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Portfólio - Projeto de lei

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PORTFÓLIO – MÓDULO C | FASE II 
 
CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL 
PROJETO DE LEI ORDINÁRIA DE 2022 
 
 
Do Sr. Enio Samuel Estevam de Souza Costa | RU: 3903578 | Pólo: Lagoa Seca/RN 
Determina a criação da Patrulha da Mulher Indígena que atuará nas esferas 
sistemáticas, informativas e de segurança servindo como mecanismo para coibir a 
violência contra a mulher indígena. 
 
A Câmara Municipal de Natal decreta: 
 
Art. 1º: Esta Lei determina o desígno de viaturas e policiais com a fiscalização do Funai, 
para garantir que às medidas protetivas concedidas a mulheres indígenas, sejam 
respeitadas, evitando assim a reincidência de agressão. 
Art. 2º: Determina a criação de uma comissão que levará a todas as aldeias indígenas, 
esclarecimento sobre a legislação e a Lei Maria da Penha, para acabar com a 
desinformação e disseminação de inverdades sobre a Lei. Essa comissão tambem ficará 
responsavel por sistematizar as ocorrências de agressão contra as mulheres indígenas, 
garantindo que os dados ajudem na elaboração de políticas públicas. 
Art. 3º: Determina que no dia 25 de Novembro – Dia Internacional de Combate a 
Violência Contra a Mulher – a comissão realize em todas as aldeias/comunidades 
indígenas, um evento de concientização sobre a violência doméstica. O evento deverá 
ser realizado respeitando a cultura de cada aldeia. 
Art. 4º: Determina que a comissão assim como as viaturas e policiais designados, sejam 
denominados de Patrulha da Mulher Índigena levando, assim, o nome da presente Lei. 
Art. 5º: Determina que a Lei Patrulha da Mulher Indígena (PMI) entre em vigor na data 
de sua publicação. 
 
 
 
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JUSTIFICATIVA 
De acordo com o site “OXFAM Brasil”, a desigualdade de gênero ocorre quando há 
privilégio de um gênero em detrimento de outro, ou outros. Sabemos que, 
historicamente, os direitos e vontades dos homens se sobrepuseram aos das 
mulheres e pessoas não-binárias. A violência contra a mulher é uma das 
manifestações dessa desigualdade, onde o machismo e a misoginia são reverberados 
através da cultura patriarcal. Foi pensando nessa desigualdade que a Lei Maria da 
Penha foi criada: Uma lei cujo objetivo principal é punir adequadamente e coibir atos 
de violência doméstica. Apesar da Lei ser um marco vitorioso da luta feminina, pouco 
se fala na efetividade e aplicação dela nos casos que envolvem mulheres indígenas. 
Mesmo com todo protagonismo alcançado por essas mulheres ao longo dos anos, 
elas também são vítimas de violência doméstica e, ainda, para seu enfrentamento se 
deparam com uma série de obstáculos linguísticos e geográficos, sem falar no 
condicionamento cultural. Segundo a professora Priscilla Cardoso Rodrigues, da 
Universidade Federal de Roraima e coordenadora do Observatório de Violações de 
Direitos Humanos de Roraima, a Lei Maria da Penha também foi importante para a 
mulher indígena, mas o grande consenso entre elas é que essa Lei e seu aparato 
estatal para prevenção, acolhimento e enfrentamento da violência doméstica, não 
funciona para elas. “Toda vez que as mulheres indígenas tentam acessar medidas 
trazidas pela Lei Maria da Penha, os obstáculos são tão grandes que na maior parte 
dos casos elas se sentem mais vitimizadas do que protegidas”. Essa desigualdade 
perpetuada pelo machismo contra mulheres indígenas é uma realidade complexa em 
que a Lei Maria da Penha pode estar muito longe de ser aplicada e, até mesmo, 
compreendida. De acordo com dados oficias do Sinan (Sistema de Informação de 
Agravos de Notificação), entre 2007 e 2017, foram registradas 8221 notificações de 
casos de violência contra mulheres indígenas. A Léia do vale Rodrigues, referência no 
Brasil na pauta de violência contra a mulher indígena e pertencente ao povo 
Wapichana, explica que a situação de vulnerabilidade a que são submetidas é também 
resultado do escasso conhecimento da legislação tanto por parte das vítimas como 
dos agressores e comunidades, o que impede, muitas vezes, a procura pela Lei Maria 
da Penha. Os Karajás são habitantes seculares das margens do Rio Araguaia nos 
estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, o que torna as águas um recurso de 
extrema importância no deslocamento das pessoas que vivem em suas aldeias. 
Dependendo da localização, é preciso enfrentar horas de viagem e mais de um tipo de 
meio de transporte para ir de um lugar a outro. Em um contexto de violência 
doméstica, essas distâncias tornam as mulheres indígenas mais vulneráveis. “Aí a 
gente denuncia, volta para a aldeia sem saber se medidas de proteção vão funcionar, 
e apanhar mais, por isso temos medo”, diz Mariquinha Karajá, de 59 anos, que sofreu 
agressão do marido por longo período. 
No Rio Grande do Norte há cerca de 13 aldeias indígenas espalhadas pelo estado – 2 
delas na região urbana de Natal - e com costumes, linguagens e cultura totalmente 
plurais o que dificulta a disseminação dos direitos amparados pela Lei Maria da Penha 
e, consequentemente, a denúncia e registro de ocorrência. A falta de coleta e 
sistematização de dados impede, por exemplo, a elaboração de políticas públicas que 
correspondam à situação das mulheres indígenas. Encerro com a seguinte frase de 
autoria desconhecida: “Os indígenas já estavam aqui quando chegamos, o mínimo 
que podemos oferecer é igualdade”. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
Povos Indígenas do RN – UFRN 
Mulher indígena enfrenta condicionamento cultural e obstáculos na aplicação da Lei 
Maria da Penha – Jornal da USP 
Desigualdade de gênero: causas e consequências – OXFAM Brasil 
Violência machista contra mulheres indígenas | a lei Maria da Penha é suficiente? – NP 
Violência contra mulheres indígenas – Não se Cale 
Como o feminicídio de indígenas se tornou uma realidade invisibilizada no Brasil – 
Brasil de Fato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sala de sessões em 12 de Novembro de 2022 
ENIO SAMUEL ESTEVAM DE SOUZA COSTA

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