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Processo de negociação SST Meyer, Marcel Processo de negociação / Marcel Meyer Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 11 3 Processo de negociação Apresentação Nesta unidade, conheceremos um pouco mais sobre o processo de negociação. Especialmente, se há diferença entre a negociação do nosso quotidiano e uma negociação profissional. Também responderemos a questões como: uma negociação pode se delinear em fases? Que fases são essas? Há uma inter-relação entre elas ou são interdependentes? Qual a diferença entre negociações comerciais e não comerciais, entre instituições e a curto e longo prazo? Que premissas devem ser levadas em conta no encerramento de uma negociação? Vamos lá? Bons estudos! A negociação profissional Na negociação profissional, espera-se realizar bons negócios com usufruto de relações que podem ser vantajosas a todos. Esse tipo de negociação é conhecido como ganha/ganha, em que todas as partes envolvidas saem ganhando (COSTA, 2013). É extremamente importante compreendermos que “[...] o profissional de negociação não trabalha só em situações de compra e venda, mas também em outras, nas quais desempenha o papel de mediador, facilitador, intermediador e consultor” (COSTA, 2013, p. 32). Ainda segundo Costa (2013), no campo da negociação profissional, temos três tipos: as comerciais e não comerciais, entre instituições e a curto e longo prazo. Acompanhe. 4 • Negociações comerciais e não comerciais Geralmente, essas negociações estão relacionadas à compra e venda de algum bem. Negociações comerciais e não comerciais Fonte: Deduca, 2020. No entanto, há outros gêneros além dessas. Veja alguns exemplos: • de paz entre nações; • para a soltura de prisioneiros; • de parcerias entre organizações; • de fusões de organizações; • de divórcios; • entre herdeiros; • entre casais. • Negociações entre instituições Negociações podem envolver duas ou mais instituições, as quais podem ser representadas por pessoas com visões e posicionamentos distintos entre si. 5 Negociações entre instituições Fonte: Deduca, 2020. Dentre esses negociadores, podem estar: • profissionais de compra e venda para tratar das perspectivas comerciais da negociação; • executivos para analisar as vantagens dos negócios diante da estratégia tra- çada, bem como vislumbrar oportunidades de negócio; • advogados para tratar de questões legais, como contratos e condições; • profissionais da área financeira para lidar com assuntos referentes às finan- ças e que envolvem negociação, como desembolsos, financiamentos, avalia- ções de crédito etc.; • profissionais técnicos para validar se o que está sendo negociado atende às necessidades técnicas da organização; • profissionais do setor de recursos humanos para analisar aspectos inerentes a choques culturais entre instituições diferenciadas, quando for o caso de uma fusão entre elas. Além desses profissionais, Costa (2013) considera que podem também se fazer presentes o consultor externo (que avalia a solução sob uma ótica mais especializada) e o financiador (que disponibiliza o capital para viabilizar a negociação). Saiba mais • Negociações a curto e longo prazo 6 Em relações de curto prazo, as empresas tendem a ter custos mais elevados no início. Já quando a relação é a longo prazo, a tendência é que a empresa diminua os custos na medida em que a relação com a outra parte vai amadurecendo. Clientes e fornecedores, nesse caso, aprendem a trabalhar de maneira mais eficiente um com o outro. Negociações a curto e longo prazo devem ser construídas com base em confiança, permitindo maior segurança em negociações futuras. Sugerimos a leitura do artigo Análise dos conflitos e das negociações em um ambiente de jogos de empresas. Nele, Cavalcanti e Sauaia (2006) trazem questões acerca de negociação, conflitos, jogos de empresas e decisões. Vale a leitura! Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/read/article/view/40555. Saiba mais A negociação e suas fases Costa (2013) enxerga a negociação por fases. Observe pela figura a seguir. Fases da negociação Reconhecimento do problema ou da necessidade Preparação Fechamento ou descontinuidade Contato inicial / exploração Construção da solução e gerenciamento de objeções Fonte: Adaptada de Costa (2013, p. 40). 7 Vemos que ela atravessa essa sequência de fases, variando de acordo com a natureza de cada negociação. No entanto, essas fases, em alguns momentos, podem não ser sequenciais, já em outros, podem se inter-relacionar conforme veremos em detalhes a seguir (COSTA, 2013). 1ª fase – Reconhecimento do problema ou da necessidade Essa fase tende a surgir a partir do momento em que as informações ficam disponíveis na mídia. Por exemplo: uma notícia veiculada em um telejornal informando que determinada empresa decide investir um valor em uma nova fábrica nos Estados Unidos. Outra situação que faz surgir esse reconhecimento é por meio de interações pessoais. Por exemplo: um colega conversa com outro sobre a necessidade de sua empresa ter de se expandir para enfrentar a concorrência. É importante que o negociador esteja sempre atento às mudanças que ocorrem no mercado, lançando mão muitas vezes das ferramentas disponíveis na internet. Atenção 2ª fase – Contato inicial/exploração Caracteriza-se pelos contatos iniciais entre as partes envolvidas na negociação, ou seja, o momento em que se identifica e se começa a enxergar o problema ou a oportunidade. Essa fase também traz oportunidades para o negociador criar os perfis das pessoas que estarão inseridas no processo de negociação, além de poder identificar como se dará o processo de tomada de decisão das organizações. Nela, vem à tona a possibilidade de conseguir certos compromissos entre as partes, como, por exemplo, estudar o problema, marcar novas reuniões com demais pessoas envolvidas na negociação, entre outros. 8 3ª fase – Preparação É tida como uma das fases mais importantes da negociação, ou seja, ocorre quando se define a estratégia de negociação além dos objetivos e limites. Por isso, a importância de o negociador ser empático e compreender as necessidades da outra parte. Nessa fase, o negociador deve procurar entender o que se passa com a outra parte, como ela pensa e avalia o valor da solução. É interessante também observar o perfil da outra parte, mapeando os competidores e suas possíveis proposições. Negociador deve se preparar mapeando seus competidores Fonte: Deduca, 2020. 4ª fase – Construção da solução e gerenciamento de objeções Nessa fase, detalham-se as soluções para as necessidades do cliente por parte da empresa vencedora. Ou seja, acontece quando a proposta comercial é criada com base nas premissas da outra parte. Pode acontecer de surgirem dúvidas e necessidade de novos diálogos e até mesmo novas reuniões com a outra parte. Construir soluções é um processo interativo, pois diz respeito à mostra de possíveis soluções para a outra parte. 9 5ª fase – Fechamento ou descontinuidade É hora de apresentar a solução final e gerenciar os argumentos da outra parte. Os negociadores se envolvem nas questões de cunho contratual e o nível de decisão deve se adequar a esse momento. Esse é um estágio determinante, uma vez que a outra parte analisa a solução proposta e, se bem trabalhada, o negociador consegue verbalizar a negociação e, por conseguinte, estabelecer o contrato. Caso a outra parte decida não fechar o negócio temporariamente ou até mesmo desista dele, o negociador irá em busca dos motivos que levaram a outra parte a essa decisão e verificará se há espaço para explorar elementos ainda não colocados à mesa de negociação. O negócio fechado De acordo com Costa (2013), quando se assina um contrato em uma negociação, é chegada a hora da comemoração. Ou seja, é hora de as partes celebrarem o fechamento do negócio, o que contribui para o sucesso do processo de negociação. Negóciofechado Fonte: Deduca, 2020. 10 Assinado o contrato, este deve ser entregue a quem de direito possa garantir que seu objeto se materialize. É essencial que o negociador não se esqueça de que a boa execução do contrato assegura à outra parte sua satisfação com a empresa. Aspectos de aprendizado de uma negociação: • É impossível ganhar sempre. Mesmo os melhores negociadores não têm sucesso em 100% dos casos. • O bom negociador tem a capacidade de aprender com as derrotas e se preparar melhor para as próximas oportunidades. Não pode desanimar e deve sempre seguir em frente. (COSTA, 2013, p. 229) Reflita Com isso, chegamos ao final desta unidade de estudo com a certeza de termos conhecido uma visão geral das negociações que ocorrem no cotidiano e das etapas e fases que as compõem. Fechamento Nesta unidade, tivemos a chance de compreender que, na negociação profissional, espera-se realizar bons negócios com usufruto de relações que podem ser vantajosas a todos, conhecidas como ganha/ganha. Vimos que, no campo da negociação profissional, há três tipos de negociação: as comerciais e não comerciais, entre instituições e a curto e longo prazo. Listamos as fases da negociação: reconhecimento do problema ou da necessidade, contato inicial/exploração, preparação, construção da solução e gerenciamento de objeções e fechamento ou descontinuidade. Compreendemos, ainda, as premissas de cada fase da negociação, as premissas de fechamento de um negócio e os aspectos estruturadores da negociação, observando que é impossível ganhar sempre e que o negociador precisa aprender com suas derrotas e se preparar para próximas oportunidades. 11 Referências COSTA, H. S. G. da. Negociando para o sucesso. Curitiba: InterSaberes, 2013.