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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 APG 11 – Perfeito, mas nem tanto 1) REVISAR A MORFOFISIOLOGIA DO FÍGADO E SISTEMA PORTA FÍGADO ANATOMIA O fígado é a glândula mais pesada do corpo, pesando aproximadamente 1,4kg em um adulto médio, sendo o segundo órgão em tamanho, perdendo apenas para a pele. Encontra-se inferiormente ao diafragma e ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e parte das regiões epigástricas da cavidade abdominopélvica. O fígado é revestido por uma cápsula delgada de tecido conjuntivo que se torna mais espessa no hilo, por onde a veia porta e a artéria hepática penetram o fígado e por onde saem os ductos hepáticos direito e esquerdo, bem como os linfáticos. É dividido em 2 lobos principais pelo ligamento falciforme, uma prega do mesentério: um lobo hepático direito grande; um lobo hepático esquerdo menor (inclui o lobo quadrado inferior e o lobo caudado posterior). O ligamento falciforme se estende da face inferior do diafragma entre os dois lobos principais do fígado até o seu aspecto superior, ajudando a suspender o fígado na cavidade abdominal. Na margem livre do ligamento falciforme está o ligamento redondo, um remanescente da veia umbilical do feto, este cordão fibroso se estende do fígado ao umbigo. Os ligamentos coronários direito e esquerdo são extensões estreitas do peritônio parietal que suspendem o fígado do diafragma. HISTOLOGIA Histologicamente, o fígado é composto por vários componentes: 1) HEPATÓCITOS: são as principais células funcionais do fígado e realizam uma grande variedade de funções metabólicas, secretoras e endócrinas. São células epiteliais especializadas com 5 a 12 lados que compõem aproximadamente 80% do volume do fígado; Os hepatócitos formam arranjos tridimensionais complexos chamados lâminas hepáticas, que são placas de hepatócitos de uma célula de espessura limitada em ambos os lados por espaços vasculares revestidos por células endoteliais chamados sinusoides hepáticos. Os sulcos nas membranas celulares entre os hepatócitos vizinhos fornecem espaços para os canalículos para os quais os hepatócitos secretam bile; 2) CANALÍCULOS DE BILE: são pequenos ductos entre os hepatócitos que coletam a bile produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos de bile, a bile passa para os dúctulos biliares e, em seguida para os ductos biliares. Os ductos biliares se unem, e por fim, formam os ductos hepáticos esquerdo e direito, que são maiores e se unem e saem do fígado como ducto hepático comum. O ducto hepático comum junta-se ao ducto cístico (da vesícula biliar) para formar o ducto colédoco, que por ele a bile entra no duodeno para participar da digestão. 3) SINUSOIDES HEPÁTICOS: capilares sinusoides são vasos irregularmente dilatados compostos por uma camada descontínua de células endoteliais fenestradas. Os sinusoides hepáticos convergem e entregam o sangue a uma veia central. Além das células endoteliais, os sinusoides contêm macrófagos conhecidos como células de Kupffer que têm função fagocitária e pertencem ao sistema retículo endotelial. O estreito espaço que separa o sinusóide dos hepatócitos recebe o nome de espaço de Disse o qual é composto por fibras reticulares. Outro tipo de célula na parede do sinusoide é a chamada célula de Ito que tem um papel na fibrogênese. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 O ducto biliar, um ramo da artéria hepática e um ramo da veia hepática são chamados tríade portal. Os hepatócitos, o sistema de ductos biliares e os sinusoides hepáticos podem ser organizados em unidades anatômicas e funcionais de três maneiras diferentes: Lóbulo hepático: cada lóbulo hepático tem o formato de um hexágono. É composto por células hepáticas e células epiteliais agrupadas em placas interconectadas = organização estrutural dos hepatócitos. No seu centro está a veia central, e irradiando para fora dele estão a fileira de hepatócitos e sinusoides hepáticos. Localizada nos três cantos do hexágono está uma tríade portal. Lóbulo portal: enfatiza a função exócrina do fígado, a secreção biliar. O ducto biliar de uma tríade portal é considerado o centro do lóbulo portal = tem uma forma triangular e é definido por 3 linhas retas imaginárias que ligam 3 veias centrais. Ácino hepático: cada ácino hepático é uma massa ligeiramente oval que inclui parte de 2 lóbulos hepáticos vizinhos. O ácino hepático é a menor unidade estrutural e funcional do fígado. Sua popularidade e apelo se baseiam no fato de proporcionar uma descrição e interpretação de padrões lógicos de armazenamento e liberação de glicogênio e efeitos tóxicos, degeneração e regeneração em relação à proximidade das zonas acinares com os ramos da tríade portal. SISTEMA PORTA O fígado é um órgão incomum, por receber sangue de 2 fontes: Pela artéria hepática (20%): obtém sangue oxigenado; Pela veia porta do fígado (80%): recebe sangue venoso contendo nutrientes recém-absorvidos, fármacos e, possivelmente, microrganismo e toxinas do canal alimentar. SISTEMA PORTAL VENOSO: O sistema portal contém sangue proveniente do pâncreas, do baço e dos intestinos. Os nutrientes absorvidos no intestino são acumulados e transformados no fígado, onde substâncias tóxicas são também neutralizadas e eliminadas. Veia mesentérica superior + veia esplênica (a veia mesentérica inferior desemboca nela) = veia porta; A veia porta desemboca no fígado e ramifica-se repetidamente e envia pequenas vênulas portais (interlobulares) aos espaços porta. As vênulas portais ramificam-se em vênulas distribuidoras, que correm ao redor da periferia do lóbulo. A partir das vênulas distribuidoras, pequenas vênulas desembocam nos capilares sinusoides, que correm radialmente, convergindo para o centro do lóbulo a fim de formar a veia central. A veia central progride ao longo do lóbulo, aumentando gradualmente em diâmetro, ao final, ela deixa o lóbulo em sua base, fundindo-se com a veia sublobular, que, gradualmente, convergem e se fundem formando 2 ou mais grandes veias hepáticas, que desembocam na veia cava inferior. SISTEMA ARTERIAL: A artéria hepática ramifica-se repetidamente e forma as arteríolas interlobulares, localizadas nos espaços porta. A principal função do sistema arterial é suprir os hepatócitos com uma quantidade adequada de oxigênio. FISIOLOGIA Além de secretar bile, que é necessária para a absorção das gorduras dietéticas, o fígado desempenha outras funções vitais: METABOLISMO DE CARBOIDRATOS: O fígado é especialmente importante na manutenção de um nível normal de glicose no sangue. Quando a glicose no sangue está baixa, o fígado cliva o glicogênio em glicose e libera glicose para a corrente sanguínea, podendo também converter determinados aminoácidos e o ácido láctico em glicose. Quando a glicemia está elevada, como ocorre logo depois de uma refeição, o fígado converte a glicose em glicogênio e triglicerídios para armazenamento; METABOLISMO DE LIPÍDIOS: Os hepatócitos armazenam alguns triglicerídios, clivam ácidos graxos para gerar ATP, sintetizam lipoproteínas, que transportam ácidos graxos, triglicerídios e colesterol de e para as células do corpo, APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 3 sintetizam colesterol, e utilizam o colesterol para produzir sais biliares; METABOLISMO DE PROTEÍNAS: Os hepatócitos desaminam (removem o grupo amino, NH2) dos aminoácidos, de modo que eles possam ser utilizados para a produção de ATP ou ser convertidos em carboidratos ou gorduras. A amônia (NH3) resultanteé então convertida em ureia, que é muito menos tóxica e é excretada na urina. Os hepatócitos também sintetizam a maior parte das proteínas plasmáticas, como a alfaglobulina e betaglobulina, a albumina, a protrombina e o fibrinogênio; As imunoglobulinas (anticorpo = defesa) vão ser sintetizadas no parênquima hepático, sendo assim, paciente com doença hepática terá mais infecções. Albumina é responsável pela pressão oncótica (pressão que garante que o conteúdo que esteja nos vasos continue dentro do vaso), se não há albumina (doença hepática) edema periférico (extravasamento do líquido). Fatores de coagulação: doença hepática sangramentos. Remoção da amônia: a amônia vai ser produzida durante o metabolismo proteico. Porém, ela passa livremente por várias membranas celulares, o que pode ser tóxico para o SNC, precisando removê-la. Doença hepática Encefalopatia hepática PROCESSAMENTO DE FÁRMACOS E HORMÔNIOS: O fígado desintoxica substâncias, como o álcool etílico, e excreta medicamentos como a penicilina, a eritromicina e as sulfonamidas na bile. * tudo que entra no corpo tem que passar pelo fígado* EXCREÇÃO DE BILIRRUBINA: a bilirrubina, derivada do grupo heme de eritrócitos envelhecidos, é absorvida pelo fígado a partir do sangue e secretada na bile. A maior parte da bilirrubina da bile é metabolizada no intestino delgado por bactérias e eliminada nas fezes; ARMAZENAMENTO: Além do glicogênio, o fígado é o principal local de armazenamento de determinadas vitaminas (A, B12, D, E e K) e minerais (ferro e cobre), que são liberadas do fígado quando necessárias em outras partes do corpo; FAGOCITOSE; ATIVAÇÃO DA VITAMINA D: A pele, o fígado e os rins participam na síntese da forma ativa da vitamina D. 2) ENTENDER A ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES DA CIRROSE A cirrose resulta da interrelação entre diversos fatores etiológicos, que atuam ao longo dos anos, como, morte e regeneração celular, degradação e formação anormal da matriz extracelular. Trata-se de um processo que se caracteriza por formações de fibrose difusa, além de micro (diâmetro < 3 mm, com pouca variação de tamanho e uniformes) e macronódulos (diâmetro ≥ 3mm, tamanhos variados, multilobulares, deformação grosseira do fígado), podendo ainda ser mista (coexistência de micro e macro) estabelecendo uma desorganização da arquitetura normal do parênquima = fibrose e nódulo regenerativos. O padrão micronodular é mais frequentemente visto na etiologia alcoólica, enquanto cirrose macronodular é mais observada nas cirroses secundárias às hepatites virais e à doença de Wilson. Representa a principal causa de morte em muitas partes do mundo. No Brasil, os dados referentes a morbidade e mortalidade da cirrose são escassos. De acordo com os dados do DataSUS, entre 2001 e 2010 ocorreram 853.571 hospitalizações por doença hepática, com taxa de mortalidade de 3,34% FISIOPATOLOGIA CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA: VIRAIS: ocasionadas pelos vírus B (associado ou não ao vírus D ou Delta) ou C da hepatite; HEPATITE AUTOIMUNE: traduz por inflamação do fígado, que se caracteriza por hepatite periporta (necrose periférica), proeminente infiltrado inflamatório e infiltração dos espaços portais por plasmócitos. 36% evoluirão para cirrose dentro de 6 anos a partir do diagnóstico; ALCOÓLICA: principal agente etiológico entre pacientes adultos. Ocorre após período médio de 5 a 10 anos de ingestão de quantidade diária superior a 80g de etanol para homens e 60g para as mulheres; APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 METABÓLICOS: decorrentes de erros congênitos ou adquiridos do metabolismo e que acometem crianças ou adultos jovens, como na galactosemia, na tirosinemia, na doença de Wilson (erro inato do metabolismo, caracterizado por defeito na excreção biliar do cobre, com acúmulo do metal no fígado, cérebro e córnea), ou pacientes de idade mais avançada, como na hemocromatose hereditária, deficiência de alfa 1- antitripsina e esteato-hepatite não alcoólica, entre outras; INDUZIDA POR FÁRMACOS: Como metotrexato, isoniazida, oxifenisatina e alfametildopa, entre outras; BILIARES: enquanto a cirrose biliar primária representa entidade clínica definida, a cirrose biliar secundária é o processo final de doenças crônicas que acometem a árvore biliar com colangites de repetição, como na colangite esclerosante e na obstrução das vias biliares; OBSTRUÇÃO DO FLUXO VENOSO HEPÁTICO: Causa anóxia congestiva do fígado, como na síndrome de Budd-Chiari, na doença veno-oclusiva e na pericardite constritiva; CRIPTOGÊNICAS: em torno de 5-10% permanecem com a etiologia indeterminada em todo o mundo. A maioria das doenças crônicas do fígado associa-se a CONTÍNUA FIBROGÊNESE, resultante da lesão dos hepatócitos, com consequente acúmulo de proteínas da matriz extracelular. Esse acúmulo de tecido conjuntivo no fígado decorre de uma maior síntese e/ou menor degradação desses componentes. Os mecanismos que determinam a reparação do tecido ou sua progressão para fibrose são mediados pelas citocinas decorrentes da necrose e da inflamação local, liberadas pelos linfócitos e macrófagos, que podem efetivamente estimular ou inibir a proliferação, a síntese proteica e a movimentação das células responsáveis pela síntese do tecido fibroso (fibrogênese) e de degradação (fibrólise). TGF-beta 1 (fator transformador do crescimento) = principal mediador da fibrogênese, o TNF (fator de necrose tumoral), as interleucinas, a fibronectina, o fator de crescimento plaquetário; As células efetoras do processo são os miofibroblastos (originados pela ativação das células estreladas dos sinusoides ou dos fibroblastos portais) que regulam tanto a fibrogênese como a fibrólise = além de sintetizar as proteínas da matriz extracelular, as células estreladas estão diretamente associadas à degradação da matriz. Dessa maneira, no caso de uma lesão hepática crônica, a progressão para a fibrose hepática ou para a reparação do tecido dependerá do tipo de estímulo desencadeado pela lesão e da genética do indivíduo. RESUMINDO: O infiltrado inflamatório crônico proporciona a liberação de interleucinas, TNF e citocinas inflamatórias que estimulam determinado grupo de células (células estreladas/células de Ito = no seu funcionamento normal, armazena vitaminas e quando tem um estímulo inflamatório, deixa de ser uma célula de armazenamento e se transforma em miofibroblastos) a promover uma proliferação de fibroblastos e promovem a síntese de tecido conjuntivo (colágeno), alterando a anatomia do sinusoide hepático, espaço de Disse, prejudicando a função do hepatócito de absorção e secreção de substâncias, além de prejudicar a vascularização intra-hepática = gera fibrose, fica difícil a oxigenação e hepatócito morre. A instalação da fibrose e da regeneração nodular no fígado são responsáveis pelo desenvolvimento de hipertensão portal e suas complicações. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas da cirrose são variadas, desde hepatomegalia assintomática até insuficiência hepática. Em muitos casos, não há sintomas até que a doença esteja muito avançada. Os sinais e sintomas mais comuns são: emagrecimento (as vezes, mascarado pela ascite), fraqueza e anorexia; Diarreia é comum, embora alguns pacientes se queixem de constipação intestinal; Hepatomegalia e icterícia; Dor abdominal (região epigástrica ou no QSD), descrita como uma dor vaga e incômoda; APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 Esplenomegalia, ascite e shunts portossistêmicos (varizes esofágicas, hemorroidase cabeça de Medusa) são consequências da hipertensão porta. Outras complicações incluem sangramentos secundários à redução dos níveis dos fatores de coagulação, trombocitopenia devido à esplenomegalia, ginecomastia e padrão feminino de distribuição dos pelos pubianos nos homens em consequência da atrofia testicular, angiomas aracneiformes e eritema palmar, e encefalopatia com asterixe e sinais neurológicos. Além disso, a cirrose pode ser classificada em: COMPENSADA: ocorre na fase inicial da doença. Geralmente o paciente encontra-se assintomático ou apresenta sintomas inespecíficos como fadiga, perda de peso, fraqueza e anorexia. DESCOMPENSADA: paciente pode apresentar icterícia, prurido, ascite (manifestação mais comum de descompensação), edema de membros inferiores, diarreia, sangramento gastrointestinal (hematêmese, hematoquezia, melena), confusão mental, entre outros. COMPLICAÇÕES A maioria dos casos de cirrose fatal envolve um dos seguintes mecanismos: Insuficiência hepática progressiva: Com o evoluir da cirrose e da perda de hepatócitos funcionantes, algumas funções do fígado podem ficar comprometidas, gerando redução na formação de algumas proteínas, neutralização de toxinas e a destruição de bactérias e produtos bacterianos provenientes dos intestinos. Hipertensão portal: ocorre devido a formação de fibrose, nódulos e capilarização dos sinusoides, pela cirrose, resultando no aumento da resistência vascular. Carcinoma hepatocelular: O CHC é o tumor maligno primário mais comum do fígado. E possui associação com doenças hepáticas, como hepatite B e C e cirrose. Encefalopatia hepática: é uma complicação neurológica que ocorre em pacientes portadores de disfunção hepática grave. Está relacionada à falha de detoxificação de metabólitos, principalmente a amônia, provenientes do intestino, atribuídos à presença de insuficiência hepática e de shunts portossistêmicos. Peritonite bacteriana espontânea (PBE): A PBE é uma infecção frequente em pacientes com cirrose hepática. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da cirrose é, antes de tudo, anatomopatológico, por esse motivo, a forma mais correta de fazê-lo seria por meio da biópsia do fígado, com agulha. Entretanto, em decorrência das alterações da coagulação que esses pacientes apresentam e pelas alterações vasculares hepáticas e peri-hepáticas, há elevado risco de complicações desse procedimento Dessa forma, as alterações encontradas ao exame físico (como hepatoesplenomegalia, com fígado nodular, sinais periféricos de insuficiência hepática) e/ou exames laboratoriais, de imagem e endoscópico (varizes esofagogástricas) tornam a biópsia desnecessária e eticamente questionável. Alguns exames laboratoriais podem ser solicitados, como: Albumina é sintetizada exclusivamente no fígado, portanto, na cirrose, encontra-se em baixos níveis séricos. Globulinas: Geralmente estão aumentadas; Na cirrose biliar primária, ocorre aumento isolado de IgM; Na alcoólica de IgG e IgA e, em menor grau, de IgM; Nas hepatites agudas aumento de IgM. Aminotransferases ALT E AST: podem estar elevadas com a atividade da doença; Gamaglutamiltransferase (GGT) e fosfatase alcalina (FA): Geralmente estão normais, a não ser que haja obstrução biliar; Bilirrubina: Normais, mas pode se elevar com a progressão da doença; Hemograma: Pode apresentar anemia, leucopenia, trombocitopenia ou pancitopenia Nos exames de imagem pode-se encontrar alterações morfológicas, além de identificar hipertensão portal e carcinoma hepatocelular. Os exames mais utilizados são: ULTRASSONOGRAFIA: padrão ecográfico heterogêneo (fígado normal é homogêneo) e grosseiro, com hiperecogenicidade (+ branco) do parênquima, aumento da atenuação sonora e nodularidade na superfície do órgão. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 A anatomia hepática está frequentemente alterada: atrofia do lobo hepático direito (segmentos V e VIII) e do segmento medial do lobo esquerdo (IV), com hipertrofia do lateral do lobo esquerdo (II e III) e do lobo caudado. Fissuras alargadas, bordas rombas (arredondado), aumento da razão lobo caudado/lobo direito e superfície hepática nodular (“serrilhada”) são alterações que também podem ser encontradas. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC): com o progresso da doença é possível identificar modularidades sobre a superfície do fígado, com padrão heterogêneo do parênquima definido principalmente após a injeção de contraste. As alterações anatômicas, atrofia e hipertrofia são as mesmas da US. 3) COMPREENDER A ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTIC0 HIPERTENSÃO PORTAL A hipertensão portal (HP) é uma síndrome clínica caracterizada pelo aumento de pressão no sistema porta (>5 mmHg), com consequentes alterações hemodinâmicas esplâncnicas e sistêmicas. Origina as principais complicações das hepatopatias crônicas, que se relacionam fundamentalmente à formação de veia colaterais e à circulação hiperdinâmica em nível esplâncnico e sistêmico. FISIOPATOLOGIA Em condições normais, o sangue venoso que retorna dos órgãos abdominais ao coração acumula-se na veia porta e circula através do fígado antes de entrar na veia cava inferior. As duas etiologias mais comuns são a cirrose (90%) e esquistossomose hepática. Nos países ocidentais, a hipertensão portal é mais típica como o resultado da cirrose, com a hipertensão portal não cirrótica representando menos de 10% dos casos. A hipertensão porta pode ser causada por vários distúrbios que aumentam a resistência ao fluxo sanguíneo hepático: Obstruções pré-hepáticas: trombose da veia porta e compressão extrínseca por câncer ou linfonodos aumentados (estreitamento da veia porta), que causam obstrução da veia porta antes de sua entrada no fígado e esplenomegalia maciça. Obstruções intra-hepáticas: são os distúrbios que causam obstrução do fluxo sanguíneo no fígado. Na cirrose, principal causa de hipertensão portal, faixas de Fissuras alargadas Bordas rombas Superfície nodular ou “serrilhada” APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 7 tecido fibroso e nódulos fibróticos distorcem a arquitetura do fígado e aumentam a resistência à circulação porta, resultando em hipertensão porta. Além disso, tem-se a esquistossomose, esteatose, sarcoidose e hiperplasia nodular regenerativa como outras causas. Obstruções pós-hepáticas: refere-se a qualquer obstrução do fluxo sanguíneo pelas veias hepáticas depois dos lóbulos do fígado (acima do fígado), seja dentro do órgão ou nos segmentos circulatórios distais. É causado por distúrbios como insuficiência cardíaca direita, pericardite constritiva e obstrução do fluxo da veia hepática (à nível posterior). A Síndrome de Budd-Chiari é uma doença congestiva do fígado, causada por obstrução de várias veias hepáticas ou do segmento hepático da veia cava inferior, sendo a principal causa a trombose das veias hepáticas. A hipertensão portal na cirrose resulta da resistência aumentada ao fluxo portal no nível dos sinusoides e compressão das veias hepáticas centrais pela fibrose perivenular e nódulos parenquimatosos expansivos. Anastomoses entre os sistemas arterial e portal nos septos fibrosos também podem contribuir para a hipertensão portal, impondo pressão arterial ao sistema venoso hepático de baixa pressão. Outro fator importante na causa da hipertensão portal é o aumento do fluxo sanguíneo venoso portal resultante da circulação hiperdinâmica. Isso é causado pela vasodilatação arterial na circulação esplâncnica, resultado primariamente da produção aumentada de óxido nítrico (NO) noleito vascular. A medida em que essa hipertensão piora, o fluxo sanguíneo esplâncnico aumenta devido a liberação local de fator de crescimento endotelial vascular, óxido nítrico e outros vasodilatadores, que geram a vasodilatação arteriolar esplâncnico e angiogênese. RESUMINDO: a fisiopatologia é muito complexa, mas basicamente o paciente tem uma tendência à uma vasodilatação esplâncnica, devido ao pouco volume sanguíneo que chega ao fígado (o corpo entende como um estado de hipovolemia), então vai reter mais H20 e sal e causar vasodilatação sistêmica e, consequentemente, aumento do fluxo sanguíneo na região portal. Com o passar do tempo, principalmente na cirrose, a resistência vai aumentando, intensifica o grau de insuficiência hepática e aumento da pressão portal, até o momento em que não há mais como causar vasodilatação, gera uma hipovolemia efetiva. Por fim, terá um ciclo vicioso na ativação do SRAA até surgirem as complicações. . MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Geralmente é assintomática até que as complicações se desenvolvam e são atribuídas à elevação da pressão e à dilatação dos canais venosos situados antes da obstrução. ASCITE: refere-se ao acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. *estágio final da HP Vários fatores contribuem para o extravasamento de líquidos: elevação da pressão capilar em consequência da hipertensão porta e obstrução do fluxo venoso através do fígado, retenção de sal e água pelos rins, e diminuição da pressão coloidosmótica por causa da síntese reduzida de albumina pelo fígado. ESPLENOMEGALIA: o baço cresce progressivamente em consequência do desvio (shunting) do sangue para a veia esplênica. O baço aumentado leva ao desenvolvimento de uma síndrome conhecida como hiperesplenismo = redução da sobrevida de todos os elementos celulares do sangue, com redução subsequente de suas contagens e anemia, trombocitopenia e leucopenia. SHUNTS PORTOSSISTÊMICOS: com a obstrução gradativa do fluxo sanguíneo venoso do fígado, a pressão na veia porta aumenta e formam-se vasos colaterais calibrosos entre a veia porta e as veias sistêmicas e as veias umbilicais. Esses vasos colaterais formados entre as veias ilíacas inferior e interna podem causar hemorroidas. As veias dilatadas ao redor do umbigo são conhecidas como cabeça de Medusa. Esses shunts também podem desenvolver-se e causar o desvio do sangue dos capilares pulmonares, interferindo na oxigenação sanguínea e ocasionando cianose. Também pode gerar as varizes esofagogástricas, é uma das principais complicações em pacientes com hipertensão porta mais devastadora em pessoas com APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 8 cirrose hepática. Essas varizes esofágicas de paredes finas podem romper e causar hemorragias profusas e fatais em alguns casos = hemorragia digestiva alta. PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA: incluem febre, dor e sensibilidade abdominal, estado mental alterado e lesão renal aguda. DIAGNÓSTICO O diagnóstico se baseia no exame clínico, exame de imagem e exames laboratoriais, que incluem a análise do líquido ascítico, através da paracentese diagnóstica, e dosagem sérica dos marcadores de doença hepática (TGO, TGP, bilirrubina, tempo de protrombina e albumina). No exame clínico: analisar história clínica, buscando os sinais de agressão hepática, como consumo de álcool, ou ainda presença de sintomas colestáticos. No exame físico, deve ser feita hepatimetria e palpação do fígado, lembrando que cirrose não aumenta o fígado e sim o diminui, além de que o fígado perde sua textura fibroelástica e lisa e se torna endurecido e nodular. Também deve ser feita a pesquisa de ascite, através das manobras de macicez móvel, semicírculo de Skoda ou piparote, sendo esta última usada para identificar ascite discreta, ou seja, aquelas em que o abdome não se encontra globoso. Além disso, deve ser realizada a percussão do espaço de Traube, que identifica o aumento do baço. As aminotransferases irão afastar ou confirmar lesão hepatocelular, sendo a TGP (ALT) mais específica para lesão hepática do que a TGO (AST). Os exames de imagens diagnósticos da hipertensão portal incluem ultrassonografia com Doppler (USG doppler), tomografia computadorizada (TC) e ressonância de abdome (RM), nos quais pode ser identificado: Circulação colateral (sobretudo periesplênica e periesofágica = “varizes”); Esplenomegalia; Ascite; Veia porta maior que 13 mm; Trombose: ausência de fluxo no doppler REFERÊNCIAS TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14ª edição). Grupo GEN, 2016. JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 13ªed. Editora Guanabara Koogan, 2018. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. ZATERKA, S., EISIG, J. N. Tratado de Gastroenterologia - Da Graduação à Pós-graduação. 2. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. Periesofágica Periesplênica
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