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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO JOSÉ DOS CAMPOS INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA QUÍMICA GERAL EXPERIMENTAL Experimento 5: Determinação de ferro em vitamina Alunos: Professora: São José dos Campos (SP), 23 de novembro de 2022 SUMÁRIO 1. Introdução Teórica …….………………………………………………………………………….3 2. Objetivo …………………………………………………………………………………...……….5 3. Materiais e Métodos …….……………………………………………………………………….5 4. Resultados e Discussões ……………………………………………………………………….7 5. Conclusão ........................................................................................................................11 6. Referências ……………………………………………………………………………....………12 3 1. Introdução Teórica O Ácido Ascórbico, de fórmula molecular C6H8O6 e massa molecular de 176,13, por suas características químicas é considerado um agente redutor e captador de oxigênio. Dessa forma, é utilizado no ramo da indústria alimentícia por possuir funções biológicas, principalmente por sua relação no aumento da eficiência de absorção de ferro nos alimentos. Geralmente, a forma mais encontrada do ferro na comida é o férrico, denotada por Fe3+ (forma insolúvel), o qual é menos disponível biologicamente do que a forma ferroso, representada por Fe2+. A partir daí, vem a utilidade do ácido ascórbico, por ter ph ácido, ele é capaz de reduzir o íon férrico para o ferroso, o qual é melhor absorvido pelo organismo (uma vez que é a forma solúvel do ferro). Além disso, esse ácido mantém o metal de transição na forma Fe(II), promovendo a reação desses íons com peróxido de hidrogênio, formando radicais hidroxila altamente reativos na Reação de Fenton. A chamada Reação de Fenton, foi criada em 1890 por John Horstman Fenton, e é conhecida por ser uma solução de peróxido de hidrogênio com um catalisador de ferro utilizado na oxidação de impurezas [1]. Figura 1- A imagem mostra o gráfico que relaciona a absorção do ferro a partir de sua reação com o ácido ascórbico [2]. 4 Figura 2- A imagem ilustra a Reação de Fenton, a partir da reação do Fe2+ com o peróxido de hidrogênio, formando Fe3+ que reage com peróxido de hidrogênio também e libera, ao final da reação o próton H+ [3]. Se analisada uma vitamina comercial, pode-se determinar a concentração de ferro utilizando diversos métodos. Um deles se refere a medição da absorbância da substância, ou seja, a capacidade dos materiais em absorver certas radiações em determinadas frequências. Para isso, é necessário o uso do aparelho denominado espectrofotômetro, onde é colocada uma solução base, a ser utilizada como referência e é inserido um valor para a frequência de radiação a ser analisada. A partir disso, associa-se à Lei de Beer-Lambert, criada pela união das leis de Lambert e Beer. Em 1870, Lambert observou a relação entre a transmissão de luz e a espessura da camada do meio absorvente. Assim, ele expressou tal relação pela fórmula: I = Io . 10-x1 I: intensidade da luz transmitida Io: intensidade da luz incidente x: coeficiente de absorção 1: espessura do meio absorvente Já em 1852, Beer notou a relação entre a transmissão e a concentração do meio onde passa o feixe de luz, encontrando uma fórmula semelhante à de Lambert. Unindo ambos conhecimentos, chegou-se a equação: T= e-a . 1 . C 5 T: transmitância e: número de euler a: constante 1: Espessura da solução c : Concentração da solução (cor) [4] Dessa forma, ao detectar a absorbância pelo espectrofotômetro, e sabendo que uma equação de reta é denominada por Y= ax+b, pode-se encontrar a concentração de ferro (no caso), em cada solução. Para realizar o cálculo, basta colocar a absorbância como sendo o valor de Y, a e b como valores encontrados a partir da comparação das soluções e assim, é possível encontrar a concentração [ ], que será o x. 2. Objetivo Determinar a quantidade de ferro em um comprimido de vitamina, a partir de uma série de reações do Ferro (II) com certas substâncias, que resultarão em um complexo fácil de ser detectado e medido, conhecido como [Fe(phen)3]2+. 3. Materiais e Métodos Procedimento: Inicialmente, um comprimido de vitamina com ferro foi pesado, tendo seu valor anotado. Feito isso, triturou-se o comprimido até que ele se tornasse pó, e aproximadamente 125mg dele foram transferidos para um béquer de 50ml, juntamente com a adição de 5ml de uma solução de HCl (0,01 mol/L). Posteriormente, esse béquer foi tampado com um vidro de relógio e colocado na chapa para aquecer. A partir do momento em que a solução entrou em ebulição, ela foi mantida na chapa por mais 10 minutos, e depois resfriada por 5 minutos em temperatura ambiente. Após finalizada essa etapa, a solução foi filtrada por sucção, em que o líquido filtrado foi coletado e transferido para um balão volumétrico de 25ml. O béquer foi lavado com água destilada, que 6 também foi adicionada ao líquido filtrado. Assim, completou-se o volume do balão volumétrico com mais água destilada e agitou-se, criando uma nova solução, chamada de “solução desconhecida”. Preparo dos padrões: Uma série de padrões foram preparados, usando as soluções estoque: A) 0,0100 g/L de Fe (II); B) 1% (m/v) de hidrocloreto de hidroxilamina; C) 1,00 mol/L de acetato de sódio; D) 0,1% (m/v) de 1,10-fenantrolina. Os padrões foram os a seguir: ● Solução Padrão 1: 0,25 mL de A, 1 mL de cada uma das soluções B, C e D, completando o volume com água destilada. ● Solução Padrão 2: 0,5 mL de A, 1 mL de cada uma das soluções B, C e D, completando o volume com água destilada. ● Solução Padrão 3: 1 mL de A, 1 mL de cada uma das soluções B, C e D, completando o volume com água destilada. ● Solução Padrão 4: 1,5 mL de A, 1 mL de cada uma das soluções B, C e D, completando o volume com água destilada. ● Solução Padrão 5: 2 mL de A, 1 mL de cada uma das soluções B, C e D, completando o volume com água destilada. ● Branco: 1 mL de cada uma das soluções B, C e D, completando o volume com água destilada. Após preparados os padrões, todos foram tampados e agitados, tendo suas respectivas absorbâncias medidas no espectrômetro. Por fim, foi preparada uma nova solução, a partir da solução desconhecida. Ela foi feita, adicionando em um balão volumétrico de 25ml, 1 mL da solução desconhecida, e 1 mL de cada 7 uma das soluções B, C e D, completando o volume do balão com água destilada. Assim, a absorbância desta última solução foi medida, e a realização do experimento foi finalizada. 4. Resultados e Discussões Primeiramente, foram pesados 125 mg do pó triturado de um comprimido de vitamina “Vitafer” - o comprimido inteiro pesava 0,3066 g. Depois, foi acrescentado o HCl e a solução foi aquecida em ebulição, tampada por um vidro de relógio - para diminuir a evaporação -, para que todo o soluto fosse dissolvido no solvente. Porém, uma parte do comprimido, mesmo assim, não foi dissolvida, pois algumas de suas substâncias foram adicionadas especificamente para que o comprimido se dissolvesse em partes específicas do corpo humano, sendo, assim, mais “seletivas”. Imagem do comprimido de ferro utilizado no experimento (Figura 3) Depois de aquecida, a solução foi filtrada a vácuo por questões de otimização de tempo e ao líquido remanescente foi acrescentada água destilada e, assim, formou-se a “solução desconhecida”. Assim, para finalmente começar o experimento, foram preparadas cinco soluções padrões utilizando-se quantidades distintas de Fe(II), hidrocloreto de hidroxilamina, acetato de sódio e 1,10-fenantrolina e um branco - este serve como referência para o equipamento, ele mede respostas para impurezas ou interferências no procedimento. 8 Imagem da quarta solução preparada. (Figura 4) Feito isso, em um espectrômetro foi medida, junto ao branco, a absorbância em 508 nanômetros de cada uma das soluções mencionadas - com exceção da solução 1, que não apresentou resultado confiável, e da “desconhecida” - e foi construída, a partir da tabela abaixo (Tabela 1), tal curva padrão (Gráfico 1): Solução [Fe(II)]/mgL-1Absorbância 508nm 2 0,2 mg/L (Equações 1 e 2) 0,387 3 0,4 mg/L (Equações 3 e 4) 0,438 4 0,6 mg/L (Equações 5 e 6) 0,506 5 0,8 mg/L (Equações 7 e 8) 0,607 (Tabela 1) 10𝑚𝑔 𝐹𝑒(𝐼𝐼) −−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 0, 5𝑚𝐿 𝑋 = 0, 005𝑚𝑔 (Equação 1) 9 0, 005𝑚𝑔 −−−−−−− 25𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 = 0, 2𝑚𝑔 (Equação 2) 10𝑚𝑔 𝐹𝑒(𝐼𝐼) −−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 1𝑚𝐿 𝑋 = 0, 01𝑚𝑔 (Equação 3) 0, 01𝑚𝑔 −−−−−−− 25𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 = 0, 4𝑚𝑔 (Equação 4) 10𝑚𝑔 𝐹𝑒(𝐼𝐼) −−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 1, 5𝑚𝐿 𝑋 = 0, 015𝑚𝑔 (Equação 5) 0, 015𝑚𝑔 −−−−−−− 25𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 = 0, 6𝑚𝑔 (Equação 6) 10𝑚𝑔 𝐹𝑒(𝐼𝐼) −−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 2𝑚𝐿 𝑋 = 0, 02𝑚𝑔 (Equação 7) 10 0, 02𝑚𝑔 −−−−−−− 25𝑚𝐿 𝑋 −−−−−−−−−−−−−− 1000𝑚𝐿 𝑋 = 0, 8𝑚𝑔 (Equação 8) (Gráfico 1) Desse modo, a partir do Gráfico 1, pode-se observar que a absorbância da solução aumenta junto ao aumento da sua concentração de Ferro II, ou seja, a partir da espectrofotometria, pode-se concluir que o Fe(II) tende a absorver mais luz quando em maiores concentrações, o que quer dizer que, quanto mais complexos no meio, maior a absorção. Em outras palavras, tal afirmação é confirmada pela Lei de Beer-Lambert, que diz que a quantidade de luz absorvida/transmitida por uma solução depende de sua espessura e da concentração do soluto e que a intensidade da luz emitida decresce à medida que a espessura do meio absorvente aumenta (Lei de Lambert), além de que a intensidade da luz decresce à medida que a concentração da substância absorvente aumenta (Lei de Beer). Ademais, destaca-se aqui a importância e relevância do uso do espectrômetro como uma alternativa para se medir a concentração de uma substância em uma solução a partir de sua capacidade de absorção e transmissão de luz e cor. 11 Além disso, também é importante notar o uso do branco neste equipamento, imprescindível como ponto de referência às soluções para eliminar interferências, a fim de “zerar” o equipamento e calibrá-lo antes de uma medição. Durante o preparo do experimento, um dos primeiros passos a serem realizados foi a criação de uma “solução desconhecida”. Tal solução foi preparada através da trituração do comprimido de Vitafer e a adição de HCl, seguida do aquecimento e filtração. Essa solução, que apresentou, em 508 nm, 0,489 de absorbância, portanto, foi utilizada como base para realizar comparações com as outras soluções posteriormente preparadas, já que surgiu a partir do ferro comercial, enquanto as outras utilizaram Fe (II) puro e foram adicionadas substâncias que simulam o organismo humano, ou seja, mudaram as condições base. Dito isso, pode-se comparar a concentração de ferro indicada pelo fabricante do Vitafer, de 40mg, de acordo com a Figura 3, para cada 0,3066 g de comprimido - ou seja, 130,46mg/g -, com a concentração de ferro encontrada na “solução desconhecida”, a partir de sua absorbância e da análise da linha de tendência do Gráfico 1, de, aproximadamente, 0,55mg/L, conforme Equação 9. 506 − 489 = 17 489 − 438 = 51 0, 2 ÷ 4 = 0, 05 0, 6 − 0, 05 = 0, 55 𝑚𝑔/𝐿 (Equação 9) 5. Conclusão Diante do experimento, fica evidente, a partir de todas as medições de absorbância e análise de concentrações, principalmente com o uso da espectrofotometria (método que foi de extrema importância na facilitação dos resultados), que ao comparar a solução desconhecida (utilizada como referência para o experimento) ao comprimido de ferro comercial, suas concentrações indicadas de ferro diferem uma da outra, fator que pode se dar por erros experimentais ou simplesmente por fatores biológicos e de cálculo, que evidenciam a necessidade de realizar testes por meio de experimentos. 12 6. Referências [1] - OLIVARES, Manoel. Enhancers of Iron Absorption: AscorbicAcidand other OrganicAcids. International Journal for Vitamin and Nutrition Research, Chile, 74(6), p. 403-419, jul. 2004. [2] - adaptada de Interaction of vitamin e and iron. Ann. N. Y. Acad. Sci. 355:32-44). [3] - BARBUSIŃSKI, Krzysztof. Fenton Reaction: controversy concerning the chemistry. Ecological chemistry and engineering, Polônia, v. 16, n. 3, p. 347-358, 2009. [4] - MENDES, Marcus. Espectrofotometria. UFRGS. Disponível em <https://www.ufrgs.br/leo/site_espec/conceito.html> . https://www.ufrgs.br/leo/site_espec/conceito.html
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