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Nome do Curso Título da aula : RECURSOS E EXECUÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO Tema da Aula 1: Teoria geral dos Recursos Trabalhistas e tipos de Recursos Nome do professor: DENIZE PINTO D’ASSUMPÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ON-LINE EM EM DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO RECURSOS E EXECUÇÃO DO PROCESSO DO TRABALHO Teoria Geral dos recursos trabalhistas e tipos de recursos. AULA 1: Recursos Trabalhistas. Conceito. Princípios. Características. Autonomia e modalidades recursais. APRESENTAÇÃO Olá, Pessoal! Sejam bem-vindos! Hoje é nossa aula e vamos iniciar nossos estudos de Recursos no Processo do Trabalho apresentando um conceito e princípios para a disciplina, assim como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos as modalidades de Recursos, bem como os Recursos Cíveis aplicáveis no Processo do Trabalho. O estudo dos recursos tem vital importância para o processo do trabalho, pois possibilita o poder de reforma das decisões dos tribunais trabalhistas nos diversos graus de jurisdição (1º, 2º e 3º), ou seja, nas sentenças, acórdãos e decisões da execução. OBJETIVOS: Compreender as características e as singularidades os procedimentos recursais no Processo do Trabalho no Brasil, considerando a legislação trabalhista vigente na CLT, arts. 893 a 901, conforme Lei 13.467/2017 e o CPC de 2015, Titulo II, arts. 994 a 1.044. RECURSOS Conceito: Recursos vem do latim recursus, que encerra a ideia de voltar atrás, de retornar, de cobrir, novamente, o mesmo caminho. O CPC e a CLT se abstêm de definir “recurso”. Preleciona Barbosa Moreira (in “Comentários ao CPC”, Forense. Volume V, 6ª edição, 1993, p. 207) que as várias figuras reunidas, no Código de Processo Civil, sob o nomen juris de recurso apresentam um traço comum: seu uso não provoca a instauração de novo processo, uma vez que é extensão do processo em curso. O mestre conceitua o recurso “como o remédio voluntário idôneo a ensejar a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se impugna dentro do mesmo processo”. Temos como mais precisa a conceituação de Barbosa Moreira, por prover, com firmeza, os casos de recurso objetivando o esclarecimento e a integração da decisão judicial. Recurso, portanto, é a provocação do reexame de determinada decisão pela autoridade hierarquicamente superior, em regra, pela própria autoridade prolatora da decisão, objetivando a reforma ou modificação do julgado. Em outras palavras, recurso é remédio processual concedido às partes, ao terceiro prejudicado ou ao Ministério Público, objetivando que a decisão judicial impugnada seja submetida a novo julgamento, ordinariamente, pela autoridade hierarquicamente superior àquela que proferiu a decisão. Quanto à natureza jurídica do recurso existem duas correntes. A primeira corrente, minoritária, sustenta que o recurso é uma ação autônoma em relação àquela em que as partes se encontram envolvidas, ou seja, o recurso consistiria em nova ação (de natureza constitutiva negativa) diversa da que originou a peça vestibular. São meios impugnativos autônomos, como a ação rescisória, o mandado de segurança e os embargos à execução, os quais, todavia, não são considerados recursos, mas, sim, ação. A segunda corrente, majoritária, afirma que a natureza jurídica do recurso seria a de prolongamento do exercício do direito de ação, dentro do mesmo processo. Assim, recurso é um direito subjetivo processual, atuando como uma espécie de extensão do próprio direito de ação já exercido. CLASSIFICAÇÃO: A doutrina não é unânime na classificação dos recursos. Adotaremos a classificação de Lúcio Rodrigues de Almeida (Recursos Trabalhistas, p.15-16), a saber: A – Quanto à autoridade à qual se dirigem: Próprios – julgados pelo órgão hierarquicamente superior; Impróprios – julgados pela mesma autoridade que proferiu a decisão impugnada. B – Quanto ao assunto: Ordinários – objetivam a revisão do julgado, devolvendo ao Tribunal ad quem o exame de toda a matéria impugnada; Extraordinária – recurso que versa sobre matéria exclusivamente de direito, sendo vedado ao órgão julgador o reexame de fatos e provas. C –Quanto à extensão da matéria: Total – ataca toda a decisão impugnada; Parcial – ataca parte da decisão impugnada. D – Quanto à forma de recorrer: Principal – interposto no prazo por uma ou ambas as partes; Adesivo – interposto no prazo alusivo às contra-razões. PRINCÍPIOS RECURSAIS: Podemos elencar os seguintes princípios recursais: 1 – Princípio do duplo grau de jurisdição – O art. 5º, LV, da Constituição Federal, garante aos litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 2 – Princípio da unirrecorribilidade– Conhecido também como princípio da singularidade ou da unicidade recursal, este princípio não autoriza a interposição de mais de um recurso em face da mesma decisão. Desse forma, não podem ser utilizados vários recursos simultaneamente, mas, tão-somente, sucessivamente. Este princípio admite exceções: Na hipótese de sucumbência recíproca, ou seja, sentença com pedidos julgados procedentes em parte. Caso o reclamante, no terceiro dia após a prolação da sentença, interponha recurso ordinário e o reclamado, no 5º dia, oponha embargos de declaração com pedido de efeito modificativo. Caso os embargos de declaração sejam providos, modificando-se o julgado, ao reclamante será facultado interpor novo recurso ordinário, ou mesmo aditar o recurso anteriormente interposto, constituindo-se numa exceção ao princípio da unirrecorribilidade. Também na hipótese do art. 7º, §2º, da Lei 7.701/1988 menciona a exceção ao princípio da unirrecorribilidade, nos dissídios coletivos, quando não publicado o acórdão nos 20 dias subsequentes ao julgamento, poderá qualquer dos litigantes ou o Ministério Público do Trabalho interpor recurso ordinário, fundado, apenas, na certidão de julgamento, inclusive com pedido de efeito suspensivo, reabrindo-se o prazo para aditamento do recurso interposto, tão logo seja publicado o acórdão. 3 – Princípio da fungibilidade ou conversibilidade – Este princípio permite que o juiz conheça de um recurso que foi erroneamente interposto como se fosse o recurso cabível. Permite-se, portanto, o aproveitamento do recurso erroneamente nomeado, como se fosse o que deveria ser interposto, atendendo-se ao princípio da finalidade e da simplicidade do processo do trabalho. Para a aplicação do princípio da fungibilidade, torna-se necessária a conjugação de três fatores: Inexistir erro grosseiro; tem que haver dúvida plausível quanto ao recurso cabível e o recurso erroneamente interposto deve obedecer o prazo do recurso cabível. Neste sentido são a Orientação Jurisprudencial nº 69, da SDI-II e a Súmula nº 421, item III, ambas do TST. 4 – Princípio da proibição da non reformatio in pejus –Por este princípio é vedado ao tribunal, no julgamento de um recurso, proferir decisão mais desfavorável ao recorrente, do que aquela recorrida. A sentença pode ser impugnada total ou parcialmente (art. 505 do CPC), sendo que o recurso devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada (art. 515 do CPC – tantum devolutum quantum appelatum). Portanto, se a sentença for objeto de recurso por uma das partes, o julgamento pelo tribunal não pode agravar a condenação que não foi objeto do recurso, sob pena de violação deste princípio em exame. Por outro lado, o art. 512 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, esclarece que o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou decisão recorrida no que tiver sido objetode recurso. Assim, a parte da sentença que não foi objeto de recurso que transitou em julgado, sendo irreformável pelo tribunal, não podendo ser atingida pelo julgamento da outra parte, que foi devolvida, no recurso, à instância superior, sob pena de ofensa ao princípio da non reformatio in pejus. O Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula 45,firmou entendimento de que, no caso de reexame necessário (obrigatório), é defeso ao tribunal agravar a condenação imposta à Fazenda Pública. Peculiaridades Recursais: Os recursos trabalhistas possuem algumas características peculiares, como veremos a seguir: Irrecorribilidade das decisões interlocutórias; Inexigibilidade de fundamentação; Efeito devolutivo; Uniformidade do prazo para recurso; Instância única nos dissídios de alçada. 1 – Irrecorribilidade das decisões interlocutórias – O art.893, §1º, da CLT, estabelece que as decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, somente permitindo-se a apreciação do seu merecimento em recurso da decisão definitiva. 2 – Inexigibilidade de fundamentação – Também denominado de princípio da dialeticidade ou discursividade. O art. 899 da CLT dispõe que os recursos serão interpostos por simples petição. Assim ,o texto consolidado permite que os recursos sejam interpostos sem qualquer fundamentação ou razão de apelo. Nada obstante isso, a fundamentação do recurso é fundamental para assegurar o princípio da ampla defesa e do contraditório, bem como para possibilitar que o tribunal analise as razões do inconformismo. Dentre os recursos trabalhistas, a maioria exige fundamentação, sob pena de não conhecimento, como é o caso do recurso de revista, recurso extraordinário, agravo de petição, embargos etc. A Súmula 422 do TST também demonstra a necessidade de fundamentação, pelo ausência de requisitos de admissibilidade, inscrito no art. 512, II, do CPC, “quando as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora proposta”. 3 – Efeito devolutivo dos recursos – O art. 899 da CLT determina que os recursos serão dotados, em regra, de efeito meramente devolutivo, permitindo-se a execução provisória até a penhora. No processo do trabalho, os recursos, ordinariamente, são dotados apenas de efeito devolutivo, ou seja, não possuem efeito suspensivo, permitindo-se ao credor a extração de carta de sentença para a realização da execução provisória. Também as leis 7.701/1988, art.9º, e a 10.192/2001, art. 14, permitem que o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho conceda efeito suspensivo ao recurso ordinário interposto em face de sentença normativa prolatada pelo Tribunal Regional do Trabalho, pelo prazo improrrogável de 120 dias, contados da publicação, salvo se o recurso for julgado antes do término do prazo. 4 – Uniformidade do prazo para o recurso –O art. 6º, da Lei 5.584/1970 estabelece que será de oito dias o prazo para interpor e contra-arrazoar qualquer recurso trabalhista. Entretanto, alguns recursos possuem prazos diferenciados. Os embargos de declaração serão interpostos no prazo de cinco dias, art. 897-A da CLT. O prazo para interposição e contrarrazões do recurso extraordinário é de quinze dias, Lei 8.038/1990. Em relação ao agravo regimental, o prazo será fixado nos regimentos internos dos Tribunais, tendo os Tribunais Regionais do Trabalho fixado, em regra, o prazo de cinco dias, enquanto o Tribunal Superior do Trabalho fixou o prazo em oito dias para interposição do recurso (agravo regimental). As pessoas jurídicas de direito público também possuem o prazo em dobro para recorrer, conforme dispõe o art. 1º, III, do Decreto-Lei 779/1969, não sendo tal privilégio extensível às empresas públicas e sociedades de economia mista, em função do previsto no art. 173, §1º, da CF. O Ministério Público do Trabalho também possui prazo em dobro para recorrer, em função do art. 188 do CPC, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, art. 769 da CLT. 5 – Instância única nos dissídios de alçada –As decisões prolatadas nos dissídios de alçada (que não ultrapassam dois salários mínimos) não caberá recurso, salvo se versarem sobre matéria constitucional (Lei 5.584/1970, art. 2º, §4º). Esta teoria encontra-se controvertida, pois uma parcela da doutrina e da jurisprudência considera que a ação de alçada encontra-se revogada pela Constituição Federal, art.5º, LV e a Lei 9.957/2000,que introduziu a alínea “A”, ao artigo 852, da CLT, Ações de Rito Sumaríssimo, cujo o valor não ultrapassem a 40 salários mínimos, já que as ações de alçada estariam abrangidas por este procedimento, possibilitando, portanto, o recurso ordinário. EFEITOS DOS RECURSOS: Os recursos trabalhistas serão recebidos nos seguintes efeitos: Efeito Devolutivo – Os recursos, ordinariamente, são dotados apenas do efeito devolutivo, ou seja, não possuem efeito suspensivo, permitindo-se ao credor a extração de carta de sentença para a realização da execução provisória (art. 899 da CLT). Efeito Suspensivo – Os recursos trabalhistas não são dotados do efeito suspensivo. Somente excepcionalmente, o tribunal do trabalho receberá o recurso no duplo efeito (efeitos suspensivo e devolutivo), impossibilitando a execução provisória. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE: Ao ser interposto um recurso, este é submetido à análise do juízo de admissibilidade, Juízo ad quem – juízo competente para julgar o recurso. O objetivo principal do juízo de admissibilidade é verificar a presença dos pressupostos recursais, denominados de requisitos de admissibilidade recursal, os quais serão objetos de análise adiante. O novo CPC de 2015, art. 932, determina que, Incumbe ao relator: I – (omissis) II – (omissis) III – não conhecer de recurso inadmissível (ausentes os requisitos de admissibilidade), prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; Assim, o novo CPC revogou o duplo juízo de admissibilidade recursal, ou seja do juízo a quo, ou pelo juízo recorrido, estando presentes todos os pressupostos recursais, o recurso será conhecido. Mas estando ausente apenas um dos requisitos de admissibilidade recursal leva ao não conhecimento do apelo. O despacho exarado pelo juízo de admissibilidade (juízo ad quem), o relator, não havendo falar mais em duplo grau de admissibilidade recursal, conforme previsto no CPC de 1973, revogado. PRESSUPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS E SUBJETIVOS Os pressupostos recursais, também chamados de requisitos de admissibilidade recursal, classificam-se em objetivos (extrínsecos) e subjetivos (intrínsecos). Passemos à análise individualizada dos pressupostos recursais objetivos e subjetivos. 1 – OBJETIVOS Recorribilidade do ato – o ato deve ser recorrível. Caso a decisão judicial não seja passível de impugnação via recurso (como ocorre em relação aos despachos de mero expediente ou relativamente às decisões interlocutórias), o recurso não será conhecido em face da ausência deste pressuposto; Adequação – a parte deve utilizar o recurso adequado. Logo, não basta simplesmente recorrer, mas sim impugnar a decisão, utilizando-se do recurso cabível à espécie. É bem verdade que, conforme já mencionado, aplica-se ao processo do trabalho o princípio da “fungibilidade, o qual autoriza o conhecimento de um recurso que foi erroneamente interposto, como se fosse o recurso cabível (desde que não consista num erro grosseiro, haja dúvida sobre qual o recurso cabível e o mesmo tenha sido interposto no prazo do recurso cabível). Todavia, em caso de erro grosseiro na interposição do recurso, o mesmo não será conhecido em face de sua inadequação, não se aplicando o princípio da fungibilidade (também chamado de conversibilidade); Tempestividade – o recurso deve ser interposto no prazo legal, sob pena de não conhecimento do apelo. Logo, se o recurso for interposto após o prazo estabelecido no ordenamento jurídico vigente, será considerado intempestivo; Destaque-se que a Lei 11.419, de 19.12.2006, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, estabelece em seu art. 3° que se consideram realizados os atos processuais por meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido protocolo eletrônico. Por sua vez, dispõe o parágrafo único do mesmo art.3° da lei em destaque que, quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serãoconsideradas tempestivas as transmitidas até as 24(vinte e quatro) horas do seu último dia. Evidentemente, quando o ato processual praticado por meio eletrônico for a interposição de recurso, será considerado tempestivo o apelo desde que transmitido até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo. Preparo – No processo do trabalho, para fins recursais, exige-se que o recorrente recolha as custas e realize o depósito recursal. Portanto, não efetuado o pagamento das custas processuais e do depósito recursal, o recurso será considerado deserto. As custas sempre serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão, na forma do art. 789 da CLT, considerando a nova redação dada pela Lei 13.467/2017, no percentual de 2% sobre o valor da condenação, a qual agora limita o valor das custas no valor máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Outrossim, em caso de recurso, as custas deverão ser pagas, e comprovado o seu recolhimento dentro do prazo recursal (art. 789, §1°, da CLT) sob pena de não-conhecimento do recurso por deserção. O empregado que ajuizar a reclamação trabalhista somente será responsável pelo pagamento das custas judiciais se o processo for extinto sem resolução do mérito ou se os pedidos forem julgados totalmente improcedentes, caso não seja o obreiro beneficiário da justiça gratuita. Em caso de acordo judicial, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes. O valor das custas incidirá à base de 2%, com valor mínimo de R$10,64, e serão calculadas: Quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; Quando houver extinção do processo, sem resolução do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; No caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa; Quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. Quanto aos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo presidente do tribunal. Em relação ao depósito recursal, temos que o mesmo objetiva garantir o juízo para o pagamento de futura execução a ser movida pelo empregado. Por consequência, vencida a empresa, mesmo que parcialmente, é necessário que ela efetue o depósito recursal, garantindo-se o juízo, não se exigindo o depósito recursal, garantindo-se o juízo, não se exigindo o depósito recursal por parte do empregado, em caso de eventual recurso. Logo, o recolhimento do depósito recursal somente é obrigatório em relação ao empregador que, vencido numa demanda trabalhista, opte por recorrer do julgado. Impende ressaltar que o Tribunal Superior do Trabalho editou a IN 27/2005, dispondo sobre normas procedimentais aplicáveis ao processo do trabalho, em decorrência da ampliação da competência da Justiça do Trabalho pela EC45/2004. 2 – SUBJETIVOS Legitimidade – o art. 996 do novo CPC determina que o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou com o fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. Logo, se o recurso for interposto por parte ilegítima, ele não será conhecido, por ausência de pressuposto recursal subjetivo. Cabe ressaltar que o Ministério Público do Trabalho possui legitimidade recursal nos processos em que figura como parte, bem como naqueles em que atua como fiscal da lei (custos legis), conforme previsão no art. 83, VI, da LC 75/1993. Capacidade – além da legitimação, a parte deverá demonstrar no momento da interposição do recurso que está plenamente capaz de praticar o ato processual. Portanto, se o recorrente não se encontrar no exercício pleno de suas capacidades mentais, não terá ele capacidade para recorrer, devendo, na hipótese, ser representado nos termos da Lei Civil. Interesse – o recurso tem que ser útil e necessário à parte, sob pena de não conhecimento; Suponhamos a hipótese de o reclamante recorrer de um pedido que lhe foi favorável. Nesse caso, o recurso interposto não será útil nem necessário ao recorrente, não sendo, portanto, admitido, por ausência de um pressuposto recursal subjetivo, qual seja ausência de interesse. Todavia, o interesse pelo recurso não necessariamente está relacionado com a sucumbência, pois há casos em que, mesmo sendo vencedor na lide, tem a parte interesse no apelo. Podemos destacar o exemplo do processo que é extinto sem resolução do mérito, o que, sem dúvidas, beneficia o reclamado, mas não o impede de recorrer do julgado. Na hipótese presente, pode haver interesse do demandado beneficiado em recorrer, objetivando uma sentença definitiva de mérito não impede o ajuizamento de nova ação. RECURSOS EM ESPÉCIE: Segundo o art. 893 da CLT, das decisões proferidas pelos órgãos da Justiça do Trabalho são admissíveis as seguintes espécies de recursos: I - Embargos (CLT, art. 894); II - Recurso Ordinário (CLT, art. 895); III - Recurso de Revista (CLT, art. 896); IV - Agravo de Petição e Agravo de Instrumento (CLT, art. 897). A Lei nº 9.957/2000, que inseriu na CLT o art. 897-A, pode-se dizer que há previsão literal no texto laboral para os embargos de declaração da sentença ou acórdão. A jurisprudência, com base no art. 769 da CLT, já admitia os embargos de declaração, mas agora é a própria lei trabalhista que os permite expressamente. Além desses recursos, a legislação processual trabalhista prevê, ainda, o pedido de revisão do valor da causa (Lei nº 5.584/70, art. 2º). Importante destacar que a doutrina e a jurisprudência do TST, passaram a admitir, por aplicação subsidiária do art. 500 do CPC de 1973, novo CPC, art. 997, §§1º e 2º, o recurso adesivo (TST, Súmula 283). Podemos, ainda, admitir, no âmbito da jurisdição trabalhista, a interposição do recurso extraordinário para o STF, ante o disposto no art. 102, III, da CF. Existem também recursos previstos nos regimentos internos dos tribunais, como o agravo regimental. 1 – RECURSO ORDINÁRIO O recurso ordinário está previsto no art. 895 da CLT, cabendo, no prazo de oito dias, das seguintes decisões: Das sentenças terminativas ou definitivas prolatadas pela Vara do Trabalho ou pelo juiz de direito no exercício da jurisprudência trabalhista; Das decisões definitivas ou terminativas prolatadas pelos Tribunais Regionais do Trabalho um processos de sua competência originária (mandado de segurança, ação rescisória, ação anulatória, dissídio coletivo, habeas corpus etc.), seja nos dissídios individuais ou coletivos. Portanto, tanto as sentenças definitivas (com resolução do mérito) como as terminativas (sem exame do mérito) serão passíveis de recurso ordinário. Nesta esteira, indeferida a petição inicial, extinto o processo sem resolução do mérito por ausência das condições da ação ou dos pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo ou mesmo arquivada a reclamação trabalhista em função da ausência do reclamante à audiência, restará ao prejudicado a opção de interpor recurso ordinário, em função da sentença terminativa proferida. Impende destacar que, em caso de indeferimento da petição inicial, será facultado ao juiz, no prazo de 48 horas, reconsiderar sua decisão, por aplicação subsidiária do art. 296 do CPC. A Súmula n° 158 do TST esclarece que, da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em ação rescisória, é cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho. No mesmo sentido, a Súmula 201 do TST dispõe que da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de oito dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados apresentaremrazões de contrariedade (contrarrazões). A OJ do Tribunal Pleno do TST, de n.5, estabelece que não cabe recurso ordinário contra decisão em agravo regimental interposto em reclamação correicional ou em pedido de providência. A Lei 7.701/1988, em seu art.7°, menciona que das decisões proferidas pelo Grupo Normativo dos Tribunais Regionais do Trabalho caberá recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho. Em relação ao recurso ordinário interposto em face de sentenças proferidas em reclamações trabalhistas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o art. 895, §§ 1° e 2°, da CLT estabelece que: “Art.895 – (omissis) §1°.Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário: I- (vetedo) II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor; III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão; IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão. §2°.Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.” Considerando que o recurso ordinário não possui efeito suspensivo, sendo apenas dotado de efeito devolutivo, a Súmula 414 do TST admite a utilização excepcional de ação cautelar para a obtenção do mencionado efeito suspensivo, como na hipótese de sentença que determina a imediata reintegração de emprego. O processamento do recurso ordinário segue aos seguintes procedimentos: Interposto o recurso ordinário, o magistrado concederá prazo de oito dias para o recorrido apresentar contrarrazões, caso deseje, com a comprovação do preparo, sob pena de deserção, conforme art. 1007, do novo CPC; Após as contrarrazões, ou findo o prazo para tanto sem manifestação do recorrido, o juiz remeterá os autos ao tribunal para julgamento do apelo; No tribunal, o juiz relator, no exercício do juízo de admissibilidade, poderá não conhecer do recurso ordinário interposto, caso conclua pela inexistência de algum requisito de admissibilidade recursal, os pressupostos/requisitos recursais (cabimento, adequação, tempestividade, preparo etc.). Ver novo CPC, arts.1007/1011. 2 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: O recurso de embargos de declaração está previsto no art. 897-A da CLT, que dispõe: “Art.897-A da CLT – Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente à sua apresentação, registrada na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.” Natureza Jurídica: Há acirrada polêmica sobre a natureza jurídica dos embargos de declaração. Duas correntes se dividem. Para a primeira, os embargos de declaração não seriam recurso, porque: a) não são julgados por outro órgão judicial, e sim pelo mesmo que proferiu a decisão embargada; b) não há previsão para o contraditório; c) não objetivam a reforma da decisão etc. Para a segunda corrente, os embargos declaratórios possuem natureza recursal, tendo em vista a sua expressa previsão no elenco dos recursos cíveis do novo CPC (art. 1.022/1.026). Na seara trabalhista, recentemente foi editada a Lei 9.957/2000, que acrescentou à CLT o art. 897-A, prevendo literalmente os embargos de declaração no capítulo VI do título X, que é destinado aos recursos trabalhistas, muito embora não o contemple explicitamente no rol do art. 893 do mesmo diploma legal. O STF, ao que parece, veio robustecer a tese defendida pela segunda corrente, pelo menos quando se tratar de embargos interpostos contra omissão do julgado que possa ocasionar efeito modificativo da decisão. Neste caso, é obrigatória a instauração do contraditório e os embargos podem ocasionar reforma do julgado. Assim, o fato de os embargos não se submeterem ao duplo grau de jurisdição não desfigura a sua natureza recursal, a exemplo do recurso de embargos de divergência no TST. A tese de que os embargos de declaração são recursos encontra-se reforçada através da OJ nº 192, do TST, a qual prever que é em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por pessoa jurídica de direito público. Cabimento: A CLT não previa o recurso de embargos de declaração, razão pela qual a doutrina e a jurisprudência o admitiam com base no CPC de 1973 e atualmente no art.1.022 do novo CPC/2015, segundo o qual: “Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre a qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material; Parágrafo único – considera-se omissa a decisão: I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489. §1º. No processo do trabalho, assim, os embargos de declaração são cabíveis para impugnar sentença ou acórdão quando, nesses atos processuais, for verificada a ocorrência de: omissão, contradição no julgado ou manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. O §1º, do art. 897-A, da CLT, estabelece que: “Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes”. ( primitivo parágrafo único renumerado pela Lei 13.015/2014). O §2º, do art. 897-A, da CLT, estatui: “Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias”. ”. (§2º acrescido pela Lei 13.015/2014). Finalmente, o § 3º, do art. 897-A, da CLT, dispõe que: “ Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura. (§3º acrescido pela Lei 13.015/2014).
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