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1 Revisão da morfofisiologia 1.1 Telencéfalo Lobos dos hemisférios cerebrais Existem muitos sulcos rasos na superfície dos hemisférios cerebrais que delimitam saliências de tecido cerebral retorcido, chamadas giros . Os giros e sulcos mais proeminentes são similares em todas as pessoas e também são marcos anatômicos importantes. Alguns dos sulcos mais profundos dividem cada hemisfério cerebral em cinco grandes lobos: frontal, parietal, occipital e temporal, além da ínsula. - Frontal: Estende-se posteriormente até o sulco central , que separa o lobo frontal do lobo parietal. O giro pré-central , contendo o córtex motor primário , situa-se imediatamente antes do sulco central. O lobo frontal contém áreas funcionais que planejam, iniciam e executam o movimento motor , incluindo o movimento dos olhos e a produção da fala. A região mais anterior do córtex frontal desempenha funções cognitivas de ordem superior , como o raciocínio, o planejamento, a tomada de decisão e a memória de trabalho, e outras funções executivas. - Parietal: Estende-se posteriormente do sulco central até o sulco parietoccipital, e sulco lateral forma seu limite inferior. O giro pós-central , imediatamente posterior ao sulco central, contém o córtex somestésico primário. O lobo parietal processa estímulos sensitivos , permitindo: a percepção consciente da sensibilidade somática geral ; a percepção espacial dos objetos, sons e partes do corpo ; e a compreensão da fala . - Occipital: Forma a parte posterior do cérebro e contém o córtex visual. Ele é separado do lobo parietal pelo sulco parietoccipital na superfície medial do hemisfério. - Ínsula: está inserida profundamente no sulco lateral e forma parte de seu assoalho. Ela é coberta por partes dos lobos temporal, parietal e frontal. O córtex sensitivo visceral do paladar e da sensibilidade visceral geral encontra-se nesse lobo. Áreas funcionais do córtex cerebral Áreas sensitiva Ocorre principalmente em partes dos lóbulos parietal, temporal e occipital. Existe uma área sensitiva para cada um dos sentidos no córtex sensitivo primário, divididos principalmente em sentidos somáticos gerais e sentidos especiais (visão,audição, equilíbrio, olfação e gustação). Ainda há, áreas de associação do estímulo/sentido , que normalmente ficam próximas do córtex responsável por aquele sentido, e tem como principal função, interpretar-lo e atribuir um significado a sensibilidade. - Áreas sensitivas somáticas Existe o córtex somestésico primário , que recebe informações de sensibilidade geral, está localizada no giro pós-central do lobo parietal . (1) Captada pelos receptores sensitivos periféricos (2) Retransmitido através da medula espinal, tronco encefálico e o pelo tálamo (3) Encaminha-se para o córtex somestésico primário (4) Neurônios corticais processam a informação (5) Identificando a área do corpo que está sendo estimulada (6) Área de associação (7) Compreensão abrangente do estímulo Já o córtex de associação somestésica , se encontra no lado posterior ao córtex somestésico primário. 1. Áreas visuais: Existe o córtex visual primário , que se localiza na região posterior e medial do lobo occipital (sulco calcarino), e sua função é receber de maneira contralateral as informações visuais que se originam na retina do olho. Já a área de associação visual , localiza-se circundando o córtex visual, e abrange grande parte do lobo occipital, e sua conexão analisa cor, forma e movimento . 2. Áreas auditivas: O córtex auditivo primário , que funciona para as percepções do som, localizado na margem superior do lobo temporal, sendo a associada a intensidade, ritmo e altura . Já a área de associação auditiva , localiza posteriormente e lateral ao córtex auditivo primário. 3. Área sensitiva visceral: Existe o córtex sensitivo visceral , localizado profundamente no sulco lateral na ínsula , essa área recebe estímulos sensitivos gerais dos órgãos. 4. Córtex vestibular: Responsável pela percepção do equilíbrio , localiza-se na parte posterior da ínsula , abaixo do sulco lateral. 5. Córtex gustatório: Percepção consciente dos estímulos do paladar , localizado na ínsula . 6. Córtex olfatório: Há o córtex piriforme , localizado da face medial do lobo temporal , em uma região chamada unco . Também há o rinencéfalo , que são o conjunto de todos os locais que recebem o estímulo olfativo, o córtex, trato e bulbo. Áreas motoras 1. Córtex motor primário: Localiza-se no giro pré-central do lobo frontal, nesta região há grandes neurônios chamados de células piramidais, formando os tratos piramidais maciços que descem pelo tronco e medula. 2. Córtex pré-motor: Localiza-se antes do giro pré-central, tem como função planejar e coordenar movimentos, retransmitindo o plano de movimento para o córtex motor primário visando a execução da ação, participa da retroalimentação sensitiva . 3. Campo ocular frontal: Está localizado anteriormente ao córtex pré-motor, e tem como função controlar os movimentos voluntários dos olhos . 4. Área de broca: Localiza-se na região inferior do córtex pré-motor no hemisfério esquerdo, e tem como função controlar os movimentos necessários para a fala . A área correspondente no hemisfério direito, controla as conotações emocionais fornecidas pelas palavras. Área de associação multimodais São grandes regiões do córtex que recebem estímulos sensitivos de várias modalidades e áreas . 1. Área de associação posterior: Nas regiões de interface das áreas de associação visual, auditiva e somestésica , nos lobos parietal e temporal. Ele percebe a localização espacial do corpo em si mesmo, objetos ao redor, necessitando da integração contínua destas áreas para realização do movimento. A informação visual sai da região occipital e segue dois caminhos, o fluxo dorsal (córtex parietal posterior até o giro pré-central/ ONDE ) e o fluxo ventral (inferior do lobo temporal/ QUE ). Assim que os estímulos visuais são processados, o estímulo auditivo é processado também ao longo das duas vias. A posterolateral do lobo parietal até o lobo frontal é o ONDE , e a anterolateral do lobo temporal até o lobo frontal, é o O QUE. 2. Área de associação anterior: É a grande região anterior do lobo frontal , recebe informações da área de associação posterior, integra as informações com a área de associação límbica e planeja/iniciar as respostas motoras mediante suas ligações com as regiões motoras, ocorrem também funções cognitivas como raciocinar, perceber e lembrar-se. 3. Área de associação límbica: Localiza-se medialmente nos hemisférios cerebrais em partes dos lobos temporal, parietal e frontal, incluindo o giro do cíngulo, hipocampo e o giro-hipocampal . Conectada a memória, emoção, integra o comportamento sensitivo-motor, utiliza a experiência anterior para influenciar a resposta ao estímulo. 1.2 Diencéfalo Localização: forma a parte central do prosencéfalo e é circundado pelos hemisférios cerebrais. Estrutura: três estruturas pareadas= o tálamo, o hipotálamo e o epitálamo , que margeiam o terceiro ventrículo e são constituídas principalmentede substância cinzenta. ● Tálamo É uma estrutura oval que corresponde a até 80% do diencéfalo e forma as paredes superolaterais do terceiro ventrículo. Os tálamos direito e esquerdo são unidos pela aderência intertalâmica. Os núcleos do tálamo é dividido em três grupos: grupo anterior, grupo mediano e grande grupo lateral . Os impulsos aferentes de todos os sentidos conscientes, exceto o olfato, convergem no tálamo e comunicam-se por sinapses em pelo menos um de seus núcleos. Qualquer parte do encéfalo que se comunique com o córtex cerebral precisa retransmitir seus sinais através de um núcleo do tálamo . Os núcleos do tálamo organizam e depois amplificam ou “suavizam” os sinais encaminhados para o córtex cerebral. ● Hipotálamo É a parte inferior do diencéfalo, abaixo do tálamo, situado entre o quiasma óptico e a margem posterior dos corpos mamilares , protuberâncias arredondadas que se projetam no assoalho do hipotálamo. No lado inferior do hipotálamo, projeta-se a hipófise . O hipotálamo é o principal centro de controle visceral do corpo , regulando muitas atividades dos órgãos viscerais. ● Epitálamo O epitálamo, a terceira e mais dorsal parte do diencéfalo, forma parte do teto do terceiro ventrículo e consiste em um minúsculo grupo de núcleos e um pequeno botão sem par chamado glândula pineal. Essa glândula, que deriva das células gliais ependimárias, é um órgão secretor de hormônio . Sob a influência do hipotálamo, a glândula pineal secreta o hormônio melatonina, que sinaliza ao corpo a hora de se preparar para a fase noturna do ciclo sono-vigília. 1.3 Tronco encefálico Composto : ponte, bulbo (respiração e PA) e mesencéfalo (olhos). O tronco encefálico tem o mesmo plano estrutural da medula espinal, com substância branca externa circundando uma região interna de substância cinzenta . Localização: situado na fossa do crânio posterior, na parte basilar do osso occipital. Funções gerais: receber informações sensoriais das estruturas cranianas, controla os músculos da cabeça , conduto para o fluxo de informação , participa ativamente da inervação da face e da cabeça. ● Bulbo (medula oblonga) É a parte mais caudal do tronco encefálico, contínuo com a medula espinal ao nível do forame magno do crânio . Formados por duas pirâmides que se localizam anteriormente, medialmente ao próprio bulbo , e transmitem impulsos nervosos voluntários que saem do medula espinal. Na parte caudal do bulbo, 70%-90% dessas fibras piramidais atravessam para o lado oposto do encéfalo em um ponto chamado decussação das pirâmides (“um cruzamento em forma de X”) . O resultado desse cruzamento é que cada hemisfério cerebral controla os movimentos voluntários do lado oposto do corpo. Ao lado e cada pirâmide encontra-se uma oliva , contendo o núcleo olivar inferior (substância cinzenta), esta é uma estação retransmissora das informações sensitivos que seguem para o cerebelo.Os pedúnculos cerebelares inferiores são tratos fibrosos que conectam o bulbo ao cerebelo, dorsalmente. Internamente, tem o núcleo grácil e cuneiforme . Nervos cranianos associados: 1) Nervo vestibulococlear (VIII): audição e equilíbrio, o núcleo vestibular e coclear (dorsolateral do bulbo). 2) Nervo glossofaríngeo (IX): língua e faringe, o núcleo ambíguo/motor e o núcleo do trato solitário/sensitivo. 3) Nervo vago (X): órgãos viscerais no tórax e abdome, o núcleo motor dorsal do vago, núcleo do trato solitário e núcleo ambíguo. 4) Nervo hipoglosso (XI): músculos da língua, núcleo do hipoglosso (abaixo do 4 ventrículo) Os núcleos mais importantes na formação reticular do bulbo implicados nas atividades viscerais são: - Centro vasomotor , que regula a pressão arterial estimulando ou inibindo a contração do músculo liso nas paredes dos vasos sanguíneos. - Centro respiratório , que controla o ritmo básico e a frequência da respiração. - Centro do vômito , que controla o reflexo do vômito. ● Ponte É saliência encravada entre o mesencéfalo e o bulbo, ela é separada do cerebelo pelo quarto ventrículo. Núcleos da ponte , são núcleos encefálicos retransmissores em uma via que conecta uma parte do córtex cerebral com o cerebelo, ligada à coordenação dos movimentos voluntários . Os núcleos da ponte enviam axônios para o cerebelo através dos espessos pedúnculos cerebelares médios . Nervos cranianos associados: 1) Trigêmeo (V): a pele da face e os músculos da mastigação. 2) Abducente (VI): que inerva um músculo que move o olho. 3) Facial (VII): músculos da face, entre outras funções. Os núcleos da formação reticular na ponte, funcionam no controle dos reflexos autônomos . ● Mesencéfalo Está situada entre o diencéfalo e a ponte, cavidade central do mesencéfalo é o aqueduto do mesencéfalo , que divide o mesencéfalo em teto , posteriormente, e pedúnculos cerebrais (pequenos pés do cérebro/ conectar ao cerebelo) anteriormente. Em corte transversal, são visíveis dois núcleos pigmentados mergulhados na substância branca do mesencéfalo. A substância negra, cujos corpos celulares neuronais contêm pigmento escuro de melanina , está situada profundamente aos tratos piramidais no pedúnculo cerebral. Esse núcleo está unido funcionalmente à substância cinzenta profunda do cérebro, os núcleos da base, e ao controle do movimento voluntário. A degeneração dos neurônios na substância negra é a causa do mal de Parkinson. O núcleo rubro , oval, está abaixo da substância negra. Seu matiz avermelhado deve-se à rica vascularização e à presença de pigmento de ferro nos corpos celulares de seus neurônios. Nervos cranianos associados: 1) Núcleos oculomotor (III) 2) Troclear (IV) A substância cinzenta central tem duas funções um pouco relacionadas. Primeiro, ela está implicada na reação de “lutar ou fugir” e a via autônoma que produz as reações psicológicas associadas a esse sentimento. Os reflexos auditivos e visuais são integrados pelos núcleos cerebrais nos colículos (corpos quadrigêmeos). Os dois colículos superiores atuam nos reflexos visuais, e os inferiores pertencem ao sistema auditivo. 1.4 Cerebelo Funções: Regula os movimentos do membros e dos olhos e a manutenção da postura e do equilíbrio , parte desta também participa regulação das funções superiores do encéfalo , incluindo linguagem, cognição e emoção. (memória motora) Localização: posição dorsal à ponte e ao bulbo, dos quais está separado pelo quarto ventrículo. Estrutura: consiste em dois hemisférios cerebelares expandidos e conectados medialmente pelo verme do cerebelo, é dobrada em muitas cristas, chamadas folhas , separadas por sulcos profundos, denominados fissuras. Cada hemisfério cerebelar é subdividido em três lobos: os grandes lobos anterior e posterior ( movimento dos membros ), e o pequeno lobo floculonodular ( equilíbrio, cabeça, olhos e postura ). Possui três regiões: córtex externo de substância cinzenta , substância branca interna conhecida como árvore da vida e substância cinzenta profunda que constitui os núcleos cerebelares. Funcionamento: 1. O cerebelo recebe informações do cérebro a respeito dos movimentos que estão sendo planejados. 2. O cerebelo compara esses movimentos planejadoscom a posição e os movimentos reais do corpo. 3. O cerebelo envia instruções de volta ao córtex cerebral a respeito de como resolver quaisquer diferenças entre os movimentos planejados e a posição real. A medula espinal participa no processamento de informações sensoriais provenientes dos membros, tronco e muito outros órgãos internos, controle dos movimentos corporais e regulação das funções viscerais . Além de fornecer um conduto para a transmissão de informação sensorial nos tratos que sobem até o encéfalo e informações motoras nos tratos descendentes. Cada segmento da medula espinal contém um par de raízes nervosas chamadas de raízes posteriores e anteriores. As posteriores contêm apenas axônios sensoriais que transmitem informação sensorial para a medula espinal. Já as raízes anteriores contêm axônios motores que transmitem comandos motores para os músculos e outros órgãos do corpo. Estes axônios se misturam com os nervos espinais. 2 Acidente Vascular Encefálico (AVE) Acidente vascular encefálico (AVE), ou Acidente vascular cerebral (AVC), é uma síndrome aguda, que surge como um distúrbio vascular que danifica o tecido encefálico , e em suprassumo, priva regiões afetadas de receber fluxo sanguíneo. Diante disso, se torna problemático, já que o sistema nervoso central (SNC), requer em seus processos fisiológicos suprimento de glicose e oxigênio constante, recebendo assim 20% do fluxo sanguíneo oriundo do coração e 20% do oxigênio que vem dos pulmões. - Incidência aumenta com a idade - Dois terços dos AVCs ocorrem em pacientes > 65 anos - mais incidente em homens do que em mulheres - Maior em afrodescendentes do que em brancos O AVC é uma síndrome marcada por quatro características principais: 1. Início súbito 2. Envolvimento focal do sistema nervoso central: local de envolvimento do sistema nervoso central é sugerido pela natureza dos sinais e sintomas, delineados mais precisamente pelo exame neurológico e confirmado por exames de imagem. *Isquêmico se torna mais específico por afetar uma certa região, diferente do hemorrágico. *Alguns distúrbios causam uma disfunção cerebral global (isquemia cerebral global e hemorragia subaracnóide. 3. Ausência de resolução rápida: duração do déficit neurológico, no passado, a definição-padrão de AVC exigia que os déficits persistissem por pelo menos 24 horas, para distinguir um AVC de um ataque isquêmico transitório (discuto mais adiante). No entanto, qualquer indicação temporal é arbitrária, e o ataque isquêmico transitório geralmente melhora dentro de uma hora. 4. Causa vascular: Uma causa vascular pode ser inferida a partir do início agudo dos sintomas e, muitas vezes, a partir da idade do paciente, da presença de fatores de risco para AVC e da ocorrência de sinais e sintomas que podem ser atribuídos ao território de determinado vaso sanguíneo cerebral. Quando isso é confirmado pelos exames de imagem, podem ser feitas outras investigações para identificar uma etiologia mais específica, como trombose arterial, êmbolo cardiogênico ou distúrbio de coagulação. *Excluir a possibilidade de hipoglicemia Isquemia Hemorragia - Pan-necrose - Lesões cerebrais cavitárias - Zona de penumbra relativamente reversível - Surgimento de edema cerebral vasogênico (2 a 3 dias após o AVC - Causado por trombose ou embolia *Trombos estão mais relacionados a infartos de circulação anterior *Êmbolos na circulação anterior afeta mais a ACM, posterior no pico da artéria vertebral. - Destruição ou compressão do tecido cerebral e a compressão de estruturas vasculares - Leva a isquemia e edema secundários - Pode ser intraparenquimatosa, subaracnóidea, subdural ou epidural. → Intraparenquimatosa: comprime tecidos, causa cefaléia grave. → Subaracnóidea: elevação da pressão intracraniana, efeitos tóxicos, complicada com vasoespasmo. → Subdural ou epidural: costumam ter origem traumática e geralmente se apresentam com cefaleia ou alterações da consciência. 2.1 Fatores de risco Não modificáveis Idade avançada, sexo masculino, baixo peso ao nascer, etnia afrodescendete e HF de AVC. Modificáveis → Vasculares: HAS, tabagismo, estenose de carótida assintomática, DAOP → Cardíacos: FA, ICC, Doença cardíaca coronariana → Endócrinos: DM, tratamento hormonal na pós-menopausa, uso de ACTP estrogenico → Metabólicos: dislipidemia (Colesterol total 20% elevado, HDL < 40) e obesidade → Hematológicos: anemia falciforme → Estilo de vida: sedentarismo *Os fatores genéticos também parecem ser importantes na patogênese dos AVCs, embora a causa da maioria dos AVCs provavelmente seja multifatorial, envolvendo influências poligênicas e ambientais. Vários distúrbios mendelianos, dos quais a maioria consiste em distúrbios raros, apresentam o AVC como uma das principais manifestações; alguns desses distúrbios, nos quais o gene afetado foi identificado. 2.2 Fisiopatologia da isquemia do tecido neural Com um funcionamento homeostático, os vasos no corpo inteiro, inclusive no cérebro, existem mecanismo de regulação que dilatam e contraem (vasodilatação e vasoconstrição), aumentando ou diminuindo a PA e distribuindo mais ou menos sangue para um certa região. Quando está ocorrendo uma isquêmica, que é a obstrução total ou parcial do fluxo, a necessidade metabólica das células nervosas continuam iguais , e estes necessitam de grande aporte energético. Na isquemia o tecido nervoso evolui de um estado de normalidade para um estado de “penumbra” de lesão citotóxica e apoptose ou necrose tecidual . As células são capazes de compensar essa deficiência parcialmente, por meio da geração de ATP por uma via alternativa, oxigênio-dependente, ou seja, a glicólise (conversão de glicose em piruvato e lactato) Porém assim que, o fluxo cai para baixo de 30 ml/100g/min , a troca de nutrientes e oxigênio cai na unidade neurovascular, o que por sua vez resulta em incapacidade das mitocôndrias de produzir ATP . Sem esse aporte energético, o gradiente iônico que estava sendo equilibrado é inibido, e as bombas de íons da membrana para de funcionar (principalmente Na+ K+ ATPase) , levando a despolarização patológica do neurônio, pela saída de K+, que ativa os canais iônicos levando a entrada em demasia de Na+ e Ca+ no meio intracelular . Em suma, essa ação ocasiona a liberação de neurotransmissores de maneira intensa , principalmente o glutamato , que leva a neurotoxicidade ou excitotoxicidade por meio da ativação dos seus receptores, que aumentam ainda mais o influxo neuronal de cálcio e sódio . Também parecem causar uma disseminação da depressão cortical, um fenômeno elétrico associado com despolarização neuronal e astrocitária, que consome energia e pode aumentar o infarto. O tecido na área de penumbra é inerentemente instável e, com frequência, evolui para infarto completo com o passar do tempo. Este ocorrendo por meio de duas vias distintas: (1) uma via necrótica na qual a degradação celular é rápida, devido principalmente a insuficiência de energia da célula. Ela está presente em lesões excitotóxicas graves , onde há um grande aumento da ativação por glutamato,e os receptores inerentes medeiam o neurotransmissor glutamato e seu principal papel é o influxo de cátions para dentro das células , o que leva ao aumento das concentrações intracelulares de Ca2+. Ocorre também a ativação da óxido nítrico-sintase (NOS) e aumento do Ca2 + mitocondrial, além da geração de superóxido. Esta sequência acarreta danos a macromoléculas celulares , incluindo o DNA, levando à ativação de poli-ADP-ribose-polimerase (PARS) , que são mediadores protéicos na ocorrência de dano de material genético . O acúmulo mitocondrial de Ca2 + e o dano oxidativo ativam o poro de transição da permeabilidade (PTP) , que está vinculado à morte celular excitotóxica , a células basicamente se destrói diante da depleção sistêmica. (2) uma via apoptótica na qual as células são programadas para morrer. Em suma, um insulto excitotóxico leve é o que causa a indução desta via, permitindo um maior fluxo de Ca2 + , o que pode permitir que o receptor NMDA dependente da voltagem seja ativado por concentrações de glutamato . Este evento pode então acarretar aumento do Ca2 + mitocondrial e produção de radicais livres , porém com geração de ATP relativamente preservada . Então, as mitocôndrias podem liberar citocromo c (Cit c), caspase 9, fator indutor da apoptose e talvez outros mediadores que induzem apoptose. O intervalo de tempo desde a oclusão vascular até o infarto completo varie, na maioria dos casos, de 3 a 6h , dependendo das características do fluxo colateral . As células isquêmicas liberam várias citocinas pró-inflamatórias e proteases que rompem a arquitetura e a função da unidade neurovascular, aumentando a permeabilidade da barreira hematoencefálica, gerando assim o edema. A resposta inflamatória do parênquima causa a hiperregulação dos receptores de adesão leucocitária das células endoteliais que provocam adesão leucocitária e transmigração para o tecido afetado e é responsável pelo prolongado processo de inflamação e remodelagem tecidual após um infarto se completar, enquanto o edema desaparece e as regiões envolvidas se tornam tecido fibrótico gliótico . Embora acredite-se que a resposta inflamatória precoce à isquemia seja capaz de provocar lesão secundária, os eventos inflamatórios subsequentes podem ser neuroprotetores ou contribuir para o reparo tecidual. → Núcleo do infarto: organelas e células edemaciam e explodem (necrose) → Zona de penumbra: infarto programado (apoptose), atrofia células com formação de vesículas, sem ruptura de membrana com sinais intrinsecos. 2.2.1 Mecanismos de sobrevivência e reparo Circulação colateral → pode contornar o oclusão arterial Neurotransmissores inibitórios → evolução precoce com aumento da inibição tônica, mediada por receptores GABA extrassinápticos (porém, esse efeito inibitório pode ser prejudicial na recuperação depois) Resposta transcricional à hipóxia → proteína-1 hipoxia-induzida (HIF1) e sua ativação transcricional de proteínas que promovem a sobrevivência celular e a recuperação tecidual. Isto inclui enzimas glicolíticas, eritropoetina (EPO) e fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, de vascular endothelial growth factor). Neurogênese → Novos neurônios e astrócitos continuam a ser produzidos no cérebro adulto em pelo menos duas regiões: o giro dentado do hipocampo e a região subventricular que circunda os ventrículos laterais . A isquemia cerebral estimula a neurogênese, e algumas das células geradas migram da região subventricular para o estriado isquêmico e o córtex cerebral. Angiogênese Tolerância isquêmica → proteção contra outro processo isquêmico, condicionamento do tecido cerebral, parece envolver alterações de gênero e numerosos mediadores moleculares Mecanismo de reparo → reparo pós-isquêmico espontâneo e plasticidade cerebral, ocorrendo nas regiões ao redor do infarto. Incluindo alterações na expressão do gene, aumento da excitabilidade neuronal, brotamento axonal, sinaptogênese, reorganização somatotópica e formação de novos circuitos neuronais. 3 Patologia Macroscopia imediata → área edemaciada e amolecida, afetando substância branca e cinzenta. Microscopia imediata → alterações isquêmicas agudas (atrofia, microvacuolização, coloração escura), destruição das células gliais, necrose de pequenos vasos, acúmulo de líquido no interstício. *Infartos lacunares resultam de lipo-hialinose de vasos de baixa resistência 4 Correlação clínico anatômica Circulação anterior Artéria cerebral anterior Irrigam o córtex parassagital, incluindo regiões do córtex motor e sensorial relacionada aos membros inferiores *Bexiga e centro miccional - A paralisia contralateral e perda sensorial afetando a perna. - Falta de controle voluntário da micção Artéria cerebral média Divisão superior: supre toda a representação cortical motora e sensitiva da face, da mão e do braço, e a área da linguagem expressiva (Broca) do hemisfério dominante. Divisão inferior: supre as radiações visuais, a região do córtex visual relacionado à visão macular e a área da linguagem receptiva (Wernicke) do hemisfério dominante. Ramos lentículo-estriados: suprem AVC da divisão superior → hemiparesia contralateral que afeta face, mão e braço, poupando a perna, e déficit hemissensorial, quando o hemisfério dominante é comprometido temos a afasia de broca presente (expressiva). AVC da divisão inferior → causa hemianopsia homônima contralateral (metade do campo) contralateral, funções sensoriais corticais comprometidas (p. ex., grafestesia ou estereognosia no lado contralateral do corpo) e distúrbios do pensamento espacial (p. ex., a não conscientização de que um déficit existe os núcleos da base, assim como as fibras motoras relacionadas com a face, a mão, o braço e a perna. [anosognosia], negligência e incapacidade de reconhecer membros contralaterais, negligência do lado contralateral do espaço externo, apraxia do vestir e apraxia construtiva). *Hemisfério dominante causa afasia de Wernicke Oclusão junto à bifurcação da ACM → combina as características do AVC das divisões superior e inferior. Suas características clínicas incluem hemiparesia contralateral e déficit hemissensorial envolvendo a face e o braço mais que a perna, hemianopsia homônima e – se o hemisfério dominante estiver envolvido – afasia global (uma combinação de afasia receptiva e expressiva). Oclusão do tronco da ACM → síndrome clínica resultante é semelhante àquela observada após a oclusão junto à trifurcação, exceto pelo fato de que, adicionalmente, o infarto das fibras motoras na cápsula interna causa uma paralisia da perna contralateral. O resultado é uma hemiplegia contralateral e perda sensorial afetando a face, a mão, o braço e a perna. Artéria carótida interna A artéria carótida interna se origina no local onde a artéria carótida comum se divide em carótida interna e externa, na região do pescoço. Além dos seus ramos cerebral anterior e cerebral médio, a artéria carótida interna também dá origem à artéria oftálmica, que supre a retina. - Normalmente precedida de AIT - cegueira monocular transitória, causada por isquemia ipsilateralda artéria retiniana. - resulta em uma síndrome semelhante ao AVC da artéria cerebral média (hemiplegia contralateral, déficit hemissensorial e hemianopsia homônima, além de afasia, caso o hemisfério dominante esteja envolvido). Infartos lacunares Os infartos lacunares resultantes são mais comuns nos núcleos cerebrais profundos (putame, 37%; tálamo, 14%; núcleo caudado, 10%), na ponte (16%) e na perna posterior da cápsula interna - O início do acidente vascular lacunar pode ser gradual, desenvolvendo-se durante várias horas ou dias. 1. Hemiparesia motora pura – hemiparesia afetando a face, o braço e a perna em uma extensão grosseiramente igual, sem que exista um distúrbio associado da sensibilidade, da visão ou da linguagem. Quando a origem é lacunar, a hemiparesia motora pura em geral é decorrente de uma lesão na cápsula interna contralateral ou na ponte. *A hemiparesia motora pura também pode ser causada por oclusão da artéria carótida interna ou da artéria cerebral média, hematoma subdural ou lesões intracerebrais de massa. 2. AVC puramente sensorial – perda hemissensorial, que pode estar associada com parestesia e resulta de um infarto lacunar no tálamo contralateral. *A oclusão da artéria cerebral posterior ou uma pequena hemorragia no tálamo ou no mesencéfalo podem imitar o quadro. 3. Hemiparesia atáxica – ataxia ipsilateral e paresia crural (perna), a hemiparesia motora está combinada com a ataxia do lado hemiparético e em geral afeta predominantemente a perna. Os sintomas resultam de uma lesão na ponte contralateral, na cápsula interna ou na substância branca subcortical. 4. Síndrome disartria-mão desajeitada – disartria, fraqueza facial, disfagia e fraqueza leve com desajeitamento da mão no lado do envolvimento facial. Circulação posterior Artéria cerebral posterior Super o cortex occipital, lobos temporais medial, tálamo e mesencéfalo rostral. *Podem produzir sinais simétricos por artéria basilares Hemianopsia homônima afetando o campo visual contralateral. Nas oclusões próximas da origem da artéria cerebelar posterior junto ao nível do mesencéfalo, as anormalidades oculares podem incluir paralisia do olhar vertical, paralisia do nervo oculomotor (III), oftalmoplegia internuclear e desvio de inclinação vertical dos olhos. Quando afetado o lado dominante pode apresentar: afasia anômica, alexia sem agrafia, ou agnosia visual Artéria basilar Trafega sobre a superfície ventral do tronco cerebral, para terminar ao nível do mesencéfalo, onde se bifurca para dar origem às artérias cerebrais posteriores (ver discussão anterior). Os ramos da artéria basilar suprem os lobos occipitais e temporais mediais, o tálamo medial, a perna posterior da cápsula interna e todo o tronco cerebral e o cerebelo. -Hemiplegia contralateral ou tetraplegia - Paralisia facial; - Disartria e disfagia; - Síndrome de Hormes homolateral; - Perda de consciência e presença de vertigem. - O envolvimento da porção dorsal (tegumento) da ponte produz uma paralisia unilateral ou bilateral do nervo abducente (VI); os movimentos oculares horizontais estão comprometidos, mas nistagmo vertical e bobbing ocular podem estar presentes. As pupilas estão contraídas como resultado do envolvimento de fibras pupilodilatadoras simpáticas descendentes na ponte, mas podem permanecer reativas. -Hemiplegia ou quadriplegia em geral estão presentes; o coma é comum. Ramos vertebro basilares 5 Etiologias Distúrbios vasculares ● Aterosclerose: principalmente de grandes artérias extracranianas no pescoço e na base do cérebro, e dentro do sistema vascular craniano as regiões de predileção de deposição de ateromas são as a imagem ao lado. ● Distúrbios inflamatórios: artrite de células gigantes (AITs e adesão plaquetária), lúpus eritematoso sistêmico (pequenos infartos), poliarterite nodosa (inflamação dos vasos), angeíte primária do sistema SNC (lesão focal e pleocitose), arterite sifilítica (de forma primária, podendo evoluir para neurossífilis), Aids. ● Displasia fibromuscular: afinamento segmentar da média e fragmentação da lâmina elástica, alternando com anéis fibrosos e hiperplasia muscular dentro da média. ● Dissecção da artéria carótida ou vertebral: hemorragia dentro da parede vascular, incluindo algum vaso e predispondo a formação de trombos e êmbolos. ● Infarto lacunar: oclusão de pequenos ramos penetrantes das principais artérias cerebrais, em especial aquelas que suprem os núcleos da base, o tálamo, a cápsula interna e a ponte (muito relacionada a HAS e DM). ● Abuso de drogas: O uso de cocaína, anfetaminas ou heroína é um fator de risco para AVC em pacientes com menos de 35 anos, relacionada às vasculites, endocardite infecciosa, ruptura de aneurismas, vasoespasmos e hemorragias. ● Oclusões arteriais intracranianas múltiplas progressivas (moyamoya): estenose ou oclusão bilateral das artérias carótidas internas distais e dos troncos da artéria cerebral anterior adjacente à da artéria cerebral média e presença de uma fina rede de canais colaterais junto à base cerebral. ● Enxaqueca: com aura, mas muitos casos coexistem fatores de risco. ● Trombose venosa ou do seio venosos: causa incomum, normalmente associado a condição que predispõe como otite, sinusite, estado pós-oarto, desidratação ou coagulopatia. *As características clínicas incluem cefaléia, papiledema, comprometimento da consciência, convulsões e déficits neurológicos focais. Distúrbios cardíacos ● Trombo mural: risco de um AVC nas primeiras semanas após um infarto miocárdico está relacionado ao tamanho da lesão cardíaca. ● Doenças cardíaca reumática: tendência a embolização, aumentando a incidência de isquemia cerebral focal. ● Arritmias: FA e síndrome taquicardia-bradicardica, algumas podem produzir a hipoperfusão pancerebral com sintomas mais difusos do que focais. ● Endocardite: leva a isquemia cerebral transitória, infarto cerebral embólico e hemorragia intracerebral ou subaracnóidea, pode apresentar em pacientes com CA ● Prolapso da valva mitral: grau dos distúrbio aumenta o risco de AVC aparentemente pequeno ● Êmbolo paradoxal: Anomalias cardíacas congênitas associadas com uma comunicação patológica entre o lado direito e o lado esquerdo do coração, como defeito do septo atrial ou persistência do forame oval, podem permitir a passagem de material embólico da circulação venosa sistêmica para o cérebro. ● Mixoma atrial: Este distúrbio raro pode levar a embolização (produzindo AVC) ou obstrução do fluxo cardíaco (produzindo síncope). ● Próteses valvares cardíacas: Pacientes com próteses valvares cardíacas têm um risco aumentado de AVC embólico, que varia com a composição e a localização da valva. Distúrbios hematológicos ● Trombocitose: ocorre em distúrbios mieloproliferativos, em outras doenças neoplásicas ou infecciosas e após esplenectomia, e pode predispor AVC quando sua contagem de plaquetas for maior que 1000000 mm3 ● Policitemia: Policitemia com hematócrito acima de 46% está associada com redução do fluxo sanguíneocerebral e risco aumentado de AVC. ● Anemia falciforme: O AVC relacionado com a anemia falciforme geralmente afeta a artéria carótida interna intracraniana ou a artéria cerebral média ou cerebral anterior. A detecção de um aumento da velocidade do fluxo sanguíneo por Doppler transcraniano pode ajudar a identificar os indivíduos com risco de AVC. ● Leucocitose: Isquemia cerebral transitória tem sido relatada em associação com leucocitose, geralmente em pacientes com leucemia e uma contagem de leucócitos superior a 150.000/mm3. ● Estado de hipercoagulação: hiperviscosidade do soro por paraproteinemia (especialmente macroglobulinemia) é uma causa rara de isquemia cerebral focal. *tratamento com estrogênios, uso de contraceptivos orais, estados pós-parto ou pós-cirúrgicos, câncer, anticorpos antifosfolipídeo ou anticardiolipina e coagulopatias hereditárias CLASSIFICAÇÃO TOAST (rial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment) A classificação TOAST estabelece cinco subtipos de AVCI: 1) aterosclerose de grande artéria 2) cardioembolismo 3) oclusão de pequenos vasos 4) AVCI de outras etiologias determinadas 5) AVCI de etiologia indeterminada 6 Achados clínicos - Na história clínica inicial deve-se Identificar fatores que predispõem - A história deve abordar se o quadro clínico é de AIT, AVC em evolução ou AVC completo Fatores sugestivos de AVC trombótico: déficits neurológicos que pioram gradualmente; a oclusão pode ser precedida por vários AITs com sintomas idênticos. Em cerca de um terço desses pacientes, no entanto, o início do infarto é abrupto, sugerindo que uma embolização a partir de uma artéria extracraniana distal ou uma artéria intracraniana possa ser a causa do AVC. Características que sugerem AVC embólico : causa déficits neurológicos que ocorrem de modo abrupto, sem qualquer aviso, e que são máximos no início do quadro. Em muitos pacientes, a origem cardíaca dos êmbolos é sugerida por infarto cerebral multifocal, doença de valva cardíaca, cardiomegalia, arritmias ou endocardite. Principais sintomas associados → convulsões (acompanham o início de um AVC) e cefaleia → Exame físico geral: buscar uma causa sistêmica adjacente nesse sentido observamos: A pressão arterial deve ser medida para definir se existe hipertensão (o principal fator de risco para AVC). A comparação da pressão arterial e do pulso dos dois lados pode revelar diferenças relacionadas com doença aterosclerótica do arco da aorta ou coarctação da aorta O exame oftalmoscópico da retina pode mostrar evidências de embolização da circulação anterior, na forma de material embólico visível nos vasos sanguíneos retinianos O exame do pescoço pode revelar a ausência de pulsos carotídeos ou a presença de sopros carotídeos. No entanto, redução das pulsações da artéria carótida no pescoço é um indicador pobre de doença da artéria carótida interna. O exame cardíaco é essencial para detectar arritmias ou ruídos relacionados à doença valvar, sendo que ambos podem predispor a embolização cardiogênica e AVC A palpação das artérias temporais é útil para o diagnóstico de arterite de células gigantes, na qual os vasos podem ser sensíveis à dor, nodulares ou sem pulso. → Exame neurológico: 1. Déficits cognitivos: que indiquem lesões corticais na circulação anterior. *se existe uma afasia, o distúrbio subjacente não pode estar na circulação posterior e não é provável que represente um infarto lacunar. Isto também é verdadeiro para lesões no hemisfério não dominante, que produzem síndromes do lobo parietal como negligência unilateral ou apraxia construtiva. 2. Anormalidades do campo visual: excluem infarto lacunar, hemianopsia pode ocorrer com o envolvimento da artéria cerebral média ou posterior, que supre as radiações ópticas e o córtex visual primário, respectivamente. Uma hemianopsia isolada sugere infarto de artéria cerebral posterior, pois a hemianopsia decorrente de AVC da artéria cerebral média deve produzir déficits adicionais. 3. Paralisias oculares, nistagmo ou oftalmoplegia internuclear atribuem a lesão subjacente ao tronco cerebral e, assim, à circulação posterior. 4. A hemiparesia pode ser decorrente de lesões nas regiões corticais cerebrais supridas pela circulação anterior, vias motoras descendentes no tronco cerebral supridas pelo sistema vertebrobasilar, ou lacunas em locais subcorticais (coroa radiada, cápsula interna) ou em locais do tronco cerebral. *a hemiparesia que afeta a face, a mão ou o braço mais do que a perna é característica de lesões dentro da distribuição da artéria cerebral média. *A hemiparesia que não é seletiva no que diz respeito à face, ao braço e à perna é consistente com oclusão da artéria carótida interna ou do tronco da artéria cerebral média, infarto lacunar na cápsula interna ou nos núcleos da base, ou doença do tronco cerebral *Hemiparesia cruzada – ou seja, envolvendo a face de um lado e o resto do corpo do outro lado – significa que a anormalidade deve estar situada entre o nível do núcleo do nervo facial (VII) e a ponte e a decussação das pirâmides na medula. 5. Déficits sensoriais corticais como astereognosia ou agrafestesia com preservação das modalidades sensoriais primárias implica um déficit cortical cerebral dentro do território da artéria cerebral média. *Déficits hemissensoriais isolados, sem envolvimento motor associado, geralmente têm origem lacunar. *Déficits sensoriais cruzados resultam de lesões no tronco cerebral na medula, como aqueles observados na síndrome medular lateral 6. A hemiataxia geralmente indica lesão no tronco cerebral ipsilateral ou no cerebelo, mas também pode ser produzida por um AVC lacunar na cápsula interna 7 Investigação Exames de sangue - Identificar causas tratáveis do AVC - Excluir causas que mimetizam o AVC (hipoglicemia ou hiperglicemia) Hemograma completo: trombocitose, policitemia, anemia falciforme ou leucocitose, ou ainda infecção concomitante. Marcadores inflamatórios: VHS aumentado, Proteína C-reativa elevada Ensaio sorológico para sífilis, Glicemia, Lipidograma ECG - Detectar possível IAM - Arritmias cardíacas Punção lombar - Excluir hemorragia subaracnóidea (Xantocromia e hemácias) - Documentar sífilis meningovascular TC ou RM - Distinguir causa hemorrágica e isquêmica - TC sem contraste sempre é preferível (sensibilidade limitada nas primeira 6 horas) - RM tem maior sensibilidade em infartos isquêmicos precoces - RM ponderada por difusão (maior sensibilidade, nas primeiras 12 hrs- movimento da água), delineia o núcleo isquêmico. - RM ponderada por perfusão, calculando o fluxo sanguíneo cerebral, prevendo a extensão total da hipoperfusão. - Relação entre os dois tipos de RM faz uma interação entre- difusão-perfusão, apresentando o tecido em risco de infarto Exames vasculares de imagem - Angiografia de subtração digital - USG de doppler - Angiorressonância magnética - Angiotomografia Ecocardiograma - A ecocardiografia pode ser útil para demonstrar as lesões cardíacas responsáveis por AVC embólico em pacientes com trombo mural, doença valvar ou mixoma atrial, por exemplo. EEG - Muito difícil de ser utilizado, mas é útil para diferenciar distúrbio convulsivo e AITs ou entre infartos lacunares e infartos corticais. Acidentevascular transitório (AIT) Como o nome já diz tem origem isquêmica, e surge por uma determinado espaço de tempo, com duração inferior a 24 h. As causas de AIT são semelhantes às causas de AVE, mas como os AIT podem anunciar AVE, são um fator de risco importante que deve ser considerado em separado. Etiologia Os fatores de risco modificáveis incluem: - Alcoolismo - Hipertensão - Tabagismo - Dislipidemia - Diabetes - Resistência à insulina - Obesidade - Falta de atividade física - Dieta de alto risco - Estresse psicossocial - Doenças cardíacas (Uso de determinadas drogas (p. ex., cocaína, anfetamina) - Hipercoagulabilidade - Vasculite Fisiopatologia Existe mais de um mecanismo de AIT. (1) Nos casos de estenose acentuada da artéria carótida ou do sistema vertebrobasilar, a causa da isquemia transitória pode ser o baixo fluxo distal; esses AIT costumam ser curtos e estereotipados , cursando com episódios repetidos da mesma síndrome. Os AIT desse tipo hemodinâmico podem ocorrer somente em postura ortostática ou durante hipotensão transitória ou arritmia cardíaca . (2) Quando são causados por embolia, os AIT podem ser mais duradouros , pois o êmbolo provoca a oclusão transitória de um ramo arterial distal antes que haja dissolução espontânea. Com menor frequência, a oclusão permanente de pequenos vasos, com evidência de um pequeno infarto (“infarto cerebral com sintomas transitórios”). (3) Os AIT de pequenos vasos podem ser consequência de lipohialinose e arteriolosclerose de pequenos vasos penetrantes, como os ramos lenticulo estriados da artéria cerebral média, ou perfurantes das artérias vertebral e basilar. A dissecção arterial intracraniana ou extracraniana pode causar comprometimento hemodinâmico ou embolia. (4) Os AIT também foram associados a hiperviscosidade – policitemia, anemia falciforme e trombocitemia, além de trombose venosa cerebral, endocardite bacteriana e arterite temporal – e podem desaparecer com a correção desses distúrbios subjacentes. (5) Os AIT em usuários de cocaína podem ser consequência de vasoespasmo cerebral induzido por drogas. Manifestações clínicas Os sintomas variam com o território arterial acometido . A cegueira monocular transitória (CMT ou amaurose fugaz) causada por isquemia no território da artéria central da retina é caracterizada por turvação ou escurecimento da visão, cujo auge é alcançado em alguns segundos (às vezes, como se descesse uma cortina) e geralmente desaparece em minutos. Diagnóstico O diagnóstico de AIT pode ser difícil quando os sintomas são ambíguos. O diagnóstico diferencial de AIT abrange enxaqueca, arritmia cardíaca, crises epilépticas, hipoglicemia, neuropatia compressiva, conversão e neurose. A ocorrência de múltiplos déficits focais atuais estereotipados com recuperação completa entre os eventos deve levantar, em particular, a suspeita de crises epilépticas focais recorrentes. Prognóstico Os AIT autênticos estão associados a alto risco de AVE subsequente. O melhor instrumento validado para avaliar o risco de AVE após AIT é a escala “ABCD2” , na qual se atribuem pontos a fatores de risco específicos e características de apresentação do AIT, com pontuação que varia de 0 a 7. A pontuação maior indica maior risco de AVE em 90 dias . Para cada pontuação, o risco de AVE subsequente é reiteradamente maior se houver um infarto agudo identificado por TC ou RM associado à síndrome. O risco global de AVE, infarto do miocárdio e morte vascular continua alto durante no mínimo 10 a 15 anos em pacientes com história de AIT. ABCD2 8 AVE hemorrágico Se apresentar de 2 formas: Hemorragia Intraparenquimatosa / intracerebra l (HIP) ou Hemorragia Subaracnóidea (HSA). A hemorragia intraparenquimatosa é causada pela ruptura de pequenas artérias perfurantes , ocasionando sangramento dentro do parênquima cerebral , provocando um edema/inchaço nas estruturas locais que levará à lesão neurológica. O principal fator de risco associado aqui é a hipertensão arterial sistêmica . Fisiopatologia Geralmente resulta de ruptura espontânea de uma pequena artéria penetrante profunda do cérebro. Os locais mais comuns são os núcleos da base (especialmente o putame), o tálamo, o cerebelo e a ponte . As artérias pequenas nessas áreas parecem ser mais propensas a lesão vascular induzida por hipertensão . A hemorragia pode ser pequena, ou um coágulo grande pode formar-se e comprimir o tecido adjacente, causando herniação ( é uma sequela catastrófica do aumento da pressão intracraniana ou efeito de massa de lesões intracranianas ) e morte. O sangue pode dissectar até o espaço ventricular, o que aumenta substancialmente a morbidade e pode causar hidrocefalia. A ruptura arterial abrupta acarreta o rápido acúmulo de sangue no parênquima encefálico e aumento da pressão tecidual local, seguidos por início abrupto de forças de cisalhamento e destruição física . Além do relativo efeito expansivo, o próprio hematoma induz três alterações fisiopatológicas iniciais no tecido encefálico adjacente: (1) morte neuronal e de células gliais por apoptose e inflamação (2) edema vasogênico (3) ruptura da barreira hematencefálica (BHE). A expansão do hematoma é uma importante causa de deterioração neurológica precoce, e o volume da hemorragia é um potente preditor de desfecho. Um hematoma expansivo pode ser causado por sangramento persistente e/ou recidiva do sangramento por ruptura de somente uma arteríola. O edema em torno da hemorragia pode ser produzido por mediadores inflamatórios locais e sistêmicos que promovem, direta ou indiretamente , lesão tecidual pela ativação de leucócitos, geração de prostaglandinas e leucotrienos, além da ativação do complemento. Em parte, o sangue intracerebral é diretamente responsável pela ocorrência de edema local, vasogênico. Patologia→ se origina em áreas de predileção que correspondem a ramos arteriais penetrantes longos, juntamente com necrose fibrinoide ; aneurismas de Charcot-Bouchard são encontrados na necropsia. Na fase aguda, após uma hemorragia intracerebral, existe edema ao redor do hematoma e, frequentemente, deslocamento de estruturas cerebrais adjacentes , além de apagamento ventricular. Na fase crônica, a única anormalidade pode ser um defeito em fenda, correspondente ao hematoma reabsorvido , circundado de margens pigmentadas contendo macrófagos carregados de hemossiderina. - Pressão abaixo de 60 mmHg, as alterações regulatórias de calibre das artérias não podem compensar a redução da pressão de perfusão, levando a confusão, vertigens e escurecimento visual. - Pressões sanguíneas acima do limite superior da autorregulação de 150 a 200 mmHg, o fluxo cerebral aumenta e pode produzir encefalopatia hipertensiva. - Em indivíduos cronicamente hipertensos, a curva de autorregulação está deslocada; isso pode ser decorrente de danos às pequenas paredes arteriais. O limite inferior da variação autorreguladora aumenta ; assim, o fluxo sanguíneo cerebral diminui quando a pressão arterial média cai para menos do que cerca de 120 mmHg. Isto tornaa redução acentuada da pressão arterial – em especial para níveis hipotensos – potencialmente perigosa. - A hipertensão crônica parece promover alterações estruturais nas paredes das pequenas artérias cerebrais - penetrantes e nas arteríolas, consistindo em necrose fibrinóide (algumas vezes denominada lipo-hialinose) e aneurismas miliares (Charcot-Bochard) - Hemorragias hipertensivas causam compressão em vez de destruição do tecido cerebral adjacente, resultando em redução da perfusão e do metabolismo da região ao redor do hematoma. Manifestações clínicas O início em sua grande maioria é abrupto de um déficit neurológico focal . Crises epilépticas são incomuns. Geralmente, o déficit focal piora de maneira contínua durante 30 a 90 minutos e está associado em nível de consciência decrescente e sinais de HIC, como cefaleia e vômitos. O putame é o local mais comum de hemorragia hipertensiva, e a cápsula interna adjacente geralmente é lesionada. Portanto, hemiparesia contralateral é o sinal sentinela . Quando leve, a face enfraquece em um lado durante 5 a 30 minutos, a fala torna-se incompreensível , o braço e a perna enfraquecem gradualmente e os olhos desviam-se para o lado oposto da hemiparesia. Quando as hemorragias são grandes, a sonolência leva ao estupor à medida que surgem sinais de compressão do tronco encefálico superior. Sobrevém coma, acompanhado de respiração profunda, irregular e intermitente, pupila ipsilateral dilatada e fixa e rigidez de descerebração . Nos casos mais leves, o edema no tecido cerebral adjacente pode causar deterioração progressiva ao longo de 12 a 72 horas. As hemorragias talâmicas também produzem hemiplegia ou hemiparesia contralateral por compressão ou dissecção até a cápsula interna adjacente . Afasia, frequentemente com repetição preservada, pode ocorrer após hemorragia no tálamo dominante, e apraxia construcional ou mutismo ocorre em alguns casos de hemorragia não dominante. Também pode haver um defeito dos campos visuais homônimos. Perturbações oculares incluem desvio dos olhos para baixo e para dentro, de modo que eles parecem estar olhando para o nariz, pupilas anisocóricas com ausência da reação dos vasos após trombectomia bem-sucedida 8 h depois do início dos sintomas de AVE. Nas hemorragias pontinas , geralmente ocorre coma profundo com tetraplegia em questão de minutos. Com frequência, descerebração proeminente e pupilas "puntiformes" que reagem à luz. Há comprometimento dos movimentos oculares horizontais reflexos suscitados por rotação da cabeça . Hiperpneia, hipertensão arterial grave e sudorese excessiva são comuns. A morte com frequência ocorre em algumas horas, mas pequenas hemorragias são compatíveis com a sobrevida . As hemorragias cerebelares costumam desenvolver-se ao longo de várias horas e se caracterizam por cefaleia occipital, vômitos repetidos e ataxia da marcha . Nos casos leves, pode não haver outros sinais neurológicos além de ataxia da marcha. A tontura ou vertigem pode ser proeminente. Com frequência há paresia do olhar lateral conjugado em direção ao lado da hemorragia, desvio forçado dos olhos para o lado oposto, ou paralisia do sexto nervo ipsilateral. Sinais oculares menos frequentes incluem blefarospasmo, fechamento involuntário de um olho, oscilação ocular e desvio assimétrico. Podem ocorrer disartria e disfagia. Já a hemorragia subaracnóidea , normalmente está muito relacionada à ruptura de aneurismas e malformações arteriovenosas e acarreta em sangramento no espaço subaracnóideo. Fisiopatologia Os aneurismas saculares ocorrem com maior frequência no círculo arterial do cérebro (círculo de Willis) ou em seus principais ramos, sobretudo nas bifurcações. Eles se originam na região de deficiência da lâmina elástica arterial e da túnica média e tendem a aumentar com a idade. A parede do aneurisma típico é formada apenas por túnica íntima e túnica adventícia e pode tornar-se fina como papel. Muitos aneurismas, em especial aqueles que se rompem, são irregulares e multilobulados, e os aneurismas maiores podem ser parcial ou totalmente preenchidos por um coágulo organizado, que às vezes é calcificado. Em geral, a ruptura ocorre na cúpula do aneurisma. A probabilidade de ruptura aumenta com o tamanho do aneurisma, que é maior naqueles com tamanho superior a 3 ou 5 mm. Dos diversos fatores ambientais capazes de predispor à hemorragia subaracnóidea aneurismática, o tabagismo, a hipertensão e o consumo excessivo de álcool parecem constituir a maior ameaça. Manifestações clínicas Os sinais e sintomas de aneurisma cerebral são divididos em duas fases: aqueles que se apresentam antes da ruptura e do sangramento e aqueles que se manifestam após a ruptura e o sangramento. A maioria dos aneurismas pequenos é assintomática. Aproximadamente de 10 a 20% dos indivíduos com hemorragia subaracnóidea têm histórico de cefaleias atípicas que dão indício dias ou semanas antes do aparecimento da hemorragia, sugerindo um pequeno extravasamento .Esse tipo de cefaleia se caracteriza por manifestação súbita e muitas vezes são acompanhadas por náuseas, vômitos e tonturas . O início da ruptura do aneurisma subaracnóideo é anunciado por uma cefaleia súbita e grave. Se o sangramento é grave, a cefaleia pode vir acompanhada por um colapso com perda de consciência . Vômitos podem acompanhar os sintomas apresentados. Outras manifestações incluem sinais de irritação meníngea, como rigidez da nuca e fotofobia (intolerância à luz) ; déficits de nervos cranianos , especialmente os nervos cranianos II e, algumas vezes, os pares III e IV (diplopia e borramento visual) ; síndromes de AVE (déficits focais motores e sensoriais) ; edema cerebral e aumento da pressão intracraniana; e disfunção hipofisária (diabetes insípido e hiponatremia) . Hipertensão, um achado frequente, e arritmias cardíacas resultam da liberação maciça de catecolaminas desencadeada pela hemorragia subaracnóidea . Diagnóstico O diagnóstico de hemorragia subaracnoide e de aneurisma intracraniano é estabelecido por apresentação clínica; TC sem contraste; punção lombar, se o resultado de TC é normal, mas existe forte suspeita de HSA; e angiografia.Para identificar o aneurisma na fonte de sangramento, devem ser solicitadas angiografia convencional, angiografia por ressonância magnética (ARM) e angiografia por tomografia computadorizada (ATC) helicoidal (espiral). A angiografia convencional por cateter é a ferramenta de diagnóstico definitivo para a detecção do aneurisma. ARM é uma modalidade não invasiva e não requer a administração intravenosa de contraste, porém tem menor sensibilidade. ATC helicoidal exige a administração intravenosa de um agente de contraste, mas pode ser usada em indivíduos após a clipagem do aneurisma, quando a realização de exames por ressonância magnética pode ser contraindicada.