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1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 1 1ª FASE 38° EXAME Direito do Trabalho Prof. Luiz Henrique Dutra 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 2 Olá! Boas-Vindas! Cada material foi preparado com muito carinho para que você possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua- lidade. Lembre-se: o seu sonho também é o nosso. Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! Com carinho, Equipe Ceisc. ♥ 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 3 1ª FASE OAB | 38° EXAME Direito do Trabalho Prof. Luiz Henrique Dutra Sumário 1. Princípios ................................................................................................................................. 4 2. Aplicação da Norma Jurídica Trabalhista ................................................................................. 5 3. Prescrição Trabalhista ............................................................................................................. 7 4. Relação de Emprego ............................................................................................................... 8 5. Relação do Trabalho .............................................................................................................. 11 6. Trabalhador Temporário e Terceirização ............................................................................... 11 7. Contrato de Trabalho ............................................................................................................. 12 8. Jornada de Trabalho .............................................................................................................. 16 9. Remuneração e Salário ......................................................................................................... 24 10. Rescisão do Contrato de Trabalho ...................................................................................... 29 11. Da Força Maior .................................................................................................................... 35 12. Estabilidade ......................................................................................................................... 36 13. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ............................................................................ 40 14. Segurança e Medicina do Trabalho ..................................................................................... 42 15. Tutelas Especiais do Direito do Trabalho ............................................................................. 44 16. Direito Coletivo do Trabalho ................................................................................................. 47 Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco- menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em fevereiro de 2023. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 4 1. Princípios Prof. Luiz Henrique Dutra @prof.luiz.henrique 1.1. Princípios do Direito Individual do Trabalho 1.1.1. Princípio da proteção a) Manutenção da condição mais benéfica: Somente é possível a alteração do contrato se for uma condição mais benéfica ao empregado (ver arts. 468 e 469 da CLT). b) Aplicação da norma jurídica mais benéfica: Havendo previsão de um direito em mais de uma fonte, aplica-se aquela que foi mais benéfica. Exceção: entre acordo e convenção coletiva, sempre se deve aplicar o disposto no acordo (art. 620 da CLT). c) In dubio pro operario: Na dúvida de interpretação de uma norma jurídica, deve ocorrer da maneira que favoreça o empregado. 1.1.2. Princípio da indisponibilidade de direitos O empregado não pode abrir mão de seus direitos. Ex.: não querer usufruir das suas férias (ver art. 9o da CLT). 1.1.3. Princípio da continuidade da relação de emprego Na dúvida, presume-se pela manutenção da existência de vínculo de emprego. Ex.: Súm. no 212 do TST; Súm. no 32 do TST; art. 482, i, da CLT. 1.1.4. Princípio da primazia da realidade Não importa o que está no papel, mas, sim, o que de fato aconteceu. Ex.: Súm. no 338 do TST; Súm. no 225 do STF. 1.1.5. Princípio da não discriminação O direito do trabalho não admite qualquer forma de discriminação. Ex.: arts. 461 e 442-A da CLT. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 5 2. Aplicação da Norma Jurídica Trabalhista 2.1. Fontes Fontes autônomas: produzidas pelas partes. Ex.: acordo coletivo, convenção coletiva, regimento interno, contrato de trabalho etc. Fontes heterônomas: produzidas por terceiros. Ex.: Constituição Federal, Consolidação das Leis do Trabalho, normas internacionais, sentenças etc. 2.1.1. Aplicação das normas jurídicas Em regra, o direito aplica-se para os empregados contratados via regime CLT, não sendo aplicado para estatutários (art. 7o da CLT). Na omissão da legislação trabalhista, pode ser resolvido o conflito por meio de princípios, normas gerais de direito, analogia por equidade (caput do art. 8o da CLT). O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho (§ 1o do art. 8o da CLT). Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei (§ 2o do art. 8o da CLT). 2.2. Direito Constitucional do Trabalho Importante a leitura dos arts. 7o a 11 da CF/1988, os quais estão a seguir transcritos: Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à me- lhoria de sua condição social: I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direi- tos; II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; (ver Lei no 7.998/1990) III – fundo de garantia do tempo de serviço; (ver Lei no 8.036/1990, em especial arts. 15, 18 e 20) IV – salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, sa- úde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; (ver art. 611-A, § 3o, da CLT) VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7998.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8036consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 6 VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposenta- doria; (ver Leis no 4.749/1965 e no 4.090/1962) IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; (ver art. 73 da CLT) X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcional- mente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (ver Súm. no 451 do TST e Lei no 10.101/2000) XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (ver Lei no 4.266/1963) XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horáriose a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (ver arts. 58 a 62 da CLT) XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de reveza- mento, salvo negociação coletiva; (ver Súm. n. 423 do TST e OJs no 420 e no 275 da SDI- 1 do TST) XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; (ver arts. 385 e 67 da CLT) XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (ver art. 59, § 1o, da CLT) XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; (ver arts. 372 a 401 da CLT) XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; (ver arts. 487 a 491 da CLT) XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; (ver arts. 154 a 200 da CLT) XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; (ver arts. 189 a 197 da CLT) XXIV – aposentadoria; XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; (ver arts. 611 a 625 da CLT) XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a inde- nização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo pres- cricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (ver arts. 11 e 11-A da CLT) XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; (ver art. 461 da CLT) XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; (ver art. 461 da CLT) XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; (ver art. 461 da CLT) XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (ver arts. 402 a 440 da CLT) XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4749.htm https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_451_600.html https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_451_600.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4266.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 7 simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decor- rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. Art. 8o É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, represen- tativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da cate- goria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindi- cal respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Art. 9o É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1o A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2o Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. 3. Prescrição Trabalhista A prescrição trabalhista está no art. 11 da CLT, sendo que o empregado tem dois após o término do contrato de trabalho para entrar com ação, cobrando os últimos 5 anos da data do ajuizamento. CLT Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extin- ção do contrato de trabalho. I – (revogado); II – (revogado). § 1o O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social. § 2o Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 8 à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. § 3o A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação traba- lhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos. Importante!Não se conhece de prescrição não arguida na instância ordinária (Súm. no 153 do TST). Da extinção do último contrato começa a fluir o prazo prescricional do direito de ação em que se objetiva a soma de períodos descontínuos de trabalho (Súm. no 156 do TST). A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio (art. 487, § 1o, da CLT). OJ n. 83 da SDI-1 do TST: A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário. (OJ n. 375 da SDI-1 do TST) 4. Relação de Emprego 4.1. CTPS O conteúdo da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) está previsto nos arts. 13 a 58 da CLT, sendo o principal o art. 29. A assinatura da CTPS deve ocorrer pelo empregador no prazo de cinco dias úteis (caput do art. 29 da CLT), sendo vedada qualquer anotação desabonadora da conduta do empregado (§ 4o). Súm. no 225 do STF: Não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira profis- sional. OJ no 82 da SDI-1 do TST: A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado. 4.2. Empregado O conceito e requisitos para que ocorra a configuração do vínculo de emprego estão previstos no art. 3o da CLT, ao qual segue transcrição: Art. 3o Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 9 São requisitos para a configuração de vínculo de emprego: 1) ser pessoa física; 2) onerosidade; 3) trabalho não eventual; 4) pessoalidade; 5) subordinação. Importante! Ter exclusividade não é requisito para configuração de vínculo. O policial militar será considerado empregado se preenchidos todos os requisitos (Súm. no 386 do TST). 4.3. Empregador 4.3.1. Conceito Art. 2o Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1o Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Um cuidado que o aluno deve ter ao analisar uma questão sobre empregador é que o risco do negócio é exclusivo deste, não podendo haver a transferência de prejuízos para o empregado. 4.3.2. Grupo econômico Empresas que, embora tenham CNPJs distintos, desde que possuam uma coordenação integrada e interesses comuns, serão consideradas grupo econômico, possuindo entre si res- ponsabilidade solidária. Art. 2o (...) (...) § 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. § 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 10 de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário (Súm. no 129 do TST). 4.3.3. Sócio retirante Sócio retirante é aquele sócio que se retira da empresa, estando prevista essa situação no art. 10- A da CLT. Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I – a empresa devedora; II – os sócios atuais; e III – os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. 4.3.4. Alteração na estrutura jurídica do empregador A alteração de dono da empresa não afeta os direitos previstos no contrato de trabalho do empre- gado, conforme previsão nos arts. 10 e 448 da CLT. Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adqui- ridos por seus empregados. Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 4.3.5. Sucessão empresarial Quando uma empresa adquire outra, assume a responsabilidade por todas as suas dívidas. Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 11 5. Relação do Trabalho A relação do trabalho ocorre quando, na prestação de serviços, não estão previstos todos os requi- sitos do art. 3o da CLT, conforme as situações a seguir: • Autônomo: prestador de serviços sem subordinação, possui regulamentação no art. 442-B da CLT. • Eventual: prestador de serviços sem subordinação e eventual, não possui regulamentação específica. • Voluntário: prestador de serviços sem onerosidade, podendo prestar serviços apenas para entidades sem fins lucrativos de cunho social. • Avulso: embora não seja empregado, visto que sua contratação é realizada pela intermedi- ação de mão de obra de um terceiro (p. ex., trabalhador portuário), possui todos os direitos trabalhistas como se empregado fosse, nos termos do art. 7o, XXXIV, da CF/1988. 6. Trabalhador Temporário e Terceirização 6.1. Trabalho Temporário O trabalho temporário é regulamentado pela Lei no 6.019/1974 e ocorre quando uma empresa con- trata outra específica de trabalho temporário, para fornecimentos de trabalhadores. A contratação de temporário somente pode ocorrer quando houver acréscimo temporário de serviço ou ausência temporária de empregados (p. ex., muitos trabalhadores afastados pelo INSS). O empregado temporário terá pessoalidade e subordinação com a tomadora dos serviços. O prazo da prestação de serviços do temporário será de, no máximo, 180 dias, com a possibilidade de renovação por até 90 dias. A empresa que recebe o empregado temporário será responsável subsidiariamente em eventual ação trabalhista, salvo na hipótese de a empresa temporária ter sua falência decretada, passando a res- ponsabilidade a ser solidária. 6.2. Terceirização O trabalho terceirizado é regulamentado pela Lei no 6.019/1974 e ocorre quando uma empresa contrata outra para fornecimento de trabalhadores. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 12 A contratação do terceirizado pode ocorrer sem a existência qualquer requisito, para qualquer tipo de atividade e sem limite de prazo. O empregado terceirizado não terá pessoalidade nem subordinação com a tomadora dos serviços. A empresa que recebe o empregado temporário será responsávelsubsidiariamente em eventual ação trabalhista. 7. Contrato de Trabalho O conteúdo referente ao contrato de trabalho está previsto no art. 442 e seguintes da CLT, ao qual destacamos os dispositivos a seguir elencados. 7.1. Conceito O conceito de contrato de trabalho está previsto no art. 442 da CLT, sendo que o art. 442-A traz a regra para exigência de experiência para contratação de um empregado e o art. 442-B, regras para contra- tação do trabalhador autônomo. Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. Importante! É nulo contrato de trabalho inerente à prática do jogo do bicho (OJ no 199 da SDI-1 do TST). 7.2. Prazo do contrato Conforme previsão do art. 443 da CLT, a regra para contratação é por prazo indeterminado, sendo a exceção o prazo determinado pelo § 2o do mesmo artigo. Será determinado quando: a) atividade ou empresa transitória: com prazo máximo de dois anos, podendo ser renovado uma vez dentro do prazo máximo. Ex.: 1 ano + 1 ano. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 13 b) experiência: com prazo máximo de 90 dias, podendo ser renovado uma vez dentro do prazo máximo: Ex.: 45 dias + 45 dias. Atenção! O disposto no art. 443 da CLT não se aplica aos atletas profissionais. Art. 30 da Lei no 9.615/1998 – Mínimo de três meses e máximo de cinco anos. 7.3. Empregado hipersuficiente Nos termos do parágrafo único do art. 444 da CLT, o empregado que possuir diploma de curso superior e ganhar duas vezes o teto do INSS pode negociar direitos previstos no art. 611-A da CLT, direta- mente com o empregador, sem a presença do sindicato da categoria. 7.4. Alteração contratual Nos termos do art. 468 da CLT, a alteração contratual somente pode ocorrer quando o empregado aceitar e ela for mais benéfica. Nos termos dos §§ 1o e 2o do art. 468 da CLT, não se considerada alteração ilícita a reversão do empregado ao seu cargo origem (p. ex., gerente voltar a ser vendedor) e a respectiva perda da gratificação de função. Quanto à transferência para outra localidade, somente pode ocorrer quando o empregado concor- dar, conforme previsão do caput do art. 469 da CLT. A transferência sem a concordância do empregado pode ocorrer nas seguintes situações: a) havendo necessidade da empresa, para os empregados que possuem cargo de confiança ou que tenham previsão da transferência no contrato de trabalho; b) quando fechar o estabelecimento em que o empregador trabalha. Existem dois tipos de transferência dos empregados: • Provisória: o empregado receberá o adicional de transferência no valor de 25% sobre o seu salário. • Definitiva: o empregado receberá somente ajuda de custo, que seria a mudança. 7.5. Uniforme A empresa escolhe o uniforme, podendo ter o seu logo e o de empresas parceiras. A limpeza, em regra, é de responsabilidade do empregado, salvo se houver necessidade de uma limpeza com produtos 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 14 especiais. Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada. Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem necessários procedimentos ou produtos diferentes dos utili- zados para a higienização das vestimentas de uso comum. 7.6. Contrato de Teletrabalho O contrato de teletrabalho está previsto no art. 75-A e seguintes da CLT, que possuem como con- ceito a possibilidade do trabalho em casa ou remoto, de maneira preponderante ou não, fora das depen- dências da empresa. O empregado submetido ao regime de teletrabalho ou trabalho remoto poderá prestar serviços por jornada ou por produção ou tarefa (§ 2o do art. 75-B da CLT). O tempo de uso de equipamentos tecnológicos e de infraestrutura necessária, e de softwares, de ferramentas digitais ou de aplicações de internet utilizados para o teletrabalho, fora da jornada de trabalho normal do empregado, não constitui tempo à disposição, regime de prontidão ou de sobreaviso, exceto se houver previsão em acordo individual ou em acordo ou convenção coletiva de trabalho (§ 5o do art. 75-B da CLT). Fica permitida a adoção do regime de teletrabalho ou trabalho remoto para estagiários e aprendizes (§ 6o do art. 75-B da CLT). O empregado só fará teletrabalho ou trabalho remoto se concordar. Estando no teletrabalho, com- pete ao empregador determinar o seu retorno ao trabalho presencial, tendo o empregado prazo de 15 dias para o retorno, conforme previsão do § 2o do art. 75-C da CLT. Já o art. 75-D da CLT menciona que os custos do teletrabalho para o empregado devem ser acor- dados com o empregador, sendo que eventuais utilidades fornecidas não podem ser consideradas verbas salariais. Os empregadores deverão conferir prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados e empregadas com filhos ou criança sob guarda judicial até 4 anos de idade na alocação em vagas para atividades que possam ser efetuadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto (art. 75-F da CLT). 7.7. Contrato Intermitente O intermitente é aquele EMPREGADO (com CTPS e tudo) que não tem dias e horários fixos de trabalho, devendo ser convocado ao trabalho sempre que houver necessidade dos seus serviços, exceto 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 15 para os aeronautas, que não podem ser contratados nessa modalidade (§ 3o do art. 443 da CLT). Como não tem dias e horários fixos de trabalho, o intermitente deve ser convocado ao trabalho com antecedência de três dias corridos (§ 3o art. 452-A da CLT), tendo o prazo de 24 horas para responder se aceita ou não o serviço (§ 2o). Caso aceite o serviço, o empregado receberá 50% do valor acordado para o dia de trabalho; caso não compareça ao serviço, caberá a ele o pagamento da multa (§ 4o art. 452-A da CLT). 7.8. Termos de quitação anual O termo de quitação anual pode ser com qualquer empregado, independentemente de sua remune- ração, desde que tenha o aval do sindicato da categoria. Art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria. Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensal- mente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas. 7.9. Cláusula de arbitragem A Cláusula compromisso de arbitragem somente pode incluída nos contratos de trabalho de empre- gado que ganham uma remuneração superior a 2x o teto do INSS. Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por inici- ativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. 7.10. Dano Extrapatrimonial O dano extrapatrimonial nada mais é do que o dano moral e estáprevisto no art. 223-A e seguintes da CLT. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física (art. 223-C da CLT). A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo de correspondência são bens juridi- camente tutelados inerentes à pessoa jurídica (art. 223-D da CLT). Importante! Dano extrapatrimonial = Dano moral 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 16 Tanto pessoa física quanto jurídica pode sofrer dano extrapatrimonial. Pode-se cumular o pedido de dano material com o de dano extrapatrimonial. 7.11. Interrupção e suspensão do contrato de trabalho A interrupção e a suspensão do contrato de trabalho estão previstas nos arts. 471 a 476-A da CLT, sendo muito importante a sua leitura. A seguir, quadro exemplificativo dos efeitos da interrupção e suspen- são no contrato de trabalho: *Para todos verem: quadro. SUSPENSÃO INTERRUPÇÃO ACIDENTE DE TRABALHO E SERVIÇO MILITAR SALÁRIO Não é devido Devido Não é devido TRABALHO Não há Não há Não há TEMPO DE SERVIÇO E FGTS Não conta e não depo- sita Conta e deposita Conta e deposita Importante! Art. 320, § 3o, da CLT: Não serão descontadas, no decurso de 9 (nove) dias, as faltas verificadas por motivo de gala ou de luto em consequência de falecimento do cônjuge, do pai ou mãe, ou de filho. Para os demais empregados, dois dias no caso de falecimento e três dias na hipótese de casamento. 8. Jornada de Trabalho 8.1. Jornada Conforme previsão no art. 58 da CLT, a jornada normal dos empregados é oito horas diárias e 44 horas semanais, sendo possível uma variação de cinco minutos para mais ou para menos no início e no término da jornada. Importante! Súm. no 366 do TST: Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordi- nária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, ob- servado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será consi- derada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 17 tempo à disposição do empregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo em- pregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal etc.). Súm. nº 449 do TST: A partir da vigência da Lei no 10.243, de 19.06.2001, que acrescen- tou o § 1o ao art. 58 da CLT, não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedem e sucedem a jornada de traba- lho para fins de apuração das horas extras. Depois da reforma trabalhista, conforme previsão do § 2o do art. 58 da CLT, não conta mais tempo de serviço o período de deslocamento do empregado da sua casa até a empresa. Cuidado! Com a reforma trabalhista, a Súm. no 90 do TST perdeu a sua eficácia. 8.2. Tempo a disposição Conforme previsão do art. 4o da CLT, conta como tempo de serviço sempre que o empregado estiver efetivamente trabalhando ou aguardando ordens. No período em que o empregado fica dentro da empresa, mas realizando atividades particulares e facultativas, não conta como tempo de serviço. Ex.: estudando, aguardando uma carona para ir para casa, atividades religiosas. 8.3. Empregado em regime de tempo especial Empregado em regime de tempo parcial (art. 58-A da CLT) também pode chamado de “meio turno”, e é dividido em dois tipos: • com jornada de 27 a 30 horas semanais: sem a possibilidade de fazer hora extra; • com jornada de até 26 horas semanais: com a possibilidade de fazer seis horas extras por semana. O salário do empregado poderá ser proporcional à sua jornada. 8.4. Empregado em turno ininterrupto de revezamento O empregado em turno ininterrupto de revezamento é aquele que trabalha em turnos que se alter- nam com determinada frequência. Por exemplo, todos os meses há troca de turno de trabalho. Diante do desgaste decorrente dessa troca de turno de trabalho, que afeta seu sono, ele terá sua jornada reduzida de oito para seis horas diárias. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 18 Constituição Federal Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à me- lhoria de sua condição social: (...) XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de reveza- mento, salvo negociação coletiva; (...) OJ no 275 da SDI-1 do TST: Inexistindo instrumento coletivo fixando jornada diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao respectivo adicional. Súm. no 423 do TST: Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras. OJ no 420 da SDI-1 do TST: É inválido o instrumento normativo que, regularizando situa- ções pretéritas, estabelece jornada de oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento. 8.5. Horas extras, Banco de Horas e Compensação de Jornada 8.5.1. Das horas extras Sempre que o empregado trabalhar mais do que a sua jornada prevista terá direito ao recebimento da hora extra, com adicional de, no mínimo, 50%, conforme previsão do art. 59 da CLT. Caso as horas extras sejam realizadas no descanso semanal remunerado ou no feriado, o adicional de horas extras será de 100%, conforme previsão da Súmula no 146 do TST, exceto para empregado que trabalha em regime 12x36, que receberá o pagamento normal, ou seja, sem o referido adicional. 8.5.2. Do banco de horas O banco de horas ocorre por meio de uma negociação, em que o empregado realiza as horas extras e elas “vão para um banco”. Quando for viável ao empregador, ele “retira” essas horas do banco e dá em folga ao empregado. Se o banco for negociado com o empregado, a folga deve ocorrer no prazo de até seis meses; já se a negociação for com o sindicato, a folga pode ocorrer em até 12 meses. *Para todos verem: quadro. BANCO DE HORAS Sindicato (§ 2o art. 59 da CLT) 12 meses BANCO DE HORAS Acordo individual (§ 5o art. 59 da CLT) 6 meses 8.5.3. Da compensação de jornada A compensação de jornada difere do banco de horas, pois nela já existe um acordo de quando 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 19 ocorrerá a folga, ou seja, o empregado faz horas extras em um dia já sabendo quando ocorrerá a devida compensação (§ 6o do art. 59 da CLT). Ex.: o empregado trabalha de segunda a sexta-feira, 8h e 48min., havendo a compensação de não trabalhar aos sábados. Cuidado! Quando ocorrer acordo de compensação nulo, verificar a aplicação do art. 59-B da CLT. Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclu- sive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. 8.5.3.1. Jornada 12 x 36 O trabalho em turnos de 12 x 36 horas é um dos exemplos de acordo de compensação de jornada visto anteriormente, em que o empregado trabalha 12 horas em um dia, compensando com um descanso de 36 horas. Tem previsão específica no art. 59-A da CLT e devem ser observados os seguintes detalhes: • tem direito a hora noturna, mas não tem direito a prorrogação da hora noturna; • tem direito a intervalo de uma hora, mas este pode ser indenizado; • não tem direito ao adicional quando trabalha nos feriados; • pode ser estipulado por acordo individual.Cuidado! Não se aplica mais a Súm. no 444 do TST e a OJ no 388 da SDI-1 do TST, visto prevalecer o disposto no art. 59-A da CLT. 8.6. Hora noturna *Para todos verem: quadro. JORNADA TRABALHADOR URBANO TRABALHADOR RURAL NA LAVOURA TRABALHADOR RURAL NA PECUÁRIA Noturna Entre 22h e 5h Entre 21h e 5h Entre 20h e 4h 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 20 8.6.1. Hora noturna urbana O empregado urbano que trabalhar no período noturno (22 ás 05), terá direito a receber um adicional de 20% sobre a sua remuneração, bem como a hora noturna reduzida, como 52 minutos e 30 segundos. CLT Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. § 1o A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. § 2o Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. Súm. no 60 do TST I – O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para to- dos os efeitos. (ex-Súm. no 60 – RA 105/1974, DJ 24.10.1974) II – Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5o, da CLT. (ex- OJ no 6 da SBDI-1 – inserida em 25.11.1996) 8.6.2. Hora noturna rural O trabalhador rural não terá a hora noturna reduzida assim como o urbano, mas em com- pensação o seu adicional é de 25% sobre a sua remuneração. Lei no 5.889/1973 Art. 7o Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as quatro horas do dia seguinte, na atividade pecuária. Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) sobre a remuneração normal. 8.6.3. Hora noturna do advogado Cuidado com a hora noturno do advogado, pois ela é diferente da hora noturno dos demais trabalhadores urbanos, visto que é das 20 horas até às 05:00. Lei no 8.906/1994 Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. (...) § 3o As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 21 8.7. Controle de Jornada Todas as empresas que possuem mais de 20 empregados em seus estabelecimentos têm a obri- gação de possuir controle de jornada (§ 2o do art. 74 da CLT). É permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho (§ 4o do art. 74 da CLT). 8.8. Excluídos da jornada de trabalho Nos termos do art. 62 da CLT, não possuem controle de jornada e, logo, não possuem direito a horas extras os seguintes empregados: • trabalhador externo; • gerentes; • teletrabalhador. 8.9. Sobreaviso e prontidão Sobreaviso e prontidão estão previstos no art. 244 da CLT e ocorrem quando o empregado fica à disposição do empregador após a sua jornada de trabalho, conforme esquema a seguir: *Para todos verem: quadro. SOBREAVISO PRONTIDÃO 1/3 do salário hora 2/3 do salário hora Em casa No trabalho Máximo 24 horas Máximo 12 horas, com uma hora de intervalo caso a empresa não tenha refeitório Súm. n. 428 do TST – SOBREAVISO I – O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao em- pregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso. II – Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plan- tão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso. 8.10. Intervalos 8.10.1. Interjornada Intervalo interjornada é aquele que ocorre entre uma jornada e outra e deve ser de, no mínimo, 11 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 22 horas. CLT Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. OJ no 355 da SDI-1 do TST: O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4o do art. 71 da CLT e na Súmula no 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional. Súm. no 110 do TST: No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional. 8.10.2. Intrajornada O intervalo intrajornada está previsto no art. 71 da CLT e é aquele que ocorre dentro da jornada de trabalho. Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obriga- tória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1o Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2o Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. § 3o O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigên- cias concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. § 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para re- pouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. Cuidado! A Súm. no 437 do TST não tem mais aplicação, visto que se aplica o disposto no § 4º do art. 71 da CLT. *Para todos verem: quadro. JORNADA DE TRABALHO TEMPO DE INTERVALO Até 4 horas diárias Sem intervalo De 4 a 6 horas diárias 15 minutos + de 6 horas diárias Mínimo 1 hora e máximo 2 horas 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 23 8.10.3. DSR O descanso semanal remunerado (DSR) está previsto no art. 67 da CLT: Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperi- osa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização. 8.10.4. Férias As férias são os intervalos anuais a que o trabalhador tem direito e estão previstas nos arts. 130 a 146 da CLT, concedidas da seguinte forma: *Para todos verem: quadro. NÚMERO DE FALTAS INJUSTIFICADAS NÚMERO DE DIAS DE FÉRIAS Até 5 faltas 30 dias De 6 a 14 faltas 24 dias De 15 a 23 faltas 18 dias De 24 a 32 faltas 12 dias CLT Art. 134. As férias serão concedidas por ato do empregador, em um sóperíodo, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. § 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. § 2o (Revogado). § 3o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Art. 135. A concessão das férias será participada, por escrito, ao empregado, com ante- cedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa participação o interessado dará recibo. Art. 136. A época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do empregador. § 1o Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento ou em- presa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço. § 2o O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares. Art. 137. Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração. (...) Art. 143. É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. § 1o O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo. § 2o Tratando-se de férias coletivas, a conversão a que se refere este artigo deverá ser 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 24 objeto de acordo coletivo entre o empregador e o sindicato representativo da respectiva categoria profissional, independendo de requerimento individual a concessão do abono. § 3o (Revogado pela Lei no 13.467/2017) (...) Art. 145. O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período. Parágrafo único. O empregado dará quitação do pagamento, com indicação do início e do termo das férias. 8.10.5. Intervalos especiais Mecanógrafo ou digitador: 10 minutos para cada 90 minutos trabalhados (art. 72 da CLT e Súm. no 346 do TST). Trabalhador em câmaras frias: 20 minutos a cada 1h45 de trabalho contínuo (art. 253 da CLT e Súm. no 438 da CLT). Minas de subsolo: 15 minutos a cada três horas trabalhadas (art. 298 CLT). Amamentação: dois intervalos de 30 minutos até a criança completar 6 meses de idade (art. 396 da CLT). Telefonista: 20 minutos de descanso a cada três horas trabalhadas (arts. 227 a 331 da CLT). 9. Remuneração e Salário 9.1. Conceito Remuneração = salário + gorjetas (art. 457 da CLT). Salário é tudo o que o empregado recebe do empregador, conforme previsto do § 1o do art. 457 da CLT: Art. 457. (...) § 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. Já as verbas de natureza não salarial ou indenizatória estão previstas no § 2o do art. 457 da CLT. Art. 457. (...) (...) § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimen- tação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 25 9.2. Salário in natura O salário, além do pagamento em dinheiro, pode também ser realizado por meio de utilidades for- necidas pelo empregador ao empregado, com exceção de drogas nocivas e bebidas alcoólicas. Para saber se uma utilidade é ou não verba salarial, deve-se observar se ela se encontra no § 2o do art. 458 da CLT, que lista quais utilidades não são consideradas salariais, nesse sentido: Art. 458. (...) (...) § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as se- guintes utilidades concedidas pelo empregador: I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante se- guro-saúde; V – seguros de vida e de acidentes pessoais; VI – previdência privada; VII – (VETADO) VIII – o valor correspondente ao vale-cultura. Caso a utilidade esteja listada no § 2º citado, não será considerada salário utilidade. Se não estiver, deve ser observada a regra do PARA ou PELO trabalho. *Para todos verem: quadro. SE A UTILIDADE FOR PARA O TRABALHO NÃO É SALÁRIO SE A UTILIDADE FOI DADA PELO TRABALHO PRESTADO É SALÁRIO Art. 458. (...) (...) § 5o O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédi- cos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. 9.3. Prazo e forma de pagamento O pagamento do salário dos empregados deve observar algumas regras, ao qual destaca- se o pagamento até o 5 dia útil do mês subsequente e em moeda corrente nacional. CLT Art. 459. O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/2001/Mv581-01.htm 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 26 percentagens e gratificações. § 1o Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. (...) Art. 460. Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquela que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do que for habitualmente pago para serviço seme- lhante. (...) Art. 463. A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do País. Parágrafo único. O pagamento do salário realizado com inobservância deste artigo consi- dera-se como não feito. Art. 464. O pagamento do salário deverá ser efetuado contrarrecibo, assinado pelo em- pregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo. Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em es- tabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho. Art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando efetu- ado por depósito em conta bancária, observado o disposto no artigo anterior. 9.4. Equiparação salarial Equiparação salarial ocorre quando um empregado pretende ganhar o mesmo valor que um colega que (art. 461 da CLT): 1. trabalha para o mesmo empregador; 2. no mesmo estabelecimento; 3. com a mesma função; 4. com a mesma qualidade; 5. não tendo com o colega diferença de tempo na função de dois anos; 6. não tendo com o colega diferença de tempo na função de quatro anos; Não haverá equiparação salarial nas seguinteshipóteses: 1. tiver na empresa Quadro Organizado em Carreira que preveja promoções por mérito ou antiguidade; 2. o empregado paradigma for readaptado por motivo de função. No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme previsão do § 6o do art. 461 da CLT. 9.5. Desconto salarial Nos termos do art. 462 da CLT, somente é permitido o desconto salarial referente a adiantamento salarial, em decorrência de previsão legal (INSS ou vale-transporte) ou por autorização contratual, por meio 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 27 de benefício ao empregado, por exemplo, um plano de saúde, previdência privada ou plano odontológico. Se houver confirmação de que o empregado causou prejuízo ao empregador por culpa (sem inten- ção), será autorizado o desconto se houver previsão contratual, já no caso de prejuízo por dolo, não existe necessidade de previsão contratual. 9.6. Comissões Além do pagamento em dinheiro ou utilidade, também é possível o pagamento do salário dos empregados através das comissões. Importante lembrar que o risco do negócio é algo exclusivo do empregador, logo, havendo inadimplência por parte do cliente, mesmo assim a comissão deve continuar a ser paga pelo empregador. CLT Art. 466. O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se referem. § 1o Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva li- quidação. § 2o A cessação das relações de trabalho não prejudica a percepção das comissões e percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo. 9.7. Adicionais 9.7.1. De horas extras Ver tópico das Horas extras. 9.7.2. De hora noturna Ver tópico das Horas noturnas. 9.7.3. De transferência Ver tópico de Alteração contratual. 9.7.4. De insalubridade O adicional de insalubridade é devido quando o empregado em um ambiente prejudicial à saúde do trabalhador. Para a percepção do adicional, são necessários dois requisitos: 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 28 • Realização de perícia (salvo se houve previsão em lei); • O agente insalubre estiver previsto na NR 15 do MTE; (Não é necessário decorar os agentes insalubres da referida NR) CLT Art. 190. O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalu- bres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único. As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do orga- nismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I – com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II – com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único. Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubri- dade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectiva- mente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salá- rio-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. 9.7.5. Periculosidade O adicional de periculosidade é devido quando o empregado trabalha em um ambiente perigoso. Importante destacar que não é possível acumular o recebimento do adicional de insa- lubridade com o de periculosidade. CLT Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamen- tação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II – roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 1o O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prê- mios ou participações nos lucros da empresa. § 2o O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. § 3o Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventu- almente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. § 4o São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 29 10. Rescisão do Contrato de Trabalho 10.1. Aviso prévio 10.1.1. Conceito Como, em regra, os contratos são por prazo indeterminado, a parte que pretende fazer a sua resci- são deve comunicar a outra com antecedência, por meio do aviso prévio, previsto no art. 487 da CLT. 10.1.2. Redução de jornada Quando o aviso prévio partir do empregador, poderá o funcionar requerer a redução do trabalho em 2 horas diárias ou 7 dias corridos. CLT Art. 488. O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral. Parágrafo único. É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salá- rio integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso l, e por 7 (sete) dias corridos, na hipótese do inciso II do art. 487 desta Consolidação. 10.1.3. Desistência do aviso prévio A parte que comunicar o aviso prévio poderá desistir do mesmo, desde que a outra parte concorde com a desistência. Art. 489. Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. Parágrafo único. Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso prévio não tivesse sido dado. Importante! Em caso de readmissão, conta-se a favor do empregado o período de serviço anterior, encerrado com a saída espontânea (Súm. no 138 do TST). O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito a contribuição para o FGTS (Súm. no 305 do TST). 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 30 É inválida a concessão do aviso prévio na fluência da garantia de emprego, diante da incompatibi- lidade dos dois institutos (Súm. no 348 do TST). A projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão do aviso prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. No caso de concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio, todavia, só se con- cretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o benefício previdenciário (Súm. no 371 do TST). 10.2. Verbas rescisórias Definitivo: todas as rescisões. A) Saldo do salário; B) Férias vencidas. Proporcional: A) Férias proporcionais; B) 13º salário proporcional. Não é devido na justa causa – art. 482 da CLT. Devido pela metadena culpa recíproca – art. 484 da CLT. Indenizatórias: A) Aviso prévio; B) Multa dos 40%; C) Art. 479 e 480 da CLT. Não é devido quando o empregado deu causa a rescisão: • Morte; • Pedido de demissão; • Justa causa – art. 482 da CLT. Devido pela metade: • Culpa recíproca – art. 484 da CLT; • Acordo – art. 484-A da CLT. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 31 10.3. Rescisão dos contratos por prazo determinado 10.3.1. Rescisão antecipada pelo empregador Na rescisão antecipada pelo empregador, temos uma demissão sem justa causa, devendo o aviso prévio ser substituído pela multa do art. 479 da CLT. CLT Art. 479. Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. Parágrafo único. Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito para o cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo indeterminado. 10.3.2. Rescisão antecipada pelo empregado Na rescisão antecipada pelo empregado, temos um pedido de demissão, devendo o aviso prévio ser substituído pela multa do art. 480 da CLT. A multa somente é devida, se o empregador comprovar que teve prejuízo com a saída antecipada do empregado. Art. 480. Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem. § 1o A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado em idênticas condições. 10.4. Rescisão do contrato por prazo indeterminado e determinado 10.4.1. Justa causa A justa causa é a punição mais grave que pode ocorrer, devendo obrigatoriamente o ilícito do em- pregado estar enquadrado em uma das hipóteses do art. 482 da CLT. CLT Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido sus- pensão da execução da pena; 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 32 e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profis- são, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. 10.4.2. Rescisão indireta Quando a empresa comete uma falta grave, é possível que o empregado ajuíze uma ação pedindo a rescisão indireta. Na rescisão indireta, é devido ao empregado, todos os requisitos, inclusive saque do FGTS e seguro-desemprego (se preencher o requisito do prazo). Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida inde- nização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. § 1o O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do ser- viço. § 2o No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho. § 3o Nas hipóteses das letras “d” e “g”, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. 10.4.3. Culpa recíproca A culpa recíproca ocorre quando tanto empregado e empregador cometem falta graves. Art. 484. Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de traba- lho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 33 10.4.4. Acordo de rescisão No acordo de rescisão nenhuma das partes comete uma falta grave, porém ambas possuem inte- resse na rescisão contratual, podendo assim, realizar a rescisão por acordo. Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e em- pregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: I – por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; e b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990; II – na integralidade, as demais verbas trabalhistas. § 1o A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos. § 2o A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o in- gresso no Programa de Seguro-Desemprego. 10.4.5. Fato do príncipe A rescisão por fato do príncipe ocorre quando a empresa fecha por culpa de um ato de um ente federativo. Nesse caso, ao demitir o empregado ele irá receber todas as verbas rescisórias, sendo que as indenizatórias (aviso prévio e multa dos 40%) serão de responsabilidade do ente federativo. Art. 486. No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável. § 1o Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente artigo, o tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público apontada como res- ponsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de 30 (trinta) dias, alegue o que entender devido, passando a figurar no processo como chamada à autoria. § 2o Sempre que a parte interessada, firmada em documento hábil, invocar defesa base- ada na disposição deste artigo e indicar qual o juiz competente, será ouvida a parte con- trária, para, dentro de 3 (três) dias, falar sobre essa alegação. § 3o Verificada qual a autoridade responsável, a Junta de Conciliação ou Juiz dar-se-á por incompetente, remetendo os autos ao Juiz Privativo da Fazenda, perante o qual correrá o feito nos termos previstos no processo comum. 10.4.6. Dispensadiscriminatória Súm. no 443 do TST: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À REINTE- GRAÇÃO – Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27-9-2012 Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 34 grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no em- prego. 10.5. Ato de rescisão do contrato de trabalho O ato de rescisão do contrato de trabalho é quando se formaliza a rescisão, devendo observar algumas regras, como por exemplo o prazo de 10 dias para pagamento das verbas rescisórias. CLT Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos compe- tentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. § 1o (Revogado). § 2o O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao em- pregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. § 3o (Revogado pela Lei no 13.467/2017) § 4o O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: I – em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou II – em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto. § 5o Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado. § 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias conta- dos a partir do término do contrato. § 7o (Revogado). § 8o A inobservância do disposto no § 6o deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. § 9o (Vetado). § 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social é documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde que a comunicação prevista no caput deste artigo tenha sido realizada. 10.6. Dispensa coletiva A dispensa individual nos termos do art. 477-A da CLT é igual a dispensa coletiva, logo os trâmites para rescisão são iguais. Art. 477-A. As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua efetivação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/anterior_98/vep698-89.pdf 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 35 10.7. PDV Qualquer empresa, pode, através de instrumento normativo, estabelecer um Plano de Demissão Voluntária, ao qual, se oferece vantagens para que determinados empregados (critérios definidos pela em- presa) peçam demissão da empresa. Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plú- rima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo dis- posição em contrário estipulada entre as partes. 11. Da Força Maior A Força Maior é um acontecimento inevitável que trouxe prejuízos para empresa, que possibilita a empresa, ter alguns benefícios, como redução de verbas rescisórias, na hipótese de demissão dos seus empregados. CLT Art. 501. Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à von- tade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indireta- mente. § 1o A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior. § 2o À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente, nem for sus- cetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira da empresa não se aplica as restrições desta Lei referentes ao disposto neste Capítulo. Art. 502. Ocorrendo motivo de força maior que determine a extinção da empresa, ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado, é assegurada a este, quando despedido, uma indenização na forma seguinte: I – sendo estável, nos termos dos arts. 477 e 478; II – não tendo direito à estabilidade, metade da que seria devida em caso de rescisão sem justa causa; III – havendo contrato por prazo determinado, aquela a que se refere o art. 479 desta Lei, reduzida igualmente à metade. Art. 503. É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redu- ção geral dos salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respei- tado, em qualquer caso, o salário-mínimo da região. Parágrafo único. Cessados os efeitos decorrentes do motivo de força maior, é garantido o restabelecimento dos salários reduzidos. Art. 504. Comprovada a falsa alegação do motivo de força maior, é garantida a reintegra- ção aos empregados estáveis, e aos não-estáveis o complemento da indenização já per- cebida, assegurado a ambos o pagamento da remuneração atrasada. 1ª Fase | 38° Exame da OAB Direito do Trabalho 36 12. Estabilidade 12.1. Regra geral Os empregados que, em razão do cargo que ocupam (CIPA, representante pessoal e dirigente sin- dical) ou em razão da sua condição física ou de saúde (acidente ou gestante/adotante), têm risco de ser demitidos sem justa causa possuem estabilidade. 12.2. Empregados estáveis 12.2.1. Dirigente sindical O dirigente sindical possui estabilidade no emprego desde o registro da sua candidatura até um ano após o término do mandato, nos termos do art. 8o, VIII, da CF/1988 e do art. 543 da CLT, somente podendo ser demitido por justa causa e por inquérito judicial para apuração de falta grave. Súm. no 369 do TST DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA I – É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5o, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II – O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3o, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III – O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabili- dade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV – Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V – O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicá- vel a regra do § 3o do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. Súm. no 379 do TST DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL. NECES- SIDADE O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, § 3o, da CLT. Importante! OJ no 365 do TST – Membro do Conselho Fiscal não possui estabilidade.
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