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Iniciação à Flauta Doce

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Instrumento: InIcIação à 
Flauta Doce
Prof. Welington Tavares dos Santos
Prof.ª Pamela Lopes Nunes
Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. Welington Tavares dos Santos
Prof.ª Pamela Lopes Nunes
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
SA237i
 Santos, Welington Tavares dos
 Instrumento - iniciação à flauta doce. / Welington Tavares dos Santos; 
Pamela Lopes Nunes. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 202 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0332-4
1. Flauta doce - Instrução e estudo. – Brasil. I. Nunes, Pamela Lopes. II. 
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 780.7
III
apresentação
Caro acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina “Instrumento: Iniciação 
à Flauta Doce”! A flauta doce é um instrumento de sopro muito antigo e 
bastante popular, cuja sonoridade suave e melodiosa causa encantamento 
entre pessoas de diferentes idades. Considerada como um instrumento de 
fácil aquisição e utilizada largamente no processo de iniciação musical, 
aprender a tocar flauta doce exige técnica e tempo de estudo.
Nesse contexto, a iniciação à flauta doce pode ser considerada uma 
oportunidade significativa de profissionalização instrumental, bem como 
uma estratégia para aprofundar conceitos importantes relacionados aos 
estudos de teoria e performance musical. A disciplina tem, portanto, um 
duplo objetivo: refletir sobre a importância da flauta doce como instrumento 
potencializador do processo de ensino e aprendizagem e orientar o percurso 
inicial de estudo e técnica instrumental.
A primeira unidade abordará o contexto histórico da flauta doce, 
origem, desenvolvimento do instrumento, mudanças de sonoridade, 
transformações que surgiram com a incorporação de novas tecnologias e 
seus usos nas produções musicais contemporâneas. Com igual importância 
também serão tratadas as temáticas relacionadas aos usos da flauta doce em 
diferentes contextos, bem como as estratégias que podem auxiliar o estudo 
individual e/ou em grupo.
Na segunda unidade iniciam-se as atividades de prática musical 
utilizando a flauta doce soprano. Nesse sentido é proposto uma série de 
exercícios técnicos para desenvolver maior consciência e controle da postura, 
embocadura, respiração, sonoridade e dedilhado da flauta doce. Por meio das 
atividades propostas será possível executar melodias de baixa complexidade 
individualmente e em grupo. Essa unidade também apresenta propostas 
didáticas para o uso da flauta doce em sala de aula.
Na terceira unidade, aprofundam-se as atividades práticas com a 
flauta soprano, apresentando melodias de média complexidade, além de 
dicas e sugestões para seleção e organização de músicas para ampliação do 
repertório pessoal de flauta doce. Essa unidade foi especialmente estruturada 
para auxiliar os estudos individuais em preparação para as atividades em 
grupo. Os trechos melódicos utilizados são do cancioneiro popular infantil 
com arranjos para duetos de flautas, trios ou quartetos.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
A disciplina de “Instrumento: Iniciação à Flauta Doce” apresenta um 
conjunto de informações que exigirão dedicação e estudo com a flauta doce, 
no entanto, o processo de aprendizagem em qualquer instrumento musical 
também exige paciência e persistência, elementos essenciais para atingir a 
excelência do aprendizado musical. 
Bons estudos!
Prof. Welington Tavares dos Santos
Prof.ª Pamela Lopes Nunes
NOTA
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE ..................................... 1
TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE ........................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 BREVE HISTÓRIA DA FLAUTA DOCE ......................................................................................... 3
3 REPERTÓRIO DA FLAUTA DOCE NOS DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS ........... 5
3.1 ANTIGUIDADE ............................................................................................................................... 6
3.2 RENASCIMENTO ........................................................................................................................... 7
3.3 IDADE MODERNA ......................................................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 18
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 – FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO MUSICALIZADOR ............................ 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21
2 O QUE É PERFORMANCE MUSICAL? ........................................................................................... 21
2.1 A PERFORMANCE DA FLAUTA DOCE NOS DIAS ATUAIS ................................................ 23
3 FLAUTA DOCE E SEUS USOS .......................................................................................................... 25
4 FLAUTA DOCE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO MUSICAL ....................................... 27
4.1 CONTEXTOS DE ENSINO ............................................................................................................ 29
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 32
TÓPICO 3 – ENSINO COLETIVO DE FLAUTA DOCE ..................................................................35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 METODOLOGIA DO ENSINO DA FLAUTA DOCE ................................................................... 35
2.1 OBJETIVOS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA .................................................................................. 37
2.2 FLAUTA DOCE COMO RECURSO DIDÁTICO ........................................................................ 40
3 A AULA DE FLAUTA DOCE .............................................................................................................. 42
3.1 ESTRATÉGIAS DE ESTUDO PARA PEQUENO E GRANDE GRUPO ................................... 46
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 50
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52
UNIDADE 2 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO TÉCNICO DA FLAUTA DOCE ......................... 55
TÓPICO 1 – ASPECTOS GERAIS INTRODUTÓRIOS À PRÁTICA DO INSTRUMENTO ..... 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
2 FAMÍLIA DA FLAUTA DOCE E SUAS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS ..................... 57
2.1 FLAUTA DOCE SOPRANO ........................................................................................................... 59
2.2 FLAUTA DOCE SOPRANINO ...................................................................................................... 60
2.3 FLAUTA DOCE CONTRALTO ..................................................................................................... 61
2.4 FLAUTA DOCE TENOR ................................................................................................................. 62
2.5 FLAUTA DOCE BAIXO ................................................................................................................. 63
sumárIo
VIII
3 ASPECTOS TÉCNICOS PARA TOCAR FLAUTA DOCE ............................................................ 65
3.1 POSTURA ........................................................................................................................................ 65
3.2 EMBOCADURA ............................................................................................................................... 67
3.3 ARTICULAÇÃO DA LÍNGUA ..................................................................................................... 67
3.4 SONORIDADE ................................................................................................................................ 68
3.5 RESPIRAÇÃO ................................................................................................................................. 69
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 71
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 72
TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO: LEITURA MELÓDICA UTILIZANDO A FLAUTA DOCE ....... 75
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75
2 DIGITAÇÃO OU DEDILHADO ....................................................................................................... 75
2.1 POSIÇÕES NA FLAUTA DOCE SOPRANO ............................................................................... 79
2.2 MÃO ESQUERDA (SOL - LÁ - SI - DÓ) ....................................................................................... 82
2.3 MÃO DIREITA (DÓ - RÉ - MI - FÁ) ............................................................................................. 84
3 EXECUÇÃO DE EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS ....................................................................... 85
4 PRESERVAÇÃO E CUIDADOS COM A FLAUTA DOCE ........................................................... 92
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 94
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95
TÓPICO 3 – EXECUÇÃO: PRATICANDO FLAUTA DOCE SOPRANO ..................................... 97
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97
2 ESTUDOS INDIVIDUAIS .................................................................................................................. 97
3 ESTUDOS EM DUPLA E TRIOS ....................................................................................................... 100
4 JOGOS E BRINCADEIRAS MUSICAIS EM SALA DE AULA ................................................... 101
4.1 ECOS RITMICOS E MELÓDICOS ................................................................................................ 105
4.2 OSTINATOS ...................................................................................................................................... 106
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 112
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 114
UNIDADE 3 – PRÁTICA MUSICAL ................................................................................................... 117
TÓPICO 1 – REPERTÓRIO PARA PRÁTICA DE FLAUTA DOCE .............................................. 119
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 119
2 ESCOLHA DO REPERTÓRIO DE FLAUTA DOCE ...................................................................... 119
2.1 CANTIGAS DE RODA ................................................................................................................... 123
2.2 ACALANTOS ................................................................................................................................... 130
3 JOGOS DE IMPROVISAÇÃO ........................................................................................................... 136
3.1 BLOCOS CRIATIVOS ...................................................................................................................... 138
3.2 SONORIZAÇÃO DE HISTÓRIAS ................................................................................................. 140
3.3 CONTO SONORO ........................................................................................................................... 141
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 143
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 145
TÓPICO 2 – PRÁTICAS METODOLÓGICAS DO ENSINO DA FLAUTA DOCE ................... 147
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 147
2 MÉTODO SUZUKI VOLTADO À FLAUTA DOCE ...................................................................... 148
2.1 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS ............................................................................................................150
2.2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 151
2.3 PROPOSTAS DE ATIVIDADES ..................................................................................................... 152
IX
3 A ABORDAGEM C(L)A(S)P COMO NORTEADORA DE UM ENSINO MUSICAL 
INTEGRAL ............................................................................................................................................. 154
3.1 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS ............................................................................................................ 154
3.2 CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE 
 FLAUTA DOCE ................................................................................................................................ 155
3.3 COMPOSIÇÃO ................................................................................................................................. 156
3.4 TÉCNICA E EXECUÇÃO ............................................................................................................... 157
3.5 APRECIAÇÃO .................................................................................................................................. 158
3.6 PERFORMANCE ............................................................................................................................. 159
3.7 LITERATURA ................................................................................................................................... 161
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 163
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 165
TÓPICO 3 – PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS PARA ENSINO E APRENDIZAGEM 
 DA FLAUTA DOCE .......................................................................................................... 167
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 167
2 EDUCAÇÃO MUSICAL CONTEMPORÂNEA .............................................................................. 168
2.1 HANS-JOACHIM KOELLREUTTER ........................................................................................... 169
2.2 CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE 
 FLAUTA DOCE ................................................................................................................................ 171
2.3 RAYMOND MURRAY SCHAFER ................................................................................................. 173
3 CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE 
 FLAUTA DOCE ..................................................................................................................................... 175
3.1 EXPLORANDO AS POSSIBILIDADES SONORAS DA FLAUTA DOCE ............................... 178
3.2 JOGOS DE ESCUTA ........................................................................................................................ 181
3.3 SONORIZAÇÃO DE TEXTOS, IMAGENS E PAISAGENS ....................................................... 182
3.4 COMPOSIÇÃO PARA FLAUTA DOCE ....................................................................................... 183
3.5 ELABORANDO UMA PARTITURA PARA FLAUTA DOCE COM NOTAÇÃO 
 NÃO CONVENCIONAL ............................................................................................................... 184
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 189
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 191
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 192
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 193
X
1
UNIDADE 1
HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA 
FLAUTA DOCE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer a história da flauta doce desde sua origem até a contemporaneidade 
e os diferentes repertórios utilizados em cada período histórico;
• refletir sobre a utilização dinâmica e significativa da flauta doce no 
processo de ensino e aprendizagem em música;
• aprofundar conceitos referentes ao estudo de flauta doce e os elementos-
chaves sobre o trabalho pedagógico musical para sala de aula;
• conhecer as possibilidades de uso da flauta doce em diferentes contextos 
de ensino;
• estudar os conceitos de musicalidade e performance musical em flauta 
doce;
• refletir sobre estratégias e metodologias de estudo, seleção e organização 
de repertório para flauta doce;
• conhecer dicas e propostas tanto para o estudo como para o ensino 
coletivo de flauta doce.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
TÓPICO 2 – FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO MUSICALIZADOR
TÓPICO 3 – ENSINO COLETIVO DE FLAUTA DOCE
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA 
DOCE
1 INTRODUÇÃO
A flauta doce é um instrumento com uma vasta história, perpassando 
diferentes períodos, cada um com um significado e importância distinta. Em 
seus primeiros registros pela história da humanidade foi muito difundida, 
principalmente na Europa, hoje pode-se distribuir esta função musical pelo 
mundo todo, não só pela utilização performática em músicas de câmara e 
concertos solistas, mas como recentemente descoberta como um ótimo meio para 
a iniciação musical formal. 
Há muito tempo a flauta foi considerada um instrumento quase que 
exclusivo para repertório de música antiga, porém, a reconstrução estética 
da música proporcionou um olhar diferente para o instrumento, tanto que, 
hoje existem mais de cinco mil composições contemporâneas para flauta doce 
(GROSMANN, 2011).
Neste tópico, você conhecerá mais da história da flauta doce, sua origem 
e desenvolvimento desde a antiguidade até a contemporaneidade. Além disso, 
também serão apresentadas informações sobre pesquisas pela busca por novos 
timbres e sonoridades, que resultaram na inserção desse instrumento no ambiente 
da música erudita contemporânea. 
Tais informações poderão contribuir de modo significativo no processo de 
formação em música, pois ajudará a compreender historicamente o valor desse 
instrumento que se reinventou no decorrer de vários séculos de existência.
 
2 BREVE HISTÓRIA DA FLAUTA DOCE
A flauta doce, conhecida também como flauta de bisel (posição do orifício 
responsável pela produção do som) é considerada um dos instrumentos mais 
antigos da história. Acredita-se que as primeiras flautas construídas eram feitas 
de ossos e presas de animais. 
Recentemente, pesquisadores das Universidades de Oxford e Tübingen 
encontraram o fragmento de quatro flautas numa caverna de um sítio arqueológico 
em Swabia sudoeste da Alemanha, estas eram feitas de ossos de aves e presas de 
mamutes, estimam que o instrumento data cerca de 42 mil anos, nos revelando que 
nossos ancestrais neandertais já faziam música através da flauta (RIBAS, 2009).
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
4
FIGURA 1 – FLAUTA DE OSSO ANIMAL
FONTE: <https://hypescience.com/wp-content/uploads/2009/06/flauta-prehistorica-grande.
jpg>. Acesso em: 20 set. 2018.
Para localizarmos a utilização da flauta doce durante a evolução musical, 
vale lembrar os períodos históricos da música ocidental. De acordo com Gama 
(2005), a música Ocidental pode ser divididaem períodos, de acordo com a 
quantidade de instrumentos e com o estilo da música. As datas são apenas 
indicativas, pois entre um período e outro há sempre uma transição.
• Idade Média (música medieval), até 1450.
• Renascimento, 1450-1600.
• Barroco, 1600-1750.
• Classicismo, 1750-1810.
• Romantismo, 1810-1900.
• Moderno, 1900-2000.
• Contemporâneo, 2000 até os dias atuais.
Apesar da flauta doce ser o instrumento datado mais antigo, e ter sua 
utilização até os dias atuais, sua performance não se estendeu por todos 
os períodos históricos. Durante a Renascença e o Barroco, a flauta doce foi 
amplamente desenvolvida e utilizada para as mais diversas finalidades: religiosa, 
danças, festas, eventos de cunho político etc. 
A partir de 1750, com a exploração de diferentes técnicas e a busca por novas 
sonoridades, a história da música ganha um cunho diferente com o surgimento 
dos instrumentos de orquestra com mais recursos sonoros e ressonância, a flauta 
doce foi caindo em desuso por não possibilitar uma tessitura e ressonância amplas 
diante os demais instrumentos.
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
5
Após 150 anos praticamente em silêncio, a flauta doce reapareceu no 
cenário musical, através do trabalho de músicos e colecionadores de instrumentos 
e música antiga. Ganhando um caráter totalmente diferente do adotado no 
renascimento e barroco, através da música moderna, a flauta doce é utilizada 
como instrumento executante de músicas com técnicas estendidas. 
Logo após esta redescoberta, começa então sua utilização também como 
instrumento para educação musical coletiva, fazendo com que a flauta fosse 
novamente adotada como instrumento de performance (BENASSI, 2013).
A pergunta que se faz desde criança referente à flauta doce é: “por que 
ela é chamada de flauta doce?” A história da flauta doce está ligada à origem do 
seu nome em inglês: RECORDER, que vem do latim RECORDARI, que significa 
lembrar, recordar, trazer à memória. Em italiano a palavra RICORDO também 
significa lembrança, memento; e daí, talvez a primeira referência à flauta doce 
num livro de contas do Rei Henrique IV, em 1388, por pagar uma “fístula nomine 
ricordo” (uma flauta chamada ricordo) (LANDER, 1996).
Por não termos instrumentos desta época que tenham chegado aos nossos 
dias, as nossas fontes de informação são as gravuras em madeira ou pedra, 
desenhos em manuscritos e referências ao instrumento na literatura antiga, por 
exemplo, no romance “Squyr of Lowe Degre” (c. 1400), no qual aparece como 
“dulcet pipes”, provavelmente o nome da flauta doce no século XIV e também 
provavelmente do francês flûte douce (LANDER, 1996).
Note-se que esse mesmo instrumento recebe outras denominações 
conforme a região ou o período histórico: Na França tem o nome flûte a bec (flauta 
de bico), na Alemanha, Blockflöte (flauta de bloco), em Portugal flauta de bizel e 
recorder (gravador) em países de língua inglesa.
Em geral, a flauta doce assim é chamada por causa de sua sonoridade 
melodiosa, suave e harmônica, características atribuídas aos instrumentos 
musicais torneados em madeira. 
3 REPERTÓRIO DA FLAUTA DOCE NOS DIFERENTES 
PERÍODOS HISTÓRICOS
Assim como a cultura no geral, a evolução da estética musical se modificava 
a cada período, novos materiais eram utilizados para a construção da flauta doce, 
dos ossos dos neandertais às resinas modernas, a evolução traz a necessidade 
de adaptação de novas técnicas, o belo é construído culturalmente a partir dos 
recursos e necessidades de cada período. Assim, convidamos você a conhecer um 
pouco do estilo e repertório utilizado em diferentes períodos históricos.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
6
3.1 ANTIGUIDADE
Não há registros documentais de peças musicais nesse período. Contudo, 
a ilustração mais antiga e incomparável seja a de uma flauta doce que está no “The 
Mocking of Jesus” de data aproximada a 1315. 
FIGURA 2 – THE MOCKING OF JESUS (A ZOMBARIA DE JESUS)
FONTE: <https://i0.wp.com/musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/
instrumentos/flauta_doce_01.jpg>. Acesso em: 10 dez. 2018.
É um afresco da Igreja de Staro Nagoricvino, perto de Kumanova na 
Youguslávia - Macedônia, pintada pela casa de pintores Michael e Eutychios 
no qual um músico toca uma flauta de tubo cilíndrico, com o window/labium 
claramente visível, e ao pé da qual há um buraco aberto para o dedo mindinho.
Outras ilustrações de tubos semelhantes ao que hoje conhecemos como flauta 
doce aparecem em ilustração antigas como a Dança de Salomé (cerca de 1020 d.C.). 
FIGURA 3 – HILDESHEIM, DOM, CHRISTUSSÄULE – SALOME DANCING
FONTE: <https://www.alamy.com/stock-photo-dance-of-salome-romanesque-bronze-relief-on-
the-bernward-column-bernwardssule-173552882.html>. Acesso em: 25 dez. 2018.
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
7
A obra, também conhecida como a Coluna de Bernward, constitui-se de um 
elenco de bronze da Catedral de Hildesheim (Alemanha), na qual Salomé dança 
ao acompanhamento de um estreito tubo cilíndrico que tem quatro buracos 
visíveis, os mais baixos ligeiramente deslocados. Este instrumento é segurado 
com as duas mãos e na parte de cima há uma pequena abertura (window). O bocal 
é de bico moldado, e o tocador (um homem) não tem a característica de bochechas 
sopradas dos tocadores de shawm.
FIGURA 4 – PILAR DA IGREJA BOUBON-L’ACHAMBAULT, ST GEORGE, FRANÇA
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/25185/a-historia-da-flauta-doce/>. Acesso em: 25 
abr. 2019.
Há vários outros exemplos do século XI, inclusive uma escultura do 
décimo primeiro século que descreve os músicos em um pilar de pedra na igreja 
Boubon-l’Achambault, St. George, França (repr. Thomson 1974) que mostra um tubo 
parecido que pode ser uma flauta-tubo, flageolet, ou flauta doce, acompanhada 
por rabeca e harpa (LANDER, 2000).
Shawm é um instrumento de sopro de cana cônica de dupla palheta, fabricado 
na Europa desde o século XII. Atingiu o seu pico de popularidade durante os períodos 
medieval e renascentista.
NOTA
3.2 RENASCIMENTO
Registros históricos apontam que a produção de conjuntos de flautas doce 
e outros instrumentos em diferentes tamanhos ocorreu no século XV. A flauta doce 
desenvolvida nesse período ficou conhecida como flauta doce da Renascença, 
que alcançou seu apogeu em meados do século XVI (LANDER, 2000).
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
8
FIGURA 5 – FLAUTA DOCE MADEIRA – SÉCULO XV
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/instrumentos>. Acesso 
em: 10 dez. 2018.
Estas flautas doces têm uma escala limitada para uma oitava e um sexto, 
com timbre rico e de qualidade em nível dinâmico ao longo da escala. Elas eram 
fabricadas idealmente para um desempenho da música vocal e instrumental 
polifônica do século XV décimo quinto ao início do século XVII, misturando 
prontamente e em equilíbrio entre si com conjuntos inteiros ou contrastando em 
condições iguais com outros instrumentos renascentistas ou vozes (LANDER, 
2000).
De acordo com um estudo publicado por Polk (2005), no século XV, a 
flauta doce era utilizada por três diferentes categorias de executantes. A primeira 
delas, formada por músicos profissionais, que tocavam os instrumentos suaves, 
ou seja, que faziam música de câmara, na qual a flauta doce era empregada como 
instrumento único em um conjunto misto (TETTAMANTI, 2015).
A segunda categoria, compreendia os profissionais que trabalhavam 
nos grupos oficiais de charamelas, como os piffaride Veneza. Segundo Polk 
(2005, p. 19), tais músicos costumavam adquirir flautas doces em famílias e 
frequentemente são descritos, pelos relatos da época, tocando-as em conjuntos 
completos. O terceiro grupo é constituído pelos dilettanti, ou seja, músicos 
amadores, príncipes, aristocratas e membros das elites urbanas que, seguindo o 
ideal do cortesão perfeito, pois incluíam a música e diversas outras artes em sua 
educação (TETTAMANTI, 2015).
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE9
DICAS
Música de câmara é a música erudita composta para um pequeno grupo 
de instrumentos ou vozes que tradicionalmente podiam acomodar-se nas câmaras de um 
palácio. Atualmente, a expressão é usada para qualquer música executada por um pequeno 
número de músicos.
1. Sebstian Virdung (c. 1465-?): Música 
getutscht und ausgezogen (Strasburg e 
Basel, 1511). Dizia que as flautas doces 
eram geralmente feitas em três tamanhos: 
“diskant” em sol, tenor em dó e baixo em fá.
2. Martius Agricola (1486-1556): Música 
instrumentalis deudsch (Wittenberg, 1528 
e 1545). Mostrava 4 diferentes flautas: 
diskantus, altus, tenor e bassus.
3. Sylvestro GAnassi del Fontego (1492-?): 
Fontegara, la quale insegna di sonare di flauto 
(Veneza, 1535). Foi o primeiro livro de instruções 
para flauta doce. Nessa época o instrumento 
não tinha fabricação em série e ele adverte 
seu leitor para as possíveis modificações de 
dedilhados, principalmente nas notas agudas. 
Ele também trata de respiração, articulação 
e divisions (variações de complexidade 
crescentes para o intérprete executar).
4. Philibert Jambe de Fer (1515-1566): Epitome musical des tons, sons et accordz, es voix 
humaines, fleustes d’Alleman, fleustes a neuf trous, viole e violons (Lyons, 1556). Trata além 
da música em geral e da voz, da “fleutte d’Alleman ou des fleuttes a neuf trouz appellies par 
les italiens flauto”. Primeiramente ele fala sobre as diferenças da flauta doce e transversal, 
da pressão respiratória exigida pela flauta doce, dedilhados. Sobre a flauta de 9 furos uma 
tapeçaria da época nos mostra exemplos tocadas por canhotos. Esta flauta podia ser 
tocada por canhotos e destros cobrindo-se o furo não utilizado com cera.
NOTA
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
10
5. Michael PRAETORIUS (c.1571-1.621): 
Syntagma musicum (Wittenberg, 1615-19). 
Já nos mostra uma família de flautas doces 
bem maior, começando pela grande baixo 
em fá, baixo em si bemol, basset em fá, 
tenor em do, alto em sol, diskants em dó e 
ré, exilent em sol e até a garklein.
6. Marin MERSENNE (1588-1648): Harmonie 
Universelle (Paris, 1636). Divide as flautas 
em 2 grupos: o pequeno conjunto (4 pés) 
composto por um dessus (alto em fá), 
taille e hautcontre (tenores em do) e basse 
(basset em fá); e o grande conjunto (8 pés) 
composto por uma basset, 2 basses (si 
bemol) e 1 double bass (em fá).
FONTE: <http://www.helciomuller.mus.br/flauta-doce/historico/>. Acesso em: 10 dez. 2018.
Geralmente, a música escrita para conjuntos instrumentais, nessa época, 
não especificava que instrumentos deveriam ser utilizados, isso só ocorreria no 
final do século XVI e começo do século XVII. Pode ser citado como exemplo 
“consort lessons” de Thomas Morley (1557-1602), em 1599, uma “sonada a 3 fiauti 
et organo” com baixo contínuo (c. 1620), uma “sonatella a 5 flauti et organo” de 
Antonio Bertali (1605-1669) e uma “sonata a 7 flauti” de J. H. Schmelzer (1623-
1680) (MÜLLER, 2017).
Com relação ao repertório, o flautista deveria imitar a voz humana 
e aprender com ela, remetendo-nos para a origem vocal de grande parte do 
repertório instrumental de sua época.
Polk (2005), já em 1468, apresenta registros de músicos profissionais 
da corte de Borgonha que tocavam canções a várias vozes, incluindo em seu 
repertório versões instrumentais de famosas obras da época. Diversos relatos do 
final do século XV mencionam também os instrumentistas, cujo repertório incluía 
música sacra, secular. 
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
11
DICAS
Que tal ouvir uma pouco 
de música do período renascentista? 
Essa obra, Sola Soleta, originalmente 
composta para flauta e instrumentos 
de corda da época (alaúde, cittern e 
pandora), é de autoria do compositor 
italiano Girolamo Conversi. Acesse 
em: <https://youtu.be/vEm7opagnIg> 
e ouça essa belíssima composição do 
século XVI.
FONTE: <https://youtu.be/vEm7opagnIg>. Acesso em: 7 abr. 2019.
3.3 IDADE MODERNA
Durante o século XVII, a flauta doce foi completamente redesenhada 
para uso como instrumento solo. Antes feita em uma ou duas partes, era agora 
feita em três o que permitiu fazê-la com uma forma mais acurada. Foi feita uma 
furação mais precisa que feita anteriormente e tinha assim uma escala cromática 
precisa de duas oitavas e finalmente se alcançavam as duas oitavas e um quinto. 
FIGURA 6 – MODELO DE FLAUTA DOCE – SÉCULO XVII
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/instrumentos/flauta_
doce_09.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2018.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
12
Nesta forma a flauta doce sobreviveu como um instrumento profissional 
no século XVIII e como um instrumento amador de algum modo no século XIX, 
quando a flauta transversal ocupava lugar de destaque.
A flauta foi largamente utilizada na Renascença e no Barroco, períodos 
em que floresceu o seu uso na música de câmara. Mas inflexões de um novo 
estilo musical no Barroco exigiram dos instrumentos tessitura mais ampla, maior 
contraste dinâmico e maior flexibilidade para expressar totalmente o novo estilo. 
A flauta doce, por não apresentar tais características, foi esquecida pelos 
músicos e estudiosos da época. Seu declínio começou ainda no Barroco, mas foi 
em 1750 que ela desapareceu do cenário musical. 
 
Segundo Benassi (2013, p. 16), “por um período de 150 anos, a flauta ficou 
em silêncio”, ressurgindo no cenário musical no século XIX, graças ao trabalho 
de músicos, colecionadores e interessados em música e instrumentos antigos. Um 
deles, o mais importante, foi Arnold Dolmetsch, cuja contribuição não foi só em 
construir novamente o instrumento, mas também em difundi-lo.
 
Os precursores na composição de obras musicais de vanguarda para 
flauta foram os alemães e os holandeses. As primeiras peças contemporâneas 
escritas para flauta tiveram um caráter de experimentação que apresentaram 
resultados imediatos na performance dos principais flautistas da época, entre eles 
Michael Vetter e Frans Brügger. Mas esse novo repertório não foi grande nem 
interessante o suficiente para atrair e servir de base para uma carreira solista de 
novos instrumentistas.
O desenvolvimento do repertório da flauta durante as últimas 
três décadas tem sido, obviamente, o resultado dos esforços de 
alguns músicos dedicados, cujas ideias inovadoras provaram ser os 
catalisadores da mudança. Carl Dolmetsch tem sido uma das mais 
influentes personalidades no desenvolvimento da flauta, continuando 
o trabalho iniciado por seu pai Arnold Dolmetsch. Carl tem viajado 
o mundo difundindo o instrumento por meio de palestras, sempre 
acompanhado por outros membros da família que também se dedicam 
a flauta (BENASSI, 2013, p. 18). 
Outra figura de extrema importância para a flauta moderna é Frans 
Brügger, que é considerado um dos melhores flautistas da atualidade. De 
renome internacional, Brügger ganhou notoriedade como um dos mais influentes 
instrumentistas, sendo também a figura mais importante da flauta no século XX. 
 Foi a partir de meados do século passado que Brügger passou a desenvolver 
um estilo próprio de tocar a flauta, a partir de estudos de documentos históricos 
da Renascença e do Barroco. Seu estilo é amplamente difundido no mundo 
inteiro, tendo recebido as melhores críticas, pois é muito expressivo e flexível e 
tecnicamente muito apurado. 
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
13
Tem sido a principal influência no desenvolvimento do que é agora 
considerado como a escola "holandesa" de tocar, em que a maioria dos melhores 
flautistas de hoje e professores foram treinados.
No Brasil, o grupo de maior destaque é o Quinta Essentia Quarteto. Um dos 
principais representantes da prática Brasileira da flauta doce, o Quinta Essentia é fruto da 
experiência musical consolidada em festivais de música pelo Brasil. Ganhador de diversos 
prêmios, lançou seu primeiro álbum em 2008. Após concertos e divulgação do La Marca, o 
Quinta Essentia realizou a sua primeira turnêInternacional em 2009. 
NOTA
FONTE: <http://quintaessentia.com.br/>. Acesso em: 1 jan. 2019.
Graças às inovações técnicas e tecnológicas a flauta doce, na 
contemporaneidade, ganhou novas sonoridades, ampliando ainda mais as 
possibilidades de performance e execução musical. Esses recursos concederam 
ao instrumento novo status no campo da música seja em atividades solo, duetos 
ou com acompanhamento orquestral.
Um novo repertório surgiu, dando ao flautista doce uma opção de carreira 
no instrumento. Alguns pesquisadores, por exemplo, Franco e Landim, dedicam-
se a disseminar o uso da flauta doce por meio do projeto “Duo Brasil, música 
erudita brasileira para flauta doce e piano”.
Apesar das possibilidades atuais, segundo Benassi (2013, p. 14), 
[...] atualmente, o repertório de música contemporânea brasileira para 
a flauta ainda é pequeno. Ao ouvir gravações de parte desse repertório, 
pode-se constatar que as técnicas expandidas não são utilizadas, ou 
são utilizadas em pequena escala, ficando o uso restrito a pequenas 
passagens, graças ao tradicionalismo e apreço pela melodia lírica, 
conservada por alguns compositores. 
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
14
Não raramente alguns músicos desconhecem a produção para flauta doce 
para música contemporânea, sobretudo, porque permanece a tradição de utilizar 
esse instrumento em músicas antigas, barrocas e renascentistas. Já é possível 
adquirir flautas sonoramente mais potentes que permitem um maior controle de 
dinâmica.
 
Recentemente, o fabricante francês de flauta doce Philippe Bolton 
desenvolveu uma flauta doce eletroacústica para música contemporânea, jazz 
etc., que pode ser amplificada, ou tocada sem amplificação. Há um buraco no 
lado e ao topo da junta da cabeça na qual um microfone pode ser atarraxado 
(LANDER, 2000).
FIGURA 7 – FLAUTA DOCE ELETROACÚSTICA DE PHILIPPE BOLTON
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/instrumentos/flauta_
doce_25.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2019.
A flauta doce eletroacústica também pode ser conectada a um 
processador de efeitos, dando uma paleta de sons mais ampla para uso em 
música contemporânea, ou qualquer outro contexto no qual tal efeito pode ser 
útil. 
Para liberdade completa de movimento, um sistema sem fios substitui o 
cabo tradicional que conduz ao amplificador. Quando nenhuma amplificação é 
requerida, uma tomada especial pode ser conectada ao instrumento em vez do 
microfone, convertendo-a em uma flauta doce normal.
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
15
DICAS
Música das palavras para 
flautas eletroacústicas é uma composição 
coletiva de Marina Cyrino e Felipe Amorim. 
Essa obra foi composta em 2014 e tem 
como pano de fundo trechos do livro 
A Morte de Virgílio de Hermann Broch. 
Assista ao vídeo disponível em: <https://
youtu.be/pEpn-yjRCNM>. Acesso em: 7 
abr. 2019.
Um outro exemplo são os instrumentos de Sopro Eletrônicos (EWI) feitos 
por Akai, Casio, CSSSounds, Yamaha, entre outros. Eles são todos controlados 
pela respiração e vários equipados com buracos sensíveis à pressão, chaves ou 
blocos. Eles podem ser programados para produzir o som de quase qualquer 
instrumento, inclusive a flauta doce (LANDER, 2000).
FIGURA 8 – EWI DA YAMAHA
FIGURA 9 – LYRICON
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/instrumentos/flauta_
doce_26.jpg />. Acesso em: 26 abr. 2019.
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/instrumentos/flauta_
doce_27.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2019.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
16
Alguns equipamentos podem ser programados para tocar com as 
digitações de vários instrumentos acústicos. O primeiro EWI foi denominado 
de “Steinerphone” desenvolvido do Instrumento de Válvula Eletrônico (EVI ou 
trompete eletrônico) protótipo de Nyle Steiner. Steiner vendeu os protótipos depois 
a Akai que continuou o seu desenvolvimento. Outros antigos EWIs incluem o 
Lyricon da Computone Inc. (1972) e seus derivados, culminando nos sintetizadores 
Yamaha de sopro (LANDER, 2000).
A importação desses instrumentos eletrônicos ou de flautas doces 
modernas é muito onerosa, haja vista que sua venda por importadores 
atacadistas não é financeiramente interessante, restando ao mercado brasileiro 
particularmente, a opção de adquirir flautas convencionais de luthiers brasileiros 
ou de oficinas alemãs e japonesas (BENASSI, 2013).
DICAS
Tipos de flautas e suas características
As flautas são instrumentos de sopro que fazem parte da história há bastante tempo e 
ainda fascinam as várias gerações de músicos. Existem diversos tipos de flautas que, além da 
aparência diferenciada, emitem sons diversos e podem até exigir técnicas diferentes. 
FLAUTA TRANSVERSAL
Seu nome original é flauta ocidental de concerto, mas é conhecida como flauta transversal 
justamente pela maneira que é tocada (em posição transversal). Sendo um dos tipos de 
flautas mais conhecidos e usados atualmente, foi originalmente produzida em madeira, 
mas hoje é mais comum encontrá-la em metal na maioria das suas versões.
FONTE: <http://blog.multisom.com.br/wp-content/uploads/2018/02/2-sopro.jpg>. Acesso 
em: 10 jan. 2019.
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DA FLAUTA DOCE
17
FLAUTA PICCOLO
Também chamada de flautim, a flauta piccolo tem nome de origem italiana, que pode ser 
traduzido como “pequena flauta”. É bastante semelhante à flauta transversal, principalmente 
quanto ao sopro e ao dedilhado. A principal diferença, além do menor porte, é que o piccolo 
tem um tubo cônico (diferente do tubo das flautas mais modernas, que é cilíndrico) e 
consegue produzir sons mais agudos.
FONTE: <http://blog.multisom.com.br/wp-content/uploads/2018/02/3-sopro-768x432.
jpg>. Acesso em: 10 jan. 2019.
FLAUTA TRAVERSO BARROCO
O transverso barroco também é tocado de modo transversal, mas é diferente porque 
tem o seu uso mais limitado às músicas do período barroquino – o que define seu nome. 
É produzido em madeira e tem apenas uma chave. O instrumento foi, com o tempo, 
substituindo a flauta doce dentro das músicas de concerto.
FONTE: <http://blog.multisom.com.br/wp-content/uploads/2018/02/5-sopro.jpg>. Acesso 
em: 10 jan. 2019.
TIN WHISTLE
Traduzindo do inglês, significa “apito de latão”, o que remete aos materiais utilizados na sua 
fabricação: metais mais baratos, como o cobre e o níquel. Já o bico é feito de madeira ou 
plástico. A origem dessa flauta é irlandesa e apesar de ser muito semelhante à flauta doce, 
a diferença está na menor quantidade de orifícios do instrumento e no menor número de 
tonalidades que podem ser tocadas.
FONTE: <http://blog.multisom.com.br/wp-content/uploads/2018/02/7-sopro.jpg>. Acesso 
em: 10 jan. 2019.
18
Neste tópico, você aprendeu que:
• Há muito tempo a flauta foi considerada um instrumento quase que exclusivo 
para repertório de música antiga, porém, a reconstrução estética da música 
proporcionou um olhar diferente para o instrumento, tanto que, hoje existem 
mais de 5 mil composições contemporâneas para flauta doce.
• Em geral, a flauta doce assim é chamada por causa de sua sonoridade 
melodiosa, suave e harmônica, características atribuídas aos instrumentos 
musicais torneados em madeira. 
• Durante a Renascença e o Barroco, a flauta doce foi amplamente desenvolvida 
e utilizada para as mais diversas finalidades: religiosa, danças, festas, eventos 
de cunho político etc. 
• A flauta doce, graças às pesquisas e avanços tecnológicos, passou por 
transformações físicas e sonoras redefinido seus usos em repertórios de 
diferentes períodos históricos até chegar aos dias atuais.
• Não há registros documentais de peças musicais para flauta doce na 
antiguidade. Contudo, a ilustração mais antiga e incomparável seja a de uma 
flauta doce que está no “The Mocking of Jesus” de data aproximada a 1315.
• No período renascentista a flauta doce era utilizada por três diferentes 
categorias de executantes: músicos profissionais que faziam música de câmara;músicos que trabalhavam em grupos oficiais de charamelas, como os piffaride 
e os dilettanti, músicos amadores, príncipes, aristocratas e membros das elites 
urbanas.
• Com relação ao repertório, o flautista deveria imitar a voz humana e aprender 
com ela, remetendo-nos para a origem vocal de grande parte do repertório 
instrumental de sua época.
• Os precursores na composição de obras musicais de vanguarda para flauta 
foram os alemães e os holandeses. As primeiras peças contemporâneas 
escritas para flauta tiveram um caráter de experimentação que apresentaram 
resultados imediatos na performance dos principais flautistas da época, dentre 
eles Michael Vetter e Frans Brügger.
• Graças às inovações técnicas e tecnológicas a flauta doce, na contemporaneidade, 
ganhou novas sonoridades, ampliando ainda mais as possibilidades de 
performance e execução musical.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
1 Acredita-se que as primeiras flautas construídas eram feitas de ossos e 
presas de animais, portanto a flauta doce também é considerada um dos 
instrumentos mais antigos da história. Note-se que esse mesmo instrumento 
recebe outras denominações conforme a região ou o período histórico, das 
quais se destacam:
a. Flauta de bisel.
b. Flûte a bec (flauta de bico).
c. Blockflöte (flauta de bloco). 
d. Recorder.
Associe esses nomes à região a qual pertencem:
a) ( ) Alemanha.
b) ( ) Portugal. 
c) ( ) França.
d) ( ) Estados Unidos.
2 Polk (2005), já em 1468, apresenta registros de músicos profissionais da corte 
de Borgonha que tocavam canções a várias vozes, incluindo em seu repertório 
versões instrumentais de famosas obras da época. Diversos relatos do final 
do século XV mencionam também os instrumentistas, cujo repertório incluía 
música sacra e secular. Sobre esse período é correto afirmar:
I- A música escrita para conjuntos instrumentais nessa época trazia algumas 
especificações sobre quais instrumentos deveriam ser utilizados, essa 
prática se tornou mais efetiva no final do séc. XVI e começo do séc. XVII.
II- O flautista deveria imitar a voz humana e aprender com ela, remetendo-
nos para a origem vocal de grande parte do repertório instrumental de sua 
época.
III- No século XV, a flauta doce era utilizada por seis diferentes categorias de 
executantes.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
d) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
AUTOATIVIDADE
20
21
TÓPICO 2
FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO 
MUSICALIZADOR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A flauta doce é um dos instrumentos mais utilizados por instituições de 
ensino públicas ou privadas, em projetos sociais, ONGs ou igrejas no processo de 
iniciação musical.
A flauta doce na Renascença e no Barroco foi largamente utilizada e 
desenvolvida, período em que seu uso começou a declinar, até que em 1750 
desapareceu do cenário musical. Somente no século XIX, a flauta doce recuperou 
seu prestígio e passou a ser difundida por meio do ensino. 
Neste tópico, o foco principal é apresentar algumas informações sobre 
a flauta doce enquanto instrumento musical capaz de potencializar o processo 
de ensino e aprendizagem em música. Você terá a oportunidade de aprofundar 
conceitos importantes para o aprendizado de flauta doce, bem como elementos-
chave sobre o trabalho pedagógico musical em sala de aula. 
Também serão abordadas questões referentes aos usos da flauta doce e os 
diferentes contextos de ensino como forma de embasar futuras reflexões sobre 
seu papel como professor de música no processo de alfabetização musical, tendo 
como suporte a aprendizagem instrumental.
 
2 O QUE É PERFORMANCE MUSICAL?
Para tratar de performance musical é necessário que se tenha clareza de 
um outro conceito, o de musicalidade. Musicalidade é uma palavra comumente 
utilizada entre os profissionais da música, porém pouco se reflete sobre o seu 
significado para o contexto de ensino e aprendizagem.
O termo musicalidade é utilizado indistintamente em diferentes situações 
para referir-se à “habilidade”, “aptidão”, “potencial” ou até mesmo “talento” 
(HALLAN, 2006). Essa dificuldade em definir com precisão o significado do 
termo é devido ao fato de não haver na língua portuguesa uma expressão que 
possa traduzir do inglês palavras como musicality, algo próximo de “talento 
natural”, e musicianship, que pode ser entendido como “habilidade adquirida e 
sensibilidade”. 
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
22
Independentemente das tentativas de traduções, o importante é ter 
em mente que no processo de ensino e aprendizagem, musicalidade deve 
ser compreendida como um conhecimento que pode ser desenvolvido e 
potencializado na aula de música, pois é permeada por um conjunto de elementos 
inter-relacionados, os quais resultarão em uma performance musical expressiva 
(CUERVO, 2009, p. 54).
Com base nesse conceito, o de musicalidade, é possível perceber melhor 
a relação existente entre musicalidade e performance. Na performance o músico 
expressa uma maneira particular de interpretar e sentir a música, criando para 
si e para os ouvintes uma experiência subjetiva por meio da expressão musical.
Essa capacidade de expressão é o que classificamos de musicalidade, algo 
que pode ser desenvolvido no processo de ensino e aprendizagem e, sobretudo, 
melhorado com a maturidade profissional.
Expressar-se através da música é a capacidade de poder interpretar 
ou criar a sua versão para uma obra, imprimindo um caráter pessoal 
e transmitindo algo de si mesmo ao ouvinte. Esse ouvinte poderá 
receber a interpretação percebendo-a com distintos significados, e essa 
se caracteriza por uma experiência subjetiva e fascinante que a música 
proporciona (CUERVO, 2009, p. 55).
Cada pessoa tem um jeito próprio para se expressar, e por esse motivo 
dizemos que existem diferentes performances, no entanto, existem alguns fatores 
objetivos que podem ajudar no bom desempenho performático, ou seja, no fazer 
musical. Os princípios básicos para todo estudante de música é definição de 
repertório, ensaio e motivação.
Para Cuervo (2009, p. 57) qualquer pessoa pode desenvolver musicalidade, 
desde que haja um contexto favorável, seja o ambiente familiar, escolar cultural 
ou social. Sobre o desenvolvimento da musicalidade, é sensato argumentar que 
esse processo não inicia repentinamente, mas é construído passo a passo, na 
interação do sujeito com o objeto, nesse caso, a música.
 
Mesmo que não haja condições favoráveis, a musicalidade “corre pela 
veia de todos” (BARCELÓ, 2003, p. 218). Maffioletti (2005) afirma que a Educação 
Musical começa a perceber que existem outras formas da criança aprender música 
além da escola, e que “existem outros saberes musicais, tão válidos quanto aqueles 
tradicionalmente aceitos pelas escolas de música” (MAFFIOLETTI, 2005, p. 237).
Reconhecer que o processo de ensino e aprendizagem em música 
começa antes mesmo da criança entrar no ensino formal permite que se amplie 
as possibilidades de compreensão do processo de desenvolvimento musical da 
criança, ou seja, como ela aprende e o quê. Tais informações também são úteis 
para perceber objetivamente a influência dessa vivência prévia na performance 
musical.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO MUSICALIZADOR
23
Apesar de não haver consenso quanto ao termo musicalidade, Cuervo 
(2009) afirma a existência de uma tendência que considera musicalidade como 
característica humana. Partindo desse princípio todos possuem capacidade para 
desenvolver musicalidade, mas isso será potencializado ou contido conforme o 
contexto social e cultural. 
Enquanto Blacking (1976) afirma que as pessoas são musicais conforme 
os valores de um determinado contexto, e que umas apresentam maior 
musicalidade do que outras, para Sacks (2007) “o talento musical é 
muito variável, mas existem indícios de que praticamente toda 
pessoa é dotada de alguma musicalidadeinata” (p. 103). Segundo ele, 
a expressão pela música está intimamente ligada à natureza do ser 
humano, assim como a linguagem (CUERVO, 2009, p. 59).
A performance musical, portanto, é resultado de um conjunto de fatores 
que constituem o processo de ensino e aprendizagem, possibilitando no caso 
da arte musical condições para comunicação e expressão por meio da música. 
Tal processo está intimamente relacionado à musicalidade, cujo conceito foi 
exaustivamente discutido neste tópico.
DICAS
Veja a performance do 
estudante do curso de flauta doce ao 
executar a obra Czardas, de Vittorio 
Monti. Essa obra foi escrita em 1904, 
baseada no folclore húngaro e foi 
originalmente composta para violino, 
bandolim ou piano. 
Assista ao vídeo: <https://youtu.be/
MQj0vDjIDqo>. Acesso em: 14 abr. 
2019.
2.1 A PERFORMANCE DA FLAUTA DOCE NOS DIAS ATUAIS
Performance em flauta doce é uma das preocupações que acompanham 
o processo de ensino e aprendizagem do instrumento. Isso significa ir além da 
reprodução técnica e permitir maior liberdade ao instrumentista para criação, 
interpretação e fruição durante a apresentação musical. 
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
24
O saber fazer, ao contrário do que pregam algumas linhas da Educação 
Musical, não está separado do pensar, mas implica variada gama de 
necessidades e desafios cognitivos, como sugere Swanwick (2003). Essa 
é uma importante contribuição de uma educação musical engajada: 
proporcionar a música como forma de expressão e comunicação e, 
acima de tudo, incentivar o aluno a inventar um próprio modo de 
fazê-lo (CUERVO, 2009 p. 55).
Um dos objetivos da educação musical é promover o pensamento 
crítico e criativo, possibilitando ao estudante condições para que ele aprenda 
musicalmente, ou seja, fazendo música e refletindo sobre a própria ação. Nesse 
contexto, o estudo de flauta doce também pode contribuir significativamente 
para um aprendizado de qualidade em música.
É desejável que no processo de estudo instrumental haja atitude musical, 
ou seja, a capacidade de perceber e dar forma a sons e a habilidade resultante de 
comunicar sentido, significado e sentimentos (CUERVO, 2009, p. 65).
Ressalta-se que a musicalidade na performance de flauta doce pode 
ser entendida como a habilidade de gerar significados através da música. Para 
tanto, é necessário estar atento para as seguintes características que, também se 
constituem em indicadores importantes no processo performático: sonoridade, 
fraseado, fluência da execução musical e interação.
Sonoridade 
Uma sonoridade de qualidade resulta da perfeita relação entre técnica de 
digitação, articulação da língua e sopro, sendo esse último o controle da pressão 
na emissão de ar. Além disso também é necessário considerar a qualidade do 
próprio instrumento que está sendo utilizado pois, algumas flautas, devido à 
baixa qualidade do material utilizado na confecção, têm a sonoridade alterada o 
que influencia diretamente na afinação do instrumento.
Fraseado
Em música, chama-se de fraseado uma sequência de notas musicais 
organizadas de modo sistemático e intencional. A condução do fraseado, pelo 
flautista é o que pode dar sentido ao “discurso” musical. Para Cuervo (2009, p. 
65) “Sua boa execução engloba, também, a otimização de recursos técnicos como 
articulação, afinação, respiração, convergindo na clareza estrutural da frase ao 
apresentar elementos como ápice e declínio ou a dicotomia tensão-relaxamento”.
Fluência da execução musical
A fluência musical decorre do equilíbrio entre a técnica e a musicalidade 
seja na interpretação de uma obra musical conhecida ou em momentos de 
improvisação. Para haver fluência é importante que tenha havido primeiramente 
uma perfeita compreensão do discurso musical, ou seja, aquilo que está sendo 
executado precisa fazer sentido para o instrumentista. 
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO MUSICALIZADOR
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Interação 
Considerando que o processo de ensaio, ensino e aprendizagem ocorrem, 
na maioria das vezes, de modo coletivo, a interação permite ao grupo realizar trocas 
significativas de experiências e saberes. Dessa forma há, entre os interagentes, 
fortalecimento na autonomia de pensamento, autoestima e criatividade, dentre 
outros aspectos do desenvolvimento musical.
É muito significativo o fazer musical em grupo, pois além de ser 
notoriamente uma excelente estratégia de socialização entre as pessoas, as 
trocas coletivas também favorecem a aprendizagem, pois envolve a observação, 
a imitação, comparação etc. Haja vista que somos fortemente motivados ao 
observar os outros, e tendemos a "competir" com nossos colegas, os momentos 
de trabalho em grupo se constituem em importantes estratégias para o ensino e 
aprendizagem em música.
DICAS
Assista ao vídeo disponível 
em: <https://youtu.be/hggISFswKcw?t=522> 
e observe as características ou indicadores 
importantes no processo performático: 
sonoridade, fraseado, fluência da execução 
musical e interação. 
Composição de Antônio Vivaldi: Concerto 
RV 443, Maurice Steger, Cappella Gabetta.
3 FLAUTA DOCE E SEUS USOS
A flauta doce é um dos instrumentos mais utilizados em propostas 
de musicalização e projetos de escolas regulares para o ensino de música, no 
entanto, esse instrumento ao mesmo tempo em que ganha popularidade, perde 
em prestígio enquanto opção para profissionalização, sendo frequentemente 
considerado como um simples meio de iniciação musical. 
Essa questão deve ser considerada desde o primeiro contato com o 
instrumento, a fim de afastar todo e qualquer tipo de preconceito. O estudo de 
flauta para ser bem-sucedido exige, além da aquisição de flautas de qualidade, 
dedicação, pesquisa e várias horas de apreciação musical, ou seja, audição de 
gravações ou vídeos de grandes flautistas da história. Outra dica é, na medida 
do possível, manipular flautas de diferentes tamanhos e conversar com pessoas 
qualificadas, especialistas em flauta, sobre atuação profissional.
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
26
O aprendizado em flauta doce pode ser um promissor caminho para a 
profissionalização, um preparatório para a excelência ou alta performance musical. 
Tocar flauta doce, nesse sentido, deixa de ser uma atividade de entretenimento e 
passa a ser entendido como uma oportunidade séria de formação musical.
Ressalta-se, porém, que via de regra a flauta doce é usada como uma 
alternativa para a inclusão do ensino instrumental na escola devido ao fato de 
ser um instrumento de fácil aquisição e de custo baixo, além de propiciar uma 
produção musical breve, devido à facilidade de aprendizagem. Essa visão sobre 
a flauta doce como forma de introduzir o instrumento musical na escola foge 
do objetivo que deve ser alcançado na aula de música, que é o fazer musical 
(MENDES; SILVA, 2010).
Segundo Beineke (1997, p. 86), "...questão que diferencia o trabalho com 
a flauta doce na escola é que a aula de música é o centro da proposta". A autora 
afirma que o trabalho com a flauta doce nas aulas de música tem objetivos mais 
profundos, ou seja, o de envolver o aluno musicalmente, despertando o interesse e 
a motivação pelo ouvir, aprender e praticar flauta doce, atingindo o fazer musical 
(MENDES; SILVA, 2010).
Sabe-se que a flauta doce não é o único instrumento a auxiliar a educação 
musical, mas pode se observar que o trabalho com ela é diferenciado, começando 
com a manipulação do som a partir do manuseio e exploração, resultando no 
fazer musical. 
Além disso, o estudo da flauta doce pode ser realizado com turmas de 
tamanho e faixa etária diversificada, o que não é possível em relação a outros 
instrumentos (MENDES; SILVA, 2010). A flauta doce, em sala de aula ou fora 
dela, traz também a oportunidade de se fazer música em pequenos grupos, 
coletivamente. Essa experiência de poder tocar junto torna o aprendizado musical 
bastante divertido e significativo, pois oportuniza a testagem, experimentação, a 
predisposição para errar e aprenderjunto com o colega.
Vale destacar também que as atividades em grupo permitem a inclusão de 
pessoas com diferentes níveis e habilidades na flauta doce, o que estrategicamente 
valoriza a participação de todos no processo.
Na prática de conjunto instrumental, por exemplo, isso significa a 
valorização da participação de cada um, ou seja, os alunos não tocam 
todos a mesma coisa. Cada um contribui com a sua parte, com aquilo 
que já é capaz de fazer. Independentemente de se estar tocando algo 
mais simples ou mais complexo, a participação de todos é igualmente 
importante. Isso provoca outro tipo de engajamento e compromisso 
com o trabalho, pois, se uma criança faltar, o resultado musical não 
será o mesmo, ela realmente “faz falta”, o que não acontece quando 
todos tocam a mesma coisa juntos (BEINEKE, 2003, p. 94).
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO MUSICALIZADOR
27
Os usos da flauta doce no processo de educação musical, sobretudo, no 
fazer musical podem contribuir tanto no conhecimento de aspectos formais da 
música, sua história e teorias como na formação integral da pessoa por meio de 
atividades desafiadoras, que potencializem o trabalho em grupo por meio da 
criação, colaboratividade e performance musical.
Alguns alunos “tiram músicas de ouvido”, geralmente aquelas que fazem 
parte de suas vivências, que fazem parte do contexto social no qual estão inseridos, 
são as músicas que mais lhes interessam produzir e socializar com os colegas.
Em pesquisas realizadas por Mendes e Silva (2010), identificou-se que 
a flauta doce nas mãos de estudantes motivados os desperta para pesquisa, 
promovendo um aprendizado a partir da curiosidade, de modo autônomo e 
solitário.
A partir daí o aluno motiva o colega a tocar também, e passa a assumir 
o papel de colaborador interagindo com o outro, levando-o a socialização de 
conhecimento e aprendizado. 
4 FLAUTA DOCE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 
MUSICAL
Uma primeira questão muito importante é definir o que se entende por 
alfabetização musical. O termo é muito utilizado pela pedagogia da música, para 
fazer referência ao aprendizado das figuras, sinais e símbolos utilizados na grafia 
musical, mas, não é somente isso. 
O termo também pode ser compreendido como forma de preparar 
as pessoas para expressarem ideias ou conceitos utilizando outra forma de 
comunicação, ou seja, os sons. Importa saber se o estudante de música, além de 
decodificar pautas, cifras e regras gerais de harmonia ou contraponto também é 
capaz de se comunicar utilizando seus conhecimentos musicais.
O estudo da flauta doce pode facilitar a implementação desse processo de 
alfabetização, por ser um valioso instrumento para desenvolver a sensibilidade 
musical. Quando se fala em ouvir e entender música, Mendes e Silva (2010) dizem 
que existem três aspectos diferentes para o ato de ouvir música. 
Geralmente usa-se a expressão “ouvir música”, mas segundo Mendes e 
Silva (2010), pode-se ouvir, escutar e entender música. Diante dessas informações 
se faz necessário ressaltar cada um desses aspectos, durante as práticas musicais, 
mencionados pelo autor:
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
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Ouvir: perceber sons pelo ouvido (ato sensorial), ou seja, o som é 
percebido, mas sem interesse aparente, por exemplo, o som de vozes de pessoas 
em um local livre, ou uma música tocando enquanto se faz compras, geralmente 
as pessoas não param para dar atenção a essa música.
Escutar: dar atenção ao que se ouve (ato de interesse), ou seja, ficar atento 
ao que lhe é explicado ou exposto. No ato de escutar observa-se e presta-se 
atenção a uma conversa que é de interesse da pessoa, ou a uma orientação que 
deve ser seguida. 
Entender: tomar consciência do que se ouve. Ou seja, absorver, tomar 
para si o que lhe é dito, assimilar de fato o que está senso escutado. 
A articulação desses três aspectos do ouvir música constitui o que se chama 
de percepção musical. Segundo Mendes e Silva (2010), entende-se como percepção 
o processo através do qual o ser humano organiza e vivencia informações, e a 
percepção acontece quando a pessoa ouve, entende e compreende o que lhe é 
apresentado.
Para que uma pessoa seja considerada alfabetizada musicalmente, é 
necessário que ela se aproprie desse conjunto de competências, qual seja: ler, 
escrever e interpretar música. Note que há similaridade com o processo de 
alfabetização linguística. Trata-se de um meio de comunicação que não utiliza 
letras ou palavras, somente sons e suas propriedades como altura, duração, 
timbre intensidade.
As propriedades do som podem ser melhor compreendidas no fazer 
musical, e para isso a flauta doce, não somente ela, pode ser muito útil nas 
atividades que serão desenvolvidas. Contudo, é importante observar:
• as práticas musicais: esse conhecimento será de grande valia na atividade 
prática com a flauta doce, pois na medida em que os estudos avançam maior 
deve ser o tempo de dedicação para o instrumento.
•	 fluência	 musical: nas atividades com a flauta doce deve-se deixar fluir a 
expressividade musical, evitando atividades repetitivas. Técnicas que visem 
à memorização são cansativas e monótonas, não permitindo a fluidez do 
pensamento e a expansão cultural do estudante.
• atitude criativa nas práticas musicais: é uma ação que permite ao estudante 
maior liberdade de exploração das possibilidades sonoras do instrumento. 
Nesse sentido é recomendável criar o próprio repertório com músicas indo 
além do que é apresentado em sala de aula.
• motivação para aprender: sem motivação, não haverá o entendimento musical 
e a aprendizagem será sem sentido.
Essas ações, no processo de estudo e prática de flauta doce, podem 
contribuir para a formação em música, fortalecendo a autoestima para a 
performance por meio da autoconfiança e desenvolvimento do potencial musical 
e criativo.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE COMO INSTRUMENTO MUSICALIZADOR
29
O fazer musical torna-se, portanto, prazeroso, desafiador e rico em 
significados tornando o estudante mais ativo e responsável pelo próprio 
processo de aprendizagem. A flauta doce, nesse contexto, é utilizada de modo 
responsável e coerente com o nível de exigência que o fazer musical e os estudos 
em instrumentos exigem.
 
4.1 CONTEXTOS DE ENSINO 
A flauta doce, quando comparada a outros instrumentos de sopros 
apresenta resultados mais satisfatórios em menor tempo e esforço. Servindo, 
portanto, para atividades musicais ou de educação musical de crianças e adultos.
Em contextos informais a experiência com a flauta resulta em 
experimentação do som, ou exploração dos manuais que trazem músicas do 
folclore brasileiro, entre outras que fazem parte do repertório pessoal ou contexto 
cultural de quem toca.
No espaço escolar, contexto formal de ensino, também se faz necessário 
entrar em contato com produções mais elaboradas e específicas para flauta doce. 
É também nesse espaço que acontece a socialização e interação, no contato direto 
com os colegas.
As atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, 
nos seguintes aspectos: Físico: oferecendo atividades capazes de 
promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e 
fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação 
e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: 
proporcionando situações que possam contribuir para estimular e 
desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão 
(GAINZA 1988, p. 25).
Segundo o autor, o estudo da flauta pode contribuir também no aspecto 
físico, por meio de exercícios rítmicos, canções melodiosas e execução de peças 
descontraídas que exercem função relaxante sobre as tensões.
 
No aspecto psíquico, a contribuição da música se dá por meio de atividades 
rítmico-sonoras, estimulando o indivíduo a reagir, expressar-se ou descarregar 
suas emoções. E no aspecto mental, a música também auxilia como estímulo, 
sendo de forma apaziguadora em diversas situações.
UNIDADE 1 | HISTÓRIAE ASPECTOS GERAIS DA FLAUTA DOCE
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A música possui um alto potencial terapêutico ainda não conhecido em sua 
totalidade por conta da falta de estudos na área da musicoterapia. Essa ciência já foi usada 
para melhoras cognitivas em doenças como Parkinson, demência senil e hiperatividade. 
Na epilepsia foi comprovado por meio de um estudo que incluiu 11 crianças de Taiwan com 
idade entre 2 a 14 anos com epilepsia refrataria. O estudo comparou as crises 6 meses antes 
do tratamento e 6 meses durante a exposição. Foi constatado que em 73% das crianças 
obteve-se uma melhora de 50% nas crises e em 2 pacientes a inexistência de crises durante 
o tratamento. 
A música pode promover a liberação de dopamina inundando assim os sistemas 
dopaminérgicos receptores de D2. Em pacientes com epilepsia do lobo temporal, a inundação 
de dopamina pode potencialmente se comportar como um anticonvulsivante.
Que tal ler um pouco mais sobre o poder da música no cérebro? Acesse o artigo disponível 
em: <http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1201>.
FONTE: MIRANDA, Caique. Music and epilepsy: a critical review. Disponível em: http://
cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1201. Acesso em: 8 abr. 2019.
NOTA
31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você aprendeu que:
• Para tratar de performance musical é necessário que se tenha clareza de um 
outro conceito, o de musicalidade.
• Musicalidade deve ser compreendida como um conhecimento que pode 
ser desenvolvido e potencializado na aula de música, pois é permeada por 
um conjunto de elemento inter-relacionados, os quais resultarão em uma 
performance musical expressiva (CUERVO, 2009).
• Na performance, o músico expressa uma maneira particular de interpretar e 
sentir a música, criando para si e para os ouvintes uma experiência subjetiva 
por meio da expressão musical.
• Qualquer pessoa pode desenvolver musicalidade, desde que haja um contexto 
favorável seja o ambiente familiar, escolar cultural ou social. 
• Um dos objetivos da educação musical é promover o pensamento crítico 
e criativo, possibilitando ao estudante condições para que ele aprenda 
musicalmente, ou seja, fazendo música e refletindo sobre a própria ação.
• A performance em e flauta doce possui as seguintes características: sonoridade, 
fraseado, fluência da execução musical e interação.
• Os usos da flauta doce no processo de educação musical podem contribuir 
tanto no conhecimento de aspectos formais da música, sua história e teorias 
como na formação integral da pessoa por meio de atividades desafiadores que 
potencializem o trabalho em grupo por meio da criação, colaboratividade e 
performance musical.
• Para que uma pessoa seja considerada alfabetizada musicalmente, é necessário 
que ela se aproprie de um conjunto de competências, ou seja, é desejável que 
ela saiba ler, escrever e interpretar música.
• A flauta doce é um instrumento de fácil aquisição e de rápido aprendizado, e 
quando comparada a outros instrumentos de sopros ela apresenta resultados 
mais satisfatórios para emissão de sonora em menor tempo e esforço.
32
1 O termo musicalidade é utilizado indistintamente em diferentes situações 
para referir-se à “habilidade”, “aptidão”, “potencial” ou até mesmo 
“talento” (HALLAN, 2006). Essa dificuldade em definir com precisão o 
significado do termo é devido ao fato de não haver na língua portuguesa 
uma expressão que possa traduzir do inglês palavras como musicality, algo 
próximo de “talento natural”, e musicianship, que pode ser entendido como 
“habilidade adquirida e sensibilidade”. Sobre essa questão, classifique as 
sentenças em V para verdadeiras e F para as falsas.
( ) Musicalidade é um conceito pouco conhecido na educação musical e 
utilizada somente entre os profissionais da etnomusicologia.
( ) Existe uma estreita relação entre musicalidade e performance. 
( ) Independentemente das tentativas de traduções, o importante é ter em 
mente que no processo de ensino e aprendizagem, musicalidade deve 
ser compreendida como um conhecimento que pode ser desenvolvido e 
potencializado na aula de música.
( ) Sobre o desenvolvimento da musicalidade, é sensato argumentar que esse 
processo não inicia repentinamente, mas é construído passo a passo, na 
interação do sujeito com o objeto, nesse caso, a música.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F, V, V, V.
b) ( ) F, V, F, F.
c) ( ) V, V, V, V.
d) ( ) V, V, F, F.
2 A musicalidade na performance de flauta doce pode ser entendida como a 
habilidade de gerar significados através da música. Para tanto, é necessário 
estar atento para algumas características que são indicadores importantes 
no processo performático. Relacione as características às definições corretas:
a) ( ) Sonoridade.
b) ( ) Fraseado.
c) ( ) Fluência da execução musical.
d) ( ) Interação.
I- Decorre do equilíbrio entre a técnica e a musicalidade seja na interpretação 
de uma obra musical conhecida ou em momentos de improvisação.
II- Resulta da perfeita ralação entre técnica de digitação, articulação da língua 
e sopro.
AUTOATIVIDADE
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III- Permite ao grupo realizar trocas significativas de experiências e saberes.
IV- Sua boa execução engloba, também, a otimização de recursos técnicos 
como articulação, afinação, respiração, convergindo na clareza estrutural 
da frase ao apresentar elementos como ápice e declínio ou a dicotomia 
tensão-relaxamento.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) 2, 3, 4, 1.
b) ( ) 1, 2, 4, 3.
c) ( ) 1, 2, 3, 4.
d) ( ) 2, 4, 1, 3.
3 A flauta doce é um dos instrumentos mais utilizados em propostas de 
musicalização e projetos de escolas regulares para o ensino de música, no 
entanto, esse instrumento ao mesmo tempo em que ganha popularidade 
perde em prestígio enquanto opção para profissionalização, sendo 
frequentemente considerado como um simples meio de iniciação musical. 
Elabore um comentário sobre a questão apresentada considerando os 
estudos realizados nesse tópico.
34
35
TÓPICO 3
ENSINO COLETIVO DE FLAUTA DOCE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O estudo coletivo de flauta doce, o ensino coletivo, se constitui, 
na contemporaneidade, em uma importante estratégia para popularizar a 
aprendizagem desse instrumento em diferentes contextos. Além de também ser 
uma forma de dinamizar as aulas de música.
Parte-se do princípio de que a educação musical não restringe ao domínio 
de habilidades específicas e técnicas instrumentais na execução de músicas na 
flauta doce, mas se aventura na busca pelo desenvolvimento musical, incluindo 
diversas formas de interação com a música por meio de atividades de composição, 
execução e apreciação.
Outra questão igualmente importante nesse processo são as estratégias e 
metodologias de estudo, seleção de repertório e organização da sala de aula. Neste 
tópico essas e outras questões serão abordadas com a finalidade de aprofundar 
ainda mais os aspectos didáticos envolvidos no processo de aprendizagem.
 
2 METODOLOGIA DO ENSINO DA FLAUTA DOCE
Para tratar da temática deste tópico uma primeira questão que precisa ser 
verificada é a diferenciação necessária entre método e metodologia, haja vista o 
aprendizado significativo, dependerá destes dois pontos-chave.
A discussão de fundo passa pela seguinte problemática, como se aprende 
música? Penna (2012, p. 9) ao tratar dessa questão apresenta a seguinte afirmação:
É indispensável articular o que e como para ensinar efetivamente, 
quer dizer, para desenvolver um verdadeiro processo educativo, 
compreendido não apenas como transmissão de conteúdo, mas como 
um processo de desenvolvimento das capacidades (habilidades, 
competências) do aluno, de modo que ele se torne capaz de apropriar-
se significativamente de diferentes saberes e fazer uso pessoal destes 
em sua vida.
Note-se que o simples domínio do conteúdo de música não é suficiente 
para um efetivo processo de aprendizagem, é preciso dar forma a esse 
conteúdo. A articulação entre o “quê” e “como” se aprende refere-se à didática, 
aos encaminhamentos pedagógicos,

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