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Análise de Risco no Mercado Financeiro 02 1. Risco, Retorno e Diversificação 4 1.1 Risco 4 1.2 Tipos de Risco 5 1.2.1 Outros Tipos de Risco 6 1.3 Retorno Esperado 8 1.4 Relação Risco/Retorno Esperado e Investidor 8 1.5 Quantificando e Analisando Risco e Retorno Esperado 9 1.5.1 Analise de Sensibilidade 10 1.5.2 Média e Desvio Padrão 10 1.5.3 Distribuição de Probabilidades 15 1.5.4 Coeficiente de Variação 16 1.5.5 Covariância e correlação 17 1.6 Risco e Retorno Esperado de uma Carteira de Ativos 18 1.7 Diversificação 18 1. 8 Teoria da Seleção de Carteiras 19 2. Risco e Retorno: O Modelo de Formação de Preços de Ativos de Capital (CAPM) 22 2. 1 Pressupostos do CAPM 22 2.2 Linha de Mercado de Capitais 24 2.3 quantificando o Risco Sistemático 24 3. Uma Visão Alternativa de Risco e Retorno Arbitrage Pricing Theory (APT) 28 3.1 - O modelo 29 3.1.1 -Modelo Fatorial 31 4. Gerenciamento de Risco nas Instituições Financeiras 34 Value At Risk (VAR) – Valor em Risco 35 5. Referências Bibliográficas 39 03 4 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 1. Risco, Retorno e Diversificação Fonte: www.parmais.com.br1 s conceitos de risco e retorno são de grande importância para a área financeira e administra- tiva. A ideia de que o retorno deve crescer à medida que o risco au- menta é fundamental para a econo- mia e administração modernas. De- vido ao fato de pessoas racionais as- sumirem riscos; algumas questões relevantes devem ser colocadas. Qual o nível de risco relativo associ- ado a cada possível decisão? Qual é a compensação de se optar por uma alternativa de maior risco? Tais questões exigem que os analistas de- finam, identifiquem, analisem e me- çam o risco, decidindo desta forma qual é o retorno necessário para que 1 Retirado em www.parmais.com.br determinada aplicação ou investi- mento, seja compensatório. 1.1 Risco As decisões financeiras quase nunca são tomadas em ambiente de total certeza em relação a seus resul- tados. Como estas decisões estão em grande parte voltadas para o futuro, a variável incerteza obrigatoria- mente deve ser considerada como um aspecto significativo nas opera- ções do mercado financeiro. Sempre que a incerteza associ- ada à verificação de um evento possa ser quantificada por meio de uma distribuição de probabilidades dos diversos resultados previstos, diz-se O 5 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO que a decisão está sendo tomada sob uma situação de risco. Desta forma, o risco pode ser entendido pela ca- pacidade de mensurar o estado de incerteza de uma decisão mediante o conhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de determi- nados resultados ou valores. A ideia do risco, de forma mais específica, está diretamente associ- ada às probabilidades de ocorrência de determinados resultados em rela- ção a um valor médio esperado (re- torno esperado, conceito que será visto mais adiante). É um conceito voltado para o futuro, revelando possibilidade de perdas financeiras. O risco é na maioria das vezes representado pela medida estatís- tica do desvio padrão (será visto em maiores detalhes no decorrer deste capítulo), indicando variabilidade de retornos associada a um determi- nado retorno esperado de um ativo. Os ativos que possuem gran- des possibilidades de prejuízos são vistos como mais arriscados que aqueles com menos possibilidades de perdas. Por exemplo, um título da dívida americana que garante ao seu portador uma taxa de juros de 5% ao ano não possui riscos pois não há uma variabilidade associada ao seu retorno. Porém um investimento em ações, possui características com- pletamente diferentes; o investidor pode ou não ganhar dividendos, além de poder existir uma grande variação dos preços destes ativos nos mercados secundários. Por- tanto, os títulos de dívida americana são, seguramente, os títulos de maior confiabilidade, além de apre- sentarem um mercado com extrema liquidez. Geralmente, em épocas de crise os investidores internacionais fogem das aplicações de risco, muito mais rentáveis, para os títulos do go- verno dos EUA (fenômeno conhe- cido como “fuga para a qualidade”). Quanto mais certo for o retorno es- perado de um ativo, o que implica dizer que ele terá uma menor varia- bilidade (menor desvio padrão) me- nor será o risco ativo. Entretanto, em geral, ativos menos arriscados possuem baixos retornos. 1.2 Tipos de Risco Todo o investimento carrega dois tipos distintos de risco: o risco sistemático e o risco não-sistemá- tico. O risco sistemático é a parte relevante do risco de um ativo que pode ser atribuída a fatores de mer- cado que afetam todas as empresas e não pode ser eliminado através da diversificação. Ele também é conhe- cido como risco não-diversificável ou risco de mercado. O risco siste- mático é o nível mínimo de risco que pode ser obtido em uma carteira 6 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO através da diversificação de um grande número de ativos dentro de uma carteira, desta forma corres- ponde somente aos riscos que resul- tem do mercado em geral e das con- dições econômicas, e que conse- quentemente não podem ser elimi- nados. O risco não-sistemático, é a parte do risco de um ativo que pode ser atribuída a causas aleató- rias, específicas a uma firma, o qual pode ser eliminado através da diver- sificação. Este risco também é co- nhecido como risco diversificável, risco residual ou risco específico da companhia. Uma vez que qualquer investi- dor pode criar uma carteira de ativos que eliminará todos, ou virtual- mente todos os riscos diversificá- veis, o único risco relevante é o não diversificável. Os investidores de- vem, portanto, estarem preocupa- dos com este tipo de risco, o qual re- flete a contribuição de um ativo ao risco da carteira. A quantificação do risco não-diversificável é, conse- quentemente, de importância pri- mária na seleção daqueles ativos que possuem a maioria das característi- cas desejadas de risco-retorno. 1.2.1 Outros Tipos de Risco A análise de risco e a ferra- menta usada para poder identificar, mensurar e ajudam a administrar de uma melhor maneira os riscos ine- rentes aos diversos investimentos. A análise de riscos é processo através do qual as várias exposições, nos mais diferentes tipos de riscos, são diagnosticadas, calculadas e analisa- das, gerando controles para decisões financeiras nas condições de riscos expostas. Além de sistemáticos e não- sistemáticos, os riscos têm em suas classificações três grandes catego- rias: riscos estratégicos, riscos não estratégicos e riscos financeiros, sendo assim, observa-se que a aná- lise já dá seu início na identificação do tipo de risco que está sendo en- volvido e com essa identificação passa-se a aplicação das técnicas es- pecificas para os determinados ris- cos para melhor análise dos mes- mos. Para que se aja melhor enten- dimento dessa classificação, segue uma explicação das categorias: Riscos Estratégicos – como o próprio nome já diz, é um risco as- sumido pela própria vontade, tendo como objetivo promover maiores ga- nhos que proporcionem competiti- vidade no mercado e possam conce- der ao acionista agregação de valor, tal risco associa-se a tomada de de- cisões que envolva o setor econô- mico onde a instituição esteja inse- rida. 7 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Riscos Não Estratégicos – são riscos que não há devido con- trole sobre eles, onde o envolvi- mento destes riscos abrange a polí- tica, o social e econômica no ambi- ente em que a instituição esteja inse- rida. Riscos Financeiros – são os riscos que mais aparecem no ramo de atividadeempresarial e estão atrelados a possíveis perdas mone- tárias no mercado financeiro, tem a sua decorrência por flutuações de diversas variáveis financeiras que podem afetar os investimentos e consequentemente resultando no fluxo de caixa dos investimentos. Tais riscos tem a sua subclassifica- ção que são: risco de mercado, risco de crédito, risco de liquidez, risco operacional e risco legal. Risco Financeiro - O risco financeiro é classificado em cinco subcategorias, sendo elas: risco de mercado, risco de crédito, risco de li- quidez, risco operacional e risco le- gal; Risco de mercado – o risco de mercado é o risco decorrente das variações dos preços dos ativos e passivos de uma organização. Esse risco está associado às flutuações de taxas de juros, câmbio, commoditi- tes, preços de ações, opções, deriva- tivos e outras variáveis que podem afetar tanto os ativos quanto os pas- sivos de qualquer investidor; Risco de crédito - o risco de crédito é aquele risco do não recebi- mento de um valor monetário de uma contraparte. Seja na venda de mercadorias, na concessão de em- préstimos por uma instituição finan- ceira ou qualquer outra forma de ne- gociação que envolva o pagamento parcelado com outra parte; Risco de liquidez – o risco de liquidez é o risco de não se conse- guir transacionar determinado ativo no mercado. Esse risco pode ocorrer pela própria liquidez do ativo que ocorre quando não se consegue efe- tuar negócios aos preços praticados por diversas razões, dependendo do ativo; Risco operacional – o risco operacional é o risco por erros hu- manos, intencionais ou não, tecno- lógicos, ou efeitos ambientais, como terremotos, causas naturais etc; Risco legal – o risco legal é o risco presente quando uma opera- ção não pode ser amparada pela le- gislação vigente. Tais riscos apare- cem quando, por exemplo, contratos são mal elaborados e deixam bre- chas jurídicas para serem contesta- dos. Pode-se notar que conforme a classificação acima, os combinados dos riscos financeiros são atrelados à possibilidade de perda no mercado financeiro, vê-se também que esses 8 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO riscos têm sua incidência das flutua- ções de diversas variáveis financei- ras que podem alterar os investi- mentos, consequentemente não apresentando o mesmo desempe- nho que se era esperado e resultará de imediato no fluxo de caixa da ins- tituição. 1.3 Retorno Esperado Podemos definir retorno, como o total de ganhos (ganhos de capital) ou prejuízos (perdas de ca- pital) decorrentes de um investi- mento ou aplicação durante um de- terminado período de tempo. O re- torno é calculado com base em dois componentes. Primeiramente o ganho (ou perda) de capital, ou seja, um com- ponente calculado considerando-se as mudanças no valor do ativo no momento presente, em relação a seu valor inicial de aquisição. O segundo componente diz respeito a qualquer distribuição de fluxo de caixa durante o período do investimento ou aplicação (como por exemplo, a distribuição de divi- dendos de uma ação). Este fluxo de caixa deve ser dividido pelo mon- tante inicial investido, a fim de ob- termos uma taxa percentual desta distribuição. Portanto, o retorno to- tal, deverá ser dado pela seguinte ex- pressão: 1.4 Relação Risco/Retorno Es- perado e Investidor Não existe um comporta- mento padrão dos investidores em relação ao risco; pois, cada investi- dor possui um determinado grau de aversão ao risco, podendo variar desde uma aversão total, até uma posição de neutralidade frente ao risco. A preocupação maior nas deci- sões de investimento em condições de incerteza, é expressar as prefe- rências do investidor em relação ao trade-off risco/retorno esperado. Neste aspecto, encontramos na teo- ria das preferências, a base de sus- tentação para estarmos mensurando as preferências do investidor, e para coloca-las em forma de escala; atra- vés das curvas de indiferença. Estas curvas refletem a atitude de que um investidor assume diante do risco de uma aplicação, e do re- torno esperado desta decisão, envol- vendo inúmeras combinações igual- 9 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO mente desejáveis por este investi- dor. Desta forma, qualquer combi- nação inserida sobre a curva de indi- ferença, é igualmente desejável, pois, deve proporcionar o mesmo ní- vel de satisfação. Esta abordagem tem como ob- jetivo, avaliar a reação de um inves- tidor de mercado, diante de diferen- tes alternativas de investimento, de- monstrando aquelas que satisfazem as expectativas de risco e retorno es- perado de um investidor. As curvas de indiferença, além de refletir as possíveis carteiras que satisfazem o investidor, também re- fletem o grau de aversão ao risco do aplicador; através de sua inclinação. Investidores com perfil mais conser- vador, tenderiam a ter preferências conforme a figura 1; enquanto que investidores mais agressivos se com- portariam conforme a figura 2. Figura 1 Figura 2 1.5 Quantificando e Analisando Risco e Retorno Esperado Inicialmente consideremos os conceitos de risco e retorno espe- rado para um ativo mantido isolada- mente, pois ao fazermos tal simplifi- cação, geramos uma situação na qual as interações potenciais de re- tomo esperado deste ativo em rela- ção a outros, possam ser ignoradas. Portanto, iniciemos com a avaliação de um ativo individual, para, poste- riormente, analisarmos uma car- teira de ativos. A estatística é um método ci- entífico que permite que seus usuá- rios possam tomar decisões em con- dições de incerteza. A que este ins- trumental vem apresentando ao longo do tempo é significativa, o que demonstra um contínuo aperfeiçoa- mento de seus métodos e aumento de seu campo de atuação. A área de mercado de capitais, por possuir características de fazer previsões em ambiente de incerteza, não pode evidentemente prescindir do uso do instrumental estatístico na avaliação de seus instrumentos financeiros. Mais rigorosamente, boa parte da evolução conceitual e prática apresentada pelos mecanis- mos do mercado financeiro é atribu- ída ao uso das técnicas estatísticas no processo de avaliação de ativos e 10 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO do risco das decisões. Portanto, este instrumental constitui-se base para os modelos de gerenciamento de risco que serão estudados nos capi- tulas seguintes. Em nossa análise, é bastante relevante, que seja feita uma avalia- ção do risco e retorno esperado, dos pontos de vista comportamental e quantitativo. A análise de sensibili- dade pode ser usada como uma abordagem comportamental, en- quanto que média, desvio padrão, probabilidades, distribuição proba- bilística, coeficiente de variação, co- variância e correlação podem ser usados para uma análise quantita- tiva do risco. Passaremos agora a uma apresentação destes instru- mentos. 1.5.1 Analise de Sensibilidade A análise de sensibilidade uti- liza estimativa de retornos possíveis, com o intuito de se obter uma per- cepção da variabilidade entre os re- sultados. Um método comumente utilizado, envolve a estimativa dos piores retornos ou retornos pessi- mistas, dos mais prováveis ou espe- rados, e dos otimistas ou melhores retornos relativos a um dado ativo. Com isto, o risco do ativo pode ser medido através da formulação de uma faixa, sendo que, quanto maior for a faixa para o ativo, maior será sua variabilidade, ou risco. Embora esta seja uma prática bastante rudi- mentar, fornece aos analistas uma percepção do comportamento dos ativos, o que, a grosso modo, pode ser utilizado para auxílio na avalia- ção do risco envolvido. Quadro 1 – Análise de sensibilidade Podemosobservar que o ativo B possuí uma faixa de sensibilidade maior do que a do ativo A. Portanto, o ativo B pode ser considerado o de maior variabilidade, ou risco. 1.5.2 Média e Desvio Padrão Primeiramente, vale relem- brar alguns conceitos sobre decisões fundamentais das finanças corpora- tivas: 11 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Fonte: Arruda (2017) Note que o risco pode ser com- preendido pela capacidade de se me- dir o estado de improbabilidade de uma decisão mediante o conheci- mento das possibilidades (probabili- dades) associadas ao acontecimento de determinados resultados ou valo- res. DECISÃO: A% ou B% ou C% ou D% ou E% } RISCO Uma etapa fundamental a ser desenvolvida no estudo do risco é a mensuração do valor esperado de cada distribuição de probabilidades considerada. Essa medida repre- senta uma média dos vários resulta- dos esperados ponderada pela pro- babilidade atribuída a cada um dos valores, sendo seu cálculo processa- do pelo somatório dos produtos dos resultados esperados pelas respecti- vas probabilidades de ocorrência, obtendo-se desta forma o retorno esperado deste ativo, ou seja: Logo, o conceito fundamental de probabilidade refere-se à possibi- lidade, demonstrada em %, de acon- tecer determinado episódio. A título de exemplo vamos avaliar o risco de do investimento A e B Fonte: Arruda (2017) Logo, como retorno esperado refere-se a: A 1ª informação que necessita ser calculada é o valor acredi- tado, isto é, esperado. Assim, o valor esperado simu- la uma média dos diversos re- sultados ajuizados pela proba- bilidade adjudicada (atribuí- da) a cada um desses valores, de acordo com a fórmula apre- sentada a seguir: 12 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Onde: A fórmula acima é utilizada quando não possuímos todos os re- tornos esperados. Porém, quando todos os valores de retorno espera- dos são conhecidos, como na análise de uma série histórica por exemplo, utilizamos a fórmula geral de média aritmética, para a obtenção do valor esperado de retorno: O uso desta medida, tem o ob- jetivo de medir estatisticamente a variabilidade dos possíveis resulta- dos em termos de retorno esperado. Representa em outras palavras uma medida de risco, sendo determinada pela seguinte expressão: A fórmula acima é utilizada quando não possuímos todos os re- tornos esperados. Porém, temos a seguinte expressão para o desvio pa- drão, quando dispomos do conjunto completo da amostra: Retornando ao nosso exemplo dos investimentos A e B, como re- torno esperado temos que: Fonte: Arruda (2017) 13 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Logo, o gráfico de distribuição das probabilidades estabelecera a seguintes condições: O valor esperado não eviden- cia o risco associado às pro- postas; É imprescindível conhecer o grau de disseminação dos re- sultados em relação ao valor esperado. Fonte: Arruda (2017) Fonte: Arruda (2017) Ainda, considerando o desvio- padrão e variância, ou seja, o risco. Podemos dizer que termos estatísti- cos, a formula de risco versaria em: Então, o desvio-padrão e o risco dos investimentos seriam: Fonte: Arruda (2017) Dessa forma, qual seria a me- lhor opção? Entretanto, para retornos es- perados e desvio-padrão distintos como poderíamos deliberar? 14 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO A título de exemplo: Fonte: Arruda (2017 Logo, a alternativa vai ser de acordo com o grau de risco que se está organizado a admitir ou o grau de aversão ao risco. Dessa maneira, a preferência por risco ou retorno será algo parti- cular à cada investidor. Assim, a te- oria da preferência corrobora como um investidor se dispõe mediante de investimentos que apresentam dís- pares concordatas de risco e retorno. Nessas disposições o investi- dor irá procurar elevar ao máximo sua satisfação ou sua proficuidade esperada. Então, ele irá arquitetar uma escala de preferências, que são simuladas por curvas: Todavia, necessitamos saber como identificar o perfil de risco de um investidor, para ter ciência qual seria a melhor disposição: Fonte: Arruda (2017) 15 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Ainda, devemos considerar qual seria a conduta de investidores sem aversão ao risco: De tal modo, admita as conse- quentes alternativas de investimen- to, qual seria a melhor alternativa? Fonte: Arruda (2017) Então, as alternativas C e D ja- zem em curvas de preferência inferi- ores, logo, derivam níveis de satisfa- ção menores. As alternativas de A e B jazem na mesma curva de impas- sibilidade então são isomorfas, ou seja, equivalente Desse jeito, o conceito de risco está conexo ao conjunto de aconteci- mentos que podem advir e suas refe- rentes probabilidades de aconteci- mentos. O risco é desenvolvido por dois componentes: Fonte: Arruda (2017) 1.5.3 Distribuição de Probabili- dades As probabilidades podem ser usadas para uma avaliação mais pre- cisa do risco de um ativo. Uma dis- tribuição de probabilidades, é um modelo que relaciona as probabili- dades a seus respectivos resultados. O tipo mais simples de distribuição de probabilidades, é o gráfico de barras, o qual apresenta apenas um número limitado de resultados, e as respectivas probabilidades para um dado evento (Figura 3 - Gráfico de barras dos Ativos A e B). 16 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Figura 3.1 Figura 3.2 Ao calcularmos a média e o desvio padrão em uma grande amostra, podemos chegar a uma dis- tribuição probabilística denominada distribuição normal de probabili- dade, a qual desempenha um papel fundamental na estatística clássica (elemento fundamental na formula- ção dos modelos). Nesta distribui- ção, a probabilidade de ocorrência de um retorno acima ou abaixo do valor esperado (média) dependeria apenas do desvio padrão (risco). 1.5.4 Coeficiente de Variação Outra medida importante é o coeficiente de variação. Enquanto o desvio padrão mede o grau de dis- persão dos valores em tomo da mé- dia, o coeficiente de variação, geral- mente expresso em porcentagem, indica o risco por unidade: A grande utilidade do coefici- ente de variação é permitir que se proceda a comparações mais preci- sas entre dois ou mais conjunto de valores. Por exemplo, suponha-se dois investimentos, onde temos o in- vestimento A com um retorno espe- rado de 24% e um desvio padrão de 20%; e o investimento B com re- torno esperado de 30% e desvio pa- drão de 29%. Estas hipóteses apre- sentam os seguintes coeficientes de variação: Investimento A= 0,833 Investimento B = 0,967 Desta forma o investimento A mostra-se mais confiável, ou de me- nor risco. No entanto a escolha de- verá depender do grau de aversão ao risco do investidor. 17 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 1.5.5 Covariância e correlação As medidas que objetivam re- lacionar duas variáveis são a covari- ância e a correlação. A covariância visa identificar como determinados valores se inter- relacionam. É basicamente uma me- dida que avalia como duas variáveis movimentam-se ao mesmo tempo em relação a seus valores médios, ou seja, indica a simetria entre duas va- riáveis. Se dois títulos apresentam as- sociações positivas [COV > 0], ad- mite-se que as taxas de retorno apre- sentam comportamentos de mesma tendência, ou seja, variam na mesma direção. A covariância é ne- gativa quando dois ativos apresen- tam relações inversas. Nesta situa- ção, o retorno de um ativo tende a assumir comportamentoinverso ao do outro. Por fim, não se verificando associação alguma entre os ativos, dizemos que eles não possuem rela- ção. A expressão para o cálculo da covariância é: Deve ser ressaltado no estudo da covariância, a dificuldade de in- terpretação de seu resultado numé- rico, ficando sua avaliação mais cen- trada nas tendências de seus resulta- dos. A análise numérica da combi- nação entre valores é desenvolvida pelo coeficiente de correlação. O conceito de correlação visa explicar o grau de relacionamento verificado no comportamento de duas ou mais variáveis. Quando se trata unicamente de duas variáveis, tem-se correlação simples. Quando se relacionam mais de duas variá- veis, tem-se a correlação múltipla. Nesta parte trataremos da correla- ção simples. A correlação entre duas variá- veis indica a maneira como elas se movem em conjunto. A quantifica- ção desse movimento é obtida esta- tisticamente pelo coeficiente de cor- relação, que pode variar de +1 a -1. Quando o coeficiente de corre- lação for menor que zero, diz-se que as variáveis são negativamente (in- versamente) correlacionadas, ou seja, caminham em direções opos- tas. Quanto mais próxima de -1 si- tuar-se o coeficiente, mais negativa será a correlação entre as duas vari- áveis; atingindo a posição de corre- lação negativa perfeita quando o co- eficiente for exatamente -1. Quando o coeficiente de cor- relação for maior que zero, diz-se que as variáveis são positivamente (diretamente) correlacionadas, ou 18 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO seja, caminham na mesma direção. Quanto mais próxima de +1 situar- se o coeficiente, mais positiva será a correlação entre as duas variáveis; atingindo a posição de correlação positiva perfeita quando o coefici- ente for exatamente -1. Podem ser encontradas, ainda, variáveis que se comportam de ma- neira totalmente independente en- tre si, ou seja, não existe relação al- guma entre os valores, o que permite que estes sejam definidos como não correlacionados (Coeficiente de cor- relação é igual a zero). Coeficiente de correlação: Após conhecermos as ferra- mentas estatísticas fundamentais que auxiliam na mensuração do risco financeiro, devemos adicional- mente, considerar o risco como uma função crescente do tempo, ou seja, a variabilidade do retorno, e, por- tanto, o risco relativo, aumentam em decorrer do tempo. 1.6 Risco e Retorno Esperado de uma Carteira de Ativos Os investimentos devem ser considerados à luz de seus impactos no risco e retorno de uma carteira de ativos. O objetivo do administrador financeiro é a criação de uma car- teira eficiente que maximize o re- torno para um determinado nível de risco ou minimize o risco para um determinado nível de retorno. Desta maneira, o conceito estatístico de correlação é a base do processo de diversificação, o qual é utilizado para a montagem de uma carteira eficiente. O retorno esperado de uma carteira de ativos, é uma média pon- derada do peso ou proporção de cada ativo individual dentro da car- teira: Onde: O risco, mensurado através do desvio padrão, possui a seguinte fór- mula: 1.7 Diversificação Com a diversificação, ações in- dividuais e com diferentes riscos, 19 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO podem ser combinadas de maneira a fazer com que a carteira tenha sem- pre menor risco do que qualquer um dos componentes isoladamente. A eliminação de riscos é possível, por- que os retornos dos títulos individu- ais não são perfeitamente correlaci- onados uns com os outros. A diver- sificação é muito eficaz como proce- dimento de redução de risco. A criação de uma carteira pela combinação de dois ativos que pos- suem retornos com correlação posi- tiva perfeita não pode reduzir o risco total da carteira abaixo do risco do ativo de mínimo risco, pois ambos os ativos variam em uma mesma dire- ção. Alternativamente, uma carteira combinando ativos que que apresen- tam correlações menores que posi- tiva perfeita pode reduzir o risco a um nível abaixo de qualquer um de seus componentes, o qual em deter- minadas situações pode ser zero. Para cada par de ativos, há uma combinação que resultará no menor risco possível (desvio pa- drão). O potencial de redução de risco desta combinação depende do grau de correlação. Em geral, quanto mais baixa for a correlação (menos positiva e mais negativa) entre os re- tornos dos ativos, maior será o po- tencial de diversificação do risco. 1. 8 Teoria da Seleção de Car- teiras Apresentaremos agora, de forma sucinta, a Teoria da Seleção de Carteiras desenvolvia por Harry Markowitz; a qual foi um marco teó- rico na moderna Teoria das Finan- ças, servindo de base para o surgi- mento de novos modelos de gestão de risco. A Teoria da Seleção de Cartei- ras nos mostra que o risco de um ativo individual, mantido fora de uma carteira, é diferente de seu risco dentro de uma carteira de ativos; de- vido à diversificação; conforme mos- trado no tópico anterior. Entretanto, apesar da diversi- ficação, uma carteira ainda possui o componente sistemático de risco. Desta forma, o risco de uma carteira dependerá de: (i) riscos sis- temáticos dos ativos, representados pelo desvio padrão; (ii) a maneira como eles se relacionam, sendo isto indicado pelo coeficiente de correla- ção; e (iii) o peso de cada ativo den- tro da carteira. Desta forma, de acordo com a teoria de Markowitz, chegamos nas seguintes fórmulas para mensurarmos o risco de uma carteira. Primeiramente a fórmula para dois ativos X e Y: 20 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO Onde: Como fórmula geral, para n ativos, temos: A partir dos valores esperados e riscos calculados para diversas combinações de carteiras, podemos formar um conjunto com estas car- teiras; conforme a figura 4. Figura 4 – Fronteira Eficiente A seleção da carteira de inves- timento mais atraente para um in- vestidor racional, fica restrita ao conjunto de combinações disponí- veis no trecho da linha A a Z dentro do conjunto de combinações. Este seguimento é conhecido como fron- teira eficiente. A escolha da melhor carteira de investimentos, depen- derá do grau de aversão ao risco do investidor, expresso em suas curvas de indiferença (conforme figura 5). Figura 5 - Preferências do investi- dor e Fronteira Eficiente Vale à pena lembrar que a construção de um conjunto eficiente de carteiras de investimento consti- tuídas por vários ativos, é possível nos dias atuais; pois, existem equi- pamentos e softwares capazes de ge- rar a fronteira eficiente. O entanto, na época em que Markowitz escre- veu esta teoria, não havia condições de uma aplicação eficiente. 22 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 2. Risco e Retorno: O Modelo de Formação de Pre- ços de Ativos de Capital (CAPM) Fonte: blog.lifefp.com.br2 quantificação e determinação do risco financeiro, é uma questão fundamental para os inves- tidores. Através dos tempos foram desenvolvidas metodologias que permitem uma análise associando risco e retorno. O CAPM foi desenvolvido para explicar o comportamento dos pre- ços dos títulos e fornece um meca- nismo por meio do qual os investi- dores podem avaliar o impacto do investimento proposto em títulos 2 Retirado em blog.lifefp.com.br sobre o total de retorno e risco da carteira. Entretanto, como o mundo real é suficientemente complexo, o CAPM, assim como os modelos da Física, acaba por fazer algumas sim- plificações e possuir alguns pressu- postos. 2. 1 Pressupostos do CAPM O modelo baseia-se nos pres- supostos da eficiênciade mercado, os quais são: A 23 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 1. Não existem custos de transa- ção ou impedimentos que interfiram na compra e venda de ativos. Estes custos ou impedimentos são conhe- cidos como fricções; os quais resul- tam em um maior dispêndio por parte do comprador, ou em um me- nor recebimento por parte dos ven- dedores. No caso dos mercados fi- nanceiros, as fricções incluem as co- missões cobradas pelos corretores, taxações ou impostos. Se os custos de transação são ou não relevantes, depende de sua influência sobre as decisões dos agentes. Entretanto com um processo crescente de glo- balização e liberalização financeira, aliado ao grande avanço das tecno- logias de informação, tem ocorrido nos mercados financeiros, uma bru- tal diminuição dos custos de transa- ção, a ponto de chegarem a um pata- mar no qual não possuem grandes influências sobre as decisões dos in- vestidores; 2. Os ativos são infinitamente di- visíveis e todos são comerciáveis, de modo que investidores possam assu- mir qualquer posição de investi- mento, de acordo com suas possibi- lidades e preferências; portanto, a quantidade de ativos não seria um li- mitador; 3. Mercado encontra-se em com- petição perfeita, ou seja, existe um número suficientemente grande de compradores e vendedores, de modo que todos os investidores sejam su- ficientemente pequenos em relação ao mercado. Desta maneira, ne- nhum agente pode influenciar na formação do preço dos ativos. Con- sequentemente, todos são tomado- res de preços, o qual é determinado pela oferta e demanda; 4. Os investidores tomam suas decisões de investimento baseados nos retornos esperados e na variabi- lidade dos retornos, ou seja, basea- dos no risco e retorno dos ativos; 5. Existem ativos livres de risco, no qual o investidor pode investir. Além disto, assume-se que o investi- dor não só pode investir em um ativo, como também pode tomar emprestado fundos à mesma taxa de risco oferecida pelo ativo sem risco, ou ainda, emprestar fundos a esta taxa; 6. Todos os investidores tomarão decisões baseadas em um único pe- ríodo de tempo, sendo que o tama- nho deste período não é especifi- cado. Na realidade as decisões de in- vestimento são mais complexas, com diferentes horizontes de tempo entre os agentes. Entretanto a pre- missa do período único é necessária para simplificar o instrumental ma- temático do modelo; 7. Pressuposto das expectativas homogêneas. Os investidores estão preocupados com a média e variân- cia dos retornos em um período 24 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO único de tempo para lodos. Com isto todos possuem as mesmas expecta- tivas em relação aos dados para a formulação da carteira. 2.2 Linha de Mercado de Capi- tais Ao se admitir que uma carteira seja formada de ativos com risco combinados com ativos livres de risco, o contorno do conjunto de oportunidades de investimento as- sume a seguinte forma, ilustrada na figura abaixo. Carteiras com Ativo com risco e sem risco Reta do Mercado de capitais Admitindo ainda, a hipótese 5 apresentada no item anterior, os in- vestidores podem captar recursos à taxa livre de risco e aplicar em ativos de maior risco; obtendo, portanto, uma alavancagem financeira. Desta forma, ocorre uma inclinação na li- nha de conjunto de oportunidades. Esta inclinação indica que pode-se obter um melhor retorno esperado da carteira, porém, com um maior nível de risco. Esta reta é conhecida como reta do Mercado de Capitais. Desta forma, ao inserirmos a reta de mercado de capitais na fron- teira eficiente, temos que todas as carteiras à esquerda de M possuem uma combinação com uma maior proporção dos ativos livres de risco; enquanto que as carteiras à direita de M possuem maior quantidade de ativos arriscados. A carteira definida no ponto M é conhecida por carteira de mer- cado. Em geral é uma carteira diver- sificada, que contém (na teoria) as proporções exatas dos ativos, con- forme eles estão disponíveis no mer- cado. Em geral utiliza-se um índice, como o IBOVESPA, para represen- tar a carteira de mercado. 2.3 quantificando o Risco Siste- mático A quantificação do risco siste- mático pode ser obtida dividindo-se o retorno do título em duas partes: a primeira perfeitamente correlacio- nada e proporcional ao retorno de mercado; e a segunda independente 25 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO do retorno de mercado. O primeiro é usualmente conhecido como retorno sistemático e o segundo como re- torno não sistemático ou retorno di- versificável. Portanto, temos: Retorno do título = Retorno Sistemático+ Retorno Não-Sistemá- tico. Como o retorno sistemático é proporcional ao retorno de mer- cado, ele pode ser expresso pelo sím- bolo β multiplicado pelo retorno de mercado subtraído do retorno do ativo livre de risco (Rm - R1). A pro- porcionalidade do fator beta é co- nhecida como índice de sensibili- dade do mercado, indicando a sensi- bilidade do retorno do título às vari- ações no nível do mercado (como es- timar o beta para um título ou para uma carteira será visto mais adi- ante). O retorno não-sistemático, o qual é independente dos retornos de mercado, é usualmente represen- tado pela letra grega épsilon ε. Por- tanto, o retorno do título pode ser expresso como: Por exemplo, se um título pos- sui um beta de 2,0, então 10% de re- torno do mercado irá gerar 20% de retorno sistemático para o ativo. O retorno do título no período será de 20% acrescido do componente não sistemático, o qual depende de fatos ligados ã empresa como lucros espe- rados, por exemplo. O modelo de retorno do título visto anteriormente na equação é usualmente escrito de modo que o valor médio dos resíduos, ε', seja zero. Isto é alcançado acrescen- tando-se um fator alpha α, corres- pondente ao valor médio dos retor- nos não-sistemáticos ao longo do tempo, ou seja, definimos: Portanto: O modelo para retorno de títu- los fornecido pela equação é conhe- cido como o modelo de mercado, que nada mais é do que um modelo de regressão de mínimos quadrados. Graficamente, o modelo pode ser visto como uma linha traçada atra- vés dos retornos de títulos em rela- ção às taxas de retorno do índice de mercado. Uma representação grá- fica sobre um título hipotético pode ser observada no gráfico abaixo. 26 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO O fator beta pode ser pensado como a inclinação da linha. Ele for- nece o aumento esperado no retorno do título de acordo com um aumento no retorno de mercado. O fator alpha é representado pelo intercepto da linha no eixo ver- tical, sendo igual ao valor médio ao longo do tempo dos retornos não- sistemáticos sobre o ativo. Para mui- tos ativos, o fator alpha tende a ser pequeno e instável. Utilizando a definição do re- torno do título fornecido pelo mo- delo de mercado, a medida de risco sistemático e não-sistemático é au- tomática, elas são simplesmente o desvio padrão dos dois retornos componentes. O risco sistemático do título é igual a β multiplicado pelo desvio padrão do retorno de mercado. O Risco não-sistemático é igual ao desvio padrão dos resíduos. Risco Não-Sistemático= DP (ε) Uma vez conhecida as medi- das de risco sistemático para um ativo individual, nós podemos agora analisar o risco sistemático de uma carteira. Ele é igual ao fator beta da carteira, β, multiplicado pelo índice de risco do mercado, DP (R m - Rf ). O fator beta da carteira pode ser obtido facilmente através do beta dos ativos individuais que são inclu- ídos. Ele consiste no somatório dos belas de cada ativo individual pon- derado pela proporção de cada ativo na carteira:Onde: Portanto, o risco sistemático de uma carteira, é simplesmente uma média ponderada do valor de mercado do risco sistemático dos ativos que a compõem. Isto nos leva que um portfólio composto por lo- dos os títulos deve possuir um beta igual a 1. Se o beta dos ativos exceder 1, ele está acima da média. 28 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 3. Uma Visão Alternativa de Risco e Retorno Arbi- trage Pricing Theory (APT) Fonte: www.creditooudebito.com.br3 CAPM (Capital Assei Princing Mode) foi durante muito tempo considerado o modelo ideal para a análise dos retornos dos dife- rentes ativos. Com apenas uma única equação foi capaz de respon- der inúmeras questões a respeito do comportamento do retorno dos ati- vos. Entretanto, o CAPM foi alvo de inúmeras críticas. A primeira delas vem de sua matriz teórica: a análise média-variância. Este tipo de análise requer a adoção de restrições sobre a distri- buição dos retornos ou sobre a fun- ção utilidade dos indivíduos que 3 Retirado em www.creditooudebito.com.br nem sempre são consistentes. Uma segunda crítica, a chamada crítica de Roll, ataca o CAPM pela sua incapa- cidade de ser testado empirica- mente. A impossibilidade de se ob- servar o portfólio de mercado e a crí- tica de que a real hipótese verificada nos testes propostos para o CAPM é a de que o portfólio de mercado é efi- ciente, levaram à conclusão que ne- nhum teste já feito foi realmente um teste da teoria do CAPM. O APT (Arbitrage Princing Mode) é um modelo teórico que se baseia na hipótese de não arbitra- gem e que se colocou como alterna- O 29 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO tiva teórica e empírica ao CAPM. A partir de uma hipótese sobre a gera- ção dos retornos dos ativos, a inexis- tência de arbitragem leva a uma re- lação linear entre os retornos dos ativos. Trata-se de um modelo de al- guma forma semelhante ao CAPM, pois estabelece uma relação linear entre os retornos esperados dos ati- vos, mas com hipóteses alternativas que respondem a algumas das críti- cas que podem ser feitas ao modelo tradicional. Do ponto de vista teórico, o modelo APT, diferentemente do CAPM, não necessita de hipóteses acerca da distribuição dos retornos dos ativos nem sobre a estrutura de preferências dos individuas. A rela- ção estabelecida pelo CAPM é alcan- çada pela hipótese de que a econo- mia está em equilíbrio. O APT, em contrapartida, vale também para si- tuações de desequilíbrio, bastando não haver na economia oportunida- des de arbitragem. O APT responde também a certas questões empíricas não resol- vidas pelo CAPM. Ao descartar a ideia de portfólio de mercado, o APT deixa de lado a discussão sobre como identificá-lo e sobre como tratá-lo nos estudos empíricos. Também abre espaço para a discus- são dos fatores macroeconômicos que afetam os retornos esperados dos ativos em conjunto, só captados parcialmente pelo CAPM através do fator portfólio de mercado. 3.1 - O modelo Antes de iniciarmos a apresen- tação do modelo, faremos um breve resgate de alguns conceitos relacio- nados a risco. Para tornarmos esta exposição mais concreta, considere- mos o retorno das ações da IBM. O que determinará a taxa de retorno para uma ação da IBM no próximo mês? A taxa de retorno de qualquer ação negociada no mercado finan- ceiro, é formada por duas partes. A primeira é o retorno esperado ou normal, o qual é previsto pelos in- vestidores. Ele depende de todas as informações possuídas sobre a em- presa, e, utiliza tudo aquilo que se acredita que exercerá influência so- bre as ações da empresa. A segunda parte, consiste no retorno incerto ou inesperado da ação. Esta parcela é atribuível à in- formação que será revelada durante o mês; informações como: a desco- berta de uma nova tecnologia de in- formação por parte da IBM; ou o afastamento inesperado de seu pre- 30 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO sidente; ou ainda, medidas governa- mentais de incentivo ao setor de in- formática; dentre outras. Portanto, um modo de repre- sentar a taxa de retorno de uma ação da IBM, em um mês, por exemplo, poderia ser dado da seguinte forma: Onde R é a taxa de retorno no mês, ˉR é a parcela de retorno espe- rado e U indica a parcela de retorno inesperada. Neste ponto, vale a pena enfa- tizarmos que novas notícias ou in- formações que irão ocorrer ao longo do mês, como por exemplo, o anún- cio de um índice de inflação ou de desemprego, podem não represen- tar uma nova informação aos agen- tes econômicos. Isto ocorre, devido ao fato dos participantes do mer- cado possuírem expectativas, e estas já estarem embutidas no retorno es- perado. Por exemplo, se os agentes esperam o anúncio de um índice de inflação na ordem de 1% ao mês, esta informação já estará anexada ao re- torno esperado. Com isto, à medida que o ín- dice é divulgado, e condiz com as ex- pectativas, não exercerá nenhum efeito sobre o retorno. Entretanto, se for divulgada uma taxa de inflação de 2%, esta notícia afetará a parte inesperada do retorno, pois, não condiz com as expectativas, repre- sentando, desta forma, uma nova in- formação com um elemento inespe- rado de surpresa. Portanto, as novas notícias ou informações geradas no decorrer do período de análise, podem conter uma parte esperada e também um elemento de surpresa, o qual afetará o retorno inesperado da ação da em- presa. Desta forma, as novas infor- mações geradas carregam consigo elementos de risco. Os riscos de um determinado ativo, como as ações da IBM, carre- gam dois tipos de risco: risco siste- mático e risco não sistemático. Estes conceitos também são utilizados no modelo CAPM, e foram expostos no capítulo inicial. No en- tanto, faremos uma breve recorda- ção. O risco sistemático é aquele que afeta a maioria dos ativos, com maior ou menor intensidade. A in- certeza quanto às condições de eco- nômicas gerais - representadas pelo PIB, taxa de juros e taxa de inflação -é um exemplo de risco sistemático. O segundo componente de risco, afeta especificamente um único ativo, ou um pequeno grupo de ativos. O anúncio de uma nova es- tratégia por parte de uma firma, p. e., afeta especificamente aquela firma e seus concorrentes. 31 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 3.1.1 -Modelo Fatorial Como posto anteriormente, os riscos sistemáticos influenciam a maioria dos ativos, porém, com dife- rentes magnitudes. A influência deste risco sistemático sobre um de- terminado ativo, é representado pelo coeficiente beta (β). Ele nos mostra qual é a reação da taxa de re- torno a um determinado fator de risco. Vale lembrar que no modelo CAPM, o beta mede a sensibilidade da taxa de retorno a um fator de risco específico, o retorno da car- teira de mercado. A relação de um ativo com um determinado fator de risco pode ocorrer das seguintes maneiras: Portanto, se um determinado ativo é afetado por três fatores como, taxa de inflação, taxa de crescimento do PIB e taxa de juros, devemos de- compor o risco sistemático entre es- tes fatores. Podemos escrever seu re- torno da seguinte maneira: Onde representam os coeficientes belas dos fatores F1, F2 e F3. Apresentaremos agora um exemplo, com o intuito de ilustrar- mos melhor este modelo. Iremos supor um retorno no prazo de um ano e inflação prevista de 5%. O crescimento esperado do PIB é de 2% e acredita-se que a taxa de juros se mantenha constante no período. Adicionalmente, existe a pre- visão de que o retorno esperado do ativo seja de 4%. Para cada fator, te- mos os seguintes coeficientesbeta: Entretanto, ao chegarmos ao fim do ano, encontramos o seguinte cenário inflação na casa de 7%, cres- cimento do PIB na magnitude de 1% e queda das taxas de juros em 2%. Além disto, ocorreu uma boa notícia sobre a empresa, o que contribuiu para um incremento de 5% em seu 32 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO retorno. Qual é a taxa de retorno? Primeiramente, devemos determi- nar as surpresas ocorridas nos fato- res de risco: Inflação- F1 = Resultado Final- Va- lor esperado= 7%- 5% => F1 = 2% Crescimento do PIB- F2 = Res. Fi- nal- Valor esperado= 1%- 2% => F2 = -1% Variação no Juros- F3 =Variação Fi- nal- Variação esperada = -2%- O% => F3 = -2% Além disto, ocorreu uma vari- ação no risco não sistemático. Logo ε = 5% Aplicando a fórmula acima temos: Ao generalizarmos a equação, para um número k de fatores, temos o que é conhecido como modelo fa- torial. Os pesquisadores ainda não estão de acordo quanto a quais fato- res de risco aplicar a cada ativo. Na prática, utiliza-se geralmente um modelo de um único fator para todos os retornos; adotando em geral um índice de mercado de ações. Ao usar- mos o modelo de um único fator, po- demos expressar os retornos da se- guinte maneira: Quando há somente um fator, e este fator é equivalente ao retorno de uma carteira teórica de mercado, como um índice de ações, o modelo é conhecido como modelo de mer- cado. 33 34 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 4. Gerenciamento de Risco nas Instituições Finan- ceiras Fonte: www.euqueroinvestir.com4 m todas as crises econômicas mundiais já vividas, grande parte dos administradores das instituições financeiras mundiais vem tomando ciências que necessitam de maiores controles financeiros para poderem melhor mitigar os riscos inerentes aos seus investimentos, evitando prejuízos que podem ser irreversíveis para instituição. 4 Retirado em www.euqueroinvestir.com O gerenciamento financeiro e a mensuração de lucro, até então com base na contabilidade por regime de competência, deram lugar ao gerenciamento de risco calçado na avaliação de posições Mark-to- market (valor de mercado) com a implantação de frequentes reava- liações. Os administradores se tornaram mais preocupados em captar rapidamente e estimar efeito E 35 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO potencial das alterações de mercado no valor de suas posições de carteira. Os administradores vêm ao passar dos anos aperfeiçoando suas técnicas e buscando melhores ferramentas para servir de auxílio nos seus investimentos, para que possam ter melhor acompa- nhamento do mercado e terem mais segurança nas operações realizadas, logo podendo ter os melhores investimentos e gerando um maior controle dos riscos e melhores resultados. Sendo assim é de extrema importância uma informação correta e precisa, pois, através da geração da melhor informação os administradores podem tomar suas decisões com mais precisão, evitando erros que podem resultar em perdas financeiras. As instituições financeiras são participantes ativas do mercado e tem suas particularidades na leitura dos acontecimentos internos e externos que podem impactar ou não na carteira de ativos. E é através dos seus administradores que tem a responsabilidade de se tomar a decisão final, mas essa decisão deve ser embasada com o auxílio de conjunto de departamentos que colhem as informações, estudam, planejam e mitigam até poderem ter a certeza para tomada de uma melhor decisão. Logo cada participante do mercado, procura uma melhor maneira de aplicar seus recursos, para que possam levar vantagens sobre a volatilidade do mercado, uma vez que se tem como objetivo em melhorar cada vez mais seus investimentos. A gestão de risco, tem como finalidade de gerenciar os riscos que uma instituição pode correr em seus investimentos e vai, além disso, pois é uma ferramenta que lhe proporciona limitar os riscos que podem ser ocorridos, margeando em percentual de ganho, de risco, de volatilidade. Value At Risk (VAR) – Valor em Risco O gerenciamento de risco de mercado faz uso de inúmeras ferramentas para melhor mitigação do risco inerente a cada operação realizado no mercado financeiro, como já relatado neste estudo sobre os riscos que compõem o risco de mercado. A aplicação do risco pode ser quatro diferentes tipos de mercado sendo: Mercado Acionário, Mercado de Câmbio, Mercado de Juros e Mercado de Commodities (Agropecuárias), dentre os diversos métodos de estimação de risco de mercado o mais comum usado na gestão do risco para mensurar 36 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO possíveis perdas no mercado financeiro é o Value-at-Risk (VaR). As crises financeiras já ocorridas no mundo, é que levaram a grandes perdas financeiras e quebra de algumas instituições, teve como parcela a falta de conhecimento dos riscos que estavam envolvidos nas operações, sem controles adequados e boa administração de risco. O termo Value at Risk surgiu no final dos anos 1980 e Till Guldimann pode ser considerado o criador dele, quando era responsável pela pesquisa global do J.P. Morgan. Neste período tinha como preocupação de gerenciar os riscos em operações com derivativos, e começou a se ter a ideia de mensurar os valores em risco nas operações, ao invés de apenas se importar com os retornos que se esperava sobre os investimentos. Foi quando G-30, grupo formado por representantes do setor financeiro público e privado e por membros do ambiente acadêmico, organizou um evento para discutir princípios ótimos de administração do risco e o termo Value at Risk foi introduzido no relatório do G-30 publicado em julho de 1993. Depois desses encontros e de várias discussões, surgiu essa importante ferramenta que foi sendo aperfeiçoada ao passar dos anos e usada até os dias de hoje. O surgimento desta técnica, hoje é considerado como uma importante ferramenta na gestão de risco de mercado, é foi dado o nome de Value at Risk (VaR) com o conceito de estimação da perda máxima esperada, dentro de um período de tempo e a um dado nível de confiança. O VaR é um determinado valor que representa, para uma carteira de ativo, a perda máxima esperada proveniente dos riscos de mercado para um período de tempo pré-estabelecido e com uma possibilidade de ocorrência. O gestor de risco procura prever estatisticamente a variação máxima do valor de mercado de um portfólio num tempo “n” pré-estabelecido, uma vez que o período estabelecido pode ocorrer à liquidação da posição. Medida de perda máxima estimada em valor de mercado, de uma dada posição, que se poderá incorrer até que a posição seja neutralizada. A praticidade do VAR, é a sua utilização e útil em uma série de propósitos: Fornece informações dos riscos de uma operação, sendo de uma utilidade para alta gerência e acionistas; Define limites para as opera- 37 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO ções, ajudando na decisão aonde se alocar o capital disponível; Estabelecimento de uma associação entre o desem- penho dos operadores e o risco por eles assumidos. O primeiro passo para medir o VAR se dá através da escolha do horizonte temporal e do nível de confiança. Com estas duas variáveis em posse, de certa forma, arbitrárias e essas escolhas devem ser orientadas de acordo com o objetivo no qual o indivíduo e ou instituição pretende com VAR. Fonte: avozdacidade.com O uso da estatística é de estrema importância para estimar o VAR, poisé através de estimativas estatística baseada em dados históricos o número obtido, deverá ser interpretado com conhecimento de algumas variáveis, sendo: prazo considerado na computação do VAR; o horizonte de tempo abrangendo os dados históricos; período da posição (holding period); a qualidade das correlações, quando o VAR envolver múltiplos instrumentos; e o intervalo de confiança usado. VAR Absoluto e VAR Relativo, tendo como definição do VaR Absoluto em sua composição em unidades monetárias ($) da sua perda máxima esperada em determinado período de tempo com certo nível de confiança e em condições onde o mercado se encontra-se normal e dada em termos absolutos a partir do valor atual do investimento. 38 38 39 ANÁLISE DE RISCO NO MERCADO FINANCEIRO 39 5. Referências Bibliográficas BERTOLO, L. A. Análise de Risco na Ava- liação de Investimentos. 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