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TUBERCULOSE – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O diagnóstico e tratamento da tuberculose possui 3 pilares: • Busca ativa dos sintomáticos respiratórios: São aqueles com tosse por mais de 3 semanas e os imunocomprometidos com tosse em qualquer momento • Buscar confirmação microbiológica: Associado a clínica e radiológica • Cuidado centralizado na atenção 1ª: Pelo tratamento da tuberculose ser longo, estratégias voltadas para adesão e conclusão do tratamento devem ser tomadas na atenção básica BACILOSCOPIA • A baciloscopia é um método diagnóstico através da microscopia direta pela técnica de Ziehl-Nielsen • A baciloscopia pode ser realizada em escarro, tecidos e outras amostras biológicas possivelmente contaminadas pelo bacilo • A baciloscopia possui sensibilidade de 60-80% e não é específico, isto pois ele pode ser falseado pela presença do mycobacterium não-tuberculosis • A baciloscopia serve para acompanhar o tratamento e avaliar a infectividade, pois ela dá o resultado em cruzes, indo de 0 até +++ • A baciloscopia é preconizada mensalmente para pacientes com tuberculose e queixa de tosse e/ou secreção OBS: A baciloscopia também é chamada de BAAR. GENEXPERT • É o teste rápido molecular(TRM) com alta sensibilidade e especificidade, não pegando o m. não-tuberculosis • Atualmente o genexpert é o método de escolha em casos novos de tuberculose • O genexpert também é capaz de detectar resistência a rifampicina, que é a principal droga empregada no tratamento da tuberculose • Entretanto, o genexpert não serve para acompanhamento, podendo permanecer positivo até 4 anos após o paciente curado CULTURA • A cultura é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de tuberculose, entretanto, demora cerca de 2 meses para ficar pronto • A cultura pode ser realizada em escarro, tecidos e outros matérias biológicos, assim como a baciloscopia • Além disso, outra vantagem da cultura é permitir a realização de teste de sensibilidade a várias drogas usadas no tratamento da tuberculose, devendo a cultura ser feita para todo paciente com genexpert positivo ou BAAR positivo para talvez ajustar o tratamento no futuro, caso não esteja ocorrendo melhora com as drogas inicialmente preconizadas no tratamento PATOLÓGICO • O diagnóstico patológico é realizado sobretudo na tuberculose pleural e ganglionar. • Na patologia da tuberculose pode-se ver: Nódulos, lesões exsudativas, lesões produtivas, necrose caseosa, retrações e calcificação • O marco patológico da tuberculose é o granuloma com necrose de caseificação • Entretanto, pacientes imunocomprometidos podem não produzir granulomas • O tecido visto na patologia deve ser enviado para culturas, mas o tratamento pode ser iniciado em diagnóstico de alta probabilidade na patologia, mesmo sem o resultado da cultura RADIOGRAFIA O exame radiográfico não é capaz de dar o diagnóstico de tuberculose, apenas complementar a clínica para motivar a solicitação de um dos testes mencionados anteriormente, um paciente com tuberculose pode possuir os seguintes achados: • Cavidades: Sobretudo nos segmentos superiores do lobo inferior, ou no terço superior dos pulmões(imagem ao lado) • Nódulos ou massas: Deve ser realizado diagnóstico diferencial com câncer de pulmão • Consolidações: Muito típico da tuberculose 1ª (crianças e PVHIV) • Padrão miliar: Na forma grave da tuberculose, que pode ocorrer após a TB 1ª ou 2ª • Derrame pleural TOMOGRAFIA • A tomografia pode possuir sinais sugestivos de tuberculose ativa ou de sequelas de tuberculose, como visto no quadro abaixo: DIAGNÓSTICO NA INFÂNCIA O diagnóstico de tuberculose na infância possui algumas particularidades, isto pois a obtenção de amostras para baciloscopia e cultura e difícil Nas crianças deve-se lembrar que o quadro típico é o da tuberculose primária, que consiste numa pneumonia insidiosa que não melhora com o uso de antibióticos O diagnóstico de tuberculose na infância é dado com um score de pontuação que será visto abaixo O PPD deve sugerir diagnóstico na presença de sintomas No score, a pontuação é dividida da seguinte forma: • Score >40 pontos: Diagnóstico de tuberculose muito provável, iniciar tratamento • Score de 30-35 pontos: Diagnóstico de tuberculose possível, indicar o tratamento a critério médico • Score <25 pontos: Diagnóstico muito pouco provável, prosseguir investigação Os critérios e sua respectiva pontuação são vistos na tabela ao lado DIAGNÓSTICO – INFECÇÃO LATENTE DE TUBERCULOSE (ILTB) A ILTB é a infecção sem doença ativa, sendo encontrada naqueles pacientes que desenvolveram uma resposta primária, porém o bacilo permaneceu latente no corpo, podendo a pessoa sofrer reinfecção sobretudo em episódios de imunossupressão A OMS estima que 25% da população mundial tenha ILTB O maior risco de adoecimento é sobretudo nos dois primeiros anos após a infecção Entretanto, nem todas as pessoas possuem indicação de rastreio e tratamento de ILTB, apenas as abaixo: • Contato nos últimos dois anos com adultos e crianças com tuberculose pulmonar e/ou laríngea • PVHIV com LT CD4+ > 350céls/mm3 • Pessoas em uso de inibidores do TNF-Alfa ou corticosteróides em dosagem >15mg/dia • Pré-transplante que irão realizar terapia imunossupressora • Pessoas com DM ou tabagistas > 1maço/dia • Profissionais de saúde, PPL, trabalhadores do sistema prisional ou em instituições de longa permanência • Outros vide tabela abaixo RASTREIO DA ILTB • O rastreio da ILTB pode ser feito através do PPD e do IGRA: PPD No PPD existe a injeção de um antígeno do m. tuberculosis no subcutâneo e se avalia se a pessoa apresenta uma reação, devendo a área de EDEMA(e não eritema) ser medida em mm e, com base no valor, ver se é positiva ou não(positiva quando 10mm ou mais) A PPD apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: • Treinamento difícil • Pode ser usada de forma seriada em PVHIV, profissionais de saúde • Necessita de retorno para leitura do exame • Possibilidade de testar efeito booster: É um efeito de uma 2ª aplicação após 3 semanas da 1ª, em busca de uma ativação da resposta imune de memória. • Não existe resultado indeterminado, como no IGRA que será falado a frente IGRA • O IGRA é realizado através da coleta de sangue do paciente e exposição desta coleta a um antígeno do m. tuberculosis, avaliando se existe a produção de interferon-gama contra o antígeno, podendo dar um resultado positivo, negativo ou inconclusivo • Ele apresenta como vantagens frente ao PPD o treinamento simples e apenas uma visita necessária • Entretanto, como desvantagens cita-se o maior custo, não possibilidade de testes seriados e resultados indeterminados. CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS Existem alguns conceitos a respeito de pacientes com tuberculose que devem ser entendidos: • Caso novo: É aquele caso de tuberculose em pacientes que nunca trato ou o fez por menos de 30 dias • Retratamento: É o paciente que já trato utuberculose por mais de 30 dias e abandonou o tratamento OU apresentou recidiva da doença • Abandono: Deixou de usar a medicação por mais de 30 dias • Recidiva: Tuberculose ativa tratada anteriormente TRATAMENTO • O tratamento da tuberculose deve ser realizado através da ingesta das medicações em jejum, diariamente • A atenção primária é essencial no monitoramento da adesão do tratamento, e em determinados pacientes como usuários de drogas e etilistas pode-se usar o tratamento diretamente observado, que é quando o agente de saúde vai na casa do doente 3x/semana para ver ele tomando o esquema FASES DO TRATAMENTO • O tratamento da tuberculose é dividido em duas fases: FASE INTENSIVA Tem duração de 02 meses e consiste no uso de 4 fármacos, diariamente: Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol (ESQUEMA RIPE) OBS: Crianças <10 anos não devem usar etambutol pelo risco deneurite óptica FASE DE MANUTENÇÃO Tem duração de 04 meses e consiste no uso de dois fármacos: Rifampicina + Isoniazida OUTRAS FORMAS DE TUBERCULOSE Em algumas formas de tuberculose extrapulmonar a duração do tratamento pode estender: • Tuberculose meningoencefálica e osteoarticular: A duração é de 12 meses, sendo 02 meses de fase intensiva e 10 meses de fase de manutenção • Na tuberculose meningoencefálica pode ser necessário o uso de corticóides, sobretudo nos quadros muito exuberantes HOSPITALIZAÇÃO E REFERÊNCIA SECUNDÁRIA • Nem todo caso de tuberculose requer hospitalização ou referência para a atenção secundária, apenas nas ocasiões abaixo: HOSPITALIZAÇÃO A hospitalização é preconizada quando o paciente apresenta: • TB meningoencefálica • Intolerância a medicações incontrolável • Estado geral decaído • Vulnerabilidade social REFERÊNCIA SECUNDÁRIA É preconizada quando o paciente apresenta: • TB meningoencefálica e osteoarticular • Toxicidade ou outras intolerâncias ao esquema de tratamento proposto • Falência terapêutica • Resistência ao esquema básico preconizado(RIPE) REAÇÕES ADVERSAS O tratamento da tuberculose costuma ser bem tolerado pela maioria dos pacientes, sendo os efeitos adversos possíveis os abaixo: • Urina e secreções alaranjadas: É um efeito adverso provocado pela rifampicina, universal, não grave, devendo o paciente ser orientado a respeito dele para não se assustar e interromper o tratamento • Intolerância gastrointestinal • Danos hepáticos Outros com base no fármaco específico, como visto na tabela abaixo: Em algumas situações o uso da isoniazida deve ser associado ao da piridoxina, sendo as 4 situações abaixo: • Gestantes • Diabéticos • História de etilismo • Portados de HIV SEGUIMENTO DO TRATAMENTO Existem alguns exames que devem ser solicitados na hora do início do tratamento e após alguns meses, sendo os principais: • Oferta de teste para diagnóstico de HIV: Pode ser oferecido no 1º mês • Avaliação de adesão: Deve ser realizada mensalmente • Baciloscopia de controle: Deve ser realizada mensalmente • Radiografia de tórax: Preconizada no 2º e 6º mês • Glicemia, função hepática e renal: No início do tratamento, repetir a critério clínico FALÊNCIA DO TRATAMENTO A falência do tratamento é dita quando ocorre uma das situações abaixo: • Baciloscopia positiva após o 4º mês de tratamento • Escarro positivo após o tratamento • Positivação após 4º mês apesar de negativação inicial TRATAMENTO – ILTB • A ILTB possui 3 esquemas de tratamento possíveis, sendo eles: 1º - ISONIAZIDA + RIFAPENTINA • É o esquema preferencial de tratamento para ILTB, devendo ser recomendado em TODAS as situações de ILTB, com exceção de gestantes em que tal esquema é contraindicado • O tempo de tratamento é de 3 meses, com uma dose por semana (12 doses ao total) • A dose do tratamento é de 900mg/semana • Deve-se ter cuidado redobrado na adesão do tratamento 2º - ISONIAZIDA ISOLADA Era o esquema preferencial até pouco tempo atrás, mas é um esquema contraindicado nos grupos abaixo: • Hepatopatas • Crianças menores de 10 anos • Pessoas acima de 50 anos de idade O tempo de tratamento aqui é prolongado, de 9-12 meses, com tomadas diárias, até atingir 270 doses A dose é de 5/mg/kg/dia até o máximo de 30mg/dia 3º - RIFAMPICINA ISOLADA É o esquema preferencial em: • Pessoas maiores de 50 anos • Hepatopatas • Crianças menores de 10 anos • Contato de monorresistentes a isoniazida O tempo de tratamento é de 04 meses na dose de 10mg/kg/dia RECÉM NASCIDOS EXPOSTOS A TB • Caso o recém nascido seja coabitante de um caso bacilífero, deve-se tomar as seguintes medidas: 1º - CONTRAINDICAR VACINAÇÃO BCG E INICIAR QUIMIOPROFILAXIA COM RIFAMPICINA OU ISONIAZIDA 2º - APÓS 3 MESES REALIZAR PROVA TUBERCULÍNICA(PPD) • Agora a conduta varia conforme o resultado do PPD: PPD > 5mm • O RN foi contaminado, deve-se manter o tratamento por mais 3 meses com isoniazida ou por mais 1 mês com rifampicina e NÃO VACINAR COM A BCG PPD <5mm • O RN não foi contaminado, deve-se suspender a medicação e INDICAR A VACINAÇÃO COM BCG POPULAÇÕES ESPECIAIS • Aqui será abordado pessoas com HIV, gestantes e pessoas com efeitos adversos ou hepatopatas HIV Caso a pessoa descubra o HIV juntamente com a tuberculose, primeiro deve-se tratar a tuberculose, isso pois caso haja o tratamento do HIV primeiro o paciente pode desenvolver uma síndrome da reconstituição imune e gerar uma inflamação importante O início da TARV após o tratamento da tuberculose varia conforme a contagem das células CD4+: • Células CD4 <50: Iniciar a TARV em até duas semanas • Células CD4 >50: Iniciar a TARV em até oito semanas • Meningoencefálica: Iniciar apenas dois meses após GESTANTES • Para gestantes, deve-se indicar o esquema básico normalmente, apenas acrescentando piridoxina 50mg/dia (RIPE + PIRIDOXINA) • A amamentação está contraindicada apenas caso mastite tuberculosa, algo extremamente raro • Quanto a ILTB, deve-se optar pelo tratamento isolado com isoniazida EFEITOS ADVERSOS OU HEPATOPATAS • Aqui varia se os pacientes eram previamente hepatopatas ou não: PACIENTES COM HEPATOTOXICIDADE AO TRATAMENTO, SEM DOENÇA HEPÁTICA PRÉVIA Para os pacientes sem hepatopatia prévia, mas com hepatotoxicidade por conta do uso do tratamento, deve-se interromper o tratamento apenas nos seguintes casos: • Aumento do TGO/TGP acima de 5 vezes o limite superior da normalidade: Mesmo assintomático • Aumento do TGO/TGP acima de 3 vezes o limite superior da normalidade: Apenas caso sintomas, incluindo icterícia Nestes casos deve-se interromper o tratamento e: • Monitorar a função hepática a cada 3-7 dias até a normalização • Após a normalização deve-se reintroduzir na seguinte ordem: Rifampicina → Após 7 dias iniciar Isoniazida → Após 7 dias iniciar Pirazinamida Existem também duas situações que necessitam de mudança de tratamento, sendo as abaixo: • Casos graves de TB ou hepatotoxicidade grave: Monitorar função hepática a cada 3-7 dias, até normalização. • Pacientes que apresentem níveis de TGO/TGP >3 vezes o limite superior da normalidade e mantenham tais níveis após 4 semanas Nos pacientes acima, deve-se substituir para Claritromicina + Etambutol + Levofloxacino PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA PRÉVIA Para os pacientes que irão iniciar o tratamento e já são hepatopatas, a conduta varia com base ou não na presença de cirrose: PACIENTES SEM CIRROSE Para os pacientes sem cirrose, a conduta varia com base nos níveis de TGO/TGP: • TGO/TGP > 5x LSN: Indicar Rifampicina + Etambutol + Levofloxacino • TGO/TGP <5x LSN: indicar o esquema básico de tratamento (RIPE) PACIENTES CIRRÓTICOS Para tais pacientes, deve-se indicar o tratamento alternativo, que é: Claritromicina + Etambutol + Levofloxacino FLUXOGRAMA GERAL DE TRATAMENTO PARA EFEITOS ADVERSOS CONTROLE DE CONTATOS
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