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Carla Bertelli – 5° Período Acidente Vascular Encefálico 1. Revisar a do Encéfalo, Tronco Encefálico e Medula, e sua vascularização. 2. Compreender a epidemiologia, etiologia, çõ í e fatores de risco do Acidente Vascular Encefálico, diferenciando o Isquêmico do Hemorrágico 3. Entender o ó do AVE em situações de emergência, e a sua conduta. Neuroanatomia & Neurofisiologia Os hemisférios cerebrais desenvolvem-se a partir do telencéfalo e formam a maior parte do encéfalo. Cada hemisfério possui uma cobertura de substância cinzenta, o córtex, e massas internas de substância cinzenta, os núcleos da base e um ventrículo lateral. O encéfalo adulto é formado por quatro partes principais: tronco encefálico, cerebelo, diencéfalo e telencéfalo O tronco encefálico é contínuo com a medula espinal e é composto pelo bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo. Posteriormente ao tronco encefálico se encontra o cerebelo. Superiormente ao tronco encefálico se localiza o diencéfalo, formado pelo tálamo, pelo hipotálamo e pelo epitálamo. Apoiado no diencéfalo está o telencéfalo (cérebro), a maior parte do encéfalo. Tronco Encefálico Contínuo com a parte superior da medula espinal, forma a parte inferior do tronco encefálico. A substância branca do bulbo contém todos os tratos sensitivos e motores que se projetam entre a medula espinal e outras partes do encéfalo. Parte da substância branca forma protrusões na parte anterior do bulbo. Estas protrusões, chamadas de â são formadas pelos tratos corticospinais e são responsáveis pelos movimentos voluntários dos membros e troncos. Logo acima da junção do bulbo com a medula espinal, 90% dos axônios da pirâmide esquerda cruzam para o lado direito, e 90% dos axônios da pirâmide direita cruzam para o lado esquerdo. Este cruzamento é conhecido como çã â e explica por que cada lado do encéfalo é responsável pelos movimentos voluntários do lado oposto do corpo. Apresenta diversos núcleos (agrupamentos de corpos celulares neuronais no SNC), alguns controlam funções vitais, como o centro cardiovascular e o centro respiratório bulbar. Sem esquecer também do centro do vômito, e o centro da deglutição. Lateralmente a cada pirâmide encontra-se uma protuberância oval chamada de oliva. Na oliva se localiza o núcleo olivar inferior, que recebe eferências do córtex cerebral, do núcleo rubro do mesencéfalo e da medula espinal. Os núcleos associados a tato, pressão, vibração e propriocepção consciente estão localizados na região posterior do bulbo: são os ú á Os axônios sensitivos ascendentes dos í á que são dois tratos localizados nas colunas posteriores da medula espinal, fazem sinapses nestes núcleos Na sequência, os neurônios pós-sinápticos transmitem as informações sensitivas para o tálamo do lado oposto. Os axônios ascendem até o tálamo em uma faixa de substância branca chamada de lemnisco medial, que se estende por todo o tronco encefálico. Os tratos das colunas posteriores e os axônios do lemnisco medial são chamados conjuntamente de via do funículo posterior e do lemnisco medial. O bulbo também apresenta núcleos que compõem as vias sensitivas responsáveis pela gustação, pela audição e pelo equilíbrio – Núcleo gustativo, núcleos coleares e núcleos vestibulares Acidente Vascular Encefálico Carla Bertelli – 5° Período Acima do bulbo e anterior ao cerebelo. Formada por núcleos e tratos. Alguns axônios pontinos conectam os lados direito e esquerdo do cerebelo. Outros fazem parte de tratos sensitivos ascendentes e de tratos motores descendentes. A ponte é dividida em duas estruturas principais: uma região ventral e outra dorsal. A região ventral da ponte forma uma grande estação de transmissão sináptica composta por centros dispersos de substância cinzenta conhecidos como núcleos pontinos. A região dorsal da ponte é semelhante às demais regiões do tronco encefálico – bulbo e mesencéfalo. Ela contém tratos ascendentes e descendentes e núcleos de nervos cranianos. – Da ponte ao diencéfalo. O aqueduto do mesencéfalo (aqueduto de Silvio) passa pelo mesencéfalo, conectando o terceiro ventrículo (acima) com o quarto ventrículo (abaixo). Da mesma forma que o bulbo e a ponte, o mesencéfalo contém núcleos e tratos O mesencéfalo contém vários outros núcleos, incluindo a substância negra esquerda e direita, que é grande e apresenta pigmentação escura. Os núcleos rubros esquerdo e direito também se encontram no mesencéfalo e parecem avermelhados devido a sua farta irrigação sanguínea e à pigmentação rica em ferro presente em seus corpos celulares neuronais. Axônios do cerebelo e do córtex cerebral fazem sinapses nos núcleos rubros, que ajudam no controle dos movimentos musculares. Cerebelo Assim como o telencéfalo (cérebro), o cerebelo tem uma superfície com vários giros que aumenta muito a área do córtex (substância cinzenta), permitindo a presença de um número maior de neurônios. Ele é responsável por cerca de um décimo da massa encefálica, embora contenha quase a metade dos neurônios de todo o encéfalo. Um grande sulco conhecido como fissura transversa do cérebro, junto com o tentório do cerebelo – que sustenta a parte posterior do telencéfalo (cérebro) – separa o cerebelo do telencéfalo (cérebro) Nas vistas superior e inferior, o cerebelo tem um formato que lembra o de uma borboleta. A área central menor é conhecida como verme do cerebelo, e as “asas” ou lobos laterais, como hemisférios do cerebelo Cada hemisfério é composto por lobos separados por profundas e distintas fissuras. Os lobos anterior e posterior controlam aspectos subconscientes dos movimentos da musculatura esquelética. O lobo floculonodular da parte inferior contribui com o equilíbrio. Diencéfalo Constituído pelo terceiro ventrículo e pelas estruturas que formam seus limites. Estende-se posteriormente até o ponto onde o terceiro ventrículo se torna contínuo ao aqueduto do mesencéfalo, e anteriormente, até os formas intraventriculares. É uma estrutura de linha mediana, com metades direita e esquerda simétricas. Naturalmente, essas subdivisões do encéfalo são criadas por conveniência e do ponto de vista funcional, as fibras nervosas cruzam livremente os limites, A do diencéfalo é a única área exposta à superfície no encéfalo intacto. É formado pelo hipotálamo, quiasma óptico, com o trato óptico de cada lado, o infundíbulo com o tuber cinéro e os corpos mamilares é oculta pelo fórnice, que consiste em um feixe espesso de fibras que se origina no hipocampo do lobo temporal e forma um arco posterior sobre o tálamo para se unir ao corpo mamilar. A do diencéfalo é formada pelo teto do terceiro ventrículo. A partir do teto do terceiro ventrículo, um par de processos vasculares, os plexos corióideos do terceiro ventrículo, projeta-se para baixo a partir da linha mediana dentro da cavidade do terceiro ventrículo. Face Lateral: Delimitada pela cápsula interna da substância branca e consiste em fibras nervosas que conectam o córtex cerebral com outras partes do tronco encefálico e medula espinal Como o diencéfalo é dividido em metades simétricas pelo terceiro ventrículo em forma de fenda, ele também possui uma face medial. A face medial do diencéfalo é formada, em sua parte posterior, pela face medial Carla Bertelli – 5° Período do tálamo e, em sua parte inferior, pelo hipotálamo. Essas duas áreas são separadas uma da outra por um sulco superficial, o sulco hipotalâmico. Um feixe de fibras nervosas, que consiste em fibras aferentes para o núcleo habenular, forma uma crista ao longoda margem superior da face medial do diencéfalo e é designado como estria medular do tálamo O diencéfalo pode ser dividido em 4 partes principais: tálamo, subtálamo, epitálamo e hipotálamo • á – Grande massa ovoide de substância cinzenta que forma a parte principal do diencéfalo. Região de grande importância funcional que atua como estação celular para todos os principais sistemas sensitivos (com exceção da via olfatória). As atividades do tálamo estão estreitamente relacionadas com as do córtex cerebral, e a ocorrência de dano ao tálamo produz grande perda da função cerebral. • á – Inferiormente ao tálamo. Entre as coleções de células nervosas encontradas no subtálamo, destacam-se as extremidades cranianas dos núcleos rubros e da substância negra. O núcleo subtalâmico tem o formato de uma lente biconvexa. O núcleo possui conexões importantes com o corpo estriado e, consequentemente, está envolvido no controle da atividade muscular. O subtálamo também contém muitos tratos importantes, que ascendem a partir do tegmento até os núcleos talâmicos; as extremidades cranianas dos lemniscos medial, espinal e trigeminal são exemplos. • á – Constituído por núcleos habenulares (pequeno grupo de neurônios, acredita-se que o núcleo habenular seja um centro de integração das vias aferentes olfatórias, viscerais e somáticas.) e suas conexões, e a glândula pineal (estrutura cônica e pequena, não possui células nervosas, porém fibras simpáticas adrenérgicas derivadas dos gânglios simpáticos cervicais superiores que entram na glândula e seguem o seu trajeto em associação aos vasos sanguíneos e pinealócitos, tem uma importante função endócrina) • á – Se estende da região do quiasma óptico até a margem caudal dos corpos mamilares. O hipotálamo controla e integra as funções do sistema nervoso autônomo e do sistema endócrino, Carla Bertelli – 5° Período e desempenha uma função vital na manutenção da homeostasia corporal. O hipotálamo está envolvido em diversas atividades, como regulação da temperatura corporal, líquidos corporais, impulsos para se alimentar e beber, comportamento sexual e emoção. Telencéfalo O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais e a lâmina terminal situada na porção anterior do III ventrículo. Os dois hemisférios, afastados pela fissura longitudinal, são unidos por uma larga faixa de fibras comissurais, o corpo caloso. Uma segunda prega horizontal da dura-máter separa os hemisférios cerebrais do cerebelo e é denominada tentório do cerebelo. A superfície do cérebro, córtex cerebral, apresenta depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros cerebrais. Os sulcos mais importantes dos hemisférios cerebrais são o sulco lateral (de Sylvius) e o sulco central (de Rolando). Os sulcos ajudam a delimitar os lobos cerebrais, que recebem o nome de acordo com a sua localização em relação aos ossos do crânio: frontal, temporal, parietal e occipital. Lobos Frontal – 3 sulcos principais: pré central, frontal superior e o frontal inferior. Entre o sulco central e sulco pré central, está o giro pré central, onde se localiza a principal área motora do cérebro. Além desse importante giro, o lobo frontal possui os giros frontal superior, frontal médio e frontal inferior. O giro frontal inferior do hemisfério cerebral esquerdo é denominado giro de Broca, e aí se localiza, na maior parte das pessoas, uma das áreas de linguagem do cérebro. Além disso, o giro frontal inferior pode ser dividido em três partes: orbital, triangular e opercular. Temporal – Dois sulcos principais: temporal superior e temporal inferior. Neste lobo, evidencia-se a área da audição localizada no giro temporal transverso anterior, que é a porção posterior do giro temporal superior, visível afastando-se os lábios do sulco lateral. Os giros existentes no lobo temporal são giro temporal superior, giro temporal médio, giro temporal inferior e giros temporais transversos. Parietal – 2 sulcos principais: pós central e intraparietal. Além disso, possui 3 giros: pós-central, supramarginal e angular. O giro pós central fica entre os sulcos central e pós-central, onde se localiza uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex, a área somestésica. Occipital – se localiza na face dorsolateral do cérebro, ocupando uma área pequena. Apresenta giros e sulcos irregulares. Este lobo cerebral é o de menor crescimento durante o desenvolvimento, por isso fica recoberto pelos lobos vizinhos (frontal, temporal e parietal). Apresenta alguns sulcos e giros, dentre eles: sulco circular da ínsula, sulco central da ínsula, giros curtos e giro longo da ínsula. Carla Bertelli – 5° Período Substância Cinzenta Forma o córtex cerebral, região externa do telencéfalo. Ela se desenvolveu mais rapidamente durante sua evolução embrionária, mais do que a branca, formando giros e circunvoluções. Substância Branca Formada basicamente por axônios mielinizados em 3 tipos de tratos: • Fibras de Associação – Axônios que conduzem a informação para os giros do mesmo hemisfério • Fibras Comissurais – Axônios que conduzem impulsos de giros de um hemisfério cerebral para o giro correspondente em outro hemisfério • Fibras de Projeção – Axônios que conduzem impulsos do telencéfalo para tálamo, tronco encefálico e medula espinal Núcleos da Base • á – Regulação do tônus Muscular • Putame • Núcleo Caudado – Antecipa movimentos corporais • Claustro Globo Pálido + Putâme – Núcleo Lentiforme Núcleo Lentiforme + Caudado – Corpo Estriado Os núcleos da base recebem aferências do córtex cerebral e geram eferencias para as partes motoras do córtex por meio dos núcleos mediais e ventrais do tálamo..uma das funções destes núcleos e auxiliar a regulação do início e do término dos movimentos Sistema Límbico • Giro do Cíngulo • Giro Para-Hipocampal • Giro Denteado • Corpo Amigdaloide Carla Bertelli – 5° Período Organização Funcional do Córtex Cerebral São as áreas de Brodman Áreas Sensitivas Á á – Recebe impulsos do tato, pressão, vibração, prurido, cócegas, temperatura, dor e propriocepção Á á – Percepção Visual Á á – Percepção Auditiva Á á – Percepção gustativa e discriminação de gostos Á ó á – Percepção Olfatória Áreas Motoras Á á – Controle das contrações musculares voluntárias específicas Á – Motricidade da Fala Áreas Associativas Á çã – Determinar a forma, textura de objetos. Armazenamento de experiências sensitivas somáticas Á çã – Relaciona experiências visuais presentes com as anteriores Á çã – Armazena informações sobre expressões faciais Á çã – Reconhecimento de som específico ó – Discriminar odores Á – Ordenação do pensamento na construção de frases Á – Formação de pensamentos baseados em interpretações sensitivas ó é – Formação da personalidade, inteligência, capacidade de aprendizado, consciência, humor, planejamento futuro Á é – Atividades motoras adquiridas e complexas Á – Controla movimentos oculares de perseguição Vascularização Encefálica O encéfalo é vascularizado através de dois sistemas principais vertebro-basilar (artérias vertebrais) e carotídeo (artérias carótidas interna). Na base do crânio essas artérias vão um polígono anastomótico chamado de Polígono de Willis, de onde saem as principais artérias para vascularização cerebral. O encéfalo é vascularizado pelos sistemas CarotídeoInterno e Vértebro-Basilar. Após penetrar no encéfalo pelo canal carotídeo do osso temporal, a artéria carótida Interna atravessa o Seio Cavernoso e emite dois ramos terminais (artéria cerebral anterior e artéria cerebral média) + 4 ramos colaterais (artéria oftálmica, hipofisária, caróidea anterior e comunicante posterior) Carla Bertelli – 5° Período As duas Artérias Cerebrais Anteriores estão interligadas pela artéria comunicante anterior no polígono de Willys, um sistema arterial anastomótico na base do encéfalo, formado pelos ramos da artéria carótida interna e vertebral. Já as artérias vertebrais penetram no encéfalo através do forame magno, seguem pela porção anterior do bulbo e do sulco bulbo-pontino e se unem para formar a Artéria Basilar As artérias vertebrais originam também as artérias cerebelares inferiores posteriores e a basilar origina as artérias cerebelares superiores e cerebelares inferiores anteriores e a artéria do labirinto. A artéria basilar forma ainda duas artérias cerebrais posteriores, que se ligam à carótida interna através das comunicantes posteriores. A circulação anterior do cérebro (artérias cerebrais anterior e média) irriga a área dos olhos, núcleos da base, parte do hipotálamo, lobos frontal e parietal e grande parte do lobo temporal. Já a circulação posterior (artéria cerebral posterior) irriga o tronco encefálico, cerebelo, parte interna da orelha, lobo occipital, tálamo, parte do hipotálamo e uma pequena parte do lobo temporal Artéria Carótida Interna A artéria carótida interna (ACI) se origina da artéria carótida comum, que se bifurca na altura da cartilagem tireóidea em artéria carótida interna e externa. A ACI pode ser dividida e 4 porções: cervical, petrosa, cavernosa e cerebral. Ela entra no crânio pelo canal carotídeo (ou carótico) em sua porção petrosa do osso temporal. Posteriormente, no início do sulco lateral. divide- se em dois ramos terminais: as artérias cerebrais média e cerebrais anteriores. çã : a artéria carótida interna, quando bloqueada pode levar a morte cerebral irreversível. Um entupimento da artéria carótida é uma ocorrência séria, e, infelizmente, comum. Clinicamente, as artérias carótidas internas e seus ramos são frequentemente referidos como a circulação anterior do encéfalo. Além dos ramos terminais da ACI, (cerebrais média e anterior), também temos os ramos (após perfurar a dura-máter): Artéria Oftálmica: irriga o nervo óptico e a retina (artéria central da retina) Artéria Comunicante Posterior: anastomosa-se com a artéria cerebral posterior (ramo da basilar) e contribui para a formação do polígono de Willis. Irriga o joelho e parte anterior do ramo posterior da cápsula interna, parte anterior do tálamo e partes do hipotálamo e subtálamo. Artéria Caroidea Anterior: vai para a porção posterior, ao longo do trato óptico e penetra no corno inferior do ventrículo lateral. Irriga o trato óptico, pedúnculos cerebrais, corpo geniculado lateral, parte posterior da cápsula interna, cauda do núcleo caudado, corpo amigdaloide e parte anterior do hipocampo e o plexo coróide do corno temporal. Artéria Cerebral Média: os ramos terminais ou corticais (frontais, temporais e parietais) irrigam a maior parte da face supero-lateral do hemisfério e os ramos centrais ou perfurantes irrigam partes principais do núcleo caudado, putame, globo pálido, cápsula interna e tálamo (artérias centrais ântero-laterais ou lenticuloestriadas). Artéria Cerebral Anterior: irriga o ramo anterior e joelho da cápsula interna, partes da cabeça do núcleo caudado, putame rostral e globo pálido (estriada distal medial), giros orbitais e a área septal (frontobasal medial), polo frontal (polar frontal) e pré-cúneo (pericalosa). Artéria Vertebral Já as artérias vertebrais originam-se da porção proximal das artérias subclávias, sendo seu primeiro ramo de cada lado. Ascendem no pescoço passando pelos forames transversos das seis primeiras vértebras cervicais, perfuram a membrana atlanto-occipital, a dura-máter e a aracnoide, penetrando no crânio pelo forame magno. Posteriormente percorrem a face ventral do bulbo e, aproximadamente ao nível do sulco bulbo- pontino, fundem-se para formar um tronco único, a artéria basilar. As artérias vertebrais originam ainda as: • Artérias espinhais anterior e posterior: que fazem a vascularização medular • Cerebelares inferoposteriores direita e esquerda: irrigam a porção posterior e inferior do cerebelo. assim como a área lateral do bulbo A artéria basilar percorre o sulco basilar da ponte e termina anteriormente, bifurcando-se para formar as artérias cerebrais posteriores direita e esquerda. A artéria Carla Bertelli – 5° Período basilar dá origem, além das cerebrais posteriores, às seguintes artérias: • Cerebelar superior; • Cerebelar inferior anterior • Artéria do labirinto: penetra no meato acústico interno com os nervos facial e vestibulococlear, vascularizando estruturas do ouvido interno Suprindo assim áreas do encéfalo ao redor do tronco encefálico e cerebelo. O sistema vértebro-basilar e seus ramos são frequentemente referidos clinicamente como a circulação posterior do encéfalo. Polígono de Willis O círculo arterial do cérebro ou o polígono de Willis é uma anastomose arterial situado na base do cérebro, que circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo. Do polígono de Willis saem as principais artérias para a vascularização cerebral, pois emitirá diversos ramos arteriais e ramos perfurantes que vascularizarão o diencéfalo. Ele é formado pelas: • Porções proximais das cerebrais anterior, artérias média e posterior • Artéria comunicante anterior • Artérias comunicantes posteriores direita e esquerda. Além do sistema anastomótico do polígono de Willis, um outro sistema é observado na superfície dos hemisférios cerebrais, formado pelas três artérias cerebrais (principais ramos que irrigam o cérebro): é um dos ramos da bifurcação da carótida interna. Faz seu trajeto na face medial dos hemisférios cerebrais, dirigindo-se rostral e dorsalmente. Curva-se em torno do joelho do corpo caloso e seus ramos estendem-se desde o lobo frontal até o sulco parietoccipital. Também irrigam a parte do giro pré e pós central, responsáveis pela inervação da região da perna e pé. A obstrução de dela causa sintomas como paralisia e diminuição da sensibilidade no membro inferior do lado oposto, visto que é uma lesão das áreas cortico-motora e sensitiva que correspondência perna. é é volta-se posteriormente e cursa na fissura lateral. distribuindo ramos para toda superfície lateral do cérebro, com exceção do lobo occipital e uma estreita faixa inferior no lobo temporal. É o ramo principal da carótida interna e suprem o estriado e parte do globo pálido, o córtex insular e parte dos lobos frontal, parietal e temporal. Nestas regiões encontramos o córtex motor, córtex sensitivo e centro da fala. Uma obstrução nessa artéria causa paralisia e diminuição da sensibilidade do lado oposto do corpo (exceto no membro inferior) e podendo haver graves distúrbios da linguagem. é : ramos da bifurcação da artéria basilar, irrigando o córtex visual localizado no lobo occipital, tálamo, mesencéfalo e as áreas caudais e basais do lobo temporal e do hipocampo. Sua obstrução causa cegueira em uma parte do campo visual Carla Bertelli – 5° Período Introdução Acidente vascular encefálico (AVE) é a síndrome de déficit neurológico focal agudo causadapor um distúrbio vascular que danifica o tecido encefálico. Existem dois tipos principais de AVE: isquêmico e hemorrágico. O AVE isquêmico é causado por uma interrupção do fluxo sanguíneo em um vaso cerebral e constitui o tipo mais comum, representando 87%. O AVE hemorrágico geralmente se desenvolve a partir de uma ruptura dos vasos sanguíneos causada por hipertensão, aneurisma ou malformação arteriovenosa e tem uma taxa de mortalidade muito mais alta do que o acidente vascular encefálico isquêmico. Fatores de Risco Idade, sexo, raça, AVE prévio, histórico familiar, hipertensão, tabagismo, diabetes mellitus, doença cardíaca, hipercolesterolemia, hipercoagulopatia, obesidade, uso abusivo de álcool e de drogas ilícitas. Epidemiologia A taxa de incidência de AVE entre homens mais jovens é maior do que em mulheres da mesma idade, mas não em idades mais avançadas. Como as mulheres vivem mais que os homens, mais mulheres morrem de acidente vascular encefálico. Indivíduos negros apresentam maior incidência de AVE e taxa de mortalidade mais elevadas. Tipos de AVE O AVE isquêmico está associado com trombos / êmbolos em vasos cerebrais. • Placas: são comuns sifão carotídeo ou ramo interno da carótida Carla Bertelli – 5° Período O AVE hemorrágico pode estar associado a aneurismas saculares que rompem ou pequenas artérias que se rompem no parênquima cerebral. é ê ã Trombose de grandes vasos: está especialmente relacionada à doença aterosclerótica, daí o eventual uso da expressão "mecanismo aterotrombótico". Isso ocorre principalmente em indivíduos com fatores de risco para aterosclerose, como hipertensão arterial, diabete melito, dislipidemias e tabagismo. Pode determinar insulto isquêmico por trombose in situ (no local da placa aterosclerótica) com hipofluxo distal ou tromboembolismo arterial com oclusão vascular distalmente ao local do trombo arterial. Pode ser precedido por ataques isquêmicos transitórios no mesmo território vascular Cardioembolismo: miocardiopatias, valvopatias e arritmias, causando uma oclusão vascular súbita por embolia. De todas essas, a mais frequente é a fibrilação atrial. Trombose de pequenas artérias: relaciona-se a pequenos infartos na profundidade dos hemisférios cerebrais ou do tronco encefálico, causados por oclusão de uma pequena artéria perfurante. Ocorre mais comumente em doentes hipertensos e diabéticos. Nesses, a cavitação resultante do infarto profundo recebe o nome de lacuna. Outros mecanismos: nesse grupo encontram-se causas menos frequentes como as arterites, os estados hipercoaguláveis (ou trombofilias), as dissecções arteriais cervicais e outras. Manifestações Clínicas As manifestações dependem da localização do vaso sanguíneo envolvido, porém manifestam-se de forma súbita e focal e geralmente são unilaterais. Os sintomas mais comuns são paralisação da face e fraqueza no braço. Outros sintomas frequentes são dormência unilateral, perda de visão ou diplopia, perturbação da fala (afasia) e perda de equilíbrio súbita e inexplicável ou ataxia. Carla Bertelli – 5° Período Déficit Neurológico → alterações do equilíbrio, da coordenação motora, que dificultam mobilidade. → alterações visuais (diplopia, hemianopsia, etc.). → Desvio de comissura labial (alteração da simetria facial). → alterações da força de membros superiores (a mão tem grande representatividade no homúnculo de Penfild). → alterações de fala muito expressivas (afasia, sensitiva, motora, mista). → o tempo é fundamental, quanto mais rápido agirmos, menos danos esses pacientes terão. Déficits Motores São os mais comuns, seguidos de déficits da linguagem, sensação e cognição. No intervalo entre 6 e 8 semanas, a fraqueza e a flacidez iniciais são substituídas por hiporreflexia e espasticidade. A espasticidade envolve o aumento do tônus dos músculos afetados. Os músculos flexores são mais fortemente afetados nos membros superiores e os músculos extensores são mais afetados nos membros inferiores. Disartria e Afasia Disartria é um distúrbio da fala que se manifesta com a dificuldade nos sons da fala ou alterações no tom de voz ou na qualidade. É o resultado de um AVE que afeta os músculos da faringe, palato, língua ou boca. Um indivíduo com disartria pode apresentar fala arrastada mantendo capacidade de linguagem. Afasia é um distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação da pessoa. A produção da fala é limitada, hesitante, requer esforço e pode ser mal articulada por causa de uma disartria associada. O indivíduo pode ser capaz, com dificuldade, de proferir ou escrever duas ou três palavras. Déficits cognitivos e outras deficiências O AVE também pode causar déficits cognitivos, sensoriais, visuais e comportamentais, como perda de memória, depressão, síndromes comportamentais e outros: O AVE isquêmico é causado por obstrução vascular cerebral resultante de trombose ou embolia. O AVCi corresponde a uma queda de fluxo sanguíneo, causada por obstrução parcial ou total de uma artéria ou por hipofluxo de origem hemodinâmica. A consequência de tal fato leva a uma perda de função do tecido isquêmico. Se a queda de fluxo é muito leve e transitória, pode haver recuperação completa do déficit neurológico, o que caracteriza o ataque isquêmico transitório (AIT). Se houver uma lesão mais severa, o tecido cerebral entra em necrose (infarto) com sequelas irreversíveis. A queda de fluxo sanguíneo varia em intensidade, desde o centro até a periferia da área isquemiada; assim a maior parte desta área sofre um déficit sanguíneo relativo, o que se chama de “penumbra isquêmica, podendo ser reversível em função do tempo que permanecer com o hipofluxo. Carla Bertelli – 5° Período Isto cria um período, durante o qual, o restabelecimento da irrigação pode impedir a lesão definitiva. Esta “janela terapêutica” é de poucas horas, provavelmente até 3 a 6 h. É de grande importância o estado da circulação colateral para fornecer fluxo sanguíneo para a região isquemiada. Etiologia e Fisiopatologia A isquemia é a falta de suprimento sanguíneo, privando o tecido de oxigênio. Com isso, os neurônios entram em falência elétrica (penumbra), e podem evoluir para dano irreversível (infarto). A penumbra é uma área que está recebendo um fluxo sanguíneo reduzido, mas temporariamente suficiente para manter a viabilidade celular, por isso, é uma região funcionalmente comprometida, mas ainda estruturalmente viável. As medidas terapêuticas na fase aguda do AVC isquêmico visam salvar essa área ainda viável. Já no infarto, há alterações estruturais e funcionais irreversíveis devido à isquemia. Os mecanismos possíveis de AVE isquêmico consistem em: • ó Há oclusão vascular devido a deslocamento de substâncias de um ponto proximal da circulação. Pode acontecer por miocardiopatias, valvopatias, embolia secundária a placas em vasos ou arritmias (principalmente a fibrilação atrial) • Relacionada à doença aterosclerótica. Ocorre principalmente em indivíduos com fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e tabagismo. Pode gerar isquemia por oclusão local ou embolia por deslocamentos de pedaços da placa à distância. • é Pequenos infartos cerebrais causados por oclusão de artérias perfurantes. É mais comum em pacientes hipertensos e diabéticos. A cavitação resultante do infarto é chamada de lacuna. • ã Os mecanismos acima podemcausar uma isquemia focal, mas é importante lembrar também que o AVE pode ser resultado de um processo de isquemia global, como pacientes após parada cardíaca com reanimação prolongada, pacientes com arritmias, ou com hipotensão arterial prolongada. Nesse caso, há hipoperfusão generalizada do sistema nervoso central, que predomina nas zonas de watershed (áreas de fronteiras entre as distribuições de artérias cerebrais). Pode haver ainda a lesão hipoxêmica difusa, causada, por exemplo, por anemias graves ou altas altitudes, que podem provocar diminuição da oxigenação cerebral. Outross..... Arterites, estados hipercoaguláveis (trombofilias), dissecções arteriais cervicais, infartos secundários a tromboses de seios venosos ou veias cerebrais, e outras. ã ê — A isquemia cerebral inicia uma cascata de eventos que eventualmente levam à morte celular; incluindo depleção de trifosfato de adenosina (ATP); alterações nas concentrações iônicas de sódio, potássio e cálcio; lactato aumentado; acidose; acúmulo de radicais livres. A produção de espécies reativas de oxigênio, um subproduto normal do metabolismo oxidativo, também aumenta durante a isquemia. Como o óxido nítrico, eles podem reagir e danificar os componentes celulares. – A morte celular após isquemia cerebral ou acidente vascular cerebral pode ocorrer por necrose ou por apoptose. O processo de necrose não é bem compreendido. Nos estágios iniciais, a cromatina celular torna-se uniformemente compactada, o retículo endoplasmáticoé dilatado e os ribossomos são dispersos. Em estágios posteriores, o inchaço da célula e das mitocôndrias é seguido pela ruptura das membranas nuclear, organela e plasmática, levando à liberação de material celular no ambiente circundante. Essa liberação de material resulta na estimulação de processos inflamatórios no cérebro. Carla Bertelli – 5° Período é — A isquemia cerebral e o infarto levam à perda da integridade estrutural do tecido cerebral afetado e dos vasos sanguíneos. Este processo de destruição tecidual e ruptura neurovascular é mediado em parte pela liberação de várias proteases, particularmente as metaloproteases de matriz (MMP) que degradam colágenos e lamininas na lâmina basal. A perda da integridade vascular leva à ruptura da barreira hematoencefálica e ao desenvolvimento de edema cerebral. – O edema cerebral que complica o acidente vascular cerebral pode causar danos secundários por vários mecanismos, incluindo aumento da pressão intracraniana, que pode diminuir o fluxo sanguíneo cerebral, e efeito de massa causando deslocamento do tecido cerebral de um compartimento para outro (ou seja, hérnia), um processo que pode ser uma ameaça à vida. • Citotóxico • Vasogênico Decorrente da ruptura de um vaso sanguíneo cerebral. A hemorragia cerebral ocorre de repente, geralmente quando o indivíduo está realizando algum tipo de atividade. Os fatores predisponentes mais comuns são idade avançada e hipertensão. Aneurisma e malformações arteriovenosas são anormalidades estruturais que também podem causar hemorragia súbita. De modo geral, manifesta-se com vômitos e cefaleia. Os sintomas locais dependem de qual vaso está envolvido. Na situação mais comum, a hemorragia nos núcleos da base origina hemiplegia contralateral, com flacidez inicial progredindo para a espasticidade. A hemorragia intracerebral resultante pode causar um hematoma focal, edema, compressão do conteúdo do encéfalo ou espasmos dos vasos sanguíneos adjacentes. A hemorragia e o edema resultantes exercem grande pressão sobre a substância encefálica e o curso clínico evolui rapidamente ao como e frequentemente à morte. Hemorragia Intracerebral ou Parenquimatosa Hemorragia intracerebral não traumática pode ocorrer em qualquer região dos hemisférios cerebrais ou cerebelares e no tronco encefálico. O termo intracerebral não deve ser entendido como restrito aos hemisférios cerebrais. A HIC costuma se apresentar com o inicio abrupto de um déficit neurológico focal. Convulsões são incomuns. Embora os sintomas clínicos possam ser máximos no início, é comum que o déficit focal piore ao longo de 30 a 90 minutos e esteja associado com a diminuição do nível de consciência. A maioria das hemorragias são causadas por hipertensão, coagulopatia, substancias simpatomiméticas (cocaína metanfetamina) e angiopatia amiloide cerebral (AAC) A hemorragia intracerebral pode ser supratentorial ou infratentorial. A hemorragia supratentorial é dividida em hemorragia lobar e profunda, esta quando nos núcleos da base e no tálamo, entendendo-se com frequência para a luz ventricular. Hipertensão arterial é a causa mais comum de hemorragia profunda, enquanto a hemorragia lobar, além da hipertensão arterial, é causada por malformação arteriovenosa, doenças hematológicas e angiopatia amiloide cerebral. A hemorragia intracerebral pode ser maciça, volumosa, sendo denominada hematoma quando maior do que 3cm de diâmetro. As manifestações clínicas, a evolução e o prognóstico dependem do local e da extensão e/ou do volume do sangramento. Hemorragia maciça pode levar rapidamente à morte pelo efeito de massa, agravado pelo edema perilesional,resultando em hipertensão intracraniana, hérnias e compressão mesencefálica. As principais manifestações são cefaléia, crise convulsiva, alterações visuais e sinais focais. Diminuição do nível de consciência ou coma são frequentes, possivelmente por deslocamento lateral e distorção de estruturas profundas do cérebro. Hemorragia Subaracnóidea Hemorragia subaracnóidea primária não traumática representa cerca de 5 a 10% das doenças circulatórias cerebrais, sendo a ruptura de aneurisma sacular sua principal causa (80%), seguida da malformação arteriovenosa (5 - 10%). A lesão pode-se desenvolver a partir de hemorragia parenquimatosa ou ser secundária a doenças hematológicas, iatrogenia (uso de Carla Bertelli – 5° Período trombolíticos) e intoxicação exógena (usuários de drogas). A cocaína, além das manifestações cardiovasculares, pode levar a hemorragia parenquimatosa e subaracnóidea ou a infarto cerebral. Em 10 a 15% dos casos, não se identifica a causa da hemorragia subaracnóidea; nesses casos, a mais comum é a hemorragia na região do mesencéfalo. O sangramento resultante pode se estender bem além do local de origem, inundando a cisterna basal, ventrículos e espaço subaracnóideo espinal. Diagnóstico O diagnóstico do AVC é feito a partir da identificação do déficit neurológico focal súbito que acomete o paciente, ou seja, é clínico!. Contudo, não conseguimos diferenciar o tipo de AVC (se isquêmico ou hemorrágico) apenas pela clínica, sendo obrigatório a realização do exame de imagem para tomar a conduta apropriada. Portanto, para a definição do diagnóstico podemos utilizar algumas ferramentas: • Escala FAST: escala de triagem para detectar a ocorrência da doença, principalmente em região anterior do cérebro; Face (paralisia facial), Arm (fraqueza nos braços), Speech (dificuldades na fala), Time (tempo). • Escala do NIH: avalia o déficit no AVC através da pontuação dos parâmetros, variando de 0 (sem déficit) a 42 (maior déficit); parâmetros avaliados são: nível de consciência, orientação no tempo (mês e idade), resposta a comandos, olhar, campo visual, movimento facial, função motora do membro superior, função motora do membro inferior, ataxia, sensibilidade, linguagem, articulação da fala, extinção ou inatenção. Essa escala é interessante também para avaliação da evolução do déficit do paciente. Exames de imagem: devem ser realizados imediatamentepara não impossibilitar o tratamento de reperfusão (nos casos de AVCi). é o exame de escolha; identifica de 90-95% das hemorragias subaracnoideas e quase 100% das hemorragias intraparenquimatosas. Importante lembrar que a TC na fase aguda do AVC isquêmico, se apresenta sem alterações. â é com difusão: mais sensível que a TC, pode identificar a área isquêmica muito precocemente; muito útil quando existem dúvidas quanto ao diagnóstico de AVC; alguns centros de AVC utilizam a RM com difusão para incluir pacientes com janela terapêutica indeterminada ou fora da janela terapêutica (definem a presença de zona de penumbra em cada paciente). Exames complementares: hemograma com plaquetas*, tempo de protrombina*, tempo de tromboplastina parcial ativada*, eletrólitos, creatinina, ureia, eletrocardiograma e glicemia (importante, pois a hipoglicemia pode mimetizar um AVC). Objetivos na fase inicial incluem • Assegurar a estabilidade do doente • Reverter rapidamente quaisquer condições que estejam a contribuir para o mau estado do doente • Tomar medidas para definir a base fisiopatológica dos sintomas neurológicos do doente • Pesquisar potenciais contraindicações para a trombólise em doentes com AVC isquêmico agudo O tratamento é programado visando a preservar a vida, limitar quanto possível o dano cerebral, diminuir as Carla Bertelli – 5° Período incapacidades e deformidades físicas e evitar a repetição do AVC. O manejo de urgência dos pacientes acometidos de AVC é oposto para cada um dos dois casos do distúrbio. No AVCi, procura-se desobstruir as artérias, permitindo maior afluxo de sangue no cérebro, enquanto no AVCh, o tratamento é voltado para controlar a hemorragia. Diante de um paciente com AVC estamos em uma constante corrida contra a tempo. Tempo é cérebro! Portanto, quanto mais rápido for identificado o déficit e mais rápido o paciente for tratado, maior a chance de reversão do quadro neurológico. É importante termos em mente o tempo da janela de trombólise (4,5h como veremos adiante). E para o tratamento adequado do paciente precisamos saber, com segurança, há quanto tempo o déficit neurológico aconteceu. Se o paciente não consegue falar, devemos sempre perguntar ao acompanhante, por exemplo, quando foi a última vez que o paciente foi visto bem, sem déficit. Do mesmo modo, se o paciente já acordou com a alteração neurológica, devemos considerar como início da alteração o horário que o paciente foi dormir. Os pacientes com AVCi, com início dos sintomas inferior a 4,5 horas, com TC ou RM de crânio sem evidência de hemorragia e com idade superior a 18 anos, serão canditados à trombólise com ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA- alteplase). Além da trombólise, a utilização de outras medidas são indicadas. Ácido acetilsalicílico: para pacientes sem indicação de rtPA (nas primeiras 24h) ou como forma de prevenção de recidiva (24h após o término da infusão do trombolítico). Trombectomia mecânica: pacientes com oclusão de vaso proximal ou que não apresentaram resposta à trombólise com rtPA. Medidas de suporte: • Manutenção da pressão arterial < 185×110 mmHg, em pacientes candidatos à trombólise. Para pacientes não submetidos à trombólise, somente administrar antihipertensivos se PA>220x120mmHg. Droga de escolha: nitroprussiato de sódio. • Manutenção da saturação de oxigênio (> ou igual a 92%); • Temperatura < 37,5°C; • Manutenção da glicemia em valores normais; • Monitorização cardíaca: detectar precocemente sinais eletrocardiográficos de isquemia ou arritmias. Prognóstico Após um AVC, o resultado do quadro é influenciado por diversos fatores, sendo os mais importantes a natureza e a gravidade do déficit neurológico resultante. A idade do paciente, a etiologia do AVC e as comorbidades coexistentes também afetam o prognóstico. De modo geral, aproximadamente 80% dos pacientes com AVC sobrevivem durante pelo menos um mês, já as taxas de sobrevida de 10 anos estão próximas a 35%. Ter um AVC aumenta o risco de recidiva, aproximadamente 25% dos pacientes têm outro AVC, essas recidivas costumam ser mais debilitantes do que o primeiro episódio. Nos três primeiros meses após um AVC o cérebro é capaz de reaprender ou aprender coisas novas (neuroplasticidade). Essa característica desempenha um papel fundamental na recuperação e reabilitação pós- AVC. CAPLAN, L. R.; KASNER, Scott E. Overview of the evaluation of stroke. UpToDate. 2017. MAJID, Arshad; ZEMKE, D.; KASSAB, M. Pathophysiology of ischemic stroke. UpToDate, 2013. OLIVEIRA-FILHO, Jamary; WJ, Koroshetz. Initial assessment and management of acute stroke. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate. Retrieved January, 2010. HURFORD, Robert et al. 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