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1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 1 1ª FASE 37° EXAME Processo Civil Prof. Leonardo Fetter Prof.ª Tatiane Kipper 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 2 Olá! Boas-Vindas! Cada material foi preparado com muito carinho para que você possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua- lidade. Lembre-se: o seu sonho também é o nosso. Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! Com carinho, Equipe Ceisc. ♥ 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 3 1ª FASE OAB | 37° EXAME Processo Civil Prof. Leonardo Fetter Prof.ª Tatiane Kipper Sumário 1. Ação de Conhecimento ............................................................................................................ 3 2. Ação de Execução ................................................................................................................. 54 3. Procedimentos Especiais ....................................................................................................... 67 4. Recursos ................................................................................................................................ 97 5. Juizado Especial Cível ......................................................................................................... 137 Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco- menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em outubro de 2022. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 4 1. Ação de Conhecimento 1.1. Jurisdição, ação, rito/procedimento 1.1.1. Considerações Iniciais O Direito Processual Civil emerge, no mundo jurídico, com uma função bem específica – regular as formas, meios e maneiras de o cidadão buscar seu direito material perante o Poder Judiciário. Aparece, então, como forma de igualdade (já que fixa as mesmas normas para todos os cidadãos, indistintamente) e como instrumental (é instrumento para busca do reconhecimento do direito material preten- dido). Dessa forma, e com esse objetivo, existem alguns conceitos básicos que devem ser entendidos e fixados. Jurisdição A jurisdição é o poder-dever do Estado de compor/solucionar litígios. Assim, considerando as re- gras inerentes ao Estado Democrático de Direito, faz-se necessário identificar quem possui esse poder- dever, quem possui a responsabilidade de não deixar que os cidadãos, por suas próprias mãos, busquem solucionar um conflito de interesses. O Poder Judiciário é responsável pela jurisdição, o Poder Judiciário está investido em jurisdição. Compreende-se que esta função jurisdicional é delegada ao Poder Judiciário pelo Estado. Ainda, fala-se em poder-dever, uma vez que, o Poder Judiciário não pode abrir mão dessa responsabilidade. Quando um conflito de interesses é levado até o Poder Judiciário, ele tem a obrigação de o resolver, não pode negar a solução do litígio. O exercício da jurisdição (este poder-dever de solucionar litígios) é do Poder Judiciário. Contudo, uma importante característica da jurisdição é a inércia, ou seja, para o Estado-Juiz exercer a jurisdição, faz- se necessária a provocação. O juiz não tem autonomia para agir por conta própria, em outras palavras, agir de ofício. O Poder Judiciário deve, necessariamente, ser provocado pela parte interessada, conforme o art. 2o do CPC: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. É o chamado princípio da ação ou da demanda, ou ainda, princípio da iniciativa da parte. Nesse sentido, uma vez que o cidadão possui o direito à jurisdição, surge a ação, forma de 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 5 provocação da jurisdição. Ação A forma adequada de o cidadão provocar o Poder Judiciário, retirando-o da sua inércia, é a ação, ou seja, é através da ação que o Poder Judiciário sai da sua inércia e passa a exercer a jurisdição, o poder-dever de solucionar conflitos de interesses. O direito de ação não está vinculado ao direito material, dessa forma, o cidadão não precisa ter um direito material garantido para provocar o Judiciário. O direito de ação trata de um direito abstrato (não concreto); existe o direito de ação independentemente de seu resultado, todavia, o autor deverá preencher as condições da ação, sendo elas: interesse processual, legitimidade de agir e possibilidade jurídica do pedido. Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como as- sistente litisconsorcial. Importante! O sistema processual civil brasileiro definiu dois tipos de ação: ação de conhecimento e ação de execução. Uma ação jamais vai iniciar de ofício pelo magistrado, pois o Poder Judiciário é inerte, dessa maneira, faz-se necessária a provocação por parte do cidadão. Ação de conhecimento: quando o cidadão deseja uma postura condenatória, declaratório ou cons- titutiva por parte do Poder Judiciário, essa é a pretensão e aparecerá através do pedido. A propositura da ação aparece através da petição inicial, e um dos requisitos da petição inicial, nos termos do art. 319, inciso IV do CPC, é o pedido. Assim, o juiz ao julgar o pedido, vai julgá-lo procedente, improcedente ou parcial- mente procedente. Ação de execução O autor busca a cobrança, o ressarcimento, de uma obrigação. O autor vai propor uma ação exe- cutiva quando pretender cobrar um crédito, cobrar uma obrigação pré-constituída, em outras palavras, uma obrigação fixada em um título, seja ele judicial (art. 515 do CPC) ou extrajudicial (art. 784 do CPC). Rito ou procedimento Frise-se, já de início, que rito e procedimento são sinônimos. E, de forma bem objetiva e simples, pode-se definir o rito/procedimento como: conjunto de atos – que ocorrem entre o início e o fim da ação – 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 6 estabelecidos pela lei processual e, devem ser seguidos perante o Poder Judiciário para alcançar a solução do conflito de interesses apresentado. Importante! Identificado o pedido (a pretensão que a parte vai levar ao Poder Judiciário), será possível identificar o rito pelo qual este pedido vai tramitar perante o Poder Judiciário. Mas qual a forma desta identificação? A mais singela será simplesmente verificar o índice do CPC – lá consta (a partir do art. 539) o capítulo dos Procedimentos Especiais. Ou seja: todos os pedidos que vão tramitar utilizando ou respeitando um rito/procedimento especial devem ter previsão expressa no CPC (Importante! ou em lei especial – Exemplo: Lei de Alimentos prevê procedimento especial para o pe- dido de alimentos). E o Procedimento Comum? O uso deste também é definido pelo pedido, mas de uma forma ainda mais simples: para todos os pedidos que não tiverem previsão de uso do procedimento especial, será utili- zado o procedimento comum. Para encerrar estas considerações iniciais, vale fazer referência a um último e indispensável con- ceito: a competência. 1.2. Competência Todo o órgão do Poder Judiciário (juiz, desembargador, ministro) tem jurisdição. Apesar de todo o órgão do Poder Judiciário ter jurisdição, o exercício desta jurisdição é delimitado pelas regras de compe- tência – as quais possuem a intenção de organizar o exercício jurisdicional. Contudo, pode-se compreender a competência como o limite de atuação dos órgãos jurisdicionais, uma vez que, o juiz federal, por exemplo, só trabalha em lides de competência federal. Quando se estudacompetência, a primeira grande divisão que deve ser feita é acerca da competência ESTADUAL e FEDERAL. Assim, para fixar a competência da Justiça Federal, faz-se necessário verificar o art. 109 da Constituição Federal – ali ficaram definido quais seriam os conflitos de interesses de competência federal (da Justiça Federal). Quanto à competência da Justiça Estadual, o que não for de competência federal, será de compe- tência estadual, pois a competência estadual é residual. Tem-se a definição da competência federal e o que não for de competência federal é considerado de competência estadual. A lide de competência absoluta só pode ser julgada por aquele juízo, não há possibilidade de alte- ração de competência. A competência relativa existe a possibilidade de alteração da competência. A com- petência federal será sempre absoluta, assim como, por exemplo, em relação à matéria. Por outro lado, a 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 7 competência territorial (prevista no CPC) é um critério de competência relativa, ou seja, pode ser modificada pela vontade ou omissão das partes. Da incompetência A incompetência é dividida em ABSOLUTA e RELATIVA. A absoluta pode ser reconhecida de ofício e em qualquer grau de jurisdição (art. 64, § 1o, CPC) – a competência absoluta trata dos casos de interesses públicos. Já a competência relativa não pode ser reconhecida de ofício (art. 337, § 5o, CPC e súmula no 33 do STJ) e deve ser alegada em preliminar da contestação (art. 337, II, CPC), sob pena de prorrogação (art. 65, CPC) – a competência relativa disciplina os casos de interesses privados. Já a prevenção visa confirmar e manter a competência de um juiz respectivo quando houver mais de um juízo competente para o julgamento de uma mesma causa. Conforme previsto no art. 59 do CPC, o que torna o juízo prevento é o registro ou a distribuição da petição inicial. *Para todos verem: quadro. COMPETÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA • Interesse Público • Não há possibilidade de modificação de competência • Matéria • A incompetência absoluta pode ser decretada de ofí- cio e em qualquer grau de jurisdição (art. 64, § 1o do CPC) • A incompetência absoluta não preclui • O reconhecimento da incompetência não gera a ex- tinção do processo (art. 64 do CPC) • Interesse Privado • Existe possibilidade de alteração de competência • Territorial (CPC) • A incompetência não pode ser reconhecida de ofício (súmula no 33 do STJ) • Precisa ser requerida em preliminar de contestação • Na incompetência relativa incide a preclusão • Prorrogação processual (art. 65 do CPC) • O reconhecimento da incompetência não gera a ex- tinção do processo (art. 64 do CPC) Importante! Atenção para o art. 63 do CPC, o qual traz uma exceção. No art. 63 do CPC, temos uma possibili- dade do reconhecimento da incompetência relativa pelo juízo, ou seja, de ofício. As partes escolhem um foro competente para julgar, por exemplo, as cláusulas de um contrato. Os contratantes estão, de forma antecipada, definindo onde será produzida as discussões judiciais relaciona- das ao contrato. Mas atenção para quando essa cláusula pode ser interpretada como abusiva, por exemplo, nos contratos de adesão. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 8 O reconhecimento da Incompetência (tanto relativa quando absoluta) gera a remessa dos autos para o juízo competente, mas não gera a extinção do processo, conforme o art. 64, § 3o, CPC. Importante! As regras de competência fixadas pelo CPC são territoriais, ou seja, definem o lugar onde deverá ser proposta a ação. A competência do JEC (Lei no 9.099/1995), JEF (Lei no 10.259/2001) e JEFP (Lei no 12.153/2009) é definida, também, pelo valor da causa (no estado causas de valor até 40 salários-mínimos e nos juizados federais causas de até 60 salários-mínimos). A competência do JEC é relativa – em uma lide de competência Estadual de até 40 salários-mínimos, a parte autora pode optar entre ingressar no JEC ou na justiça comum – e a competência do JEF é absoluta – em uma causa de competência federal de até 60 salários-mínimos, é obrigatório entrar no JEF, a parte autora não pode escolher. O reconhecimento da incompetência no JEC ou JEF acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito – art. 51, inciso III, da Lei no 9.099/1995. *Para todos verem: quadro. COMPETÊNCIA Justiça Estadual (Comum) Residual Justiça Federal (Comum) art. 109 da CF Justiça do Trabalho 1o Grau • Juiz de Direito • Relativa • Juiz Federal • Absoluta • Juiz do Trabalho • Absoluta 2o Grau • TJ • Cabe recurso para o STJ quando houver ofensa a lei fe- deral • Cabe recurso para o STF quando houver ofensa à Cons- tituição Federal • TRF • Cabe recurso para o STJ quando houver ofensa a lei Federal • Cabe recurso para o STF quando houver ofensa à Constituição Federal • TRT • Recurso para o TST Exceção constitucional: art. 109, § 3o da CF: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: § 3o Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional no 103, de 2019.) A Constituição Federal traz que, em uma ação contra o INSS, se a comarca do domicílio do 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 9 segurado não for sede de vara federal, é possível entrar com essa ação contra o INSS na justiça estadual. Contudo, de acordo com o § 4o do art. 109 da CF, o recurso cabível nessa hipótese “será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau”. 1.3. Conexão, continência, litisconsórcio e litispendência 1.3.1. Conexão e Continência Importante ressaltar que conexão e continência são regras processuais de modificação de compe- tência, conforme o art. 54 do CPC. Faz-se necessário afirmar também que não são causas que geram a extinção do processo. A ideia da conexão e da continência é evitar que aconteçam decisões conflitantes. A conexão está prevista no art. 55 do CPC e determina que duas ou mais ações podem se reunir para julgamento conjunto, quando o pedido e a causa de pedir lhes forem comuns; busca evitar que ações iguais tenham julgamentos diferentes. O critério jurídico processual que se deve usar para reunir ações conexas está prevista no art. 58 e 59 do CPC, ou seja, a prevenção se dá através da distribuição da petição inicial. As ações conexas serão reunidas perante o juízo onde houve a primeira distribuição da inicial. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2o Aplica-se o disposto no caput: I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II – às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Atenção para o § 3o do art. 55 do CPC: ainda que não haja relação com o pedido ou com a causa de pedir, mas existindo qualquer risco de decisão conflitante, devem ser reunidos os processos para deci- são em conjunto. Ainda, é importante prestar atenção à parte final do § 1o do art. 55 do CPC: quando um processo já houver sido sentenciado, não haverá conexão. A continência está disciplinada no art. 56 do CPC e determina que, para haver a modificação de competência, é necessário que duas ou mais ações tenham identidade quanto às partes e a causa de pedir, e que o pedido de uma, por ser mais amplo, abranja o das demais. Aqui tambémocorre a reunião de duas ou mais ações, visando evitar decisões divergentes. As regras aplicadas à conexão aplicam-se também à continência. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 10 Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Litisconsórcio O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas são partes em um mesmo processo: Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. § 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. § 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. Há algumas classificações importantes quanto ao litisconsórcio, vejamos: a) Quanto ao polo No caso de haver mais de um autor, o litisconsórcio será chamado de ativo; havendo mais de um réu, litisconsórcio passivo; e se houver pluralidade de autores e réus, será chamado de misto. b) Quanto à obrigatoriedade O litisconsórcio também pode ser obrigatório ou facultativo, ou seja, a presença de duas ou mais pessoas é obrigatória, sob pena da ação não prosseguir. Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. Será necessário ou obrigatório quando decorrer de expressa previsão legal, como, por exemplo, no caso do art. 73 do CPC, que exige que ambos os cônjuges ou companheiros figurem conjuntamente em ações que versem sobre direito real imobiliário ou, ainda, devido à natureza da relação entre as partes. Será facultativo quando derivar apenas da vontade da parte autora, que pode optar por propor uma única ação contra todos os réus que tenham ligação na demanda (ex: obrigação solidária). c) Quanto a uniformidade da decisão Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver que ser igual para todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente precisar ser igual para todos. Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 11 d) Quanto à limitação na formação do litisconsórcio Por fim, o litisconsórcio será multitudinário quando ocorrer um número elevado de partes integrantes em um dos polos da ação, e o juiz, ao se deparar com isto, poderá limitar a quantidade de participantes. Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: § 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. § 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. Atenção para o art. 229 do CPC. A possibilidade da incidência do prazo em dobro requer mais do que litisconsórcio, é necessário também partes com advogados diferentes; esses advogados devem ser de diferentes escritórios e os autos precisam ser autos físicos. Se não houver presente os quatro critérios, não haverá a incidência do prazo em dobro. Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advoca- cia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qual- quer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. Litispendência Existe uma grande confusão entre litisconsórcio e litispendência. Uma coisa não se relaciona com a outra. O conceito de litispendência está nos § 1o e 2o do art. 337 do CPC. Atenção, a litispendência se difere de conexão: a conexão trata do mesmo pedido ou da mesma causa de pedir, não das mesmas partes, e a litispendência trata de duas ações iguais, mesmo pedido, mesma partes e mesma causa de pedir. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. A litispendência é causa de extinção sem resolução do mérito de um processo, conforme o art. 485, V do CPC. Qual das ações será extinta? De acordo com o art. 240 do CPC, a primeira ação, se houve citação, permanecerá e a outra será extinta. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 12 1.4. Princípios, atos do juiz, suspeição e impedimento 1.4.1. Princípios Constitucionais e Processuais Princípio do devido processo legal O direito ao processo é uma das garantias constitucionais, direito fundamental previsto no art. 5o, inciso XXXV, portanto, é um princípio constitucional e processual. O devido processo legal está relacionado com os outros princípios, como contraditório, ampla defesa. Princípio do contraditório É uma ideia de reação: sempre que houver a possibilidade de uma decisão judicial contra uma das partes, essa parte tem que ser ouvida, tem que ser dada a oportunidade de a parte se manifestar. Objeti- vamente, é o direito de reação – garante às partes a oportunidade de se manifestar em todos os atos do processo, e tratamento paritário para dialogar com o juiz, sob pena de nulidade, não podendo, assim, o juiz julgar qualquer ação sem que os litigantes tenham tido a oportunidade de se defender. Veja o art. 9o do CPC: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida”. Exceção: o juiz pode decidir sem dar a oportunidade de uma das partes se manifestar, conforme o parágrafo único do art. 9o do CPC. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I – à tutela provisória de urgência; II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III – à decisão prevista no art. 701. Importante, aqui, chamar a atenção para o fato que o juiz não pode proferir nenhuma decisão sem antes ter ouvido todas as partes. É vedada a decisão-surpresa, até mesmo quando se tratar de matéria que deva ser decidida de ofício. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. O art. 10 do CPC traz que todas as decisões devem ser fundamentadas, ou seja, juiz deve apre- sentar para as partes o motivo pelo qual ele chegou a determinada decisão. Quanto a esses fundamentos, é obrigatório ter sido oportunizado o debate nos autos. Princípio da publicidade dos atos processuais Está previsto nos arts. 5o, LX, e 93, IX, ambos da CF e arts. 11, caput, e 368, ambos do CPC. Impõe que sejam públicos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, e justifica-se no fato de haver interesse 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 13 público maior que somente das partes, pois visa a garantia da paz e harmonia social. Importante recordar a exceção deste princípio:processos que tramitam com segredo de justiça (art. 189 do CPC). Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I – em que o exija o interesse público ou social; II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união está- vel, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispo- sitivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou sepa- ração. Princípio da isonomia Trata-se de um princípio que visa dar tratamento igual às partes, objetivando um processo justo e equilibrado. Encontra-se presente no art. 5o, caput, da Constituição Federal, bem como no art. 7o do CPC: “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades proces- suais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. Princípio da imparcialidade O princípio do juiz natural determina que as partes têm direito a um julgamento realizado por um juiz competente e imparcial (art. 5o, LIII e XXXVII, da CF). O primeiro inciso desse artigo dispõe que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, e o segundo, dispõe que não haverá juízo ou tribunal de exceção. Requisitos para caracterização do juiz natural: a) o julgamento deve ser proferido por alguém inves- tido de jurisdição; b) o órgão deve ser preexistente; c) a causa deve ser submetida ao juiz competente, de acordo com as regras postas pela CF e por lei. Princípio da motivação das decisões judiciais Este princípio disciplina que todas as decisões judiciais devem obrigatoriamente ser fundamenta- das, de acordo com o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal e art. 11 do CPC: Art. 93, CF: (...) IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamenta- das todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em deter- minados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 14 quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o inte- resse público à informação. Art. 11, CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Princípio da boa-fé processual Este princípio visa o bom comportamento das partes: com boa-fé, lealdade e urbanidade (art. 5o do CPC); está ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana. A parte que agir com má-fé pode ser pe- nalizada com multa – art. 81 do CPC. Além disso, as práticas consideradas de má-fé estão previstas no art. 80 do CPC, vejamos: Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II – alterar a verdade dos fatos; III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI – provocar incidente manifestamente infundado; VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. Princípio da duração razoável do processo O princípio da duração razoável do processo é também conhecido como princípio da celeridade processual. Não há na lei uma predeterminação de duração do processo, todavia não se pode tolerar a procrastinação injustificável do Judiciário e seus serviços. Está previsto no art. 5o, inciso LXXVIII, da CF (“a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”) e nos arts. 4o e 6o do CPC. Princípio do duplo grau de jurisdição Este princípio não se encontra expresso na Constituição Federal, mas diante de terem sido criados juízos e tribunais cuja competência é julgar os recursos contra as decisões de primeiro grau, automatica- mente estabeleceu-se o duplo grau de jurisdição, que busca reanalisar os atos judiciais que geram incon- formismo na parte e estão substanciados por falhas, ilegalidades, provas, através do julgamento de um órgão superior. Princípio da proporcionalidade e razoabilidade De acordo com o art. 8o do CPC o juiz, ao aplicar as normas, deverá atender aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. O exemplo clássico de apli- cação dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade emerge com a fixação do quantum (valor) devido 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 15 na obrigação alimentar. 1.4.2. Atos Processuais do Juiz O pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças, decisões interlocutórias e despa- chos. De acordo com art. 203, § 1o do CPC, sentença é o meio pelo qual o juiz extingue a ação (art. 316 do CPC), com ou sem resolução do mérito (arts. 487 e 485 do CPC). Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de sentença (§ 2o), que não gera a extinção do processo. E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de ofício ou a requeri- mento da parte (§ 3o): são manifestações do juiz, não atingem as partes, e dessa forma, são manifestações irrecorríveis, na forma do art. 1001 do CPC. Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando neces- sário. Existem outros atos do juiz nos Tribunais. Os juízes se manifestam nos outros tribunais por decisão monocrática ou por acórdão. Decisão monocrática (exceção): trata-se da decisão do relator (art. 932 do CPC). Acórdão (regra): decisão proferida por um colegiado, ou seja, por um grupo de juízes. Essa decisão pode ser unânime ou por maioria. 1.4.3. Suspeição e Impedimento Faz-se necessário recordar o princípio da imparcialidade. O magistrado, como órgão do Poder Ju- diciário, deve atuar com imparcialidade. Atenção, ele não tem que ser neutro, ele tem que ser imparcial. No entanto, existem circunstâncias que acarretam a sua parcialidade, as quais são definidas como suspeição e impedimento. As causas que fundamentam o impedimento estão inseridas no art. 144, e as de suspeição, no art. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 16 145 do CPC. Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como mem- bro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II – de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III – quando nele estiverpostulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV – quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V – quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI – quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII – em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII – em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, compa- nheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX – quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individu- almente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no pro- cesso. Art. 145. Há suspeição do juiz: I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II – que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III – quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou compa- nheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV – interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. § 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. § 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I – houver sido provocada por quem a alega; II – a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. Verificada a parcialidade do juiz, através dessas duas hipóteses, não será declarada a extinção do processo – deverá o magistrado ser afastado do processo, e os autos, encaminhados ao seu substituto legal (sendo invalidados os atos decisórios praticados até a substituição). Importante! O magistrado pode reconhecer de ofício a sua parcialidade e remeter os autos para o seu substituto legal. O juiz poderá declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões (§ 1o, art. 145, CPC), protegendo a sua intimidade. Se o magistrado não reconhecer de ofício a sua parcialidade, no prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte deverá alegar o impedimento ou suspeição, em petição específica, dirigida ao juiz do processo, na qual deverá ser 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 17 indicado o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas (art. 146, CPC). Se reconhecer o impedimento ou a suspeição, o juiz ordenará imediatamente remessa dos autos a seu substituto legal. Caso contrário (não reconhecendo sua parcialidade), determinará a autuação em apar- tado e, no prazo de 15 dias, deverá apresentar suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando remessa ao tribunal para que julgue o incidente (§ 1o, art. 146, CPC). Caberá ao relator, quando ordenada a remessa do incidente ao tribunal, decidir o efeito suspensivo do incidente. *Para todos verem: quadro. IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO • Causa de parcialidade absoluta. • Pode ser requerida em qualquer momento e qualquer grau de jurisdição. • O prazo do art. 146 do CPC não é absoluto para o im- pedimento. • O impedimento pode ser alegado até em Ação Resci- sória, ou seja, após o trânsito em julgado. • Causa de parcialidade relativa. • Tem que respeitar o prazo do art. 146 do CPC. Atenção para o art. 148 do CPC. Os mesmos motivos de impedimento e suspeição vão ser aplicados ao Ministério Público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos imparciais do processo. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I – ao membro do Ministério Público; II – aos auxiliares da justiça; III – aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição funda- mentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. § 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno. § 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. Quanto à testemunha, impedimento e suspeição serão alegados através da contradita (art. 457 do CPC): impedimento na forma do art. 447, § 2o do CPC e suspeição na forma do art. 447, § 3o do CPC. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 18 1.5. Custas e despesas processuais, honorários advocatícios e honorários de sucumbência, justiça gratuita e procuração 1.5.1. Custas e Despesas Processuais Foi definido, no art. 82 do CPC, que o autor, ao propor uma ação, deverá fazer o adiantamento das custas processuais (ou seja, a parte autora deverá fazer o recolhimento das custas para ter sua ação dis- tribuída). Objetivamente, o Estado cobra para prestar jurisdição. De acordo com o art. 82, § 2o do CPC, o juiz, ao sentenciar o processo, condenará a parte vencida ao pagamento ou ressarcimento das custas e despesas que a parte vencedora antecipou. Essa circunstân- cia decorre da sucumbência, a qual pode ser definida pela consequência da derrota na ação. A parte ven- cida será condenada aos ônus de sucumbência. 1.5.2. Honorários Advocatícios e dos Honorários de Sucumbência Os honorários advocatícios são a remuneração do advogado, pois o advogado atua no processo como um prestador de serviço, assim, é possível convencionar com o cliente os honorários advocatícios. Trata-se da contraprestação pelo serviço prestado. Os honorários de sucumbências são oriundos de um processo judicial, trata-se de honorários fixados pelo juiz para pagamento pela parte vencida para o advogado da parte vencedora. A parte vencida no processo é denominada sucumbente – e deverá arcar com os ônus desta derrota (da sucumbência). Dentre os ônus, está o pagamento das custas (art. 82, § 2o do CPC) para a parte vencedora (como já referido anteriormente). E, por segundo, será também a parte vencida condenada a pagar os honorários advocatícios ao ADVOGADO da parte vencedora, conforme previsão expressa do art. 85 do CPC. Tal con- denação deverá ser fixada na forma estabelecida no art. 85, § 2o do CPC. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumu- lativamente. § 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível men- surá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I – o grau de zelo do profissional; II – o lugar de prestação do serviço; III – a natureza e a importância da causa; IV – o trabalhorealizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. De acordo com o art. 85, § 2o do CPC, os honorários serão fixados entre o mínimo de 10 e o máximo de 20 %. Não existe qualquer possibilidade de termos honorários fixados em percentual superior a 20 %; 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 19 contudo, existem circunstâncias legais em que é possível a fixação de honorários em percentual inferior a 10 %, como por exemplo, o caso do art. 90, § 4o e art. 85, § 3o, ambos do CPC. Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhe- cimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, re- nunciou ou reconheceu. § 4o Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir integral- mente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2o e os seguintes percentuais: I – mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II – mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários- mínimos; III–- mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV – mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; V – mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. Ainda, importante ressaltar o § 11 do art. 85 do CPC. Poderá haver majoração dos honorários em 2o grau, contudo, o juiz deverá observar o limite de 20 %. § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de ho- norários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabeleci- dos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento. 1.5.3. Justiça Gratuita O art. 82 do CPC prevê que, no caso de justiça gratuita, restará a parte isenta do pagamento de custas e despesas processuais. Nesse sentido, o art. 98 do CPC garante à pessoa natural ou jurídica, tanto brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para o pagamento das custas, das des- pesas processuais e dos honorários advocatícios, o direito à justiça gratuita. É concedida a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a um terceiro que interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei. O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo: na inicial, contestação, em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao processo. No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não podendo o juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o contrário. Nesse caso, ainda, antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de provar o contrário, conforme o art. 99, § 2o e 3o do CPC). Diferentemente é a 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 20 situação da pessoa jurídica, que, para fazer jus à justiça gratuita, deve provar ser financeiramente hipossu- ficiente. Importante! Caso a parte vencida seja beneficiária da justiça gratuita, ela poderá ser condenada ao pagamento das custas e dos honorários, conforme o § 2o do art. 98 do CPC. Contudo, de acordo com o § 3o do art. 98 do CPC, referida condenação é suspensa, por consequência do benefício da justiça gratuita, pelo prazo de até cinco anos. 1.5.4. Procuração A parte para litigar em juízo precisar estar representada por advogado. O advogado, para atuar em nome da parte, precisa ter poderes, os quais serão fixados por procuração, documento indispensável. Con- tudo, a segunda parte do art. 104 do CPC traz uma exceção: Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. § 1o Nas hipóteses previstas no caput , o advogado deverá, independentemente de cau- ção, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. § 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos. A procuração não se faz necessária quando o advogado atua em causa própria. Direitos do advogado – acesso aos autos O advogado pode ter vista de qualquer processo judicial em tramitação, mesmo sem procuração, desde que não esteja sob a proteção do segredo de justiça, caso em que é necessária procuração (art. 107, I do CPC). Importante lembrar que este mesmo direito é assegurado aos processos eletrônicos, conforme pre- visão do art. 107, § 5o do CPC. Tem o advogado direito à carga (levar consigo) dos autos do processo em tramitação, situação em que será necessário apresentar procuração (art. 107, II e III do CPC). Importante! Para que o advogado faça carga dos processos que estão arquivados, não é necessária procuração (art. 7o, XVI, da Lei no 8.906/1994 – Estatuto da Advocacia e da OAB). 1.6. Tutelas provisórias O cidadão busca do Poder Judiciário a solução de um conflito de interesses, a solução de uma lide. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 21 O Poder Judiciário possui jurisdição, ou seja, possui poder-dever de solucionar um litígio. Contudo, o que o cidadão quer do Poder Judiciário é definido como tutela jurisdicional – decisão do conflito levado a juízo. A tutela jurisdicional possui uma classificação, sendo ela: Tutela definitiva: tutela que põe fim ao conflito de interesses levado a juízo. Tutela provisória: é uma decisão provisória, ainda não definitiva. Pretende-se uma decisão provi- sória no decorrer do processo, ainda não definitiva, pois ela ainda pode ser modificada. As tutelas provisó- rias são divididas em: de evidência e de urgência. O pedido da tutela provisória de evidência deverá estar fundamentado em um direito claro e objetivo, em um direito evidente. Essa tutela somente poderá ser pedida e concedida/deferida nos casos previstos no art. 311 do CPC e sua análise será incidental. Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do con- trato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. Por outro lado, a tutela de urgência exige, para sua concessão, a presença dos requisitos do art. 300 do CPC, podendo ser requerida e analisada de forma incidente ou antecedente. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigode dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver pe- rigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. A tutela de urgência necessita de probabilidade do direito, ou seja, é um direito provável, ainda não é concreto. É necessário indicar ao Judiciário indícios de que exista esse direito. Faz-se necessário, ainda, demonstrar que exista perigo de dano – não é possível esperar até a concessão da tutela definitiva, é preciso uma decisão judicial naquele momento para se evitar que o direito pretendido não sofra dano irreparável – ou demonstrar que exista risco de o processo não alcançar resultado útil – diante de uma atitude da outra parte: isso é, corre-se o risco de a ação proposta não alcançar o resultado útil, necessitando- 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 22 se de uma decisão que garanta que essa ação possa alcançar resultado útil, por exemplo, quando o devedor começa a se desfazer de seu patrimônio. A tutela de urgência ainda se subdivide em: Tutela de urgência antecipada – quando a urgência incidir sobre direitos materiais. Tutela de urgência cautelar – quando a urgência incidir sobre direitos processuais. Importante! A tutela provisória poderá ser pedida e concedida tanto ao autor, quanto ao réu, em qualquer mo- mento do processo. Inclusive, é possível requerer a tutela provisória em 2o grau (art. 932, II do CPC). As decisões interlocutórias que dizem respeito às tutelas provisórias são passíveis de recurso, ou seja, são decisões recorríveis. O art. 1.015, inciso I do CPC menciona que: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I – tutelas provisórias; O pedido de tutela provisório pode ser feito de duas maneiras, de forma incidental e de forma antecedente. De forma incidental – é o pedido normal, dentro do processo. Pode ser tanto de tutela provisória de urgência como de evidência. De forma antecedente – é o pedido antes de se entrar com a ação. Existe uma grande necessidade de uma decisão judicial. Esse pedido só ocorre na tutela provisória de urgência e é baseado nos arts. 303 ou 305 do CPC. Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. § 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ; III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335 . § 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito. § 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais. § 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final. § 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no caput deste artigo. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 23 § 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito. Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter an- tecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza anteci- pada, o juiz observará o disposto no art. 303. Importante! O instituto da estabilização da tutela provisória somente será aplicável nos pedidos de tutela pro- visória de urgência antecipada antecedente (art. 304 do CPC). Esse pedido precisa ser deferido e que não haja recurso. Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. § 1o No caso previsto no caput , o processo será extinto. § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput . § 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou inva- lidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o. § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi con- cedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. § 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o. § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos res- pectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo. 1.7. Partes, Capacidade e Intervenção de Terceiros 1.7.1. Partes Em uma ação, é necessário identificar o autor, aquele que figura no polo ativo da demanda, ou seja, quem propôs a ação, e o réu, aquele que figura no polo passivo da demanda, ou seja, contra quem foi proposta a ação. Ao se falar em pessoa, seja pessoa natural, seja pessoa jurídica, necessita-se compreender como elas adquirem personalidade, como elas exercem os diretos decorrentes dessa personalidade. Juridicamente falando, ter personalidade é ser titular de direitos e obrigações. A pessoa natural, quando nasce com vida, adquire personalidade e, por consequência, é titular de direitos e obrigações. A pessoa jurídica adquire personalidade quando os seus atos constitutivos, seu contrato social é registrado no local competente. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 24 O exercício desses direitos e dessas obrigações pode ter que acontecer por representante ou a pessoa deve estar assistida. Há uma diferença entre ter personalidade e poder exercer esses direitos e essas obrigações sozinho, e para isso devemos avaliar a capacidade. 1.7.2. Capacidade Legalmente, o menor de 16 anos é absolutamente incapaz; a pessoa de 16 a 18 anos é denominada relativamente incapaz e a pessoa maior de 18 anos é plenamente capaz. O absolutamente incapaz possui direitos e obrigações, contudo, ele não pode exercer os direitos e obrigações sozinho, precisa estar representado. O relativamente capaz precisa ser assistido. A pessoa plenamente capaz exerce sozinha os seus direitos e obrigações. O menor de 16 anos pode ser autor ou réu de uma ação, todavia, deve exercer os seus direitos e obrigações por um representante. Ex.: ação de alimentos. Uma criança de seis meses precisa receber alimentos do pai, então ela será a autora da ação, representada por sua mãe. 1.7.3. Intervenção de Terceiros A intervençãode terceiros é a possibilidade de uma pessoa que não é parte – ou seja, não figura no polo ativo ou passivo – intervir no processo. A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas: a) Assistência Trata-se de uma intervenção voluntária, em que um terceiro interessado no conteúdo da sentença intervém no processo a fim de assistir e ajudar a parte com a qual tenha relação jurídica. Ex.: uma relação de locação. O proprietário de um imóvel entra com ação de despejo contra o inquilino, porém, o inquilino havia sublocado o imóvel para um terceiro. O terceiro, nesse caso, será prejudicado se a decisão for procedente para o proprietário: assim, ele tem interesse jurídico nesse processo, podendo se habilitar para defesa de seus direitos. Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente inte- ressado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 25 b) Denunciação da lide Aqui, a intervenção é originada pela iniciativa de uma das partes, que será chamada de denunciante, cujo objetivo é garantir o direito de regresso no caso de improcedência do processo. Somente acontece nos casos do art. 125, do CPC. Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I – ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao de- nunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Importante! Se, por exemplo, a pessoa não fez a denunciação da lide, de acordo com o § 1o do art. 125 do CPC, ela não perde o direito de regresso, pode exercer o direito de regresso através de ação autônoma. Art. 129 do CPC – esse direito de regresso somente será julgado pelo juiz se o denunciante perder a ação principal. c) Chamamento ao processo Será possível o chamamento ao processo nos casos de fiança e nos casos de responsabilidade soli- dária. Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I – do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II – dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III – dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o paga- mento da dívida comum. d) Incidente da desconsideração da personalidade jurídica O incidente de desconsideração da personalidade jurídica vem regulado nos art. 133 a 137 do CPC. Sua finalidade é a responsabilização das pessoas físicas, sócias de empresas, pelos atos da pessoa jurí- dica. Os requisitos para as relações civis são: abuso de poder, confusão patrimonial ou desvio de finali- dade, conforme art. 50 do Código Civil, bem como aqueles inseridos no Código de Defesa ao Consumidor (art. 28). e) Amicus curiae O amicus curiae está previsto no art. 138 do CPC e sua finalidade é auxiliar na formação de 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 26 convencimento do juiz. Para que seja admitido o amicus curiae, deverá ser observada a relevância da ma- téria, a especificidade do tema objeto da demanda e a repercussão social da controvérsia. Ainda, deve haver representatividade: aquele que se habilita como amicus curiae deve ter representatividade, ou seja, deve falar em nome de um grupo. Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especi- alizada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipó- tese do § 3o. § 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. 1.8. Petição Inicial, Emenda, Indeferimento, Improcedência Liminar 1.8.1. Petição Inicial Quando existe um conflito de interesses e a pessoa não consegue solucionar de forma consensual com a outra parte, é necessário buscar no Poder Judiciário essa solução. O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessária a iniciativa da parte através da petição inicial. A petição inicial deve obedecer aos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC. Art. 319. A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido com as suas especificações; V – o valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente one- roso o acesso à justiça. Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Importante! A petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não que seja designada audiência de conciliação 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 27 ou mediação (art. 334 do CPC). Conforme o exposto nos arts. 322 e 324 do CPC, os pedidos da petição inicial devem ser certos e determinados; em outras palavras, o pedido não pode ser presumido – o que o autor não pediu o juiz não pode julgar – e não pode ser genérico. Excepcionalmente, o pedido poderá ser genérico, conforme o § 1o do art. 324 do CPC. Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. § 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princí- pio da boa-fé. Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: I – nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II – quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III– quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. Importante! Há possibilidade de alteração dos pedidos, de acordo com o art. 329 do CPC. Art. 329. O autor poderá: I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifes- tação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir. 1.8.2. Valor da Causa Toda petição inicial deverá ter, obrigatoriamente, valor da causa. O valor da causa, como regra, corresponde ao valor do pedido ou dos pedidos, caso ocorra a cumulação, ou seja, mais de um pedido, conforme o art. 292 do CPC. Contudo, importante observar o inciso III do art. 292 do CPC: “na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor”. O § 3o do art. 292 do CPC traz uma importante informação, qual seja: “O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em dis- cussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes”. Importante! 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 28 A parte deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo (art. 105, § 2o do CPC). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c art. 104, ambos do CPC). Importa destacar ainda que, se o autor for absolutamente ou relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste. 1.8.3. Emenda da Petição Inicial Se a petição inicial estiver irregular, por faltar algum dos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, ou apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o juiz determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de 15 dias (informando, com precisão, o que deve ser corrigido ou completado – art. 321, do CPC). Não cumprida tal diligência, a petição inicial será indeferida (art. 321, parágrafo único, do CPC) – restando a ação extinta sem resolução do mérito, na forma do art. 485, I do CPC. 1.8.4. Indeferimento da Petição Inicial As hipóteses de indeferimento são aquelas previstas no art. 330, CPC. Identificada pelo magistrado alguma das situações do art. 330 do CPC, deverá intimar o autor para emendar/completar a inicial (art. 321, c/c o art. 317 do CPC). Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I –for inepta; II – a parte for manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pe- dido genérico; III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discrimi- nar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. A decisão que indefere a inicial, por gerar a extinção sem resolução do mérito (art. 485, I do CPC), é uma sentença (art. 316 do CPC) recorrível via recurso de apelação. No caso de apelação, segundo o art. 331, do CPC, o juiz poderá retratar-se de sua decisão de indeferimento, no prazo de cinco dias; se não se retratar, o réu será citado para responder ao recurso. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 29 1.8.5. Improcedência Liminar do Pedido Quando o juiz verificar que a inicial preenche os requisitos, determinará a citação do réu para que possa ser integrado ao processo, mas se verificar uma das hipóteses do art. 332, do CPC, estará autorizado a proferir decisão liminar de total improcedência, sentença essa com resolução do mérito, conforme o art. 487, I do CPC. Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da ci- tação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de as- sunção de competência; IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241 . § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrar- razões, no prazo de 15 (quinze) dias. Importante! Também pode configurar causa/fundamento para a improcedência liminar dos pedidos a identifica- ção de prescrição ou decadência (art. 332, § 1o do CPC) – neste caso, haverá extinção com resolução de mérito conforme o art. 487, II do CPC. Para que não viole o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz deverá ouvir o autor. No entanto, não é necessária a oitiva do réu, pois as causas de improcedência liminar não prejudicam o réu, apenas ao autor; ademais, essa decisão liminar ocorre antes da citação do réu. 1.9. Contestação, revelia e reconvenção 1.9.1. Contestação O Direito Processual Civil obedece ao devido processo legal, assim, após a primeira manifestação do autor, que se dá através da petição inicial, o réu deve ter a oportunidade de se defender. A forma pro- cessual do réu/demandado de apresentar sua defesa é chamada de contestação. Deverá ser protocolada no prazo de 15 dias, obedecido o art. 335 do CPC: Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 30 II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I ; III – prevista no art. 231 , de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. § 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o , o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. § 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. A contestação é dividida em dois momentos, sendo eles a defesa processual e a defesa de mé- rito. A defesa processual é denominada preliminares, e o réu encontra-se limitado ao rol apresentado no art. 337 do CPC, ou seja, não cabe ao réu trazerem preliminar algo que não esteja elencado no referido artigo. A defesa de mérito é a contestação, específica e objetiva, dos fatos e dos pedidos que o autor alegou na petição inicial, de acordo com o art. 336 do CPC. Princípio da eventualidade ou da concentração de defesa Ao contrário do que ocorrer na petição inicial, a contestação não possui requisitos a serem preen- chidos obrigatoriamente. Cabe ao réu alegar na contestação toda matéria de defesa, de forma específica, expondo as razões de fato e de direito para impugnar o pedido do autor (art. 336, do CPC). Preliminares Quanto às preliminares, vale recordar algumas situações específicas: a) Incorreção do valor da causa: A não impugnação pelo réu gera a preclusão, isto é, de acordo com o art. 293, do CPC, não haverá outro momento para impugnar o valor da causa. b) Ausência de legitimidade ou de interesse processual – art. 337, XI do CPC: neste caso será permitido ao autor, segundo o art. 338 do CPC, concordar com a alegação de ilegitimidade do réu, aceitando a sua exclusão e redirecionando a ação contra o demandado correto. c) Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça – art. 337, XIII do CPC: se a gra- tuidade da justiça for concedida após a petição inicial, o pedido de revogação será formulado por petição simples, no prazo de quinze dias (art. 100, caput, CPC). Ônus da impugnação especificada O réu não pode apresentar, como regra, contestação genérica, devendo enfrentar de forma espe- cífica tudo aquilo que foi alegado pelo autor, na petição inicial. E, aqui, fato não contestado será considerado presumidamente verdadeiro. É o art. 341 do CPC: Excepcionalmente, conforme previsão do art. 341, parágrafo único do CPC, será autorizada e 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 31 permitida a contestação genérica. O réu pode então, na contestação, apresentar sua defesa processual (as denominadas preliminares, previstas no art. 337 do CPC) e de mérito (rebatendo de forma específica os fatos – art. 341 do CPC – e os pedidos, art. 336 do CPC). Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I – não for admissível, a seu respeito, a confissão; II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da subs- tância do ato; III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Todas as alegações, documentos e provas o autor precisa trazer na inicial, da mesma forma, o réu tem a mesma obrigação com a contestação, assim, a lide está limitada pelos fatos trazidos na inicial e na contestação. Contudo, de acordo com o art. 342 do CPC, é lícito ao réu, depois da contestação, deduzir novas alegações quando: I – relativas a direito ou a fato superveniente; II – competir ao juiz conhecer delas de ofício; III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. 1.9.2. Revelia A revelia é configurada pela inércia do réu, que deixa de apresentar defesa em relação aos fatos narrados na inicial – objetivamente, ocorrerá à revelia quando o réu não apresentar contestação, ou apre- sentar de forma intempestiva. Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verda- deiras as alegações de fato formuladas pelo autor. Efeitos da revelia De regra, a revelia do réu acarreta a presunção de veracidade dos fatos narrados na petição inicial (art. 344, segunda parte do CPC) e a desnecessidade de sua intimação para os demais atos do processo caso não tenha constituído procurador nos autos. Importante observar o art. 345 do CPC, pois o referido artigo traz hipóteses que afastam a aplicação dos efeitos da revelia: em outras palavras, de acordo com o art. 345 do CPC, o réu que não contestar a ação permanece revel, mas contra ele não há presunção de veracidade dos fatos. Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: I – havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; II – o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 32 IV – as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradi- ção com prova constante dos autos. Atenção ainda para o art. 349 do CPC: “Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção”. Assim, ao réu, habilitando-se no processo, através de seu advogado, é permitida a produção de provas, em qualquer fase do processo, conforme o parágrafo único do art. 346 do CPC. 1.9.3. Reconvenção Além da contestação, o réu poderá se valer da reconvenção para contra-atacar o autor, isto é, atra- vés da reconvenção, o réu poderá formular pretensões, assim como fez o autor na petição inicial. Segundo a expressa previsão do art. 343 do CPC, deverá a reconvenção ser apresentada na con- testação. Atenção: a reconvenção não será apresentada em peça separada. A reconvenção é um tópico dentro da contestação, produzindo pedidos próprios e, consequentemente, apresentada no prazo da con- testação. Importante! Só a contestação não terá valor da causa, mas a contestação com a reconvenção terá valor da causa, ou seja, deverá apresentar o valor da reconvenção, na forma do art. 292 do CPC. Há possibilidade de o réu que não deseja contestar apresentar apenas a reconvenção, conforme o § 6o do art. 343 do CPC. Ainda, a desistência da ação ou a ocorrência de alguma causa extintiva que impeça o exame do mérito da petição inicial não prejudicará o prosseguimento do processo quanto à reconvenção (§ 2o, do art. 343 do CPC). Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. § 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. § 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. § 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. § 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. § 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. § 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. 1ª Fase | 37° Exame da OAB Processo Civil 33 1.10. Atos Processuais, citação, intimação, prazos, intervenção do MP 1.10.1. Atos Processuais O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos humanos realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade com o que determina a lei. Podem ser orais ou por escrito; todavia, sempre que forem orais, serão reduzidos a termo pelo escrivão, para sua documen- tação nos autos. Independentemente de sua forma, em regra, os atos processuais serão públicos, salvo aqueles cuja ação tramitar em segredo de justiça, conforme o art. 189 do CPC. Tempo dos atos processuais Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, conforme o art. 212 do CPC; contudo, essa informação não quer dizer que o Poder Judiciário precise estar aberto durante esse horário. Observe o § 3o do art. 212 do CPC: “Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em autos não eletrônicos, essa deverá
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