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Uso da ocupação e a Terapia Ocupacional Prof.ª Tuyany Vasconcelos Boa Vista/2022 Qual a imagem que vem à sua cabeça quando falamos de Terapia Ocupacional??? “Muito se tem falado da terapia ocupacional como uma profissão nova, entretanto a ideia de que a ocupação ou diversão de qualquer espécie é benéfica aos doentes manifesta-se de tempos em tempos na história da humanidade. Observamos historicamente que a ocupação como meio de tratamento remonta às civilizações clássicas. Os jogos, a música e os exercícios físicos foram utilizados por gregos, romanos e egípcios como medida de tratamento do corpo e da alma” (Benetton, 1991). Jo Benetton Atividade de Aquecimento Grupo 1- defensores que a Terapia Ocupacional nasceu na Antiguidade Grupo 2- defensores que a Terapia Ocupacional nasceu no pós-guerra mundial. História da Terapia Ocupacional na Antiguidade 2600 a.EC. (antes da Era Comum) os chineses consideravam que a doença resultava da inatividade física e utilizavam o treino físico como terapia. 2000 a.EC.: os egípcios utilizavam de templos onde pessoas “melancólicas” eram tratadas recorrendo a jogos e onde se defendia a aplicação do tempo em ocupações agradáveis. 600 a.EC.: Grécia Clássica Asclepius, o deus da cura utilizava cantigas, músicas e dramatizações para acalmar os delírios. História da Terapia Ocupacional na Antiguidade 30 EC.: Romana- Séneca defendia a utilização de cantigas e música para tratar qualquer tipo de agitação mental. Hipócrates (220 EC.) enfatizava a ligação entre o físico e a mente e recomendava a luta greco-romana, a equitação, o trabalho e os exercícios vigoroso. Importância da ocupação como recurso terapêutico. História da Terapia Ocupacional na Antiguidade Trabalhos, exercícios, artes e artesanato podiam “curar” aqueles que estivessem possuídos pelo demônio. As ocupações para os ditos loucos eram oferecidas com o objetivo de manter o ambiente tranquilo e favorecer o contato com os “deuses”, além de serem meios de distração, alívio do sofrimento físico ou mental, podendo provocar certas emoções e serem benéficas ou prejudiciais no processo de cura. História da Terapia Ocupacional na Antiguidade É fato que existe uma literatura que enfatiza o uso “terapêutico” das atividades desde a Antiguidade, mas nesta época o trabalho era destinado aos escravos , era objeto de castigo e de tortura. Somente no século XIX que a concepção do trabalho mudou e compreendeu-se que “o trabalho dignifica o homem”. Será que podemos falar em uso terapêutico se não existia o profissional de terapeuta ocupacional e todo o processo de análise da atividade? PHILLIPE PINEL (1745-1826)Médico francês, diretor do Manicômio de Bicêtre; • Considerado o Pai da Psiquiatria; • Ficou famoso pela quebra das correntes, dos grilhões. O livro de Pinel é a primeira referência na literatura de uma prescrição médica do uso do trabalho como remédio. “Um trabalho manual rigorosamente executado é o melhor método para assegurar boa moral e disciplina”. A terapêutica pelo trabalho foi introduzida por Pinel em Bicetrê como parte integrante de uma reforma social maior, que teve suas origens no ideal de “Liberdade, igualdade e fraternidade” da Revolução Francesa. PHILLIPE PINEL (1745-1826) Tratamento Moral: utilização do trabalho ou terapia da ocupação como forma de tratamento; A atividade era aplicada com o objetivo de “ocupar” o tempo ocioso e disciplinar e moralizar comportamentos “desviantes”. Samuel Tuke (1784-1857)- Inglaterra Praticas Terapêuticas As práticas terapêuticas que utilizavam o trabalho, principalmente nos serviços de atenção psiquiátrica, tendo em vista a sua função social na nova forma de organizar a produção, sob os moldes capitalistas tiveram diferentes denominações: Tratamento moral Ergoterapia Laborterapia I e II Guerra Mundial I e II Guerra Mundial: relatos do uso inédito de dispositivos, técnicas e métodos como análise de movimentos associados à incapacidade física. Necessidade emergente de técnicos para atuarem com os incapacitados de guerra (amputados, traumatismos cranianos, indivíduos com alterações do foro psiquiátrico, como as neuroses de guerra). Origens da Terapia Ocupacional Somente no pós-guerra mundial que a profissão de Terapia Ocupacional surge emergindo como um novo agente profissional, e incorporando elementos preexistentes das práticas sociais que lhe antecederam. A Fundação da Profissão de Terapia Ocupacional A profissão de Terapia Ocupacional foi fundada em março de 1917, na cidade de Chicago nos Estados Unidos, em meio ao Movimento de Reabilitação para o tratamento e recuperação dos incapacitados pelas Guerras. Na Europa a profissão foi reconhecida em 1948 e em 1951 foi criada a Federação Mundial de Terapia Ocupacional. Primeiras décadas do século XX. 1914: George E. Barton, arquiteto norte-americano que cunhou o termo Terapia Ocupacional. “Se há uma doença ocupacional, porque não uma terapia ocupacional?” Também sugeriu e organizou a entidade nacional para a profissão: Associação Americana de Terapia Ocupacional. Os fundadores eram distintos entre si e de diferentes campos dos saberes: assistentes sociais, psiquiatras, enfermeiros, arquitetos, médicos e artesãos. Este grupo distinto de profissionais entendia que a ocupação poderia desempenhar um papel na cura e na saúde das pessoas. De esquerda à direita sentado: Susan Cox Johnson, George E. Barton, Eleanor Clarke Slagle. De pé da esquerda para a direita: William Rush Dunton, Isabel G. Barton, Thomas Bessel Kidner. História da criação da Terapia Ocupacional A diferença fundamental entre as antigas práticas de ocupação e a terapia ocupacional como ciência está na sistematização de como a ocupação era utilizada e na integração de formações do conhecimento científico para a compreensão do efeito terapêutico da ocupação. Retomando as origens da profissão Início da profissão Terapia Ocupacional Física Reabilitação dos incapacidades das guerras mundiais Terapia Ocupacional Mental Tratamento moral com pacientes psiquiátricos nos grandes asilos manicomiais Origens da Terapia Ocupacional Análise da gênese e constituição da profissão: a endogenista e a histórico-crítica (Montaño). Origens da Terapia Ocupacional ENDOGENISTA: vertente analítica que desconsidera a história da sociedade como o fundamento e a causalidade da gênese e desenvolvimento profissional, apenas situando as etapas do Serviço Social em seu desenvolvimento cronológico, sendo a gênese da profissão considerada uma evolução das formas anteriores de ajuda. Origens da Terapia Ocupacional HISTÓRICO-CRÍTICA: síntese dos projetos político-econômicos que operam no desenvolvimento histórico, onde se reproduz material e ideologicamente a fração de classe hegemônica, quando no contexto do capitalismo na sua idade monopolista, o Estado toma para si as respostas à “questão social” (MONTAÑO, 2015, p. 30). Origens da Terapia Ocupacional Aplicando para a Terapia Ocupacional, os autores compreendem a origem da profissão a partir de uma evolução que desconsidera o processo histórico – com seus aspectos econômicos, políticos e sociais – como determinante do surgimento e desenvolvimento da profissão. Origens da Terapia Ocupacional A profissão teria seu “início” com a utilização da atividade nas práticas de cuidado em saúde e, sendo a Terapia Ocupacional uma continuidade dessas práticas. Origens da Terapia Ocupacional Tais autores remetem a origem profissional ao passado remoto, como à Grécia Antiga, para justificar a Terapia Ocupacional como a profissão é conhecida. Origens da Terapia Ocupacional Essa perspectiva tem como expoentes, autores influentes na Terapia Ocupacional brasileira e internacional, como Benetton, Francisco,Hagedorn e Schwartz. Origens da Terapia Ocupacional Nesta perspectiva as primeiras décadas do século XX somente marcariam o “início formal da Terapia Ocupacional. Rosemary Hagedorn A origem da profissão se dá no século XVIII - com o tratamento moral, mas foi somente no início do século XX que se deu sua articulação propriamente dita, quando um grupo heterogêneo de profissionais, nos Estados Unidos, desenvolveu os conceitos de ocupação como instrumento curativo. Rosemary Hagedorn As proposições dessa autora não fazem referência ao contexto histórico-social como determinante da profissão, e indica que a “criação” da Terapia Ocupacional deu-se, unicamente, pela iniciativa de determinado grupo de indivíduos engajados em provar o poder terapêutico da atividade. K. B. Schwartz Fundadores da Terapia Ocupacional”, tais como William Rush Dunton, Herbert J. Hall, Eleanor Clarke Slagle, Susan Johnson, Thomas Kidner, George Barton e Susan Tracy, reforçando um caráter personalista na gênese da profissão. K. B. Schwartz A constituição da profissão estaria relacionada, exclusivamente à aplicação de atividades com fins terapêuticos, o que encobre as funções de cunho político-ideológico e econômico. Origens da Terapia Ocupacional HISTÓRICO-CRÍTICA: se incluem os autores que vão analisar a profissão como uma resultante das relações sociais próprias do capitalismo monopolista, no contexto em que o Estado toma para si a responsabilidade pelas respostas à questão social e requisita profissionais qualificados que irão contribuir, por meio de sua intervenção, com o processo de reprodução social. Origens da Terapia Ocupacional Assim, nesta perspectiva a origem da Terapia Ocupacional foi resultado do desenvolvimento econômico, num contexto particular, que demandou aumento de mão-de-obra e da especialização do trabalho no capitalismo, com o objetivo de manter e aprimorar essa sociabilidade. Origens da Terapia Ocupacional A ação profissional, ao ser mediada pelas políticas e pelos serviços sociais e desenvolvida em instituições, é necessariamente permeada pelas contradições que atravessam essas políticas, serviços e instituições. Origens da Terapia Ocupacional Tendo em vista que essas instâncias se configuram como expressões das respostas do Estado às reivindicações dos trabalhadores e às necessidades de reprodução do capital, a ação do terapeuta ocupacional é perpassada por interesses de classes sociais antagônicas e em relação, não podendo ser pensada fora dessa trama, já que a mesma surge como parte das iniciativas sociais que interferem no enfrentamento desses conflitos de classe História da criação da Terapia Ocupacional A Terapia Ocupacional caracterizou-se desde o início como profissão da área da saúde como recurso, instrumento e ato médico. A Terapia Ocupacional possui um percurso histórico não linear e que deve ser entendido a partir do contexto da época. História da criação da Terapia Ocupacional Origem da profissão está marcada por uma filosofia humanista na qual a OCUPAÇÃO TINHA UMA CAPACIDADE EXCLUSIVA PARA RESTAURAR E MANTER A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS HUMANOS AFETADOS POR DOENÇA OU TRAUMA (Burke, 1985). O que é Terapia Ocupacional É uma mistura de Fisioterapia com Psicologia? FISIOTERAPIA é a ciência que estuda, diagnostica, previne e recupera pacientes com distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano. Trabalha com doenças geradas por alterações genéticas, traumas ou enfermidades adquiridas. O objetivo desta área é preservar, manter, desenvolver ou restaurar (reabilitação) a integridade de órgãos, sistemas ou funções. Utiliza-se de conhecimento e recursos próprios como parte do processo terapêutico nas condições psicofísico-social para promover melhoria de qualidade de vida (CREFITO, 9). O que é Terapia Ocupacional É uma mistura de Fisioterapia com Psicologia? PSICOLOGIA contribui para a promoção da Saúde, de direitos, para as Políticas Públicas, para as Organizações, enfatizando o trabalho a partir das coletividades, destacando a dimensão subjetiva dos processos de desenvolvimento dos indivíduos, famílias, grupos, instituições e organizações. A graduação forma profissionais capazes de compreender os processos mentais, o comportamento e a subjetividade das pessoas. Faz tratamento, diagnóstico e prevenção de transtornos mentais, de ajustamento e de personalidade. Busca o equilíbrio emocional na promoção e prevenção da saúde. Além da avaliação, promoção do bem-estar no trabalho, em vista da melhoria da produtividade no campo da Gestão (Claretiano, 2020). O que é Terapia Ocupacional ? Não, mas já foi. Na sua trajetória histórica a proposta inicial do curso teve uma formatação com duração de semanas, meses, 1 ano (1953) 3 anos (1964), depois passou para 3 anos e somente em 1969 que passou a ser nível superior com duração de 4 anos ou mais (carga horária mínima de 3200 horas). É uma profissão de nível técnico? O que é Terapia Ocupacional A Terapia Ocupacional é uma profissão que irá acabar. Definições de Terapia Ocupacional “ A Terapia Ocupacional é um campo de conhecimento e de intervenção em saúde, educação e na esfera social, reunindo tecnologias orientadas para a emancipação e autonomia de pessoas que, por razões ligadas à problemática específica, físicas, sensoriais , mentais , psicológicas e/ou sociais apresentam temporariamente ou definitivamente dificuldade da inserção e participação na vida social (CREFITO). Definições de Terapia Ocupacional “Profissão nível superior voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos, na atenção básica, média complexidade e alta complexidade” (COFFITO). Especialidades reconhecidas pelo COFFITO Acupuntura Contextos Hospitalares Contextos Sociais Gerontologia Saúde Coletiva Saúde da Família Saúde Funcional Saúde Mental O sucesso está apenas começando. A graduação é apenas um degrau na escadaria das suas conquistas. Você vai brilhar muito ainda, acredite em você! Mayara Benatti Referências BEZERRA WC, TRINDADE RLP. Gênese e constituição da terapia ocupacional: em busca de uma interpretação teórico-metodológica. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, 2013 maio/ago, 24(2);155-61. DE CARLO, Marysia M. R. do Prado; BARTALOTTI, Celina Camargo (Org.). Terapia ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. São Paulo: Plexus, 2001. GORDON, DON. M. A história da Terapia Ocupacional. In: Willard & Spackman. Terapia Ocupacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. cap. 21, p. 205- 2017. HAGEDORN, Rosemary. Fundamentos para a prática em terapia ocupacional. São Paulo: Dynamis, 2001. MEDEIROS, Maria Heloisa da Rocha. Terapia ocupacional: um enfoque epistemológico e social. São Carlos - SP: Hucitec, 2003. SOARES, Lea Beatriz Teixeira. História da Terapia Ocupacional. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia Ocupacional. Fundamentação & Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. Cap. 1, p. 4-9. CREFITO-9. 100 anos da Terapia Ocupacional no mundo. disponível em: <http://www.crefito9.org.br/noticias/100-anos-da-terapia-ocupacional-no- mundo/1163>.Acesso em 23 de jan. 2020.
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