Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 1ª F AS ETURMA EXTENSIVA PARA MAGISTRATURA ESTADUAL RODADA 01 #MegeExtensivo @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Sumário @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA 3 1. DIREITO DO CONSUMIDOR 4 1.1 DOUTRINA (RESUMO) 6 1.2 LEGISLAÇÃO 38 2. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 42 2.1 DOUTRINA (RESUMO) 44 2.2 JURISPRUDÊNCIA 58 3. DIREITO PROCESSUAL CIVIL (Parte 1) 59 3.1 DOUTRINA (RESUMO) 61 3.2 LEGISLAÇÃO 72 3.3 JURISPRUDÊNCIA 75 4. DIREITO PROCESSUAL CIVIL (Parte 2) 60 4.1 DOUTRINA (RESUMO) 80 4.2. LEGISLAÇÃO 108 4.3. JURISPRUDÊNCIA 114 5. DIREITO CIVIL 123 5.1. DOUTRINA (RESUMO) 125 5.2 . LEGISLAÇÃO E SÚMULAS 140 5.3. JURISPRUDÊNCIA 145 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA (Conforme Edital Mege) 1 CONSUMIDOR 2 CRIANÇA E ADOLESCENTE 3 PROCESSO CIVIL 4 Beatriz Fonteles Guilherme Andrade Camila Figueiredo Edison Burlamaqui @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br CIVIL Item 1 (Direitos do consumidor. Disposições gerais. Política nacional de relações de consumo. Direitos básicos do consumidor.) Item 1 (Do Estatuto da criança e do adolescente. Das disposições preliminares. Dos direitos fundamentais.) Parte 1 - Item 1 (Direito Processual Civil. Breves apontamentos sobre Teoria Geraldo Direito Processual Civil.) Parte 2 - Item 2 (Direito Processual Civil. Da jurisdição e da ação.) Item 1 (Introdução ao Direito Civil. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.) É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 4DIREITO DO CONSUMIDOR 1 (conteúdo atualizado em 26-08-2017) Item 1 (Direitos do consumidor. Disposições gerais. Política nacional de relações deconsumo. Direitos básicos do consumidor.) É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 5 Nesta rodada, trataremos sobre os Direitos do Consumidor. Esse tópico, como vimos na nossa aula inaugural, é um dos prediletos para provas objetivas de concursos públicos. Apesar de a previsão legal não ser extensa, há profunda e rica jurisprudência tratando de vários subtemas. Foquem especialmente na denição de consumidor (zemos uma tabela comparativa com diversos casos reconhecidos, ou não, pela jurisprudência como relação consumerista), na concepção de vulnerabilidade e nos direitos propriamente ditos, com destaque para a inversão do ônus da prova. Considerando a enorme quantidade de julgados e posições apresentados, optamos, nesta rodada, por dispor das súmulas e da jurisprudência ao longo do resumo doutrinário, razão pela qual não há tópico especíco. Há indicações importantes de julgados já deste ano de 2017. Por m, por mais que a previsão legal seja singela, não diminuam a importância da sua (re)leitura, pois muitas questões objetivas cobram o básico previsto nos arts. 1o a 7o do CDC. Ótimos estudos! Professora Beatriz Fonteles. Apresentação @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 6 OBSERVAÇÃO 1.1 DOUTRINA (RESUMO) 1.1.1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A PROTEÇÃO À FIGURA DO CONSUMIDOR A Constituição Federal de 1988 inaugurou um marco diferenciado de proteção à gura do consumidor, mediante três previsões distintas, duas no corpo da CF/88 e outra no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: a) Direito fundamental – art. 5, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da lei a defesa do consumidor, ”); b) Princípio da atividade econômica – art. 170, V (“defesa do consumidor”); c) Previsão constitucional para elaboração do CDC - ADCT, art. 48 (“o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”). A defesa do consumidor é tratada na CF/88 tanto como direito fundamental quanto como princípio da ordem econômica. Como direito fundamental, o direito do consumidor possui ecácia vertical e horizontal, bem como aplicação direta e imediata (o STF já chancelou a tese da aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas, também denominada – RE 201.819, Rel. ecácia horizontal dos direitos fundamentais Min. Gilmar Mendes, j. 11/10/2005). Enquanto princípio da ordem econômica, a defesa do consumidor é um princípio de ação política, a legitimar a adoção de medidas de intervenção estatal necessárias a assegurar a proteção prevista (dirigismo contratual). Ao lado das previsões explícitas acima citadas, existem várias outras normas constitucionais que se aplicam às relações de consumo, como: a dignidade da pessoa humana, na qualidade de fundamento da República (CF/88, art. 1 , III); a igualdade substancial e a solidariedade como objetivos o fundamentais da República (CF/88, art. 3 , I e III) etc. o a A proteção ao consumidor é classicada como direito fundamental de 3 geração ou dimensão, pois decorre do princípio da fraternidade (pacicação social). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 7 OBSERVAÇÃO OBSERVAÇÃO @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br 1.1.2. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR A Constituição Federal de 1988 estabelece a competência legislativa concorrente para legislar sobre e acerca da produção e consumo responsabilidade por (art. 24, V e VIII), reservando-se à dano ao consumidor União a competência para a xação das normas gerais e deixando-se aos Estados-membros e ao Distrito Federal a competência suplementar, para adequar a legislação federal às peculiaridades locais (vide par. 1 ).o Não confundir a competência legislativa concorrente acima com a competência privativa da União para legislar sobre propaganda comercial (art. 22, XXIX). O STF tem reconhecido a competência dos para legislarem municípios sobre matéria de defesa dos direitos dos consumidores, desde que o assunto seja de interesse local (CF, art. 30, I). STF: tem precedente no sentido de que o atendimento ao público e o tempo máximo de espera na la de instituição bancária é matéria de interesse local e de proteção ao consumidor (de competência legislativa do Município). RE 432.789/SC, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, DJ 07/10/2005. STJ: Considerou inconstitucionais quatro leis do Estado do Rio de Janeiro que disciplinam condições de prestação de serviço bancário dentro do espaço físico das agências (ex.: instalação de banheiros e bebedouros), por entender se tratar de assunto de interesse local e, portanto, de competência do Município, e não do Estado. AI no RMS 28.910/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe 08/05/2012. ATENÇÃO: Súmula Vinculante 38 do STF - É competente o MUNICÍPIO para xar o HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. NÃO CONFUNDIR: Súmula 19 do STJ - A xação do HORÁRIO BANCÁRIO, para atendimento ao público, é da competência da UNIÃO. 1.1.3. NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL O art. 1 do CDC estabelece que suas normas são de ordem pública e o interesse social. Signica, pois, que se tratam de , que devem normas cogentes É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.8 prevalecer sobre alguns aspectos da vontade das partes. O , em diversos STJ julgados, chancela essa natureza. Observe-se as duas ementas abaixo e os fundamentos apresentados: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NORMA DE ORDEM PÚBLICA. DERROGAÇÃO DA LIBERDADE CONTRATUAL. O caráter de norma pública atribuído ao Código de Defesa do Consumidor derroga a liberdade contratual para ajustá-la aos parâmetros da lei (...). (STJ, REsp 292942/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 07/05/2001) As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de 'ordem pública e interesse social'. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o consumidor delas abrir mão ex ante e no atacado. (STJ, REsp 586316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009). A natureza das normas consumeristas gera duas consequências principais e bastante abordadas em provas de concurso público. a) Inadmissibilidade de renúncia a direitos e garantias contidos no CDC. b) Possibilidade de o magistrado apreciar matérias de ofício nas relações de consumo. c) Eventuais contratos, cláusulas ou ajustes que prevejam que o consumidor abra mão de algum direito (por exemplo, da garantia legal, do prazo prescricional etc.) devem ser tidos como não-escritos. A possibilidade de reconhecimento de determinados direitos ex ofcio consumeristas (por exemplo, a inversão do ônus da prova, a desconsideração da personalidade jurídica, a declaração de nulidade de cláusula abusiva) encontra uma exceção importante, criada pela jurisprudência. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 9 OBSERVAÇÃO OBSERVAÇÃO STJ: Não admite a declaração de ofício das cláusulas abusivas em contratos bancários. Súmula 381. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. Importante ter cuidado com o fato de que a vedação prevista na súmula é limitada às cláusulas abusivas insertas em contratos bancários. Para outros contratos, é permitida a sua declaração de ofício, tal qual se extrai do teor do caput do art. 51 do CDC. Em que pese as duras críticas doutrinárias ao enunciado acima, o STJ continua a aplicar a referida súmula em julgados recentes (ex vi AgRg no REsp 1403056/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, T4, DJe 07/03/2016). Desse modo, para provas de concurso público, a Súmula 381 deve ser conhecida e tida como válida (trata-se de tema cobrado à exaustão). Em provas discursivas, após indicar o posicionamento do STJ, inclusive com a citação da Súmula, o candidato pode fazer uma reexão crítica, apontando o posicionamento da doutrina. Norma de ordem pública não é sinônimo de norma de direito público. Trata-se de uma “pegadinha” que já foi objeto de questionamento em prova objetiva. O CDC não é formado essencialmente de normas de direito público. Contém normas de direito privado e algumas normas de direito público (como os tipos penais, por exemplo). 1.1.4. MICROSSISTEMA JURÍDICO O CDC representa um microssistema jurídico porque possui normas que regulamentam a proteção do consumidor sob todos os aspectos, de caráter interdisciplinar (normas de natureza civil, administrativa, penal, processual civil etc.) e coordenadas entre si. Registre-se, porém, que não se trata de sistema isolado em si, mas integrado ao todo normativo cujo ápice se encontra na Constituição Federal. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 10 OBSERVAÇÃO 1.1.5. APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA Questionamento importante é sobre a aplicabilidade do CDC aos contratos de consumo rmados antes da sua vigência. Em outros termos, o CDC é aplicável aos contratos anteriores? Via de regra, não. Essa é a posição do STF e do STJ: Sendo constitucional o princípio de que a lei não pode prejudicar o ato jurídico perfeito, ele se aplica também às leis de ordem pública. De outra parte, se a cláusula relativa à rescisão com a perda de todas as quantias já pagas constava do contrato celebrado anteriormente ao Código de Defesa do Consumidor, ainda quando a rescisão tenha ocorrido após a entrada em vigor deste, a aplicação dele para se declarar nula a rescisão feita de acordo com aquela cláusula fere, sem dúvida alguma, o ato jurídico perfeito, porquanto a modicação dos efeitos futuros de ato jurídico perfeito caracteriza a hipótese de retroatividade mínima que também é alcançada opelo disposto no art. 5 , XXXVI, da Carta Magna. (STF, RE 205999-4/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 03.03.2000). Conquanto o CDC seja norma de ordem pública, não pode retroagir para alcançar o contrato que foi celebrado e produziu seus efeitos na vigência da lei anterior, sob pena de afronta ao ato jurídico perfeito. (STJ, REsp 248155/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 23.05.2000). Há, entretanto, uma situação em que o CDC se aplica aos contratos celebrados anteriormente. Conra no destaque: Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o STJ tem admitido a incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses tipos de ajuste, há renovação periódica da sua vigência (a cada pagamento efetuado). Neste caso, portanto, não há ofensa ao ato jurídico perfeito. 1.1.6. DIÁLOGO DAS FONTES Diálogo das fontes é nova técnica para solução de antinomias entre fontes legislativas, superando os critérios tradicionais (cronológico, especialidade e hierarquia). Trata-se de convivência entre normas aparentemente incompatíveis na órbita jurídica, permitindo inuências recíprocas entre elas. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 11 Como é uma lei principiológica, o CDC ingressa no sistema jurídico fazendo um corte horizontal, alcançando toda e qualquer relação jurídica de consumo, mesmo que regrada por outra fonte normativa. Até porque há previsão legal no próprio CDC no sentido de que os direitos nele previstos “não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que o derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade (art. 7 , caput). Dessa forma, pode-se dizer que o CDC e o CC, por exemplo, se completam na proteção ao consumidor. Assim, deve-se buscar, em regra, a norma mais favorável ao consumidor independente de qual sistema decorra. Aproximação Principiológica do CDC e do CC - No decorrer do estudo do direito do consumidor é possível perceber uma grande aproximação jurídica do CDC com o CC no que se refere aos princípios contratuais. Enunciado 167 do CJF - Com o advento do CC de 2002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o CDC, no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos. Outros exemplos: CDC e Lei n. 9.656/1998 (planos de saúde), CDC e o Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003). Espécies de diálogo das fontes: a) Diálogo sistemático de coerência: consiste no aproveitamento da base conceitual de uma lei por outra. b) Diálogo sistemático de complementaridade e subsidiariedade: consiste na adoção de princípios e normas, em caráter complementar, por um dos sistemas, quando se zer necessário para a solução de um caso concreto. Ex. aplicação de algum prazo prescricional do CC às relações regidas pelo CDC. c) Diálogo de inuênciasrecíprocas (de coordenação e adaptação sistemática): consiste na inuência do sistema geral no especial e do sistema especial no geral. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 12 OBSERVAÇÃO Em aplicação clara do diálogo das fontes, o vinha entendendo que o prazo STJ prescricional para cobrança do indébito de tarifas de água e esgoto é aquele de 10 (dez) anos previsto no CC/2002, e não o prazo prescricional de 05 (cinco) anos previsto no CDC. Nesse sentido, a Súmula 412 do STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. Neste ano de 2017, a matéria foi objeto de decisão em sede de Recurso Especial sob a sistemática dos recursos repetitivos (Informativo 603 do STJ): 10. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.113.403/RJ, de relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki (DJe 15/9/2009), submetido ao regime dos recursos repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil e da Resolução STJ n. 8/2008, rmou orientação de que, ante a ausência de disposição especíca acerca do prazo prescricional aplicável à prática comercial indevida de cobrança excessiva, é de rigor a incidência das normas gerais relativas à prescrição insculpidas no Código Civil na ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto. Assim, o prazo é vintenário, na forma estabelecida no art. 177 do Código Civil de 1916, ou decenal, de acordo com o previsto no art. 205 do Código Civil de 2002. (...) 13. Tese jurídica rmada de que "o prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às tarifas de serviços de água e esgoto cobradas indevidamente é de: (a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de 1916; ou (b) 10 (dez) anos, tal como previsto no art. 205 do Código Civil de 2002, observando-se a regra de direito intertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002". (REsp 1532514/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, S1, DJe 17/05/2017) 1.1.7 A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO DISPOSIÇÕES GERAIS O CDC dene os elementos básicos da relação jurídica de consumo nos o o seus arts. 2 e 3 , quais sejam: a) Consumidor – toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário nal; b) Fornecedor – toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 13 desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços; c) Produto – qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial; d) Serviço – qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, nanceira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Para haver relação consumerista, os dois primeiros elementos (de cunho subjetivo) precisam estar presentes (ou seja, necessariamente um fornecedor e um consumidor) e um dos dois elementos objetivos (produto ou serviço). Apesar da aparente simplicidade das denições legais, os conceitos acima são cheios de nuances e aprofundamentos que os candidatos para concursos precisam saber, pois, atualmente, é muito mais cobrado o que vai além da previsão legal, consistente no aperfeiçoamento das denições pela doutrina e jurisprudência, o que será visto detalhadamente nos tópicos a seguir. CONSUMIDOR O CDC traz 4 (quatro) denições de consumidor, cuja classicação doutrinária segue adiante. a) Consumidor stricto sensu ou standard – é a pessoa física ou jurídica que oadquire ou utiliza produto ou serviço, como destinatário nal (art. 2 , caput); b) Consumidor equiparado em sentido coletivo - é a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja �intervindo na relação ode consumo (art. 2 , parágrafo único); c) Consumidor equiparado bystander – é toda vítima de acidente de consumo (art. 17); e d) Consumidor equiparado potencial ou virtual – são todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais (art. 29). Passa-se à análise de cada uma das guras acima. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 14 O CONSUMIDOR STRICTO SENSU OU STANDARD (ART. 2 , CAPUT) Consumidor é: - pessoa física ou pessoa jurídica - que adquire ou utiliza produto e/ou serviço - como destinatário nal. Entretanto, o desao dos operadores do Direito reside justamente em denir o que seja “destinatário nal”. Há duas grandes teorias que se propõem a denir a expressão: a) Teoria maximalista (objetiva): é o destinatário fático, aquele que retira o produto/serviço do mercado de consumo (não importando se será revendido, empregado prossionalmente ou diretamente consumido). Crítica à teoria: amplia-se demasiadamente o campo de aplicação das normas protetivas, o que pode produzir outras desigualdades (como proteção de prossionais que não são vulneráveis). b) Teoria minimalista ou nalista (subjetiva): é o destinatário fático e econômico do produto/serviço, ou seja, não basta o consumidor retirar o bem da cadeia de produção, também deve empregá-lo para atender necessidade pessoal ou familiar (e não revender ou empregar prossionalmente) - Destinatário nal fático - refere-se à posição do consumidor na cadeia de consumo. Assim, o consumidor deve ser o último nesta cadeia, não havendo ninguém na transmissão do produto ou do serviço. - Destinatário nal econômico - o consumidor não utiliza o produto ou o serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa. Crítica à teoria: a sua aplicação de forma irrestrita pode gerar injustiças. Em um primeiro momento, seguindo inclinação doutrinária predominante, o STJ consolidou a Teoria Finalista como aquela que melhor indica a diretriz para a interpretação do conceito de consumidor. - Vale-se do conceito jurídico de consumidor Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Teoria Maximalista ou objetiva REFORMATeoria Minimalista, Finalista ou subjetiva - O destinatário final é o fático - Vale-se do conceito econômico de consumidor - O destinatário final é o fático e econômico @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 15 OBSERVAÇÃO Mas houve uma evolução da referida teoria, com base em um julgado paradigmático do STJ, que representou um abrandamento ou mitigação do entendimento. Trata-se da TEORIA FINALISTA APROFUNDADA OU MITIGADA. Segundo essa teoria, em determinadas hipóteses, o CDC deve ser aplicado mesmo em casos em que não se trata de destinatário nal e econômico. Como exemplo, em casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a produção, mas não em sua área de expertise ou com uma utilização mista, principalmente na área de consumo, provada a vulnerabilidade, conclui-se pela aplicação do CDC. Assim, aplicar-se-ia o CDC para pessoas jurídicas que comprovem sua vulnerabilidade e que atuam fora do âmbito de sua especialidade. Ex.: Aquisição de máquina de bordar para pequena produção de subsistência; caminhoneiro que adquire caminhão, etc. A vulnerabilidade pode ser de quatro espécies: técnica, jurídica, econômica ou informacional. - Vulnerabilidade técnica: o comprador não possui conhecimentos especícos sobreo produto ou o serviço, podendo ser mais facilmente iludido no momento da contratação. - Vulnerabilidade jurídica ou cientíca: falta de conhecimentos jurídicos ou de outros referentes à relação, como contábeis, matemáticos, econômicos etc. - Vulnerabilidade econômica ou fática: real diante do parceiro contratual, seja em decorrência do grande poderio econômico deste, seja por sua posição de monopólio, seja pela essencialidade do serviço que presta, impondo uma posição de superioridade na relação contratual. - Vulnerabilidade informacional: há quem a enquadre como vulnerabilidade técnica. É o décit informacional do consumidor na sociedade atual que pode inuenciar no processo de aquisição de bens e serviços. CONCLUSÃO: o consumidor intermediário somente poderá ser considerado consumidor se provar sua vulnerabilidade (atenção para os enunciados das questões – se se falar em pessoa jurídica que exerce atividade empresarial ou em consumidor intermediário sem deixar clara a vulnerabilidade, é provável que a resposta seja a inaplicabilidade do CDC). Via de regra, a vulnerabilidade da é presumida, ao passo pessoa física que a da deve ser demonstrada no caso concreto.pessoa jurídica @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 16 OBSERVAÇÃO Pela importância e lucidez do julgado paradigma da Teoria do Finalista Aprofundado ou Mitigado, transcreve-se a sua ementa e recomenda-se a leitura: CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. F INALISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE. 1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria nalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário nal tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria nalista, ca excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço nal) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para ns de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma denitiva do mercado de consumo. 3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria nalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando nalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente xada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao consumidor. 4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento especíco acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuciência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insucientes sobre o produto ou serviço capazes de inuenciar no processo decisório de compra). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 17 5. A despeito da identicação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei nº 8.078/90, mitigando os rigores da teoria nalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora. 6. Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos materiais derivados de defeito em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o investimento em anúncios publicitários, dada a impossibilidade de atender ligações de potenciais clientes. A contratação do serviço de telefonia não caracteriza relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o referido serviço compõe a cadeia produtiva da empresa, sendo essencial à consecução do seu negócio. Também não se verica nenhuma vulnerabilidade apta a equipar a empresa à condição de consumidora frente à prestadora do serviço de telefonia. Ainda assim, mediante aplicação do direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, ca mantida a condenação imposta a título de danos materiais, à luz dos arts. 186 e 927 do CC/02 e tendo em vista a conclusão das instâncias ordinárias quanto à existência de culpa da fornecedora pelo defeito apresentado nas linhas telefônicas e a relação direta deste defeito com os prejuízos suportados pela revendedora de veículos. 7. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, T3, DJe 21/11/2012) STJ: a) Há relação de consumo entre a sociedade empresária vendedora de aviões e a sociedade empresária administradora de imóveis que tenha adquirido avião com o objetivo de facilitar o deslocamento de sócios e funcionários. Aplica-se a teoria nalista mitigada (STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1321083-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/9/2014 - Informativo 548). b) Há relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de veículos que rmam seguro empresarial visando à proteção do patrimônio desta (destinação pessoal), ainda que com o intuito de resguardar veículos utilizados em sua atividade comercial, desde que o seguro não integre os produtos ou serviços oferecidos por esta (STJ. 3ª Turma. REsp 1352419-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/8/2014 - Informativo 548). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 18 OCONSUMIDOR EQUIPARADO EM SENTIDO COLETIVO (ART. 2 , PARÁGRAFO ÚNICO) É a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou mesmo grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado produto ou serviço. Trata-se de perspectiva extremamente relevante e realista, porquanto é natural que se previna, por exemplo, o consumo de produtos e serviços perigosos ou então nocivos, beneciando-se, assim, abstratamente as referidas universalidades e categorias de potenciais consumidores. Ou então, se já provocado o dano efetivo pelo consumo de tais produtos ou serviços, o que se pretende é conferir à universalidade ou grupo de consumidores os devidos instrumentos jurídico-processuais para que possa obter a justa e mais completa possível reparação dos responsáveis. CONSUMIDOR EQUIPARADO BYSTANDER (ART. 17) Para os ns de responsabilidade civil, o art. 17 do CDC considera como consumidor qualquer vítima da relação de consumo, ou seja, todos os prejudicados pelo evento de consumo. O STJ considerou consumidor equiparado o proprietário de uma residência sobre a qual caiu umavião. Da mesma forma, se considerou como consumidores equiparados os pais de uma criança que foi atacada por animais em um circo. STJ: Comerciante que foi atingido em seu olho por estilhaços de uma garrafa de cerveja, que estourou em suas mãos quando a colocava em um freezer, é vítima de um acidente de consumo e considerado consumidor para ns de reparação das lesões sofridas (REsp 1.288.008, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 04/04/2013). STJ: Determinada pessoa teve seu nome inscrito no serviço de proteção ao crédito porque alguém utilizou seu nome em um cheque falsicado para pagar estadia em hotel. Diante do não pagamento do cheque, o banco levou a protesto o título de crédito. Essa pessoa negativada será considerada consumidora por equiparação, nos termos do art. 17 do CDC. Houve um acidente de consumo causado pela suposta falta de segurança na prestação do serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, no caso concreto, poderia ter identicado a fraude. Logo, sendo a vítima considerada @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 19 Instituições financeiras Súmula 297 do STJ – O CDC é aplicável às instituições financeiras. Contratos de plano de saúde Súmula 469 do STJ – Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde. Entidades abertas de previdência complementar Súmula 563 do STJ – O CDC é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. Contratos de administração imobiliária – apenas à relação entre o proprietário/possuidor/locador e a imobiliária que contrata para administrar seus interesses (STJ, REsp 509.304, DJe 23/05/2013) Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Há relação de consumo Aplica-se o CDC REFORMANÃO há relação de consumo NÃO se aplica o CDC Entre o INSS (autarquia previdenciária) e os beneficiários (STJ, REsp 369.822, DJ 22/04/2003) ATENÇÃO: Plano de saúde administrado por entidade de autogestão (STJ, REsp 1.285.483, DJe 22/06/2016) Entidades fechadas de previdência complementar Contratos de locação disciplinados pela Lei n. 8.245/91 (relação de locação imobiliária) (STJ, AgRg no REsp 510.689, DJ 11/06/2007; AgRg no AREsp 111.983, DJe 28/08/2012) consumidora e sendo o causador do dano um fornecedor de serviços, a ação de indenização poderá ser proposta contra o Hotel no foro do domicílio do autor (consumidor por equiparação), nos termos do art. 101, I, do CDC (STJ. 2ª Seção. CC 128.079-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/3/2014 - Info 542). CONSUMIDOR EQUIPARADO POTENCIAL OU VIRTUAL (ART. 29) Segundo o art. 29 do CDC, equiparam-se a consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e empresariais nele previstas. ANÁLISE JURISPRUDENCIAL DA FIGURA DO CONSUMIDOR E/OU DA RELAÇÃO DE CONSUMO Como já mencionado, a denição de consumidor e de relação de consumo tem assento muito fértil na jurisprudência do STJ, que costuma ser bastante cobrada. Elaborou-se, assim, a planilha abaixo, onde se tem, de um lado, as hipóteses de aplicação do CDC e, de outro, de não aplicação. Em algumas linhas, há a correspondência entre casos parecidos e, ao nal, os destaques. Leiam e releiam a tabela abaixo com muita atenção. É a cara de prova! @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 20 Relação entre condomínio e concessionária de serviço público (ex.: água e esgoto) (STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006) Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua na defesa dos interesses dos seus condôminos frente a construtora ou incorporadora (STJ. 3ª Turma. REsp 1.560.728-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 - Info 592). Contratos de promessa de compra e venda em que a incorporadora se obriga à construção de unidades imobiliárias mediante financiamento (STJ, REsp 334.829, DJ 04/02/2002) Contratos de financiamento vinculados ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH) OBS: Há exceção que será tratada abaixo. (STJ, AgRg no Ag 914.453, DJe 20/03/2009) Contratos de arrendamento mercantil (STJ, REsp 664.351, DJ 29/06/2007) Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Relações entre condôminos e condomínio (STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006) Contratos de crédito educativo e relações entre estudante e programa de financiamento estudantil (por se tratar de política governamental de fomento à educação, e não de serviço bancário) (STJ, REsp 600.677, DJ 31/05/2007; AgRg no ARE 7.877, DJe 03/11/2011; REsp 1.155.684, DJe 18/05/2010; REsp 1.031.694, DJe 29/05/2009) Contratos de financiamento vinculados ao SFH fi r m a d o c o m c o b e r t u r a d o F u n d o d e Compensação de Variações Salariais (FCVS) (STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1.032.061 DJe 09/03/2010; REsp 1.483.061, DJe 10/11/2014) Relação entre representante comercial autônomo e a sociedade representada (STJ, REsp 761.557, DJe 03/12/2009) @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Relação entre consorciados e administradora de consórcio (STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012 Serviços de atendimento médico-hospitalar em hospital de emergência (STJ, REsp 696.284, DJe 18/12/2009) Cooperativas de crédito (integram o Sistema Financeiro Nacional) (STJ, AgRg no Ag 1.224.838, DJe 15/03/2010) Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) (STJ, REsp 1.210.732, DJe 15/03/2013; REsp 1.183.121, DJe 07/04/2015) Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Relação dos consorciados entre si STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012) Regime de administração ou preço de custo (quando várias pessoas se reúnem para um objetivo, p.ex., para construir um prédio) (STJ, REsp 860.064, DJe 02/08/2012) Contrato de franquia (STJ, REsp 632.958, DJe 29/03/2010) Contrato de fornecimento de insumos agrícolas celebrado entre cooperativa e cooperado (ato cooperativo típico) (STJ, AgRg no REsp 1.122.507, DJe 13/08/2012) Financiamento bancário ou de aplicação financeira com finalidade de ampliar capital de giro (pois o capital destina-se a fomentar a atividade industrial) (STJ, REsp 963.852, DJe 06/10/2014) Concessionárias de serviços públicos, inclusive de serviços rodoviários (STJ, AgRg no Ag 1.398.696, DJe 10/11/2011; REsp 687.799, DJe 30/11/2009) Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Contrato de franquia (STJ, REsp 632.958, DJe 29/03/2010) É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 21 @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Relação entre pessoa natural e sociedade que presta serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários (de forma habitual e profissional) OBS: novidade 2017 (Info 600 STJ) (STJ, REsp 1.599.535, DJe 21/03/2017) Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Relações jurídicas tributárias (STJ, REsp 673.374, DJ 29/06/2007) Relação entre cliente e casa noturna (STJ, REsp 695.000, DJ 21/05/2007) Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Em geral, a prestação de serviços entre pessoas jurídicas de porte, sem vulnerabilidade da empresa consumidora (STJ, REsp 1.038.645, DJe 24/11/2010) Contrato de transporte de mercadorias vinculado a contrato de compra e venda de insumos (sem constatação de vulnerabilidade do consumidor profissional ante o fornecedor) OBS: novidade 2017(Info 600 STJ) (STJ, REsp 1.442.674, DJe 30/03/2017) Transporte aéreo nacional envolvendo o consumidor. Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Transporte aéreo internacional envolvendo relações de consumo ou não (Havendo relação de consumo ou não, não se aplica o CDC. As Convenções de Varsóvia e de Montreal devem ser aplicadas na reparação de danos materiais, como extravio de bagagem e outras questões envolvendo o transporte aéreo internacional, como é o caso da prescrição. Todavia, não se aplicam para indenizações por danos morais). STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 - repercussão geral. (Info 866). Obs.: considerando que o tema foi decidido em sede de repercussão geral pelo STF, o STJ, que possuía entendimento distinto, terá que reaver seu entendimento. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 22 OBSERVAÇÃO @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Além das situações expostas na tabela acima, existem outras que merecem maiores explicações, seja pela sua complexidade seja pela evolução jurisprudencial, o que será feito em destaque nos quadros abaixo. Evolução da jurisprudência do STJ no que tange à aplicação do CDC às entidades de previdência complementar. Para se chegar à diferenciação exposta acima entre entidades abertas e fechadas de previdência complementar, o STJ passou por uma modicação substancial no tempo. Inicialmente, estava previsto na Súmula 321 que “O CDC é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes”. Perceba-se que o verbete acima tratava apenas do gênero entidade de previdência privada, sem diferenciar entre aberta e fechada. A natureza de ambas é, porém, distinta e implica em consequências diferentes: a) entidades abertas: são empresas privadas constituídas sob a forma de sociedade anônima e possuem disponíveis para contratação por qualquer pessoa física ou jurídica planos de previdência privada. É comum haver empresas desta natureza vinculadas a instituições nanceiras conhecidas (BrasilPrev do Banco do Brasil, Bradesco Vida e Previdência, Porto Seguro Vida e Previdência etc.). b) entidades fechadas: são pessoas jurídicas organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, mantidas por conglomerados de empresas ou empresas de grande porte, que oferecem aos funcionários dessas planos de previdência privada. São também denominadas de fundos de pensão. Os referidos planos não são acessíveis/comercializáveis a terceiros (apenas aos funcionários das empresas vinculadas). Ex.: Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social. Diante dessa diferença notória de regimes, o STJ, inicialmente em sede de recurso especial sob a sistemática de recursos repetitivos (REsp 1.536.786/MG, DJe 20/10/2015), cancelou a referida Súmula 321 e editou a Súmula 563 em seu lugar, cujo teor é o seguinte: Súmula 563: O CDC é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 23 OBSERVAÇÃO @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br OBSERVAÇÃO A questão dos serviços notariais e de registros. STJ: após julgado anterior em sentido contrário (REsp 625.144/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 29/05/2006), o Superior Tribunal de Justiça reviu o seu posicionamento para considerar que o CDC se aplica à atividade notarial (REsp 1.163.652, Rel. Min. Herman Benjamin, 2T, DJe 01/07/2010). Em que pese o julgado mais recente ser no sentido da existência de relação de consumo, não se pode armar com veemência que esta seja a posição arme do STJ, vez que não há julgados da 2 Seção (que engloba a Terceira e Quarta Turmas) nem reiteração considerável do julgado acima de 2010. Assim, é preciso analisar com cuidado o enunciado de eventual questão. Entende-se melhor a questão se se considerar a posição do STF sobre a natureza das custas e emolumentos cartorários. Para a Suprema Corte, tratam-se de verbas qualicadas como taxas remuneratórias de serviços públicos, que, como tal, possuem natureza tributária (ADI 1.378-MC/ES, rel. Min. Celso de Mello, DJ 30/05/1997). A diculdade em haver uma posição rme sobre o tema reside na diferenciação clássica que é feita pelo STJ no que tange à aplicabilidade do CDC aos serviços públicos: - Serviços públicos prestados mediante tarifa ou preço público aplica-se o CDC. - Serviços públicos prestados mediante taxas ordinariamente, NÃO se aplica o CDC. Eis a diculdade da questão e de se dizer que há uma posição jurisprudencial consolidada (pois entendemos que ainda não há, mas apenas um julgado mais recente do STJ no sentido de considerar relação de consumo aquela rmada com serviços registrais e notariais). OBSERVAÇÃO: Não aplicação do CDC às relações entre as operadoras de planos de saúde constituídas sob a modalidade de autogestão e seus liados. A despeito de a Súmula 469 do STJ prever que se aplica o CDC aos contratos de aplano de saúde, há uma exceção recente examinada pela 2 Seção do STJ. A constituição dos planos sob a modalidade de autogestão diferencia, sensivelmente, essas pessoas jurídicas quanto à administração, forma de associação, obtenção e repartição de receitas, dos contratos rmados com empresas que extrapolam essa atividade no mercado e visam ao lucro. (STJ, REsp 1.285.483/PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, S2, j. 22/06/2016. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 24 OBSERVAÇÃO oFORNECEDOR (art. 3 , caput) Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade (habitualidade) de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Segundo o STJ, para o m de aplicação do CDC, o reconhecimento de uma pessoa física ou jurídica ou de um ente despersonalizado como fornecedor de serviços atende aos critérios puramente objetivos, sendo irrelevantes a sua natureza jurídica, a espécie dos serviços que prestam e até mesmo o fato de se tratar de uma sociedade civil, sem ns lucrativos, de caráter benecente e lantrópico, bastando que desempenhem determinada atividade no mercado de consumo mediante remuneração. Assim, entidades benecentes podem ser perfeitamente enquadradas como fornecedoras e ou prestadoras, sem qualquer entrave material. O que vem a interessar na caracterização do fornecedor ou prestador é o fato de ele desenvolver uma atividade, que vem a ser a soma de atos coordenados para uma nalidade especíca. Dessa forma, se alguém atua de modo isolado, em um ato único, não poderá se enquadrar como fornecedor ou prestador. O requisito da habitualidade, é retirado do próprio conceito de atividade. o Como armado no art. 3 do CDC, a atividade desenvolvida deve ser tipicamente prossional, com intuito de lucro direto ou vantagens indiretas. A norma descreve algumas atividades, em rol meramente exemplicativo como: produção, montagem, criação, construção etc. ATENÇÃO aos dois requisitos acima para a conguração do consumidor: habitualidade e exercício prossional. Fornecedor equiparado - é um intermediário na relação de consumo, com posição de auxílio ao lado do fornecedor de produtos ou prestador de serviços, caso das empresas que mantêm e administram bancos de dados dos consumidores. Exemplo de fornecedor equiparado é o estipulante prossional ou empregador dos seguros de vida em grupo. @ /cursomege @cursomege99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 25 OBSERVAÇÃO Assim, fornecedor equiparado é aquele que não é o fornecedor do contrato principal de consumo, mas intermediário, antigo terceiro, ou estipulante, hoje é o "dono" da relação conexa (e principal) de consumo, por deter uma posição de poder na relação outra com o consumidor. É importante diferenciar o gênero fornecedor das suas espécies (tal diferenciação será explorada quando do estudo da responsabilidade nas relações de consumo, consistente no Ponto 2 do nosso edital Mege): - Gênero: Fornecedor� - Espécies: fabricante, montador, criador, importador, exportador, distribuidor, comerciante etc. O CDC, quando quer que toda a cadeia seja responsabilizada, usa o o termo “fornecedor” como gênero (vide arts. 8 , caput, e 18, caput). Quando, por outro lado, quer designar algum fornecedor especíco, utiliza-se do termo o em espécie, exemplo arts. 8 , parágrafo único (“fabricante”), e 12 (“fabricante, produtor, construtor e importador”), art. 13 (“comerciante) etc. A doutrina classica ainda os fornecedores (gênero) em três categorias: a) Fornecedor real – envolve o fabricante, o produtor e o construtor; b) Fornecedor aparente – que distribui o bem, veiculando nome/marca/sinal de identicação no produto nal; e c) Fornecedor presumido – abrange o importador de produto industrializado ou in natura e o comerciante de produto anônimo (art. 13). Em resumo, para se caracterizar como fornecedor, é preciso haver: a) Atividade prossional - entende-se aquela desenvolvida de forma habitual (reiteração), com alguma especialidade (colocando o fornecedor num patamar superior ao consumidor não prossional) e visando a determinada vantagem econômica (não necessariamente lucro, como também contraprestação, remuneração); b) Atividade desenvolvida no mercado de consumo - somente pode ser considerado fornecedor aquele que oferece seus produtos/serviços no espaço ideal denominado “mercado de consumo” (espaço no qual se desenvolvem atividades econômicas). OBSERVAÇÃO: O STJ entende que o CDC não se aplica aos serviços advocatícios, justamente por não se desenvolverem no mercado de consumo. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 26 o oPRODUTO (art. 3 , par. 1 ) Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. � A doutrina e a jurisprudência consideram o lazer como exemplo de bem imaterial sujeito às relações de consumo. Dessa forma, casas noturnas e de espetáculos estão abrangidas pelo CDC. Produtos Digitais - Entende-se que também existem produtos digitais como os programas de computadores que são protegidos pelo CDC. � Ressalte-se que para o produto, diferentemente do serviço, o CDC não exige a presença de remuneração (ainda que indireta). Assim será considerado produto mesmo que oferecido gratuitamente (art. 39, parágrafo único – amostra grátis). � o o SERVIÇO (art. 3 , par. 2 ) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, nanceira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Apesar de a lei mencionar expressamente remuneração, dando um caráter oneroso ao negócio, admite-se que o prestador tenha apenas vantagens indiretas, sem que isso prejudique a qualicação da relação consumerista. A doutrina fala também em serviços aparentemente gratuitos. Ex.: estacionamento de shopping center, lojas ou supermercados. � Ressalta-se que, no caso dos estacionamentos não faz a lei distinção entre o consumidor ter ou não feito compras no local. Súmula 130 do STJ – “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. � O CDC aplica-se também ao sistema de milhagem das companhias aéreas ou cartão de crédito. As instituições nanceiras e os bancos sujeitam-se ao CDC. A previsão legal expressa foi considerada constitucional pelo STF na ADI 2591 (j. em 14/12/2006). Súmula 297 do STJ – “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições nanceiras”. A QUESTÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS Os serviços públicos podem congurar serviços para os ns de relação @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 27 consumerista. Em análise ao CDC, vê-se a presença de dispositivos que denotam isso: a) a previsão legal de que pessoa jurídica de direito público opode ser fornecedora (art. 3 , caput); b)� a previsão, dentre os princípios da Política Nacional das Relações de Consumo, da racionalização e melhoria dos oserviços públicos (art. 4 , VII); c) previsão, como direito básico do consumidor, o da adequada e ecaz prestação dos serviços públicos em geral (art.6 , X); e d) �o elenco de diversos deveres aos fornecedores de serviços públicos (art. 22). STJ: entende a aplicação das normas do CDC apenas para os serviços públicos remunerados por meio de tarifa ou preço público (e não para os serviços públicos remunerados por taxas). Ex.: concessionárias de água e esgoto, de energia elétrica. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS o PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR (art. 1 ) O consumidor deve ser assumido como pessoa humana, tanto pela legislação vigente, quanto pelo próprio mercado, a quem se reconhece a necessidade de proteção integral no contexto das relações negociais consumeristas, em que imperam os princípios constitucionais como pressupostos necessários, não só a proteção, mas também sua promoção integral de frente à sociedade de massa globalizada. � São consequências do referido princípio: - Impossibilidade de disposição da proteção consumerista - as regras do CDC não podem ser afastadas por convenção das partes (art. 51, XV do CDC); - Conhecimento da proteção de ofício - A proteção do CDC deve ser conhecida de ofício pelo juiz. Exemplo disso é a nulidade das cláusulas abusivas que deve ser declarada de ofício pelo juiz. A doutrina arma que todos os outros princípios decorrem do princípio da proteção do consumidor. oPRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (art. 4 , I) A vulnerabilidade é um estado da pessoa, um estado inerente de risco ou um sinal de confrontação excessiva de interesses indenticado no mercado, é uma situação permanente ou transitória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 28 Segundo esse princípio, o consumidor é considerado vulnerável em suas relações de consumo. Dessa forma, surgiu a necessidade patente de elaboração da norma protetiva. A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes envolvidas; se um dos polos é vulnerável, as partes são desiguais e, justamente por força da desigualdade, é que o vulnerável é protegido pela legislação, com o m de garantir os princípios constitucionais da isonomia e igualdade nas relações jurídicas minimizando deste modo a desigualdade. A vulnerabilidade desdobra-se em quatro faces: (i) informacional, (ii) técnica, (iii) jurídica/cientíca e (iv) fática ou socioeconômica (vide explicações acima). A presunção de vulnerabilidade do consumidor é iure et de iure, não aceitando declinação ou prova em contrário, em hipótese alguma. Dessa forma, é uma característica inerente à condição de consumidor. � Vulnerabilidade x Hipossuciência - O conceito de vulnerabilidade é diferente de hipossuciência. Todo consumidoré sempre vulnerável, independente de sua condição no caso concreto. Entretanto, nem sempre será hipossuciente, pois esta depende de uma análise casuística. STJ: “o ponto de partida do CDC é a armação do Princípio da vulnerabilidade do consumidor, mecanismo que visa a garantir igualdade formal-material aos sujeitos da relação jurídica de consumo, o que não quer dizer compactuar com exageros que, sem utilidade real, obstem o progresso tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucratividade dos negócios” (REsp 586.316, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 19/03/2009). - Hipervulnerabilidade – é a situação social fática e objetiva de agravamento da vulnerabilidade da pessoa física consumidora, seja permanente (deciência física ou mental) ou temporária (doença, gravidez, analfabetismo, idosos, crianças etc.). Expressão utilizada pelo Min. Herman Benjamin (no REsp 931.513). STJ: A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que tiveram plano de saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os titulares não sejam carentes de recursos econômicos. A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades em auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos econômicos. A expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualica e orienta a atuação da Defensoria Pública, deve ser entendida, @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 29 no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo. Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor dos carentes de recursos nanceiros como também em prol do necessitado organizacional (que são os "hipervulneráveis"). STJ. Corte Especial. EREsp 1192577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573). oPRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (art. 6 , VIII) Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuciência é um conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada no caso concreto. Assim sendo, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuciente. A hipossuciência por sua vez, não se confunde com a vulnerabilidade, pois se apresentará exclusivamente no campo processual e deve ser observada caso a caso, já que se trata de presunção relativa, então, precisará ser comprovada no caso concreto diante do juiz. São duas as principais noções de hipossuciência, segundo a lei: - A que concede o benefício da justiça gratuita aos que alegarem pobreza e comprovando-a na forma da lei, então, considera-se a parte hipossuciente; - Aquela relacionada à inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do oart. 6 do CDC, mas que não se relaciona necessariamente à condição econômica dos envolvidos. O conceito de hipossuciência vai além do sentido literal das expressões pobre ou sem recursos, aplicáveis nos casos de concessão dos benefícios da justiça gratuita, no campo processual. O conceito de hipossuciência consumerista é mais amplo, devendo ser apreciado pelo aplicador do direito caso a caso, no sentido de reconhecer a disparidade técnica ou informacional, diante de uma situação de desconhecimento. Consequência da conguração da hipossuciência é o direito à inversão do ônus da prova a favor do consumidor. o PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (art. 4 , III) Deve-se levar em consideração o sistema do CC de 2002 na interpretação da cláusula da boa-fé. Enunciado 27 do CJF - Na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 30 A boa-fé constitui uma regra conduta. Esta vem a ser a exigência de um comportamento de lealdade dos participantes negociais, em todas as fases do negócio. A boa-fé objetiva tem relação direta com os deveres anexos ou laterais da conduta, que são deveres inerentes a qualquer negócio, sem a necessidade de previsão no instrumento. Entre eles merecem destaque o dever de cuidado, respeito, lealdade, probidade, informação, transparência e de agir honestamente e com razoabilidade. � O- Dever de informar o perigo e a nocividade (art. 9 do CDC) - O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. - Dever de prestar informações corretas, claras e precisas (art. 31 do CDC) - A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. - Proibição da publicidade abusiva ou enganosa (arts. 36 e 37 do CDC) - Referem-se à proibição de publicidade simulada, abusiva e enganosa. Estas normas serão estudadas mais adiante, em outra rodada. - Vinculação do fornecedor (art. 48 do CDC) - As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução especíca. o o PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA OU DA CONFIANÇA (art. 4 , caput, 6 , III) Este princípio se refere ao direito do consumidor a uma informação adequada que lhe permita fazer escolhas bem seguras conforme os desejos e necessidades de cada um. O direito à informação tem como desígnio promover completo esclarecimento quanto à escolha plenamente consciente do consumidor, de maneira a equilibrar a relação de vulnerabilidade, colocando o consumidor em posição de segurança na negociação de consumo, acerca dos dados relevantes para que a compra do produto ou serviço ofertado seja feita de maneira consciente. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 31 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO (implícito no CDC e expresso no CC – arts. 421 e 2.035) Objetiva tentar equilibrar uma situação que sempre foi desigual, em que o consumidor sempre foi vítima das abusividades da outra parte da relação de consumo, mediante limitação ao exercício da autonomia privada no campo contratual. A declaração de nulidade das cláusulas abusivas é uma clara aplicação desse princípio. o- Revisão do contrato por onerosidade excessiva (art. 6 , V, do CDC) - É direito do consumidor a modicação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. - Princípio da preservação dos negócios jurídicos - Como decorrência da função social dos contratos, deve-se, sempre que possível, preservar os contratos, assegurando trocas úteis e justas (Enunciado 22 do CJF). - Teoria do Adimplemento Substancial - Segundo essa teoria, nos casos das obrigações de pagamento parcelado, quando tal pagamento for feito quase que completamente, ou muito próximo disso, não será possível pleitear a anulação do negócio jurídico com base no inadimplemento. Nesses casos, o credor terá que se contentar em pedir o cumprimento da parte que cou inadimplidaou então pleitear indenização pelos prejuízos que sofreu (STJ, REsp 1200105/AM, julgado em 19/06/2012). O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475 (Enunciado 361 do CJF). o PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL (art. 6 , II) Determina este princípio que é garantida a igualdade de condições no momento da contratação ou de aperfeiçoamento da relação jurídica patrimonial. Assim, ca estabelecido o compromisso de tratamento igual a todos os consumidores, consagrada a igualdade nas contratações. � Ressalta-se que a doutrina e a jurisprudência têm aceitado diferenciações benécas para os consumidores t ratados como hipervulneráveis, como os idosos, incapazes etc. � @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 32 oPRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS (art. 6 , VI) No que se refere a responsabilidade civil na ótica consumerista, o regramento fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura aos consumidores a efetiva prevenção e reparação de todos os danos suportados, sejam eles materiais ou morais, individuais ou coletivos. � É cabível o pedido de reparação de todos os danos possíveis, inclusive lucros cessantes, danos emergentes, danos morais e danos estéticos. � - Dano Moral Coletivo - A doutrina tem admitido a existência de danos morais coletivos. Esta é modalidade de dano que atinge, ao mesmo tempo, vários direitos da personalidade, de pessoas determinadas ou determináveis. - Dano Difuso - Trata-se de um dano social. São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na qualidade de vida. Estes podem gerar repercussões materiais ou morais. Estes danos envolvem vítimas indeterminadas ou indetermináveis. - Dano pela Perda de uma Chance - A doutrina e a jurisprudência têm também aceito o dano pela perda de uma chance. A perda de uma chance está caracterizada quando a pessoa vê frustrada uma expectativa, uma oportunidade futura, que, dentro da lógica razoável, ocorreria se as coisas seguissem seu curso normal. Ressalta-se que, segundo a jurisprudência, para haver direito de indenização essa chance deve ser séria e real. Ex.: Caso do Jogo do Milhão. � - Responsabilidade Objetiva - O princípio da reparação do dano integral gera, via de regra, a responsabilidade objetiva de fornecedores e prestadores como regra das relações de consumo. Consigne-se que essa responsabilidade independentemente de culpa visa à facilitação das demandas em prol dos consumidores, representando um aspecto material do acesso à justiça. � - Solidariedade da Responsabilidade Consumerista - Outro aspecto que apresenta estreita ligação com a reparação integral é a regra da solidariedade o retirada da responsabilidade consumerista. Enuncia o art. 7 , parágrafo único, do CDC que, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Os temas brevemente indicados neste subtópico serão melhor explorados quando do estudo da responsabilidade civil nas relações consumeristas. oDIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (art. 6 ) O CDC instituiu rol exemplicativo, mínimo necessário à efetiva proteção o dos seus interesses. O art. 7 do CDC, por sua vez, é cláusula de abertura do @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 33 microssistema, para que algum direito do consumidor, previsto em outro diploma legal, possa a ele se somar (diálogo das fontes). oO rol do art. 6 , portanto, é numerus apertus. o DIREITO À VIDA (art. 6 , I) Visa a garantir que produtos e serviços no mercado de consumo não acarretarão riscos à incolumidade física do consumidor. Esse direito de proteção é fruto do princípio da conança e do dever de segurança. oDIREITO À EDUCAÇÃO E À LIBERDADE DE ESCOLHA (art. 6 , II) Busca minimizar a vulnerabilidade técnica e informacional do consumidor, proporcionando um aumento no seu nível de consciência sobre os produtos e serviços a ele oferecidos, de modo que, ao contratar, formule um juízo crítico sobre a oportunidade e conveniência da contratação, ou seja, sobre a sua real necessidade e utilidade. O consumidor tem o direito de escolher, dentre os vários produtos e serviços fornecidos no mercado de consumo, aqueles que deseja contratar. O art. 39, I, veda a venda casada, o que pode ser considerado como um desdobramento dos princípios ora vistos. oDIREITO À IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES (art. 6 , II) Combate a discriminação injusticada entre os consumidores (art. 39, II, IV, IX, CDC). Deve oferecer as mesmas condições a todos os consumidores.�Apenas admitem-se privilégios àqueles que necessitam (idosos, gestantes), respeitando-se, assim, a aplicação concreta do princípio isonômico. oDIREITO À INFORMAÇÃO (art. 6 , III) Oportuniza ao consumidor o conhecimento de todas as características do produto/serviço, das condições do negócio, riscos e consequências da contratação. A escolha consciente implica o que vem sendo denominado de consentimento informado ou vontade qualicada. Gera para o fornecedor o dever de informar (arts. 12, 14, 18, 20, 30, 31, 46, 54), que deve ser observado no momento pré-contratual (art. 31), na conclusão do negócio (art. 30), na execução do contrato (art. 46) e no momento pós-contratual (art. 10, §1o). O descumprimento desse dever caracteriza um ato ilícito do fornecedor. STJ: possui vários precedentes de responsabilização dos fornecedores por @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 34 descumprimento do dever de informar. Com fundamento também nesse direito, já decidiu que as instituições nanceiras estão obrigadas a confeccionar em braille os contratos bancários de adesão e todos os demais documentos fundamentais para a relação de consumo estabelecida com decientes visuais (REsp 1.315.822, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, DJe 16/04/2015). o Novidade 2015: A Lei n. 13.146 acresceu o parágrafo único ao art. 6 do CDC, determinando que a informação clara e adequada, nos termos do inciso III, deve ser acessível à pessoa com deciência, com observância do quanto previsto em regulamento. STJ: Instituição nanceira tem que fornecer documentos em braille a clientes com deciência visual (REsp 1.315.822, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, DJe 16/04/2015). oDIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (art. 6 , IV) Tanto as práticas como as cláusulas abusivas serão estudadas em momento oportuno, em outras rodadas. o DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS (art. 6 , V) Com o objetivo de assegurar o equilíbrio econômico do contrato, isto é, a igualdade substancial entre os contratantes (na proporcionalidade das prestações), previu-se o direito básico do consumidor de ter modicadas as cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou revistas aquelas que se tornem excessivamente onerosas por fatos supervenientes. Trata-se de exemplo de dirigismo contratual por parte do Estado (sendo exceção à postura inerte, não-invasiva e de garantidor do cumprimento exato do pacto). � No direito à modicação, a cláusula que estabelece a prestação desproporcional em desfavor do consumidor opera desde o início do contrato, afetando o sinalagma genérico da relação obrigacional (lesão congênere). Ex.: empréstimo pessoal bancário, no qual sãoestipuladas, desde logo, taxas de juros comprovadamente abusivas (acima da média de mercado). Ressalte-se que o consumidor, nesses casos, é livre tanto para pleitear a modicação das cláusulas como para solicitar a declaração de sua nulidade (art. 51). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 35 O DIREITO DE MODIFICAÇÃO (CDC) E O INSTITUTO DA LESÃO (CC) A LESÃO do CDC e a LESÃO do CC assemelham-se na desproporcionalidade da prestação no momento de celebração do negócio jurídico. Diferenças: A LESÃO do CC, apta a invalidar um negócio jurídico, ocorre quando, em negócio comutativo, uma das partes contratantes, por inexperiência ou necessidade premente, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional à outra. Já o CDC exige apenas a desproporção da prestação (elemento objetivo), sem elemento subjetivo necessário. Além disso, os institutos apresentam consequências distintas: A lesão do CC, em regra, gera a invalidade do negócio jurídico, podendo somente oser salvo pela vontade da parte beneciada (art. 157, §2 , CC). Na lesão do CDC, em regra, o contrato é mantido, facultando-se ao consumidor (parte não beneciada) pleitear a nulidade da cláusula geradora da prestação desproporcional ou sua modicação. No direito à revisão, o desequilíbrio econômico do contrato é causado por fato novo, superveniente à sua celebração, e que torna a prestação do consumidor excessivamente onerosa, afetando o sinalagma funcional do contrato. IMPORTANTE: Para a doutrina majoritária, o CDC adotou a Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico (Karl Larenz), uma vez que não se exige a imprevisibilidade do fato superveniente e dispensa-se qualquer discussão a respeito da previsibilidade do fato econômico superveniente. Já o CC adotou a Teoria da Imprevisão no campo da revisão contratual por onerosidade excessiva, vez que a imprevisibilidade do fato superveniente é exigida. @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br Art. 6o, V, 2a parte Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO Teoria da base objetiva do negócio jurídico (=CDC) REFORMATeoria da imprevisão (=CC) Dispensa análise da previsibilidade do fato superveniente Basta a onerosidade excessiva para o consumidor Consequência: a regra é a revisão do contrato. Excepcionalmente, acarretará a resolução quando não for possível salvá-lo. Art. 478 Exige a imprevisibilidade do fato Além da onerosidade excessiva para o devedor, exige a “extrema vantagem” para o credor. Consequência: a regra é a resolução do contrato. Excepcionalmente, poderá ser revisto, a depender da vontade do credor. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 36 DIREITO À EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS o (art. 6 , VI) Será tratado quando do estudo da responsabilidade nas relações de consumo. oDIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA (art. 6 , VII) Acesso à justiça e aos órgãos administrativos de defesa, incluindo-se a assistência jurídica, administrativa e técnica aos necessitados (Procons e Defensorias). oDIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (art. 6 , VIII) A regra do CPC 1973 (art. 333) era de que o encargo probatório seria distribuído prévia e abstratamente pela lei – regra da distribuição estática do ônus da prova. Entretanto, para relações entre desiguais, como as tratadas pelo CDC, tal regra já era exibilizada quando o juiz vericasse, no processo, a presença da verossimilhança da alegação ou da hipossuciência do consumidor. REQUISITOS O juiz da causa (inversão ope iudicis) deve vericar alternativamente a presença dos requisitos autorizadores. Trata-se de direito público subjetivo do consumidor, que não poderá ser negado pelo juiz, se preenchidos os requisitos legais (não lhe é facultado aplicar critérios de oportunidade e conveniência). Ademais, tratando-se as normas consumeristas de ordem pública e interesse social, o juiz pode reconhecer o direito à inversão do ônus da prova de ofício, independentemente de pedido da parte. Registre-se que a inversão do ônus da prova não é automática (ou seja, não é ope legis), e sim ope judicis, por ato do magistrado na análise do caso concreto. O CDC adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, ao contrário do sistema do CPC/1973, que adotava a regra da distribuição estática. Já o CPC/2015, embora tenha mantido as regras básicas sobre a distribuição do ônus em relação a autor e réu (art. 373), possibilitou ao juiz distribuir de maneira diversa em algumas hipóteses (casos previstos em lei ou peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva o diculdade de cumprir o encargo – par. 1 do art. 373 do CPC). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 37 ATENÇÃO: Há previsão no CDC da nulidade da cláusula contratual que estabeleça a inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor (art. 51, VI). a) Verossimilhança da alegação É verossímil a alegação que tem aparência de verdade, que é plausível, provável, que não repugna à verdade. É um conceito jurídico indeterminado, competindo ao juiz denir seu conteúdo na análise do caso concreto. b) Hipossuciência É a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para produzir a prova necessária à satisfação da sua pretensão em juízo (não sendo sinônimo de pobreza). Recorde-se que se tratam de requisitos alternativos, e não cumulativos. MOMENTO PROCESSUAL Há, basicamente, duas grandes posições sobre o momento para a inversão do ônus da prova. - Regra de procedimento: a inversão deve ser decidida entre a propositura da ação e o despacho saneador. Argumentam seus defensores que, desse modo, surpresas seriam evitadas ao fornecedor, que teria tempo hábil a preparar suas provas de defesa, obedecendo-se, assim, os princípios do contraditório e ampla defesa. - Regra de julgamento: a inversão deve ser decidida na sentença, somente após o julgador avaliar as provas e ainda estiver em dúvida (situação non liquet). Não há que se falar em surpresa ao fornecedor, porquanto tal possibilidade está oexpressamente prevista no art. 6 , VIII, CDC. a Após uma divergência inicial, a 2 Seção do STJ rmou o entendimento de que o momento mais adequado para se decretar a inversão do ônus da prova é o do despacho saneador, ocasião em que o juiz decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento (regra de procedimento ou de instrução). STJ: “A simples inversão do ônus da prova, no sistema do CDC, não gera a obrigação de custear as despesas com perícia, embora sofra a parte ré as consequências decorrentes de sua não produção” (REsp. 639.534/MT). o DIREITO À PRESTAÇÃO ADEQUADA E EFICAZ DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 6 , X) Há dever do Estado em prestar os serviços públicos adequadamente (princípio da adequação) aos ns que se destinam e de maneira eciente e concreta (princípio da eciência). @ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 38 1.2 LEGISLAÇÃO TÍTULO I Dos Direitos do Consumidor CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Art. 2° é toda que adquire ou utiliza Consumidor pessoa física ou jurídica produto ou serviço como .destinatário nal Parágrafo
Compartilhar