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Enízia Simões 3° período Estase venosa crônica Objetivo 1: Compreender a fisiopatologia , fatores de risco, manifestações clínicas, complicações e tratamento da estase venosa crônica (Úlce- ra/Dermatite) - O termo insuficiência venosa se refere ao efeito fisiopatológico da hiper- tensão venosa persistente sobre a estrutura e a função do sistema venoso dos membros inferiores. - Pode afetar o sistema venoso superficial, o sistema venoso profundo ou ambos - Pode ser uma disfunção venosa adquirida ou congênita - As alterações que ocorrem são: edema, lipodermatosclerose (dermatoscle- rose ou hipodermite), atrofie blanche (atrofia branca), hiperpigmentação ou dermite ocre, eczema venoso e úlcera venosa. Frequentemente, essas alte- rações são precedidas ou acompanham forte dor (em peso) nas pernas ao se manter o doente em posição ortostática. Essa dor pode, em alguns casos, aumentar durante o caminhar, caracterizando um quadro denominado por al- guns autores como “claudicação venosa”. CAUSAS - Hipertensão venosa de longa duração (mais comum) - Insuficiência valvular (mais comum) - Obstrução venosa (mais comum) - Causas mais raras: fístula arteriovenosa e falha da bomba muscular da panturrilha por obesidade ou imobilidade do tornozelo - A insuficiência venosa também pode ser consequência de trombose veno- sa profunda (TVP) pregressa Fatores de risco - Existem inúmeros fatores de risco, send o alguns modificáveis. Entre os principais, destaca-se: → Idade avançada → Sedentarismo → Obesidade → Sexo feminino → Posição supinada prolongada → Tabagismo → Gestação → Hipertensão arterial → Anticoncepcional oral → Trauma em membros inferiores FISIOPATOLOGIA - O sistema venoso é um sistema de capacitância, funcionando como reser- vatório sangüíneo, e que, normalmente, tem a função de carrear o sangue desoxigenado de volta ao coração. - As veias da panturrilha, em associação com os tecidos circundantes, for- mam uma unidade funcional conhecida como bomba muscular ou coração pe- riférico, ativamente atuante na drenagem do sangue venoso durante o exer- cício - Existem dois mecanismos relacionados a hipertensão venosa: Em situações normais, o fluxo venoso corre, do sistema venoso superfi- cial para o profundo, através de veias comunicantes com válvulas com- petentes, que impedem o retorno de sangue para as veias superficiais. A incompetência das válvulas do sistema venoso profundo e comunican- te e o refluxo resultante causam hipertensão venosahipertensão venosahipertensão venosa Um outro mecanismo está relacionado á musculatura da panturrilha. o. Essa bomba muscular, quando em perfeito funcionamento, comprime as veias profundas da panturrilha durante sua contração, consequente- mente, a válvula distal da veia profunda e as válvulas das veias perfu- rantes fecham-se, e o sangue é ejetado em direção ao coração. A dis- função da bomba muscular da panturrilha, associada ou não à disfunção valvular, também é responsável pela hipertensão venosahipertensão venosahipertensão venosa, levando a um acúmulo excessivo de líquido e de fibrinogênio no tecido subcutâneo, re- sultando em edema, lipodermatosclerose e, finalmente, ulceração - A pressão venosa permanece elevada nos membros inferiores durante a deambulação, quando, em condições normais, deveria diminuir. Consequente- mente, os tecidos adjacentes são expostos a uma pressão venosa elevada continuamente, enquanto o paciente permanece com as pernas para baixo OBS: As varizes podem fazer parte do quadro ou ser sua causa; entretan- to, quando não são acompanhadas de alterações da pele, não se incluem na insuficiência venosa crônica IVC - Quando há uma função inadequada da bomba muscular, válvulas venosas in- competentes ou obstrução do fluxo venoso (secundária a trombose ou este- nose venosa não trombótica, por exemplo), o paciente pode desenvolver um aumento da pressão venosa. (hipertensão venosa) - A hipertensão venosa sustentada, com o tempo, é capaz de promover al- terações anatômicas, fisiológicas e histológicas que estão associadas a insufi- ciência venosa crônica. - O aumento de pressão é transmitido de forma retrógrada para o sistema venoso superficial, levando a um enfraquecimento da parede venosa, resul- tando em uma dilatação anormal das veias na forma de telangiectasias (vasi- nhos) ou varizes. - Além disso, pode ser transmitido diretamente para o sistema capilar su- perficial. O refluxo aumenta a pressão hidrostática na veia, resultando na perda de líquido para o terceiro espaço e consequentemente leva a forma- ção de edema.edema.edema. - A hipertensão venosa também estimula a liberação de células inflamatórias na parede da veia e nas válvulas, induzindo uma resposta inflamatória local. - A IVC é classificada em primária e secundária. A primáriaprimáriaprimária é consequência de uma anormalidade intrínseca estrutural ou funcional na parede venosa ou nas válvulas, levando ao refluxo valvular. Já a secundáriasecundáriasecundária é causada por obs- trução e/ou incompetência valvular por trombose venosa profunda prévia - A insuficiência venosa profunda ocorre após a trombose venosa profunda, uma vez que os folhetos valvulares tornam-se espessados e contraídos e não podem mais impedir o fluxo retrógrado de sangue, e a própria veia tor- na-se rígida e espessada. Ainda que as veias se recanalize após um episódio de trombose, as grandes veias proximais podem permanecer ocluídas. OBS: Incompetência secundária se desenvolve nas válvulas distais porque a elevada pressão distende a veia e separa os folhetos. Outras causas de in- suficiência venosa profunda secundária incluem a síndrome de May-Thurner, na qual a veia ilíaca esquerda é ocluída ou estenosada por compressão ex- trínseca por sobreposição da artéria ilíaca comum direita; as fístulas arterio- venosas resultando em aumento da pressão venosa; a agenesia e a hipopla- sia congênitas de veia profunda; e as malformações venosas, como pode ocorrer nas síndromes de Klippel-Trénaunay e Parkes-Weber. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - As manifestações clínicas estão associadas ao comprometimento do fluxo - A gravidade da doença geralmente está relacionada ao grau de incompe- tência das válvulas e da obstrução venosa - No geral, é comum dor em queimação ou pulsátil, ou sensação de peso nas Pernas, com piora após ficar em pé por muito tempo e aliviando com eleva- ção das pernas. Em alguns casos mais graves, os sintomas podem dificultar Enízia Simões 3° período a movimentação ou até mesmo impedila. - A insuficiência venosa leva à congestão tecidual, ao edema e, finalmente, ao comprometimento da nutrição dos tecidos. OBS: O edema é exacerbado pela permanência prolongada em pé - Na insuficiência venosa avançada, o comprometimento da nutrição tecidual causa dermatite por estase e desenvolvimento de úlceras por estase ou ul- ceração venosa - A dermatite por estase é caracterizada pela presença de uma pele fina, brilhante, marrom-azulada, com pigmentação irregular e descamação, sem suporte de tecidos subcutâneos subjacentes. - Lesões menores levam a ulcerações relativamente indolores, mas de difícil cicatrização. OBS: A causa mais comum de úlceras nas pernas é a insuficiência venosa - Outros sintomas de ICV são Formigamento Dor Queimação Câimbras musculares Inchaço Sensação de peso ou de latejamento Prurido cutâneo Pernas inquietas Cansaço das pernas e fadiga * A fadiga e o prurido ocorrem devido a congestão venosa e liberação de histamina em decorrência do processo de inflamação local - Geralmente esses sintomas melhoram com a elevação dos membros DERMATITE E ÚLCERA DE ESTASEDERMATITE E ÚLCERA DE ESTASEDERMATITE E ÚLCERA DE ESTASE - A dermatite ocre é resultado da lise das hemácias, que libera hemoglobina, que no espaço extracelular é degradada a um subproduto, a hemossiderina, que dá coloração castanha à pele. Por fim ocorre um processo de lipoder- matoesclerose secundário à grande concentração de líquido e principalmente proteínas que ficaram retidas no interstício celular, levando primeiro ao en- durecimento e aumento do poderoncótico intersticial e posterior à fibrose da pele e principalmente do tecido celular subcutâneo. Paciente com síndrome pós-trombótica (SPT) com lipodermatoesclerose (A) e dermatite ocre “em bota - A pressão elevada leva à formação de úlceras nos membros inferiores - A úlcera de estase venosa crônica inicia-se de forma espontânea ou trau- mática, tem tamanho e profundidade variáveis, e curas e recidivas são fre- qüentes. Nas varizes primárias, a úlcera dói somente quando infectada. Na seqüela de trombose venosa, a lesão geralmente é mais dolorosa. As úlceras de estase geralmente aparecem na face medial da perna, próximas ao ma- léolo medial. Possuem as seguintes características: bordos irregulares, rasas, com base vermelha e exsudato serohemático ou seropurulento e pigmenta- ção ao redor. Estas geralmente não são dolorosas, a não ser que haja infec- ção DIAGNÓSTICO - O diagnóstico da insuficiência venosa crônica é eminentemente clínico, feito através da anamnese e do exame físico Anamnese - Os itens a serem considerados na anamnese são: a queixa e a duração dos sintomas, como, por exemplo, história da moléstia atual; caracterização de doenças anteriores (especialmente a trombose venosa); traumatismos pré- vios dos membros; e existência de doença varicosa - Os sintomas incluem sensação de peso e dor em membros inferiores, prin- cipalmente no final do dia, e alguns pacientes referem prurido associado - Fator de piora: calor e períodos prologados em ortostatismo ou sentado; - Fator de melhora: repouso e elevação do membro inferior. Exame físico - Devem ser observados os seguintes sintomas: hiperpigmentação (a hemo- globina que permanece no interior tissular transforma-se em hemossiderina, que dá coloração castanha à pele), lipodermatosclerose (alteração devido à substituição progressiva da pele e do tecido subcutâneo pela fibrose), edema depressível (maior na perna sintomática), presença de veias varicosas, pre- sença de nevos, aumento do comprimento do membro e varizes de localiza- ção atípica - Deve-se observar a distribuição dos trajetos varicosos e a natureza das varizes, isto é, sua morfologia e sua localização. Temos que definir se são va- rizes, veias reticulares ou telangiectasias. Se estão no trajeto da veia safena magna, parva ou se tem localização diversa e se esvaziam pela elevação dos membros Cassificação clínica Classe 0 – sem sinais de doença venosa Classe 1 – veias ectásicas ou reticulares Enízia Simões 3° período Classe 2 – veias varicosas Classe 3 – edema Classe 4 – a lterações cutâneas por estase venosa (pigmentação, indura- ção, lipodermatoesclerose) Classe 5 – alterações cutâneas por estase venosa e ulceração cicatrizada Classe 6 – alterações cutâneas por estase venosa e ulceração ativa DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR ULTRASSOM COM DOPPLERULTRASSOM COM DOPPLERULTRASSOM COM DOPPLER - É a mais útil ferramenta diagnóstica inicial na abordagem de doenças veno- sas crônicas - Permite identificar a fisiopatologia do transtorno venoso (refluxo, obstru- ção, ou ambos) e localizar os segmentos venosos específicos com alterações - sistema profundo, sistema superficial, perfurante FEBOGRAFIAFEBOGRAFIAFEBOGRAFIA - É o padrão ouro, mas é indicado somente quando os métodos não invasivos não forem decisivos para esclarecimento diagnóstico e/ou orientações de tratamento nas angiodisplasias venosas e na possibilidade de cirurgia do sis- tema venoso profundo TRATAMENTO - Elevação dos membros:Elevação dos membros:Elevação dos membros: elevar os membros inferiores em um nível acima do coração por cerca de 30 minutos, de 3 a 4 vezes no dia. Pode ajudar a diminuir a sintomatologia, bem como, auxiliar na cicatrização de úlceras veno- sas. - Cuidados com a peleCuidados com a peleCuidados com a pele: pacientes com distúrbios venosos apresentam uma predisposição para o surgimento de dermatites de contato ou estase, que podem se manifestar com prurdo, vermelhidão e alteração da pigmentação da pele. Assim é importante manter o cuidado adequado da pele, que inclui a limpeza e o uso de emolientes para ajudar a manter a barreira intacta - Exercícios:Exercícios:Exercícios: a contração da musculatura auxilia no retorno venoso. Logo, é importante que o paciente realize caminhadas leves para mudar os parâme- tros hemodinâmicos e favorecer a cicatrização de úlceras - Terapias de compressão:Terapias de compressão:Terapias de compressão: a terapia com utilização de meias de compressão é o pilar do manejo clínico das doenças venosas crônicas. Essas meias favo- recem um gradiente de expressão ao longo do seu comprimento, ampliando o fluxo sanguíneo em torno de 30 -50mmHg. Promove uma melhora rápida e uma diminuição dos sintomas. Medicações venoativas ou flebotônicas - A ação destas drogas inclui a diminuição da permeabilidade capilar, efeito linfocinético, menor apoptose das células endoteliais e uma ação anti inflama- tória por diminuição da adesividade de células de defesa - Em pelo menos dois pontos a utilização dos flebotônicos pode contribuir no tratamento da doença venosa, são eles a diminuição do edema e o controle dos sintomas relacionados a presença da insuficiência venosa crônica em seus diversos graus de apresentação clínica Escleroterapia - O procedimento escleroterápico consiste na injeção de determinada subs- tancia irritante ao endotélio vascular na luz de uma veia doente, incluindo vei- as tronculares com refluxo, varizes tributárias, veias reticulares e telangec- tasias TRATAMENTO CIRURGICO - Ligadura da veia safena magna e safenectomia:Ligadura da veia safena magna e safenectomia:Ligadura da veia safena magna e safenectomia: reduz o volume venoso e os efeitos da hipertensão venosa - Escleroterapia e flebectomia- Escleroterapia e flebectomia- Escleroterapia e flebectomia: ressecção da veia, diminuem o risco de san- gramento. Já as varizes maiores são tratadas melhor com a ressecção. ReferênciasReferênciasReferências MERLO et. al. Insuficiência Venosa Crônica : Diagnóstico e Tratamento. Dire- triz da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, 2015. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021.
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