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HISTÓRIA DO CEARÁ

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Linha do Tempo
Contextualização histórica e geográfica do nordeste.
PERÍODO PRÉ-CABRALINO : é a etapa da História anterior à invasão dos
portugueses, em 1500, protagonizada pelo navegador Pedro Álvares Cabral.
A região nordeste é formada por 9 estados: MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE e BA.
A decisão de povoar o Brasil foi tomada em 1530, pois o rei resolveu mandar uma
expedição com este objetivo. Martim Afonso de Souza, nomeado comandante da
expedição.
Dois motivos que levaram a coroa portuguesa a colonizar o nosso território:
➢ O comércio de especiarias com o oriente estava em decadência (devido ao
aumento da concorrência internacional e à diminuição do preço dos produtos devido
à maior oferta); e
➢ A ameaça estrangeira cada vez maior, o que impeliu Portugal à colonização.
A coroa portuguesa não tinha recursos para o projeto e o transferiu para a iniciativa
privada: por meio do sistema de capitanias e da produção de cana de açúcar.
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS / Tratado de Tordesilhas
O processo de expansão marítima europeia, no decorrer do século XV, contrapôs
interesses econômicos e políticos de portugueses e espanhóis. Em junho de 1494, Portugal
e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas, a partir de um meridiano localizado a 370
léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde, demarcando as possessões portuguesas e
espanholas no Novo Mundo.
O sistema de Capitanias Hereditárias foi criado em 1534 pelo rei de Portugal, D. João
III, visando a colonização efetiva do território brasileiro.
O tratado de Madri foi assinado em 1750 pelo Marquês de Pombal, e estabeleceu os
limites atuais do Brasil (exceto o Acre que foi incorporado em 1903).
As sesmarias eram fazendas doadas pelos capitães donatários.
Quando Portugal optou pela colonização do território transferiu os gastos para a
iniciativa privada. Com a criação das capitanias hereditárias, o território brasileiro foi
dividido em 15 faixas que iam do litoral até o limite do tratado de Tordesilhas (foi um
tratado celebrado entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela para dividir as terras
"descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa).
Na colônia eram chamadas de capitanias > no império eram chamadas de
províncias > na república é chamado de estados.
As 15 capitanias criadas foram concedidas a 12 capitães donatários (como eram
chamados os que recebiam o benefício).
De todas as capitanias somente a de Pernambuco e a de São Vicente prosperaram.
Os donatários desembarcavam com dois documentos: A carta de doação e o foral (
onde estavam escritos os direitos e as obrigações).
Para o povoamento, os donatários deveriam distribuir as Sesmarias. Elas eram
grandes propriedades que eram doadas para o povoamento. Seguiam o seguinte critério:
podiam receber sesmarias quem fosse católico e plantasse cana de açúcar.
As capitanias foram extintas em 1759, por Marquês de Pombal, mas até a
independência (1822) as sesmarias eram distribuídas.
Em 1850, durante o império, foi lançada a lei de terra que proibia a doação de
sesmarias e transformava a terra em mercadoria que poderia ser comprada e vendida à
vista em leilão público.
A GUERRA CONTRA “OS BÁRBAROS”
Guerra dos Bárbaros foram os conflitos, rebeliões e confrontos envolvendo os
colonizadores portugueses e várias etnias indígenas tapuias.
A Confederação dos Cariris, também chamada de Guerra dos Bárbaros, foi um
movimento de resistência de indígenas brasileiros das nações Cariri e Tarairiú à dominação
portuguesa. Ocorreu entre 1682 e 1713 nas capitanias do Nordeste do Brasil, sobretudo no
Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba.
Os indígenas se juntaram formando a união das tribos, que ficou conhecida como
confederação cariri. - (se uniram contra os colonizadores para defender seu território).
A ideia de Guerra Justa é uma justificativa para a colonização e para o combate aos
indígenas. Destacaram-se os colonos do nordeste, mas, sobretudo, bandeirantes paulistas e
padres jesuítas.
A expressão Bárbaros foi elaborada pelos colonizadores, pois esses viam a
organização social indígena como algo atrasado que se apresentava como obstáculo e
dificultava o processo colonizador. Assim eram chamados de selvagens, bestiais, infiéis,
traiçoeiros, audaciosos, intrépidos, canibais, poligâmicos, sendo sinônimo de problemas,
justificando com esses argumentos a movimentação da guerra.
Por outro lado, a Guerra dos Bárbaros promoveu inúmeras organizações de
resistências indígenas pautadas em alianças entre as etnias contra o colonizador, que
colaborou no retardo da colonização por quase dois séculos. Contudo a derrota da
resistência proporcionou a expansão econômica e criação de fazendas através da pecuária.
A LAVOURA AÇUCAREIRA E A MÃO DE OBRA ESCRAVA.
POR QUE A CANA?
1. Alta demanda na Europa pelo açúcar e seus preços eram altos.
2. A cana é um vegetal asiático, da índia, que possui clima quente e úmido. Se adaptou
muito bem ao clima do litoral nordestino (tropical úmido), e ao solo fértil da região (solo de
massapé).
3. O financiamento da produção, transporte, refino e distribuição no mercado europeu
do açúcar era realizado por holandeses.
A opção pela cana de açúcar tinha como objetivo garantir o máximo de lucro para a
metrópole, que, no contexto do início da colonização, encontrava-se em crise econômica e
transferiu os gastos da colonização para a iniciativa privada por meio das capitanias
hereditárias e dependia do financiamento e da infraestrutura holandesa. Os flamengos
(holandeses) ficavam com as atividades mais lucrativas que envolviam o comércio
internacional do açúcar. A relação com os holandeses era intensa e pacífica até 1580,
quando ocorreu a União Ibérica, que foi a união entre os dois reinos, Portugal e Espanha,
sob domínio espanhol.
“União Ibérica” foi quando Portugal e Espanha formaram um só governo e foram
unificados entre 1580 e 1640. Tudo começou em decorrência da crise sucessória que se deu
em 1578, quando morreu o rei de Portugal sem deixar herdeiros e apesar das tentativas de
manter sua independência, o território do reino português foi anexado pelo reino espanhol
que era a maior potência militar no contexto. Nesse período, os holandeses, que faziam o
comércio marítimo do açúcar, se tornaram inimigos de Portugal, pois estavam em guerra
contra a Espanha desde 1568. Então, os holandeses invadiram diversas partes do nordeste
brasileiro (inclusive Ceará), onde se concentravam a produção da cana-de-açúcar. Os
holandeses só foram expulsos em 1645.
Durante o período da União Ibérica, os holandeses foram proibidos de participar da
atividade açucareira no Brasil por serem inimigos da Espanha. Neste contexto, invadiram
Salvador e, depois, Pernambuco.
Em 1640, Portugal restabeleceu sua coroa e se libertou da Espanha, pondo fim à União
Ibérica.
Com o fim da União Ibérica, Portugal tratou de recuperar seus territórios coloniais e
propôs uma trégua de 10 anos para a desocupação holandesa do Nordeste.
A expulsão dos holandeses em 1654 está ligada à decadência da cana de açúcar.
Os colonos luso-brasileiros confrontaram os holandeses entre 1645 e 1654, quando
finalmente foram expulsos. Portugal ainda pagou uma pesada indenização à Holanda e o
comércio e a produção de açúcar foram profundamente prejudicados, pois flamengos
(holandeses) foram se instalar nas Antilhas (na ilha de Curaçau, na América central) e se
tornaram fortes concorrentes do Brasil no mercado açucareiro. A produção de açúcar no
caribe foi o início da decadência da nossa produção, pois o açúcar era de melhor
qualidade e muito mais próxima a Europa, o que barateava o frete. Os holandeses passaram
a fornecer um açúcar melhor e mais barato.
AS INVASÕES FRANCESAS
A França realizou duas invasões ao Brasil. A primeira no Rio de Janeiro e a
segunda no Maranhão. A primeira invasão ocorreu entre 1555 e 1558 na Baia da
Guanabara, no Rio de Janeiro. A Segunda invasão foi em 1612 no Maranhão onde fundaram
a cidade de São Luiz. Criaram a França equinocial. Nas duas tentativas se associaram aos
indígenas contra osportugueses. Foram expulsos do Maranhão em 1615.
INVASÃO HOLANDESA (1630-1654)
Em 1630, com uma esquadra de setenta navios, os holandeses chegaram a
Pernambuco e dominaram Recife e Olinda.
Marcada pela administração de Maurício de Nassau, militar alemão enviado pela
Companhia das Índias Ocidentais para governar a colônia holandesa. A expulsão dos
holandeses aconteceu por meio da mobilização popular contra os holandeses motivada pela
Guerra de Restauração, que teve início em 1640.
# Em relação a sua independência teve Bernardo Manuel de Vasconcelos
nomeado seu primeiro governador, esse que deu início ao processo de urbanização
de Fortaleza.
#Já no ano de 1812 foi nomeado para governador do Ceará o português Manuel de
Sampaio e Pina Freira, esse que veio a reunir literatos incentivando a produção das
artes e projetos de Silva Paulet para a urbanização da capital.
# Em 1780, na cidade de Pelotas, foi construída a primeira charqueada de que
se tem registro, pelo português José Pinto Martins, refugiado da seca cearense.
Pouco depois, numerosos outros estabelecimentos foram construídos, e o charque
passou a ser exportado ao Nordeste, iniciando-se o Ciclo do charque em Pelotas.
#As três principais atividades econômicas no Brasil colonial em terras cearenses
foram o extrativismo de pau-brasil, a agro manufatura do açúcar e a pecuária. O
algodão se tornou o principal produto cearense na segunda metade do século XIX,
após as grandes secas de 1877 que levaram as charqueadas, as manufaturas do
charque, à decadência.
O período colonial: a ocupação do território: disputas entre
nativos e portugueses; acesso à terra: sesmarias e a economia
pecuária
A ocupação do território cearense ocorreu tardiamente, ao contrário da rápida
ocupação do litoral açucareiro, iniciada no século XVI. Somente no século XVII o interior
do Ceará seria ocupado pelos portugueses até o final do século XVII. A colonização
“tardia” do Ceará, em relação às capitanias de Pernambuco e Bahia, por exemplo, está
relacionada aos fatores listados a seguir:
● O desconhecimento do território pelos europeus e a resistência indígena.
● O impacto de fatores naturais, como as correntes marítimas, que dificultavam o
acesso ao território.
● O fato de o Ceará não estar inserido nas rotas das especiarias, do ouro ou das
riquezas litorâneas.
● Os conflitos em função da pirataria e da presença de franceses e holandeses na
região.
Na instalação de Capitanias Hereditárias: o território do estado do Ceará correspondia
em partes à Capitania do Siará Grande.
O primeiro donatário (como chamavam os donos das Capitanias) da Capitania do
Siará Grande foi Antônio Cardoso de Barros, (concedida pela Carta de Doação, de 1535),
mas nunca chegou a fazer investimentos econômicos na região.
EXPEDIÇÃO ANO FORTE OBS.:
1º Capitão Pero Coelho de Sousa 1603 Forte de São Tiago
Forte de São Lourenço
● Venceu os franceses
● Às margens do Rio Ceará
Padres jesuítas Francisco Pinto e
Pereira Figueira
1607 ● Enviado para a catequização dos
nativos
2º Capitão Martim Soares Moreno 1611 Forte São Sebastião ● “Fundador do Ceará”
● Recuperou o forte de São Tiago
Invasão holandeses 1637 ● Enviados por Maurício de Nassau
● Tomaram o Forte São Sebastião
Volta dos holandeses 1649 Forte Schoonenborch ● Proximidades do rio Pajeú
● Administrador : Matias Beck
1654 ● Forte Schoonenborch foi tomado por portugueses, chefiados
por Álvaro de Azevedo Barreto, e renomeado de Forte de
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA DO CEARÁ COLONIAL
1535 – Capitania do “Siará Grande” (como era chamada a região correspondente as
capitanias do Rio Grande, Ceará e Maranhão); administrada por Antônio Cardoso de
Barros; mas a região não lhe despertou interesse.
1603 – Pero Coelho de Sousa liderou a primeira expedição àquelas terras; construiu
o Forte de São Tiago da Nova Lisboa (1604), às margens do rio Pirangi (depois batizado
rio Siará). Enfrentou índios locais que destruíram o Forte S.Tiago, migrando assim para o rio
Jaguaribe, onde construíram o Forte de São Lourenço.
1607 – foram enviados os padres jesuítas Francisco Pinto e Pereira Figueira para
catequizar os nativos, mas um deles morreu no mesmo ano e não conseguiram materializar
a presença da Igreja ali.
1612 – Chega ao Siará o português Martim Soares Moreno ( segundo capitão-mor ),
considerado o fundador do estado. Ele também se instalou às margens do rio Siará onde
recuperou e ampliou o Forte São Thiago e o batizou de Forte de São Sebastião.
1637 – A capitania foi invadida por holandeses, enviados por Maurício de Nassau,
que tomaram o Forte São Sebastião, mas que depois foram dizimados pelos indígenas.
1649 – Voltam os holandeses e se instalaram nas proximidades do rio Pajeú, ainda no
Siará, onde construíram o Forte Schoonenborch.
1654 – O Forte Schoonenborch foi tomado por portugueses, chefiados por Álvaro
de Azevedo Barreto, e renomeado de Forte de Fortaleza de Nossa Senhora da
Assunção. No seu entorno, formou-se a segunda vila do Ceará, chamada de Vila do Forte
ou Fortaleza. A primeira vila reconhecida foi a de Aquiraz.
1680 – Siará passou à condição de Capitania-Subalterna de Pernambuco,
desligada do Estado do Maranhão. A questão que deixou a região em posição de
subalternidade, era a de que para se chegar de Lisboa ao Maranhão e ao Pará era mais fácil
por mar do que atravessando o sertão.
1698 – Foi editada uma Provisão Régia que determina a interiorização da pecuária,
para não mais prejudicar os lavradores da região devido às destruições por meio das
invasões, bem como contribuiu para a ocupação do interior da Capitania. Até então a
concentração econômica estava presente no litoral, com a produção da cana de açúcar. A
coroa proibiu qualquer atividade econômica além da cana por 100km do litoral. Determinava
que os pecuaristas levassem seus gados para o interior, uma vez que eles davam
prejuízos aos lavradores do litoral cearense. Com isso, a economia pecuarista, apesar da
pequena rentabilidade no litoral, deu sentido à ocupação do interior nordestino.
1726 – A vila de Fortaleza passou a ser oficialmente a capital do Ceará após disputas
com Aquiraz. (criação do município de Fortaleza). Fortaleza surgiu espontaneamente, aos
poucos, as diversas ocupações e disputas na região provocaram o surgimento de
aldeamentos que posteriormente originaram na cidade de Fortaleza, não sendo fruto da
ação intencional de uma única pessoa em determinada data.
1799 – A capitania do Ceará veio a alcançar a autonomia da Capitania de
Pernambuco no fim do século XVIII, pela Carta-régia de 17 de janeiro de 1799.
A situação social e econômica da capitania do Ceará passou a se modificar a partir do
ano de 1799 por meio de sua independência em relação a Pernambuco. Junto a isso, fatores
externos, como a Guerra da Independência norte-americana, fez com que o algodão
ganhasse ênfase na pauta de exportação, e fatores internos, como o declínio do charque,
que até então sua distribuição estava concentrada em Aracati, passando para Fortaleza o
status de principal cidade cearense devido a sua condição de destino dos produtos agrícolas
cultivados nos municípios vizinhos.
1821 – Às vésperas da Independência do Brasil, a 28 de fevereiro de 1821, tornou-se
uma província e assim permaneceu durante todo o período imperial.
A Guerra contra os “Bárbaros”
✓ A Guerra contra os “Bárbaros” foram longas e duras lutas que resultaram na
apropriação de grande parte das terras do nordeste brasileiro.
✓ 1693 até 1713, quando foi derrotada uma união das tribos contra os portugueses
que ficou conhecida como Confederação do Cariris ou Confederação dos “Bárbaros” ou
ainda de Confederação dos Janduins.
✓ O combate aos indígenas, os portugueses se baseavam no conceito medieval de
Guerra Justa.
✓ Estariam combatendo em nome da civilização e da igreja católica, contra os
bárbaros, antropofágicos (canibais) e sem religião.
✓ A movimentação dos colonizadores na região do Ceará ocasionou a chamada
Guerra dos Bárbaros, entre a segunda metade do séculoXVII e a primeira do XVIII.
✓ Representa a resistência indígena à ocupação dos portugueses em suas terras,
além da ação dos europeus, que escravizavam os nativos.
✓ Em 1699, a Companhia O Terço, criada para combater indígenas, promoveu o
assassinato de 400 e aprisionou 250 índios Paiacu.
✓ O colonizador aproveitou-se da rivalidade já existente entre essas etnias e junto com
os Janduí, promoveram uma matança aos Paiacu.
Invasões Holandesas
✓ A presença holandesa no norte pernambucano, no RN e no Ceará foi violenta,
sendo que ocorreram vários massacres e conflitos religiosos. Os holandeses tomaram o
Forte de São Sebastião, mas em 1644 os indígenas tomaram o Forte e o destruíram.
✓ As riquezas cearenses foram exploradas, como madeira, sal, alguns engenhos e o
gado.
✓ A principal importância estratégica do Ceará neste momento era dar apoio
logístico, servindo de entreposto a viagens mais longas (isso ocorria no litoral cearense e
potiguar) e ser um ponto de apoio à manutenção canavieira de Pernambuco.
✓ Em 1649, Matias Beck, administrador holandês, lutou contra nativos e construiu um
Forte para abrigar sua tropa, conhecido como Forte Schoonenborch, embrião da atual
cidade de Fortaleza.
✓ Entregou a administração do Ceará em maio de 1654.
✓ Após o declínio da cana e a expulsão dos holandeses, o gado vai ocupar a cena
econômica cearense.
A Civilização do Couro: Povoamento Efetivo e Tardio
✓ A ocupação da Capitania do Siara Grande foi feita através da atividade pecuária, a
principal responsável pela ocupação da capitania, sendo que dos 2472 lotes das sesmarias
solicitados entre 1679 e 1824, 90,85% eram para criação de gado.
✓ A formação das fazendas de gado na extensão do sertão resultou em alguns
núcleos que na sua maioria deram origem a maioria das vilas de brancos na Capitania.
✓ A ocupação econômica na região cearense ocorreu de forma demorada. Devemos
aqui enfatizar que após a abertura de caminhos por boiadeiros e membros da Igreja a
fixação em diferentes locais não foi feita de forma aleatória, sendo que uma de suas
finalidades era estabelecer a autoridade civil lusitana.
✓ Ao longo dos primeiros 40 anos de colonização cearense, a construção das vilas
possibilitou a centralização do poder e tomadas de decisões nas mãos do governo
português, que articulou a organização espacial pensando no desenvolvimento da economia
e sociedade.
✓ O primeiro caminho cearense utilizado pelos colonizadores é chamado de Estrada
Velha, que surgiu com o objetivo de ligar as regiões do Maranhão e Pernambuco também
por terra.
✓ Com exceção de Aquiraz e Fortaleza (aqui predominava o algodão), presentes no
litoral, a estrutura organizacional das localidades produtivas e comerciais cearenses se
manteve até meados dos primeiros anos do século XIX em regiões estratégicas para a
pecuária.
O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador;
importância da economia do algodão; a escravidão negra no
Ceará
IMPÉRIO DO BRASIL
✓ Por causa das Guerras Napoleônicas, a família real portuguesa pôs em prática um
antigo projeto de evacuação do território, transferindo toda a Corte para o Brasil. Tem aí o
início do nosso processo de independência.
✓ 1808: A abertura dos portos às nações amigas: fim do pacto colonial
✓ 1810: Tratados de comércio e navegação com as nações amigas.
✓ 1815: D. João VI elevou o Brasil à categoria de Reino Unido (deixou de ser colônia).
✓ 1821: D. João VI retorna a Portugal, como consequência direta da Revolução do
Porto de 1820.
✓ Deixa seu filho como príncipe regente, que acaba proclamando a Independência
(1822) do Brasil e se coroando como D. Pedro I, Imperador do Brasil.
A Província do Ceará e a Independência do Brasil
✓ A vinda da família real (1808) alterou a realidade cotidiana e urbana do RJ, mas nas
outras províncias a situação pouco se alterou.
✓ O movimento republicano de 1817 chegou a vencer tropas do governo e decretar
um governo provisório. Montaram uma República com 3 poderes e o início da confecção
de uma Constituição do Estado.
✓ Aboliram os impostos sobre os gêneros de primeira necessidade, mas a abolição da
escravidão não foi levada em conta.
✓ Contudo, foi organizada uma forte repressão das tropas reais, sob direção de D.
João VI e o movimento foi rapidamente reprimido.
✓ Crato foi a única localidade cearense que aderiu ao movimento libertador de
Pernambuco em 1817.
✓ A diácono José Martiniano proclama a independência do Brasil no púlpito da
matriz da cidade em 3 de maio de 1817. Com isso, a cidade do Crato foi considerada um
país por 8 dias, restaurando-se o governo monárquico no dia 11 do mesmo mês.
✓ Major Fidié, que ao lado da Coroa Portuguesa buscou garantir os interesses
coloniais. Por outro lado, vaqueiros, escravos, gente do povo com poucas armas
rumaram do Ceará para o Piauí, mais precisamente para o rio Jenipapo, concentrando-se
contra as forças de Fidié.
✓ A elite cearense criou uma visão de subalternidade em relação às camadas mais
simples da população.
✓ O Ceará passou a construir seu espaço político no país a partir do momento em que
começa a estruturar sua aparelhagem pública (Assembleia Provincial, polícia pública, poder
legislativo com maior autonomia) no decorrer do século XIX.
✓ As disputas pelos espaços públicos e econômicos não se dava somente entre as
elites e as camadas populares. Podemos citar aqui a luta entre as famílias Montes e
Feitosas, que ficou conhecida como o duelo entre os “Ferros” e os “Aços”.
✓ Liberais: família Alencar e família Paula Pessoa, ligaram-se aos Pompeu, e estes,
aos Accioly.
✓ Conservadores: família Fernandes Vieira.
Ceará e a Confederação do Equador (1824)
✓ 1824 - Confederação do Equador: Conclamaram o levante dos estados do Nordeste
e o apelo foi seguido pelo Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba, que formaram a
confederação do Equador.
✓ A Confederação do Equador foi uma revolta republicana que chegou a se separar do
Império, mas foi sufocada pelas forças armadas.
✓ Além das divergências políticas, as dificuldades econômicas enfrentadas pela região
em decorrência da queda do preço do açúcar e do algodão, dos elevados impostos e do
aumento do valor dos escravos e dos gêneros alimentícios motivaram a eclosão de uma
violenta reação contra o poder imperial.
✓ As ideias liberais chegaram ao Ceará, sobretudo na região do Cariri com
participação ativa da família Alencar sobre influência da dinâmica social pernambucana.
✓ Tristão Gonçalves de Alencar Araripe adere ao movimento e é aclamado pelos
rebeldes Presidente da Província do Ceará.
✓ Em 31 de outubro de 1825 morre em combate com forças contrárias ao movimento.
Após tais acontecimentos, em Crato, assim como no Cariri, muitos se dividem entre
monarquistas e republicanos.
✓ 1831: abdicação de D. Pedro I.
✓ Período Regencial - 1831 a 1840.
✓ Tristão foi morto pelas tropas imperiais, sendo que os conflitos terminaram com a
Revolução Pintista, tendo como referência Pinto Madeira, que objetivava o retorno da
monarquia.
✓ Joaquim Pinto Madeira, revoltando-se contra a ordem estabelecida com a abdicação
de D. Pedro I, no dia 27 de dezembro de 1831, marcha com os revoltosos para atacar a vila
do Crato, travando nesse dia sangrento combate no lugar denominado Buriti.
✓ Sob influência da Família Alencar, criou-se a Lei n° 13 de 24 de maio de 1835, na
qual estabelecia a criação do Corpo Policial do Ceará que posteriormente deu origem à
polícia militar.
✓ Segundo Reinado - 1840 a 1889.
✓ A grande marca do Período Regencial foram as revoltas provinciais, que
aconteceram em diversos locais do país.
✓ O fim do Período Regencial foi resultado da disputa política entre liberais e
conservadores, que reagiram defendendo a antecipação da maioridade do príncipe do
Brasil, Pedro de Alcântara: o futuro D. Pedro II.
A Seca no Ceará Imperial
✓ O fenômeno da seca provocou três ciclos durante o período do Ceará Imperial,
sendo eles:
➢ A primeira crise climática no Ceará Imperial entre 1844 e 1845 – obteve-se
registros da ausência de políticas referentesao combate à seca.
➢ O segundo período de seca cearense entre 1877-1879 – muito marcada pela
questão do clima e a situação econômica e social, em que a população
praticamente naturalizou sua condição de miséria, na qual milhares de pessoas
morreram de fome e doenças.
➢ O último ciclo da seca no Ceará durante o império veio a ocorrer no ano de
1888 – sendo caracterizado por ser de curto período. Através de estratégias, o
governo imperial veio a tomar algumas medidas para amenizar o problema da
seca, como projetos de construção de açudes.
O Algodão e as Ferrovias no Ceará
✓ Nas terras cearenses a presença da economia pecuarista era seguida pelo setor
algodoeiro, tendo seu auge de produção no momento em que passou a abastecer o
mercado interno e o externo com grandes exportações entre os anos de 1861 e 1865.
✓ A implementação das ferrovias cearenses por um grupo de comerciantes liderados
pelo senador Thomaz Pompeu possibilitou auxiliou expansão das informações da influência
política. A primeira estação de Fortaleza foi inaugurada no ano de 1873, tendo seu primeiro
trecho (sete quilômetros) ligando o centro da capital à cidade de Parangaba, também
chamada de Arrouches. Já no ano de 1877, o grupo do senador passa por dificuldades
financeiras e deixa a administração da Companhia Cearense da via férrea de Baturité S/A
por conta do império, que no ano posterior inicia a estrada de Ferro de Sobral. Essas
linhas férreas auxiliam fortemente a expansão do comércio cearense do algodão.
✓ A postura de marginalização do governo imperial em relação ao Ceará provocou o
surgimento de interesses da elite local, sendo que durante o século XIX as Assembleias
Provinciais e Legislativas foram transformadas em ferramentas para uso dessa elite, pois
transformaram o problema da seca em um negócio que, através de manipulação e trocas de
favores, gerou dominação local, poder político e lucros, surgindo assim a indústria da seca.
✓ As atividades produtivas e econômicas cearenses, como a pecuária, eram exercidas
por vaqueiros (nativos, homens livres e pobres) que trabalhavam por meio do sistema de
quarteação (pagamento em cabeças de gado) e que depois de algum tempo de serviço
poderiam prestar contas, recolher suas reses e se deslocar para outras regiões.
A Escravidão e o Pioneirismo Cearense na Abolição
✓ Essas atividades não exigiram grande montante de mão de obra escrava,
estimulando um tráfico pequeno e indireto entre as áreas de São Luís e Recife. Outro fator
relacionado à baixa presença de escravos está ligado à problemática da seca, que
provocava constantes prejuízos aos donos de terras e aumentava o custo da manutenção
dos escravos.
✓ A campanha pela Abolição no Ceará ganhou intensidade, surgindo as associações
emancipacionistas por toda a província. O abolicionismo foi um movimento urbano com
envolvimento de setores médios da população, que posteriormente tiveram respaldo na
Câmara dos Deputados e no Senado. Nesse movimento podemos citar entidades como a
Sociedade Perseverança e Porvir (1879), composta por comerciantes que compravam
cartas de alforria, a Sociedade Cearense Libertadora, o Centro Libertador (1882) e a
Sociedade das Senhoras Libertadoras.
✓ Embora a abolição não tenha sido feita de forma incisiva no Ceará, pois ainda havia
a existência de escravos na região de Milagres até 1889, formalmente a província decretou o
fim da escravidão em 25 de março de 1884, sendo então chamada de “Terra da Luz”.
✓ Outro movimento que veio a colaborar com o abolicionismo foi o dos trabalhadores
do mar (Jangadeiros), responsáveis pelo embarque de mercadorias e escravizados no
porto da capital. Em 27 de janeiro de 1881, promoveram uma greve em que estabelecia a
proibição de escravos, atingindo diretamente o tráfico interprovincial de escravos.
Destacam o nome de seus líderes Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, que
seria chamado de “Dragão do Mar” e José Luís Napoleão que tiveram apoio da maioria da
população presente no porto do Mucuripe.
Em 1881, foi deflagrada a Greve dos Jangadeiros, liderada pelo pescador Francisco
José do Nascimento, conhecido como o “dragão do mar”. O movimento recusava-se a
embarcar, no porto de Fortaleza, os escravizados que seriam enviados às províncias do sul.
Foi comemorado pela imprensa abolicionista na Corte, que difundiu o epíteto “dragão do
mar”. Teve um papel na abolição da escravidão no Ceará, e conseguiu o apoio da elite
intelectual abolicionista.
✓ Os grandes períodos de seca, a queda dos preços dos escravos e as agitações
urbanas compostas por diferentes grupos resultaram em um emaranhado de circunstâncias
que vieram a concretizar a abolição no Ceará.
Na então província do Ceará, o abolicionismo atraiu e ganhou impulso inicialmente
entre as classes médias urbanas e foi paulatinamente incorporando novos grupos sociais,
dentre os quais se destacaram os jangadeiros que, em 1881, protagonizaram o fechamento
do Porto de Fortaleza ao tráfico interprovincial de escravizados, evento conhecido como
“greve dos jangadeiros”. Em meio a tais acontecimentos, despontou a liderança de
Francisco José do Nascimento, cognominado Dragão do Mar, prático do Porto que esteve à
frente das mobilizações, impulsionando a adesão social à causa abolicionista. Nesse
contexto, um objeto foi consagrado como símbolo do abolicionismo cearense: trata-se da
Jangada Libertadora, embarcação de propriedade de Nascimento doada ao Museu Nacional
em 1884, durante as comemorações pela Abolição na província do Ceará, realizadas no Rio
de Janeiro.
1) Em que ano aconteceu a independência do Ceará em relação a Pernambuco?
Aconteceu em 1799, quando a situação socioeconômica da capitania se modificou consideravelmente.
# 2) Quais eram os objetivos da República do Crato?
Tendo durado apenas 8 dias no Ceará, a República do Crato foi resultado da Revolução Pernambucana de
1817, que procurava declarar a independência da região em relação a Portugal. Fortaleceu, de certa forma, a
influência política da Família Alencar. Na Região do Cariri Cearense, José Martiniano de Alencar, integrante de
rica e poderosa família, leu na Igreja Matriz de Crato, mensagem de Pernambuco e proclamou a República;
Os membros da família Alencar e outros líderes foram presos e enviados para Fortaleza e, depois,
Salvador (BA). Em 1821, acabaram anistiados."
# 3) O que foi a chamada Revolução Pintista (ou Sedição de Pinto Madeira)?
O Ceará estava ligado a Pernambuco por fortes relações comerciais e familiares. É nesse contexto que o
Cariri cearense, que na época recebia mais influência de Recife que de Fortaleza, apropria-se dos ideais que
moveram as revoltas liberais pernambucanas. No Cariri, esses ideais se manifestam intensamente através da
elite cratense, fazendo surgir um movimento liberal republicano que culminou com a “Sedição de Pinto
Madeira”, em 1832, revolta essa que envolveu os republicanos de Crato e os monarquistas de Jardim, em
batalhas sangrentas nas duas vilas.
4) Como se deu o surgimento do Estado no Brasil e no Ceará?
Ocorreu através da mediação da família parental, por meio de suas imposições e vontades próprias e
que passaram a organizar as regiões do interior nordestino.
5) Quando ocorreram as três principais secas do período imperial no Ceará?
Neste período, as principais secas ocorreram em 1844-1845; 1877-1879 e 1888, sendo um fenômeno
natural que influenciou a estrutura social, política e econômica do Ceará.
6) A que se deve a baixa presença de negros escravizados na região, se comparado às demais
províncias, como o Rio de Janeiro, por exemplo?
A principal atividade econômica, inicialmente, foi a pecuária, sendo que era exercida pelos vaqueiros
(homens livres e pobres, nativos). Ela não exigia grande montante de mão de obra escrava, sendo que o tráfico
era pequeno e indireto. Além disso, a própria questão da seca causava prejuízos aos donos de terras e
aumentava o custo da manutenção dos escravos.
7) O que foi o movimento dos jangadeiros, liderado por Francisco do Nascimento, o “Dragãodo Mar”?
Os jangadeiros, responsáveis pelo embarque de mercadorias e escravizados no porto da capital,
promoveram uma greve em 27 de janeiro de 1881 em que estabelecia a proibição de escravos, atingindo
diretamente o tráfico interprovincial. Destacam o nome de seus líderes Francisco José do Nascimento, o Chico
da Matilde, que seria chamado de “Dragão do Mar” e José Luís Napoleão, que tiveram apoio da maioria da
população presente no porto do Mucuripe.
8) Comente sobre o fim da escravidão na província do Ceará, em 1884.
Embora a abolição não tenha sido feita de forma incisiva no Ceará, pois ainda havia a existência de
escravos na região de Milagres até 1889, formalmente a província decretou o fim da escravidão em 25 de
março de 1884, sendo então chamada de “Terra da Luz”, resultado do movimento iniciado em 1881 pelo
Dragão do Mar. ( 4 anos antes da Lei Áurea de 1888 )
9) Quais foram os principais fatores, em geral, que contribuíram para o fim da escravidão no Ceará?
Dentre os principais fatores, podemos destacar os grandes períodos de seca, a queda nos preços dos
escravos e as agitações urbanas de diferentes grupos sociais, como a Sociedade Perseverança e Porvir (1879),
composta por comerciantes que compravam cartas de alforria, a Sociedade Cearense Libertadora, o Centro
Libertador (1882) e a Sociedade das Senhoras Libertadoras.
I - A ausência de negros na historiografia cearense se deu por conta de uma associação direta do negro
ao trabalho escravo, não incluindo outras formas de vivência de negros e mestiços no estado.
II- O uso de fontes orais, testamentos, inventários e escrituras mostraram a presença de negros no Ceará
que não estão ligados necessariamente ao trabalho escravo.
III - O tom de pele foi o maior fator determinante para a negação da presença negra no estado.
# Antônio Conselheiro (1830-1897) foi o líder do movimento religioso que reuniu milhares de seguidores
no arraial de Canudos. Esteve à frente da resistência na “Guerra de Canudos” que ocorreu na Bahia entre 1896
e 1897 e registrada no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha.
Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, nasceu na Vila do Campo Maior
em Quixeramobim, no Ceará, no dia 13 de março de 1830. Ficou órfão de mãe aos seis anos de idade. Estudou
e gostava de ler.
Foi caixeiro viajante e andou por várias cidades do Nordeste. Com 27 anos perdeu o pai e sem aptidão
assumiu o armazém da família, por pouco tempo.
Tendo que sustentar suas quatro irmãs, ele começou a dar aulas numa fazenda da região e também
trabalhava em um cartório, onde exercia diversas funções.
● Foi líder religioso.
● Foi fundador do arraial de Canudos.
● Faleceu nas batalhas da Guerra de Canudos.
3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica:
coronelismo e clientelismo; movimentos sociais religiosos e
“banditismo”
PERÍODO REPUBLICANO
✓ A proclamação da República foi feita pelos alagoanos Deodoro da Fonseca e por
Floriano Peixoto. Os dois eram veteranos da Guerra do Paraguai. ( República da Espada)
✓ 15 de novembro de 1889 é proclamada a República no Brasil.
# A proclamação da república aconteceu através de um pequeno grupo da elite e de
militares insatisfeitos com o regime imperialista de D. Pedro II. Estavam em jogo os
interesses de uma pequena minoria. Fase política denominada República Velha ou Primeira
República que se concentrou durante os anos (1889 -1930).
# República: Forma de governo em que o governante é eleito pelos cidadãos, tendo
seu mandato por tempo determinado.
A República Oligárquica foi caracterizada pelo domínio das elites paulistas e produtoras
de café, mineiras e produtoras de leite. O revezamento de poder entre esses dois estados
configurou-se na política do café com leite (SP - MG). É importante ressaltar que essas
oligarquias se constituíram em todo o país através da prática do coronelismo. Caracterizado
pela concentração de poder nas mãos de um representante local, o coronel, é de grande
influência na região.
✓ 1891 - Primeira Constituição republicana do Brasil.
✓ Devemos considerar que a implantação da República não foi um consenso na
sociedade da época, já que desde o Império esta ocupava posições políticas e econômicas
que dava privilégios junto ao sistema então vigente.
✓ Podemos citar quatro exemplos de oligarquias no Ceará para representar as
alianças existentes. Entre os liberais estavam os Pompeus, com Nogueira Accioly (1896 a
1912), e os Paula, na figura de Rodrigues Junior; entre os conservadores estavam os
Carcarás, com o Barão de Aquira e os Ibiapinas, tendo como figura o Visconde de Jaguariba
e o Barão Ibiapara.
✓ Em sua chegada ao poder (1889), Deodoro da Fonseca passa a se articular contra
aqueles que até então apoiavam Floriano. No caso do Ceará, o general Clarindo de Queiroz
foi perseguido principalmente por sua mais forte oposição, liderada pelo oligarca Nogueira
Accioly.
✓ Já na República, os republicanos não estavam articulados para defender os
interesses da população, não tendo uma organização política real. A concretização do
sistema republicano deu condições para que as antigas oligarquias pudessem, de imediato,
ser afastadas do poder, mas por pouco tempo. Posteriormente, as oligarquias vieram a se
reorganizar nos centros republicanos agindo então de forma cívica em um recuo estratégico,
na qual conseguiram se adaptar à nova situação política de governo.
2.1.1. O Coronelismo no Ceará
✓ A constituição de 1891 previa bastante autonomia aos estados.
✓ Na monarquia predominava uma organização do Estado centralista, e com a
proclamação da República, as elites locais passaram a controlar a máquina pública de
acordo com seus interesses.
✓ O contexto da República proporcionou a organização do setor intelectual da cidade
de Fortaleza, em que se formou o grupo “Padaria Intelectual”, sendo esse um movimento
informal no qual seus membros se encontravam no Café Java. Antônio Sales e seus
companheiros passaram a produzir o “Pão”, um jornal que trazia a produção literária da
época, marcada por característica nacionalista, onde impediam a presença de palavras
estrangeiras em suas publicações.
✓ Apesar da presença de um novo sistema político, socialmente a República não
trouxe coisas novas para a população mais pobre, pois esta continuava a sofrer com as
desigualdades sociais e a seca, consequência da falta de projetos dos políticos visando
melhorias para esse setor da sociedade. Este fato teve como consequência a grande
movimentação de refugiados em busca de melhores condições de vida.
✓ Muitas pessoas, ao chegarem à cidade de Fortaleza, foram colocadas nos campos
de concentração do bairro de Alagadiço (projeta-se a presença de 8 mil pessoas), sendo
esses currais humanos cercados por arames farpado e vigilância, tudo isso para manter a
miséria e a pobreza distantes da elite cearense.
✓ Para pôr fim a esse campo de concentração, o governo cearense criou incentivo
para que aquelas pessoas migrassem para a região da Amazônia, tendo como resultado a
desativação do local. Contudo, no ano de 1932 ocorreu nova seca, fazendo com que o
governo reabrisse o campo de Fortaleza junto a outros, localizados no interior do Estado em
um processo de confinamento das pessoas mais pobres.
✓ Em relação à religiosidade, podemos destacar a figura de Cícero Romão Batista, o
Padre Cícero, nascido em 24 de março de 1844 na cidade de Crato. Sua maior identificação
foi com o vilarejo chamado pelo nome de Juazeiro pertencente àquele município.
✓ Além da vida religiosa, Padre Cícero também atuou na esfera política cearense ao
fazer aliança com Nogueira Accioly, tendo como desdobramento a Sedição de Juazeiro
(1914), confronto entre as oligarquias cearenses e o Governo Federal.
✓ O Padre, ao fazer aliança política com a oligarquia Accioly, fica como representante
político dessa vertente política. Franco Rabelo, ao enxergar o padre como um representante
do poder oligárquico, consequentemente uma oposição, organiza as tropas da capital com o
objetivo de atacá-lo,porém a população não o via da mesma forma, mas sim como um dos
símbolos mais populares da representação política e religiosa da sociedade cearense, um
“homem santo”. (Nogueira Accioly era natural de Icó, mas possuía forte influência na região
do Cariri. Suas relações com padre Cícero e Floro Bartolomeu, líderes políticos da região,
despertou uma disputa de poderes que culminou na sedição de Juazeiro a partir dos
ataques de Franco Rabelo.)
# Era Vargas
✓ Ao chegar o período de eleição para presidente João Pessoa se alinhou a Getúlio
Vargas ocupando o cargo de vice para as eleições, fato que promoveu o apoio da oposição à
Júlio Prestes, com exceção do Partido Democrático que se alinhou a João Pessoa.
✓ Logo com os acordos firmados as possibilidades de movimento armado perdem
força até o momento em que João Pessoa vem a ser assassinado por seu opositor político e
pessoal João Dantas.
✓ O evento do assassinato gerou movimentação em todo o país e também foi bem
explorado politicamente, pois promoveu o levante e articulação da oposição reacendendo o
movimento armado.
✓ Denominamos de “Era Vargas” o período em que Getúlio esteve à frente da
presidência do Brasil:
Governo Provisório (1930-1934);
Governo Constitucional (1934-1937);
A ditadura do “Estado Novo” (1937-1945); e
Período democrático (1950-1954).
✓ A Era Vargas está inserida à época da polarização política europeia entre
nazifascismo e o comunismo. Vargas flertava com os ideais fascistas.
✓ Após ataques de submarinos alemães à costa nordestina, Sergipe e Alagoas,
Vargas que até então nutria simpatia pelo nazifascismo, declarou guerra à Alemanha, em
1942.
✓ Poucos dias depois dos naufrágios, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo e
sua participação na II Guerra Mundial.
✓ A participação do Brasil na Segunda Guerra foi o fator decisivo para a queda de
Getúlio Vargas, que renunciou sob movimento militar liderado por Góes Monteiro.
✓ Em 29 de outubro de 1945, Góes Monteiro pediu exoneração do cargo, e foi a
liderança das três armas que impôs a renúncia à Vargas.
# A Revolução de 1930 é considerada o acontecimento da história do período
republicano brasileiro que pôs fim à chamada República Velha e, mais do que isso, foi o
acontecimento que também deu fim às articulações políticas entre as oligarquias
regionais do Brasil, que sobrepunham os seus interesses particulares aos interesses do
Estado e da Nação como um todo.
Na República Velha, vigorava a chamada política do café com leite, em que o Partido
Republicano Paulista revezava a presidência com o Partido Republicano Mineiro.
Assim, em 1930, de acordo com esta política do café com leite, Washington Luís
deveria indicar para ser seu sucessor, o presidente de Minas Gerais Antônio Carlos, ou o
vice-presidente da República, que era o mineiro Fernando de Melo Viana, que já fora
presidente de Minas Gerais, ou outro líder político mineiro.
Porém, no início de 1929, o presidente da República, Washington Luís, tendia a apoiar
o presidente de São Paulo, Júlio Prestes, que pertencia ao Partido Republicano Paulista, ao
qual também pertencia Washington Luís.
Essa desavença entre as oligarquias de São Paulo e Minas foi acompanhada da
organização de uma outra frente, formada por políticos de outros estados, como Rio Grande
do Sul, Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro. Essa frente ficou conhecida como Aliança
Liberal, ou AL.
O objetivo da AL era lançar candidatos à presidência e à vice-presidência que
viabilizassem uma alternativa ao joguete oligárquico. Os candidatos em questão, para
disputar as eleições de 1930, eram Getúlio Vargas, presidente do Rio Grande do Sul (para a
presidência), e João Pessoa, presidente da Paraíba (para a vice-presidência).
Apesar da mobilização da Aliança Liberal, Júlio Prestes saiu vitorioso e derrotou a
chapa de Vargas e Pessoa. Insatisfeitos com o resultado fraudulento, os membros da
Aliança Liberal passaram a articular soluções alternativas para o caso. A mais proeminente
era a saída revolucionária.
O principal protagonista da Revolução de 1930 foi Getúlio Dorneles Vargas, então
presidente (nome que se dava aos governadores da época) do estado do Rio Grande do
Sul.
Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as incursões armadas. Na região
Nordeste, as tropas foram lideradas por Juarez Távora, e tiveram como área de
disseminação o Estado da Paraíba. E, na região Sul, as tropas possuíam maior quantidade
de membros comandados pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se para o Rio de
Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas seria elevado à presidência da República.
Nesse processo, uma junta provisória militar depôs Washington Luís e assumiu o comando
do país, em 24 de outubro de 1930. Quando Getúlio Vargas chegou com as tropas ao Rio de
Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a junta provisória lhe transferiu o governo. Assim,
iniciou o Governo Provisório de Getúlio Vargas.
Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, foi uma ditadura brasileira instaurada
por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou até 29 de outubro de 1945. Foi
caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu
autoritarismo. A CLT foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e
sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo. A
consolidação das leis unificou toda a legislação trabalhista então existente no país e inseriu,
de forma definitiva, os direitos trabalhistas na legislação brasileira.
Era Vargas durou 15 anos, iniciando-se em 1930 e encerrando-se em 1945. Os anos
do governo de Vargas foram divididos pelos historiadores em três fases, que são: - Governo
Provisório (1930-1934) - Governo Constitucional (1934-1937) - Estado Novo (1937 – 1945).
O Plano Cohen foi uma suposta tentativa de tomada do poder por parte dos
comunistas, em 1937. Ele foi denunciado por Vargas pela rádio e foi utilizado como
justificativa para o golpe de Estado que instalou a ditadura do Estado Novo, em 10 de
novembro de 1937. Anos depois, comprovou-se a falsidade do plano e que sua real intenção
era servir de justificativa para Getúlio Vargas instalar uma ditadura no Brasil.
Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, foi uma ditadura brasileira instaurada
por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou até 29 de outubro de 1945. Foi
caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu
autoritarismo. A fase ditatorial da Era Vargas estendeu-se por oito anos. Nesse período,
Vargas reforçou o seu poder, reduziu as liberdades civis e implantou a censura. Também foi
o período de intensa propaganda política e um momento em que Vargas estabeleceu sua
política de aproximação das massas.
O conflito do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
✓ Por meio da religiosidade surge outra aglomeração de sertanejos na região de
Crato, formando a comunidade chamada de Santa Cruz do Deserto, liderada pelo Beato
José Lourenço, devoto de Padre Cícero. Essa comunidade provocou agitações locais, pois
membros da elite vieram a relacionar a estrutura organizativa de Santa Cruz com a de
Canudos, interpretando-a como opositora ao governo.
✓ Com o apoio de Getúlio Vargas (1937), deu-se a ordem para pôr fim ao Caldeirão de
Santa Cruz do Deserto. Após o massacre a seus membros, a comunidade foi desfeita,
porém seus sobreviventes formaram uma nova comunidade, sendo mais uma vez
massacrados.
Populismo e Regime Militar
✓ 1945 - Getúlio Vargas deixa o poder e termina o regime do Estado Novo.
✓ 1946 - Nova Constituição republicana do Brasil.
✓ A partir da década de 1940, ganha ênfase a presença de produtos e hábitos
estrangeiros e urbanos na cidade de Fortaleza. Já nos anos 50, a capital cresce de forma
acelerada quando começa a voltar sua dinâmica social e política para o litoral, tendo agora
não só o sertão como referência.
✓ 1º de abril de 1964 - Golpe Civil-Militar.
✓ Na década de 1960, o sistema republicano passa por uma radical transformação,
pois por meio do golpe militar foiinstituído um governo de cunho autoritário e opressor, que
veio a tirar a estrutura civil de governo fazendo prevalecer o regime de exceção que duraria
duas décadas.
✓ As transformações urbanas seguiram a dinâmica de outros centros urbanos, as
quais provocaram grande crescimento demográfico. Na década de 1970 a capital concentrou
mais de 1 milhão de habitantes, tendo o elemento de diminuição da mortalidade infantil e de
melhores condições de vida. Por outro lado, para alguns setores da população a
infraestrutura resultante da urbanização não foi a mesma, pois surgiu o processo de
favelização.
✓ A participação cearense nesse governo se deu ao colocar o primeiro presidente
eleito de forma indireta, o general Humberto Castelo Branco (1964-1967). Sua política foi
marcada pelo autoritarismo, por perseguir e desaparecer com opositores, restringiu os
direitos civis e promoveu a caça aos comunistas, implantando um código penal que permitia
a prisão de qualquer suspeito.
✓ Durante o regime militar, coronéis das oligarquias tiveram participação por meio de
um triunvirato composto por César Tals (1971-1975), Virgílio Távor a (1963-1966 e
posteriormente voltando em 1978) e Adauto Bezerra (1976-1978). Dominando a política
cearense durante esse período, tinham em comum costumes oligárquicos, como o
apadrinhamento em cargos públicos e continuidade no poder.
1) Quais eram as principais oligarquias presentes na região, durante o início da
República?
Entre os liberais estavam os Pompeus, com Nogueira Accioly, e os Paula, na figura de
Rodrigues Junior; entre os conservadores estavam os Carcarás, com o Barão de Aquira e os
Ibiapinas, tendo como figura o Visconde de Jaguariba e o Barão Ibiapara.
2) O que foi o movimento conhecido como “Padaria Espiritual”?
A Padaria Espiritual foi um movimento literário que surgiu no centro de Fortaleza em
1892. Escritores, pintores, músicos e apaixonados pela literatura se reuniam nos cafés da
época e resolveram criar um clube (uma espécie de grêmio literário). Seus membros
queriam produzir algo que alimentasse a alma e que se utilizasse de metáforas. Os
encontros aconteciam no centro de Fortaleza e reuniam os jovens escritores criadores do
clube. Entre eles estavam Antônio Sales, Lopes Filho, Ulisses Bezerra, Temóstocles
Machado e Tibúrcio de Freitas. Os jovens intelectuais protestavam contra o que fosse
considerado tradicional, principalmente as influências estrangeiras sofridas, sobretudo a
francesa, forte na Belle Époque de Fortaleza.
3) Explique o que eram os campos de concentração cearenses.
Muitas pessoas, ao chegarem à cidade de Fortaleza, eram colocadas nos chamados
“campos de concentração” do bairro de Alagadiço, sendo estes espécies de currais
humanos, cercados por arames farpado e vigilância, tudo isso para manter a miséria e a
pobreza distantes da elite cearense. Ocorreram em 1915 e 1932, em períodos de estiagem
marcado pela migração dos “flagelados da seca”, em Fortaleza (1915) e em cidades do
interior em 1932.
4) Como se chamava a figura religiosa mais importante do Ceará e que teve uma
importante participação política na região?
Em relação à religiosidade, podemos destacar a figura de Cícero Romão Batista, o
Padre Cícero, nascido em 24 de março de 1844 na cidade de Crato. Sua maior identificação
foi com o vilarejo chamado pelo nome de Juazeiro pertencente àquele município. Além da
vida religiosa, Padre Cícero também atuou na esfera política cearense ao fazer aliança com
Nogueira Accioly.
5) O que foi a Sedição de Juazeiro, acontecida em 1914?
Foi um conflito popular ocorrido durante a República Velha (1889-1930) na cidade de
Juazeiro do Norte, no sertão do Cariri, Ceará.
Ocupava o cargo de presidente do país, o Marechal Hermes da Fonseca (1855-1923),
que adotou medidas de intervenção política, conhecida como “Política das Salvações”, a fim
de combater as lideranças políticas (na época os coronéis) que dificultavam a atuação do
poder. Marcos Franco Rabelo, foi indicado pelo presidente como Governante do Ceará
(1912-1914), o que descontentou demasiado os coronéis, os quais se uniram com o intuito
de derrubar o governo.
Padre Cícero eleito prefeito de Juazeiro do Norte em 1911, envolveu-se na disputa
com o presidente Hermes da Fonseca para manter a família Accioly no poder regional. Em
1912, por conta da dura repressão a uma passeata de crianças a favor de Franco Rabelo, a
intervenção federal baniu Nogueira Accioly do meio político. Ainda no mesmo ano, o coronel
Franco Rabelo foi nomeado interventor federal, havendo eleição apenas para o cargo de
vice-governador, para o qual foi eleito, acumulando o cargo de intendente (administrador
municipal) de Juazeiro do Norte.
No dia 12 dezembro de 1913, deputados oposicionistas declararam a ilegalidade do
governo do então governador do Estado, Franco Rabelo. A resposta de Rabelo foi rápida.
No dia 15 de dezembro, as tropas estaduais estacionadas no Crato, sob o comando do
coronel Ladislau Lourenço, deram início às operações de invasão a Juazeiro.
Juazeiro do Norte foi ocupada pelas tropas do governo, tendo à frente o coronel Alípio
Lopes, escolhido pessoalmente por Rabelo para dar fim à sedição. Embora as investidas
oficiais tenham provocado muita tensão em Juazeiro, a resistência dos fiéis de Padre Cícero,
aliada ao ataque dos cangaceiros reunidos por Floro Bartolomeu, conseguiu vencer as
forças oficiais.
A revolta do juazeiro adquiriu um caráter messiânico, posto que a população, imbuída
de crenças religiosas, acreditava participar de uma “guerra santa”, com a liderança religiosa
e política de Padre Cícero. Nesse sentido, é importante salientar a fusão que se estabeleceu
entre o clero (igreja) e os fazendeiros do Ceará.
Em marcha a pé e via estrada de ferro, os sediciosos de Juazeiro, tal como eram
denominados, ocuparam Miguel Calmon, Senador Pompeu, Quixeramobim até marchar
sobre Fortaleza.
Em linhas gerais, a Sedição do Juazeiro foi um confronto entre as oligarquias
cearenses e o Governo Federal. O Padre, ao fazer aliança política com a oligarquia Accioly,
fica como representante político dessa vertente política. Franco Rabelo, ao enxergar o padre
como um representante do poder oligárquico, consequentemente uma oposição, organiza as
tropas da capital com o objetivo de atacá-lo, porém a população não o via da mesma forma,
mas sim como um dos símbolos mais populares da representação política e religiosa da
sociedade cearense, um “homem santo”. Revolta de caráter popular, liderada pelos coronéis,
pelo padre Cícero e pelo médico e político Floro Bartolomeu. Os coronéis do sertão do
Ceará estavam descontentes com a interferência do governo federal na política do estado.
Através da política salvacionista, o presidente Hermes da Fonseca interveio no governo
cearense para diminuir o poder das oligarquias locais (coronéis). A intervenção tirou do
poder a família Acyoli (tradicional e poderosa família da época).
Entre as principais causas da chamada “Sedição de Juazeiro”, estava a política de
intervenções do governo federal nos estados, também conhecida como “política das
salvações”, que interferia nas hegemonias locais que lhe eram contrárias.
Conforme plano firmado pelo governo sob a liderança do senador Pinheiro Machado,
seguiu para a capital cearense uma tropa federal para apoiar os revoltosos. Foi decretado o
estado de sítio no Ceará, e o general Fernando Setembrino de Carvalho foi nomeado
interventor no estado. Franco Rabelo deixou o governo e rumou para o Rio de Janeiro no dia
24 de março de 1914.
Estava concluída a revolução de Juazeiro. Como troféu, a Nova Jerusalém foi elevada
à categoria de cidade a 23 de julho do mesmo ano, e Padre Cícero Romão Batista foi
consagrado como um dos mais proeminentes coronéis da política republicana do país.
6) O que foi o Caldeirão de Santa Cruz do Deserto e qual era o nome de seu líder?
Era organizado como uma cooperativa de camponeses, tendo como orientação os princípios da
solidariedade cristã;
Depois da sedição de juazeiro
Outra aglomeração de sertanejosaconteceu na região de Crato, formando a
comunidade chamada de Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, liderada pelo Beato José
Lourenço, devoto de Padre Cícero. Essa comunidade provocou agitações locais, pois
membros da elite vieram a relacionar a estrutura organizativa de Santa Cruz com a de
Canudos, interpretando-a como opositora ao governo. Foi destruído em 1937, sob ordens de
Getúlio Vargas.
Representando um contraponto ao contexto vigente de individualismo capitalista e de
desigualdades sociais, o Caldeirão sob a liderança do Beato José Lourenço era organizado
como uma cooperativa de camponeses, tendo como orientação os princípios da
solidariedade cristã;
7) Comente sobre a situação do Ceará ao longo das décadas de 1940 e 1950.
A partir da década de 1940, ganha ênfase a presença de produtos e hábitos
estrangeiros e urbanos na cidade de Fortaleza. Já nos anos 50, a capital cresce de forma
acelerada quando começa a voltar sua dinâmica social e política para o litoral, tendo agora
não só o sertão como referência.
8) Quais foram as principais características sociais presenciadas na década de
1970?
Além de grande crescimento demográfico (o Ceará chegou a mais de 1 milhão de
habitantes), podemos destacar a redução da mortalidade infantil e as melhores condições de
vida, sobretudo nos centros urbanos. Contudo, algumas parcelas da população (as mais
pobres) passaram por um processo de marginalização, com o início das construções de
favelas.
9) Em que medida o Ceará teve participação política na ditadura militar, iniciada
em 1964?
Durante o regime militar, coronéis das oligarquias tiveram participação por meio de um
triunvirato composto por César Tals (1971-1975), Virgílio Távora (1963-1966 e
posteriormente voltando em 1978) e Adauto Bezerra (1976-1978). Dominando a política
cearense durante esse período, tinham em comum costumes oligárquicos, como o
apadrinhamento em cargos públicos e continuidade no poder.
O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo;
repercussões da redemocratização; “indústria da seca”: DNOCS
e SUDENE
SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (Sudene)
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, Sudene, é uma autarquia
federal, subordinada ao Ministério do Interior (A “subordinação” se referia ao tempo
em que a Sudene foi criada, hoje não existe mais subordinação de autarquia), com
sede em Recife, Pernambuco. O objetivo de sua criação foi a promoção e coordenação do
desenvolvimento do Nordeste, região que para os fins da Sudene compreende os estados
do MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, e parte do território de Minas Gerais enquadrada
no Polígono das Secas, e o território federal de Fernando de Noronha.
# Juscelino Kubitschek foi presidente do Brasil de 1956 a 1961 e ficou marcado na
história brasileira como um dos maiores incentivadores da industrialização do país. Como
mencionado, JK era um desenvolvimentista e acreditava que o desenvolvimento econômico
do país passava pelo fortalecimento da indústria nacional. As duas grandes marcas de seu
governo foram o Plano de Metas, um programa de desenvolvimento econômico, e a
construção da nova capital, Brasília. O Plano de Metas foi o programa econômico que o
governo JK desenvolveu, e nele foram estabelecidas 31 metas, que deveriam ser cumpridas
nos cinco anos de mandato.
Criada pela Lei nº 3.692, de 15/12/1959, do Congresso Nacional, promulgada pelo
presidente Juscelino Kubitschek. O diploma legal dispunha como finalidades e funções da
superintendência:
a) estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento do Nordeste;
b) supervisionar, coordenar e controlar a elaboração e execução de projetos a cargo
de órgãos federais na região e que se relacionem especificamente com o seu
desenvolvimento;
c) executar, diretamente ou mediante convênio, acordo ou contrato, os projetos
relativos ao desenvolvimento do Nordeste que lhe foram atribuídos nos termos da legislação
em vigor, e
d) coordenar programas de assistência técnica, nacional ou estrangeira, ao Nordeste.
Origens, criação e objetivos
A criação da Sudene foi o resultado da percepção do aguçamento das diferenças
entre o Nordeste e o chamado Centro-Sul do Brasil — o triângulo SP-Rio-Minas — a partir
da industrialização deste último.
Era a estrutura do latifúndio, do coronelato, da oligarquia agrária nordestina que
capturou o DNOCS, e que, politicamente, em sua maior parte, constituía no Nordeste o
Partido Social Democrático (PSD), ao qual pertencia o próprio presidente Kubitschek.
A SUDENE é uma forma de intervenção do Estado no Nordeste, impulsionada pelas
forças sociais do pacto da industrialização, que comandaram a expansão da economia
brasileira desde a década de 1930. Seu retrato perfeito é o da ampla coalizão de forças
sociais e políticas que estiveram presentes no Seminário de Desenvolvimento do Nordeste,
realizado na cidade pernambucana de Garanhuns, em abril de 1959, quando se instalou,
formalmente, o Codeno: a grande burguesia industrial nacional, liderada pela Confederação
Nacional da Indústria, patrocinadora do seminário, e presidida então pelo industrial Lídio
Lunardi; a fração industrialista da burguesia regional nordestina, cuja figura marcante era o
governador de Pernambuco, engenheiro Cid Sampaio, eleito em 1958 por uma coligação
entre a UDN, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de João Goulart, uma dissidência do
PSD de Pernambuco e as forças populares e de esquerda, que incluíam o futuro prefeito e
futuro governador Miguel Arraes; a Igreja do Nordeste, sob a liderança ostensiva do então
bispo-auxiliar de Natal, dom Eugênio de Araújo Sales, e na sombra, dom Hélder Câmara,
então arcebispo-auxiliar do Rio de Janeiro, mas já muito atuante no Nordeste, onde já havia
promovido e participado do I Encontro de Bispos do Nordeste, em 1956, em Campina
Grande, Paraíba (promoveria o II Encontro em Natal, Rio Grande do Norte, logo em
maio de 1959). As outras classes sociais que compareciam à coalizão, e que não estavam
formalmente representadas no Seminário de Garanhuns, eram o campesinato, cuja
liderança mais eminente era o então deputado Francisco Julião, líder das ligas camponesas
em Pernambuco e no Brasil, e o operariado urbano, cuja representação difusa infiltrava-se
por via da coligação de forças entre a burguesia regional e a esquerda, principalmente em
Pernambuco. De fora dessa ampla coalizão, o inimigo comum: o latifúndio nordestino,
a oligarquia agrária, os “coronéis”, que combateriam tenazmente o projeto da Sudene,
no interior do aparelho do Estado, através do DNOCS; no Congresso Nacional, pela
sua representação, no que se notabilizava o senador pela Paraíba Argemiro
Figueiredo, e ainda, no interior da própria estrutura do poder populista.
A Sudene aparece desde logo com a marca da coalizão dominante no Centro-Sul:
destinava-se, de fato, a promover o planejamento da expansão industrial em direção ao
Nordeste. O planejamento não era senão uma metamorfose do conflito entre a expansão
capitalista no Centro-Sul que, ao mesmo tempo, erodia o domínio de classe da burguesia
regional no Nordeste, e a ascensão das forças populares no Nordeste, contrapartida
necessária, não mecânica, entretanto, do mesmo processo.
Estrutura institucional, estatuto político-administrativo e legitimidade
A Sudene foi criada diretamente subordinada à Presidência da República. A inovação
fundamental diz respeito ao conselho deliberativo, com a participação dos estados, ao lado
dos organismos federais específicos do próprio Nordeste — a própria Sudene, o DNOCS, o
Banco do Nordeste do Brasil e a Comissão do Vale do São Francisco —, dos ministérios
civis da União, do Banco do Brasil, e do Estado-Maior das Forças Armadas.
A secretaria executiva da Sudene, cujo titular de 1959 a 1964 foi o economista
Celso Furtado, de resto responsável pela formulação estratégica do órgão a partir do seu
célebre diagnóstico Uma política de desenvolvimento para o Nordeste, de 1959, é a
responsável pelo funcionamento da superintendência. Sua estruturaçãode autarquia,
clássica já na tradição administrativa brasileira, além de implicar a flexibilidade dessa forma
de administração indireta, permitiu um grau de maleabilidade e iniciativa sem paralelo na
administração pública brasileira. A Sudene podia criar, como de fato criou, empresas e
sociedades de economia mista, nas quais ela representava a União, sem necessitar de
aprovação prévia do Congresso Nacional e, formalmente, nem mesmo do Poder Executivo.
A situação anteriormente descrita sofreu grandes modificações. Depois do movimento
militar de 1964, a Sudene foi incorporada ao Ministério do Interior, perdendo seu antigo
estatuto de quase ministério.
O conselho deliberativo ainda é, formalmente, o órgão máximo da autarquia. Mas os
processos políticos peculiares ao pós-1964, de que a centralização do Estado brasileiro é
bem a expressão, esvaziaram-no. De um lado, a perda de legitimidade política, de outro, a
perda de autonomia financeira dos estados, retiraram do conselho da Sudene qualquer
importância como foro real da articulação entre as dimensões políticas e técnicas do
processo de planejamento. Particularmente no Nordeste, a fragilidade da economia dos
estados e o processo peculiar mediante o qual se processou a recente industrialização sob a
égide da Sudene tornaram-no uma espécie de “não-ente político”, incapacitado para
implementar a articulação já referida, ou pelo menos mediatiza no plano regional, a relação
entre uma economia fortemente oligopolizada e um Estado crescentemente centralizado.
Atuação nas décadas seguintes
No início da década de 1980 o Brasil entrava em uma nova fase de sua vida política.
O regime democrático ia se tornando, aos poucos, uma realidade após 20 anos de ditadura
militar. No ano de 1982 ocorreu a eleição direta para os governos estaduais. Imbuídos desse
espírito de mudança, os governadores eleitos para os estados do Nordeste, que pertenciam
ao conselho deliberativo da Sudene, pretendiam que a autarquia recuperasse sua força
política junto ao Executivo visando acelerar a marcha de seus estados rumo ao
desenvolvimento. Nesse período, a Sudene elaborou um projeto de transposição de
recursos hídricos para a região do semi-árido nordestino. O aproveitamento das águas do
rio São Francisco além de minimizar o problema das secas proporcionaria — segundo o
diretor-geral, José Reinaldo Carneiro, do Departamento Nacional de Obras de Saneamento
(DNOS) — a geração de 2,4 milhões de empregos, o desenvolvimento da agroindústria,
piscicultura e serviços, e o abastecimento urbano e industrial. Entretanto, o projeto foi
recebido com frieza pelos governadores do Nordeste na reunião do conselho deliberativo da
Sudene em que foi apresentado.
Com a nova Constituição de 1988. A Sudene, respaldada pela Carta Constitucional,
ganhou então status de agência planejadora incumbida de minimizar as desigualdades
sociais e regionais.
Em 1993, uma auditoria do Tribunal de Contas novamente indicou a existência de
casos de corrupção envolvendo a Sudene, que na época era presidida por Cássio Cunha
Lima (PMDB-PB). Essas denúncias repercutiram na imprensa, o que teria provocado,
inclusive, uma tentativa de assassinato. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), acreditando que
a fonte das denúncias era o ex-governador da Paraíba, Tarcísio de Miranda Burity, tentou
matá-lo no dia 5 de agosto de 1993. Nove anos depois os sócios da empresa Sampa S/A
foram condenados à pena de reclusão pela Justiça Federal por terem participado de um
esquema que desviou mais de meio milhão de reais justamente durante a gestão de Cássio
Cunha Lima.
Diante da pressão das denúncias que mais uma vez envolviam a Sudene, e dessa
vez também a Sudam e o próprio Ministério da Integração Nacional, o Presidente Fernando
Henrique Cardoso resolveu extinguir a autarquia através da Medida Provisória 2145/2001.
Em seguida, mais precisamente em 24 de agosto de 2001, foi criada a Agência de
Desenvolvimento do Nordeste (ADENE). A principal diferença entre a Adene e a Sudene era
que a agência não estava autorizada a conceder renúncia fiscal como forma de apoiar
projetos de investimento. Seu formato era mais semelhante a o de um banco de fomento
que empresta capital com juros subsidiados.
Durante a campanha presidencial de 2002, Lula prometeu extinguir a Adene e recriar
a Sudene, assim como a Sudam. Cumprindo sua promessa, o presidente eleito enviou ao
congresso, em outubro de 2003 o Projeto de Lei Complementar nº 91/2003 que previa a
recriação da Sudene e da Sudam. O projeto passou por longa tramitação no congresso e a
Sudene só foi realmente recriada com a aprovação da lei complementar nº 125, de 3 de
janeiro de 2007. No momento a nova Sudene ainda está em processo de implementação, a
última prestação de contas disponível ao público corresponde ao ano de 2006 quando ainda
existia a Adene, e seu plano de cargos e salários só foi aprovado em 2008.
Os governos militares e o “novo” coronelismo; a
“modernização conservadora”
Nesse período da história, o Ceará era governado pelo militar Virgílio de Moraes
Fernandes Távora que esteve à frente do Estado durante dois mandatos, de 1963 a 1966 e
1979 a 1982. A primeira fase do governo de Távora foi marcada pela ideia de investir na
industrialização do Ceará, mas esses investimentos não foram satisfatórios, pois as
oligarquias tradicionais não possuíam capital suficiente para investir neste setor.
Durante seu governo, Távora tratou de fortalecê-lo a partir de alianças políticas, a mais
representativa aliança foi consolidada com o empresário e político, Carlos Jereissati. Nessa
época, havia sido implementada uma política desenvolvimentista que já vinha se
fortalecendo no início da ditadura civil e militar articulada em 1964, no intuito de tornar o
Ceará, um estado moderno fortalecendo a economia do setor industrial.
Com a implantação do governo dos militares, uma das mudanças foi a extinção de
alguns partidos políticos, como isso, apenas dois partidos constituiriam o cenário político.
No Ceará, os políticos que faziam parte do Partido Social Democrático-PSD e a UDN
passaram a representar a Aliança Renovadora Nacional ARENA. O partido de oposição ao
governo foi o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), um partido de oposição
de fachada. No Ceará, esse partido foi representado por alguns dos políticos do PSD.
As alianças de poder se reorganizavam, estreitando laços entre Távora e o governo de
Castelo Branco, isso propiciou sua permanência no governo. Mas isso não foi suficiente para
que nas eleições seguintes elegesse seu sucessor. Tendo sido eleito, Plácido Castelo do
Partido Social Progressista- PSP. Embora seu governo tenha sido caracterizado pela
dificuldade de recursos financeiros, a ideia de modernidade implantada pelo regime militar
trouxe para o Ceará obras que visavam o desenvolvimento econômico, como por exemplo, a
construção de rodovias como a rodovia do algodão entre Fortaleza e Crato.
No ano de 1970, ocorreram novamente eleições indiretas para governador e outro
militar foi indicado pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici. Embora tenha sido
pressionado por João Batista Figueiredo, Médici indicou César Cals que governou o Ceará
entre os anos de 1971 a 1975. A indicação de Cals trouxe insatisfação para Virgílio Távora
que esperava ser novamente indicado ao governo do estado do Ceará.
É importante ressaltar que o poder das oligarquias locais estava ligado a órgãos
públicos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS. Controlado
por uma oligarquia algodoeiro-pecuária, este órgão detinha o controle, dentro de um espaço
constituído por latifúndios e minifúndios.
Desse modo, o projeto de modernização ocorrido na década de 1970 fortaleceu o
poder das classes dominantes. Em concordância com Oliveira, tal projeto proporcionou a
garantia dos grupos políticos “detentores do capital” (OLIVEIRA, 1981, p. 120). No intuito de
obter acúmulo de capital a partir da homogeneização da economia da região Nordeste
atravésde políticas desenvolvimentistas, alimentando a formação de novos grupos
oligárquicos.
As políticas públicas implementadas pelo Estado através de órgãos públicos como o
DNOCS beneficiavam aqueles que detinham a concentração do poder. Oliveira (1981) deixa
evidente a situação de monopólio exercido pelas oligarquias locais, ressaltando os dois
principais instrumentos de poder (terra e água), capazes de subordinar aqueles que
necessitavam de apoio em períodos de escassez de água. O poder das oligarquias locais
estava enraizado e agravava a situação da região em período de falta de chuvas e
interrupção na produção de alimentos. Durante a década de 1970, foram construídos os
primeiros perímetros públicos irrigados no Ceará, entre eles o de Ayres de Souza, na
localidade de Jaibaras, distrito pertencente ao município de Sobral. [...] Durante o período de
investimentos dos órgãos federais na “modernização econômica” da região Nordeste, ao
longo dos anos 1920-1970, o Estado assumiu a condução das políticas desenvolvimentistas.
O governo de Cals teve como característica o autoritarismo que foi intensificando em
todo o Brasil durante o governo de Médici.
# A política dos coronéis no Ceará se estabeleceu através de um acordo entre os
coronéis militares Virgílio Távora, Cesar Cals e José Adauto Bezerra, onde visava a “união
da cúpula e a divisão das bases”, desse modo, havia a intenção de impossibilitar o
fortalecimento do Movimento Democrático Brasileiro-MDB, ou de outras lideranças.
O governo de Adauto Bezerra se caracterizou por sua ambivalência, sendo
modernizador e ao mesmo tempo tradicional, com bases fortalecedoras no clientelismo.
Durante seu governo de característica desenvolvimentista, diversas obras foram
implementadas, entre elas a construção de estradas.
Adauto Bezerra não concluiu seu mandato de governador, renunciando ao cargo para
concorrer ao Senado Federal. Não obtendo êxito devido à oposição do grupo da ARENA
apoiado por Virgílio Távora, sua candidatura enveredou na disputa como deputado federal
onde conseguiu se eleger como o mais votado do Ceará.
O retorno de Távora ao governo em 1980 foi marcado pelo fim do bipartidarismo e a
crise dos coronéis. O bipartidarismo implicou na extinção da ARENA, sendo denominada de
Partido Social Democrático-PDS, o MDB ganhou mais uma letra, sendo denominado Partido
do Movimento Democrático BrasileiroPMDB. Relembrando que o bipartidarismo não era
interessante para os coronéis, pois tiveram que se adequar à nova realidade, porém o
acordo se encontrava fragilizado.
# Bipartidarismo: Forma política em que dois partidos dividem o poder, sendo que um
deles mantém o controle do governo enquanto o outro funciona como uma oposição de
fachada. Essa política predominou durante o regime civil e militar no Brasil.
No segundo mandato de Távora, o foco desenvolvimentista continuou sendo a
construção de rodovias. A construção de obras no porto do Mucuripe em Fortaleza, bem
como da Companhia das Docas no Ceará faziam parte da ideia de tornar o Ceará o terceiro
polo industrial do Nordeste.
Nesse período, o acordo dos coronéis sofreu sua primeira crise, ocorrida entre os
governos de Adauto Bezerra e Virgílio Távora. As desconfianças com relação às alianças
políticas contribuíram para o surgimento dessa crise que foi agravada com o processo de
abertura democrática.
Naquele momento o cenário político estava constituído da seguinte maneira: para o
senado foi eleito diretamente José Lins de Albuquerque, representante do grupo político de
Adauto Bezerra, e indiretamente César Cals e para prefeito de Fortaleza foi indicado o nome
de Lúcio Alcântara.
É importante perceber que a abertura democrática proporcionou o enfraquecimento do
acordo dos coronéis que demonstrava sinais de fragilidade. A falta de fidelidade partidária foi
outro fator que contribuiu para que essa fragilidade se tornasse mais evidente. Contudo, o
rompimento desses grupos políticos não aconteceu instantaneamente.
A “nova” República: os “governos das mudanças”
Apresentou-se como uma alternativa à corrupção e ao clientelismo típicos das políticas
do coronelismo e ao que foi tratado como inoperância da esquerda.
Para compreender esse período é importante refletir o que significou o coronelismo e
as práticas do clientelismo marcado pela política da troca de favores, sendo algo comum
no período em que o Ceará foi governado pelos coronéis entre as décadas de 1960 e início
de 1980. Vale ressaltar que a política clientelista iniciou-se na República Velha (1889 - 1930),
no Ceará se consolidou no governo de Nogueira Accioly.
O coronelismo: formação de uma rede de relações pessoais e diretas entre pessoas
que ocupam posições assimétricas, em termos políticos e econômicos. Tais relações são
baseadas na troca de bens e serviços de natureza distinta: o patrão ou o chefe político
fornece terra, moradia, crédito, emprego, cuidados médicos e proteção; os clientes, em
contrapartida, fornecem mão-de-obra, serviços e votos. Estes últimos, na verdade, não eram
necessariamente a principal contrapartida esperada pelos coronéis, já que suas clientelas
incluíam um largo segmento de não-eleitores (analfabetos) e havia a possibilidade de uso da
violência para vencer a competição política com facções rivais.
O clientelismo tinha como base uma estrutura socioeconômica caracterizada por
relações de dependência mútua entre os envolvidos [...]”. Isso significava uma subordinação
entre o cliente e o chefe político. A igualdade e os direitos de cidadão não se faziam
presentes, pois o que reinava era a submissão do empregado com o patrão. A obediência, a
lealdade e a gratidão eram características da política dos coronéis que foram alimentadas
durante anos, isso inclui o período da ditadura civil e militar.
# A ascensão dessas lideranças no cenário político ocorreu num momento em que o
coronelismo e o clientelismo já se encontravam agonizantes. Desse modo, 1986 surge uma
chapa de oposição ao governo dos coronéis. Representado por jovens empresários da
família Jereissati e J. Macedo trazem ideias empreendedoras e contrárias às práticas
clientelistas. Essa modalidade de governo perdurou por mais ou menos duas décadas.
Na segunda metade da década de 1970, o Brasil atravessava dificuldades que
culminaram para a ruína dos governos militares. Desse modo, a crise econômica, a
insatisfação da sociedade civil com a ditadura somou a um conjunto de fatores que abriram
espaço para mudanças políticas. Havia aqueles que lutavam pelas causas sociais e
mudanças no campo, na cidade a partir de uma política que exercesse o diálogo
democrático entre governo e os movimentos sociais.
No Ceará, os empresários também se mostraram insatisfeitos com os governos
militares, posicionando-se contra a autonomia desses governos na economia dos Estados.
Afinal, o que representou os “governos das mudanças” para o Ceará?
É importante refletirmos que essa ascensão desses empresários restringiu-se a um
pequeno grupo da elite dominante que possuía um projeto de governo pautado na
racionalização administrativa, na limitação da participação do Estado em dispor recursos e
produzir alguns bens e serviços.
Esse governo começa em 1987 com a vitória de Tasso Jereissati e se estende até
1994, quando se elegeu novamente governador do Estado. Entre esses dois mandatos, em
1990 Jereissati elegeu seu sucessor, Ciro Gomes, dando continuidade ao projeto de
“mudança” projetado desde a campanha de 1986.
No período do último governo dos coronéis em 1986, Tasso Jereissati se candidatou
pelo PMDB, fazendo oposição a Adauto Bezerra e Gonzaga Mota coligados ao Partido da
Frente Liberal-PFL e Partido Democrático Social-PDS. Com a derrota dos coronéis, o Ceará
envereda por uma nova fase que também seria conflituosa entre Tasso e outros grupos
políticos que se manifestaram insatisfeitos com o governo do jovem empresário.
Uma forte característica desses governos foi de implementar no Ceará um projeto de
modernização, visando fortalecer setores como o de turismo, construindo

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