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História do Brasil República

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História do
Brasil República
Rafael Lopes de Sousa
Revisada por Rafael Lopes de Sousa (janeiro/2013)
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de História do Brasil Re-
pública, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico 
e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) 
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 7
1 A INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA ................................................................................................... 9
1.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................20
1.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................21
2 A REVOLUÇÃO DE 1930 E O GOVERNO PROVISÓRIO .............................................. 23
2.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................29
2.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................29
3 PERÍODO DEMOCRÁTICO E FORMAÇÃO DO POPULISMO ................................... 31
3.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................34
3.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................34
4 ESTADO AUTORITÁRIO: OS MILITARES NO PODER .................................................... 35
4.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................41
4.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................41
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 43
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 45
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
Prezado(a) aluno(a),
Bem-vindo(a) a essa nova modalidade de aprendizado.
Tenho a honra de apresentar a todos os alunos de todos os polos da Unisa Digital a apostila Histó-
ria do Brasil República. A história do Brasil República possui uma quantidade enorme de fatos e aconte-
cimentos, que será apresentada a você nesta apostila. As reflexões aqui levantadas pretendem, então, 
auxiliá-lo(la) nos estudos dessa modalidade de Ensino a Distância.
Trata-se de uma análise aguçada sobre um período relativamente longo de nossa história. Inven-
tariei os assuntos fundamentais para a compreensão do período, que vai da Proclamação da República 
(1889) até o impeachment de Fernando Collor de Mello (1992). A extensão do período apresenta, conse-
quentemente, uma diversidade de assuntos que exigirá do(a) aluno(a) uma leitura cuidadosa e atenta. 
A fim de facilitar essa tarefa, destaquei em negrito os assuntos e datas mais importantes aqui debatidos.
Um dos principais objetivos desta apostila é estimular o(a) leitor(a) a conhecer os bastidores da his-
tória recente do Brasil e estabelecer com seus novos conhecimentos uma relação dialógica e propositiva 
com as representações de sua vida cotidiana. 
Espero que os assuntos aqui tratados contribuam para com a sua formação intelectual. Boa leitura! 
Prof. Dr. Rafael Lopes de Sousa
APRESENTAÇÃO
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7
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
A disciplina Brasil República compreende um período relativamente longo. Começa com a queda 
da monarquia, em 1889, e estende-se até as eleições de Fernando Collor de Mello, em 1989. Para melhor 
compreender os acontecimentos desse período, julgamos conveniente analisar, ainda que rapidamente, 
a crise que esfacelou as estruturas do Império.
Com o descrédito das instituições imperiais, o sentimento republicano reapareceu no Brasil com 
forças renovadas, no final do século XIX. As propostas do republicanismo tomaram forma e foram verda-
deiramente sistematizadas a partir de 3 de dezembro de 1870, com a publicação do Manifesto Republi-
cano. 
As ideias desse documento retomavam algumas das proposições apresentadas pelos revoltosos do 
começo do século, que criticavam o sistema de governo adotado pelo Brasil após a sua independência. 
Criticavam o fato de o Brasil ser o único país da América Latina a fazer a opção pela monarquia como 
forma de governo após o processo de independência. 
O Império conviveu, assim, por todo o século XIX, com uma oposição sistemática que criticava a 
centralização excessiva de poder e questionava a ausência da participação popular nos processos deci-
sórios da sociedade. Essas críticas redundaram no movimento da Proclamação da República, em 1889. 
Neste estudo, pretendemos, por um lado, analisar os avanços que esse novo sistema de governo 
trouxe para a população e, por outro, esmiuçar as contradições de uma República que foi instituída no 
papel, mas demorou a se materializar na vida cotidiana da população.
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9
A INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA1 
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, estudaremos a crise do Im-
pério e a instituição da República. Verificaremos, 
num primeiro momento, a crise do Império e as 
possibilidades que ela abriu para a implantação 
de um novo modelo de sociedade. Em seguida, 
abordaremos o modelo de sociedade que os re-
publicanos pretendiam inaugurar. Analisaremos, 
também, a crise do encilhamento e suas conse-
quências para os anos iniciais da República. Refle-
tiremos sobre a importância da Constituição de 
1891, trataremos da Política do Café com Leite e 
sua repercussão para a organização sociopolítica 
do Brasil, e analisaremos, finalmente, as revoltas 
do período republicano e suas consequências 
para a sociedade brasileira. 
República é uma palavra proveniente do la-
tim, que tem o seguinte significado: res = coisa; 
e pública = do povo; portanto, república signi-
fica governo da coisa do povo, da coisa pública, 
do bem comum. Esse regime foi implantado, no 
Brasil, no final do século XIX, para substituir a mo-
narquia. O país mudava a sua forma de governo 
sem, porém, estabelecer grandes rupturas, ou 
seja, a passagem da monarquia para a República 
não ocorreu por meios revolucionários, como em 
outras nações. Entreas mudanças mais visíveis 
decorrentes desse cenário, podemos destacar a 
troca da bandeira, a separação entre a Igreja e o 
Estado e a elaboração de uma nova Constituição. 
A pergunta que se faz, então, é: ao estabelecer a 
República, podemos dizer que tivemos instituído, 
no Brasil, um “governo da coisa do povo”? Até que 
ponto o novo regime teve de fato uma participa-
ção popular? São essas questões, entre outras, 
que gostaríamos de esclarecer ao longo desta 
apostila. 
Para uma maior familiarização com o perío-
do que vamos estudar, apresentamos, inicialmen-
te, os presidentes que fizeram parte da República 
Velha:
�� Manuel Deodoro da Fonseca (1889 a 
1891);
�� Floriano Vieira Peixoto (1891 a 1894);
�� Prudente José de Morais Barros (1894 a 
1898);
�� Manuel Ferraz de Campos Sales (1898 a 
1902);
�� Francisco de Paula Rodrigues Alves 
(1902 a 1906);
�� Afonso Augusto Moreira Pena (1906 a 
1909); 
�� Nilo Procópio Peçanha (1909 a 1910);
�� Hermes Rodrigues da Fonseca (1910 a 
1914);
�� Venceslau Brás Pereira Gomes (1914 a 
1918);
�� Delfim Moreira da Costa Ribeiro (1918 a 
1919);
�� Epitácio da Silva Pena (1919 a 1922); 
�� Artur da Silva Bernardes (1922 a 1926);
�� Washington Luís Pereira de Sousa (1926 
a 1930).
A monarquia viveu, nas três últimas déca-
das do século XIX, uma aguda crise que acelerou 
o seu fim. Os principais pontos dessa crise podem 
ser resumidos em três questões:
Rafael Lopes de Sousa
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10
�� questão social: diretamente relaciona-
da à crise da escravidão;
�� questão religiosa: relaciona-se às desa-
venças entre a igreja e o Estado;
�� questão militar: liga-se a uma maior im-
portância que o exército adquiriu após 
a Guerra do Paraguai. 
A organização do estado imperial estava 
estruturada nessas três diretrizes; quando elas 
começaram a perder representatividade, o Esta-
do perdeu a sua hegemonia, isto é, o seu controle 
sobre os diferentes setores da sociedade. 
�� Questão religiosa: na época do Impé-
rio, o catolicismo era a religião oficial 
do Brasil e a Igreja estava subordinada 
ao Estado. O mecanismo utilizado para 
a subordinação da Igreja ao Estado era 
o regime do padroado. De acordo com 
essa tradição, nenhuma ordem do Papa 
poderia vigorar, no Brasil, sem o con-
sentimento do imperador. A crise acon-
teceu exatamente quando o imperador 
recusou acatar uma determinação do 
Papa de punir os maçons (membros da 
maçonaria); os bispos católicos que qui-
seram aplicar a lei papal foram presos. 
Esse acontecimento abalou as relações 
da Igreja com o Estado e, como conse-
quência, a Igreja afastou-se do governo 
imperial;
�� Questão militar: a ideia formada que 
temos hoje sobre a corporação do 
exército só começou a existir, no Brasil, 
a partir da Guerra do Paraguai. Com o 
êxito obtido na Guerra do Paraguai, o 
exército tomou consciência de sua im-
portância e passou a manifestar o seu 
descontentamento com o tratamento 
que o governo imperial dispensava à 
corporação. Importantes oficiais eram 
punidos por manifestar opiniões públi-
cas contra a escravidão. Essas punições 
levaram um segmento considerável do 
exército a se organizar contra tais atitu-
des do governo imperial;
�� Questão social: concomitantemen-
te aos conflitos com a Igreja e com o 
exército, crescia também o desconten-
tamento com a manutenção da escra-
vidão. Estimulada pela economia ca-
feeira, a oligarquia resolveu importar 
mão de obra para desenvolver as novas 
atividades. O Império parecia não ter 
respostas para tantas críticas, deixando, 
assim, aberto o espaço para a atuação 
dos republicanos.1
A República Velha (1889-1930)
A soma de todos os acontecimentos narra-
dos culminou com a Proclamação da República, 
em 15 de novembro de 1889. Imediatamente 
após, formou-se um Governo Provisório, chefiado 
por Marechal Deodoro da Fonseca. 
Os primeiros tempos da República brasilei-
ra compreendem o período de 1889 a 1930. Esse 
período ficou conhecido como República Ve-
lha. Esses 41 anos podem ser divididos em duas 
fases distintas, sendo os cinco primeiros anos de 
implantação e consolidação da nova ordem, os 
quais ficaram conhecidos como República da Es-
pada. De 1894 até 1930, deu-se a instalação do 
poder civil e essa fase ficou conhecida como Re-
pública das Oligarquias.
A República da Espada correspondeu ao 
período em que o governo foi exercido sucessiva-
mente por dois militares; são eles: Marechal Deo-
doro da Fonseca e Floriano Peixoto. 
O Governo Provisório de Deodoro (1889-1891)
Instalado logo após a Proclamação da Re-
pública, em 15 de novembro de 1889, o primei-
1 Sobre as dificuldades para a consolidação da cidadania durante os primeiros momentos da República, ver Carvalho (2008). 
Recomendamos, particularmente, a leitura do capítulo 2: “Marcha acelerada (1930-1964)”.
História do Brasil República
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ro governo republicano foi chefiado por Manuel 
Deodoro da Fonseca e marcado por uma série de 
conflitos que retratavam os interesses antagôni-
cos dos membros do novo regime. Logo após a 
implantação do Governo Provisório, foram publi-
cados os primeiros atos da República, uma série 
de medidas modernizadoras que introduziram 
importantes mudanças na organização institu-
cional do país.
Algumas medidas modernizadoras do Go-
verno Provisório foram:
�� instituição da República Federativa dos 
Estados Unidos do Brasil;
�� transformação das Províncias em Esta-
dos;
�� banimento da Família Imperial brasilei-
ra;
�� extinção do Senado vitalício;
�� dissolução da Câmara dos Deputados;
�� convocação de eleições para o Con-
gresso Constituinte;
�� grande naturalização (cidadania para 
estrangeiros que viviam no Brasil); 
�� separação entre a Igreja e o Estado;
�� extinção do padroado;
�� reforma no ensino.
Crise do Encilhamento
 Chama-se encilhamento a crise econô-
mica vivida no governo de Marechal Deodoro 
da Fonseca. O termo está diretamente associado 
ao ritual das corridas de cavalos, no Jóquei Clube 
do Rio de Janeiro. A proximidade da largada era 
conhecida como “encilhamento”, isto é, momen-
to em que se apertavam com as cilhas (tiras de 
couro) as selas dos cavalos, sendo o instante em 
que as tensões transparecem no nervosismo das 
apostas. Por analogia, chamou-se “encilhamen-
to” a política de emissão de dinheiro em grande 
quantidade adotada por Rui Barbosa no Governo 
Provisório. 
Rui Barbosa, ministro da Fazenda do Gover-
no Provisório, adotou uma política emissionista, 
que visava ao crescimento da nação, estimulando 
a produção agrícola e industrial. Compreendia, 
porém, que o pequeno volume de moeda em cir-
culação era um grande inibidor de qualquer nova 
iniciativa econômica. Para mudar essa realidade, 
dividiu o Brasil em quatro regiões, autorizando a 
criação de um Banco Emissor em cada uma des-
sas regiões. As regiões autorizadas eram: Bahia, 
Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. 
Iniciou, assim, a emissão desenfreada de papel-
-moeda por bancos autorizados e isso facilitou o 
crédito. Com a entrada de um grande volume de 
dinheiro em circulação, a economia do país viveu 
um momento de euforia, com o aumento do con-
sumo. O fato é que a maior parte desse dinheiro 
não foi aplicada em produção, mas sim em proje-
tos pessoais, que travaram a criação de empregos 
e a distribuição de riquezas. Essa situação levou 
a uma inevitável desordem financeira, com forte 
desvalorização da moeda e inflação acelerada, 
que trouxe uma elevação dos preços. 
Com essa situação, muitos pequenos ban-
cos faliram e os grandes saíram fortalecidos da 
crise. Como a maioria desses negócios era reali-
zada na rua, a agitação do local assemelhava-se 
à do Jóquei Clube. Isso porque, naquela época, 
as apostas nas corridas de cavalos eram feitas no 
mesmo lugar em que os animais eram “encilha-
dos”, fato que produzia uma grande confusão. Daí 
o nome “encilhamento” dado a essa crise. 
A Constituição de 1891
Logo após a Proclamação da República,o 
Governo Provisório convocou uma Assembleia 
Constituinte para elaborar a primeira Constitui-
ção republicana. Essa Constituição foi fortemente 
DicionárioDicionário
Encilhamento: ato do jóquei de encilhar o cavalo 
momentos antes da corrida. Na política, foi um 
movimento extraordinário de especulação bolsis-
ta, nos primeiros anos da República.
Rafael Lopes de Sousa
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influenciada pelo modelo norte-americano. No 
dia 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada uma 
nova Constituição do Brasil. A nova Carta trouxe 
algumas novidades, entre as quais, podemos des-
tacar:
�� estabelecia a tripartição dos poderes: 
o Poder Executivo era agora exercido 
pelo presidente da República, eleito 
pelo voto direto, para um mandato de 
quatro anos (sem direito à reeleição); o 
Poder Legislativo passava a ser exercido 
pelo Congresso Nacional, formado pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado 
Federal; o Judiciário tinha no Supremo 
Tribunal Federal a sua instância máxi-
ma;
�� os estados ganharam autonomia, ou 
seja, as antigas províncias do Império 
foram elevadas à categoria de estados-
-membros, ganhando condições para 
eleger o seu governo e os seus deputa-
dos;
�� o direito de voto passou a ser extensi-
vo a todos os cidadãos, excetuando-se 
analfabetos, mendigos, soldados, reli-
giosos e mulheres. Além disso, o voto 
era aberto, fato que dava aos grandes 
fazendeiros condições de controlar as 
eleições.
Refletindo sobre esses acontecimentos, o 
historiador José Murilo de Carvalho (2002, p. 163) 
argumenta:
A república consolidou-se excluindo o 
envolvimento popular no governo. Impe-
dida de ser república a cidade mantinha 
suas repúblicas, seus nódulos de partici-
pação social, nos bairros, nas associações, 
nas irmandades, nos grupos étnicos, nas 
igrejas, nas festas religiosas e profanas e 
mesmo nos cortiços e maltas de capo-
eiras. [...] Ironicamente foi da evolução 
destas repúblicas, algumas inicialmente 
discriminadas, se não perseguidas, que 
se foi construindo a identidade coletiva 
da cidade. Foi nelas que se aproximaram 
o povo e classe média, foi nelas que se 
desenhou o rosto real da cidade, longe 
das preocupações com a imagem que 
se deveria se apresentar à Europa. Foi o 
futebol, o samba e o carnaval que deram 
ao Rio de Janeiro uma comunidade de 
sentimentos, por cima e além das gran-
des diferenças sociais que sobreviveram 
e ainda sobrevivem. Negros livres, escra-
vos, imigrantes, proletários e classe mé-
dia encontraram aos poucos um terreno 
comum de auto-reconhecimento que 
não lhes era propiciado pela política.
República da Espada
Denomina-se República da Espada o perí-
odo republicano governado sucessivamente por 
dois presidentes militares. O primeiro governo 
chefiado por militar foi o de Marechal Deodoro 
da Fonseca. Esse governo recebeu o apoio de 
muitos militares; foi, contudo, contestado pelos 
poderosos fazendeiros de café de São Paulo, que 
o responsabilizavam pela crise econômica do en-
cilhamento. Pode-se dizer, então, que, apesar de 
ter vencido as eleições, Marechal Deodoro não 
tinha apoio político suficiente para governar o 
país, pois sofria oposição dos cafeicultores de São 
Paulo.
Sem apoio político, Deodoro fechou o Con-
gresso, decretou estado de sítio e, concomitante-
mente, tentou reformar a Constituição para con-
ferir maiores poderes para o Executivo. O golpe, 
porém, fracassou e os movimentos de oposição 
aumentaram, levando Deodoro a renunciar à pre-
sidência em 23 de novembro de 1891, sendo seu 
cargo ocupado pelo vice-presidente, Floriano Pei-
xoto. 
Saiba maisSaiba mais
Estado de sítio é o instrumento através do qual o 
Chefe de Estado suspende temporariamente os di-
reitos e as garantias dos cidadãos e os Poderes Le-
gislativo e Judiciário são submetidos ao Executivo. 
Para a decretação do estado de sítio, o Chefe de Es-
tado, após ouvir o Conselho da República e o Con-
selho de Defesa Nacional, submete o decreto ao 
Congresso Nacional, a fim de efetivá-lo. O estado de 
sítio poderá ser decretado pelo prazo máximo de 30 
(trinta) dias, salvo nos casos de guerra, quando po-
derá acompanhar o período de duração desta. Po-
derá, ainda, ser decretado quando ocorrerem casos 
extremos de grave ameaça à ordem constitucional 
democrática ou for caso de calamidade pública.
História do Brasil República
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13
O governo de Marechal Floriano Peixoto foi, 
nesse sentido, um retorno à legalidade, pois, tão 
logo chegou ao poder, determinou a abertura do 
Congresso Nacional, atitude que recebeu o apoio 
das forças políticas de São Paulo, representadas 
pelo Partido Republicano Paulista (PRP). A apro-
vação ao seu governo foi, todavia, rapidamente 
corroída, pois, quando a oligarquia paulista per-
cebeu as suas intenções de ficar no poder, contra-
riando a determinação da Constituição de 1891, 
ela logo retirou o apoio ao presidente. Em seu 
art. 42, a Constituição de 1891 estabelecia: “Se, no 
caso de vaga, por qualquer causa, da presidência 
ou vice-presidência, não houverem ainda decor-
rido dois anos do período presidencial, preceder-
-se-á à nova eleição.” (BRASIL, 1891). 
A atitude de passar por cima da Constitui-
ção custou caro a Floriano, pois agora, além da eli-
te paulista, os militares também lhe faziam oposi-
ção. Assim, em 31 de março de 1892, 13 generais 
enviaram ao presidente uma carta manifesto, 
exigindo a convocação de novas eleições presi-
denciais, como determinava a Constituição. Ao in-
vés de buscar conciliação, Floriano reagiu de ma-
neira punitiva e decretou o afastamento de todos 
que subscreviam o manifesto. Esse acontecimen-
to ficou conhecido como Revolta da Armada.
Floriano teve de enfrentar, ainda, a Revolu-
ção Federalista, conflito sangrento que ocorreu 
no Rio Grande do Sul e que migrou para o Rio 
de Janeiro, para se unir aos rebeldes da Revolta 
da Armada. O Estado de São Paulo, visto como o 
sustentador político do Governo Federal, recebeu 
ameaças dos insurgentes.
No período de 1894 a 1930, o Brasil foi go-
vernado por civis representantes das oligarquias 
rurais de São Paulo e Minas Gerais, principalmen-
te. Entre as características desse período, desta-
cam-se: o coronelismo, a Política dos Governa-
dores e a Política do Café com Leite. Vejamos 
alguns dos seus aspectos representativos.
Coronelismo
Constituía a base do sistema oligárquico e 
estava assentado na atuação dos chefes políticos 
locais.2 O termo ‘coronel’ designava o título rece-
bido ou comprado durante o período regencial 
para compor a Guarda Nacional, que dava prote-
ção ao imperador. Com a instituição da República, 
esses senhores utilizaram o prestígio político e fi-
nanceiro para fazer valer a sua vontade.
Em geral, o poder deles residia no controle 
que exerciam sobre os eleitores. Controlando as 
regiões eleitorais (currais eleitorais), os eleito-
res votavam sempre no candidato indicado pelo 
coronel, esperando, em nome disso, algum be-
nefício. Os votos destinados aos candidatos dos 
coronéis ficaram conhecidos como votos de ca-
bresto.
A prática do voto aberto contribuiu decisi-
vamente para a efetivação dessa política, já que 
possibilitava aos capangas dos coronéis acompa-
nhar a votação, controlando em quem o eleitor 
estava votando. Aquele que não votava no can-
didato indicado pelo coronel sofria represálias. A 
importância do coronel media-se, portanto, pelo 
maior número de votos que ele conseguia con-
trolar, pois era isso que lhe dava projeção fora de 
seu domínio local.
Nesse período, apenas uma pequena parce-
la de pessoas participava das eleições. A condição 
de eleitor estava diretamente vinculada às posses 
do indivíduo, ou seja, só votava quem tinha uma 
renda anual superior a 100 mil-réis. Assim, na úl-
tima década do Império, o país contava com uma 
população de, aproximadamente, 12 milhões de 
habitantes, dos quais apenas 2% era eleitor. Com 
a instituição da República, o voto censitário (ba-
seado na renda econômica doindivíduo) foi ex-
tinto e, em seu lugar, foi instituído o voto aberto 
masculino para os maiores de 21 anos.
2 Para maiores informações sobre o Coronelismo e sua estrutura de funcionamento, ver Leal (1948).
Rafael Lopes de Sousa
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14
Política dos Governadores
Pensada por Prudente de Morais (1894-
1898) e levada adiante por Campos Sales (1898-
1902), a Política dos Governadores era um com-
promisso firmado entre o Governo Federal e os 
governos estaduais. Essa política determinava 
que o presidente apoiasse, com todos os meios 
ao seu alcance, os governadores estaduais e seus 
aliados e, em troca, os governadores garantiriam 
a eleição, para o Congresso, dos candidatos da 
chapa oficial. Dessa maneira, somente os candi-
datos oficiais seriam reconhecidos e empossados 
pelas oligarquias estaduais. A eleição dos candi-
datos da oposição era sempre impugnada. 
Política do Café com Leite
Foi uma política de aliança entre São Paulo 
e Minas Gerais, visando ao controle da sucessão 
presidencial. Sua sustentação estava ancorada 
no poder econômico das oligarquias desses dois 
estados, representados, respectivamente, pelos 
partidos políticos: Partido Republicano Paulista 
(PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Trata-
-se de uma união de interesses, já que São Paulo 
era o maior produtor de café; Minas Gerais era o 
segundo e destacava-se também pela produção 
de leite. Nasceu daí a denominação para a aliança 
entre PRP e PRM: Política do Café com Leite.
Em 1930, Washington Luís (paulista) deve-
ria indicar um candidato mineiro para sucedê-lo; 
contrariando, porém, a expectativa, ele indicou 
um candidato paulista. Essa atitude fez romper a 
Política do Café com Leite. Os desdobramentos 
políticos do fim desse acordo precipitaram a Re-
volução de 1930. 
Conveio de Taubaté
Os fazendeiros do café realizaram, em 1906, 
na cidade de Taubaté, em São Paulo, uma reunião 
para debater soluções para o enfrentamento da 
crise de superprodução que atingia a economia 
cafeeira. As resoluções tomadas nessa reunião 
resumiam-se a uma transferência de responsabili-
dades dos produtores de café para o Governo Fe-
deral, ou seja, a partir de então, o Governo Federal 
deveria comprar o excedente da produção para 
ajudar os produtores a superarem a crise com o 
mercado do café. Essa política garantiu aos pro-
dutores tranquilidade e lucro certo, pois transfe-
riam para o Governo Federal a responsabilidade 
de vender o café. 
As Revoltas da Primeira República
As Revoltas da Primeira República podem 
ser divididas em duas categorias. De um lado, es-
tavam aquelas denominadas de messiânicas (a 
palavra deriva de Messias, que significa enviado 
de Deus) e, do outro, aquelas denominadas de 
sociais. Vejamos, pois, as características de cada 
uma delas. 
As revoltas messiânicas estavam associa-
das ao quadro de miséria e opressão a que esta-
va submetida a população mais humilde do país 
na Primeira República, sobretudo, a população 
do Nordeste. Essa situação fez surgir, nessas regi-
ões, líderes religiosos que prometiam para aque-
le povo um novo tempo de justiça e paz. Os dois 
principais movimentos de caráter messiânico na 
Primeira República foram: Canudos e Contestado.
A Revolta de Canudos ocorreu no sertão 
baiano. Esse movimento foi conduzido por An-
tonio Vicente Mendes Maciel (1828-1897), ape-
lidado de Antonio Conselheiro, por conta dos 
aconselhamentos que dava para os moradores do 
sertão. Sob a orientação de Antonio Conselheiro, 
a população de Canudos iniciou a construção de 
um projeto político autônomo, rompendo, assim, 
com o mundo circundante ou, dizendo de outro 
modo, em Canudos, as determinações da Repú-
AtençãoAtenção
O messianismo é, em termos restritos, a crença 
divina – ou no retorno – em um enviado divino li-
bertador, um messias, com poderes e atribuições 
que aplicará ao cumprimento da causa de um 
povo ou um grupo oprimido.
História do Brasil República
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15
blica não eram seguidas. A produção agrícola, por 
exemplo, era comercializada com as cidades vizi-
nhas e distribuída de maneira igualitária entre a 
população. Essa atitude chamou a atenção da po-
pulação sertaneja e ensejou um grande processo 
de migração para Canudos. Os que para lá iam ali-
mentavam a expectativa de encontrar condições 
para viver melhor. Os fazendeiros locais inquieta-
ram-se com essa situação, pois perdiam, dia após 
dia, a mão de obra barata com a qual viviam. A 
Igreja, por sua vez, perdia um número considerá-
vel de seus fiéis para Canudos, que, além da paz 
para o espírito, oferecia, também, condições mais 
humanas para o sertanejo viver. 
Por conta desses acontecimentos, Antonio 
Conselheiro foi acusado de Monarquista: um re-
belde que não acatava as leis da República e que 
precisava ser punido exemplarmente para que 
seu exemplo não prosperasse. Esse era, aliás, o 
maior temor dos fazendeiros do Nordeste, isto é, 
temiam que o exemplo de Canudos prosperasse 
pelo sertão. A Igreja Católica, por sua vez, recla-
mava do esvaziamento de sua entidade e culpava 
Antonio Conselheiro. O governo republicano re-
pudiava a campanha de não pagamento de im-
postos que prosperava em Canudos. Havia, assim, 
muitos acusações e muitos impedimentos para o 
pleno desenvolvimento dessa comunidade.
Construiu-se, assim, uma campanha difa-
matória como parte da estratégia para destruir 
Canudos, sendo eles acusados de loucos, fanáti-
cos e monarquistas. Uma vez que essa campanha 
difamatória não estava produzindo o efeito dese-
jado, o Governo Federal resolveu fazer a interven-
ção armada, para assim extirpar o “mal” pela raiz. 
 A Guerra do Contestado foi, ao lado da 
Guerra de Canudos, um dos mais importantes 
movimentos sociais da República. Ocorreu na 
fronteira do Paraná com Santa Catarina, numa 
região contestada, isto é, disputada pelos dois 
estados. Nessa época, duas importantes empre-
sas norte-americanas atuavam nessa região. Uma 
delas trabalhava com a exploração de madeira 
e a outra atuava no ramo ferroviário. O proble-
ma surgiu quando essas empresas começaram a 
contratar trabalhadores de outras regiões, mão 
de obra mais barata que vinha, geralmente, do 
Nordeste. Com a finalização da ferrovia, em 1910, 
as empresas demitiram a maioria de seus funcio-
nários. Longe de sua terra natal, sem emprego, 
sem dinheiro e sem casa para morar, essas pesso-
as passaram a ser um problema social; como não 
tinham apoio do governo local, buscaram ampa-
ro para suas aflições na religião e se organizaram 
sob a liderança do monge João Maria. 
Após sua morte, seu lugar foi ocupado por 
outro monge, de nome José Maria. Seguindo os 
passos de seu antecessor, José Maria conseguiu 
organizar alguns povoados, que reuniam mais de 
20 mil sertanejos. A reunião desses povoados re-
cebeu o nome de Monarquia Celeste e contava 
com um governo próprio baseado na distribuição 
igualitária da riqueza.
Nesse território, as leis republicanas não 
tinham validade. Os fazendeiros e donos de em-
presas da região temiam que essa autonomia 
contagiasse a população e prejudicasse os seus 
negócios. Iniciaram, assim, uma violenta perse-
guição para destruir a organização comunitária e 
expulsar os sertanejos da região. Contando com 
o suporte do Governo Federal, os coronéis fazen-
deiros conseguiram expulsar os sertanejos das 
terras que ocupavam e, em 1912, o líder máximo 
desse movimento, José Maria, foi morto. Seguin-
do o exemplo já vivido em Canudos, o governo 
não deixou pedra sobre pedra e dizimou a popu-
lação insurgente.
Cangaço: desde o século XVIII, com o des-
locamento do centro dinâmico da economia para 
o sul do Brasil, as desigualdades sociais do Nor-
deste aumentaram significativamente.2 A fome, a 
seca e as injustiças dos coronéis fazendeiros po-
tencializaram o surgimento do banditismo social.3 
No Brasil, os representantes do banditismo social 
2 Para mais informações sobre os movimentos messiânicos, ver Fausto (1994).Para mais detalhes sobre o cangaço e suas 
práticas de atuação, ver Facó (1965).
3 Empregamos, aqui, o termo utilizado por Hobsbawm (1975) para configurar essas conformações sociais que surgiram em 
épocas e regiões diferentes.
Rafael Lopes de Sousa
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ficaram conhecidos como cangaceiros, pratican-
tes de assaltos a fazendeiros e a comerciantes. O 
rei do cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, o 
temível Lampião, que aterrorizou o Nordeste de 
1920 a 1938.
Revolta da Vacina: os problemas sociais da 
República agravaram-se ainda mais no governo 
de Rodrigues Alves (1092-1906). Nessa época, a 
população da capital federal, Rio de Janeiro, sofria 
com a falta de saneamento básico. O lixo amon-
toado na rua fazia crescer a possibilidade de do-
enças, como a peste bubônica, a febre amarela e 
a varíola. Aliado a isso, houve também um cres-
cimento descontrolado da população, ensejando 
diversos problemas sociais, como o alcoolismo, a 
mendicância e a criminalidade. A fim de estancar 
o crescimento desses problemas, o governo ado-
tou, conforme observa o historiador José Murilo 
de Carvalho, uma série de medidas.
O governo proibiu cães vadios e vacas 
leiteiras nas ruas; mandou recolher a 
asilos os mendigos; proibiu a cultura de 
hortas e capinzais, a criação de suínos, a 
venda ambulante de bilhetes de loteria. 
Mandou também que não se cuspisse 
nas ruas e dentro dos veículos, que não 
se urinasse fora dos mictórios, que não se 
soltasse pipas. (CARVALHO, 2002, p. 95). 
Além das medidas sociais e leis punitivas, o 
governo do presidente Rodrigues Alves apostou 
na decisão da reforma urbana para alcançar maior 
salubridade para a cidade. No entendimento dos 
urbanistas, a reforma higienista deveria começar 
pelo Porto do Rio de Janeiro, pois era dali que se 
propagava a maioria das doenças para a cidade.4 
Essa reforma contou com o alargamento das ruas 
e avenidas, a ampliação da rede de água e esgo-
tos, a eliminação dos cortiços e a remodelação do 
Porto. Os cortiços foram demolidos e as pessoas 
que moravam nessas localidades foram empur-
radas para o morro. Concomitantemente a esses 
acontecimentos, o médico sanitarista Oswaldo 
Cruz convenceu o presidente a decretar a obriga-
toriedade da vacina contra a varíola.
Ocorre que a população não foi devidamen-
te esclarecida sobre a necessidade e os benefícios 
que a vacina poderia trazer. A imposição da vacina 
era vista pela população como uma violação dos 
direitos individuais; soma-se a isso o oportunismo 
da oposição e dos militares que eram contra o go-
verno. Eles tinham, nesses acontecimentos, todos 
os ingredientes para insuflar uma revolta e, assim, 
tentar desestabilizar o governo. As ruas do Rio de 
Janeiro foram tomadas pelos revoltosos; por trás 
da população humilde, estavam políticos e mili-
tares que queriam derrubar o governo de Rodri-
gues Alves. Apesar disso, o governo, utilizando o 
efetivo do Corpo de Bombeiros e das tropas da 
Cavalaria, conseguiu dominar os revoltosos. O 
conflito deixou um saldo de aproximadamente 
40 mortos. Centenas de revoltosos identificados 
foram presos e deportados para o Acre. A seguir, 
dois exemplos de cortiços: estalagem da Rua do 
Senado e favela do morro do Pinho, em 1912.
4 A propósito da construção de um discurso higienista para as metrópoles brasileiras no século XIX e início do século XX, conferir 
Rago (1985), particularmente, o capítulo 4: “A Desodorização do Espaço Público”. Nessa obra, entre outras preocupações, a 
autora ocupa-se em desmistificar a ideia segundo a qual a população (em particular, os operários e moradores de cortiços) 
permaneceu dócil às interferências que a Ciência Médica e a Ciência Jurídica faziam no cotidiano de suas vidas. A propósito de 
uma separação cada vez mais longitudinal entre ricos e pobres, conferir Rolnik (1994) e Caldeira (2000).
História do Brasil República
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 Figura 1 – Exemplos de cortiços.
 Fonte: CPDC.
A Revolta da Chibata 
A Revolta da Chibata foi um dos aconteci-
mentos mais vergonhosos da história de nossa 
República. Apesar de trabalharem em navios 
extremamente modernos, os marinheiros con-
viviam com uma legislação do século XIX, que 
impunha a eles duros castigos corporais e uma 
péssima alimentação. Essa legislação já era alvo 
de protestos no Império e, com advento da Repú-
blica, a sua legitimidade voltou ser questionada, 
agora de maneira mais incisiva. 
Tudo começou em 22 de novembro de 
1910, quando o marinheiro Marcelino Rodrigues 
Meneses foi condenando a 250 chibatadas e seus 
companheiros de trabalho foram obrigados a as-
sistir a tudo. João Cândido iniciou uma resistên-
cia, tomando o comando do encouraçado Minas 
Gerais. Em seguida, os outros três navios (São 
Paulo, Bahia e Deodoro) estacionados na Gua-
Rafael Lopes de Sousa
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nabara aderiram ao movimento; sob a liderança 
de João Cândido, apontaram os canhões para a 
cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comu-
nicado para o presidente da República explican-
do as causas da rebelião e fazendo exigências ao 
governo. A principal exigência que faziam era o 
fim dos castigos corporais – puniam o marinheiro 
que cometesse uma falta “grave” com a pena de 
25 chibatadas –; exigiam, também, melhora na 
alimentação e reajustes salariais.
Acossado pelos canhões, o governo sinali-
zou que atenderia a todas as exigências dos ma-
rujos; exigia, todavia, que o controle dos navios 
fosse devolvido aos seus comandantes. Acredi-
tando na palavra empenhada do governo, foi o 
que os marujos fizeram. Quando retomou o con-
trole dos navios, o governo imediatamente decre-
tou a expulsão de vários marinheiros e a prisão de 
seus principais líderes. A seguir, fotos do Almiran-
te Negro em duas situações distintas.
 Figura 2 – Almirante Negro.
 
 Fonte: CPDC.
João Cândido foi enviado, com outros mari-
nheiros, para a prisão na ilha das Cobras, resistiu a 
todos os tipos de atrocidades e foi absolvido em 
1912; morreu em 1969. A história de João Cândi-
do e seus companheiros foi sonegada dos anais 
da história por muito tempo; a partir da década 
de 1970, ela começou a ser resgatada pela histo-
riografia e pelo segmento cultural. Em 1974, os 
compositores João Bosco e Aldir Blanc fizeram 
uma canção intitulada O mestre-sala dos mares; 
seu tema era a Revolta da Chibata. Vejamos o que 
dizem os seus versos:
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um Mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saldado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mula-
tas
Rubras cascatas jorravam das costas
Dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então: 
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias que atra-
vés da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro que tem por 
monumento
As pedras pisadas do cais. (BOSCO; 
BLANC, 1974).
 
Tenentismo
A década de 1920 foi marcada por perma-
nentes tensões políticas e sociais. Em geral, esse 
descontentamento traduzia o desejo do povo de 
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ver os valores da República efetivamente instau-
rados no país. Os militares faziam eco às manifes-
tações populares e reclamavam também uma so-
ciedade mais participativa.
A partir de 1922, os oficiais jovens iniciaram 
a formação de um movimento que ficou conheci-
do como tenentismo. Esse movimento represen-
tou um inédito enfrentamento dos baixos oficiais 
contra os privilégios dos oficiais mais graduados.Do ponto de vista ideológico, defendiam os se-
guintes princípios para a modernização da socie-
dade brasileira:
�� ideal de salvação nacional, ou seja, 
julgavam-se os defensores das institui-
ções republicanas;
�� por entenderem que o povo votava 
mal, defendiam a substituição do voto 
universal por um sistema que permitis-
se a participação de uma elite eleitoral;
�� defendiam reformas urgentes para o 
estado, entre as quais, destaca-se a cria-
ção de um novo sistema de ensino. 
O movimento tenentista pode ser conside-
rado um movimento de elite, pois a maioria de 
seus representantes era proveniente de setores 
da classe média. Por serem as Forças Armadas 
responsáveis pela defesa da nação, o movimento 
acabou por encarnar o ideal de salvação nacio-
nal e a real possibilidade de utilizar as armas para 
alcançar os seus objetivos. Entre os principais re-
presentantes do movimento, podemos citar: Luís 
Carlos Prestes, Joaquim e Juarez Távora.
A primeira revolta tenentista ocorreu em 5 
de julho de 1922, no Forte de Copacabana. Tudo 
começou quando 18 tenentes revoltosos decidi-
ram impedir a posse do presidente Artur Bernar-
des. Tropas fiéis cercaram e tentaram convencer 
os rebeldes a se entregar. Dezoito rebeldes saíram 
às ruas e resolveram enfrentar as tropas fiéis ao 
governo; não tinham, porém, a mesma força ma-
terial que tinham os aliados do governo. Ocorreu, 
assim, uma luta suicida, sendo que apenas dois 
revoltosos saíram vivos dos combates. Essa revol-
ta ficou conhecida como Os Dezoito do Forte. 
 Figura 3 – Os Dezoito do Forte.
 Fonte: CPDC.
Exatos dois anos depois, em 5 de julho de 
1924, irromperam em São Paulo novas revoltas 
tenentistas. Os revoltosos de São Paulo foram im-
placavelmente perseguidos. Para sobreviver, par-
tiram para o interior do estado e, de lá, a Coluna 
Paulista seguiu em direção ao sul do país, onde 
se juntou a outra coluna, liderada por Luís Carlos 
Prestes.
Rafael Lopes de Sousa
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Figura 4 – Integrantes da Coluna Prestes posam para retrato.
Fonte: CPDC. 
Obs.: Prestes é o terceiro sentado, da esquerda para a direita.
A Coluna Prestes foi resultado da fusão 
das colunas de São Paulo e do Rio Grande do Sul. 
Essa coluna inovou ao percorrer o país procuran-
do apoio popular para as suas causas. De 1924 a 
1926, a Coluna Prestes percorreu mais de 24 mil 
quilômetros e passou por 12 estados brasileiros 
divulgando as suas causas. A coluna não conse-
guiu o apoio desejado para enfrentar o governo 
e, aos poucos, foi se fragmentando, encerrando 
suas atividades em 1926. Luís Carlos Prestes tor-
nar-se-ia, mais tarde, um dos principais líderes do 
Partido Comunista, fundado em 1922.
1.1 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, tratamos da crise do Império e de suas consequências para a instituição da Repúbli-
ca, bem como verificamos as diversas etapas e características da República Velha e analisamos algumas 
de suas revoltas. A partir do que foi estudado, reflita e responda ao que se pede. 
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1. O que foi a Política do Café com Leite? 
2. Caracterize a crise do encilhamento.
1.2 Atividades Propostas
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23
A REVOLUÇÃO DE 1930 E
O GOVERNO PROVISÓRIO2 
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, estudaremos a Revolução 
de 1930 e suas consequências para a sociedade 
brasileira e trataremos da política trabalhista de 
Getúlio Vargas, da Revolução Constitucionalista, 
da polarização ideológica, da participação do Bra-
sil na Segunda Guerra Mundial e do fim do Estado 
Novo.
Com a crise de 1929, os produtores de café 
perderam o status de senhores da economia na-
cional. A crise impôs uma retração do mercado 
consumidor brasileiro e dificultou a exportação 
do produto. 
Em 1929, o país era governado por Wa-
shington Luís e pela Política do Café com Leite. Ele 
deveria indicar um mineiro para sucedê-lo, mas, 
contrariando a regra, preferiu apoiar um paulista. 
Inconformado com o rompimento do acordo, An-
tonio Carlos, presidente do Estado de Minas Ge-
rais, iniciou uma articulação de resistência à can-
didatura oficial, representada pelo paulista Júlio 
Prestes. 
Dessa articulação, nasceu a Aliança Liberal, 
que lançou o gaúcho Getúlio Vargas à presidência 
e o paraibano João Pessoa para a vice-presidên-
cia. A Aliança Liberal trabalhou com uma plata-
forma de reformas políticas profundas; entre suas 
propostas, destacam-se: instituição do voto se-
creto, anistia política, incentivo à produção indus-
trial e criação de leis trabalhistas. Esse programa 
repercutiu positivamente entre as classes médias 
urbanas. 
O apoio da classe média não foi, todavia, 
suficiente para impedir o triunfo de Júlio Prestes, 
candidato apoiado pelas oligarquias paulistas. Os 
líderes da Aliança Liberal não aceitaram o resulta-
do das eleições e afirmaram que a vitória de Júlio 
Prestes era decorrência de fraude eleitoral. O fei-
tiço havia virado contra o feiticeiro, pois gaúchos, 
mineiros e paraibanos apoiavam, até pouco tem-
po, as práticas que agora condenavam. 
O descontentamento, que estava circuns-
crito aos setores militares e de classe média, alas-
trou-se e inundou as ruas, com o apoio de diver-
sos grupos sociais, entre os quais, destacam-se os 
operários e os profissionais liberais. Com medo 
de perderem o controle da situação, os líderes da 
Aliança Liberal criaram o seguinte bordão: “Faça-
mos a revolução, antes que o povo a faça.” Os líde-
res da Aliança Liberal demonstravam, assim, que 
a participação do povo no processo revolucioná-
rio deveria ser muito bem monitorada. 
A revolta ganhou, contudo, intensidade 
quando João Pessoa, governador da Paraíba e 
candidato a vice-presidente pela Aliança Liberal, 
foi assassinado, em 26 de julho de 1930. A morte 
de João Pessoa serviu como bandeira para a opo-
sição iniciar um levante armado contra a oligar-
quia paulista. Pouco antes de concluir o seu man-
dato, Washington Luís foi deposto. Formou-se 
uma junta militar e o poder foi transferido para 
Getúlio Vargas para chefiar o Governo Provisório. 
A Era Vargas 
A mudança de liderança política resultante 
da ascensão de Vargas à presidência tornou-se 
conhecida como “Revolução de 1930” ou “Era Var-
gas” e se estendeu de 1930 a 1945. A junta gover-
nista que levou Vargas ao poder decretou a disso-
lução do Congresso Nacional, o fechamento das 
casas legislativas estaduais e municipais e indicou 
militares ligados ao Tenentismo para chefiar os 
governos estaduais.
Rafael Lopes de Sousa
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24
Getúlio tratou de utilizar os quadros te-
nentistas como instrumento da luta con-
tra o predomínio das oligarquias esta-
duais, em duas regiões muito diferentes: 
o Nordeste e São Paulo. O Nordeste foi 
o campo de ação predileto dos ‘tenen-
tes’. Muitos deles provinham dessa área 
marcada pela extrema pobreza, onde a 
violência exercida pelo pequeno círculo 
dominante era flagrante. Vários dos inter-
ventores nomeados para os Estados nor-
destinos eram militares; em novembro 
de 1930, o governo criou uma delegacia 
regional do Norte, entregando-a a Juarez 
Távora. O movimento tenentista tentou 
introduzir certas melhorias e atender a 
algumas reivindicações populares, reto-
mando, em outro contexto, a tradição de 
‘salvacionismo’. (FAUSTO, 1994, p. 341).
 
 O compromisso com as mudanças e o de-
senvolvimento do país fica evidenciado em al-
gumas medidas tomadas pelos interventores 
tenentistas. Na Bahia, o foco era a agricultura 
e a tentativa de criar um serviço de saúde mais 
amplo e de melhor qualidade. Em Pernambuco, 
prosperava a ideia de uma redução compulsória 
dos aluguéis. Juarez Távora, que controlava mais 
de 10 estados, defendia a ideia de expropriar os 
bens dos oligarcas mais comprometidos com a 
República Velha. 
A conjuntura tornava-se, porém, cada vezmenos favorável a Vargas, entre outros motivos, 
porque os militares legalistas cobravam um posi-
cionamento do governo contra o radicalismo dos 
tenentistas. Em meio a essas dificuldades, as oli-
garquias tradicionais organizavam-se e pediam o 
retorno da normalidade constitucional, esperan-
do, com isso, serem levadas de volta ao poder. 
O primeiro ministério de Vargas exprimia 
um conjunto de forças díspares que o havia fei-
to presidente. Destacam-se, nessa conjuntura, o 
Ministério da Justiça entregue a Osvaldo Aranha, 
gaúcho e amigo íntimo de Vargas; Lindolfo Collor, 
também gaúcho, ficou com o Ministério do Tra-
balho, Indústria e Comércio; e, para o paulista 
José Maria Withaker, foi entregue o Ministério da 
Fazenda. Os tenentes foram preteridos e os minis-
térios da Marinha e do Exército foram entregues 
para a oficialidade. 
A Política Trabalhista 
Uma das causas motivadoras da Revolução 
de 1930 foi o descontentamento de largos seto-
res da sociedade com as políticas sociais da Re-
pública Velha. Entre outros motivos, pode-se di-
zer que a Revolução de 1930 tinha como missão 
precípua implantar uma verdadeira política social 
para a população mais carente do país. A criação 
do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio 
e do Ministério da Educação e Saúde Pública de-
monstrava esse interesse. 
A Lei dos Dois Terços, chamada popular-
mente de Lei da Nacionalização do Trabalho, vi-
nha no mesmo caminho de atender às demandas 
populares. 
Em março de 1931, foi instituída a Lei da 
Sindicalização. De acordo com essa lei, os esta-
tutos dos sindicatos deveriam, a partir de então, 
ser submetidos à apreciação do Ministério do 
Trabalho, Indústria e Comércio. Com essa lei, o 
governo ampliava a possibilidade de controle do 
movimento operário. Ainda em 1931, foram apre-
sentadas as propostas para a criação do Salário-
-Mínimo, mas ele só seria regulamentado no Esta-
do Novo (1937). 
AtençãoAtenção
A Lei dos Dois Terços determinava que todas as 
empresas estrangeiras eram obrigadas a empre-
gar dois terços de brasileiros natos em seus qua-
dros de funcionários.
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A Revolução Constitucionalista (1932)
Figura 5 – Xilografia representando o ideal paulista em 1932.
Fonte: CPDC.
DicionárioDicionário
Oligarquia: governo de poucos. Em ciência políti-
ca, é a forma de governo em que o poder político 
está concentrado num pequeno número de pes-
soas.
São Paulo foi o estado que mais perdeu com 
a Revolução de 1930, pois a sua oligarquia já não 
definia sozinha os rumos da política econômica 
do país. Conforme passava o tempo, o governo 
Vargas ficava mais centralizador. 
A centralização desagradava a São Paulo e 
outras oligarquias regionais. Assim, para enfren-
tar a centralização do Governo Federal, em mar-
ço de 1932, a Frente Única Gaúcha – formada por 
partidos regionais – rompeu com Getúlio. Esse 
episódio levou os grupos que já conspiravam em 
São Paulo a acelerar os preparativos para uma 
revolução. São Paulo sonhava em recuperar o 
status perdido com a Revolução de 1930 e apos-
tava que, ao iniciar um processo revolucionário, 
receberia apoio de outros estados descontentes, 
especialmente de Minas Gerais e Rio Grande do 
Sul. O apoio, porém, não veio e São Paulo ficou 
isolado. 
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 Figura 6 – Soldados paulistas da Revolução Constitucionalista.
 Fonte: CPDC.
O esperado apoio do Rio Grande do Sul e 
de Minas não veio. O interventor gaúcho, 
Flores da Cunha, que hesitava , decidiu 
apoiar Getúlio e enviar tropas contra São 
Paulo. [...]. A verdade é que, apesar das di-
vergências com o poder central, as elites 
regionais do Rio grande do Sul e de Mi-
nas não se dispunham a correr o risco de 
enfrentar, pelas armas, um governo que 
havia ajudado a colocar no poder a me-
nos de dois anos. (FAUSTO, 1994, p. 346).
Uma das queixas de São Paulo era com a 
nomeação do interventor, que não tinha raízes 
com a cidade. Tentando minimizar os conflitos, 
Getúlio Vargas atendeu às exigências dos paulis-
tas e nomeou um novo interventor para a cida-
de de São Paulo. Essa medida não foi, contudo, 
suficiente para estabelecer uma trégua e a nova 
pauta reivindicatória de São Paulo passou a ser a 
convocação de uma Assembleia Constituinte. 
As manifestações contra o governo Vargas 
cresceram. Em maio de 1932, uma grande mani-
festação popular cercou a sede da Legião de Ou-
tubro, uma agremiação política ligada a Getúlio 
Vargas. Nesse confronto, morreram quatro mani-
festantes; eram eles: Martins, Miragaia, Dráusio e 
Camargo. Com as iniciais dos nomes desses estu-
dantes formou-se, a sigla MMDC tornar-se-ia o 
símbolo do movimento constitucionalista de São 
Paulo. 
Em 9 de julho de 1932, eclodiu, em São Pau-
lo, a Revolução Constitucionalista, que mobilizou 
quase que integralmente a sociedade paulista 
para lutar contra o Governo Federal. As tropas 
paulistas resistiram por três meses. Ao final desses 
três meses, faltava de tudo: roupa, alimentação e 
armas. O Governo Federal saiu vitorioso do con-
fronto; evitou, porém, indispor-se com São Pau-
lo, que, apesar de derrotado, desfrutava ainda de 
grande poder socioeconômico. 
A insistência de São Paulo prosperou e, dois 
anos após o início da Revolução Constituciona-
lista, ou seja, em julho de 1934, foi promulgada 
a nova Constituição do Brasil. Entre seus pontos 
principais, estavam:
�� mandato presidencial de quatro anos, 
com eleições diretas para presidente, 
sem reeleição imediata;
�� eleições diretas, com voto secreto, para 
brasileiros de ambos os sexos, alfabeti-
zados e maiores de 18 anos;
�� criação da justiça eleitoral;
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27
�� ensino primário obrigatório e gratuito;
�� nacionalismo econômico: defendia a 
proteção das riquezas naturais e a res-
trição à imigração estrangeira e as em-
presas estrangeiras ficavam obrigadas a 
ter dois terços de seus quadros de bra-
sileiros natos.
Polarização Ideológica
Em meio a todos esses acontecimentos, 
ocorreu também uma polarização ideológica. As 
duas principais forças políticas dessa época eram: 
a Aliança Nacional Libertadora (ANL), próxima ao 
espectro político de esquerda, e a Ação Integralis-
ta Brasileira (AIB), afinada com os princípios polí-
ticos do fascismo. 
A AIB era liderada pelo jornalista Plínio Sal-
gado e reivindicava um governo ditatorial, com 
um partido e um chefe único. Apoiados por mui-
tos setores das Forças Armadas e pela Igreja Cató-
lica, seus integrantes tinham como lema de iden-
tificação “Deus, Pátria e Família”. 
A ANL correspondia ao encontro de algu-
mas forças dispersas da sociedade, que encon-
traram na fundação da ANL, em 1935, um núcleo 
comum de militância. Entre essas forças, desta-
cam-se: socialistas, comunistas e tenentistas. As 
principais reivindicações da ANL eram:
�� suspensão definitiva do pagamento 
das dívidas externas “imperialistas” do 
Brasil;
�� constituição de um governo popular;
�� nacionalização de todas as empresas 
estrangeiras.
O governo respondeu à radicalização da 
ANL com uma implacável perseguição aos seus 
membros; entre outras coisas, acusava-os de liga-
ção com grupos comunistas internacionais. Com 
base na Lei de Segurança Nacional, determinou 
o fechamento dessa agremiação. Paralelamente 
a esses acontecimentos, alguns membros da ANL 
secretamente conspiravam e organizavam uma 
revolta contra o governo Vargas.
A revolta ficou conhecida como Intentona 
Comunista e aconteceu em novembro de 1935; 
entre as cidades participantes, estavam Rio Gran-
de do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro. A re-
belião foi rapidamente dominada pelo governo e 
sua ousadia ofereceu argumentos para os setores 
mais autoritários do governo endurecerem ainda 
mais o regime político.
Faltava, porém, um pretexto para fortalecer 
o clima golpistae ele foi oferecido em setembro 
de 1937, com a descoberta do Plano Cohen. Trata-
va-se de um plano supostamente comunista, que 
visava à tomada do poder. Diante da “ameaça ver-
melha”, o Congresso Nacional concedeu plenos 
poderes para o Poder Executivo. Getúlio Vargas 
construiu, assim, a sustentação para o golpe de 
estado. Os integralistas organizaram uma impres-
sionante mobilização, com mais de cinquenta mil 
militantes, e manifestaram solidariedade ao presi-
dente e às Forças Armadas na luta contra o comu-
nismo. Tudo estava pronto para a intervenção e, 
em 10 de novembro de 1937, as portas do Senado 
e da Câmara dos Deputados estavam fechadas, 
impedindo a entrada dos legisladores da nação. 
Nesse mesmo dia, entrou em vigor a Constitui-
ção de 1937. O Estado Novo estava instaurado.
Organização e Características do Estado Novo
Um dos primeiros atos do Estado Novo foi 
a dissolução dos partidos políticos, em dezembro 
de 1937. O governo argumentava que essa medi-
da era necessária, pois os partidos eram artificiais 
e sem representatividade popular. Nesse primeiro 
momento, o Estado Novo já deixava transparecer 
que iria construir uma base de apoio no mito da 
nação unida e representada por um povo ordeiro. 
Instaurou-se o Estado de Emergência, que 
autorizava o presidente a suspender as imunida-
des parlamentares, invadir casas, exilar, prender 
pessoas e condená-las sem julgamento. Legali-
zou-se a censura para os meios de comunicação 
e o mandato presidencial foi dilatado para seis 
anos. 
Rafael Lopes de Sousa
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28
Em 1938, foi criado o Departamento Ad-
ministrativo do Serviço Público (DASP); sua 
finalidade era oferecer ao Estado um aparato bu-
rocrático e fiscalizar a administração dos interven-
tores nos Estados. Ainda em 1938, foi criado o De-
partamento de Impressa e Propaganda (DIP); 
foi, por assim dizer, um grande instrumento ide-
ológico do Estado Novo, atuando, por um lado, 
como organismo de censura e, por outro, plane-
jando a propaganda do governo e construindo a 
imagem de presidente realizador. A Hora do Brasil, 
programa radiofônico obrigatório, foi criada com 
esse fim, ou seja, para divulgar as realizações do 
governo. 
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial dividiu o mun-
do em duas grandes forças: de um lado, estavam 
as potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) 
e, do outro, as potências Aliadas (Inglaterra, Es-
tados Unidos e União Soviética). Nesse mundo 
dividido, o Brasil precisava tomar partido de que 
lado estava.
A política externa de Vargas procurou ti-
rar proveito dos dois lados, isto é, dos Aliados e 
do Eixo. Num momento, Vargas mandava repre-
sentantes para a Alemanha e, em outro, para os 
Estados Unidos. O duplo jogo de Vargas visava a 
conseguir apoio para a implantação da indústria 
de base no Brasil. Segundo Fausto (1994), o reali-
nhamento político que o mundo viveu entre 1930 
e 1945 ajuda a compreender melhor essa situa-
ção. De acordo com suas análises, a crise de 1930 
acentuou o declínio da hegemonia inglesa e a 
emergência dos Estados Unidos. Ao mesmo tem-
po que o mundo vivia esse realinhamento, surgia 
um novo competidor na cena internacional: a 
Alemanha nazista, que, em muitos aspectos, pas-
sou a ser a principal parceira comercial do Brasil. 
Diante desse quadro, o governo brasilei-
ro adotou uma orientação pragmática, 
isto é, tratou de negociar com quem lhe 
oferecesse melhores condições e procu-
rou tirar vantagem da rivalidade entre 
as grandes potências. Por exemplo, em 
1935, assinou o acordo comercial com os 
Estados Unidos, no ano seguinte, assinou 
outro com a Alemanha, que visava princi-
palmente a exploração de algodão, café, 
cítricos, couros, tabaco e carnes. O perí-
odo de 1934-1940 caracterizou-se pela 
crescente participação da Alemanha no 
comércio exterior do Brasil. Ela se tornou 
a principal compradora do algodão bra-
sileiro e o segundo mercado para o café. 
(FAUSTO, 1994, p. 379-378). 
 
Em 1940, o Brasil estava negociando com 
um grupo alemão o financiamento para a cons-
trução de uma siderúrgica brasileira. Ao tomar 
conhecimento, os Estados Unidos imediatamen-
te adiantaram-se ao fato e aprovaram, sem muita 
burocracia, o financiamento para o projeto. As-
sim, em 1940, a Usina Siderúrgica de Volta Redon-
da começou a ser construída. 
O Brasil conseguiu, assim, tirar vantagens 
dos dois lados, mas o afundamento de navios 
brasileiros, em 1942, por submarinos, presumi-
velmente alemães, precipitou a declaração de 
guerra do Brasil contra as potências do Eixo. O 
governo brasileiro começou a fazer acordos para 
apoiar os Aliados. Comprometia-se, assim, a for-
necer borracha e minério de ferro para os países 
Aliados. Emprestou as bases militares do Nordes-
te brasileiro para os militares norte-americanos e, 
em troca desse apoio, obteve dos Estados Unidos 
o dinheiro para finalizar a construção de Volta Re-
donda. 
Fim do Estado Novo
A partir de 1942, quando a posição do Brasil 
definiu-se claramente a favor das potências libe-
rais, criou-se um mal-estar para o governo. Exter-
namente, ele apoiava as democracias, mas, in-
ternamente, era autoritário. Essa realidade criava 
uma situação desconfortável para o governo, que 
já não tinha muitos argumentos para explicar os 
seus atos autoritários. Percebendo que havia um 
clamor para a redemocratização, Getúlio Vargas 
habilmente antecipou-se aos adversários e, em 
1945, fixou prazo para as eleições presidenciais e 
História do Brasil República
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concedeu anistia política aos condenados, liber-
tando os presos políticos, entre os quais, estava 
Luís Carlos Prestes; permitiu, ainda, o retorno dos 
exilados ao país. 
Nas eleições presidenciais, marcadas para 
dezembro de 1945, concorreram três candidatos: 
o general Eurico Gaspar Dutra, representando o 
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que contava 
com o apoio de Getúlio Vargas; Eduardo Campos, 
representando a União Democrática Nacional 
(UDN); e Yedo Fiúza, representando o Partido Co-
munista do Brasil (PCB). As eleições foram muito 
conturbadas, sobretudo, porque o movimento 
popular pedia a permanência de Getúlio no po-
der. Esse movimento ficou conhecido como Que-
remismo e traduzia o sentimento das ruas, que 
gritavam: “Queremos Getúlio!”
Aproveitando-se desse prestígio, o governo 
decretou a Lei Antitruste, em junho de 1945, li-
mitando a entrada de capital estrangeiro no Bra-
sil. As empresas estrangeiras instaladas no país re-
agiram negativamente a essa medida. Setores da 
oposição liderados pela UDN temiam que, com a 
popularidade, Vargas continuasse no poder. Em 
outubro de 1945, tropas do exército cercaram a 
sede do governo e exigiram a renúncia de Vargas. 
Era o fim do Estado Novo.
Saiba maisSaiba mais
Truste é o resultado típico do capitalismo, que for-
ma um oligopólio que leva as empresas envolvidas 
em um mesmo setor de atividade a abrirem mão de 
sua independência legal para constituir uma única 
organização, com o intuito de dominar determina-
da oferta de produtos e/ou serviços. Pode-se definir 
truste, também, como uma organização empresa-
rial de grande poder de pressão no mercado.
2.1 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), 
Neste capítulo, estudamos o nascimento do Estado Novo e algumas de suas características, como, 
por exemplo, a polarização ideológica, a política trabalhista, a Revolução Constitucionalista e seus meca-
nismos de controle. Agora que você já está mais familiarizado(a) com esse período da história do Brasil, 
reflita e responda ao que se pede.
2.2 Atividades Propostas
1. Caracterize a política externa de Getúlio Vargas no contexto da Segunda Guerra Mundial.
2. Qual o significado e a função do DIP?
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31
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, estudaremos o restabeleci-
mento da democracia brasileira e a elaboração da 
Constituição de 1946; trataremos, também, do re-
torno de Getúlio Vargasao poder e da campanha 
nacionalista de seu governo. Em seguida, analisa-
remos o governo de Juscelino Kubitschek e a im-
portância de seu Plano de Metas para o desenvol-
vimento do país. Finalizaremos nossa abordagem 
sobre esse período da história do Brasil contem-
porâneo verificando o efêmero governo de Jânio 
Quadros e de João Goulart.
O fim do Estado Novo trouxe de volta a de-
mocracia representativa para o país, com a elei-
ção de Eurico Gaspar Dutra para presidente. Jun-
to, foi eleita uma Assembleia Constituinte. Entre 
os representantes do Senado, estava um velho 
conhecido do povo: Getúlio Vargas, que foi eleito 
com um expressivo número de votos.
A Assembleia Constituinte foi instalada em 
fevereiro de 1946 e, em sintonia com os novos 
tempos, tinha representantes de diversos e anta-
gônicos segmentos sociais. O PCB foi um dos par-
tidos presentes nas discussões para a elaboração 
da nova Constituição. Em setembro de 1946, foi 
promulgada a nova Constituição, que, apesar de 
liberal, atendia mais aos interesses dos grandes 
empresários, em prejuízo dos segmentos popula-
res. Seus principais pontos eram:
�� voto secreto e universal para maiores 
de 18 anos;
�� democracia como regime político da 
nação;
�� presidencialismo como sistema de go-
verno;
PERÍODO DEMOCRÁTICO E
FORMAÇÃO DO POPULISMO3 
�� mandatos eletivos: cinco anos para pre-
sidente e quatro anos para deputados.
Inserido no contexto da Guerra Fria, o go-
verno Dutra compôs com o bloco liderado pelos 
Estados Unidos. A opção de compor com os Esta-
dos Unidos trouxe consequências internas e ex-
ternas para o Brasil. No plano interno, o PCB foi 
perseguido e colocado na ilegalidade. No plano 
externo, essa aliança repercutiu no rompimento 
das relações diplomáticas com a União Soviética. 
O governo Dutra mobilizou forças para pro-
mover o desenvolvimento do país; priorizou, para 
tanto, investimentos em setores públicos. Com 
esse propósito, criou o SALTE (Saúde, Alimen-
tação, Transporte e Energia). Seu objetivo era 
melhorar as condições de infraestrutura do país.
O Retorno de Vargas (1951-1954)
O país padecia do surgimento de novas li-
deranças políticas. Esse vácuo de novas lideran-
ças políticas e a fragilidade dos partidos políticos 
abriram condições para a candidatura de Getúlio 
Vargas.
Vargas concorreu e venceu com 48,7% dos 
votos; o segundo colocado alcançou míseros 
DicionárioDicionário
Infraestrutura: conjunto de atividades e estrutu-
ras da economia de um país, que serve de base 
para o desenvolvimento de outras atividades. Por 
exemplo, para que as empresas de um país pos-
sam exportar, são necessários portos e aeroportos 
(elementos da infraestrutura de um país).
Rafael Lopes de Sousa
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32
29,7%. Com essa superioridade de votos, Vargas 
gabou-se de voltar ao poder como grande líder 
popular. Sustentado por essa popularidade, ten-
tou de todas as formas apagar a imagem de di-
tador.
As diretrizes de seu governo estavam as-
sociadas ao nacionalismo. A defesa do naciona-
lismo dividiu a nação. Dirigentes de empresas 
estrangeiras instaladas no Brasil criticavam os 
rumos econômicos do governo, dizendo que es-
sas medidas afugentavam novos investimentos. 
Os nacionalistas acusavam seus adversários de 
entreguistas e antinacionalistas. O auge desse 
debate deu-se com a campanha de defesa do pe-
tróleo. Os nacionalistas defendiam a criação de 
uma empresa estatal brasileira e criaram o slogan 
“O Petróleo é Nosso”, responsável pela criação 
da Petrobrás (1953) e pela expansão da Siderúrgi-
ca de Volta Redonda. Vargas continuava com sua 
cruzada nacionalista e dizia, em seus discursos, 
que o fator crônico para as dificuldades brasileiras 
podia ser associado às remessas de lucros que as 
empresas estrangeiras faziam regularmente para 
as suas matrizes.
Os adversários do nacionalismo iniciaram 
uma intensa campanha contra a política de Var-
gas. Carlos Lacerda, um dos líderes políticos da 
oposição a Vargas e diretor do jornal Tribuna da 
Imprensa, destacou-se nessa campanha. O gover-
no foi duramente atacado e acusado pela oposi-
ção e imprensa de corrupto. Em agosto de 1954, o 
líder da oposição foi vítima de um atentado, ocor-
rido na Rua Toneleros, em Copacabana, no Rio de 
Janeiro. Lacerda escapou com vida e transformou 
esse fato no calcanhar de Aquiles de Getúlio Var-
gas.
As investigações indicaram que o chefe da 
guarda presidencial estava envolvido no atenta-
do. A tensão aumentava. A Tribuna da Imprensa 
não dava trégua para o governo, acusando-o de 
ser o mandante do atentado. 
Diante de tanta pressão, o vice-presidente 
Café Filho sugeriu que ambos renunciassem, dei-
xando para o Congresso a responsabilidade de 
eleger um sucessor interino para finalizar o man-
dato. Vargas recusou-se, dizendo que só sairia 
do Palácio no final de seu mandato. No dia 23 de 
agosto, Café Filho rompeu publicamente com o 
presidente. A pressão crescia e, no mesmo dia, 27 
generais do exército divulgaram um manifesto à 
nação exigindo a renúncia de Getúlio Vargas. Iso-
lado e sem apoio político, Vargas escreveu uma 
carta-testamento direcionada ao povo brasilei-
ro e, na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, 
suicidou-se com um tiro no peito.
O Governo de Juscelino Kubitschek (1956-
1961)
Com a morte de Vargas, o seu vice, Café Fi-
lho, assumiu para dar continuidade ao mandato; 
foi, porém, afastado por problemas de saúde. Em 
seu lugar, assumiu o presidente da Câmara e, em 
seguida, o presidente do Senado. Completado o 
mandato, foram realizadas novas eleições presi-
denciais, em 1955.
O presidente eleito foi Juscelino Kubitschek. 
Iniciou-se, então, uma das fases mais importantes 
da história econômica do Brasil. Nos anos de 1956 
a 1960, realizou-se ampla e profunda transforma-
ção econômica no país. Essa transformação foi 
amparada pelo Plano de Metas, que trouxe uma 
melhora qualitativa para a vida dos brasileiros.
O slogan que alimentou o governo JK foi 
“Cinquenta anos em cinco”, ou seja, 50 anos de 
progresso em 5 de governo. A ideia era sedutora e 
prometia tirar o país do atraso industrial; por isso, 
teve pouca oposição. Entre as principais realiza-
ções desse governo, encontram-se:
�� criação da Superintendência do De-
senvolvimento do Nordeste (SUDE-
NE), com o objetivo de auxiliar o Nor-
deste e integrá-lo ao mercado nacional;
AtençãoAtenção
O Plano de Metas foi um programa que priorizava 
as obras de infraestrutura e o estímulo à indus-
trialização.
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�� criação do Grupo de Estudos da In-
dústria Automobilística, produzindo 
mais de 90% das peças no Brasil;
�� criação da Operação Pan-Americana 
(OPA), a qual redefiniu as relações da 
América Latina com os Estados Unidos;
�� construção das Usinas de Três Marias e 
Furnas;
�� obviamente, a construção de Brasília, 
que contou com Lúcio Costa para a ela-
boração de seu plano urbanístico e com 
projetos de arquitetura coordenados 
por Oscar Niemeyer.
O custo dessas realizações redundou em 
elevados índices de inflação, que compromete-
ram os governos seguintes. 
O Governo de Jânio Quadros (1961) 
Em 1960, foi eleito Jânio Quadros, ex-gover-
nador de São Paulo; seu vice-presidente era João 
Goulart. O governo de Jânio Quadros foi marcado 
pela controvérsia, sobretudo, por se ocupar de 
assuntos menores da vida política nacional. Entre 
essas demandas, podemos destacar: a proibição 
das brigas de galo, de lança-perfume no Carnaval 
e do uso de biquínis nos desfiles de moda.
No contexto da Guerra Fria, tomou uma ati-
tude ousada, porém perigosa, defendendo uma 
política externa independente das grandes po-
tências. Reatou as relações diplomáticas com a 
União Soviética e com a China e adotou alguns 
posicionamentos de defesa da Revolução Cuba-
na, condecorando, inclusive, Ernesto “Che” Gue-
vara com a principal comenda brasileira: a Ordem 
do Cruzeiro do Sul.
Essas medidas provocaram fortes críticas da 
oposição.Carlos Lacerda acusou o presidente, em 
rede de televisão, de abrir as portas do Brasil ao 
“comunismo internacional”. Com o aumento da 
pressão política, Jânio renunciou ao seu manda-
to de presidente, em 25 de agosto de 1961. Na 
ausência do vice-presidente, João Goulart, que 
estava em visita à China, assumiu o posto o presi-
dente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
João Goulart, que estava em viagem à Chi-
na, foi declarado comunista pela oposição; em 
consequência disso, os ministros da Marinha e 
Aeronáutica julgaram inconveniente o seu re-
gresso ao Brasil. Leonel Brizola organizou a Fren-
te Legalista, que contava com a participação de 
sindicalistas, profissionais liberais e empresários.
O impasse aumentou as conturbações so-
ciais. Diante da grave situação interna e visando 
a contornar o veto dos ministros militares, o Con-
gresso aprovou a Emenda Constitucional nº 4, 
que instaurava o Regime Parlamentar no Brasil.
O Governo de João Goulart (1961-1964)
A solução do parlamentarismo deixava 
João Goulart com poderes limitados. Assim, seu 
primeiro período de governo foi marcado por 
tentativas de recuperar a confiança e a plenitude 
dos poderes presidenciais. Jogou, assim, com a 
possibilidade de retomar a confiança dos milita-
res, mas, ao mesmo tempo, manobrou para con-
seguir o apoio dos trabalhadores, organizados 
em sindicatos, com a promessa das “reformas de 
base”. Em discurso feito em 13 de março de 1964, 
em frente à estação Central do Brasil, no Rio de Ja-
neiro, João Goulart anunciou os pontos principais 
dessa reforma, entre os quais, podemos destacar:
�� reforma agrária: visava a facilitar o aces-
so à terra aos camponeses;
�� reforma educacional: visava a aumentar 
o número de escolas públicas;
Saiba maisSaiba mais
A chamada Frente Legalista, movimento liderado 
por Leonel Brizola, no Sul, defendia a posse de João 
Goulart como presidente, já que Jânio Quadros re-
nunciara. O movimento evoluiu e estendeu-se para 
Santa Catarina, Paraná e alguns municípios de São 
Paulo, com a participação de alguns militares do Rio 
de Janeiro. O movimento obteve êxito e conseguiu 
defender a posse de João Goulart como presidente 
do Brasil.
Rafael Lopes de Sousa
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�� reforma tributária: visava a corrigir as 
desigualdades sociais.
Concomitantemente a essas reformas, o 
governo procurou limitar o envio de dólares das 
empresas multinacionais ao exterior. Essa atitude 
aumentou ainda mais os protestos da oposição, 
que incentivava os setores conservadores da so-
ciedade a saírem às ruas para protestar contra o 
governo. 
Grupos de direita organizaram, logo após o 
anúncio das “reformas de base”, a marcha da Fa-
mília com Deus pela Liberdade. Em 31 de março 
de 1964, explodiu a rebelião das Forças Armadas 
contra o governo de João Goulart. O movimento 
começou em Minas Gerais e rapidamente teve a 
adesão de outros estados. Sem condições de re-
sistir, o presidente João Goulart deixou o gover-
no, em 1º de abril de 1964. Era o início do período 
ditatorial, no qual o país passou a ser governado 
por militares.
3.1 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, aprofundamos os nossos conhecimentos sobre o populismo. Vimos algumas de 
suas características e alguns de seus principais representantes, bem como tratamos do governo de Jus-
celino Kubitschek e da importância que o seu Plano de Metas teve para o desenvolvimento industrial do 
Brasil. A partir do que você aprendeu neste capítulo, responda ao que se pede.
3.2 Atividades Propostas
1. Qual o significado e que propósitos tinha a SUDENE? 
2. Indique o contexto e os principais pontos defendidos pela Assembleia Constituinte de 1946.
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35
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, trataremos de um dos mais 
conturbados períodos da recente história do Bra-
sil: a Ditadura Militar. A fim de melhor compreen-
der as suas especificidades, analisaremos os seus 
cinco governos militares. Em seguida, trataremos 
da redemocratização do país e do governo de 
Sarney e Collor de Mello.
O golpe militar foi desfechado sob o argu-
mento de evitar o avanço do “comunismo” no país 
e em defesa da democracia e da liberdade. Inicia-
vam-se os vinte e um anos do “regime militar”. Fo-
ram anos de perseguições políticas, tortura, cen-
sura e assassinatos de opositores. Esse período foi 
governado por cinco generais presidentes. Um 
dos mais importantes fundamentos do novo regi-
me foi a Doutrina de Segurança Nacional, que só 
pode ser compreendida pelo contexto da Guerra 
Fria, ou seja, os generais diziam que era necessá-
rio combater o comunismo para assegurar a liber-
dade dos brasileiros e garantir autoridade para as 
instituições nacionais.
O primeiro governo militar foi o de Castelo 
Branco (1964-1967). Ao tomar posse, o Marechal 
Castelo Branco defrontou-se com alguns proble-
mas básicos, entre os quais, destacam-se: a alta 
galopante dos preços e a desordem político-so-
cial. Esses problemas, conjugados a outros, inibi-
ram os investimentos estrangeiros no país.
Seu governo lançou um programa de esta-
bilização econômica e criou as bases para o com-
bate inflacionário. Nesse sentido, criou o Cruzei-
ro Novo, implantou o Banco Central e o Banco 
Nacional de Habitação e criou a Embratel, entre 
outras realizações. Nas eleições de 1965, o gover-
no percebeu que não tinha ainda o pleno controle 
da situação, pois a oposição vencera em dois Esta-
ESTADO AUTORITÁRIO:
OS MILITARES NO PODER4 
dos: Minas Gerais e Guanabara. Ante a essa situa-
ção, o governo endureceu a sua posição e decre-
tou o Ato Institucional nº 2 (27/10/1965), que 
extinguiu os partidos políticos. A partir de então, 
só foi permitida a existência de dois partidos po-
líticos. Um era a Aliança Renovadora Nacional 
(ARENA) e o outro, o Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB). O primeiro era governista e o 
segundo, ligado à oposição.
Em 5 de fevereiro de 1966, o governo baixou 
o Ato Institucional nº 3, que regulou as eleições 
indiretas. Em 1967, foi criado o Ato Institucional 
nº 4, que deu ao governo poderes para elaborar 
uma nova Constituição. 
No primeiro semestre de 1967, Artur da 
Costa e Silva foi escolhido por seus pares para 
suceder Castelo Branco na presidência. Essa es-
colha foi ratificada pelos membros da Arena no 
Congresso, dando, assim, aura de legalidade de-
mocrática ao ato.
O Governo de Costa e Silva (1967-1969) 
O governo de Costa e Silva, apesar de cur-
to, foi marcado por dura repressão política. Mani-
festações públicas contra a Ditadura Militar eram 
cada vez mais constantes. Estudantes saíam às 
ruas em passeatas e, em ato de ousadia, picha-
vam palavras de ordem em monumentos e vias 
públicas, como podemos ver na figura a seguir.
 
Rafael Lopes de Sousa
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 Figura 7 – Estudantes pichando monumentos.
A passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, foi talvez o evento que trouxe mais visibilidade para a 
situação que o país vivia naquele momento. 
 Figura 8 – Passeata dos Cem Mil.
Muitos intelectuais e artistas procuraram 
utilizar o seu prestígio pessoal para protestar e se 
engajar na luta contra a Ditadura Militar. Entre es-
ses intelectuais, destacam-se figuras do porte de 
Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, Cae-
tano Veloso e Gilberto Gil (músicos); Augusto Boal 
e José Celso Martinez Correa (dramaturgos); Fer-
nando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, 
José Artur Giannotti e Otávio Ianni (professores). 
Um caso emblemático de engajamento 
ocorreu, por exemplo, com Geraldo Vandré, que, 
no III Festival Internacional da Canção, realizado 
no Rio de janeiro, em 1968, apresentou a músi-
ca Pra não dizer que não falei das flores. Essa 
música ganhou o gosto popular e se transformou 
no “hino” de resistência da juventude contra a Di-
tadura Militar. Vejamos, a seguir, os versos de sua 
canção: 
História

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