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TRANSPLANTE CARDÍACO

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1 Fisioterapeuta pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Pós-graduanda em 
Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva. CEAFI. Pós-graduação. Pontifícia 
Universidade Católica de Goiás/GO. Brasil: 2018. E-mail: ketleyalinny@hotmail.com 
² Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de 
São Paulo. Coordenador científico do Centro de Estudos Avançados e Formação 
Integrada – CEAFI – Goiânia – GO. 
 
Artigo de Revisão 
 
Atuação da Fisioterapia no Pós-Operatório de Transplante Cardíaco: 
Revisão de Literatura 
 
Performance of Physical Therapy in the Post-Operative Heart Transplant: 
Literature Review 
 
 
Ketley Alinny Pessoa Silva¹, Giulliano Gardenghi2 
 
Resumo 
Introdução: O transplante cardíaco é o procedimento de escolha para pacientes com 
insuficiência cardíaca grave. O Brasil é o segundo pais do mundo em número de 
transplantes, ganhando cada vez mais espaço no cenário mundial. Pacientes 
transplantados apresentam melhora na qualidade de vida, contudo, acontecem 
alterações físicas tais como sarcopenia, atrofia muscular, diminuição da capacidade 
aeróbica máxima, que decorrem do período de hospitalização, inatividade pré-
operatória, denervação do coração, uso de imunossupressores, redução da aptidão 
física e funcional desses indivíduos. Objetivo: Diante disso objetivou-se nesse 
trabalho demonstrar a atuação da fisioterapia no pós-operatório de transplante 
cardíaco. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura composta por 28 artigos, 
7 livros e 2 teses, datados de 1997 a 2018. Resultado/Discussão: A reabilitação 
funcional através da fisioterapia apresenta resultados expressivos no pós-operatório 
de transplante cardíaco, tendo papel importante na terapia não medicamentosa 
desses pacientes, com início indicado o mais precocemente possível. Conclusão: O 
programa de reabilitação com o fisioterapeuta reestabelece a função cardiopulmonar e 
muscular, diminui os efeitos deletérios do imobilismo, as complicações pulmonares e 
motoras, reduz o tempo de internação, e contribui para a melhora da qualidade de vida 
e retorno as atividades de vida diária de indivíduos transplantados. 
Descritores: Transplante, Reabilitação Cardiovascular, Fisioterapia e 
Exercício. 
Abstract 
Introduction: Cardiac transplantation is the procedure of choice for patients with severe 
heart failure. Brazil is the second country in the world in number of transplants, gaining 
more and more space in the world scene. However, physical changes such as 
sarcopenia, muscular atrophy, decreased maximal aerobic capacity, resulting from the 
hospitalization period, preoperative inactivity, heart denervation, use of 
immunosuppressants, reduction of fitness physical and functional characteristics of 
these individuals. Objective: Therefore, the purpose of this study was to demonstrate 
the performance of physiotherapy in the postoperative period of heart transplantation. 
Methodology: This is a literature review composed of 28 articles, 7 books and 2 theses, 
from 1997 to 2018. Outcome / Discussion: Functional rehabilitation through 
physiotherapy presents expressive results in the immediate postoperative period of 
mailto:ketleyalinny@hotmail.com
2 
 
cardiac transplantation, having important role in non-drug therapy of these patients, 
with indicated onset as early as possible. Conclusion: The rehabilitation program with 
the physiotherapist re-establishes cardiopulmonary and muscular function, reduces the 
deleterious effects of immobility, pulmonary and motor complications, reduces 
hospitalization time, and contributes to the improvement of quality of life and return to 
life activities of transplanted individuals. 
Key words: Transplantation, Cardiovascular Rehabilitation, Physiotherapy and 
Exercise. 
 
Introdução 
 
O transplante cardíaco é o procedimento de escolha para pacientes com 
insuficiência cardíaca (IC) grave¹. O Brasil é o segundo paíbs do mundo em 
número de transplantes, ganhando cada vez mais espaço no cenário mundial, 
sendo atualmente referência no transplante cardíaco na Doença de Chagas². 
Nos últimos 10 anos foram realizados 2789 transplantes cardíacos no 
Brasil². Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos 
(ABTO), entre janeiro e março de 2018 foram realizados 84 transplantes 
cardíacos, sendo 20 realizados no estado de São Paulo, 13 em Pernambuco, 
11 no Distrito Federal, 10 em Minas Gerais, oito no Ceará, quatro no Rio de 
Janeiro, quatro no Rio Grande do Sul, três em Santa Catarina, um no Espírito 
Santo e um no Paraná. Até o mesmo período do ano, havia 218 pacientes 
adultos ativos e 41 pacientes pediátricos na lista de espera de transplante 
cardíaco no Brasil³. 
Pacientes transplantados apresentam melhora na qualidade de vida, 
contudo, acontecem alterações físicas tais como: sarcopenia, atrofia muscular, 
diminuição da capacidade aeróbica máxima, que decorrem do período de 
hospitalização, inatividade pré-operatória, denervação do coração, uso de 
imunossupressores, redução da aptidão física e funcional desses indivíduos4, 5. 
A reabilitação cardiopulmonar tem ganhando espaço nas últimas 
décadas destacando-se como padrão ouro no tratamento de doenças 
cardiovasculares, estando hoje em dia altamente recomendada para indivíduos 
cardiopatas, com diagnóstico de IC, angina estável, e também em pós-cirúrgico 
de revascularização miocárdica e transplante cardíaco, por exemplo6. 
3 
 
Estudos tem revelado que indivíduos transplantados se beneficiam com 
a reabilitação cardiopulmonar precoce, otimizando sua aptidão física, 
prevenindo complicações como a obesidade, osteoporose, ansiedade, euforia e 
depressão, melhorando a resposta cardiorrespiratória, a função endotelial, 
reduzindo o risco cardiovascular, a morbi-mortalidade e melhorando a 
qualidade de vida7. 
Para a Associação Americana de Cardiologia, a reabilitação funcional 
através da fisioterapia apresenta resultados expressivos no pós-operatório de 
transplante cardíaco8, tendo papel importante na terapia não medicamentosa 
desses pacientes, com início indicado o mais precocemente possível9. 
Diversos autores descrevem o papel da fisioterapia na reabilitação pós-
transplante como fundamental, tendo início ainda na fase hospitalar, atuando 
em conjunto com a equipe médica, enfermeiros e psicólogos, tendo como 
função restabelecer a capacidade cardiovascular e muscular do indivíduo, 
diminuir as complicações motoras e pulmonares, reduzir o tempo de 
internação, contribuindo assim para melhora da qualidade de vida e retorno as 
atividades de vida diária10. 
Diante disso, o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura 
sobre a atuação da fisioterapia no pós-operatório de transplante cardíaco. 
Metodologia 
Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica. Para a 
caracterização da metodologia utilizou-se livros, teses e artigos científicos que 
abordaram o tema. Foi feita uma busca nas bases de dados eletrônicas: 
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em 
Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). 
Os descritores utilizados foram Transplante, Reabilitação Cardiovascular, 
Fisioterapia e Exercício. Todos os descritores foram pesquisados nos idiomas: 
português e inglês. 
O levantamento obteve inicialmente 60 artigos considerados como os 
mais relevantes sobre o tema proposto, porém, consideram-se para esta 
4 
 
pesquisa, somente 28 artigos. Foram utilizados ainda 7 livros e 2 teses 
referentes ao tema. 
Os critérios de seleção foram, além de leituras críticas do material, 
utilização de artigos em português, inglês, a disponibilidade na íntegra do artigo 
nas bases de dados pesquisadas, os trabalhos de maior relevância sobre o 
tema proposto, os mais citados e mais recentes, datados de 1997 a 2018. 
Foram excluídos os artigos que não abordam o tema proposto, que não 
apresentaram resultados significativosem seus estudos e artigos inferiores ao 
ano de 1997. Aos dados bibliográficos agregaram-se informações obtidas em 
sites na internet, pertencentes a organizações governamentais que divulgam 
textos e dados relacionados com a temática abordada no presente trabalho. 
Referencial Teórico 
Transplante Cardíaco – Histórico 
Dados históricos relatam que o primeiro transplante humano no mundo 
aconteceu em 1967 na África do Sul. No ano seguinte, em 26 de maio de 1968, 
o Dr Euryclidis de Jesus Zerbini realizou o primeiro transplante cardíaco no 
Brasil, no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de 
São Paulo. Entre 1967 e 1968 foram realizados três transplantes 
cardíacos,com sobrevida menor que 60 dias, fazendo com que o programa 
fosse interrompido até meados da década de 80, com o inicio da terapêutica 
imunossupressora11.12.. 
O transplante cardíaco é visto como a última escolha para indivíduos 
com IC refratária, que utilizam terapia medicamentosa e não tem outra 
alternativa clínica ou cirúrgica, com possibilidade de vida de um ano. E tem 
como objetivo reestabelecer a função cardíaca e hemodinâmica, em repouso e 
durante atividade física, aumentando a capacidade funcional, qualidade e 
expectativa de vida2,10 . 
Para a Sociedade Brasileira de Cardiologia estão indicados para 
transplante cardíaco pacientes portadores de IC classe funcional III ou IV da 
New York Heart Association (NYHA), com risco iminente de morte no primeiro 
5 
 
ano, com consumo máximo de oxigênio (VO2 max) menor que 10 ml/kg/min, 
fração de ejeção menor que 20%, idade até 65 anos, não apresentar 
resistência vascular pulmonar elevada ou quadro infeccioso ativo2,13 . 
Estão contra indicados pacientes com resistência vascular pulmonar fixa 
> 5 wood, doenças vasculares e cerebrovasculares graves e sintomáticas, 
insuficiência hepática grave, doença pulmonar grave, incompatibilidade ABO na 
prova cruzada entre doador e receptor, doença psiquiátrica grave2. 
O transplante cardíaco aumenta a sobrevida em 90% no primeiro ano, 
70% no quinto ano e até 60% no décimo ano14, sendo a capacidade funcional e 
qualidade de vida expressivamente maiores quando comparado coma fase final 
da IC, e menor quando comparada a população saudável15. 
Alterações Fisiológicas do Transplantado 
O paciente pós-transplantado apresenta uma série de alterações 
psicológicas e fisiológicas quando comparados a indivíduos saudáveis, 
principalmente quando analisados alterações como frequência cardíaca (FC), 
débito cardíaco (DC), pressão arterial (PA), resposta endócrina e função 
ventricular7. 
Essas alterações estão ligadas especialmente a fatores da doença 
basal, nível de capacidade funcional pré-transplante, pelo ato e técnica 
cirúrgica, diferença corporal entre doador e receptor, duração da hospitalização 
e uso de medicação imunossupressora, com destaque para os 
corticosteroides16,17. 
Dentre as alterações fisiológicas, as funções cardiorrespiratórias sofrem 
maiores influências pós-transplante. Essas alterações em geral são aumento 
da FC em repouso, elevação do DC, aumento do volume sistólico, redução da 
fração de ejeção, menor VO2 máx, redução da pressão inspiratória, da 
capacidade pulmonar, denervação cardíaca e descondicionamento físico18. 
A função pulmonar é alterada em todos os pacientes no pós-cirúrgico. 
Reduções dos volumes pulmonares são observadas ainda no primeiro dia do 
6 
 
pós-operatório19, além do aumento do trabalho ventilatório. A disfunção da 
musculatura ventilatória está relacionada à diminuição da capacidade dos 
músculos respiratórios para gerar força, levando a dispneia, fadiga e 
consequente intolerância ao esforço. O VO2máx costuma ser menor e os 
marcadores ventilatórios de oxigênio e gás carbônico se encontram elevados, 
ocasionando um aumento da ventilação devido ao baixo débito cardíaco, 
aumento da atividade simpática causada pela denervação, comprometendo 
assim a relação ventilação-perfusão (V/Q) 20. 
A FC quando comparada a indivíduos saudáveis é elevada em pacientes 
transplantados, entre 14 e 26 batimentos por minuto (bpm), devido à 
denervação simpática e parassimpática. Já durante o exercício a FC do 
transplantado é de 20 a 25% menor que indivíduos saudáveis, o que se deve 
também a denervação simpática do nó sinusal e a deficiência cronotrópica9. 
De 45 a 92% dos pacientes transplantados cardíacos apresentam 
hipertensão arterial em repouso, já durante o exercício esses mesmo 
indivíduos apresentam uma pressão arterial média inferior em relação a 
indivíduos saudáveis21. Diversos estudos descrevem redução de volume 
sistólico em transplantados durante o repouso, ortostatismo e exercício 
submáximo, decorrente de uma alteração na função diastólica9. 
As alterações musculoesqueléticas persistem por tempo indefinido pós-
transplante cardíaco em decorrência da atrofia das fibras musculares, redução 
de fibras tipo I, deficiência da perfusão sanguínea na musculatura esquelética, 
levando a fadiga4. Essa perda de força muscular pode estar relacionada ao 
período de repouso no leito, tempo de internação, perda de oxigenação 
muscular e uso de imunossupressores que alteram a estrutura muscular21. 
Fisioterapia na Reabilitação Cardiopulmonar Pós-transplante Cardíaco 
Cabe ao fisioterapeuta avaliar, elaborar e executar um plano terapêutico 
de reabilitação com objetivos específicos para diminuir ou eliminar as 
limitações físicas desses pacientes22. 
7 
 
Estudos mostram que a fisioterapia nesses pacientes contribui com a 
redução do índice de mortalidade, sabendo-se que no caso desses pacientes o 
exercício físico é fundamental para uma adaptação fisiológica e consequente 
melhora de qualidade de vida e reinserção nas atividades de vida diária23. 
O tratamento fisioterapêutico na fase hospitalar do programa de 
reabilitação cardiopulmonar tem como base técnicas simples e de baixa 
intensidade, com procedimentos voltados desde a manutenção da função 
pulmonar, que inclui os ajustes da ventilação mecânica, processo de desmame, 
cinesioterapia respiratória, manobras respiratórias para higiene brônquica e 
reexpansão pulmonar, engloba ainda mobilização precoce, limitada por um 
gasto energético de no máximo 2 a 4 MET´S (equivalente metabólico)24. 
Exercícios aeróbicos, ativos e resistidos também podem ser realizados, 
aumentando progressivamente até que o paciente desenvolva força muscular e 
condicionamento físico apropriados, que proporcionam tanto adaptações 
fisiológicas quanto modificações na morfologia muscular e capacidade de 
exercício dos transplantados25,26. 
O exercício aeróbico pode ter sua intensidade prescrita através da tabela 
de FOX, e do teste ergoespirométrico, sendo o último o mais utilizado27. O 
aumento da intensidade durante o exercício é feito de forma progressiva, 
levando em conta a PA, FC e dispneia através da escala de esforço subjetivo 
de Borg28. 
Durante o exercício, é importante que o fisioterapeuta esteja atento a 
sinais e sintomas característicos de descompensação cardiovascular, tais 
como: piora da ausculta pulmonar, edema de membros inferiores, turgência de 
jugular, mudanças súbitas de marcadores funcionais de FC, PA e aumento da 
dispneia, de acordo com a escala de Borg. Esses sinais e sintomas podem 
significar risco de complicações durante os exercícios podendo levar a 
suspensão imediata dos exercícios29. 
Dentre os benefícios do exercício físico, podemos destacar o aumento 
da resistência, força muscular, melhora da flexibilidade, redução do risco de 
8 
 
traumas musculoesqueléticos, e melhora do condicionamento cardiovascular30. 
Destacam-se também os benefícios fisiológicos, que vão desde respostas 
imediatas ou agudas como diminuição da FC de repouso, aumento do 
consumo máximo de oxigênio, redução dos medidores respiratórios de oxigênio 
e gás carbônico durante o exercício máximo, redução da PA a respostas 
crônicasou tardias, como aumento da tolerância ao exercício, diminuição da 
gordura corporal, melhora no perfil lipídico, e progresso no perfil 
psicossocial31.32.33. 
Resultado/Discussão 
Os diversos estudos encontrados que englobam a atuação da fisioterapia no 
pós-operatório em transplante cardíaco estão relacionados na tabela a seguir: 
Tabela 1: Resultado da busca de artigos relacionados à atuação da fisioterapia no pós-
operatório de transplante cardíaco. 
Autor/Ano Protocolo Duração Resultados 
Guimarães et 
al, 199933. 
- Supervisionado:exercícios 
na unidade de reabilitação. - 
Não supervisionado: 
exercícios em domicílio. 
Exercícios aeróbicos por 30 
minutos, exercícios de 
flexibilidade, fortalecimento, 
respiratórios e de 
relaxamento. 
Programa com 
duração de 64 
semanas. 
 
Os dois grupos obtiveram 
melhora no condicionamento 
físico, entretanto apenas o 
programa supervisionado 
apresentou redução nos níveis 
de PA, redução da FC de 
repouso, diminuição da 
gordura corporal. 
Kobashigawa 
et al, 199936 
Grupo Controle: exercícios 
em domicílio sem supervisão; 
Grupo de Reabilitação: 
exercícios supervisionados de 
força muscular e treinamento 
aeróbico com caminhadas 
progressivas e alongamento. 
Programa de 
duração de 6 
meses. 
O Grupo de Reabilitação teve 
melhora na carga de trabalho, 
no pico de consumo de 
oxigênio e redução nos níveis 
de CO2. O Grupo controle não 
apresentou resultado 
significativo. 
9 
 
Legenda: MMSS: Membros superiores; MMII: Membros inferiores; MIN: minutos; PA: Pressão 
arterial FC: Frequência cardíaca; CO2: Gás Carbônico. 
A II Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o diagnóstico e 
tratamento da Insuficiência Cardíaca29 considera que a atividade física deve 
iniciar de 24 a 48 horas pós-procedimento cirúrgico, com mobilização precoce e 
exercícios posturais, e somente após alta da Unidade de Terapia Intensiva 
(UTI) poderão ser incluídos exercícios com cicloergômetro, sem resistência, 
com duração de no máximo cinco minutos, sendo introduzida também nessa 
fase a deambulação. 
Autor/Ano Protocolo Duração Resultados 
Schimidt et al, 
200237 
 
Grupo de Reabilitação: 
exercícios de aquecimento, 
40 minutos de bicicleta com 
carga e por fim, cinco minutos 
de alongamento. 
Programa com 
início após alta 
hospitalar. 
Treino aeróbico regular 
restaura a função vascular em 
doentes transplantados, 
apresentando melhora da 
vascularização arteriovenosa 
na avaliação de fluxo da artéria 
braquial. 
Karapolat et 
al, 200835 
 
Grupo 1: exercícios na 
unidade de reabilitação. 
Grupo 2: exercícios em 
domicílio.- Exercícios 
aeróbicos por 30 minutos, 
exercícios de flexibilidade, 
fortalecimento, respiratórios e 
de relaxamento. 
Programa com 
duração de 8 
semanas. 
Em ambos os grupos houve 
melhora da capacidade 
funcional. Entretanto, o Grupo 
1 apresentou melhora do 
consumo de oxigênio, da FC 
de repouso e das variáveis 
cronotrópicas em relação ao 
grupo 2. 
Kawauchi et 
al, 201334. 
- Controle: Exercícios 
respiratórios associados à 
elevação, flexão e abdução 
de MMSS; exercício de 
agachamento e abdução de 
MMII, deambulação. 
Treinamento: exercícios 
respiratórios, exercícios 
resistidos e caminhada. 
O Programa 
teve início no 
primeiro dia 
após extubação 
prolongando-se 
até a alta 
hospitalar. 
Ambos os grupos 
apresentaram como resultado 
o aumento na capacidade vital, 
entretanto não houve 
superioridade de resultado em 
relação aos dois grupos 
10 
 
Em estudo realizado por Kawauchi et.al34, 22 pacientes transplantados 
foram divididos em dois Grupos: Controle e Treinamento. O de controle seguia 
o protocolo cinco vezes por semana com duração de 60 minutos cada sessão, 
supervisionado por um fisioterapeuta. O de Treinamento teve um programa de 
exercícios realizado cinco vezes por semana, sendo uma vez acompanhada 
pelo fisioterapeuta. Os pacientes foram analisados desde o primeiro dia após 
extubação até alta hospitalar. Foi avaliada a distância percorrida no teste de 
caminhada de seis minutos e força muscular com teste de 1 repetição máxima. 
Ao final do programa todos os pacientes apresentaram benefícios com o 
programa, contudo, não houve superioridade de resultados entre os dois 
grupos. 
Guimarães et al33, citam em seus estudos o programa supervisionado de 
reabilitação física pós-transplante cardíaco do Instituto de Coração de São 
Paulo, o protocole tem duração de 64 semanas, com sessões três vezes na 
semana durante 60 minutos. No programa supervisionado, a sessão era 
dividida em cinco minutos de aquecimento, 30 minutos de exercício aeróbico, 
bicicleta estacionária ou caminhada em sessões intercaladas, cinco minutos de 
recuperação ativa, 15 minutos alongamento e cinco minutos de relaxamento. 
No programa não supervisionado os pacientes eram aconselhados a caminhar 
todos os dias, por no mínimo 30 minutos. No final do estudo os dois grupos 
melhoraram o condicionamento físico, entretanto apenas os indivíduos que 
integraram o programa supervisionado apresentaram retardo no aumento de 
lactato durante o exercício, redução nos níveis de pressão arterial, redução da 
FC de repouso, diminuição da gordura corpora e melhora do perfil lipídico33. 
Karapolat et al35, em estudo realizado durante oito semanas pós-evento 
cardíaco, com frequência de duas a três vezes por semana, onde o Grupo um 
realizou os exercícios na unidade de reabilitação com supervisão do 
fisioterapeuta e o Grupo dois em domicílio. O protocolo dos dois grupos 
consistia em exercícios aeróbicos por 30 minutos, exercícios de flexibilidade, 
fortalecimento, respiratórios e de relaxamento, e teve como resultado melhora 
da capacidade funcional nos dois grupos, o primeiro grupo se sobressaiu ao 
11 
 
segundo apresentando ainda melhora do consumo de oxigênio, da FC de 
repouso e das variáveis cronotrópicas. 
Já em estudo realizado por Kobashigawa et al36, com duração de 6 
meses e frequência de 3 vezes semanais, os pacientes foram divididos em 
Grupo Controle e Grupo Reabilitação. O grupo controle realizou exercícios em 
domicílio sem supervisão, o grupo reabilitação realizou exercícios 
supervisionados de força muscular e treinamento aeróbico com caminhadas 
progressivas e alongamento. No final, o grupo de reabilitação teve melhora 
significativa na carga de trabalho, no VO2max e na redução nos níveis de 
CO2. 
Guimarães et al32,afirmam que os exercícios devem iniciar após o 
paciente estar hemodinamicamente compensado, com exercícios aeróbicos 
tais como cicloergômetro ou caminhada, com intensidade progressiva, 
relacionados a exercícios de resistência , flexibilidade e mobilidade, utilizando 
grandes grupos musculares. O autor cita o protocolo usado pela Universidade 
de Stanford, que usa exercícios aeróbicos com cicloergômetro, com duração de 
5 a 25 minutos, com velocidade média e carga livre. Caminhada de 10 a 30 
minutos de duração, e velocidade media de 40 a 80 passos por minuto, sempre 
com monitorização de PA, FC e dispneia, comparando valores de repouso, na 
metade do exercício, final da atividade e período de recuperação32. 
Schimidt et al37, realizaram estudo onde sete pacientes executaram 
exercícios em ambulatório após alta hospitalar, e seis pacientes mantiveram 
um estilo de vida sedentário sem exercício físico regular. O protocolo consistia 
em exercícios de aquecimento, 40 minutos de bicicleta com carga e por fim, 
cinco minutos de alongamento. O resultado foi comparado com um grupo 
controle saudável de seis indivíduos, comprovando que o treino aeróbico 
regular restaura a função vascular em doentes transplantados, apresentando 
melhora da vascularização arteriovenosa na avaliação de fluxo da artéria 
braquial. 
Segundo Bacal2, no que diz respeito à população de transplantados 
cardíacos, existe uma necessidade de criar um protocolo,que englobe tanto 
12 
 
exercícios aeróbicos como o treino de resistência, estimulando a adoção de um 
estilo de vida saudável, com melhora da qualidade de vida. 
Inúmeros estudos comprovam que o exercício deve ter início precoce, e 
ser realizada ativamente, de forma progressiva, utilizando resistência, sempre 
visando minimizar os efeitos nocivos do procedimento, do imobilismo e 
alterações fisiológicas não desejáveis, reestabelecendo a qualidade de vida 
desses pacientes. 
Considerações Finais 
A fisioterapia inserida no programa de reabilitação cardiovascular pós-
transplante cardíaco traz benefícios para esses pacientes, reestabelecendo a 
função cardiopulmonar e muscular, diminuindo os efeitos deletérios do 
imobilismo, as complicações pulmonares e motoras e reduzindo o tempo de 
internação, contribuindo assim para melhora da qualidade de vida, e retorno as 
atividades de vida diária. 
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