Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 1 Pós-operatório Sabiston cáp. 12 Complicações cirúrgicas Complicações da ferida cirúrgica Seroma Os seromas representam as complicações mais benignas após um procedimento cirúrgico, sedo caracterizadas como um acúmulo de gordura, soro e linfa que se forma sob a incisão. (o líquido, em geral, é claro, amarelado, viscoso e encontra-se na camada subcutânea, abaixo da derme) Þ Causas São prováveis de ocorrer quando retalhos cutâneos grandes são desenvolvidos no decorrer da cirurgia, como é visto frequentemente com mastectomia, dissecção axilar, dissecção da região inguinal e grandes hérnias ventrais • Cirurgias com deslocamento de pele Þ Quadro clínico Se apresentam como um edema localizado e bem circunscrito, com desconforto à pressão e ocasional drenagem de líquido claro pela ferida não cicatrizada Þ Tratamento O dreno de sucção sob os retalhos serve como forma de prevenção para evitar que o líquido acumule, bem como pode puncionar ou abrir e drenar Hematoma O hematoma é um acúmulo anormal de sangue sob a ferida, geralmente na camada subcutânea Os hematomas são mais preocupantes do que os seromas, em virtude do seu potencial para infecções secundárias Þ Causas Sua formação está relacionada com hemostasia inadequada, depleção dos fatores de coagulação, presença de coagulopatia, e pode ser resultado de falha na técnica cirúrgica ê As coagulopatias ou distúrbios hemorrágicos são condições que afetam a forma como os coágulos sanguíneos se formam, gerando sangramentos mais fáceis e abundantes que o normal ê O uso de drogas antiplaquetárias, anticoagulantes, inibidores de glicoproteína, hepatopatias, doença de von Willebrand, podem aumentar a probabilidade do surgimento de hematomas Þ Quadro clínico As manifestações clínicas de um hematoma podem variar com seu tamanho, localização e presença de infecção bem como pode-se manifestar como uma expansão, tumefação expansiva ou dor na área da incisão cirúrgica. No exame físico, um hematoma aparece como uma tumefação macia localizada com coloração arroxeada da pele e saída de secreção vermelho-vinho. Þ Tratamento Pode ser expectante, por punção, drenagem aberta, revisão da hemostasia, correção de anormalidade na coagulação e síntese por planos. Deiscência da ferida A deiscência é a separação das camadas musculoaponeuróticas no início do curso pós- O risco de complicações diminui muito com um cuidadoso processo de avaliação pré- operatória bem como com uma avaliação completa e cuidadosa dos pacientes no período pós-operatório. Assim, é pode-se detectar precocemente as possíveis complicações pós cirúrgicas. Durante esse processo, deverá ser avaliada todas as feridas, a ingestão, o débito do paciente, o perfil de temperatura, os níveis de dor, de atividade e o estado nutricional Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 2 operatório com abertura dos pontos da ferida. Pode evoluir para evisceração e hérnia incisional • Ocorre em aproximadamente 1% a 3% dos pacientes submetidos a cirurgias abdominais, desenvolvendo-se em 7 a 10 dias do pós- operatório (podendo ocorrer a qualquer momento no intervalo de 1 a 20 dias) Þ Causas Erros técnicos de sutura (pontos muito próximos às bordas ou muito afastados entre si), feridas sob tensão, sutura contínua ou interrompida, aumento da pressão intra-abdominal (ascite, tosse, constipação, vômitos), hematomas e infecções, estado nutricional do paciente, idade avançada, uso crônico de corticóides e doenças subjacentes (DM, câncer, insuficiência renal, deficiência imune). Þ Quadro clínico Drenagem de líquido claro ou hemático, abertura dos pontos da ferida, evsiceração (abdominal) e a infecção profunda da ferida é tida como uma das principais condições relacionadas a deiscência, assim como, a elevação da pressão intra-abdominal. O diagnóstico clínico se dá por dor a palpação e saída súbita de grande quantidade de secreção. • Essa condição pode ser evitada com uma cuidadosa atenção aos detalhes técnicos durante o fechamento da aponeurose, como espaçamento adequado da sutura, profundidade adequada, relaxamento do paciente durante o fechamento e alcançar um fechamento livre de tensão. Þ Tratamento O tratamento depende da extensão da separação da fáscia de evisceração e/ou patologia intra-abdomina significativa (ex extravasamento de conteúdo intestinal, peritonite). O tratamento cirúrgico ocorre em casos de evisceração, constituindo uma emergência cirúrgica Infecção do sítio cirúrgico A infecção cirúrgica é todo processo inflamatório da ferida ou cavidade que drene secreção purulenta. Pode ser circunscrita à incisão ou envolver estruturas adjacentes à ferida. 1. Incisional superficial: limitada pela fáscia muscular, acomete somente a pele e/ou tecidos subcutâneos 2. Incisional profunda: envolve camadas mais profundas como fáscias e músculos 3. Espaço de órgãos ê Idade avançada, radioterapia prévia, tabagismo, preparação operatória inadequada, falhas técnicas na ferida, contaminação intra-operatória e entre outros também são considerados fatores de risco Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 3 Þ Quadro clínico As ISCs ocorrem, geralmente, de cinco a seis dias após a cirurgia; cerca de 80% a 90% de todas as infecções pós-operatórias manifestam-se dentro do primeiro mês após o procedimento. As ISC superficiais e profundas são acompanhadas por eritema, dor, edema e drenagem. O paciente pode apresentar leucocitose e febre de baixo grau. • Pode-se prevenir essa condição com banho com sabão antibiótico na noite da véspera, tricotomia (retirada dos pelos) no momento da cirurgia, preparo do cólon, técnica asséptica, hemostasia rigorosa, eliminação de corpos estranhos e uso de ATB profiláticos/terapêuticos Þ Tratamento Abertura parcial ou total dos pontos, lavagem da ferida com solução salina, desbridamento de tecidos desvitalizados, reoperação e uso de antibióticos Complicações com termorregulação Hipotermia A hipotermia é definida como uma redução da Temperatura Corpórea Central (TCC) para menos de 35°C • A TCC é aferida apenas por dispositivos especiais, como os localizados em cateter de artéria pulmonar, membrana timpânica, esôfago, reto e etc. A hipotermia pode ser causada por numerosos mecanismos no pré-operatório, no intra-operatório ou no pós-operatório Þ Fatores de risco Pacientes submetidos à reanimação rápida com líquidos IV frios, transfusões ou irrigação intracavitária com irrigante frio, durante uma operação prolongada em baixa temperatura ambiente, paralisia (ausência de tremor) Þ Quadro clínico Os distúrbios causados pela hipotermia variam de acordo com sua intensidade, mas no geral incluem disfunção plaquetária e de fatores de coagulação com riscos de sangramento, propensão à infecção devido a prejuízo na função dos macrófagos, prejuízo na cicatrização de feridas, aumento do tônus simpático • Pacientes com hipotermia grave (TCC<28°C) apresentam coma, arreflexia, eventual edema agudo de pulmão, hipotensão, bradicardia, bradpnéia e etc. Þ Tratamento Uso de cobertores, aquecimento de líquidos infundido (intravenoso e cavitário), aquecimento e umidificação dos de gases inalados e sistema arteriovenoso para reaquecimento Hipertemia maligna É uma desordem rara do músculo esquelético de caráter autossômico dominante. A exposição a determinados agentes anestésicos, como alguns betabloqueadores neuromusculares (succinilcolina), e a agentes inalatórios halogenados (halotano, enflurano, sevoflurano e isoflurano), deflagra a crise. Þ O que seria essa crise? A exposição aos agentes relatados provoca uma saída de cálcio do retículo para o miócito (aumento descontroladodo cálcio intracelular). O resultado é uma contração muscular incessante, o que leva a um aumento do metabolismo muscular, gerando calor e hipertermia. Feridas crônicas são aquelas que não cicatrizam após 30-90 dias, tendo como fatores de risco pacientes em uso de altas doses de corticoides, imunossuprimidos com neoplasias em quimio ou radioterapia, desnutridos ou com obesidade mórbida, com grandes feridas e deiscência de suturas. O tratamento nessas condições ocorre com o auxílio de curativos especiais, drenagem com sucção, desbridamentos, retalhos, enxertos e OHB (oxigenoterapia hiperbólica) Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 4 Þ Quadro clínico Os sinais de HM têm início dentro dos 30 minutos de anestesia até 24h de pós-operatório. • Febre alta, taquicardia, rigidez muscular e cianose. • Hipercalcemia, hipercalemia, rabdomiólise, acidose metabólica A HM eleva a temperatura durante a anestesia, mas, por. Definição, não é considerada febre. Þ Tratamento Na suspeita de HM o anestesista deve suspender a cirurgia, e caso não seja possível trocar as drogas anestésicas (substituindo o anestésico inalatório por drogas intravenosas e o bloqueador neuromuscular por um não despolarizante), o Dantrolene deve ser iniciado imediatamente. Qual conduta devo seguir? 1. Interromper o agente anestésico deflagrador 2. Hiperventilar o paciente com O2 a a 100% 3. Administrar anestesia alternativa (BNM não despolarizante, opioides, propofol, etomidato, etc..) 4. Interromper a cirurgia assim que possível 5. Administrar Dantrolene 2,5mg/kg em bolus, seguido de nova dose a cada cinco minutos e, a partir de então, iniciar 1 a 2 mg/kg/h até desaparecimento dos sintomas 6. Uso de cobertores térmicos, compressas com gelo e líquidos parenterais frios 7. Tratar acidose com bicarbonato 8. Controlar as arritmias com betabloqueadores e lidocaína 9. Prevenção de lesão renal por mioglobina: manter débito urinário > 1ml/kg/h até a urina retornar a sua coloração normal e os níveis de CPK começarem a cair 10. Infusão de insulina e glicose para o controle da hipercalemia 11. Monitorar níveis de cálcio e outros eletrólitos 12. Monitorar gases artérias Febre pós-operatória Febre é uma desordem hipotalâmica da termorregulação, ou seja, o hipotálamo, o nosso centro regulador térmico, é “reajustado” para manter a temperatura basal elevada. Considera-se um valor matinal de 37,2°C ou um valor aferido a tarde maior que 37,7°C. Þ Qual a diferença entre hipertermia e febre? Quando um paciente apresenta elevação de sua temperatura por um mecanismo que não tem nada haver com o desajuste no centro termorregulador hipotalâmico, ele é portador de hipertermia. Þ Como identificar um pico febril no pós- operatório? Um fator fundamental na avaliação da febre é o tempo de seu aparecimento, o que pode indicar: • 24h: infecção pré-existente ou reações transfusionais • 48h – 72h: atelectasia • 5 a 8 dias: associada a eventos mais graves, geralmente de origem infecciosa (avaliar pulmão, ferida trato urinário, TGI inferior e medicamentos) Þ Hipóteses diagnósticas Rx de tórax para avaliar pneumonia Sumário de urina para infecção no trato urinário TC abdome para avaliar presença de abscesso intracavitário Embolia pulmonar Complicações respiratórias Atelectasia e penumonia A atelectasia (colapso do tecido pulmonar com perda de volume) é a complicação pulmonar mais frequente, sendo ocasionada por colapso alveolar segmentar bem como é a causa mais comum de febre nas primeiras 72h de pós-operatório (principalmente nas primeiras 48h) Þ Quadro clínico Febre discreta e eventual desconforto respiratório O melhor tratamento para atelectasia é a sua prevenção A pneumonia geralmente ocorre no quinto dia da cirurgia, complicando uma atelectasia no PO Þ Quadro clínico Febre, tosse produtiva com secreção purulenta e radiografias de tórax com infiltrados alveolares. Pode evoluir para insuficiência respiratória. O tratamento deve ser agressivo com antibióticos parenterais e tentativa de isolamento do agente etiológico. Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 5 Pneumonite por aspiração Geralmente ocorre quando há a regurgitação de conteúdo gástrico para a árvore respiratória, tendo como principais causas, a falta de jejum adequado, indução anestésica (o que pode ocasionar perda do controle da via aérea), sonda nasogástrica, ou pacientes que tiveram AVC. A aspiração do conteúdo gástrico para a árvore traqueobrônquica é uma das complicações mais graves, isso porque, as secreções do estômago possuem pH ácido, e acabam queimando a vi aérea com consequente processo inflamatório Þ Quadro clínico Sibilos, murmúrios vesiculares rudes, insuficiência respiratória, baixa saturação de O2 O tratamento tem como base o suporte respiratório, geralmente está indicada a intubação. Orotraqueal seguida de ventilação com pressão positiva Embolia pulmonar Embolia pulmonar ou tromboembolismo pulmonar ocorre em decorrência de m bloqueio em uma ou mais artérias pulmonares O termo tromboembolismo venoso engloba a TVP (trombose venosa profunda) e o TEP (tromboembolismo pulmonar) Þ Inicia com uma lesão da camada íntima (endotelial), que impede a mobilidade do sangue e gera uma hipercoagulabilidade, aumentando o risco de TVP e EB (embolia pulmonar) Þ Quadro clínico Dispneia, dor torácica pleurítica, apreensão e tosse, taquipneia e taquicardia. Na maioria dos casos a TVP acomete os membros inferiores. Em contrapartida, a TEP é extremamente variável e vai depender do local onde o êmbolo se alojou (quanto mais proximal na circulação arterial pulmonar o êmbolo se alojar, pior o prognóstico) e da presença ou não de comorbidades. Þ Exames complementares • D-dímero: produto de degradação da fibrina, uma vez elevado indica a formação recente de trombo. Solicitação desnecessária por sua falta de especificidade em pacientes cirúrgicos. • Gasometria arterial: PaO2 < 70 • ECG com inversão de onda T e alterações no segmento ST, podendo ter bloqueio de ramo direito ou desvio de eixo • Rx de tórax com defeito em formato de cunha na base da pleura Êmbolos grandes: interrupção abrupta das marcas vasculares no lado afetado (sinal de Westermark) com oligoemia (diminuição do volume de sangue para determinado local), por redução de calibre. Þ Diagnóstico Angiografia pulmonar + Cintilografia ventilação- perfusão + Angio TC de tórax Þ Conduta clínica O2 + intubação + anticoagulação + ionotrópicos (para pacientes com choque/hipóxia graves) + terapia trombolítica (com estreptoquinase, uroquinase, RT- PA) + embolectomia pulmonar (cirurgia para retirada do trombo). Complicações cardíacas Algoritmo para avaliação cardiovascular perioperatória para cirurgia não cardíaca Hipertensão pós-operatória Os diuréticos são habitualmente omitidos na manhã de uma cirurgia eletiva, assim como os IECA e os BRA, outros hipertensivos devem ser administrados até o momento mais próximo da operação, de preferência na manhã da cirurgia. Isso porque pacientes sem um controle adequado de sua doença no pré-operatório são indivíduos que podem desenvolver emergências hipertensivas no intra ou no pós-operatório imediato. Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 6 Dentre as complicações na hipertensão pós- operatória temos: • Rompimento de um aneurisma • AVC • Arritmias • Isquemia miocárdica • Sangramento da ferida • Insuficiência renal As causas mais evidentes dessas complicações são: • HAS primária • Estenose da artéria renal (renovascular) • Agentes farmacológicos • Tratamento inadequado da dor • Sobrecarga de líquidos • Falha na administração dos anti- hipertensivos Þ Tratamento De início rápido e com poucos efeitos colaterais.b-bloqueador + a2 agonista (ex.clonidina) + IECA + BCC + vasodilatadores intravenosos (nitroglicerina e nitroprussiato) Isquemia e infarto Aproximadamente 30% dos pacientes cirúrgicos apresentam algum grau de doença coronariana. • A mortalidade do IAM no PO é de 30% • As complicações miocárdicas resultam em 10% de todas as mortes perioperatórias Þ Quadro clínico Dor torácica com irradiação para membro superior e mandíbula, dispnéia, aumento da FC, hipotensão, insuficiência respiratória Þ Exames ECG, troponina, ecocardiograma, cintilografia, angiografia Þ Tratamento UTI / cardiologista Alto fluxo de O2 + b-bloqueador + AAS + heparinização sistêmica + tromboembolíticos (checar contra- indicação) O tratamento tem como objetivo preservar o máximo de músculo cardíaco possível, melhorar o fluxo sanguíneo coronariano bem como reduzir o trabalho do miocárdio A prevenção para essa complicação é avaliar a história do paciente, fazer um exame físico detalhado, avaliar o índice de risco cardíaco bem como angiografia prévia. Choque cardiogênico É uma das sequelas mais sérias de um IAM e ocasiona a morte de 75% dos pacientes sem tratamento. Ademais, o choque cardiogênico também pode ter sua etiologia derivada de uma ruptura do músculo papilar, ruptura da parede ventricular, insuficiência da valva aórtica, regurgitação mitral e defeito do septo ventricular O choque cardiogênico relacionado ao IAM ocorrem em 50% ou mais da massa muscular do VE, que é lesada de forma irreversível, gerando a redução do débito cardíaco e hipoperfusão. Þ Quadro clínico Hipotensão e insuficiência respiratória Þ Sequelas ICC, arritmias, traomboembolismo Arritmias e ICC A doença coronariana é a causa mais comum dessa complicação cirúrgica. Arritmias são alterações no ritmo cardíaco normal, suas principais causas são anormalidades eletrolíticas ou endócrinas, medicações, estresse e doenças cardíacas subjacentes. Em casos de arritmia deve-se corrigir a condição predisponte com o auxílio de medicamentos A ICC descompensada apresenta um quadro clínico de dispnéia, edema, distensão venosa jugular, galope cardíaco, baixa perfusão periférica. Em casos de ICC descompensada deve-se realizar uma otimização da pós-carga, pré-carga e contratilidade miocárdica. Complicações renais e do trato urinário Retenção urinária Anomalia reversível resultante da descoordenação entre o trígono e os músculos detrusores, devido à dor e ao desconforto pós-operatório Lesão no sistema nervoso afeta a função vesical (cirurgias pélvicas complexas) Estenose de uretra (raro) Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 7 Þ Quadro clínico Desconforto do hipogastro, urgência e dor no hipogasto Þ Tratamento Cateterização Þ Prevenção Controle do tempo decorrido desde a última micção, dissecção cuidadosa e infusão inadequada de líquidos Insuficiência renal aguda Redução súbita do débito renal resultando no acúmulo de escórias nitrogenadas. • Ela também pode manifestar-se em casos nos quais ocorra grande perda sanguínea, com reações a transfusões, em pacientes com diabetes avançado submetidos a operações, no trauma potencialmente letal, nas grandes queimaduras e na falência múltipla de órgãos Þ Aproximadamente 10% dos pacientes são submetidos a cirurgia • Oligúricos (produção de urina abaixo do normal): <480ml urina/dia • Não-oligúricos: >2L urina/dia – urina isotenúrica que não elimina toxinas Ficar atento a essa complicação quando • Há grandes procedimentos vasculares (ruptura de aorta, derivação aortofemural) • Transplantes renais • Derivação cardiopulmonar • Cirurgias abdominais associadas a choque séptico • Grandes operações urológicas • Grandes perdas sanguíneas com reações a transfusões • Diabetes avançado • Trauma (hematina/mioglobina) / grandes queimados • Contrastes nefrotóxicos • Síndrome compartimental abdominal (redução da perfusão renal- pré e pós renal) Tipos de insuficiência renal Þ Pré-renal: dano à perfusão renal decorrente de condições que afetam o fluxo sanguíneo para os rins • Hipovolemia, hemorragia, desidratação, disfunção cardíaca, extensas perdas de líquidos para o 3* espaço, administração insuficiente de líquidos durante a cirurgia, estenose vascular renal e trombose (raras) Þ Renal: Lesão aguda os néfrons (é potencialmente mais grave e pode ser irreversível) • Azotemia pré-renal prolonganda e grave, hipotensão prolongada, toxinas (contraste radiológico, medicamentos), lesões à mioglobina Þ Pós-renal: lesão da via urinária excretora • Lesão na bexiga, ligadura do ureter, dano ou lesão à uretra, obstrução da uretra por trombo ou muco Insuficiência adrenal Ocorre quando há falência das glândulas adrenais Pode ocorrer devido a: • Insuficiência secundária: uso farmacológico de corticoide que suprime a secreção de ACTH, suprimindo consequentemente as glândulas adrenais • Interrupção abrupta do corticoide resulta em insuficiência adrenal, que geralmente é bastante sintomática e potencialmente letal • Doença inflamatória intestinal, transplantados, doença auto-imune Þ Quadro clínico Colapso cardiovascular súbito, hipotensão, febre, confusão mental, dor abdominal Deve-se ter uma atenção maior a pacientes que utilizavam doses prévias de corticoides, pacientes submetidos à resseccão adrenal e pacientes com grandes sangramentos retroperitoneais. Þ Prevenção Administração de corticoide pré-operatório Þ Tratamento Hidrocortisona ou metilpredinisolona IV – monitorar o paciente Hipertireoidismo Apresenta um quadro clínico de taquicardia, fibrilação atrial, ICC, diarreia, náuseas, vômitos, ansiedade, delírio, inquietação, irritabilidade, exoftalmia, Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 8 fraqueza muscular, pele quente, úmida e com intolerância ao calor. Hipotireoidismo Apresenta um quadro clínico de intolerância ao frio, constipação, cabelos quebradiços, sonolência, ganho de peso e fadiga Complicações gastrintestinais Íleo A maioria das complicações são autolimitadas Þ Causas Pancreatite, infecção intra-abdominal, distúrbio eletrolítico, medicamentos (narcóticos, psicotrópicos), manipulação cirúrgica de alça intestinal, hemorragia retroperitoneal, pneumonia, víscera inflamada e trauma abdominal Þ Quadro clínico Distensão abdominal, desconforto/ dor, abdome silencioso. No RX há distensão de alças – níveis hidroaéreos Þ Tratamento Corrigir causa base Þ Diagnóstico diferencial Obstrução mecânica que pode ocorrer devido a aderências, malignidades e hérnias Þ Conduta Reavaliação seriada bem como hidratação/ ATB/ cirurgia Síndrome compartimental abdominal É uma emergência cirúrgica caracterizada por um grande trauma abdominal e uma grande infecção abdominal e ocorre quando a cirurgia abdominal é complicada ou prolongada. Nessa complicação ocorre um edema intestinal significativo e alta pressão intra-abdominal > 25cm h2O Þ Quadro clínico abdome distendido e tenso, hipóxia, incapacidade de ventilação adequada, pressão de pico de via aérea elevada e oligúria (redução do volume urinário para um valor abaixo de 400ml em 24h) Þ Complicações Insuficiência renal, insuficiência respiratória, acidose, redução do débito cardíaco, choque. Essa complicação é corrigida com uma abertura da fáscia abdominal e fechamento com tela. Sangramento gastrintestinal PO Úlcera pépica, erosão por estresse, ruptura de Mallory-Weiss, varizes gástricas, mal-formações intestinal, deiscência anastomósica, hemorragias anastomósicas, diverticulações, mal-formações arterio-venosas sangue vivo X melena. Þ Quadro clínico Hipotensão e taquicardia Þ Conduta SNG em aspiração, reposição de líquidos/ sangue, monitorização UTI- seriar exames, EDA/ colonoscopia, cirurgia de urgência.Ostomias Pode ser causada por erosões na pele, prolapso do estoma, necrose, estenose, hérnia, rotação, alto débito, fístula, sangramento, obstrução, cianose/ edema/ isquemia. Colite pseudomenbranosa É uma alteração da microbiota intestinal pelo antibiótico (principalmente de amplo espectro) e até 1% dos pacientes internados podem apresentar essa complicação. Pode iniciar em até 6 semanas após o uso. Þ Proliferação de Clostridium difficile- libera exotoxina (causa uma reação inflamatória na mucosa do cólon) Þ Formação de pseudomembrana- fibrina, leucócitos, células necrosadas da mucosa e muco geralmente localizados no cólon distal (pode ser mais extensa) Þ Quadro clínico Diarreia copiosa, vômitos, desidratação, forte dor abdominal, íleo paralítico, leucocitose e febre. Þ Tratamento Vancomicina e metronidazol Deiscência anastomótica Extravasamento de líquido carregados de bactérias Þ Complicações Abscessos locais, fístulas, ruptura de anastomose, deiscência da parede abdominal, sepse, morte. Clínica Cirúrgica | MARIA CLARA BATISTA 9 Þ Prevenção Estado nutricional, preparo do intestino, drenagem de abscesso e descompressão de alças Deve-se preservar o suprimento arterial e mínimo trauma manipulativo. Þ Quadro clínico Febre, dor abdominal, mal-estar (não evolui), eritema local, abaulamento, deiscência da ferida operatória, fístula Þ Exame TC de abdome: coleção de líquidos, níveis hidro- aéreos em uma cavidade de abscesso, líquido peritoneal, grande quantidade de ar livre na cavidade Þ Tratamento • Fístula descontrolada: conservador (ATB, nutrição parenteral toral) • Deiscência de cólon: colostomia • Deiscência de ducto biliar: dreno proximal ao escape • Sepse: laparotomia imediata Fístulas É caracterizada pro uma complicação anormal entre o órgão oco epitelizado e outra superfície epitelizada (pele, bexiga, intestino, trato genital) - mortalidade de 15 a 20% Þ Causas Sepse, desnutrição, imunossupressão, erro técnico, doença de Crohn Þ Diagnóstico TC abdome, contraste através da fístula Þ Quadro clínico Eritema, abscesso, efluxo do conteúdo intestinal, dor, febre e sepse Þ Prevenção Manipulação suave dos tecidos, evitar tensão, suprimento sanguíneo adequado, boa visualização da anastomose, bom preparo intestinal, falhas no fechamento, corpo estranho, abscesso ou infecção local da fístula, neoplasia ao redor da fístula e obstrução da alça distal Þ Tratamento Ressuscitação volêmica + ATB + proteção da pele + nutrição enteral/parenteral + bloq H2 + octreoide. Reoperar 4-6sem com ressecção do sítio da fístula.
Compartilhar