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TIPOS Reações Tóxicas Aversão Alimentar Intolerância/Hipersensibilidade Não Alérgica Alergia Alimentar/Hipersensibilidade Alérgica o Mediada por IgE ou imunomediada o Não Mediada por IgE o Mista INTRODUÇÃO Hipersensibilidades Alimentares são reações adversas aos alimentos que incluem quaisquer manifestações anormais resultantes da ingestão ou contato de um determinado alimento e podem ser o resultado de Intolerâncias Alimentares ou alergia alimentar. Intolerâncias Alimentares são respostas adversas causadas por uma característica fisiológica específica do hospedeiro, tais como as afecções metabólicas (deficiência de Lactase) com dificuldade metabólica. Alergias Alimentares (AAs) são reações adversas imunologicamente determinadas que podem ser devidas a mecanismos mediados por IgE, não IgE ou mistas; requerem o contato com o alimento, sensibilização do individuo e resposta imunológica. Está relacionada ao alérgeno (substância do alimento), que possui capacidade de induzir uma resposta imunológica em uma pessoa com predisposição. Reação adversa - qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares. Reações Tóxicas podem simular Hipersensibilidades Alimentares e são tipicamente causadas por fatores inerentes aos alimentos tais como contaminantes tóxicos ou substâncias farmacológicas contidas nos alimentos (tiramina em queijos envelhecidos), as quais podem afetar a maioria dos indivíduos sadios quando oferecidas em doses suficientemente elevadas. As reações tóxicas dependem mais da substância ingerida (toxinas bacterianas presentes em alimentos contaminados) ou das propriedades farmacológicas de determinadas substâncias presentes em alimentos (cafeína no café, tiramina em queijos maturados). As reações não tóxicas são aquelas que dependem de susceptibilidade individual: o Não imuno-mediadas (intolerância alimentar) o Imuno-mediadas (hipersensibilidade alimentar ou alergia alimentar). Por vezes confundem-se manifestações clínicas decorrentes de intolerância, como por exemplo, intolerância à lactose secundária à deficiência primária ou secundária da lactase, com alergia alimentar. REAÇÕES ADVERSAS A ALIMENTOS Aversões Alimentares podem mimetizar reações de Intolerância Alimentar ou alergia, porém, elas costumam não ser reproduzíveis quando se realiza um teste “cego” do alimento a ser ingerido e ao qual se suspeitava haver Intolerância. Ao ver o alimento a criança tem episódios de vômitos. Alergia alimentar é um termo utilizado para descrever reações adversas a alimentos, dependentes de mecanismos imunológicos, IgE mediados ou não. INTOLERÂNCIA ALIMENTAR Alterações metabólicas que leva a não aceitação do alimento pelo organismo Mais comum é a intolerância a lactose; mas ela pode ser transitória, secundaria a um processo de lesão, reverte o caso após a melhora. Não está relacionado com a alimentação da mãe, o problema é na criança que não tem a enzima Lactase. A lactose é um dissacarídeo que para ser absorvida precisa ser quebrada em monossacarídeo pelas dissacaridases (Lactase). Intolerância a lactose – deficiência da lactase na borda em escova intestinal. FISIOPATOLOGIA A enzima lactase é determinada geneticamente. Após a fase de Lactente (2 anos), ela começa a diminuir a sua atividade na parede intestinal após o desmame, caracterizando a Hipolactasia primária que pode provocar sintomas de intolerância à lactose. Com a descoberta dos finlandeses do polimorfismo (mutação) associado com a persistência da lactase, principalmente no norte da Europa, o exame genético passou a ser outra ferramenta diagnóstica importante para o intolerante. No Brasil, 43% dos brancos e dos mulatos têm alelo de persistência da lactase, sendo a hipolactasia mais freqüente entre os negros e japoneses. Pode ter a deficiência a lactase Secundária (pode desenvolver mais rápido a intolerância): enterites infecciosas, giardíase doença celíaca, doença inflamatória intestinal (especialmente doença de Crohn), enterites induzidas por drogas ou radiação, doença diverticular do cólon e anemia. Intolerância à lactose congênita: a incidência é de 1:60.000(Finlândia); não pode tomar LM que gera diarréia, criança nasce sem a atividade da enzima Lactase. Má absorção e digestão da lactose (carboidrato- açúcar de vários leites), derivante da pequena quantidade de lactase para hidrolisar. A presença de carboidratos no lúmen intestinal, leva a um efeito osmótico de ida de água para a luz intestinal, aumentando o conteúdo fecal. A lactose não hidrolisada no intestino delgado se dirige diretamente ao colón, onde é convertido em ácidos graxos, gás carbônico e hidrogênio pelas bactérias intestinais, as substâncias produzidas pela ação bacteriana (acetato, butirato e propionato) levam ao aumento do trânsito intestinal e aumentam a pressão no colón. Mais recentemente vem sendo valorizados também outros carboidratos não completamente absorvidos conhecidos pela sigla em inglês: "FODMAP": F = fermentável O = oligossacarídeos (frutanos, galactooligosacarídeos) D = dissacarídeos (lactose, sacarose) M = monossacarídeos (frutose) P = polióis (sorbitol). Manifestações são desencadeadas pela fermentação e efeito osmótico aumentado (aumenta a osmolaridade, secreta mais líquido e tem quadro de diarréia) de carboidratos ingeridos e não absorvidos: o Dor abdominal o Sensação de inchaço no abdome o Flatulência – devido o consumo da lactose pelas bactérias. o Diarréia o Borborigmos (barulho de gases) o Particularmente nas crianças, vômitos. o Fezes ácidas (pela fermentação), espumosas explosivas. o Diarréia crônica sem perda de peso (absorve os nutrientes, proteínas). Acidificação do conteúdo colônico e o aumento da carga osmótica no íleo e cólon resultante da lactose não absorvida leva à grande secreção de eletrólitos e fluidos, além do aumento do trânsito intestinal, resultando em fezes amolecidas e diarréia. Diagnóstico diferencial de exclusão: síndrome do intestino irritável. TIPOS Hipolactasia primária: corresponde a maioria dos quadros, há diminuição da atividade lactase a partir do desmame (2 anos), que vai ocorrendo ao longo dos anos. Parte das pessoas tem modificações genéticas que permitem a persistência da lactase, e não terão essa intolerância. OBS: intolerância a lactose não é comum em crianças mais novas, pois as chances aumentam de acordo com a idade. Hipolactasia secundária: ocorre após uma doença, como enterite infecciosa, doença celíaca, doença inflamatória intestinal, (Crohn), drogas ou radiação, diverticulose, anemia. Por ser uma diminuição secundária da lactase, aos poucos a enzima pode ir retornando à função. OBS: lembrando que no caso das hipolactasias, há uma diminuição da função da lactase e não ausência desta. Intolerância a lactose congênita: quando a criança nasce e fica permanentemente sem qualquer quantidade de lactase. É uma condição rara e nesses casos não há tolerância nem mesmo do leite materno, que possui naturalmente essa substância. DIAGNÓSTICO Clínico, normalmente a própria pessoa fala que após consumir lactose, sente os sintomas. Todavia, no caso de crianças, pode ter dificuldade de identificação da substância, sendo necessárias avaliações complementares. Teste de tolerância a lactose: ingere de 25g a 50g de lactose e se avalia os sintomas por duas a três horas e faz curva glicêmica. o Teste positivo quando apresentar sintomas característicos e/ou a diferença da glicemia basal com aquela apóso teste for inferior a 20mg/dl (pois a lactose é um carboidrato); o Se houver aumento maior que esse, significa que o carboidrato foi absorvido então não há intolerância. Teste respiratório do hidrogênio expirado: padrão-ouro para o diagnóstico de intolerância à lactose. o Sensibilidade do exame é de 80% a 92,3%. o Especificidade 100% com 25g de lactose, desde que o preparo esteja correto. o O paciente sopra o basal, ingere a lactose, e depois sopra novamente após 60, 90, 120, 150 e 180 minutos. o Positivo quando ocorre aumento de hidrogênio expirado em 20 ppm (partes por milhão) em relação ao valor basal. Biopsia intestinal - medir a atividade da enzima lactase com kit Quick Lactase Test, embora também tenha apresentado sensibilidade e especificidade de 100% com teste genético de hipolactasia. o Quando não conseguir identificar por outros meios ou outras condições e o problema persistir. TRATAMENTO/MANEJO Recomenda evitar leite e produtos lácteos na dieta para se obter remissão dos sintomas. Como a lactase muitas das vezes está apenas em quantidade diminuída, apenas de diminuir a lactose, os sintomas já melhoram. A partir de 2 anos de idade, pode ser usado a lactase sintética, tanto por demanda quando for consumir lactose ou uso contínuo quando a função da lactose for menor. Não usa em menores pela dificuldade de ajuste de dose. Alimentos “zero lactose” podem ser utilizados, todavia eles não são isentos do carboidrato, mas sim possuem a enzima lactase em sua composição. ALERGIA ALIMENTAR (AA) Doença conseqüente a uma resposta imunológica anômala, que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado(s) alimento(s). Decorrente de predisposição genética e interação do organismo a proteínas heterólogas, que ocorre frente a vários alimentos. Constitui-se em um problema cada vez mais comum na infância, em especial durante os 2-3 primeiros anos de vida. Leite de vaca, durante o primeiro ano de vida, é o principal alérgico, devido sua capacidade de gerar mecanismo imunológico (Caseína). Amplo espectro de sinais e sintomas que afeta principalmente os tratos digestivo, respiratório e tegumentar. O principal alérgico da dieta e envolve inúmeras de suas múltiplas proteínas presentes em sua composição. 1º alergia a proteína do LV trata-se de uma enfermidade temporária que, na imensa maioria dos casos, apresenta remissão espontânea até o terceiro ano de vida, em alguns casos desaparece mesmo ao final do primeiro ano. 2º Alergia à proteína da soja reação cruzada com APLV. As reações graves e fatais ligadas a alergia (choque anafilático), ocorrem mais em adolescentes, com asma e alergia a amendoim, nozes ou frutos do mar. ETIOPATOGÊNESE A etiopatogênese é complexa e está relacionada a interações entre genética e meio ambiente que vem desde o útero (entra a alimentação da mãe), com quebra de barreiras do sistema gastrintestinal. Para o desenvolvimento da AA, a pessoa deve ter o componente genético, entrar em contato com a proteína altamente alergênica e ter quebra dos mecanismos de defesa do trato gastrintestinal. Mecanismos de defesa TGI: o Micro-organismos / grande quantidade de antígenos/ sistema imunológico o Digestão (processo de digestibilidade): nutrientes, água e eletrólitos o Defesa: equilíbrio imunológico o Barreira de defesa (lesão mecânica) o Inespecíficos o Específicos o Tolerância oral Defesa inespecífica TGI o Barreira mecânica representada pelo próprio epitélio intestinal e pela junção firme entre suas células epiteliais (promovida por tight junctions, desmossomos). o Muco intestinal – propriedade antibacteriana; o Flora intestinal – impede que outras bactérias ou proteínas heterologas entre em contato com a mucosa; o Ácido gástrico (uso de praozis altera a defesa do organismo), as secreções biliares e pancreáticas normais. o Motilidade intestinal. Defesa especifica TGI o Barreira epitelial intestinal; o Lâmina própria - 80% linfócitos B - produtores de IgA levando a proteção. o Sistema imunológico do trato gastrintestinal (GALT - Gut- associated lymphoid tissue). o Faz parte da imunidade de mucosas (MALT- Mucosa- associated lymphoid tissue), que entra em contato com o meio externo, sendo considerado o maior órgão linfóide do organismo. o O GALT é composto por diferentes tecidos linfóides organizados, que incluem: as placas de Peyer (PP), folículos linfóides isolados (FLI) e linfonodos mesentéricos (LNM). o Microbiota comensal- desenvolvimento PP tecido linfóide secundário. Combinação de Combinação de fatores imunológicos e não Imunológicos o Formação de imune-complexos mediados pelo muco; o Proteólise na superfície mucosa facilitada pela formação de imune- complexos; o Fagocitose pelas células de Kupffer dos imune-complexos formados; Imunológico o Sistema da IgA secretora incorporada ao muco também representa a primeira linha de defesa da barreira. Todos esses mecanismos, visam afastar o antígeno protéico da corrente sanguínea, para que não chegue a linfonodos e não sejam apresentados e reconhecidos como alérgenos e passem a desencadear reação alérgica Se forem eficientes, esses mecanismos levam a chamada Tolerância Oral, que impede o desenvolvimento da alergia, mesmo que seja temporariamente. ESTADO DE TOLERÂNCIA GALT. Quebra dos mecanismos de defesa do trato gastrintestinal, quando há incapacidade do desenvolvimento de tolerância oral, ou seja, tem mecanismos de defesa, resposta imunológica normal. Para o desenvolvimento de alergia alimentar são necessários: o Substrato genético, dieta com proteínas com alta capacidade alergênica Fatores ambientais e epigenéticos (exposto precocemente a algo que não tem tolerância) também devem ser considerados. Sensibilização pode ocorrer por três vias: TGI, Pele e Respiratório. A quebra de tolerância pode ser secundária a situações, como ocorre em infecções entéricas, que levam a diarreia aguda, alterações morfológicas no intestino, penetração de proteínas heterólogas que antes não haviam sido apresentadas, culminando em alergia. RUPTURA BARREIRA PERMEABILIDADE INTESTINAL Causas: o Diarréia aguda levando a ruptura da barreira o Lesão morfológica do intestino o Penetração maciça de proteínas heterólogas intactas. EPIDEMIOLOGIA A alergia alimentar é mais comum em crianças do que em adultos pela característica imunológica. 6% em menores de três anos e de 3,5% em adultos. (EUA: 8%) Aproximadamente 35% das crianças com Dermatite Atópica, de intensidade moderada a grave, têm alergia alimentar mediada por IgE e 6 a 8% das crianças asmáticas podem ter sibilância induzida por alimentos. A alergia alimentar por leite de vaca, ovo, trigo e soja desaparecem, geralmente, na infância ao contrário da alergia a amendoim, nozes e frutos do mar que podem ser mais duradouras e algumas vezes por toda a vida. As reações graves e fatais podem ocorrer em qualquer idade, mesmo na primeira exposição conhecida ao alimento, mas os indivíduos mais susceptíveis parecem ser adolescentes e adultos jovens com asma e alergia previamente conhecida a amendoim, nozes ou frutos do mar. A primeira exposição pode ser grave, não sabe que tem alergia a determinado alimento e no primeiro contato gera anafilaxia, podendo levar a óbito pelo edema de glote As reações adversas aos aditivos alimentares (alimentos processados) são raras (abaixo de 1%). Os aditivos mais implicados em reações adversas são os sulfitos (asma), o glutamato monossódico e a tartrazina (urticária – alimentos amarelos). Quemtem reação a tartrazina não é alergia alimentar, é uma reação adversa aditiva alimentar. ALERGENOS ALIMENTARES São exclusivamente glicoproteínas hidrossolúveis seja qual for à origem, aqueles que são termoestáveis (não degrada em altas temperaturas) e resistentes a ação de ácidos e proteases. Desenvolvem mais alergia e são responsáveis pelos quadros mais graves. Há três possibilidades do alérgeno desencadear reações: o Quando o alimento é ingerido ou com contato direto com o organismo (digestivo, respiratório e pele). o Reatividade cruzada, houve produção de IgE específica com outro alimento e antes mesmo da pessoa entrar em contato com a substância já havia sido sensibilizada (ocorre com leite e soja). o Reatividade cruzada, mas por alérgeno inaláveis (exemplo pólen e látex), que podem levar a produção de anticorpos que se voltam contra alimentos (síndrome látex- fruta). Causas de alergia alimentar 80% de leite de vaca, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e crustáceos. Outros: Kiwi, mandioca Todas as proteínas do LV podem induzir alergia alimentar. A reação de um para o outro são diferentes por que são diferentes indutores. Essas proteínas alergenas especificas são termoestáveis, resistente a ácidos e proteases (processo de digestão). 10% da alergia ao LV podem ter reação cruzada com a carne de boi. 92% alérgicos ao LV têm reação cruzada com Leite de cabra. Kiwi da reação cruzada ao Látex. Alérgicos a crustáceos tem reação cruzada com rinite (alergia a ácaros). ADITIVOS ALIMENTARES Os aditivos alimentares são representados por antioxidantes, flavorizantes, corantes, conservantes ou espessantes. Apesar de serem freqüentemente relacionados com reações adversas, os relatos relacionados a alergia que puderam ser confirmados são raros e descritos de maneira isolada. Ha uma evidente discrepância entre a prevalência de reações adversas a aditivos que e referida pelo paciente ou seus pais (7%) e a prevalência obtida apos a realização de testes de provocação (0,01-0,23%). Manifestações como urticaria, angioedema, asma ou anafilaxia, conseqüentes a aditivos alimentares, são extremamente raras. Ex: glutamato monossódico, nitratos, benzoatos, parabenzoicos, sulfitos, butil-hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxi- tolueno (BHT) e tartrazina. REAÇÃO MEDIADA POR IGE Decorrem de sensibilização a alérgenos alimentares com formação de anticorpos específicos da classe IgE, que se fixam a receptores de mastócitos e basófilos. Contatos subseqüentes com o alimento e sua ligação a duas moléculas de IgE próximas determinam a liberação de mediadores vasoativos e citocinas Th2. Manifestações clínicas de hipersensibilidade imediata: reações cutâneas (urticária, angioedema), gastrintestinais (edema e prurido de lábios, língua ou palato, vômitos e diarréia), respiratórias broncoespasmo,coriza) e reações sistêmicas (anafilaxia e choque anafilático). Diagnóstico da reação aos aditivos é por intermédio do teste de provocação oral. Primeiro contato → sensibilização → formação de uma IgE específica para aquele alérgeno → segundo contato → IgE específica se liga no antígeno → atrai mastócitos e basófilos → liberação de mediadores vasoativos (histamina) e citocinas TH2 → manifestações clínicas de hipersensibilidade imediata → reações cutâneas (urticária, angioedema), gastrintestinais (edema e prurido de lábios, língua ou palato, vômitos e diarreia), respiratórias (broncoespamos, coriza) e reações sistêmicas (anafilaxia, choque). REAÇÕES NÃO MEDIADAS POR IGE Não são de apresentação imediata e caracterizam-se basicamente pela hipersensibilidade mediada por células, leva um certo tempo para a célula reagir (mastocitos, basófilos, eosinofilos). Embora pareçam ser mediadas por linfócitos T. São responsáveis por quadros de inflamação intestinal local a longo prazo, como proctite, retrocolite, enteropatia induzida por proteína alimentar (diarréias crônicas, dor abdominal) e enterocolite (sangue nas fezes) induzida por proteína alimentar. REAÇÕES MISTAS (MEDIADAS POR IGE E HIPERSENSIBILIDADE CELULAR) Alergias mediadas tanto por IgE imediata como por células T e citocinas pro-inflamatórias (reação celular). Levam a esofagite eosinofilica, dermatite atópica, gastroenterite eosinofilica, gastrite eosinofilica e asma. Tudo que envolver eosinofilica. OBS: Criança alérgica ao ovo, deve analisar o risco e beneficio da vacina de Febre amarela, avaliar cada caso, áreas endêmicas; febre amarela leva a óbito. Caso aplique a vacina que seja em centro de emergência, devido o quadro de anafilaxia imediata. FATORES DE RISCO PARA AA Desmame precoce, deficiência de Vit D, uso de antiácidos, uso de antibiótico pela mãe, parto cesárea, uso precoce de leite de vaca e fórmula complementar (disbiose), excesso de higiene (hipótese, falta de exposição à alérgenos). Sexo masculino, etnia asiática e africana, comorbidades alérgicas (dermatite atópica). História familiar de atopia, antecedentes bilateral, 80%. Estima-se que entre 30% e 50% dos alérgicos ao latex apresentem reatividade clínica a algumas frutas. Síndrome látex-fruta: banana, abacate, maracujá, papaia, kiwi, mandioca. DIAGNÓSTICO Clínico: Exposição ao alérgeno e reação adversa imediata. Laboratorial: hemograma (anemia, eosinofilia nos casos de mista ou celular imediata), ferro sérico, ferritina (diagnostico diferencial de anemia ferropriva), dosagem de IgE inespecífica ou específica, testes cutâneos e teste de provocação oral. TESTES DIAGNÓSTICOS Ficar atento, pois a reatividade laboratorial, nem sempre se correlaciona a clínica, a clínica deve ser soberana para tomar condutas. Soja /amendoim; leite de vaca /carne bovina. TESTE CUTÂNEO – PRICK TEST Cutâneo. Indicado para suspeita de alergia mediada por lgE (urticárias, rinite, asma), utilizam-se antígenos alimentares padronizados, faz um controle positivo com histamina (deve reagir) e um controle negativo com solução salina (não deve reagir), todos injetados na pele com agulhas. A resposta sai em 15 minutos. Positivo quando o halo eritematoso na substância for igual ou maior que 3mm do controle. Para esse teste, não devem ser usadas drogas anti-histaminas por pelo menos 3 dias antes do exame, deve-se evitar as altas concentrações do antígeno pelo risco de reação grave, e não faz se tiver alguma reação na pele no momento. VPP baixo (pode dar reação a qualquer coisa) e VPN 95% (se reagir é porque tem alergia). TESTE RAST Cutâneo. É o mais utilizado. Pode ser realizado inclusive em indivíduos em uso de anti-histamínicos ou problemas dermatológicos. Há colocação menos invasiva do antígeno na pele, cobertos por um adesivo, com o qual o paciente fica por alguns dias, abaixo está à interpretação de acordo com a reação. Se 2+ já é positivo, porém com maior especificidade quando 3+. Testa alergia por IgE ou mista. Alto valor preditivo negativo (82 a 100%). Alta incidência de resultados falso- positivo e de falso-negativos, em torno de 25%, alto custo. TESTE DE PROVOCAÇÃO ORAL Padrão ouro para diagnóstico das alergias alimentares (pode identificar todos os tipos). Deve ser realizado em experimento duplo-cego, em que nem o médico nem o paciente saibam da substância ingerida previamente, para evitar fatores de erro. O alimento suspeito deve ser logicamente prédefinido e deve ser excluído da dieta por 7 a 14 dias antes do teste, quando o problema for gastrintestinal, espera-se ate 3 meses. Se já tiver histórico, se for lactente muito joveme tiver urticária previa, fazer em ambiente hospitalar. Em caso de alergias que não sejam imediatas, a criança vai para casa e a mãe anota os efeitos. TRATAMENTO AA Medicamentoso, com o auxílio de anti- histamínicos em situações de emergência, durante a manifestação dos sintomas de alergia após a ingestão do alimento; Imunoterápico, com o uso de vacinas, prebióticos e probióticos, imunobiológicos (em estudos); Nutricional, com a exclusão do alimento da dieta (tratamento preconizado até o momento). CONDUTA CLÍNICA Sintomas → dieta de exclusão → sintomas eliminados → reintroduz o alimento → sintomas voltam → confirma diagnostico → excluir o alimento três meses → readministrar o alimento → sintomas voltam → alergista. Se na primeira exclusão do alimento os sintomas não cessaram → alergista. Se após os três meses sintomas não voltaram → tolerância → apenas acompanha. SUSPEITA DE APLV Crianças alimentadas exclusivamente ao seio materno; Deve ser feita restrição alimentar rigorosa de leite e derivados por parte da mãe por um período de 3-4 semanas. Caso não haja alívio dos sintomas, confirma-se que não havia reação ao alimento consumido criança deve ser referenciada ao gastroenterologista para pesquisa de um novo diagnóstico. Nos casos em que houver alívio dos sintomas, em 3 a 4 semanas deverá ser reintroduzido o LV na dieta da mãe. Caso haja recidiva dos sintomas, confirma-se APLV e esta é a única situação em que se justifica a dieta de exclusão prolongada para a mãe lactante (até 3 meses). Sintomas mais comuns: dor abdominal, diarreia, sangue nas fezes (pode sair em grande quantidade), urticária é menos comum, assim como anafilaxia. Se estiver em fórmula normal (com proteína do leite): mudar para fórmula extensamente hidrolisada (FEH), usa até 6 meses de idade, melhorou, muda pra fórmula de soja (menor custo). o Depois vai voltando aos poucos a fórmula normal, testando a cada 2-3 meses. o Se não melhora com a extensamente hidrolisada, usa a de aminoácido, se melhorar em 2-3 meses vai para extensamente hidrolisada, depois pra de soja, se não mantém de aminoácido. APLV CONFIRMADA Periodicamente, novos testes de desencadeamento podem ser feitos, pois a qualquer momento a criança poderá desenvolver tolerância ao LV. Deverá ser feita suplementação oral de cálcio para as mães nestes casos (1 grama por dia) de exclusão alimentar LV. FORMULAS ALTERNATIVAS APLV Fórmulas a base de proteína isolada de soja: o Contém proteína isolada de soja, sendo a primeira escolha nas formas de APLV IgE mediadas em crianças maiores de 6 meses e sem comprometimento do trato gastrointestinal. Fórmulas a base de proteína extensamente hidrolisada: FEH – Alfaré o São bem toleradas em 90 a 95% % das crianças com APLV. o Os peptídeos e aminoácidos livres da hidrólise de proteínas do leite da vaca (proteínas do soro do leite ou caseína), da soja ou do colágeno. o Podem ainda conter ou não lactose. o Recomenda-se uso de fórmulas extensamente hidrolisadas como primeira opção em crianças com menos de 6 meses de idade com quadros IgE mediados e naquelas crianças maiores de seis meses que não evoluíram bem com as fórmulas de soja. Fórmulas à base de aminoácidos: FAA o São as fórmulas mais caras utilizadas em caso de não melhora dos sintomas após quatro semanas de uso da fórmula extensamente hidrolisada. o Outra indicação seria em crianças com alto risco de reações anafiláticas (história prévia de anafilaxia e que não estejam em uso regular de fórmulas extensamente hidrolisadas). SUSPEITA AA/QUALQUER ALIMENTO Dieta de exclusão para eliminar os sintomas. Reintroduzir o alimento para verificar se os sintomas são reproduzidos. CONFIRMAR DIAGNÓSTICO Se os sintomas re-aparecem, excluir o alimento por 3 meses. Após este intervalo, re-administrar o alimento novamente, para verificar o re-surgimento dos sintomas. Se os sintomas retornam, suspender o alimento da dieta e encaminhar o paciente para o alergista. CRITÉRIOS PARA ENCAMINHAMENTO ALERGISTA Falha no tratamento instituído. Anafilaxia e internação. Necessidade de testes alérgicos para diagnóstico e orientação. Para realização dos testes de provocação oral. PROGNÓSTICO AA Taxa de remissão APLV de 45 a 50% até 1 ano, 60 a 75% até 2 anos e 85 a 90% até 3 anos de idade. É descrito o desenvolvimento de alergia a aerolérgenos em até 50 a 80% de crianças com APLV até a puberdade. Os fatores preditivos para a persistência de APLV: persistência de altos níveis de IgE específica e a coexistência de asma e rinite. A alergia ao amendoim, menos freqüente no Brasil 22% resolve até 4 anos de idade. Alergia ao trigo 35% mantém sensibilidade até adolescência. ASPECTOS PREVENTIVOS Aleitamento materno - similaridade antigênica da espécie e pelos fatores protetores carreados, (imunológicos ou não-imunológicos), contribuem para a manutenção de uma microbiota adequada neste período precoce da vida. Fatores de risco: o Parto cesariano. o Uso materno de antibiótico. o Condições excessivas de higiene. o Uso de fórmula complementar ou LV oferecida a criança precocemente Podem resultar em disbiose.
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