Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doutorando: Miguel Carvalho Cezar Pneumonite de Hipersensibilidade •É uma síndrome complexa causada pela inalação de uma variedade de antígenos em indivíduos suscetíveis e sensibilizados; •Caracterizada por uma resposta imune humoral e celular exagerada afetando as pequenas vias aéreas e o parênquima pulmonar; •Esses antígenos são encontrados no ambiente, principalmente derivados de proteínas de aves e fungos; •Uma complexa interação de fatores genéticos, hospedeiros e ambientais está subjacente ao desenvolvimento e progressão da PH. Introdução • Proporção entre outras doenças intersticiais varia de 2%-47%. •A incidência na população é baixa, pois além da exposição é necessária uma susceptibilidade genética crônica. • São mais 300 agentes relacionados a doença. • No Brasil os principais são relacionados a aves e mofo. • Exposição continuada ao antígeno gera maior mortalidade. • Tabagismo está menos relacionado com PH e mais frequente em PH fibrótica. Epidemiologia Fisiopatologia • Uma complexa interação de fatores genéticos, hospedeiros e ambientais está subjacente ao desenvolvimento e progressão da HP. • Polimorfismos no complexo de histocompatibilidade II (MHC-II), proteínas transportadoras e inibidores da metaloproteinases estão relacionados a atividade da PH. • Mutações em genes relacionados aos telômeros ou encurtamento de telômeros também estão relacionados à PH fibrótica e maior mortalidade. Fisiopatologia • A sensibilização inicial não causa a doença, mas a exposição posterior leva produção de anticorpos, formação de complexos imune e ativação da cascata de complementos. • O antígeno ativa as APCs que induz a diferenciação de Linfócitos T em TH1, mediado por IL-12 TNF e IFNγ. • Ativação de macrófagos alveolares produz IL-1 e TNF e aumenta adesão de neutrófilos para o interstício e espaço alveolar. • A manutenção de exposição impede a inativação da resposta inflamatória pelos linfócitos T CD4 e CD8. Fisiopatologia • A fibrose ocorre quando há um aumento da população de fibroblastos. • Os miofibroblastos promovem aumento da matriz extracelular. • O Gene MUC5B mutado promove excesso de produção de mucina 5B e diminuição do clearance mucociliar (também associado a poluição) levando a danos no processos reparativos do pulmão distal. • Infecções virais também podem aumentar a capacidade de apresentação de antígenos. Quadro clínico •Dispneia, tosse são os sintomas mais prevalentes. • Em casos mais agudos podem ocorrer perda de peso, cianose, mal-estar e febre baixa. • A PH aguda é caracterizada por sintomas semelhantes a gripe, que incluem febre, calafrios, tosse, fadiga e mialgia, ocorrendo cerca de 4 a 8 horas após exposição com duração de dias a semanas. • Na PH subaguda e crônica, podem ter sintomas e progressão recorrente ou insidiosa, muitas vezes associado à progressão de tosse, dispneia e fadiga. Achados radiológicos: Estudos mostraram que a avaliação tomográfica pode dar o diagnóstico de PH em até 92% dos pacientes; Lavado broncoalveolar auxilia o diagnóstico de pacientes que não toleram biópsia pulmonar; Biomarcadores: Linfócitos no LBA, IgG sérico específicos, positividade do FAN; KL-6, SP-D, YKL-40 e apolipoproteínas, mostraram resultados promissores, porém ainda não validados nas diretrizes; Histopatologia: tríade clássica - inflamação granulomatosa, bronquiolite crônica, e pneumonia intersticial bronquiolocêntrica. Investigação Investigação Algoritmo para avaliação diagnóstica Critérios de Diagnóstico Critérios de Diagnóstico Critérios de Diagnóstico certeza (>90% de probabilidade de diagnóstico), alta confiança (80–89%), confiança moderada (70–79%), baixa confiança (51–69%), HP considerado não excluído (⩽50%). diagnóstico confiável (>90%), alta confiança provisória (70–89%), baixa confiança provisória (51–69%) improvável (⩽50 %, conforme proposto anteriormente) A diretriz ATS/JRS/ALAT traz 5 graus de confiança: 1. 2. 3. 4. 5. A diretriz do American College of Chest Physicians (CHEST) apresenta uma ontologia de quatro níveis: 1. 2. 3. 4. Critérios de Diagnóstico Critérios Radiológicos Definição de abreviaturas : GGO = opacidade em vidro fosco; PH = pneumonite de hipersensibilidade; TCAR = tomografia computadorizada de alta resolução; N/A = não aplicável. Critérios Radiológicos Critérios Radiológicos O padrão típico não fibrótico de HP é caracterizado por (A) nódulos centrolobulares, (B) atenuação em mosaico em uma varredura inspiratória e (C) aprisionamento de ar em uma varredura expiratória. (D) O padrão não fibrótico compatível com HP é exemplificado por opacidade uniforme e sutil em vidro fosco e cistos. O padrão fibrótico típico de HP consiste em ( E ) reticulação grosseira e faveolamento mínimo em uma distribuição axial aleatória sem predominância zonal em associação com ( F) doença das pequenas vias aéreas. O padrão fibrótico compatível com HP varia nos padrões e/ou distribuição da fibrose pulmonar (por exemplo, predominância basal e subpleural, [G] predominância da zona pulmonar superior, [H] predominância central [ou peribroncovascular] [setas], ou [I] atenuação fibrótica em vidro fosco observada isoladamente ou em associação com doença das pequenas vias aéreas). O padrão fibrótico indeterminado para HP inclui o padrão de pneumonia intersticial usual, padrão de pneumonia intersticial inespecífica, padrão semelhante a pneumonia em organização ou achados verdadeiramente indeterminados. Tratamento • Uso de corticoides em pacientes com PH não-fibrótica, 0,5mg/kg/dia 3-6 meses; • Imunossupressores - micofenolato e azatioprina; • Rituximabe também mostrou alguma redução de progressão da fibrose; • Antifibróticos Nintedanibe e Pirfenidona apresentou são opções para casos refratários; • O prognóstico da PH fibrótica é semelhante ao da FPI; • Comorbidades como hipertensão pulmonar e cardiopatias aumentam a mortalidade, o tratamento melhora o desfecho teoricamente, estudos retrospectivos foram inconclusivos; • O transplante de pulmão pode ser considerado para pacientes graves com fibrose que preenchem critério. • Modificação de ambiente, evitando a exposição aos antígenos - estabiliza doença impede progressão para fibrose. Referências Pereira JO, Fernandes V, Alfaro TM, Freitas S, Cordeiro CR. Diagnosis of Fibrotic Hypersensitivity Pneumonitis: Is There a Role for Biomarkers? Life (Basel). 2023 Feb 17;13(2):565. doi: 10.3390/life13020565. PMID: 36836922; PMCID: PMC9966605. ARIMURA, Fábio Eiji. Pneumonite de hipersensibilidade fibrótica : avaliação de fatores preditores de mortalidade [doi:10.11606/T.5.2022.tde-26042022-163512]. São Paulo : Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 2021. Tese de Doutorado em Pneumologia. [acesso 2023-03-09]. BUENDIA-ROLDAN, Ivette; AGUILAR-DURAN, Hiram; JOHANNSON, Kerri A.; SELMAN, Moisés. Comparing the Performance of Two Recommended Criteria for Establishing a Diagnosis for Hypersensitivity Pneumonitis. American Journal Of Respiratory And Critical Care Medicine, [S.L.], v. 204, n. 7, p. 865-868, 1 out. 2021. American Thoracic Society. http://dx.doi.org/10.1164/rccm.202105-1091le. Raghu G, Remy-Jardin M, Ryerson CJ, Myers JL, Kreuter M, Vasakova M, Bargagli E, Chung JH, Collins BF, Bendstrup E, Chami HA, Chua AT, Corte TJ, Dalphin JC, Danoff SK, Diaz-Mendoza J, Duggal A, Egashira R, Ewing T, Gulati M, Inoue Y, Jenkins AR, Johannson KA, Johkoh T, Tamae-Kakazu M, Kitaichi M, Knight SL, Koschel D, Lederer DJ, Mageto Y, Maier LA, Matiz C, Morell F, Nicholson AG, Patolia S, Pereira CA, Renzoni EA, Salisbury ML, Selman M, Walsh SLF, Wuyts WA, Wilson KC. Diagnosis of Hypersensitivity Pneumonitis in Adults. An Official ATS/JRS/ALAT Clinical Practice Guideline. Am J Respir Crit Care Med. 2020 Aug 1;202(3):e36-e69. doi: 10.1164/rccm.202005- 2032ST. Erratum in: Am J Respir Crit Care Med. 2021 Jan 1;203(1):150-151. Erratum in: Am J Respir Crit Care Med. 2022 Aug 15;206(4):518. PMID: 32706311; PMCID: PMC7397797. Fernández PérezER, Travis WD, Lynch DA, Brown KK, Johannson KA, Selman M, Ryu JH, Wells AU, Tony Huang YC, Pereira CAC, Scholand MB, Villar A, Inase N, Evans RB, Mette SA, Frazer-Green L. Diagnosis and Evaluation of Hypersensitivity Pneumonitis: CHEST Guideline and Expert Panel Report. Chest. 2021 Aug;160(2):e97-e156. doi: 10.1016/j.chest.2021.03.066. Epub 2021 Apr 20. PMID: 33861992. Janssen B, Epstein S, Gomez-Manjarres D, Patel DC. Treatment of Hypersensitivity Pneumonitis (HP). Am J Respir Crit Care Med. 2022 May 15;205(10):P20-P21. doi: 10.1164/rccm.20510P20. PMID: 35549851.
Compartilhar