Buscar

Fisiologia do Sistema Hormonal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
A fisiologia do sistema hormonal através das ações coordenadas pelos hormônios, secretados pelo
conjunto de glândulas, órgãos e tecidos com a capacidade de integrar respostas harmônicas, entre as
mais diversas funções fisiológicas, em prol da manutenção da vida.
PROPÓSITO
Compreender a organização do sistema hormonal a partir das ações dos hormônios, presentes nos mais
diversos tecidos do nosso organismo, como conhecimento fundamental para a atuação profissional na
área da Saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a natureza química, produção e transporte dos hormônios
MÓDULO 2
Reconhecer a coordenação e o controle das funções fisiológicas e da ação hormonal
MÓDULO 3
Descrever os eixos fisiológicos de integração hormonal
INTRODUÇÃO
Ao falarmos em endocrinologia, uma das primeiras coisas que passa pela nossa cabeça é o termo
hormônios. A história da endocrinologia começa com a descoberta dos hormônios que são mensageiros
químicos do nosso organismo, capazes de integrar funções entre os mais diversos órgãos e tecidos,
através de uma complexa e harmônica rede de comunicação, que contribui para a manutenção da
homeostase. A partir dessas descobertas, é possível investigar os efeitos fisiológicos, os mecanismos
de ação, os tecidos-alvo, o papel dos hormônios em quadros patológicos e as alternativas terapêuticas
para várias doenças.
O diabetes é uma doença conhecida desde a Antiguidade, cuja causa foi desconhecida por muitos anos.
Somente em 1889 foi reportado em um estudo que a remoção do pâncreas de cachorros havia
provocado aumento dos níveis de “açúcar” ou glicose no sangue, seguido de coma e morte, de forma
semelhante à evolução do diabetes em humanos.
Em 1922, pesquisadores da Universidade de Toronto prepararam um extrato pancreático que reduziu os
níveis de glicose no sangue de uma criança diabética, representando a descoberta do fator pancreático,
que foi denominado insulina. Essas descobertas marcaram a história da fisiologia endócrina; ocorreram
em uma época de tecnologia e ferramentas rudimentares e de pouco entendimento sobre a biologia e a
fisiologia.
De lá para cá, o avanço tecnológico permitiu a descoberta de diversas moléculas que são capazes de
atuar como hormônios, como a leptina produzida pelo tecido adiposo, encontrada em 1994, e a grelina
secretada pelo estômago, revelada em 1999, que são capazes de controlar a fome e a saciedade. Em
2012, foi descoberto um hormônio produzido pelo músculo esquelético, principalmente, de pessoas
fisicamente ativas, denominado irisina, que ajuda a compreender os efeitos positivos de uma vida
fisicamente ativa. Essas descobertas indicam que a fisiologia endócrina, através da descoberta de novos
hormônios, ainda tem muito a revelar para a nossa compreensão da fisiologia humana.
MÓDULO 1
 Identificar a natureza química, produção e transporte dos hormônios
NATUREZA QUÍMICA
Os hormônios podem ser considerados os primeiros mensageiros químicos do sistema endócrino.
Tradicionalmente, consideravam-se os hormônios substâncias secretadas pelas glândulas endócrinas.
Hoje, sabe-se que outros órgãos também produzem, eventualmente armazenam e liberam hormônios,
dentre eles: certos neurônios e células especializadas do trato digestivo, incluindo o estômago; coração,
rins, pele, tecido adiposo e muscular esquelético.
Você pode dizer que, no nosso corpo, vários tipos de mensageiros químicos são produzidos e
liberados para atender necessidades fisiológicas específicas, promovendo a coordenação e integração
de respostas entre os mais diversos órgãos.
MENSAGEIROS QUÍMICOS
Incluem os hormônios endócrinos, parácrinos, autócrinos, neuro-hormônios, citocinas,
interleucinas, adipocinas, miocinas.
Os hormônios são mensageiros químicos produzidos por células especializadas de glândulas e outros
tecidos, que desempenham papel-chave na regulação de praticamente todas as funções do organismo,
incluindo o controle do metabolismo, os processos bioenergéticos, a síntese de proteínas, o
crescimento, o desenvolvimento, o equilíbrio hidroeletrolítico, a reprodução e o comportamento.
CLASSIFICAÇÃO
javascript:void(0)
Os hormônios são classificados de acordo com a natureza ou estrutura química da molécula e isso tem
a ver com a “matéria-prima” usada na síntese desses mensageiros químicos.
Você pode assumir que o que importa na determinação de um hormônio não é do que ele é feito e, sim,
o que e como ele faz.
Existem basicamente três classes gerais de hormônios em função da estrutura química do composto.
Hormônios peptídicos

Hormônios esteroides

Hormônios derivados do aminoácido tirosina
HORMÔNIOS PEPTÍDICOS
Os hormônios peptídicos são de origem proteica, ou seja, são formados a partir de sequências de
aminoácidos e, assim, conservam as mesmas propriedades das proteínas. Entretanto, em comparação
com as proteínas com funções estruturais ou dinâmicas, os hormônios são compostos por sequências
de aminoácidos menores, então, podem ser comparados a pequenas proteínas.
 ATENÇÃO
A maioria dos hormônios está nessa classe e podem variar muito de tamanho. Alguns são cadeias de
aminoácidos maiores, como os hormônios do crescimento e a prolactina, que contém mais de 200 resíduos
de aminoácidos, enquanto outros são cadeias bem pequenas, como o hormônio liberador de tireotropina
(TRH), secretado pelo hipotálamo, que contém apenas três aminoácidos em sua estrutura.
Em termos de classificação, podemos definir:
Proteínas – Geralmente, têm mais de 100 aminoácidos.

Hormônios peptídicos – Menos de 100 aminoácidos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 1: Hormônios peptídicos: sequência de aminoácidos da insulina humana.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 2: Estrutura da Vasopressina.
Em geral, esses hormônios são solúveis em água e ainda incluem outros hormônios, dentre eles: a
insulina e o glucagon produzidos pelo pâncreas; os hormônios secretados pela hipófise anterior e
posterior, como o hormônio antidiurético e o hormônio do crescimento (GH); adipocínas, como a
adiponectina e a leptina; e muitos outros. Alguns deles estão listados na tabela abaixo:
Glândula/Tecido Hormônios Principais Funções
Hipotálamo
Hormônio liberador de
tireotropina (TRH) 
Hormônio liberador de
corticotropina (CRH) 
Hormônio liberador do
hormônio do crescimento
(GHRH) 
Hormônio liberador de
gonadotropinas (GnRH)
Estimula a secreção de TSH e prolactina. 
Promove a liberação de ACTH. 
Causa a liberação do hormônio do
crescimento (GH). 
Provoca a liberação de LH e FSH.
Hipófise
anterior
Hormônio do crescimento
(GH) 
Hormônio tireoestimulante
(TSH) 
Hormônio
adenocorticotrópico (ACTH) 
Prolactina 
Hormônio folículo
estimulante (FSH) 
Hormônio luteinizante (LH) 
Estimula a síntese de proteínas e
crescimento de tecidos moles. 
Estimula a síntese e secreção de
hormônios da tireoide. 
Estimula a síntese e secreção de cortisol. 
Promove o desenvolvimento das mamas
e lactação. 
Ocasiona o crescimento dos folículos
ovarianos e maturação de
espermatozoides. 
Estimula a síntese de testosterona e
ovulação.
Hipófise
posterior
Hormônio antidiurético
(ADH) 
Ocitocina
Aumenta a reabsorção de água nos rins. 
Controla as contrações uterinas.
Pâncreas Insulina (células β) Promove a captação de glicose, estimula
Glucagon (células α) a síntese de glicogênio e ácidos graxos. 
Estimula a degradação do glicogênio
hepático.
Paratireoide Paratormônio (PTH)
Controla a concentração de íons cálcio no
plasma.
Rim Eritropoietina Estimula a produção de hemácias.
Coração Peptídeo natriurético atrial
Aumenta a excreção renal de sódio e
aumenta a pressão arterial.
Intestino
delgado
Colecistocinina (CCK)
Estimula a contração da vesícula biliar e a
secreção de enzimas pancreáticas.
Adipócitos Leptina Inibe o apetite e estimula a termogênese.
Estômago Gastrina Estimula a secreção de HCl.
Músculo
Esquelético
Irisina
Estimula a biogênese mitocondrial e a
termogênese.
Tabela 1: Tecidos, glândulas produtorase principais ações de hormônios peptídicos. Fonte: EnsineMe.
HORMÔNIOS ESTEROIDES
A segunda classe de hormônios é denominada de hormônios esteroides e inclui os produzidos e
secretados pelo córtex adrenal, como o cortisol e a aldosterona, hormônios sexuais produzidos pelos
ovários e placenta, como o estrogênio e progesterona, além da testosterona produzida pelos testículos.
Os hormônios esteroides são derivados do colesterol e, por terem natureza química lipídica, são
hidrofóbicos. As glândulas produtoras, exemplos e principais ações estão listados na tabela a seguir:
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 3: Estrutura do cortisol.
Glândula/Tecido Hormônios Principais Funções
Córtex adrenal
Cortisol 
Aldosterona
Provoca o catabolismo das proteínas, a mobilização de
lipídeos, a gliconeogênese e tem efeito
imunossupressor. 
Aumenta a expressão de transportadores de sódio nos
rins, aumentando a reabsorção de água e controle da
pressão arterial.
Testículos Testosterona
Promove o desenvolvimento do sistema reprodutor
masculino e das características sexuais.
Ovários/Placenta
Estrogênios 
Progesterona
Promove o desenvolvimento do sistema reprodutor
feminino e das mamas. 
Controla as secreções do endométrio e o
desenvolvimento das mamas.
Tabela 2: Tecidos, glândulas produtoras e principais ações de hormônios esteroides. Fonte: EnsineMe.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 4: Estrutura da testosterona.
HORMÔNIOS DERIVADOS DO AMINOÁCIDO
TIROSINA
A terceira classe de hormônios é representada pelos derivados da tirosina. A tirosina é um aminoácido
que serve de matéria-prima para a síntese dos hormônios da tireoide, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4)
bem como das catecolaminas que reúnem a epinefrina, norepinefrina e dopamina. Epinefrina e
norepinefrina são também conhecidas como adrenalina e noradrenalina, respectivamente. Nesta classe
de hormônios, temos:
Substâncias hidrossolúveis como as catecolaminas

Enquanto os hormônios tireoidianos são hidrofóbicos
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 5: Estrutura da Tiroxina (T4).
 
Fonte: EnsineMe
 Figura 6: Catecolaminas.
Veja esses hormônios na tabela abaixo:
Glândula/Tecido Hormônios Principais Funções
Hipotálamo Dopamina Inibe a secreção de prolactina.
Tireoide
Triiodotironina
(T3) 
Tiroxina (T4)
Ambos atuam aumentando as taxas de reações
químicas em quase todos os tecidos e, assim, o
aumento do metabolismo basal.
Medula adrenal
Epinefrina 
Norepinefrina
Aumentam a frequência cardíaca e a ventilação
pulmonar, controlam o fluxo sanguíneo e promovem a
degradação do glicogênio.
Tabela 3: Tecidos, glândulas produtoras e principais ações de hormônios derivados do aminoácido
tirosina. Fonte: EnsineMe.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 7: Glândulas e hormônios do sistema endócrino.
SÍNTESE DE HORMÔNIOS PEPTÍDICOS
Uma vez identificada a estrutura química dos hormônios peptídicos, é possível prever os mecanismos
envolvidos em sua síntese; visto que são “pequenas proteínas”, a síntese desses compostos ocorre
através das mesmas etapas que a síntese de qualquer proteína.
Logo, para iniciar a síntese de um hormônio peptídico:
Primeiro ocorre a transcrição gênica no núcleo, que consiste na cópia de um trecho do DNA conhecido
como gene e resulta na formação de um RNA mensageiro (RNAm).

Em linhas gerais, atravessa a carioteca que é o envelope nuclear, através de poros nessas membranas
e geralmente é direcionado ao retículo endoplasmático rugoso.

Em seguida, por meio da ação dos ribossomos, irá passar pelo processo de tradução gênica, quando os
ribossomos decodificam o RNAm e constroem uma cadeia de aminoácidos correspondente.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 8: Síntese de insulina.
É comum que esses hormônios sejam produzidos como proteínas maiores, sem atividade biológica,
conhecidos como pré-pró-hormônios, que, ainda dentro do retículo, serão quebrados e transformados
em pró-hormônios. Empacotados em vesículas, serão exportados ao aparelho de Golgi, onde serão
acondicionados em vesículas secretoras na presença de enzimas que quebrarão os pró-hormônios em
hormônios no estado ativo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 9: Exocitose.
As vesículas produzidas pelo aparelho de Golgi podem ficar armazenadas no citoplasma ou aderidas à
membrana plasmática. A secreção dos hormônios na corrente sanguínea geralmente é do tipo regulada,
ou seja, para que os hormônios peptídicos sejam secretados, há a necessidade de a célula receber
algum sinal que provoque a liberação. Normalmente, esses sinais envolvem a modificação dos níveis de
cálcio no ambiente intracelular que, por sua vez, induz a exocitose do conteúdo dessas vesículas.
SÍNTESE DE HORMÔNIOS ESTEROIDES
A matéria-prima para a síntese dos hormônios esteroides é o colesterol. Com isso, a estrutura molecular
desses hormônios é muito semelhante à estrutura do próprio colesterol. Essa característica determina
que os hormônios esteroides sejam substâncias lipossolúveis e, assim, não se misturam na água
facilmente, ao contrário dos hormônios peptídicos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 10: Exocitose Regulada e Constitutiva.
Outra diferença marcante em relação aos hormônios peptídicos é que os hormônios esteroides não
ficam armazenados nas células secretoras. Estes hormônios são secretados em um mecanismo
chamado de secreção constitutiva, que pode ser compreendido como uma secreção imediata à síntese.
Assim, você pode dizer que os hormônios esteroides só são produzidos quando são necessários, sendo
logo em seguida secretados no sangue. Essa capacidade é garantida pela presença constante na célula
produtora do colesterol, embora os hormônios esteroides não fiquem estocados, as células são capazes
de armazenar grandes depósitos de ésteres de colesterol em vacúolos no citoplasma, que podem ser
rapidamente mobilizados para a síntese hormonal.
 ATENÇÃO
Como os hormônios esteroides são lipossolúveis, uma vez que tenham sido produzidos, eles simplesmente
se difundem através da membrana plasmática e são secretados nos líquidos extracelulares, alcançando a
circulação sanguínea.
SÍNTESE DOS HORMÔNIOS DERIVADOS DE
TIROSINA
A tirosina é um aminoácido que pode dar origem a dois grupos distintos de hormônios:
Tireoide

Catecolaminas
Em ambos os casos, a transformação desse aminoácido em hormônios depende de reações químicas
específicas, catalisadas por enzimas nos compartimentos celulares, especialmente, no retículo
endoplasmático liso.
Na tireoide, os hormônios T3 e T4 são produzidos e incorporados a uma proteína chamada
tireoglobulina, que atua armazenando esses hormônios em grandes folículos dentro da glândula.
Quando há a necessidade de secreção, os hormônios são separados dessa proteína e secretados na
corrente sanguínea. Uma vez no sangue, esses hormônios se associam a uma proteína globular que
atua transportando e gradualmente liberando esses hormônios para os tecidos-alvo.

Na região da medula da glândula adrenal, as catecolaminas, epinefrina e norepinefrina são formadas
através de reações enzimáticas específicas, com uma produção de epinefrina cerca de quatro vezes
maior e ficam armazenadas em vesículas secretoras até que haja o estímulo para a liberação, de forma
semelhante aos hormônios peptídicos. Ao chegaram à circulação sanguínea, boa parte das
catecolaminas são transportadas na forma livre, no plasma, até atingirem os tecidos-alvo.
INÍCIO DA SECREÇÃO E DURAÇÃO DA AÇÃO
HORMONAL
O início da liberação e ação hormonal pode variar entre os diferentes hormônios. A estimulação
provocada pelo sistema nervoso simpático sobre a medula adrenal estimula a liberação de epinefrina e
norepinefrina de forma muito rápida e, poucos segundos após a liberação, esses hormônios já são
capazes de atingir seus efeitos completos.
 EXEMPLO
Você pode perceber isso quando toma um susto; nesse caso, o seu sistema nervoso autônomo interpreta o
susto como uma situação de perigo e ativa o sistema de luta e fuga queenvolve a liberação de adrenalina.
Dentre as ações da adrenalina, sabemos que ela é capaz de promover o aumento da frequência
cardíaca e, se você se lembrar da última vez que tomou um susto, muito provavelmente vai saber que
seu coração dispara quase imediatamente, ou seja, a ação da adrenalina ocorre de forma muito rápida
após sua liberação. Outros hormônios como a tiroxina (T4) e o hormônio do crescimento, por outro lado,
podem levar meses para atingir um efeito fisiológico completo.
CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE
HORMÔNIOS
Agora você verá os mecanismos de sinalização celular e entenderá que os efeitos hormonais podem ser
amplificados, exercendo um resultado poderoso, quando eles atuam nas células alvo e, por essa razão,
as concentrações ou quantidades necessárias para os efeitos fisiológicos dos hormônios são
extremamente pequenas.
CONTROLE DA SECREÇÃO POR
RETROALIMENTAÇÃO NEGATIVA
Um dos principais mecanismos de controle da secreção hormonal é a retroalimentação ou feedback
negativo. Embora a maioria dos hormônios tenha sua liberação influenciada por diversos fatores, que
podem variar ao longo do dia, como o estado alimentado, o jejum e todo tipo de estresse, o feedback
negativo é o principal mecanismo capaz de assegurar o equilíbrio da concentração adequada de
hormônios.
Geralmente, depois que um hormônio é liberado, atua nos tecidos-alvo e seus efeitos provocam várias
respostas. Quando esses efeitos são satisfatórios para o organismo, ou seja, quando a ação do
hormônio atinge a necessidade fisiológica, sinais de retroalimentação são percebidos pela glândula
endócrina que reduz a taxa de secreção hormonal.
Os mecanismos de feedback negativo podem atuar controlando a síntese do hormônio, a expressão
gênica das enzimas envolvidas na síntese hormonal e nos mecanismos de exocitose.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 11: Feedback negativo dos hormônios da tireoide.
CONTROLE DA SECREÇÃO POR
RETROALIMENTAÇÃO POSITIVA
A retroalimentação ou feedback positivo tem um efeito semelhante a um ciclo vicioso, onde a liberação
de um hormônio provoca uma resposta no tecido-alvo. Este, por sua vez, estimula ainda mais a
liberação do hormônio em uma espécie de surto, em que quanto maior a ação hormonal, maior também
será sua liberação.
 EXEMPLO
Um exemplo interessante é a liberação da ocitocina pela hipófise posterior durante o trabalho de parto. Nesse
caso, o papel da ocitocina é provocar as contrações uterinas que empurram o bebê contra o colo do útero.
Essa ação mecânica de estiramento do colo uterino é interpretada pelo hipotálamo e provoca a liberação de
mais ocitocina, potencializando as contrações uterinas, até que haja o nascimento do bebê.
LIBERAÇÃO HORMONAL CONTROLADA POR
VARIAÇÕES CÍCLICAS
Variações do ciclo diário – que incluem o ciclo claro e escuro, o estado de sono e vigília, o repouso e o
exercício, o estado alimentado e o jejum – se sobrepõem aos mecanismos de feedback e influenciam a
liberação de hormônios ao longo do dia.
Vários exemplos se enquadram nessa situação. O hormônio do crescimento é liberado de forma
acentuada durante a primeira fase do sono e diminui nos estágios posteriores, além disso, em situações
de hipoglicemia o hormônio do crescimento também é liberado para promover a degradação do
glicogênio hepático.
Veja agora o exemplo da liberação de insulina pelas células β-pancreáticas:
Após a ingestão, digestão e absorção de uma dieta balanceada ocorre o aumento dos níveis de glicose
no plasma, a hiperglicemia.

A elevação dos níveis de glicose é percebida pelo próprio pâncreas, de modo que a glicose entra no
citoplasma das células β-pancreáticas.

Após algumas etapas bioquímicas, estas acabam alterando a concentração iônica no ambiente
intracelular, provocando a despolarização das membranas da célula.

Isso leva à abertura de canais de cálcio com a consequente entrada de cálcio para o interior celular.

A presença do cálcio no citoplasma provoca a exocitose das vesículas e assim a liberação da insulina
para a corrente sanguínea.
Uma das funções da insulina é provocar a retirada de glicose do sangue, estimulando tecidos, como os
músculos esqueléticos e o tecido adiposo, a captarem glicose. Como consequência, esse processo leva
à normalização dos níveis glicêmicos, que são percebidos pelo pâncreas e indicam que a insulina já
exerceu seus efeitos esperados, assim, a taxa de liberação de insulina é reduzida fechando um circuito
de feedback negativo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 12: Controle da secreção de insulina.
TRANSPORTE PLASMÁTICO
Existem duas formas de transporte plasmático de hormônios, que são explicadas pela natureza química
do composto.
Anteriormente, você viu que os hormônios peptídicos e as catecolaminas são hidrossolúveis, portanto,
se dissolvem facilmente em água. Assim, já que o plasma sanguíneo é feito à base de água, esses
hormônios se solubilizam e são transportados até as células-alvo livremente.

Em contrapartida, os hormônios hidrofóbicos, como os esteroides e os hormônios da tireoide, não se
diluem em água e por essa razão precisam se associar a transportadores para chegarem aos seus
alvos, mais ou menos como se essas substâncias precisassem pegar uma carona. As proteínas
plasmáticas representam esses transportadores.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 13: Globulina: Proteína de transporte de hormônios sexuais.
DEPURAÇÃO DE HORMÔNIOS
Agora que você já viu a variedade de hormônios e conhece suas formas de síntese, secreção e
transporte, tem um cenário em que eles estão aptos a provocar os seus efeitos.
Você também deve ter compreendido que, uma vez que os hormônios tenham realizado suas funções e
atingido o controle fisiológico, eles não são mais necessários e precisam “sair de cena”, precisam ser
depurados.
Existem diferentes maneiras de depuração dos hormônios do plasma, incluindo a metabolização pelos
tecidos, quando a própria célula-alvo pode realizar a endocitose do complexo receptor-hormônio e
degradar o hormônio por meio da ligação com estruturas celulares, inativando-o, através da excreção
renal pela urina ou hepática, através da bile.
O tempo entre a liberação e a depuração também varia entre os hormônios.
Hormônios hidrossolúveis - Em geral, têm a meia vida curta, que, em alguns casos, pode durar
menos de um minuto.
Hormônios que se associam às proteínas transportadoras - Podem ficar na circulação por
várias horas ou até mesmo dias.
Esteroides - Ficam na circulação por 20 a 100 minutos.
Hormônios tireoidianos - Podem ficar na circulação por até seis dias.
PRODUÇÃO E TRANSPORTE DE HORMÔNIOS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COMO VOCÊ PÔDE VER, OS HORMÔNIOS SÃO CLASSIFICADOS DE ACORDO
COM A NATUREZA OU ESTRUTURA QUÍMICA DA MOLÉCULA. PODEM SER
FORMADOS A PARTIR DO COLESTEROL, DE AMINOÁCIDOS ESPECÍFICOS, OU
PODEM SER FORMADOS A PARTIR DE CADEIAS DE AMINOÁCIDOS FORMANDO
HORMÔNIOS PEPTÍDICOS OU PROTEICOS. DENTRE AS ALTERNATIVAS
ABAIXO, ESCOLHA AQUELA EM QUE TODOS OS HORMÔNIOS LISTADOS SÃO
HORMÔNIOS PEPTÍDICOS OU PROTEICOS.
A) Hormônio do crescimento, leptina, insulina
B) Estrogênio, hormônio antidiurético e glucagon
C) Paratormônio, insulina e cortisol
D) Colecistocinina, epinefrina e aldosterona
E) Testosterona, dopamina e prolactina
2. ANALISE AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR E DEPOIS MARQUE A RESPOSTA
CORRETA: 
 
“A TESTOSTERONA É UM HORMÔNIO PEPTÍDICO, OU SEJA, UMA PEQUENA
PROTEÍNA, PORTANTO, A TESTOSTERONA APRESENTA NATUREZA QUÍMICA
HIDROFÍLICA, SENDO SOLÚVEL EM ÁGUA E DESSA FORMA NÃO REQUER UM
TRANSPORTADOR PLASMÁTICO”.
A) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa.
B) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
C) Ambas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
D) Ambas são verdadeiras, porém a segunda não justifica a primeira.
E) Ambas são falsas
GABARITO
1. Como você pôde ver, os hormônios são classificados de acordo com a natureza ou estrutura
química da molécula. Podem ser formados a partir do colesterol,de aminoácidos específicos, ou
podem ser formados a partir de cadeias de aminoácidos formando hormônios peptídicos ou
proteicos. Dentre as alternativas abaixo, escolha aquela em que todos os hormônios listados são
hormônios peptídicos ou proteicos.
A alternativa "A " está correta.
 
Os hormônios do crescimento produzidos pela hipófise anterior, a leptina, pelo tecido adiposo, e a
insulina, pelo pâncreas, são exemplos de hormônios peptídicos ou proteicos.
2. Analise as afirmações a seguir e depois marque a resposta correta: 
 
“A testosterona é um hormônio peptídico, ou seja, uma pequena proteína, PORTANTO, a
testosterona apresenta natureza química hidrofílica, sendo solúvel em água e dessa forma não
requer um transportador plasmático”.
A alternativa "E " está correta.
 
A testosterona é um hormônio esteroide, portanto derivado do colesterol e, por ter natureza química
lipídica, requer um transportador plasmático.
MÓDULO 2
 Reconhecer a coordenação e o controle das funções fisiológicas e da ação hormonal
O metabolismo é determinado por um conjunto de proteínas presentes em tecidos específicos, nas mais
variadas células. Esse conjunto de proteínas é representado principalmente pelas enzimas, por
proteínas de membrana, como os receptores, canais, bombas e transportadores e pelas proteínas da
comunicação celular. As células possuem limites bem definidos pelas membranas plasmáticas e são
unidades funcionais independentes, onde as funções podem ser gerais ou extremamente específicas
para cada tipo celular.
Curiosamente, essa independência não significa autonomia, ou seja, é como se nossas células
soubessem como fazer suas funções, porém sem saber em que extensão devem fazer, ou até mesmo
quando trabalhar e quando parar de trabalhar.
Essa falta de autonomia é resolvida em boa parte pelas funções do sistema endócrino, mediada pela
ação dos hormônios.
O METABOLISMO É TECIDO ESPECÍFICO
O metabolismo é o mesmo que funcionamento celular, que é determinado pelo conjunto de proteínas
presentes em uma célula de forma tecido-específica. Existem variados tipos celulares no nosso corpo,
como os neurônios, os miócitos, os hepatócitos do fígado, os eritrócitos no sangue etc.; e, naturalmente,
cada uma dessas células tem uma função específica para a manutenção das funções fisiológicas.
 EXEMPLO
A capacidade do nosso corpo em metabolizar alguns nutrientes, como os açúcares e as gorduras. Sabemos
que o excesso de “açúcar” na dieta pode ser transformado em ácidos graxos e, em seguida, em
triglicerídeos, que pode ser estocado como forma de reserva de energia, principalmente no tecido adiposo. A
esse processo, damos o nome de síntese de ácidos graxos, podendo depois ser degradado em outro
processo chamado de β-oxidação, para que algumas células obtenham energia desse composto.
Agora, se fizermos uma comparação entre hepatócitos, miócitos e eritrócitos, veremos o seguinte:
Hepatócitos - São capazes de sintetizar e degradar as gorduras.

Miócitos - São capazes apenas de degradar as gorduras.

Eritrócitos - Não fazem nem síntese, nem degradação das gorduras.
Essa diferença metabólica é explicada pelo fato de que as enzimas responsáveis pela degradação estão
presentes no fígado e no músculo. As da síntese, só o fígado possui e o eritrócito não expressa nenhum
dos dois conjuntos enzimáticos.
É possível associar as funções celulares à presença ou expressão tecido-específica de proteínas nas
células e, consequentemente, extrapolar essas funções para o nível dos órgãos e tecidos. Assim, o
metabolismo celular é dado pela expressão tecido-específica de proteínas, que são, então, consideradas
o “maquinário metabólico” celular. É justamente essa característica que nos permite dizer que as células
são unidades funcionais, como pequenas “fábricas” independentes.
COORDENAÇÃO DAS FUNÇÕES FISIOLÓGICAS
POR MENSAGEIROS QUÍMICOS
Vimos que o metabolismo é tecido-específico em função da presença do maquinário metabólico e de
responsabilidade das unidades celulares. Agora, é importante discutirmos que todo esse funcionamento
deve servir ao nosso organismo, no sentido de manter os parâmetros fisiológicos em homeostase.
ENTÃO, AQUI NOS DEPARAMOS COM UMA
QUESTÃO-CHAVE: QUEM SÃO OS AGENTES QUE
CONTROLAM AS FUNÇÕES DO METABOLISMO?
RESPOSTA
A inter-relação dos mais variados sistemas de mensageiros químicos é capaz de controlar as múltiplas
atividades das células e tecidos-alvo, de forma integrada e coordenada, onde em diversas vezes um
hormônio é capaz de atuar no controle de funções de diferentes tecidos, com resultados que se
completam. Em outros casos, diferentes hormônios atuam juntos, de forma sinérgica ou antagônica, mas
sempre tornando o controle do metabolismo uma resposta que faz sentido, lógica e harmoniosa.
CÉLULA-ALVO
Vamos discutir agora um conceito fundamental para que você entenda o funcionamento dos hormônios,
o qual explica onde eles são capazes de atuar para exercer seus efeitos de controle metabólico.
Para que você possa relacionar a coordenação das respostas metabólicas às ações hormonais, é
fundamental que compreenda que os hormônios só são capazes de exercer efeitos sobre o metabolismo
das células-alvo e que uma célula só é alvo para a ação dos hormônios, quando esta expressa ou
possui receptores específicos para captar o sinal hormonal.
javascript:void(0)
Os hormônios são considerados os primeiros mensageiros do metabolismo e são capazes de induzir
respostas em células, tecidos e órgãos-alvo. Para ser considerado um “alvo” para a ação dos
hormônios, os tecidos devem expressar receptores hormonais, que, em geral, são proteínas específicas,
onde os hormônios se ligam e sinalizam suas mensagens biológicas. Logo, você pode dizer que o
princípio básico para a ação dos hormônios é a presença de receptores celulares.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 14: Hormônios e células-alvo.
HORMÔNIOS DE AÇÃO ENDÓCRINA
Agora que você já sabe que os hormônios são sintetizados e secretados por células, tecidos e glândulas
especializadas e que terão capacidade de exercer controle sobre alvos específicos, em função da
presença de receptores, é importante que você correlacione a ação hormonal, tendo em vista o local de
produção em relação à localização do alvo metabólico.
 ATENÇÃO
Os hormônios de ação endócrina são aqueles secretados para a corrente sanguínea e que através da
circulação podem mediar efeitos sobre o funcionamento de alvos metabólicos, distantes do local de
produção. Esse sistema de comunicação é a forma que denomina esse sistema fisiológico.
A maior parte dos hormônios atua dessa forma, por exemplo:
O cortisol é secretado pelo córtex adrenal.

Através da corrente sanguínea ele é capaz de controlar funções no fígado, tecido adiposo e músculo
esquelético.
HORMÔNIOS DE AÇÃO PARÁCRINA
Nem todos os hormônios liberados por um tecido precisam ser levados através da corrente sanguínea
para atingirem seus alvos. As células-alvo, em alguns casos, são células vizinhas e, quando um
hormônio atua controlando o funcionamento de células vizinhas, você pode denominar essa ação de
atividade parácrina.
 EXEMPLO
Muitos hormônios produzidos pela mucosa gástrica atuam em outras células da própria mucosa, sem a
necessidade de entrar na circulação sanguínea. Outro exemplo é a ação dos neurotransmissores nas
sinapses químicas que atuam em células vizinhas.
HORMÔNIOS DE AÇÃO AUTÓCRINA
O terceiro tipo de ação, chamada de autócrina, sugere a capacidade de autorregulação. Ocorre quando
um hormônio é capaz de controlar a própria célula que o produziu e o secretou, como acontece com a
insulina que é capaz de estimular a própria célula β pancreática que a produziu e a liberou a responder
aos seus sinais, levando a captação de glicose por essas células.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 15: Propriedades da comunicação.
RECEPTORES HORMONAIS
Receptores hormonais geralmente são proteínas grandes expressas de forma tecido-específica, ou seja,eles podem estar presentes em um tecido e ausente em outro.
 VOCÊ SABIA
Estima-se que uma célula possua de 2.000 a 10.000 receptores. Cada receptor é altamente específico para
um único tipo de hormônio, assim, você pode correlacionar a expressão do receptor à ação hormonal. É a
presença de um receptor específico, em um tecido, em particular, que irá determinar que tipo de hormônio é
capaz de sinalizar sua mensagem.
A quantidade de receptores não é fixa e pode variar minuto a minuto. Os receptores podem ser
destruídos, inativados de forma transiente ou definitiva, podem ser sequestrados para o interior celular
ou sua produção pode diminuir.

Por outro lado, a síntese de receptores pode ser estimulada e o número dessas proteínas pode crescer,
aumentando também a sensibilidade da célula ao hormônio.
Os receptores podem ser proteínas localizadas na membrana, no citoplasma ou até mesmo no núcleo. A
localização dos receptores nas células é determinada pela natureza química dos hormônios. Os
receptores dos hormônios hidrossolúveis são proteínas presentes na superfície celular, pelo fato desses
hormônios serem impermeáveis às membranas.
Dentre os diversos hormônios que atuam em receptores localizados na membrana, temos os grupos dos
hormônios peptídicos, proteicos e das catecolaminas, como a insulina e glucagon, que são hormônios
peptídicos, ou a adrenalina, uma catecolamina. Já os hormônios hidrofóbicos, capazes de atravessar a
membrana, podem sinalizar através de receptores intracelulares. Os hormônios esteroides, como a
testosterona, atuam principalmente através de receptores localizados no citoplasma, enquanto os
hormônios da tireoide são encontrados no núcleo, associado aos cromossomos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 16: Receptores de membrana.
ESPECIFICIDADE DOS RECEPTORES HORMONAIS
As respostas obtidas através dos sinais hormonais dependem do tipo do receptor expresso nas células-
alvo não só quanto aos diferentes hormônios, que se ligam a receptores seletivos, mas também em
função da sinalização mediada muitas vezes pelo mesmo hormônio. Isso pode parecer, à primeira vista,
um contrassenso ou uma ideia confusa, mas vamos ver agora o que explica essa possibilidade. Para
ilustrar essa ideia, veja o exemplo:
O EFEITO DA ADRENALINA SOBRE OS VASOS
SANGUÍNEOS
Durante uma sessão de exercícios físicos, as glândulas suprarrenais são estimuladas a secretar
adrenalina na corrente sanguínea. Essa adrenalina tem diversas funções que incluem o aumento da
frequência cardíaca, a degradação do glicogênio hepático e o controle do fluxo de sangue para os
músculos esqueléticos.
Neste contexto, é razoável você pensar que os músculos esqueléticos ativados para sustentar o
exercício irão necessitar de mais oxigênio, nutrientes e outras substâncias, entregues pela corrente
sanguínea e, de forma lógica, você pode deduzir que é necessário aumentar o aporte de sangue a esse
tecido. Acontece que todo o sangue no nosso corpo está dentro do sistema circulatório, que é fechado,
de forma que, tecnicamente, não existe uma reserva de sangue. Assim, para ser possível aumentar o
fluxo sanguíneo para uma região, é necessário diminuir de outra.
É exatamente aí que entra a ação da adrenalina que é capaz de promover a vasodilatação na região do
sistema muscular, ao mesmo tempo em que é capaz de induzir vasoconstricção do trato gastrointestinal
e, dessa forma, redirecionar o fluxo de sangue do sistema digestório para o musculoesquelético.
Isso só é possível em função da expressão de receptores de adrenalina de tipos diferentes, chamados
de isoformas. Para um mesmo hormônio, o corpo pode expressar diferentes tipos de receptores. É como
se uma chave pudesse abrir mais do que uma fechadura, embora essas fechaduras só pudessem ser
abertas por essa mesma chave.
Nesse caso específico, a presença dos receptores β-adrenérgicos nos capilares musculares provoca o
aumento do diâmetro desses vasos, enquanto a presença da isoforma α-adrenérgico provoca o efeito
contrário, diminuindo o diâmetro e o fluxo de sangue do vaso sanguíneo do trato digestório.
MECANISMOS DE AÇÃO DOS RECEPTORES
HORMONAIS
Você pode comparar as funções dos receptores às antenas de TV ou de rádio. Imagine que, na sua
casa, você só é capaz de captar um sinal de rádio se possuir o equipamento certo para isso. Embora
possa reconhecer que o sinal de rádio provavelmente chegue até a sua casa, se você não possuir o
equipamento certo, não irá conseguir captar e amplificar esse sinal para ouvir as notícias e as músicas
da rádio.
De certa forma, os receptores são “antenas” nas células que captam o sinal hormonal e, assim,
reforçamos a ideia de célula-alvo apresentada anteriormente.
Agora imagine uma alternativa a essa situação: você possui uma antena para captar o sinal de uma
operadora de TV, mas essa antena não está instalada em um sistema de cabos de sua casa e você
sequer possui uma televisão. Nesse caso, você também não será capaz de assistir a nenhuma
programação de TV. Esse paralelo pode ser feito com os sistemas de comunicação celulares ativados
pelos hormônios.
Um hormônio se liga e ativa um receptor seletivo, que, por sua vez, desencadeia uma resposta de
interpretação ou transdução e amplificação desse sinal.
Os mecanismos de ação dos receptores e os mecanismos de transdução do sinal são muito variados e,
a seguir, veremos alguns deles.
 ATENÇÃO
Você pode assumir que praticamente todos os hormônios afetam os tecidos-alvo, formando primeiro um
complexo, onde o hormônio se liga fisicamente ao receptor, alterando a função do próprio receptor e
iniciando os efeitos hormonais.
RECEPTORES LIGADOS A CANAIS IÔNICOS
Os receptores acoplados a canais iônicos são típicos nas sinapses químicas. Uma das características
de uma sinapse química é o fato de que a comunicação é feita pela ação de um mensageiro químico,
chamado de neurotransmissor, que apresenta as mesmas propriedades dos hormônios.
Praticamente todos os neurotransmissores, como a norepinefrina, a dopamina e a serotonina atuam
através desse tipo de receptores. Receptores acoplados a canais iônicos atuam como comportas que
podem ser abertas ou fechadas, a partir da recepção do sinal. A abertura ou fechamento desses canais
envolve a mudança na forma da proteína receptora e, assim, altera a permeabilidade da membrana para
determinados íons.
Geralmente, os canais iônicos são específicos aos íons que podem ser canalizados através do receptor,
como canais de sódio, cálcio ou potássio. Quando fechados, impedem a passagem desses íons e,
quando são abertos, permitem a passagem do íon correspondente sempre a favor do gradiente de
concentração, ou seja, do lado mais concentrado para o lado menos concentrado da membrana, em um
tipo de transporte conhecido como transporte passivo facilitado.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 17: Receptores ligados a canais iônicos.
RECEPTORES LIGADOS À PROTEÍNA G
A ciência já descreveu mais de 1000 receptores acoplados à proteína G, que sinalizam suas mensagens
dessa forma e que podem ser ativados por diversos hormônios, como a epinefrina, o glucagon, a
serotonina e outros. Existem duas formas básicas dessa proteína:
• A estimulatória (Gs) 
• A inibitória (Gi)
A estrutura desses receptores é descrita como uma cadeia de proteínas com sete alças transmembrana.
Uma cadeia única de aminoácidos que atravessa a membrana sete vezes em direção, ora ao
citoplasma, ora ao meio extracelular, com algumas partes em protrusão para cada lado da membrana.
No ambiente extracelular, o ligante se associa a uma região do receptor para sinalizar seus efeitos.
No ambiente intracelular, a cauda dessa cadeia de aminoácidos encontra-se associada a uma proteína
G. Essa proteína é composta por três subunidades (α, β e γ). No estado inativo, essa proteína está
ligada a uma molécula de difosfato de guanosina (GDP) e, quando o receptor é ativado pelo hormônio, a
proteína G troca o GDP pelo trifosfato de guanosina (GTP). Esse eventoé capaz de provocar o
destacamento e deslocamento da subunidade α da proteína G, através da membrana, para que outras
proteínas sejam ativadas.
Esse mecanismo pode abrir canais iônicos, ativar ou inibir outras proteínas intracelulares da
comunicação celular, como a Adenil ciclase e as fosfolipases, para que os hormônios exerçam
seus efeitos.
 
Fonte: Tpirojsi / Wikimedia Commons / Domínio público
 Figura 18: Receptores ligados à proteína G.
RECEPTORES LIGADOS A ENZIMAS
Esse tipo de receptor também é conhecido como aquele com atividade enzimática intrínseca; quando
ele é ativado se comporta e funciona como uma enzima. Neste caso, o receptor é capaz de se ligar a
outras proteínas intracelulares que são consideradas substratos para sua ação e, assim, passa adiante
a sua mensagem.
Esses receptores são proteínas que geralmente têm uma estrutura que atravessa a membrana apenas
uma vez, apresentando um domínio ou região extracelular onde o hormônio se liga e a porção
intracelular é exatamente a região que atua de forma enzimática. O receptor de insulina se enquadra
nessa família de proteínas e, dessa forma, a insulina é capaz de mediar seus efeitos em células-alvo.
Em outros casos, o receptor em si não atua como uma enzima, mas está diretamente acoplado com
alguma proteína intracelular que tem atividade enzimática. Existem alguns exemplos de proteínas que
atuam, dessa forma, como é o caso da sinalização da leptina, um hormônio liberado pelo tecido adiposo
que controla o apetite e o balanço energético. Esse mecanismo foi descrito em células de câncer de
mama, onde a serotonina é capaz de ativar seu receptor que está acoplado a essa mesma enzima
chamada Janus quinase (JAK), que, por sua vez, pode desencadear os efeitos hormonais que incluem o
deslocamento de sinais até o núcleo celular e controlar a expressão de proteínas.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 19: Receptores ligados à enzima.
RECEPTORES INTRACELULARES
A classe de receptores intracelulares está associada à ativação mediada por hormônios de natureza
química lipossolúvel, pois assim eles podem atravessar a membrana plasmática e atuar sobre alvos
intracelulares, como no caso dos receptores dos hormônios esteroides e tireoidianos.
A partir da interação do hormônio com o receptor, muitos dos sinais estão envolvidos na ativação da
transcrição de genes e, consequentemente, regulam a síntese das proteínas. Assim, esses receptores
podem ser encontrados no citoplasma ou até mesmo no núcleo associados a regiões promotoras da
transcrição nos cromossomos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 20: Receptores intracelulares.
SINALIZAÇÃO CELULAR
Aos poucos você está juntando as peças da comunicação celular. Você já sabe que os hormônios
podem ser considerados os mensageiros químicos e que os receptores são análogos às antenas que
captam o sinal. Porém, para esse sinal ser transformado em resposta celular, ele precisa ser
transduzido, ou seja, interpretado para que a resposta celular ocorra.
Para que isso aconteça, os hormônios exercem efeitos através de processos intracelulares,
denominados de sinalização ou comunicação celular. As principais características desses processos são
que, em geral, as mensagens são passadas adiante em forma de sequência, em um efeito cascata de
sinalização que pode ser comparado a uma brincadeira de telefone sem fio, onde a mensagem passa de
um ao outro em uma sequência de eventos.
Essa cascata pode envolver vários intermediários e possui duas outras características muito
importantes:
A possibilidade de diferentes alvos intracelulares serem ativados, garantindo a diversificação do
sinal, o que explica a capacidade dos hormônios em controlarem diferentes respostas a partir de
um único sinal.
A amplificação do sinal, à medida que os intermediários são ativados.
É comum observarmos que cada um deles pode passar adiante o sinal para mais de um intermediário
nessa cascata de eventos. É como se um intermediário ativasse dois ou mais intermediários na fila.
Você poderia comparar a uma fofoca, que, quando contata pela primeira vez, rapidamente se espalha.
Essa característica é muito importante e explica porque os níveis hormonais são tão baixos; graças a
esse mecanismo é possível amplificar de forma muito importante a resposta a partir do sinal hormonal.
 EXEMPLO
Um exemplo interessante é a ação da epinefrina sobre a degradação do glicogênio hepático, estima-se que
para cada molécula de epinefrina que ativa o hepatócito são liberadas 10.000 moléculas de glicose, ou seja,
o sinal é amplificado dez mil vezes.
Existem vários mecanismos de sinalização intracelular e, a seguir, você será apresentado a alguns
deles.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 21: Cascata de sinalização.
SEGUNDOS MENSAGEIROS
Os hormônios são os primeiros mensageiros químicos do sistema endócrino e, agora, você descobrirá
que, quando os sinais hormonais ativam seus receptores, muitos deles envolvem a produção do que
chamamos de segundos mensageiros.
Ao longo das cascatas de sinalização, a maioria dos intermediários envolvidos na transdução do sinal
são proteínas com atividade enzimática. Entretanto, em muitos casos pequenos, compostos de
diferentes naturezas químicas são produzidos ou liberados em grandes quantidades, atuando como
segundos mensageiros que irão passar adiante os sinais hormonais, desencadeando seus efeitos.
Nestes casos, você pode dizer que a única coisa direta que o hormônio faz em uma célula é ativar o
receptor e o segundo mensageiro fará o resto. Os principais exemplos de segundos mensageiros são:
O AMPc derivado do ATP.
Os íons cálcio em um sistema acoplado à proteína calmodulina.
Os fosfolipídios de membrana, que podem ser transformados em outros compostos no meio intracelular.
SISTEMA DA ADENILATO CICLASE-AMPC
A enzima adenilato ciclase é uma proteína inserida na membrana plasmática que é ativada pela proteína
Gs, que catalisa a conversão do ATP em AMPc que, por sua vez, irá ativar a proteína quinase
dependente de AMPc (PKA), desencadeando a cascata de sinalização. Quando a proteína Gi é ativada,
sua ação inibe a enzima adenilato ciclase. A tabela abaixo reúne alguns exemplos de hormônios que
atuam através do AMPc.
Hormônios que atuam através da adenilato ciclase-AMPc
Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)
Angiotensina II
Calcitonina
Serotonina
Catecolaminas (receptor β)
Glucagon
Hormônio luteinizante (LH)
Secretina
Somatostatina
Paratormônio (PTH)
Hormônio tireoestimulante (TSH)
Tabela 4 – Fonte: EnsineMe.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 22: Sistema Adenilato ciclase-AMPc da adrenalina.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 23: Estrutura do cAMP.
SISTEMA DAS FOSFOLIPASES
Assim como a adenilato ciclase, as fosfolipases também são proteínas inseridas nas membranas que
podem ser ativas ou inibidas pela proteína G. Existem diferentes isoformas de fosfolipase, cuja função
envolve principalmente a quebra de fosfolipídios de membrana, especialmente o fosfatidilinositol
bifosfato (PIP2), em dois segundos mensageiros:
DIACILGLICEROL (DAG)
O DAG é capaz de ativar a proteína quinase C (PKC).
INOSITOL TRIFOSFATO (IP3)
IP3 mobilizará íons cálcio da mitocôndria e do retículo endoplasmático para o citosol, onde o cálcio irá
atuar como segundo mensageiro.
A tabela abaixo lista exemplos de hormônios que atuam através desse sistema.
Hormônios que atuam através da fosfolipase
Catecolaminas (células α)
Hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH)
Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH)
Hormônio liberador do hormônio tireotrópico (TRH)
Ocitocina
Serotonina
Tabela 5 – Fonte: EnsineMe.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 24: Sistema das fosfolipases.
SISTEMA CÁLCIO-CALMODULINA
A entrada do cálcio na célula ou a mobilização a partir do retículo endoplasmático levam ao aumento
dos níveis de cálcio intracelulares. A entrada do cálcio pode ocorrer:
A partir da despolarização da membrana, levando à abertura de canais de cálciovoltagem dependente.

Ou por meio da ação de hormônios que promovam a abertura de canais de cálcio ligante dependente.
Quando três ou quatro íons cálcio se ligam à proteína calmodulina, essa proteína é ativada e pode atuar
controlando vários intermediários da comunicação celular, resultando no controle de várias respostas
metabólicas.
CONTROLE DOS ALVOS METABÓLICOS E
RESPOSTA CELULAR
As enzimas são os agentes do metabolismo e representam o maquinário metabólico. Dessa forma,
quando um hormônio controla o funcionamento celular, esse controle incide sobre o conjunto de enzimas
presentes no tecido-alvo.
A maioria dos hormônios é capaz de controlar a atividade de enzimas-chave das vias metabólicas. Isso
quer dizer que as reações enzimáticas podem ser controladas, ativando ou inibindo a capacidade
catalítica das enzimas e, assim, controlar as respostas metabólicas. Esse tipo de controle leva a
respostas rápidas que incidem em um conjunto de enzimas presente nas células.
As alterações enzimáticas envolvem a regulação alostérica, modificações covalentes na enzima,
mudanças na estrutura quaternária ou quebra de uma pró-enzima para seu estado ativo.
 EXEMPLO
Você pode comparar esse mecanismo de regulação com uma empresa que investe em tecnologia e torna a
atividade profissional mais eficiente, como a comparação dos caixas de supermercado que antigamente
precisavam digitar preço por preço dos produtos. Já hoje, passam os códigos de barra em um leitor, fazendo
assim a mesma tarefa de forma mais rápida e eficiente.
Alguns hormônios, como os esteroides, os fatores de crescimento e os da tireoide provocam efeitos
metabólicos, controlando a expressão de proteínas; eles são capazes de controlar os processos de
transcrição e tradução gênica, aumentando a síntese proteica. A consequência dessa ação é o aumento
do número de uma determinada proteína que pode ser enzima, receptor, proteína da comunicação
celular ou estrutural. Esse tipo de regulação é lenta e requer tempo, dias e até meses, para que as
mudanças sejam percebidas.
Em síntese, perceba que hormônios são mensageiros químicos do sistema endócrino, que atuam em
alvos específicos a partir da interação com receptores seletivos, cuja localização celular depende da
natureza química do hormônio. A partir da formação do complexo hormônio-receptor, a célula é capaz
de interpretar os sinais hormonais por meio de uma cascata de sinalização, que garante a diversificação
e amplificação de respostas, culminando com o controle do metabolismo, através do controle da
atividade ou expressão de enzimas-chave de diferentes vias metabólicas.
MECANISMOS DE AÇÃO DOS RECEPTORES
HORMONAIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS MECANISMOS DE COMUNICAÇÃO CELULAR FORAM COMPREENDIDOS
GRADUALMENTE NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS E AINDA HOJE MUITA COISA
TEM SIDO REVELADA PELA CIÊNCIA. SOBRE OS MECANISMOS DE
COMUNICAÇÃO CELULAR, ESCOLHA ABAIXO A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Os receptores hormonais são obrigatoriamente proteínas de membrana.
B) Os íons cálcio e o AMPc são considerados segundos mensageiros.
C) A especificidade dos hormônios determina que eles regulem apenas uma resposta.
D) Em geral, os intermediários da comunicação são ácidos graxos.
E) Os efeitos hormonais sobre o metabolismo sempre envolvem as funções nucleares.
2. OS HORMÔNIOS NÃO SÃO CAPAZES DE ATUAR EM QUALQUER TECIDO,
SEUS EFEITOS OCORREM APENAS EM TECIDOS ESPECÍFICOS QUE
APRESENTAM UM COMPONENTE ESSENCIAL PARA A AÇÃO DOS HORMÔNIOS.
QUAL É A ESTRUTURA CELULAR QUE DETERMINA QUE UMA CÉLULA SEJA
ALVO PARA A AÇÃO DE UM HORMÔNIO?
A) Enzimas-chave
B) DNA
C) Mitocôndrias
D) Receptores
E) Segundo mensageiro
GABARITO
1. Os mecanismos de comunicação celular foram compreendidos gradualmente nos últimos
trinta anos e ainda hoje muita coisa tem sido revelada pela ciência. Sobre os mecanismos de
comunicação celular, escolha abaixo a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Segundos mensageiros são compostos não-proteicos produzidos em grande quantidade após a
sinalização celular e desencadearão em respostas hormonais, incluindo o AMPc, os íons cálcio e
fosfolipídios de membrana.
2. Os hormônios não são capazes de atuar em qualquer tecido, seus efeitos ocorrem apenas em
tecidos específicos que apresentam um componente essencial para a ação dos hormônios. Qual
é a estrutura celular que determina que uma célula seja alvo para a ação de um hormônio?
A alternativa "D " está correta.
 
O que torna um tecido-alvo para a ação de um hormônio é a presença de receptores celulares.
MÓDULO 3
 Descrever os eixos fisiológicos de integração hormonal
A GLÂNDULA HIPÓFISE É CONTROLADA PELO
HIPOTÁLAMO
Através da ação dos hormônios, o organismo é capaz de integrar uma ampla rede de comunicação entre
os mais variados órgãos e tecidos. Essa integração provoca as respostas necessárias para a
manutenção da homeostase, o controle bioenergético, funções associadas ao reparo tecidual,
crescimento, desenvolvimento e reprodução. Ao estudar os eixos de integração hormonal, você
perceberá como as funções do sistema endócrino são integradas e harmônicas.
 ATENÇÃO
O hipotálamo recebe sinais vindos de várias partes do sistema nervoso, que podem estar associados à fome,
saciedade, dor, pressão, volemia, concentração de nutrientes no sangue e vários outros estímulos que
requeiram ajustes fisiológicos. Neste sentido, você pode considerar o hipotálamo como um centro de controle
do bem-estar interno do organismo, controlando diversos aspectos do equilíbrio fisiológico.
A partir desses sinais, o hipotálamo libera hormônios ou fatores hipotalâmicos, liberadores ou inibidores,
que irão controlar respostas na glândula hipófise, estimulando ou inibindo a liberação dos hormônios
hipofisários na corrente sanguínea. Praticamente toda secreção hipofisária é controlada pelo hipotálamo
e essa comunicação representa um eixo de ligação neuroendócrina, capaz de controlar inúmeras
funções fisiológicas.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 25: Eixo hipotálamo hipófise.
HORMÔNIOS HIPOTALÂMICOS
Neurônios especializados no hipotálamo sintetizam e secretam hormônios, onde suas funções são
controlar a liberação de outros hormônios na hipófise, especialmente na adeno-hipófise. Em alguns
casos, os neuro-hormônios produzidos no hipotálamo, como a ocitocina e o hormônio antidiurético, são
secretos diretamente na corrente sanguínea através da hipófise posterior. Na tabela abaixo estão
listados os hormônios hipotalâmicos que atuam na adeno-hipófise.
Hormônios liberadores e inibidores hipotalâmicos que controlam a adeno-hipófise
Hormônio Ação primária
Hormônio liberador de tireotropina (TRH) Estimula a liberação de TSH.
Hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) Estimula a liberação de LH, FSH.
Hormônio liberador de corticotropina (CRH) Estimula a liberação e ACTH.
Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) Estimula a liberação de GH.
Somatostatina Inibe a liberação de GH.
Fator liberador de prolactina (PRF) Estimula a liberação de prolactina.
Dopamina Inibe a liberação de GH.
Tabela 6 – Siglas: TSH – hormônio tireoestimulante; LH – hormônio luteinizante; FSH – hormônio folículo
estimulante; ACTH – hormônio adrenocorticotrófico; GH – hormônio do crescimento. Fonte: EnsineMe.
GLÂNDULA HIPÓFISE
A hipófise é uma pequena glândula, com cerca de 1 centímetro de diâmetro, que pesa entre 0,5 e 1
grama. Também conhecida como glândula pituitária, está localizada na base do cérebro e ligada ao
hipotálamo através do pedúnculo hipofisário. Fisiologicamente, a hipófise pode ser dividida em duas
porções:
Hipófise anterior, também chamada de adeno-hipófise.

Hipófise posterior, conhecida como neuro-hipófise.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 26: Glândula Pituitária.
NEURO-HIPÓFISE
A neuro-hipófise, também chamada de hipófise posterior, é derivada de tecido neural a partir do próprio
hipotálamo. Biologicamente, a neuro-hipófise é composta por axônios de neurônios, cujo corpo celularestá localizado no hipotálamo. Assim, pode-se dizer que:
Os neuro-hormônios dessa porção são produzidos no hipotálamo.

Conduzidos até a neuro-hipófise.

E ficam armazenados nos terminais do axônio até serem liberados por exocitose, na circulação
sanguínea.
HORMÔNIOS DA NEURO-HIPÓFISE E SUAS
FUNÇÕES
Na neuro-hipófise, são secretados dois hormônios:
Ocitocina

Hormônio antidiurético (ADH) (também conhecido como vasopressina)
 ATENÇÃO
Ambos são hormônios peptídicos muito semelhantes, contendo nove resíduos de aminoácidos cada um,
dentre os quais apenas dois são diferentes e todos os iguais estão exatamente na mesma posição da cadeia.
Perceba que o hormônio antidiurético ou vasopressina recebe um nome bastante sugestivo quanto às
suas funções. Em um dia de calor, se você não se hidratar adequadamente, você pode perder muito
líquido. Essa perda hídrica provoca desequilíbrios na homeostase, como o aumento da osmolaridade, a
partir do aumento da concentração iônica no plasma, redução da volemia e da pressão arterial. Essas
mudanças são suficientes para o hipotálamo ser estimulado a liberar o hormônio ADH.
Uma das funções fisiológicas do ADH para contrapor essas mudanças é o seu controle sobre a diurese
renal. Os túbulos e ductos coletores dos néfrons são quase impermeáveis à água, contudo, o ADH é
capaz de provocar a exocitose de vesículas contendo poros de água, chamados de aquaporinas, que se
deslocam para as membranas, provocando a reabsorção de água do filtrado glomerular e exercendo seu
efeito antidiurético, que contribui para a manutenção da volemia e da pressão arterial.
Simultaneamente, a vasopressina tem um potente efeito vasoconstrictor sobre o sistema arterial,
provocando a contração das arteríolas que levam ao aumento da pressão arterial. Note que ambos os
efeitos são lógicos e levam ao mesmo propósito no controle da homeostase.
O hormônio ocitocina estimula de forma potente a contração uterina da mulher grávida, especialmente
nos últimos meses de gestação, tendo um papel fundamental no trabalho de parto. A ocitocina também
tem uma função importante durante a lactação. A própria sucção do bebê no mamilo é percebida pelo
hipotálamo, através do sistema sensorial, levando à liberação de ocitocina na neuro-hipófise e, em
menos de um minuto depois do início da sucção, o leite começa a fluir.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 27: Hormônios da neuro-hipófise.
ADENO-HIPÓFISE
A adeno-hipófise é também conhecida como hipófise anterior e, embriologicamente, suas células são
desenvolvidas a partir da invaginação embrionária do tecido faríngeo e, assim, apresentam uma
composição epitelioide. Essa porção é altamente vascularizada e quase todo sangue que chega a essas
células passa primeiro pela porção inferior do hipotálamo, onde os fatores hipotalâmicos são secretados.
Esse sistema é conhecido como porta hipotalâmico-hipofisário.
A adeno-hipófise é uma glândula formada por vários tipos celulares diferentes e cada hormônio é
produzido e secretado por uma célula específica. Seis hormônios proteicos ou glicoproteicos são
produzidos e secretados pela adeno-hipófise, na circulação sanguínea, em resposta aos fatores
hipotalâmicos. Esses hormônios estão listados na tabela abaixo.
Hormônios da adeno-hipófise e suas principais funções
Hormônios Ações fisiológicas
Hormônio do
crescimento (GH)
Estimula a secreção de IGF, o crescimento, a lipólise e inibe a ação da
insulina.
Hormônio
adrenocorticotrófico
(ACTH)
Estimula a produção de glicocorticoides e androgênios pelo córtex
adrenal.
Hormônio
tireoestimulante
(TSH)
Estimula a produção de hormônios tireoidianos na tireoide.
Hormônio folículo
estimulante (FSH)
Estimula o crescimento dos folículos ovarianos e a espermatogênese
nos testículos.
Hormônio
luteinizante (LH)
Estimula a ovulação, formação do corpo lúteo, produção de estrogênio e
progesterona nos ovários e testosterona nos testículos.
Prolactina Estimula a produção e secreção de leite.
Tabela 7 – Fonte: EnsineMe.
FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DO HORMÔNIO DO
CRESCIMENTO (GH)
O GH, também chamado de somatotropina, é uma molécula proteica com 191 aminoácidos que, ao
contrário dos demais hormônios da adeno-hipófise, não age indiretamente por meio de outras glândulas,
mas age diretamente sobre quase todos os tecidos do organismo. Apesar disso, ele também exerce
efeitos indiretos ao estimular a liberação de fatores de crescimento semelhantes à insulina (o IGF, ou
somatomedinas) no fígado, que exercem grande parte das funções do GH.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 28: Hormônio do crescimento.
 SAIBA MAIS
O GH e o IGF, juntos, controlarão diversos efeitos metabólicos, promovendo não só o crescimento dos
tecidos, mas também a multiplicação e a diferenciação de algumas células. Um dos efeitos mais notáveis do
GH ocorre durante a infância e a adolescência, com o estímulo à deposição de massa mineral e proteínas em
diferentes células, nas epífises de crescimento dos ossos longos, resultando no aumento da estatura do
indivíduo. Na idade adulta, essas epífises estão calcificadas e, por isso, você para de crescer quando chega
a essa fase.
Agora, vamos descrever os muitos efeitos metabólicos do GH e você vai compreender como muitos se
justificam e se apoiam mutuamente, sugerindo a integração das ações hormonais. Você deve presumir
que para que haja crescimento, os tecidos precisam construir proteínas e para isso é necessária muita
energia.
Para sustentar esse crescimento, o GH aumenta o transporte de aminoácidos através da membrana e
estimula a transcrição e tradução de proteínas, ao mesmo tempo em que o catabolismo de proteínas é
inibido. Como esse efeito anabólico requer energia, o GH estimula a utilização de gorduras como fonte
de energia, aumentando a mobilização de ácidos graxos no tecido adiposo.
O GH também controla vários aspectos do metabolismo de carboidratos, incluindo os efeitos inibitórios
sobre a captação de glicose pelos músculos e tecido adiposo, o estímulo à degradação do glicogênio e
gliconeogênese e a liberação de insulina. Essas ações provocam um efeito de resistência à ação da
insulina sobre o músculo e tecido adiposo, contribuindo para o aumento e manutenção da glicemia. Essa
disponibilidade de glicose no sangue será essencial para que o GH e o IGF promovam seus efeitos de
crescimento nos demais tecidos.
CONTROLE DA SECREÇÃO DE GH
A liberação do GH é estimulada pelo GHRH do eixo hipotálamo-hipófise, mas esse eixo é controlado por
diversos fatores que determinam uma secreção pulsátil.
Fatores relacionados ao estado nutricional, estresse ou o ciclo circadiano controlam a liberação de GH.
A redução dos níveis de glicose, ácidos graxos livres e proteínas no sangue, o jejum, o exercício físico,
outras situações de estresse e o sono profundo promovem a liberação do GH.

Por outro lado, o aumento da glicemia, dos ácidos graxos livres no plasma, a obesidade, o
envelhecimento, a somatostatina e o uso de GH exógeno, como no doping, reduzem a liberação do GH.
EIXO ADRENOCORTICOTRÓFICO
O eixo neuroendócrino de regulação dos hormônios adrenocorticais envolve a integração comandada
pelo hipotálamo, a partir da secreção de corticotropina (CRH), no sistema porta hipofisário, que irá atuar
sobre o metabolismo dos corticotropos – as células que, em resposta ao CRH, secretam o hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH) na circulação sistêmica, para exercer seus efeitos sobre as glândulas
suprarrenais.
GLÂNDULAS ADRENAIS
As glândulas suprarrenais estão localizadas na região superior dos rins e são formadas por duas partes
distintas:
Córtex

Medula adrenal
A região da medula, a parte mais interna das glândulas, é controlada pelo sistema nervoso autônomo
e, em resposta à ativação do sistema nervoso simpático, secreta adrenalina e noradrenalina na
circulação sanguínea, para potencializar os efeitos do próprio sistema simpático sobre os mesmos
órgãos-alvo.
A região do córtex adrenal produz e secretaoutro grupo de hormônios conhecido como
corticosteroides. Esses hormônios são produzidos a partir do colesterol e são divididos em dois grupos
principais:
GLICOCORTICOIDES
Cujo representante principal é o cortisol.
MINERALOCORTICOIDES
Tendo a aldosterona como principal hormônio.
Além desses dois grupos, uma pequena quantidade de hormônios andrógenos, com funções
semelhantes à testosterona, também é secretada pelo córtex adrenal.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 29: Anatomia das glândulas adrenais.
MINERALOCORTICOIDES
A aldosterona é responsável por 90% da atividade mineralocorticoide das glândulas suprarrenais. O
efeito potente desse hormônio é fundamental para a manutenção da homeostase e age para evitar a
queda da pressão arterial.
 ATENÇÃO
A secreção da aldosterona é regulada pela elevação da concentração de íons potássio no líquido
extracelular, enquanto a elevação de íons sódio reduz discretamente sua secreção. Secreção, esta, que
também é estimulada de forma discreta pelo ACTH, proveniente da adeno-hipófise. Entretanto, o sistema
renina-angiotensina-aldosterona representa o eixo de integração, com efeito mais acentuado sobre a
secreção de aldosterona.
SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA
Veremos agora como é integrado o funcionamento do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
A redução da volemia leva a uma diminuição da taxa de filtragem glomerular nos néfrons do sistema
renal.
Assim, o volume do filtrado glomerular também diminui.
Essa diminuição leva a uma redução do fluxo através dos túbulos renais.
A redução é percebida por um conjunto de células granulares nos rins que, então, liberam a renina.
A renina tem atividade enzimática e, na circulação sanguínea, ela catalisa a conversão do
angiotensinogênio em angiotensina I. O angiotensinogênio é um pró-hormônio, ou seja, encontra-se
inativo, produzido constantemente pelo fígado, tendo sua ativação mediada pela ação da renina. A
angiotensina I no plasma ainda vai passar por outra modificação, pela ação da enzima conversora de
angiotensina (ECA), presente no endotélio vascular, sendo transformada em angiotensina II, que terá
efeitos potentes para controlar a queda da pressão arterial, incluindo o estímulo e a liberação de
aldosterona.
As principais ações da aldosterona ocorrem a partir da ligação com receptores citoplasmáticos, que
controlam a expressão gênica e o aumento do número de canais de sódio nos túbulos renais. Em função
disso, há um aumento da reabsorção do sódio nos rins, que resulta também em aumento da reabsorção
de água e controle da volemia, para evitar a queda da pressão arterial.
Esse sistema é capaz de atuar através de outros mecanismos, incluindo os efeitos da angiotensina II em
promover a sede, aumentando a ingestão de água; provocar a vasoconstricção de arteríolas; aumentar a
resposta cardiovascular e promover a liberação de ADH pela neuro-hipófise.
Repare como o organismo envolve vários sistemas, órgãos, tecidos e respostas para controlar a pressão
arterial e como todas elas, em conjunto, se somam, cada qual contribuindo para o equilíbrio fisiológico.
Esse é um ótimo exemplo de integração fisiológica.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 30. Organização do sistema Renina Angiotensina Aldosterona e suas influências no sistema
cardiovascular.
GLICOCORTICOIDES
O cortisol é responsável por 95% da atividade glicocorticoide. O restante dos efeitos é mediado
principalmente pela corticosterona. A secreção do cortisol é estimulada pelo ACTH da adeno-hipófise
que, por sua vez, é secretado em resposta ao CRH do hipotálamo.
Esse eixo hormonal é regulado por diferentes tipos de estresses fisiológicos, como um trauma, uma
infecção, calor ou frio intensos, o jejum, o exercício físico, o estresse mental, levando à secreção de
ACTH que pode elevar os níveis de cortisol em até 20 vezes. Outro fator de controle dos níveis de
cortisol é o ritmo circadiano, as taxas de CRH, ACTH e cortisol podem ser até quatro vezes maiores no
início da manhã em comparação com o final da noite.
A natureza química esteroidal do cortisol garante a ele a permeabilidade através da membrana e, assim,
seus efeitos são mediados através de receptores intracelulares. Boa parte das ações do cortisol ocorre
através do controle gênico do metabolismo, estimulando a síntese de proteínas-chave nos processos
metabólicos em que ele exerce efeito.
FUNÇÕES DO CORTISOL SOBRE A
DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES
Assim como todos os controles hormonais, as ações do cortisol são extremamente lógicas e
harmônicas, seus efeitos fazem todo o sentido quando analisados em conjunto e ainda em função das
condições em que o eixo endócrino é estimulado. A liberação de cortisol ocorre em diferentes situações
de estresse fisiológico; uma característica comum dessas situações é a necessidade de manter o
equilíbrio da disponibilidade de nutrientes. Tanto o jejum quanto o exercício físico, ou até o estresse
mental, de alguma forma, sobrecarregam o seu organismo, seja pela escassez ou pelo aumento da
necessidade energética que impõem um controle mais fino sobre a disponibilidade dos nutrientes.

Sobre o metabolismo de lipídeos, o cortisol irá provocar a mobilização de triglicerídeos no tecido
adiposo, resultando em aumento dos níveis de ácidos graxos e glicerol na corrente sanguínea. De forma
semelhante, o cortisol é capaz de mobilizar aminoácidos de tecidos, especialmente, os músculos,
através do catabolismo de proteínas, aumentando os níveis plasmáticos de aminoácidos.
Esses efeitos são extremamente importantes para explicar as ações do cortisol sobre o metabolismo
hepático. No fígado, o cortisol irá estimular a cetogênese, uma via metabólica que resulta na formação
de corpos cetônicos, substâncias que são produzidas como fontes de energia alternativa para o coração
e o cérebro. A formação desses compostos é feita a partir da transformação de ácidos graxos e
aminoácidos, através de reações enzimáticas.


O estímulo à gliconeogênese é o efeito metabólico mais conhecido do cortisol que pode ser
aumentado em até 10 vezes. Essa via metabólica ocorre predominantemente no fígado e consiste na
formação de novas moléculas de glicose, a partir de substratos não glicídicos, incluindo os aminoácidos,
o glicerol e o lactato. Os mecanismos de ativação dessa via pelo cortisol envolvem o aumento da
expressão gênica hepática das enzimas da gliconeogênese e a mobilização dos aminoácidos.
Repare que um efeito suporta o outro. Ao mesmo tempo em que ele “manda” construir algum produto,
ele também “manda” buscar e entregar a matéria-prima para essa produção. Adicionalmente, os efeitos
sobre a gliconeogênese, a cetogênese e a mobilização de triglicérides se completam, no sentido de
manter a disponibilidade energética para o organismo superar o estresse fisiológico.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 31. Efeitos e sistemas controlados pelo cortisol.
EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS DO CORTISOL
A atividade anti-inflamatória do cortisol se dá através de dois efeitos básicos. Inicialmente, o cortisol
bloqueia os estágios iniciais do processo inflamatório e pode até mesmo impedir que a inflação ocorra.
Nos casos em que a inflamação já tenha se iniciado, o cortisol é capaz de inibi-la e acelerar a
regeneração tecidual.
Os efeitos anti-inflamatórios do cortisol ocorrem através de diferentes mecanismos que incluem:
Estabilização das membranas dos lisossomos, impedindo que as enzimas digestivas atuem na
degradação tecidual;
Redução da formação de prostaglandinas e leucotrienos, que leva à redução da permeabilidade
dos capilares, reduzindo a perda de plasma, e também à menor migração de leucócitos para as
áreas inflamadas e de fagocitose das células lesionadas;
Supressão do sistema imune, reduzindo a reprodução de linfócitos e, assim, a produção de
anticorpos na área inflamada;
Redução, finalmente, da liberação de interleucina-1 a partir dos leucócitos, atenuando a febre.
HORMÔNIOS METABÓLICOS DA TIREOIDEFonte: Shutterstock.com
 Figura 32. Glândula tireoide.
GLÂNDULA TIREOIDE
A glândula tireoide está localizada imediatamente abaixo da laringe e anteriormente à traqueia. É uma
das maiores glândulas endócrinas, pesando de 15 a 20 gramas, sendo responsável pela produção de
dois hormônios:
Tiroxina (T4) - Representa 93% da produção.

Triiodotironina (T3) - Com os 7% restantes.
Apesar disso, no plasma, uma grande parte de T4 é deionizado, ou seja, perde um iodo e, assim, é
transformado em T3.
 ATENÇÃO
A manutenção dos níveis normais da atividade metabólica requer uma quantidade precisa desses hormônios
e esses níveis são controlados por mecanismos específicos de feedback no hipotálamo e na hipófise. Dessa
forma, são os próprios níveis plasmáticos de T3 e T4 que controlam o eixo neuroendócrino.
Quando os níveis tendem à redução, o hipotálamo irá secretar o hormônio tireotrópico (TRH) que, por
sua vez, estimula os tireotropos – células adeno-hipofisárias que secretam o hormônio tireoestimulante
(TSH), também controlado por feedback que, então, irá atuar na glândula tireoide. De forma oposta, os
níveis satisfatórios desses hormônios inibem a atividade hipotalâmica-hipofisária em um mecanismo de
feedback negativo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 33: Mecanismo de feedback negativo na liberação de T3 e T4.
PRODUÇÃO E ARMAZENAMENTO DE T3 E T4
Os hormônios tireoidianos são formados a partir do aminoácido tirosina, mas requerem iodo para sua
produção, que deve ser obtido pela alimentação. O retículo endoplasmático e o complexo de Golgi das
células da tireoide secretam uma grande glicoproteína chamada tireoglobulina, que contém cerca de 70
resíduos de tirosina. Esses aminoácidos serão combinados ao iodo para a formação dos hormônios T3 e
T4 na própria tireoglobulina. Ao final do processo de síntese, cada tireoglobulina contém
aproximadamente 30 moléculas desses hormônios, que podem ficar armazenados por até três meses.
A liberação no sangue dos hormônios T3 e T4 se dá após a quebra da tireoglobulina, que ocorre ainda
no interior das células da glândula tireoide. Após a liberação para o plasma, a natureza química desses
hormônios implica na necessidade de associação a proteínas de transporte, como a globulina ligadora
de tiroxina, produzida pelo fígado, para que haja a distribuição para todos os sistemas fisiológicos.
MECANISMOS DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS
Os efeitos fisiológicos de ambos os hormônios é praticamente o mesmo, exercendo controle sobre a
taxa metabólica de praticamente todos os tecidos.
Contudo, os efeitos de T3 são até quatro vezes mais potentes do que os de T4 e o tempo de
permanência na corrente sanguínea também é maior.
O mecanismo de atuação dos hormônios tireoidianos se dá através do controle de receptores nucleares
que ativam a expressão de inúmeros genes através da transcrição do RNAm e, em seguida, a tradução
ribossomal. A consequência dessa ação é o aumento de inúmeras enzimas, receptores, proteínas de
transporte e estruturais.
EFEITOS METABÓLICOS DOS HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS
A consequência do aumento da expressão de proteínas em praticamente todos os tecidos gera
crescimento da taxa metabólica de todo o corpo e isso irá acarretar uma série de modificações
metabólicas. Esses efeitos incluem:
A ampliação da biogênese mitocondrial, aumentando o tamanho e número de mitocôndrias.
A capacidade de produção celular de ATP.
Maior transporte ativo de íons através das membranas celulares, aumentando também a produção
de calor.
Os hormônios tireoidianos ainda alteram vários aspectos do metabolismo energético, atuando sobre
quase todos os processos do metabolismo de carboidratos, promovendo crescimento da captação
tecidual de glicose, estimulando a glicólise, estimulando a gliconeogênese hepática e a absorção
gastrointestinal de carboidratos.
BIOFILME
javascript:void(0)
Processo de quebra anaeróbia da glicose para produção de energia.
Há um estímulo à mobilização dos lipídeos no tecido adiposo, reduzindo o acúmulo de gordura e
aumentando os níveis sanguíneos de ácidos graxos.

Por outro lado, ocorre uma redução dos níveis plasmáticos de colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos,
além de um aumento de excreção fecal de colesterol através da bile.
O crescimento da taxa metabólica basal requer uma série de outros ajustes fisiológicos, que, mais uma
vez, nos serve de exemplos interessantes da harmonia no controle das funções fisiológicas.
EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS HORMÔNIOS
TIREOIDIANOS
Note que, com a ampliação do metabolismo, há uma maior produção de energia e, assim, maior
consumo de oxigênio e produção de metabólitos, além do crescimento na produção de calor. Para se
adequar a essas necessidades, os hormônios tireoidianos aumentam:
O débito cardíaco

A frequência cardíaca

A força do miocárdio
Isso garante a distribuição do fluxo sanguíneo sem aumentar a pressão arterial, em função de uma
redução da resistência vascular periférica, o que tem dois efeitos importantes: o primeiro, garantir que o
fluxo de sangue atinja todos os tecidos e, o segundo, ampliar a troca de calor para manter a temperatura
corporal em um cenário em que está havendo acréscimo da termogênese.
 SAIBA MAIS
Adicionalmente, a frequência respiratória e o volume corrente são aumentados, garantindo maior troca
gasosa que leva à melhor oxigenação para atender às necessidades metabólicas e à eliminação de CO2,
cuja produção foi expandida graças ao aumento da taxa metabólica dos processos bioenergéticos.
Os hormônios T3 e T4 ainda exercem efeitos sobre o sistema digestório. Além disso, exercem:
Crescimento das secreções digestivas e da motilidade intestinal.
Efeitos excitatórios sobre o sistema nervoso central.
Aumento dos níveis de atenção, exercendo efeitos sobre o sono e sobre outras glândulas
endócrinas.
Ampliação da taxa de secreção da maioria das outras glândulas endócrinas.
EIXO GONADOTRÓPICO
O hipotálamo, através da liberação do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), regula a liberação
dos hormônios luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH) pela adeno-hipófise. Estas duas
gonadotropinas são glicoproteínas com duas subunidades (α e β) que regulam a função secretora das
gônadas.
GÔNADAS MASCULINAS
Os testículos são responsáveis pelas funções reprodutoras masculinas, através da espermatogênese, e
pela secreção de testosterona. A própria testosterona é capaz de estimular a síntese de
espermatozoides, agindo em conjunto com o FSH, estrógenos e o GH em diferentes fases e processos
da espermatogênese.
Hormônios sexuais masculinos
Vários hormônios são secretados pelos testículos e são coletivamente denominados de androgênio, em
que a testosterona é o mais abundante em termos de secreção. Porém, a maioria é convertida em
diidrotestosterona (DHT) nos tecidos-alvo, que é mais ativa.
A testosterona é produzida pelas células intersticiais de Leydig e, após a sua secreção, é
majoritariamente ligada à albumina plasmática ou a uma β-globulina para ser transportada através da
circulação, já que, por se tratar de um hormônio esteroide, é lipossolúvel.
CÉLULAS INTERSTICIAIS DE LEYDIG
Células localizadas nos testículos.
Funções da testosterona
A testosterona é responsável pelas características que diferenciam o corpo masculino. Agora, vamos ver
alguns detalhes das funções atribuídas a esse hormônio.
 VOCÊ SABIA
Durante o desenvolvimento fetal, por volta da sétima semana de gestação, o cromossomo masculino induz a
secreção de testosterona e promove o desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos, incluindo a
formação do pênis, do saco escrotal, da próstata, das vesículas seminais e ductos genitais, enquanto inibe a
formação dos órgãos genitais femininos. Entre a vigésima sexta e trigésima oitava semana de gestação, a
testosterona é responsável por promover a descida dos testículos para o saco escrotal.
As células de Leydig são praticamente inexistentes durante a infância, porém, durante a puberdade, o
número

Outros materiais