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ESTUDOS DISCIPLINARES Questões e Reflexões II Prof. Adilson Oliveira Uma das maneiras de entender a questão da cidadania é percebê- la como um conjunto de direitos que inclui os direitos civis, os políticos e os sociais. Recentemente, o conceito de cidadania foi ampliado e passou a envolver, além dos direitos acima citados, a sensação de pertencer a uma comunidade, participando de valores, histórias e experiências comuns aos que a ela pertencem. Assim, identidade e cidadania fazem parte do mesmo constructo e ambas são condições necessárias para a construção de sociedades justas, democráticas e modernas. Em relação a esse assunto, o tema desenvolvido neste material é: ações afirmativas e cotas e, também, terceiro setor. Cidadania Ações afirmativas e cotas As ações afirmativas são estratégias cujo objetivo é a melhoria das condições de vida de grupos minoritários, excluídos ou subordinados. Em geral, são promovidas pelo Estado ou por meio da parceria deste com a iniciativa privada. O alvo dessas ações, adotadas de forma voluntária ou obrigatória, varia em função do contexto e da situação de grupos minoritários étnicos ou raciais. As mulheres também costumam ser contempladas com ações desse tipo. Na maioria dos casos, as ações afirmativas visam à maior participação ou à melhoria de condições desses grupos no mercado de trabalho, no sistema educacional e na representação política. A ação afirmativa mais conhecida é a de sistema de cotas, que consiste em estabelecer determinado número ou percentual a ser ocupado em área específica por grupo(s) definido(s), o que pode ocorrer de maneira proporcional ou não, e de forma mais ou menos flexível. Existem ainda as taxas e metas, que seriam basicamente um parâmetro estabelecido para a mensuração de progressos obtidos em relação aos objetivos propostos, e os cronogramas, como etapas a serem observadas em um planejamento de médio prazo. O conceito sobre o qual repousam as ações afirmativas diz respeito ao fato de não se poder tratar de forma igual o que é desigual, sob o risco de se aumentar a desigualdade. Em outras palavras, parte-se da crença de que a desigualdade faz jus a medidas corretivas e a condições especiais para que sejam garantidas iguais condições de acesso a bens e direitos por todos. Nesse sentido, as ações afirmativas buscam restituir uma igualdade rompida ou que nunca existiu. A Constituição de 1988 foi um importante passo na construção de ações afirmativas no Brasil. No seu texto, procurou-se proteger o mercado de trabalho para a mulher e para o deficiente físico. Em 1995, a legislação eleitoral estabeleceu um sistema de cotas com 30% de participação mínima das mulheres para candidaturas dentro dos partidos políticos. Também durante a década de 1990, diversas ações procuraram formular políticas compensatórias para a comunidade negra. No caso de ações objetivando promover o acesso ao ensino superior, podem ser citadas: a) aulas de complementação, que envolveriam cursos preparatórios para o vestibular e cursos de verão e/ou de reforço durante a permanência do estudante na faculdade; b) financiamento de custos, para o acesso e a permanência nos cursos, envolvendo o custeio da mensalidade em instituições privadas, bolsas de estudos, auxílio-moradia, alimentação e outros; c) mudanças no sistema de ingresso nas instituições de ensino superior, por sistema de cotas, taxas proporcionais e sistemas de testes alternativos ao vestibular. O terceiro setor, de forma simplificada, engloba as organizações criadas e as ações promovidas pela sociedade civil. Considerando que o primeiro setor corresponde ao Estado e o segundo, à iniciativa privada, o terceiro setor é o que inclui o amplo espectro das instituições filantrópicas dedicadas à prestação de serviços nas áreas de saúde, educação e bem-estar social e as organizações voltadas para a defesa dos direitos de grupos específicos da população, como as mulheres, os negros e os povos indígenas, ou de proteção ao meio ambiente e de promoção do esporte, da cultura e do lazer. Tal ideia inclui ainda as múltiplas experiências de trabalho voluntário, pelas quais cidadãos exprimem sua solidariedade pela doação de tempo, trabalho e talento para causas sociais. O terceiro setor O terceiro setor comunica-se e interage com os outros dois. Esta é, provavelmente, uma das razões que levam alguns autores a entenderem que o Estado e o mercado fazem parte da sociedade, compondo-a e representando-a. O crescimento do terceiro setor, no Brasil e no restante do mundo, coincide com a disseminação do espírito globalizador que preconizou, a partir da década de 1980, a redução do tamanho do Estado. Ao defender o Estado Mínimo, essa perspectiva se opôs ao Estado do Bem-Estar (Welfare State) que, desde a grande depressão americana das primeiras décadas do século XX, intervinha no sistema econômico com o objetivo de garantir maior justiça social. Questão 5.1. Leia o texto abaixo e analise a figura a seguir. As 59 universidades federais brasileiras terão de contar, em breve, com um sistema de cotas para ingresso dos novos estudantes. A expectativa é que a presidente Dilma Rousseff sancione, nos próximos dias, a lei que destina 50% das vagas oferecidas nessas universidades a alunos que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas. Metade dessa reserva beneficiará quem vem de família de baixa renda, com ganho máximo de um salário mínimo per capita. [...] Quase dez anos após o início das discussões sobre cotas no ensino público superior do País, o assunto ainda é polêmico. Especialistas concordam que o governo precisa ampliar, de alguma maneira, a participação dos jovens de famílias carentes, além de negros e indígenas, no ensino superior. Mas a reserva de vagas está longe de ser uma unanimidade entre docentes, alunos e estudiosos. "A questão é como manter a qualidade e ao mesmo tempo fazer a inclusão. Não é uma equação fácil", avalia o sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, do Rio de Janeiro. [...] Já para o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Carlos Maneschy, é possível colocar na mesma sala de aula alunos aprovados no vestibular convencional e estudantes admitidos por cotas, sem prejuízo ao ensino. Ele conta que a Universidade Federal do Pará (UFPA), onde é reitor, adota há cinco anos a reserva de 50% das vagas para egressos de escolas públicas. E, segundo Maneschy, levantamentos mostram que, apesar das dificuldades iniciais apresentadas pelos cotistas, os índices de desempenho e de evasão entre alunos vindos de escolas públicas e de particulares são os mesmos. A UFPA ainda reserva, desde 2010, duas vagas para indígenas por curso. Disponível em <http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6085734-EI8266,00- Cotas+para+escolas+publicas+geram+polemica+entre+especialistas.html>. Acesso em 19 out. 2012. Legenda = R$ 100,00 = R$ 10,00 = R$ 1,00 INTERVALO Questão 5.2. Leia os textos a seguir. Texto I O orçamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o presente exercício é de 10,1 bilhões de dólares. O montante, um bilhão maior do que o valor de 2007, evidencia a crescente valorização da responsabilidade social, considerando que os recursos provêm de doações privadas e fundos para causas específicas, como educação e saúde, além de verbas governamentais. No ano passado, o recorde de contribuições recebidas por outro organismo, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), corrobora a ampliação da consciência universal quanto à necessidade de reduzir os índices de miséria e promover a inclusão social e melhoria da qualidade da vida. No total, 181 Estados-membroscontribuíram com 419 milhões de dólares para o UNFPA. Isso representa o número mais elevado de países doadores e o maior montante recebido a título de contribuições desde que a agência iniciou suas operações, em 1969. [...] Além de seus propósitos humanitários, as agências da ONU têm outro aspecto em comum: para ambas, os recursos privados são estratégicos e fundamentais. O mesmo raciocínio aplica-se às organizações do terceiro setor que atuam localmente, circunscritas ao atendimento de uma demanda social ou de um público específico. Como não têm fins lucrativos, sua capacidade de gerar receitas próprias é limitada. Assim, dependem do exercício da responsabilidade social por parte do capital privado e do esforço do voluntariado. A lógica do terceiro setor, quanto à sua inserção no mundo globalizado, é a mesma que rege o universo dos negócios. Há organizações globais, como as agências da ONU, e as locais, como alguns excelentes exemplos brasileiros, dentre os quais a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), a Fundação Dorina Nowill e a ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Disponível em <http://www.ipea.gov.br/acaosocial/articled3d2.html?id_article=616>. Acesso em 26 out. 2012. Texto II É inegável a importância do surgimento das ONGs e do chamado terceiro setor como um fenômeno dos anos 1990 que remete a novas formas de relação entre os indivíduos e seus coletivos e entre o Estado e a iniciativa privada. Observam-se, nesse processo, o surgimento e a ampliação da participação cidadã e a possibilidade da reconstrução das utopias sociais transformadoras. Ressaltam-se a autonomia e a independência do terceiro setor em relação aos primeiro e segundo setores e fala-se, inclusive, do volume financeiro que mobiliza e do número de empregos surgidos com as iniciativas advindas desse campo. No entanto, corre-se o risco de não considerarmos as características apontadas acima de forma crítica. Assim, cabe acentuar que as diretrizes e os financiamentos de grande parte das ações e dos projetos do terceiro setor provêm do Estado e/ou das fundações vinculadas às empresas do segundo setor. Esse dado é bastante questionador da pretensa autonomia e independência do terceiro setor em relação aos dois outros setores. Outro aspecto que não deve passar despercebido é que o razoável montante financeiro mobilizado, assim como os empregos gerados pelas atividades do terceiro setor, vêm concomitantemente com os recordes de arrecadação pelo Estado e com os significativos aumentos nos excedentes financeiros auferidos pelas grandes empresas, aliados ao substancial aumento de demissões observadas nos dois primeiros setores. Mesmo a proliferação de ONGs não tem resultado em melhoria das condições de vida da população em geral. Pelo contrário, o cenário das ruas das grandes cidades do Brasil atesta a fragilidade do impacto de projetos desenvolvidos dentro da cultura do terceiro setor. [...] Ao não levar em conta os aspectos levantados anteriormente, o profissional do terceiro setor vive uma dissociação entre os ideais que permeiam o seu trabalho e o resultado prático de suas ações. [...] [Em última instância], existe o sério risco de este importante fenômeno emergente no cenário mundial, chamado terceiro setor, transformar-se em um mero executor de tarefas ditadas pelos primeiro e segundo setores, ao que seria melhor, então, designar-se setor terceirizado. Disponível em <http://www.fonte.org.br/node/146>. Acesso em 26 out. 2012 (com adaptações). Com base na leitura dos textos, relacione a presença do terceiro setor com a capacidade de atuação do Estado. Questão 5.3. Leia o trecho da reportagem da Istoé, reproduzido a seguir. Por que as cotas raciais deram certo no Brasil Política de inclusão de negros nas universidades melhorou a qualidade do ensino e reduziu os índices de evasão. Acima de tudo, está transformando a vida de milhares de brasileiros Amauri Segalla, Mariana Brugger e Rodrigo Cardoso Por ser recente, o sistema de cotas para negros carece de estudos que reúnam dados gerais do conjunto de universidades brasileiras. Mesmo analisados separadamente, eles trazem respostas extraordinárias. É de se imaginar que os alunos oriundos de colégios privados tenham, na universidade, desempenho muito acima de seus pares cotistas. Afinal, eles tiveram uma educação exemplar, amparada em mensalidades que custam pequenas fortunas. Mas a esperada superioridade estudantil dos não cotistas está longe de ser verdade. A Uerj analisou as notas de seus alunos durante 5 anos. Os negros tiraram, em média, 6,41. Já os não cotistas marcaram 6,37 pontos. Caso isolado? De jeito nenhum. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que também é referência no País, uma pesquisa demonstrou que, em 33 dos 64 cursos analisados, os alunos que ingressaram na universidade por meio de um sistema parecido com as cotas tiveram performance melhor do que os não beneficiados. E ninguém está falando aqui de disciplinas sem prestígio. Em engenharia de computação, uma das novas fronteiras do mercado de trabalho, os estudantes negros, pobres e que frequentaram escolas públicas tiraram, no terceiro semestre, média de 6,8, contra 6,1 dos demais. Em física, um bicho de sete cabeças para a maioria das pessoas, o primeiro grupo cravou 5,4 pontos, mais dos que os 4,1 dos outros (o que dá uma diferença espantosa de 32%). Em um relatório interno, a Unicamp avaliou que seu programa para pobres e negros resultou em um bônus inesperado. “Além de promover a inclusão social e étnica, obtivemos um ganho acadêmico”, diz o texto. Ora, os pessimistas não diziam que os alunos favorecidos pelas cotas acabariam com a meritocracia? Não afirmavam que a qualidade das universidades seria colocada em xeque? Por uma sublime ironia, foi o inverso que aconteceu. E se a diferença entre cotistas e não cotistas fosse realmente grande, significaria que os programas de inclusão estariam condenados ao fracasso? Esse tipo de análise é igualmente discutível. “Em um País tão desigual quanto o Brasil, falar em meritocracia não faz sentido”, diz Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UnB. “Com as cotas, não é o mérito que se deve discutir, mas, sim, a questão da oportunidade.” Ricardo Vieiralves de Castro fala do dever intrínseco das universidades em, afinal, transformar seus alunos – mesmo que cheguem à sala de aula com deficiências de aprendizado. “Se você não acredita que a educação é um processo modificador e civilizatório, que o conhecimento é capaz de provocar grandes mudanças, não faz sentido existir professores.” Não faz sentido existir nem sequer universidade. Por mais que os críticos gritem contra o sistema de cotas, a realidade nua e crua é que ele tem gerado uma série de efeitos positivos. Hoje, os negros estão mais presentes no ambiente universitário. Há 15 anos, apenas 2% deles tinham ensino superior concluído. Hoje, o índice triplicou para 6%. Ou seja: até outro dia, as salas de aula das universidades brasileiras lembravam mais a Suécia do que o próprio Brasil. Apesar da evolução, o percentual é ridículo. Afinal de contas, praticamente a metade dos brasileiros é negra ou parda. Nos Estados Unidos, a porcentagem da população chamada afrodescendente corresponde exatamente à participação dela nas universidades: 13%. Quem diz que não existe racismo no Brasil está enganado ou fala isso de má-fé. Nos Estados Unidos, veem-se negros ocupando o mesmo espaço dos brancos – nos shoppings, nos restaurantes bacanas, no aeroporto, na televisão, nos cargos de chefia. No Brasil, a classe média branca raramente convive com pessoas de umacor de pele diferente da sua e talvez isso explique por que muita gente refuta os programas de cotas raciais. No fundo, o que muitos brancos temem é que os negros ocupem o seu lugar ou o de seus filhos na universidade. Não há outra palavra para expressar isso a não ser racismo. AVANÇO, SIM. MAS O CAMINHO É LONGO O quadro mostra a distribuição de brasileiros de 15 a 24 anos por nível de ensino. Alfabetização de jovens e adultos 0,8% Alfabetização de jovens e adultos 1,5% Alfabetização de jovens e adultos 1,2% Ensino fundamental 49% Ensino superior 31,1% Ensino médio 19,1% Ensino médio 36,6% Ensino fundamental 49,1% Ensino superior 12,8% Ensino médio 34,6% Ensino superior 13,4% Ensino fundamental 50,8% PardosNegrosBrancos Fonte: IBGE Com base na leitura, analise as afirmativas que seguem e assinale a alternativa correta. I. Pelo infográfico, observa-se que o número de negros entre 15 a 24 anos com Ensino Médio é praticamente o dobro do número de brancos com a mesma escolaridade. II. De acordo com os dados, a população negra do Brasil e a dos Estados Unidos têm o mesma representatividade no ensino superior (cerca de 13%), o que mostra que o sistema de cotas eliminou as desigualdades históricas. III. De acordo com a reportagem, o sistema de cotas, em 15 anos, triplicou o número de afrodescendentes nas universidades brasileiras. a) Nenhuma afirmativa está correta. b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. d) Apenas a afirmativa III está correta. e) As afirmativas I, II e III estão corretas. INTERVALO O Wikileaks é uma organização que conta com uma rede transnacional de colaboradores (a maior parte anônima) e que divulga, em seu site, documentos oficiais obtidos de fontes sigilosas, com informações confidenciais, vazadas (to leak, em inglês, significa vazar) de governos e empresas. Muitos documentos com informações secretas já foram vazados pelo site, comportamento considerado por alguns países como ato de traição e de espionagem. Em tempos de vertiginosa inovação tecnológica e de intensa circulação de dados e de informação pela web, o vazamento do Wikileaks nos leva às seguintes questões: a) como manter a confidencialidade e o sigilo de informações no ambiente digital?; b) quais os limites para a transparência dos atos de governo em uma democracia?; c) como devem ser tratados os arquivos e materiais diplomáticos? Em relação a esse assunto, o tema desenvolvido nesta aula é: o caso Wikileaks. Comunicação digital O caso Wikileaks Em 2011, foi divulgado pelo Wikileaks um acervo considerável de telegramas diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos, dentre outros materiais que supostamente não deveriam ser levados a público. Por conta disso, Julian Assange, ciberativista e fundador do Wikileaks, está escondido na embaixada do Equador em Londres desde 2012. Depois de o governo equatoriano conceder asilo político a Assange, o Reino Unido negou salvo-conduto para o jornalista deixar o país e ameaçou invadir a embaixada. O Reino Unido afirmou que iria extraditá-lo para a Suécia, onde ele responderia por um presumível crime sexual. Assange teme que o governo inglês o extradite para os Estados Unidos, onde seria julgado por crimes de espionagem. Uma piora no estado de saúde de Assange nas últimas semanas pode provocar uma mudança no status quo dessa situação que se arrasta há dois anos. Dentre os casos de vazamento de maior notoriedade, podem ser citados os comentários sobre o estado mental de Cristina Kirchner, a vigilância sobre representantes da ONU, as informações sigilosas sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, os dados confidenciais sobre a prisão de Guantánamo e os detalhes sobre o apoio estratégico a grupos que fazem oposição a governos de esquerda em vários lugares do mundo. Em relação ao Brasil, o vazamento do Wikileaks tornou públicas informações relativas à gestão da Petrobras e ao governo de Dilma Rousseff. Questão 6.1. Em 2012, um dos assuntos mais comentados na cobertura jornalística internacional e nas redes sociais foi o confinamento, na embaixada do Equador em Londres, de Julian Assange, ciberativista e fundador do Wikileaks. Depois de o governo equatoriano conceder asilo político a Assange, o Reino Unido negou salvo-conduto para o jornalista deixar o país e ameaçou invadir a embaixada. Sobre a atuação do Wikileaks e a livre divulgação de informações de interesse público pela internet, leia os textos a seguir. A Internet deve continuar livre. A liberdade é que permite criar um dos mais ricos repositórios de informações, cultura e entretenimento de toda história. Nós defendemos que a rede continue aberta. Defendemos a continuidade da criação de conteúdos e tecnologias sem necessidade de autorização de governos e/ou de corporações. Carta em defesa da liberdade na internet, movimento Mozilla Drumbeat. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em uma carta aberta a Julian Assange, de 2010, criticou a atuação do Wikileaks, afirmando que “revelar a identidade de centenas de pessoas que colaboraram com a coalizão no Afeganistão é muito perigoso”. Na carta, a RFS ainda disse que o Wikileaks não pode desfrutar das mesmas proteções oferecidas a jornalistas, como proteção a fontes, se seus membros declaram não fazer parte da imprensa. A RSF afirmou que questiona apenas a irresponsabilidade na divulgação das informações e que esta crítica “de forma alguma consiste em um convite à censura, ou o apoio à guerra... A imprensa é responsável pelo que publica ou divulga. Lembrar isso não é desejar seu desaparecimento. Muito pelo contrário”. Baseado em “Repórteres Sem Fronteiras diz que crítica ao Wikileaks não é ‘convite à censura’”. Disponível em <http://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog>. Acesso em 26 out. 2012. A publicação de informações aumenta a transparência, o que torna as sociedades melhores para as pessoas. O exame público de informações provindas de instituições governamentais, empresariais e de outros tipos de organização leva à redução da corrupção e a uma democracia mais forte. Uma mídia jornalística saudável, vibrante e questionadora desempenha papel vital neste sentido. Nós somos parte desta mídia. O debate público requer informação. Com o avanço tecnológico, principalmente com a internet e a criptografia, é possível transmitir informações diminuindo custos econômicos e os riscos sociais e humanos. [...] Observamos que a imprensa internacional tornou-se menos independente e pouco determinada a questionar governos, empresas e outras instituições. Acreditamos que isto precisa mudar. Wikileaks propõe um novo modelo de jornalismo. Não somos motivados pelo lucro, trabalhamos cooperativamente com outros editores e organizações midiáticas, por todo o mundo, em vez de seguir o modelo das mídias tradicionais que competem entre si. Não escondemos informação, tornamos disponíveis os documentos obtidos, junto com nossas matérias. Assim, os leitores podem, eles mesmos, verificar a veracidade do que reportamos. [...] Acreditamos que a mídia mundial deva trabalhar para levar informação a leitores de todo o mundo. Texto da Wikileaks, versão em inglês. Disponível em <http://www.wikileaks.org>. Acesso em 05 nov. 2012. O ministro francês encarregado da Economia Digital, Eric Besson, pediu às autoridades nacionais competentes que se deixe de hospedar o site Wikileaks na França [...]. ‘Esta situação não é aceitável. A França não pode hospedar sites que violam o segredo das relações diplomáticas e colocam em perigo pessoas protegidas pelo sigilo diplomático’, segundo a carta do ministro. ‘Não se podem hospedar sites classificados de criminosos e rejeitados por outros Estados devido aos atentados que cometemcontra os direitos fundamentais’, acrescentou Besson. AFP. Disponível em <http://www.dgabc.com.br/News/5845093/ministro-pede-proibicao-do-wikileaks- na-franca.aspx>. Acesso em 26 out. 2012. Com base nos textos, defenda um posicionamento a respeito da atuação do Wikileaks e do compartilhamento de documentos sigilosos pela internet. Apresente pelo menos dois argumentos que sustentem seu ponto de vista. INTERVALO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), violência é a “imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Trata-se de um fenômeno que pode ser expresso de diferentes maneiras e que está relacionado à estrutura social. As instituições de ensino, além de serem responsáveis pelo aprendizado formal das crianças e adolescentes, são locais em que se estabelecem as primeiras relações sociais longe da família e, portanto, importantes para as condutas éticas frente ao outro. Em relação a esse assunto, o tema desenvolvido nesta aula é: violência na escola. Violência A violência no ambiente escolar não é fenômeno recente. Entretanto, a natureza dessa violência e a forma com que a sociedade lida com a questão têm sofrido mudanças ao longo das últimas décadas. Atos violentos dentro dos muros da escola podem se manifestar de diferentes maneiras, que variam de episódios de chantagem, furtos, falta de respeito, racismo, extorsão, e assédio sexual até formas mais graves, como homicídios e estupros. Os alunos são, ao mesmo tempo, agentes e vítimas dessa violência. Cada vez mais, são noticiados casos de agressão contra professores e funcionários da escola. Além disso, o ambiente escolar e o sistema de ensino são, muitas vezes, considerados opressores pelos alunos. Violência na escola A prática de bullying, entendida como todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente, contra o outro, causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder, tem sido amplamente veiculada nos meios de comunicação. Mais recentemente, a expansão da internet e a facilidade de acesso às tecnologias capazes de acessá-la originaram o ciberbullying, que dá novos contornos à violência dentro e fora dos muros da escola, ao levar o ato de agressão para o anonimato e possibilitar a perpetração dos atos de assédio mesmo quando há distância física entre agressor e agredido. Os atos de violência praticados na escola refletem fatores externos à escola, como, por exemplo, o ambiente familiar, a condição socioeconômica da família, as condições de moradia e a violência à qual o aluno é exposto em seu cotidiano e, portanto, é necessário o trabalho conjunto entre a família, a comunidade e a escola. Questão 7.1. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como o uso de força física ou poder, por ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Essa definição agrega a intencionalidade à prática do ato violento propriamente dito, desconsiderando o efeito produzido. DAHLBERG, L.; KRUG, E. Violência: um problema global de saúde pública. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em 18 jul. 2012 (com adaptações). A partir da análise das charges acima e da definição de violência formulada pela OMS, redija um texto dissertativo a respeito da violência na atualidade. Em sua abordagem, deverão ser contemplados os seguintes aspectos: a) tecnologia e violência; b) causas e consequências da violência na escola; c) proposta de solução para o problema da violência na escola. ATÉ A PRÓXIMA!