo a qualidade da assistência (BURMESTER, 2017). Logo, a associação entre qualidade e auditoria visa sugerir manutenção, ajustes ou mudanças completas ao sistema auditado segundo resultados encontrados. Isso pode levar a melhorias na qualidade do serviço, bem como na longevidade do serviço, por meio da preservação e otimização dos recursos. Como resultado, conclui-se que o conceito de auditoria para uso em saúde assume a função de fiscalização e regulação, levando em consideração a qualidade do componente (órgão, setor, instituição etc.) auditado. Atualmente, a auditoria na saúde está fortemente focada na auditoria das contas hospitalares, tendo em vista objetivos financeiros. Apesar do termo referir aos aspectos financeiros, é possível, diante do conceito de auditoria em saúde, ampliá-lo para a avaliação de processos assistenciais e satisfação do cliente. Isso porque, apoiado nas contas hospitalares, pode-se verificar, por exemplo, se os insumos estão compatíveis com os procedimentos, levando em consideração a legislação e as atualizações técnicas alcançadas por meio de inovações tecnológicas e pesquisas científicas (MOTTA, 2013). Segundo Motta (2013), conta hospitalar significa a cobrança dos procedimentos médicos prestados por pessoas físicas ou jurídicas, conforme contrato estabelecido entre prestadores e plano de saúde. De forma mais clara, pode ser definida como a cobrança referente aos procedimentos realizados por hospitais, clínicas ou laboratórios enviados ao plano de saúde credenciado. Dessa forma, a auditoria de contas permite repasses justos e em conformidade com os serviços prestados. Vale abordar que a auditoria de contas se faz indispensável também para a cobrança de serviços de saúde prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter complementar, por empresas privadas. A prestação complementar de assistência está prevista na Lei n°. 8.080, de 19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990), em seu art. 4º sobre disposições preliminares do SUS. 25 9 TIPOS DE AUDITORIA EM SAÚDE A auditoria pode ser classificada de forma a levar em conta os aspectos que envolvem o objeto auditado. Como resultado, para essa classificação, são ponderados aspectos como o ambiente ou o campo submetido à auditoria, os responsáveis pelo processo, ou seja, quem são os auditores que a realizam, a forma, a frequência e a periodicidade, assim como a finalidade e o objetivo. A auditoria é muito mais que excluir itens de uma conta, auditar e fazer uma análise séria em cima do atendimento ofertado a cada paciente, pois o auditor é responsável pela saúde de cada nome que identifica, cada prontuário e cada conta. Somente por meio da auditoria poderemos identificar as não conformidades e orientar para que as adequações sejam realizadas – cada auditor é um consultor. (MARQUES, 2015, p.119). A auditoria também pode ser caracterizada pela execução. Não se trata especificamente de uma questão de escolha, mas de determinar a natureza dessas classificações. Por fim, um mesmo processo de auditoria poderá receber mútiplas classificações, considerando-se fatores mencionados anteriormente. O importante é que tais fatores estejam adequados ao que se pretende com o parecer resultante do trabalho de análise das contas hospitalares. 9.1 Campo de atuação ou ambiente Para Attie (2011), no domínio público, a auditoria pública pode ser considerada como tal caso se propõe a opinar sobre a gestão dos recursos públicos. Para obter essa classificação, não dependerá de quem executou ou fará o processo, sejam organizações governamentais ou prestadores de serviços do setor privado. Por outro lado, o mesmo autor destaca que, no caso de auditorias em empresas privadas ou empresas independentes, que sejam identificadas como tendo características inerentes ao setor privado e, portanto, para fins de arrecadação de lucros, a auditoria será tratado como uma auditoria privada ou iniciativa própria. 26 9.2 Execução A forma de operacionalização das auditorias pode ser classificada em prospectiva, retrospectiva ou concorrente (SANTOS, 2014). A auditoria prospectiva se refere a um evento futuro e, portanto, visa detectar situações e evitar danos. Diferentemente, a auditoria retrospectiva possibilita encontrar erros em momentos passados, podendo ter aplicabilidade de correção de erros ou punição. Pode também ser chamda de auditoria de contas hospitalares, pois envolve a análise de procedimentos encerrados e em processo de cobrança (MOTTA, 2013). Por fim, a auditoria concorrente, ocorre ao mesmo tempo do fato ou processo alvo de auditoria. Isso permite o acompanhamento das atividades, evitar erros e garantir qualidade, pois os erros podem ser corrigidos simultaneamente. 9.3 Frequência A frequência de auditorias permite outro tipo de classificação, levando em consideração a periodicidade, podendo as auditorias serem denominadas ordinária ou regular e extraordinária ou especial. A auditoria ordinária é frequentemente realizada e estabelece uma rotina, visando analisar etapas específicas de determinada atividade (ATTIE, 2011; SANTOS, 2014). Já a auditoria extraordinária, por outro lado, é iniciada âmbito de situações específicas de apuração de registros e dados que permitam identificar fraudes, erros ou danos, sob a indicação de tais circunstâncias. Desse modo, ela é acionada mediante denúncias e pode ser realizada por autoridades de diversos setores, incluindo as autoridades de saúde, como o Secretário de Estado de Saúde (ATTIE, 2011; SANTOS, 2014). 27 9.4 Tipos de auditorias Para classificação por tipo, existem quatro opções, a primeira é a auditoria analítica, que é conceituada por Santos (2014) como um conjunto de procedimentosespecializados responsáveis por analisar relatórios, procedimentos e documentos para verificar se os serviços ou sistemas de saúde estão seguindo previamente normas e padrões estabelecidos. Santos (2014) também define auditoria operativa, que inclui a verificação de procedimentos e processos em relação ao SUS e às normas de saúde, por meio da revisão de fatos, registros e situações. Já a auditoria da gestão é estabelecida com o propósito de fiscalizar a administração objeto de auditoria, por meio de controle dos resultados apresentados, bem como dos orçamentos fiscal e contábil. Considera ainda a avaliação técnica da atenção à saúde e da qualidade desta (SANTOS, 2014). Outro modelo de auditoria, a auditoria contábil, utiliza a análise de todos os registros de movimentações, transações e prática também contábeis de determinado setor ou instituição. Objetiva fornecer uma visão imparcial sobre sua adequação, amparada em normas e nos princípios da contábeis (SANTOS, 2014). 9.5 Forma de realização Por modo de operação, a auditoria pode ser classificada em interna, externa ou de terceira parte. A auditoria interna, no sentido do termo, permite pressupor uma solicitação que ocorrerá internamente. Portanto, segundo Attie (2011) e Motta (2013), a tarefa é desempenhada por auditores habilitados que fazem parte da própria organização. Santos (2014) também nomeia essa auditoria como auditoria de primeira parte. Em contrapartida, a auditoria externa será definida pela participação apenas de auditores não vinculados à organização (ATTIE, 2011; MOTTA, 2013; SANTOS, 2014). 28 Esses dois tipos de auditoria são os mais comumente usados em hospitais. É comum o hospital ter sua própria auditoria médica e de enfermagem, para controlar e aprimorar os processos que envolvidos nos repasses de planos de saúde e do SUS, que são as auditorias internas. Por outro lado, quando contratado um serviço externo aos hospitais, essa auditoria é considerada externa. Por fim, há ainda a terceira classificação mencionada por Santos (2014), a auditoria de terceira parte, que tem como aplicador de avaliação a entidade certificadora. 9.6 Auditoria de qualidade A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na série de normas técnicas NBR ISO 9000:2015, trata dos Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) e traz fundamentos e vocabulários envolvidos em um SGQ. É importante destacar que dentro da NBR ISO 9000 está a NBR ISO 9001, essa última abordando especificamente do SGQ; trata-se de traduções idênticas das ISO 9000 e 9001 internacionais. A sigla ISO corresponde em inglês à International Organization for Standardization, ou Organização Internacional de Padronização, criada em Genebra em 1947. A ABNT define qualidade como o conjunto de características que promovem o grau de atendimento aos requisitos pré-estabelecidos como um objeto a ser satisfeito, ou seja, o objeto da satisfação desses requisitos. Deve-se notar que o conceito de qualidade mudou ao longo do tempo, assim como o conceito de auditoria. Já A auditoria de qualidade avaliam, controlam e monitoram com precisão os processos para garantir que os procedimentos e técnicas sejam implementados corretamente (LOBO, 2019). No setor da saúde, a auditoria de qualidade pode ser utilizada nos processos de acreditação e certificação. O processo de acreditação destina-se a avaliar critérios técnicos pertinentes aos serviços do estabelecimento auditado, para dar garantias de que os procedimentos estão em conformidade com as normas 29 aplicáveis, para que seja possível a acreditação. Durante o processo de certificação, os critérios são avaliados em relação aos processos de gestão da qualidade. 10 AUDITORIA NO SUS Fonte: waygestao.com Segundo Peron (2009) os processos de auditoria envolvem um conjunto de técnicas que avaliam principalmente estruturas, resultados e aplicações de recursos financeiros, atuando na fiscalização das ações e serviços do SUS com base em um conjunto de princípios e evidências que determinam eficiência, eficácia e efetividade. Conforme Azevedo, Gonçalves e Santos (2018): O processo de trabalho de auditoria é sempre o mesmo, o que muda é o seu objeto de trabalho, sendo que os objetos de trabalho de auditoria do SUS são basicamente os seguintes: a) as ações de saúde, sejam elas programáticas ou pontuais, por exemplo: atendimentos específicos, entre outras; b) os serviços de saúde, sejam eles ambulatoriais, hospitalares, laboratoriais, exames de imagem, alto custo, entre outros e c) os sistemas de saúde das três esferas de governo. (AZEVEDO; GONÇALVES e SANTOS, 2018, p.9). O processo de auditoria, o qual será processado no Sistema Eletrônico de Informação (SEI), iniciará de ofício ou a pedido de interessado, desde que 30 preenchidos os requisitos mínimos necessários à identificação da atividade a ser realizada (BRASIL, 2017). Os requisitos mínimos referem-se aos aspectos de competência, interesse público, materialidade, relevância e oportunidade. Segundo Brasil (2017), todo processo de auditoria deve começar por meio de protocolização de documento escrito que inclua os seguintes elementos: Órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; Identificação do interessado ou de quem o represente; Domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações, se for o caso; Formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; Data e assinatura do requerente ou de seu representante (BRASIL, 1999, art. 6º). Com exceção dos papéis de trabalho, que devem ser arquivados no Sisaud/SUS, todos os documentos produzidos e/ou obtidos durante as atividades de auditoria devem ser inseridos no processo de auditoria. O processo de auditoria deverá ser restrito até a sua conclusão e consequente publicação do Relatório Final (art. 23, inciso VIII, da Lei nº 12.527/2011). O processo de auditoria será concluído pela direção do Departamento. Os autores destacam que tais etapas são baseadas em: [...] processos já efetivados e reconhecidos; em dados epidemiológicos que orientem o planejamento específico de cada serviço; e em um processo de avaliação estruturado para atingir as dimensões social e técnica, de modo que a transformação da gestão pública aconteça a serviço do cidadão (MELO; VAITSMAN, 2008, p.13). Nesse contexto, outros autores trazem definições sobre as fases de auditoria ocorridas no SUS, as quais são realizadas no SNA (BRASIL, 2017). 31 Fase analítica: em que ocorre o planejamento das atividades de auditoria, levantando as normas, as particularidades e demais elementos que necessitam ser verificados, sendo produzido nesta fase o relatório analítico, com utilização de software como o Sistema de Controle de Óbitos da Previdência Social e o Sistema de Informações Ambulatoriais. Fase operativa/in loco: em que ocorre a execução das atividades e dos procedimentos de auditoria, os quais necessitam de evidência e embasamento suficientes para justificar as ações. Nesta fase, é gerado o relatório preliminar. Fase de relatório final: em que são geradas conclusões a partir dos achados evidenciados na auditoria. É importante destacar o impacto das atividades realizadas no âmbito da auditoria em outros setores e profissionais. A Intosai (International Organization of Supreme Audit Institutions), por exemplo, conceitua o processo de avaliação da seguinte forma, Brasil (2016): A auditoria não é um fim em si, e sim um elemento indispensável de um sistema regulatório cujo objetivo é revelar desvios das normas e violações dos princípios da legalidade, eficiência, efetividade e economicidade na gestão financeira com a tempestividade necessária para que medidas corretivas possam ser tomadas em casos individuais, para fazer com que os responsáveis por esses desvios assumam essa responsabilidade, paraobter o devido ressarcimento ou para tomar medidas para prevenir — ou pelo menos dificultar — a ocorrência dessas violações. (BRASIL, 2016, p.11). Nesse contexto, percebe-se que, dentre as diversas funções, a auditoria atua no sentido de promover a adequada alocação de recursos financeiros, permitindo ao auditor verificar os recursos transferidos, glosados, entre outros, a partir de sistemas de informações, como o Sistema de Informações sobre Orçamentos Público em Saúde. (SILVA; SCHUTZ, 2019). Para Silva (2018) as questões relacionadas à alocação de recursos financeiros abordam, principalmente, os custos, as despesas e os investimentos nos serviços de saúde e geralmente incluem o uso de indicadores assistenciais, 32 como índices de infecções, de mortalidade, de reinternações, entre outros (SILVA, 2018). Uma vez que a auditoria permite visualizar falhas operacionais, estruturais e de gestão de pessoas, ela pode atuar principalmente como uma ferramenta para reduzir custos e de capacitação de profissionais, trazendo vantagens nas perspectivas tanto econômica quanto assistencial (CASTRO, 2013). Do ponto de vista econômico, há busca por otimização de recursos e redução de custos. Silva (2018, p.92) argumenta que o conhecimento na perspectiva econômica é fundamental “[...] num contexto de custos elevados, recursos escassos, pressão por qualidade com modelos de remuneração adequados e bons serviços prestados”. A auditoria permite, também, amenizar a cobrança de valores indevidos nas contas hospitalares, além de identificar fraudes, como as que podem ocorrer ao anexar notas fiscais junto ao prontuário do paciente, evitando glosas, como é o caso das órteses e materiais especiais, que exigem nota fiscal anexa ao prontuário. Na perspectiva assistencial, a auditoria atua no sentido de qualificar o atendimento, promovendo educação continuada em relação à formação dos gestores e demais profissionais vinculados no SUS. Um exemplo é a capacitação que ocorre no âmbito dos registros de enfermagem, que auxilia os profissionais a se registrarem corretamente, previnindo erros no atendimento e nos cuidados prestados ao paciente, promovendo condutas éticas e, assim, maior satisfação por parte dos pacientes. 11 ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DOS AUDITORES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Apesar de os processos e atividades de auditoria possuírem diversas modalidades e características, os auditores devem sempre atuar com base em princípios éticos fundamentais como autonomia, beneficência e justiça ( MELO; VAITSMAN , 2008). O manual "Princípios, Diretrizes e Regras da Auditoria do SUS no âmbito do Ministério da Saúde" (BRASIL, 2017) apresenta dez princípios éticos 33 e profissionais exigidos dos auditores que atuam em processos como no Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS) e nas Seções de Auditoria (Seauds), os quais devem nortear como condutas nas atribuições dos auditores. Os dez princípios são: 1. Ceticismo e julgamento profissional: as análises devem ser realizadas com base em argumentos válidos e bem fundamentados, mantendo distanciamento profissional. 2. Competência e capacidade profissional: é imprescindível o conhecimento e a técnica para um desempenho eficiente na realização de auditoria, como o conhecimento em normas aplicáveis, o entendimento sobre a estrutura operacional da instituição, entre outros. 3. Comportamento ético: é fundamental que as condutas sejam baseadas em honestidade, diligência e responsabilidade, mantendo integridade mesmo diante de pressões. 4. Cortesia: os profissionais devem atuar de forma a prezar a cortesia e o respeito em relação aos clientes e colegas, sendo reprovados quaisquer tipos de atitudes preconceituosas e discriminatórias. 5. Imparcialidade: deve-se evitar situações de conflito de interesses e demais situações que comprometam o julgamento profissional. 6. Independência: a auditoria deve ser realizada com certa autonomia, prezando a capacidade de atuar de maneira imparcial. 7. Objetividade: é necessário que sejam aplicadas técnicas e métodos que visam a otimizar as evidências. 8. Uso de informações de terceiros: é necessário obter evidência da competência e da independência da auditoria quando fora do Denasus e da Seaud. 9. Sigilo: é fundamental que as atribuições sejam realizadas preservando a privacidade e o sigilo dos dados envolvidos ao longo dos processos de auditoria, sendo proibida a divulgação de informações sem autorização prévia. 34 10. Zelo profissional: as condutas dos servidores devem considerar sempre a prudência, o cuidado e a diligência, evitando que ocorram erros. É, pois, fundamental que estes princípios sejam aplicados no desempenho das funções e atividades confiadas aos profissionais envolvidos no processo de auditoria, de forma a garantir eficiência e qualidade de serviço. Nesse contexto, o manual “Princípios, diretrizes e regras da Auditoria do SUS no âmbito do Ministério da Saúde” (BRASIL, 2017) também apresenta as principais responsabilidades dos participantes da auditoria, dividindo-as de acordo com a ocupação do cargo. Esses cargos podem ser de nível superior, nível intermediário, chefe de Seaud, supervisor técnico e coordenador de equipe de auditoria. Assim, cada nível recebe regulamentações compatíveis com a complexidade do cargo e à formação do profissional. Em cargos de nível superior, as responsabilidades incluem principalmente a realização de atividades de pesquisa (legislação, jurisprudência), elaboração de pareceres e relatórios, análise de demandas, coordenação de atividades de auditoria, (formulação de questões, escopo, organização), acompanhamento e gestão das fases de auditoria e demandas. Nos cargos de nível médio, também são realizadas atividades de pesquisa e elaboração de relatórios, mas existem outras funções compatíveis com o nível intermediário de complexidade, como apoio e assistência nas atividades e cadastro de demandas. No que se refere às atribuições dos cargos de chefe da Seaud, destaca-se principalmente o acompanhamento do desenvolvimento das atividades de auditoria como um todo, a supervisão das equipes e a coordenação dos trabalhos relacionados, cabendo também à designação do coordenador da equipe de auditoria. Para o cargo de supervisor técnico, as principais ações a serem tomadas estão relacionadas ao acompanhamento e desenvolvimento da atividade de auditoria, considerando apenas o início da fase de análise até a fase de relato. cabe ao supervisor técnico a realização e a promoção de discussões sobre as atividades realizadas na auditoria, bem como a revisão dos relatórios e o monitoramento das 35 metas, prazos e resultados. Por fim, as atribuições do coordenador da equipe de auditoria incluem coordenar as reuniões e os trabalhos da equipe de auditoria, preparar e registrar relatórios e controlar o cumprimento de prazos. Portanto, perceber-se que há uma série de fatores que compõem as atividades de auditoria, o que permite que o trabalho da auditoria seja considerado uma ferramenta para analisar o desempenho do serviço, acompanhar os resultados e promover melhorias para evitar perdas financeiras e qualificar a prestação dos serviços. Torna-se essencial: [...] entender o papel do auditor que, dentro da ampla gama de atividades desenvolvidas, busca a adequação aos requisitos preconizados pela legislação do país, o controle financeiro, a avaliação técnica dos serviços oferecidos, observando sempre o controle e a qualidade (SANTOS et al., 2012, p.2). Junto a isso, o conhecimento das legislações pertinentes ao trabalho de auditoria, bem como a compreensão dos processos envolvidos e o impacto que eles têm na área, como o faturamento, são considerados como uma necessidade no SUS, que muitas vezes busca reduzir o risco de fraude, perda financeira e falta de qualidadedo serviço. A compreensão dos aspectos legais dos processos de auditoria é, portanto, essencial para a realização das atividades envolvidas, pois tais ações precisam estar pautadas nos princípios que sustentam o SUS. Como observado, as atividades de auditoria envolvem um conjunto de processos que visam avaliar, monitorar e qualificar os serviços do SUS. Assim, é fundamental que os gestores envolvidos na auditoria estejam cientes dos impactos desses processos, de forma a atuar com competência nas devidas atribuições, com base em condutas que cumpram os princípios éticos e legais. 36 12 A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA EM SAÚDE PARA O ALCANCE DE BONS RESULTADOS Auditoria em saúde, conceitualmente, proporciona um exame e adequação das instituições de saúde em relação às normas vigentes, desde o níveis de assistência, quanto à cobrança de procedimentos, uso de dispositivos, uso de medicamentos, entre vários outros recursos relacionados à prestação de cuidados de saúde a partir das contas hospitalares. Visando um atendimento de qualidade evitando danos aos pacientes faz-se necessário a auditoria. A sociedade precisa das normas gerais e técnicas, regulamentos e outros documentos de controle e supervisão para garantir que os requisitos mínimos sejam atendidos nas instituições de saúde. Com isso , um dos principais benefícios da auditoria é determinar se os serviços atendem ou não aos padrões necessários, evitando danos à integridade dos usuários . Por outro lado, sabe-se que os danos causados aos clientes podem causar variedades de problemas à empresa, sejam eles de imagem ou natureza financeira, ou ambos. Erros com consequentes prejuízo à saúde do usuário trazem descrédito à marca, o que obviamente impacta na manutenção dos próprios clientes e na conquista de novos. Esta situação pode ter impacto nas parcerias de fornecedores e prestadores de serviços, assim como prejudica, por relação direta, a saúde financeira. Quando o serviço prestado reúne os melhores equipamentos, profissionais, instalações e parcerias, aumenta as chances de que essa oferta de serviço alcance altos níveis de excelência. Empresas com histórico instável e recursos limitados não podem pagar por bons profissionais nem dispor dos melhores equipamentos para garantir as condições de trabalho adequadas. Quando trata-se de serviços públicos de saúde , pode parecer que eles são exceções ao processo de seguir regras , porque não há demanda pelo melhor sob o pretexto de ganho monetário. Além disso, não há opção para a população recusar o serviço porque, muitas vezes, a população não tem outras opções 37 economicamente viáveis. Essa é a impressão deixada, principalmente quando depara-se com serviços públicos precários . Porém, os serviços públicos também são sujeitos a rejeições e denúncias. Por meio da denúncia de qualquer cidadão brasileiro dirigida ao órgão hierárquico que a instiuição está submetida, poderá haver um processo de auditoria; após a conclusão, serão determinadas adequações necessárias ou até mesmo suspensão dos serviços. Portanto, a auditoria em saúde também está presente nos serviços públicos. A Constituição Federal de 1988 define a saúde como um direito de todos e dever do Estado (BRASIL, 1988) e estabelece outros aspectos na seção “Da Saúde” da Constituição. Entre eles, está o aspecto da gratuidade, que torna o SUS uma referência diante de outros países. Com isso, os reguladores federais também estão interessados em auditar o SUS, para fornecer melhores resultados e cumprir os termos do art. 74 da Constituição, que dispõe sobre a manutenção dos órgãos de controle dos Três Poderes (BRASIL, 1988). O Departamento Nacional de Auditoria do SUS, que corresponde ao componente federal da SNA, é responsável pela auditoria do SUS na esfera federal ( BRASIL, 2011 ). É importante notar que a gestão da saúde pública é tripartite, ou seja, supervisionada pelas três esferas do poder: federal, municipal e estadual. No entanto, os componentes SNA também podem ser encontrados nas outras esferas. No entanto, devido a todas as questões que envolvem a complexa administração pública e a abrangência do SUS, pode parecer que nada está sendo feito. Em estudo bibliográfico abrangendo os anos de 1988 a 2016, Azevedo, Gonçalves e Santos (2018) argumentam que a ligação da auditória em sáude com a gestão do SUS é essencial, levando em conta os pilares norteadores da saúde pública no país: igualdade, equidade e universalidade. No entanto, ainda há muito a ser feito. Em contrapartida, o setor privado consegue apresentar resultados com notoriedade, por compreender um público menor. Além disso , a iniciativa privada é formada por empresas de vários portes que atendem à demanda, o que os obriga a serem mais precisos e rápidos, pois há o desejo de prestar assistência em saúde e interesses econômicos envolvidos. 38 Considerando o que foi abordado até aqui, pode-se determinar que a auditoria em saúde é uma ferramenta poderosa de gestão dos serviços de saúde, como aponta Burmester (2017). O autor acrescenta ainda que os relatórios e os pareceres da auditoria em saúde têm a capacidade de mostrar o panorama atual da empresa e apresentar opções à alta administração, contribuindo para tomada de decisões estratégicas, organizacionais e financeiras. Como resultado, os gestores utilizam da auditoria para: Reduzir custos operacionais baseados em desperdícios; Ajustar padrões operacionais, para obter melhor controle de gastos e obter informações assertivas; Melhorar os processos existentes; Garantir qualidade no serviço prestado; Identificar ações preventivas; Angariar investidores; Aumentar sua cartilha de serviços; Identificar fraudes. Percebe-se que a auditoria em saúde, de modo geral, proporciona benefícios para os estabelecimentos de saúde devido a amplitude conceitual. Isso vai desde o controle das finanças, até a verificação da qualidade do atendimento e o cumprimento da legislação e das normas relacionadas à saúde fornecidas pela equipe de profissionais de saúde envolvidos. Além disso, a auditoria presta serviços de qualidade às pessoas, sejam eles prestados por serviços públicos ou privados. Com isso, as auditorias de contas, ou retrospectivas, são frequentemente utilizadas nos serviços de saúde, principalmente com objetivos financeiros. No entanto, pode produzir outros resultados a favor dessas organizações, principalmente no que diz respeito à sua imagem perante a sociedade e seus 39 fornecedores, e garantir sua longevidade, devido ao uso consciente dos recursos materiais. 40 13 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ATTIE, William. Auditoria Conceitos e Aplicações, 7ª edição . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2018. AUDIBRAS. Definição e objetivos de uma Due Diligence. 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