Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sumário BIOLOGIA BOTÂNICA E ECOLOGIA ________________________________________ 7 CITOLOGIA E GENÉTICA _______________________________________ 51 EVOLUÇÃO E ZOOLOGIA ______________________________________ 97 FÍSICA CINEMÁTICA ________________________________________________ 125 DINÂMICA __________________________________________________ 143 GEOGRAFIA GEOGRAFIA DO BRASIL ______________________________________ 153 GEOGRAFIA GERAL __________________________________________ 185 HISTÓRIA HISTÓRIA ANTIGA ___________________________________________ 211 HISTÓRIA DO BRASIL ________________________________________ 233 HISTÓRIA MODERNA _________________________________________ 267 MATEMÁTICA ÁLGEBRA I _________________________________________________ 287 ÁLGEBRA II _________________________________________________ 301 ARITMÉTICA I _______________________________________________ 315 ARITMÉTICA II _______________________________________________ 337 GEOMETRIA ________________________________________________ 353 PORTUGUÊS LITERATURA ________________________________________________ 375 GRAMÁTICA ________________________________________________ 385 PRÁTICAS DE ESCRITA _______________________________________ 431 QUÍMICA QUÍMICA ESTRUTURAL _______________________________________ 451 QUÍMICA QUALITATIVA _______________________________________ 487 QUÍMICA QUANTITATIVA ______________________________________ 549 BOTÂNICA E ECOLOGIA Professor Victor Keller 8 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia CAPÍTULO 5 – POPULAÇÕES A dinâmica das populações Para a Ecologia, uma população é o conjunto de seres vivos da mesma espécie que vive em um determinado local. Sendo assim, populações coexistem e formam as comunidades. Neste capítulo, iremos estudar a interação entre as populações e as mudanças que nelas ocorrem a partir dessas interações, ou seja, a dinâmica das populações ao longo do tempo. No estudo da dinâmica de populações, deve-se analisar a estrutura populacional, por exemplo, o número de indivíduos, sua distribuição espacial, idade e tamanho dos indivíduos, proporção entre os sexos, e também a densidade populacional, que diz respeito ao número de indivíduos daquela espécie que vive em uma unidade de área ou volume. A densidade populacional é afetada por quatro fatores: taxa de natalidade (TN), taxa de mortalidade (TM), taxa de imigração (TI) e taxa de emigração (TE). As taxas de natalidade e de imigração aumentam o número de indivíduos e, consequentemente, contribuem com o aumento da densidade. Já as taxas de mortalidade e emigração, diminuem o número de indivíduos e, consequentemente, contribuem para a diminuição da densidade populacional. A partir da relação entre essas taxas, é possível analisar a Taxa de Crescimento (TC) de uma população. Para isso, utilizamos a expressão: TC = (TN + TI) - (TM + TE) Caso o resultado da Taxa de Crescimento seja positivo, diz-se que a população está em crescimento. Caso seja negativo, diz-se que a população está em declínio. Finalmente, caso TC=0, ou seja, a soma entre taxa de imigração e natalidade seja igual à soma entre taxa de emigração e mortalidade, diz-se que a população está em equilíbrio. Fatores que regulam a dinâmica de populações ● Fatores dependentes de densidade populacional: 9 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 5 Quanto maior a quantidade de indivíduos por área, maior o efeito regulador desses fatores. A competição é um exemplo de fator dependente de densidade. Quanto maior a densidade de uma população, maior é a competição entre os indivíduos pelos recursos necessários à sua sobrevivência. Numa situação de alta densidade populacional, mecanismos reguladores tendem a diminuir a densidade. Um exemplo disso ocorre entre insetos quando o alimento fica escasso e a consequência disso é a menor produção de ovos. A predação é outro fator regulador dependente de densidade. Um grande número de indivíduos por área atrai muitos predadores, que, ao se alimentarem, levam à diminuição da densidade populacional de presas. Temos um exemplo da representação gráfica dessa dinâmica populacional no capítulo 4, no tópico sobre predação. Parasitismos e doenças também servem para regular densidade populacional. Alta densidade populacional favorece muito a disseminação de doenças, e o aumento de mortalidade causada por elas proporciona a diminuição da densidade, após certo tempo. ● Fatores independentes de densidade populacional: Correspondem a mudanças de elementos abióticos do ambiente que influenciam no número de indivíduos de uma determinada área. São exemplos as geadas, nevascas, secas prolongadas, chuvas excessivas, avalanches, terremotos, incêndios, inundação, entre outros. Crescimento populacional O crescimento de uma população é regulado por dois fatores que agem antagonicamente: o potencial biótico e a resistência ambiental. ● Potencial biótico É a capacidade potencial de uma população de aumentar numericamente em condições ambientais favoráveis. Inclui-se aqui a capacidade de reprodução, habilidade de ocupar novos hábitats (migração), capacidade de se defender de predadores e de doenças. Ou seja, o potencial biótico faz com que a população tenda a crescer. ● Resistência ambiental É a combinação de fatores bióticos e abióticos que tendem a limitar o crescimento 10 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia da população. Exemplos são a escassez de alimento, de água, de espaço, as doenças e as interações desarmônicas (como a competição, parasitismo, predação). Observe o gráfico abaixo que apresenta a curva de potencial biótico e a resistência do meio (ou ambiental). Como resultado, temos a curva de crescimento real de uma população. http://questoesbiologicas.blogspot.com.br/2015/11/bi ologia-uesb.html Gráfico do crescimento populacional. Note que no início da curva a população se multiplica rapidamente até atingir o ponto de velocidade máxima do crescimento. No entanto, a medida que o crescimento continua, a taxa de crescimento sofre desaceleração, aumentando mais lentamente. Isso ocorre a medida que a curva se aproxima da capacidade de suporte do ambiente, que seria o número máximo de indivíduos que o ambiente suporta. Por isso, ao atingir essa capacidade de suporte, o crescimento tende a se manter constante. Dizemos que essa é uma curva em S, ou sigmoide. É importante perceber que as populações enfrentam fatores que perturbam o crescimento, causando leves flutuações ao longo dos anos, o que faz com que na verdade o crescimento não seja linear. A representação da curva em S representa um padrão de crescimento da população. Caso a resistência do ambiente seja retirada, como numa situação artificial de laboratório, em que não há predadores, as condições climáticas são ideais e a disponibilidade de alimento é praticamente ilimitada, a curva de crescimento populacional se assemelha a um J. Contudo, o crescimento da população encontra a resistência ambiental eventualmente, pois, mesmo em uma situação de laboratório ocorrem limitações, como de espaço, por exemplo. É possível que populações com crescimento de curva em J declinem rapidamente após atingir o ápice. Por exemplo, uma população de ratos que não tem predadores no ambiente em que estão, cresce rapidamente numa explosão populacional. Porém, ao esgotar o alimento devido o http://questoesbiologicas.blogspot.com.br/2015/11/biologia-uesb.html http://questoesbiologicas.blogspot.com.br/2015/11/biologia-uesb.html 11 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 5 consumo elevado, ocorre a morte por falta de alimento e o número populacional decai drasticamente, podendo chegar à extinção. Adaptado de: http://biolilian.blogspot.com.br/2016/06/Gráfico com curva de crescimento populacional em J e rápido decaimento da população. LISTA DE EXERCÍCIOS 5 1. (Fuvest) Em 1910, cerca de 50 indivíduos de uma espécie de mamíferos foram introduzidos numa determinada região. O gráfico abaixo mostra quantos indivíduos dessa população foram registrados a cada ano, desde 1910 até 1950. Fonte: BSCS Biology – An ecological approach. Kendal/Hunt Pub.Co, 5th ed., 2006. Adaptado. Esse gráfico mostra que, a) desde 1910 até 1940, a taxa de natalidade superou a de mortalidade em todos os anos. b) a partir de 1938, a queda do número de indivíduos foi devida à emigração. c) no período de 1920 a 1930, o número de nascimentos mais o de imigrantes foi equivalente ao número de mortes mais o de emigrantes. d) no período de 1935 a 1940, o número de nascimentos mais o de imigrantes superou o número de mortes mais o de emigrantes. http://biolilian.blogspot.com.br/2016/06/ 12 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia e) no período de 1910 a 1950, o número de nascimentos mais o de imigrantes superou o número de mortes mais o de emigrantes. 2. (UFPE) O crescimento de uma população é ilustrado no gráfico abaixo. Em relação a este assunto, indique as proposições verdadeiras. ( ) O crescimento da população em A é menor do que em B; no segmento A, o número inicial de organismos capazes de se reproduzir é pequeno. ( ) O segmento B mostra que a população adquire maior velocidade de crescimento; fala-se em crescimento exponencial. ( ) No segmento C, a população se aproxima dos limites impostos pelo ambiente. ( ) No segmento D da curva, evidencia-se que ocorrem pequenas oscilações em torno da situação de equilíbrio. ( ) Em E, seta indicativa, ilustra-se o crescimento esperado, caso não existisse resistência ambiental. 3. (UEL-PR) Sobre uma população ecológica em declínio, é correto afirmar que: a) Ou a taxa de mortalidade ou a de emigração, ou ambas, devem estar suplantando a soma das taxas de natalidade e de imigração. b) Ou a taxa de natalidade ou a de imigração devem estar suplantando a soma das taxas de mortalidade e de emigração. c) A soma das taxas de natalidade e imigração deve estar suplantando a soma das taxas de mortalidade e de emigração. d) O declínio é resultado de uma emigração menor. e) As taxas de emigração e imigração não influenciam o tamanho populacional. 4. (UPF) “Nas últimas décadas, a sociedade parece ter finalmente despertado para os problemas ambientais causados pelo grande aumento na exploração de recursos naturais pela humanidade. Estamos tomando consciência de que é preciso fazer algo para evitar a degradação completa do ambiente 13 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 5 em nosso planeta. Nesse contexto, os conhecimentos básicos de Ecologia são fundamentais para tentarmos reverter alguns dos graves problemas que nós mesmos provocamos”. (AMABIS; MARTHO, 2010) Associe os termos de ecologia apresentados na coluna 1 aos seus respectivos conceitos apresentados na coluna 2. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: a) 1 – 2 – 5 – 3 – 4 – 6. b) 6 – 2 – 1 – 5 – 4 – 3. c) 5 – 4 – 1 – 6 – 3 – 2. d) 3 – 5 – 6 – 1 – 2 – 4. e) 6 – 4 – 5 – 1 – 3 – 2. 5. (UFRJ) Em um ecossistema lacustre habitado por vários peixes de pequeno porte, foi introduzido um determinado peixe carnívoro. A presença desse predador provocou variação das populações de seres vivos ali existentes, conforme mostra o gráfico ao lado. A curva que indica a tendência da variação da população de fitoplâncton nesse lago, após a introdução do peixe carnívoro, é a identificada por: (A) W (B) X 14 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia (C) Y (D) Z 6. (UFPB) A estrutura das populações não é estática e mudanças bióticas e abióticas podem levar a um aumento ou diminuição dos componentes dessas populações ao longo do tempo. A análise dessas variações pode ser observada pelo estudo da dinâmica das populações, como mostra o gráfico a seguir:. Analisando o gráfico a partir da literatura sobre o tema abordado, é correto afirmar que a população: a) cresce independente da competição entre os indivíduos. b) não apresenta, no ponto B, os efeitos da idade dos indivíduos. c) cresce pouco até o ponto A, devido à elevada idade dos indivíduos. d) não sofre os efeitos da mortalidade dos seus representantes. e) tende, ao longo do tempo, ao equilíbrio, devido à capacidade de suporte do ambiente. 7. (FUVEST) Considere as seguintes curvas de crescimento das populações de duas espécies A e B, sabendo que A foi introduzida na ilha X e B na ilha Y. Analisando as curvas, discuta o que pode explicar as semelhanças e diferenças no desenvolvimento das duas populações. 15 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 5 8. (UNESP) Leia atentamente os três textos e analise o gráfico. I. Pela primeira vez na história, os empresários deparam-se com limites reais de crescimento econômico e de consumo, impostos por questões relacionadas à natureza. Todo produto que chega ao consumidor, seja um carro, um tênis ou uma xícara de café, tem origem na extração ou colheita de bens da natureza. Esses bens, a água, as terras cultiváveis, as florestas, são finitos. (Veja, 09.06.2010. Adaptado.) II. A população mundial era de cerca de 250 milhões de habitantes no ano 1 da era cristã. Em 1999, chegou a 6 bilhões, e poderá alcançar 9 bilhões em 2050. Alguns autores consideram que a racionalidade humana e os avanços tecnológicos são capazes de resolver os problemas ambientais em uma situação de crescimento populacional. Afirmam que as taxas de mortalidade vão continuar caindo, o bem-estar vai continuar aumentando e que o crescimento populacional contribui para o desenvolvimento humano a longo prazo. (opensadorselvagem.org. Adaptado.) III. Alguns autores consideram que a espécie humana expandiu-se a tal ponto que ameaça a existência dos outros seres. Tornou-se uma praga que destrói e ameaça o equilíbrio do planeta. E a Terra reagiu. O processo de eliminação da humanidade já está em curso e vai se dar pela combinação do agravamento do efeito estufa com desastres climáticos e a escassez de recursos. “Bilhões de nós morrerão e os poucos casais férteis de pessoas que sobreviverão estarão no Ártico, onde o clima continuará tolerável”, afirmam. (opensadorselvagem.org. Adaptado.) 9. (UEL) Os seres humanos modificam o ambiente para uso dos recursos naturais, criando impactos sobre os ecossistemas. O gráfico a seguir mostra um exemplo hipotético da interferência humana sobre a 16 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia fauna local em um determinado rio com nascente na floresta nativa. a) Com base no gráfico, explique as variações das populações A e B. b) No contexto do exemplo dado na questão, esquematize uma cadeia alimentar em um ambiente aquático de uma floresta nativa. BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 6 CAPÍTULO 6 – COMUNIDADES Sucessão ecológica Como já definimos no primeiro capítulo, uma comunidade é composta por diversas populações, e diversas comunidades em conjunto com o ambiente formam um ecossistema. Ou seja, as comunidades são unidades vivas dentro do ecossistema, e passam por modificações ao longo do tempo, tornando-se mais maduras. A essas modificações de uma comunidade, que vão de estágios iniciais de seu estabelecimento até estágios mais avançados e permanentes, damos o nome de sucessão ecológica. A sucessão tem início no povoamento, um estágio chamado acese, compostos por populações animas e vegetais pioneiras de povoamento. Ao mesmo tempo em que tais populações são influenciadas pelo ambienteno qual estão, elas também atuam sobre esse ambiente, provocando alterações as quais podem gerar condições favoráveis à instalação de novas espécies na comunidade, porém, desfavoráveis à manutenção de espécies que já estão lá. A essas sequências de comunidades que vão se instalando, damos o nome de séries ou seres. Dessa forma, ocorrem mudanças nas comunidades, sendo os estágios pioneiros seguidos por séries de comunidades mais maduras até que se torne estável, estabelecendo então a comunidade clímax, que apresenta grande diversidade de espécies. Quando a sucessão se inicia numa área estéril, onde as condições são inicialmente desfavoráveis, ocorre uma sucessão primária. Mas é possível que a sucessão se inicie num local onde já há condições minimamente favoráveis, pois já havia vida no local (como um campo abandonado ou área incendiada), o que faz com que os estágios sejam mais curtos e a estabilidade seja atingida mais rápido. A esse tipo de sucessão damos o nome de sucessão secundária. Um exemplo de sucessão primária pode ser observada numa grande rocha nua. A sua superfície é muito desfavorável a diversas espécies de plantas, pois a água das chuvas escorre ou evapora com facilidade. Os organismos pioneiros que resistem a essa condição são os liquens, que são associações de algas com fungos, capazes de sobreviver em locais inóspitos. Eles desagregam a superfície da rocha pela eliminação de ácidos orgânicos, formando uma fina camada de solo. Então, estabelecem-se pequenas plantas terrestres, como musgos e gramas, e é possível observar um tapete verde sobre a rocha. Em alguns locais dessa grande rocha acumula maior quantidade de terra, que permite enraizamento de plantas maiores, podendo se estabelecer arbustos e árvores com o tempo. http://www.cienciasnatureza.com/2013/01/lique n-indicador-da-qualidade-do-ar.html http://www.cienciasnatureza.com/2013/01/liquen-indicador-da-qualidade-do-ar.html http://www.cienciasnatureza.com/2013/01/liquen-indicador-da-qualidade-do-ar.html 18 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia Liquens sobre pedra. Ao longo da sucessão ecológica é possível observar tendências. A composição de espécies muda rapidamente no início, depois muda mais lentamente. O tamanho dos indivíduos tende a aumentar com o passar do tempo, assim como vimos no nosso exemplo da rocha nua, em que liquens, musgos e gramas davam lugar a arbustos e árvores. A diversidade de espécies também aumenta e atinge seu maior número na comunidade clímax. A biomassa total aumenta, e, consequentemente, a produtividade primária bruta também, até se estabilizar no clímax. A taxa de respiração da comunidade aumenta, e a razão de fotossíntese/respiração (F/R) que no início é de F > R passa para F = R. Como no início da sucessão há predomínio de produtores, a produtividade líquida é alta no início, mas conforme caminha para o clímax, vão se instalando mais consumidores, o que eleva o consumo e faz com que a produtividade líquida diminua e seja quase nula no clímax. Devido ao aumento da diversidade de espécies, as teias tróficas vão se complexificando, ficando mais elaboradas. Acredita-se que a estabilidade das comunidades clímax deve-se principalmente à sua alta diversidade de espécies. Quanto mais espécies houver numa comunidade, maiores serão as relações existentes nesse ecossistema, mais nichos existirão, e consequentemente, mais difícil será para uma mudança afetar negativamente o ecossistema como um todo. Imagine um lago com muitas espécies de peixes herbívoros, cada uma adaptada a se alimentar de um tipo de alga. Caso ocorra alguma mudança com a composição de algas do lago, apenas alguns peixes irão sentir a mudança, não todos eles, o que permite manter o lago sem modificações significativas de populações de peixes. Espécies invasoras Um modo de desequilibrar ecossistemas é pela introdução de espécies num determinado local ao qual não pertencem. Essas espécies invasoras são espécies exóticas que causam prejuízo a espécies já presentes no habitat no qual foram inseridas. Isso ocorre pois, como elas não pertencem ao local, precisam estabelecer relações e interagir com as demais espécies nativas e com o ambiente para conseguir sobreviver, e acabam desequilibrando as relações já existentes. As consequências da introdução de uma espécie exótica em um ecossistema são difíceis de prever: além de ocupar o espaço anteriormente ocupado pelas populações presentes naquela dada área, espécies invasoras podem alterar a dinâmica de uma comunidade de forma irreversível. A nova espécie pode, por exemplo, ser muito mais eficiente do que as espécies nativas na utilização dos recursos daquele ambiente, competindo com as espécies nativas, cuja abundância diminuirá. A espécie exótica pode, ainda, não ter predadores naturais no novo ambiente, o que acelera muito seu crescimento 19 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 6 populacional, afetando a dinâmica de populações do local. Tanto a competição com espécies nativas quanto o crescimento populacional acelerado da população da espécie invasora caracterizam um desequilíbrio ecológico. A introdução de espécies exóticas pode ser feita pelo homem, acidentalmente ou intencionalmente. Abaixo temos dois casos de espécies invasoras levadas pelo homem. Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) http://mikamienvironmentalblog.blogspot.com.br/2014 /08/biodiversity-biodiversidade-215.html Mexilhões-dourados. O mexilhão-dourado é um pequeno bivalve de água doce com cerca de 4cm, originário do sul da Ásia. Em 1991 foi feito o primeiro registro de sua presença na América do Sul, na foz do rio da Prata. Acredita-se que o molusco tenha chegado à América do Sul por meio das rotas de transporte marítimo: quando um navio de carga sai descarregado do porto, enchem-no com água para que possa viajar com estabilidade, sem o risco de virar. Ao chegar ao seu porto de destino, essa água é despejada para que o navio suporte a carga sem afundar. Junto com essa água são liberados no ambiente milhares de organismos aquáticos – entre eles, o mexilhão-dourado. O mexilhão não tem predadores na América do Sul, o que permite que ele se reproduza e aumente em número rapidamente. Além disso, os mexilhões são filtradores, e como sua população cresce bastante, sobra pouco alimento para outras espécies filtradoras. Além dos problemas ambientais, o mexilhão causa problemas econômicos. Possuem estruturas que permitem a eles se fixar em praticamente qualquer substrato, como tubulações. Em 2001 populações dessa espécie invadiram tubulações da usina de Itaipu, trazendo prejuízos. Em Porto Alegre (RS) esses bivalves ocorrem incrustrados nas tubulações de captação de água do Rio Guaíba, prejudicando a vazão da água. Para solucionar o problema, mergulhadores fazem de dois e dois meses a limpeza dos canos, removendo os animais. Coelhos na Austrália 20 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=20820 Coelho da Austrália. Em 1859, o caçador Thomas Austin levou 24 coelhos europeus selvagens da Inglaterra para sua fazenda na Austrália, por querer divertir-se caçando “algo familiar”. Cruzou-os com coelhos domésticos e manteve os bichos em um curral. No entanto, vários exemplares fugiram, multiplicaram-se pela ilha e viraram uma praga. Em 1865 20.000 coelhos foram abatidos na fazenda de Austin. Por volta de 1900, algumas centenas de milhões de coelhos já se espalhavam por toda a ilha. Bastante resistentes, os coelhos já extinguiram pastos inteiros na Austrália, gerando perdas imensas aos agricultores. Na década de 50 o governo australiano tentou um controle biológico com os coelhos, por meio da introdução de umvírus letal a eles. Após um determinado tempo, os coelhos tornaram-se resistentes ao vírus, e este, menos letal aos coelhos. Hoje, os coelhos somam aproximadamente 300 milhões de indivíduos. LISTA DE EXERCÍCIOS 6 1. (ENEM) Uma pesquisadora deseja reflorestar uma área de mata ciliar quase que totalmente desmatada. Essa formação vegetal é um tipo de floresta muito comum nas margens de rios dos cerrados no Brasil central e, em seu clímax, possui vegetação arbórea perene e apresenta dossel fechado, com pouca incidência luminosa no solo e nas plântulas. Sabe-se que a incidência de luz, a disponibilidade de nutrientes e a umidade do solo são os principais fatores do meio ambiente físico que influenciam no desenvolvimento da planta. Para testar unicamente os efeitos da variação de luz, a pesquisadora analisou, em casas de vegetação com condições controladas, o desenvolvimento de plantas de 10 espécies nativas da região desmatada sob quatro condições de luminosidade: uma sob sol pleno e as demais em diferentes níveis de sombreamento. Para cada tratamento experimental, a pesquisadora relatou se o desenvolvimento da planta foi bom, razoável ou ruim, de acordo com critérios específicos. Os resultados obtidos foram os seguintes: a) a espécie 8 é mais indicada que a 1, uma vez que aquela possui melhor adaptação a regiões com maior incidência de luz. b) recomenda-se a utilização de espécies pioneiras, isto é, aquelas que suportam alta incidência de luz, como as espécies 2, 3 e 5. c) sugere-se o uso de espécies exóticas, pois somente essas podem suportar a alta http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=20820 21 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 6 incidência luminosa característica de regiões desmatadas. d) espécies de comunidade clímax, como as 4 e 7, são as mais indicadas, uma vez que possuem boa capacidade de aclimatação a diferentes ambientes. e) é recomendado o uso de espécies com melhor desenvolvimento à sombra, como as plantas das espécies 4, 6, 7, 9 e 10, pois essa floresta, mesmo no estágio de degradação referido, possui dossel fechado, o que impede a entrada de luz. 2. (PUC-RJ) Os pássaros a seguir são de espécies diferentes e coexistem na mesma floresta. Cada um deles se alimenta de insetos de espécies diversas que vivem em diferentes locais da mesma árvore. Isto é possível porque: a) apresentam protocooperação. b) competem entre si. c) ocupam nichos ecológicos diferentes. d) ocupam diferentes habitats. e) apresentam parasitismo. 3. (Ufpb 2012) Com o passar dos anos, observa-se que os diferentes ambientes sofrem modificações, ocasionadas tanto por fenômenos naturais como pela interferência humana. A esse processo denomina-se sucessão ecológica. A figura a seguir representa o esquema de uma sucessão ecológica: Com base na figura e nos conhecimentos acerca desse processo, é correto afirmar: a) A comunidade que se estabelece, ao final da sucessão ecológica, é a mais estável possível. b) As espécies que iniciam o processo de sucessão ecológica são denominadas espécies clímax. c) A diversidade de espécies da comunidade que se estabelece é mantida. d) As relações ecológicas entre as espécies que se estabelecem diminuem. e) As mudanças que ocorrem na população não alteram o ambiente. 4. (UFGO) Leia o texto a seguir: “Achantina fulica é conhecida como caramujo gigante africano e está inserida na lista da União para a Conservação da Natureza como uma das cem piores espécies do planeta devido ao alto poder invasor. Esse molusco foi introduzido no Brasil há cerca de vinte anos como opção para criação de escargot. Atualmente, está presente em 15 estados, nos quais já causou danos para o ambiente e para a agricultura. Esses fatos estão estimulando a discussão pelo Ministério da Agricultura de como controlar e erradicar a A. fulica.” IBAMA. Ofício n. 006/03, 17 de jan. de 2003. [Adaptado]. De acordo com o texto, atualmente, a curva de crescimento populacional de Achantina fulica é: 22 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia a) b) c) d) e) 5. (UFJF) Recifes de corais são conhecidos por sua beleza e grande diversidade. O Programa de Recifes Artificiais de Corais do Paraná instalou estruturas pré-fabricadas de concreto na região costeira do Estado. O objetivo é atrair peixes e organismos marinhos, criando ecossistemas artificiais semelhantes aos substratos rochosos, beneficiando as atividades de mergulho, pesca esportiva e profissional, contribuindo para a conservação da biodiversidade e dos recursos pesqueiros através da criação de áreas de proteção. Esse projeto tem sua sustentação teórica no processo de sucessão ecológica. a) Considerando apenas a absorção de gás de efeito estufa, qual período (ano) da sucessão seria mais benéfico ao ecossistema? Justifique. b) Qual a diferença entre as sucessões ecológicas que ocorrem nos recifes artificiais e o que ocorre na boca de quem fica sem escovar os dentes por alguns dias? 6. (UFRJ) A tabela a seguir apresenta as composições relativas dos hábitos alimentares de quatro espécies A, B, C e D. Duas das quatro espécies apresentadas na tabela não vivem em simpatria, ou seja, não ocupam a mesma área geográfica; diversas tentativas de introduzir uma dessas duas espécies na área ocupada pela outra fracassaram. Identifique as duas espécies que não vivem em simpatria. Justifique sua resposta. 7. (UFJF) Com a oportunidade de colocar em prática a nova lei do código florestal brasileiro (lei 12.631/12) e estabelecer estratégias para a recuperação de áreas degradadas, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) está formulando o Plano Nacional para a Restauração da Vegetação Nativa no Brasil. Esse plano tem o objetivo de articular, integrar e promover 23 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 6 programas e ações indutoras da restauração de paisagens florestais em larga escala. Segundo dados do MMA, estima-se que o Brasil possui um déficit de 43 milhões de hectares de áreas de preservação permanente e 42 milhões de hectares de reserva florestal legal. Apenas na Mata Atlântica, há 15 milhões de hectares passíveis de restauração florestal. Fundação SOS Mata Atlântica. Política Nacional para Restauração Florestal: estratégias e perspectivas. 06 mai. 2014. Disponível em: . Acesso em: 12 ago. 2014. O texto mostra a preocupação com a restauração ecológica de áreas degradadas ou utilizadas para fins agrícolas e agropecuários. Com base no texto e em atualidades sobre desequilíbrio ambiental, responda ao que se pede. a) Uma das formas mais baratas de se restaurar uma floresta é por meio da regeneração natural. Isso ocorre, por exemplo, em pastagens bovinas abandonadas (“capoeiras”). Nesse caso, qual tipo de sucessão ecológica ocorrerá? b) Ao longo da sucessão ecológica de uma floresta pluvial tropical, restaurada rumo ao clímax, discuta o que ocorre com os seguintes fatores: b.1) Número de nichos ecológicos disponíveis b.2) Homeostase da comunidade c) Explique como o aumento de áreas de floresta nativa pode contribuir para reduzir o efeito estufa 8. (UFRJ) “O Rio Amazonas está sendo ameaçado por um inimigo minúsculo: um pequeno mexilhão invasor originário da China. Desde que chegou à América do Sul, no princípio da década de 1990, o mexilhão- dourado conquistou novos territórios em uma velocidade alarmante, abrindo caminho entre a flora e a fauna nativa e se espalhando por cinco países.” oglobo.com, 06/02/2015. Espécies invasoras são uma grande preocupação nos dias de hoje: proliferam rapidamente quando introduzidas em novos ambientes, através de meios de transporte cada vez mais eficientes. Apresente uma importante consequência ambiental negativa da introdução de espécies invasoras, para as populações locais. Em seguida, cite dois fatoresbióticos que podem explicar a facilidade com que esses animais se multiplicam em um novo habitat. 24 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia CAPÍTULO 7 – BIOMAS BRASILEIROS O que é um bioma? A distribuição da vida na biosfera não é homogênea, pois depende de condições como luz, água e temperatura, e a distribuição desses fatores varia dependendo da região do planeta. Essa variação, tanto de fatores bióticos quanto abióticos, faz com que se formem paisagens com espaço delimitado que abrigam vida, o que os ecólogos chamam de biomas. Muitas vezes, o termo é utilizado apenas para ecossistemas terrestres, mas é possível encontrar definições de biomas aquáticos também. Neste capítulo, iremos estudar especificamente os biomas brasileiros. Entretanto, muitos biomas brasileiros são parecidos com outros biomas do mundo, pois a disposição dos continentes numa mesma latitude faz com que as condições ambientais se assemelhem. Por exemplo, a Floresta Tropical existe na América do Sul, regiões da África e da Ásia, como você pode observar no mapa abaixo. Iremos fazer breves contrapontos dos biomas brasileiros com esses grandes biomas mundiais. Fatores que influenciam os biomas A combinação de regime de chuvas e temperatura são fatores determinantes para o estabelecimento dos biomas ao redor do mundo. Isso ocorre devido à latitude em que o bioma se encontra. Observe o diagrama abaixo que mostra essa relação. Note que para uma mesma faixa de temperatura, por exemplo, dos 30ºC aos 20ºC, que ocorre na região tropical do planeta, é possível encontrar três biomas: Floresta Pluvial Tropical, Floresta Sazonal Tropical/Savana e Deserto Subtropical, dependendo do regime de chuvas. Diagrama de Whittaker. 25 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 Distribuição dos biomas terrestres 26 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia A altitude também influencia os biomas, ou seja, dependendo da altura da região, as características dos biomas mudam. Isso ocorre porque, a cada 200m de altitude, a temperatura cai 1ºC em média e o regime de chuvas também se altera. Sendo assim, uma montanha pode apresentar diversos biomas. Por isso, biomas encontrados em altitudes muito altas se assemelham a biomas dos polos, por exemplo. Note as comparações estabelecidas pelas linhas pontilhadas na figura abaixo entre biomas de uma montanha e biomas do equador ao pólo. Esquema mostrando influência da altitude nos biomas. Biomas brasileiros 27 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 • Amazônia A Floresta Amazônica se localiza no Norte do país e ocupa cerca de 40% da superfície nacional. O relevo é constituído por depressões entre planaltos, com vastas planícies. O clima da região é predominantemente equatorial úmido, com temperatura e pluviosidade elevadas o ano todo, o que levou a formação de uma grande rede hidrográfica neste bioma. Ele pode ser incluído no grande bioma de Floresta Tropical, se procurarmos correspondência de sua localização e características nos biomas do planeta. De maneira geral, é composta por uma mata muito densa, higrófila (com vegetação adaptada a umidade excessiva) e distribuída em estratos arbóreos de alturas diferentes, com árvores alcançando 40m de altura, além de muitas epífitas e trepadeiras tentando alcançar os raios de sol. É um ecossistema com uma das maiores biodiversidades do mundo, dado seu grande número de hábitats e nichos. É classificada como uma floresta em estágio clímax de sucessão ecológica. Floresta Amazônica. Harpia, também conhecida como gavião real, ave que vive na Floresta Amazônica. Tem aproximadamente 2,5m de envergadura. O solo da Floresta Amazônica é pobre em nutrientes, pois a maior parte dos compostos minerais está incorporada aos organismos da floresta. Isso ocorre pois, ao caírem restos vegetais no solo, como galhos, folhas, frutos, eles são decompostos rapidamente por bactérias e fungos e absorvidos pelas raízes das árvores mais próximas. Quando chove, a densa vegetação amortece a queda das gotas de chuva, o que impede que ela lave o solo e retire os sais minerais (processo de lixiviação). 28 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia Isso significa que o desmatamento da floresta causa empobrecimento do solo, justamente por deixar o solo nu e suscetível à lixiviação. O bioma amazônico enfrenta problemas de desmatamento para instalação de plantações, pecuária, assentamentos urbanos, obras viárias, barragens e usinas hidrelétricas, além de queimadas, caça ilegal e biopirataria. Todas essas ações ameaçam a riqueza e a abundância de espécies contidas nesse bioma tão precioso de nosso país. • Caatinga Localizada na região Nordeste, o bioma da Caatinga ocupa cerca de 10% do território brasileiro. O relevo é composto principalmente por planaltos, chapadas e depressões. Seus principais rios são o Paraíba e o São Francisco, sendo que a maioria são temporários ou intermitentes (secam na época de estiagem). Temperaturas altas o ano todo e pluviosidade escassa e irregular marcam o clima tropical semi-árido da região, o que reflete na vegetação, formada por árvores baixas, arbustos retorcidos e com espinhos, muitas espécies de cactos e ervas rasteiras. Entretanto, próximo a serras, onde ocorrem mais chuvas, é possível encontrar os “brejos”, que são ilhas de umidade com solo fértil. Na época de seca, que dura cerca de 7 a 8 meses, as plantas em geral perdem suas folhas (vegetação caducifólia), o que dá um tom acinzentado à paisagem, de onde vem o nome “caatinga”, que em tupi-guarani significa “mata branca”. Poucas são as plantas que não perdem as folhas a época da estiagem, um exemplo é o juazeiro, típico da caatinga. Grande parte da vegetação foi e continua sendo destruída para a produção de lenha e carvão vegetal, que atendem à demanda de siderúrgicas e olarias ali instaladas. A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que torna sua preservação ainda mais importante. Árvore de juazeiro. 29 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 Flor de mandacaru, cactácea típica da Caatinga. Asa Branca, ave comum da Caatinga. • Campos Sulinos Os Campos Sulinos são também conhecidos como Pampas, localizados na região Sul do Brasil. Corresponde ao grande bioma de Pradarias. Seu clima é subtropical úmido, com verão quente e inverno rigoroso, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano. A maior parte da vegetação é composta por herbáceas (gramíneas e plantas rasteiras) e arbustos. As árvores com maior porte estão localizadas acompanhando cursos de rios da região. Exemplos de animais que compõem a fauna são pequenos roedores, capivaras, veados e aves migratórias. A região é intensamente utilizada para pecuária e agricultura, e por isso a maior parte desse bioma já se encontra completamente descaracterizada. Algumas áreas sofrem o processo de desertificação, processo irreversível que torna o solo inutilizável. Vegetação rasteira típica dos Campos Sulinos. • Cerrado O cerrado corresponde originalmente a aproximadamente 25% do território brasileiro, o que o torna nosso segundo maior bioma, abrangendo predominantemente a região Centro-Oeste e os estados do Tocantins e Minas Gerais (embora seja possível encontrar 30 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia algumas manchas de cerrado em outros estados). Esse bioma é caracterizado pelo clima tropical semi-úmido, com duas estações bem definidas: verões chuvosos e invernos secos. É tipicamente uma formação de Savana, com campos herbáceos, arbustos e árvores baixas. No entanto, é bastante heterogêneo quanto ao solo, relevo e pluviosidade, o que faz com que a vegetação seja um mosaico. Região de “campo limpo”, ou campo aberto, é composta porcampos sem árvores, “campo sujo” apresenta algumas árvores, “campo cerrado” com formação arbórea e “cerradão” com árvores mais altas. Além desses, há campos úmidos, veredas, matas ciliares ou de galeria, que margeiam os rios. Apesar da vegetação do cerrado apresentar características típicas de ambientes com pouca disponibilidade de água, como caules tortuosos e de casca grossa, folhas endurecidas com cutícula espessa e cobertas por pelos, a água pode ser encontrada há cerca de dois metros abaixo do solo, mesmo na estação seca, e o lençol freático profundo pode ser atingido por raízes longas. Essas características na verdade refletem principalmente a pobreza em nutrientes do solo do Cerrado, que são ácidos e com grande quantidade de alumínio, pouco férteis. Além disso, essas plantas estão sujeitas a frequentes incêndios naturais, comuns no Cerrado, e algumas só germinam após o fogo. A flora é muito rica, e as principais plantas encontradas no cerrado são o araçá, o capim flecha, o buriti e o indaiá. Quanto a fauna, é possível encontrar o teiú e outros lagartos, muitas serpentes, ema, seriema, arara-azul, tamanduá-bandeira, quati, lobo guará, onça pintada, entre outros A utilização do solo do cerrado para cultivo é possível desde que ele seja fertilizado e sofra correção em sua acidez por meio da adição de calcário. Por conta disso, os grandes cultivos de grãos tem avançado sobre o cerrado, degradando enormemente esse bioma. Vegetação de cerrado com uma família de Emas. 31 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 Tamanduá-bandeira com filhote. Teiú. • Mata Atlântica Originalmente, a Mata Atlântica correspondia a toda a faixa litorânea do Brasil, do Nordeste ao Sul, adentrando para o interior do continente também. Desde a chegada dos europeus até os dias atuais, esse bioma vem passando por desmatamentos intensos, e acredita-se que hoje resta apenas cerca de 7% de sua área original. Seu relevo é variado, principalmente de planaltos e serras. A Mata Atlântica corresponde a uma Floresta Tropical e seu clima é dito tropical úmido, o significa que as temperaturas são relativamente elevadas a maior parte do ano e os ventos vindos do oceano provocam constantes chuvas, principalmente no verão. Sua paisagem é composta por uma vegetação muito rica, densa e higrófila, com árvores de até 30m e muitas epífitas. A biodiversidade da Mata Atlântica é uma das maiores do mundo, havendo muitas espécies endêmicas, ou seja, que podem ser encontradas apenas nesse bioma, e muitas estão ameaçadas de extinção, como a samambaiaçu, o mico-leão, a onça- pintada, jaguatirica, entre outros. Samambaiaçu em meio a floresta. 32 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia Micos. Ao sul do bioma de Mata Atlântica, na região do Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, há a Mata de Araucárias, que por vezes é considerada um bioma a parte. Isso se deve ao fato de que a vegetação dessa região está adaptada ao clima subtropical úmido, cujos verões são quentes, os invernos bem frios e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. A vegetação típica dessa região corresponde à árvore do pinheiro-do-paraná, ou araucária, produtoras dos pinhões, sementes que servem de alimento para a gralha-azul, a jacutinga e o caxinguelê. Acredita-se que hoje reste apenas 1 a 2% de sua cobertura original. Araucárias. Jacutinga. Gralha-azul com pinhão no bico. 33 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 Caxinguelê. • Pantanal No Brasil, o Pantanal ocupa os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma região de planície na qual os rios da bacia do Paraguai extravasam suas águas, inundando a região nos meses de cheia (entre outubro e abril). A volta dos rios ao seu curso normal nos meses de seca (maio a setembro) deixa para trás solos férteis, cheios de nutrientes, e também regiões nas quais a água não se esvai totalmente, originando pequenas lagoas entremeadas por terras firmes. Nos locais que continuam inundados vemos plantas típicas de brejos, e nas terras firmes, raramente inundadas, vegetação típica de cerrado e campos. Duas das formações vegetais típica desse bioma são o carandazal, onde predomina o carandá, e o paratudal, composto de ipês paratudo. A fauna do pantanal é bastante rica. Estima-se que o pantanal abrigue a maior concentração de aves do continente sul americano, sendo fácil ver nesse bioma árvores completamente ocupadas por grupos de aves. Além das aves, há grande variedade de espécies de peixes, répteis e mamíferos. A dependência em relação ao fluxo de água de quase todas as espécies de plantas e animais desse bioma é a principal característica do pantanal. Apesar de todas as características que fazem do pantanal um bioma tão especial, trata-se de paisagem seriamente ameaçada: a principal atividade econômica da região é a criação de gado bovino. No início da atividade, a pecuária extensiva obedecia ao ritmo das águas, não interferindo com as cheias dos rios. No entanto, a modernização das práticas pecuaristas implicou a divisão de terras e a necessidade de interferir no fluxo das águas por meio de barragens, represas e estradas, além da utilização de pesticidas, o que prejudica o equilíbrio desse ecossistema. Outra grande causa de desequilíbrio é a pesca, atividade bastante praticada no pantanal. Apesar da riqueza de peixes, estes estão diminuindo de tamanho e tornando-se mais raros, o que indica sua superexploração. Logo, estamos diante de área vulnerável e de prioridade máxima para conservação. Paisagem típica do Pantanal. 34 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia Carandás. Tuiuiu, ave comum no Pantanal. • Zona Costeira A Zona Costeira é um bioma muito diverso, pois ocupa toda a extensão de nossa costa, que apresenta áreas de praias, dunas, restingas, costões rochosos, brejos, lagunas e manguezais. Ao Norte, nos estados de Amapá, Pará e Maranhão, encontram-se áreas de mata de várzea e mangue, que são adaptadas ao solo sempre encharcado por água salgada. Uma vegetação típica são árvores com raízes aéreas, os pneumatóforos, e caules que proporcionam sustentação das árvores. A fauna abriga espécies de crustáceos (como caranguejos), moluscos, peixes, répteis e muitas aves. Caules que proporcionam a sustentação de plantas de manguezal, em solo lamadiço. No Nordeste também é encontrado manguezal, mata de várzea e restinga. Em sua costa de águas quentes vivem e se reproduzem as cinco espécies de tartarugas marinhas brasileiras (verde, cabeçuda, oliva, de pente e gigante) e o peixe boi marinho, ameaçado de extinção. Peixe boi marinho. A Zona Costeira da região Sudeste é composta principalmente por fragmentos de Mata Atlântica e por restinga. Abriga muitos animais, como saguis, micos, preguiças e 35 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 diversas aves. É possível encontrar algumas áreas de mangues também. Vegetação de restinga. Ao Sul, a Zona Costeira se distingue pelos banhados, que são alagados com densa vegetação de juncos, aguapés e gravatás. É possível encontrar muitas espécies de aves e mamíferos, como a capivara. É um bioma que sofre de esgotamento de seus recursos vegetais e da fauna, com o despejo de esgoto e dejetos industriais não tratados, derramamento de petróleo, expansão da área urbana e construções de portos. Zona de transição As regiões entre um bioma e outro recebem o nome de zona de transição, ou ecótono. Elas apresentam características abióticas provenientes da justaposição das regiões de cada bioma e espécies tanto de um bioma como do outro, além de espécies únicas. São regiões de intensa competição interespecífica. No Brasil há três zonas de transiçãomais significativas: a transição Amazônia- Cerrado, a transição Cerrado-Caatinga e a transição Amazônia-Caatinga. Esta última abriga a Mata de Cocais, que é uma floresta formada basicamente pela palmeira babaçu, de cujas sementes é extraído óleo para fazer margarinas, sabão e gordura de coco, e a palmeira carnaúba, de cujas folhas se obtém cera. Mata de cocais. 36 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia LISTA DE EXERCÍCIOS 1. (UFMA) Na coluna A estão listados alguns dos principais biomas brasileiros. Relacione-os com as suas principais características, descritas na coluna B e indique a opção correta. a) 4 – 1 – 3 – 2 – 5 b) 1 – 4 – 2 – 3 – 5 c) 4 – 1 – 3 – 5 – 2 d) 4 – 1 – 5 – 2 – 3 e) 1 – 4 – 3 – 5 – 2 2. (UFPB) Observe o mapa abaixo, no qual parte das regiões fitogeográficas brasileiras está identificada por números. A correspondência correta entre o nome e o número de cada região está indicada em: 3. (UERN) Analise as afirmativas que descrevem algumas características de um ecossistema terrestre: - ocorre no hemisfério norte, próximo a calota polar; - os bois almiscarados estão entre os animais que representam a fauna dessa região; e, - as plantas típicas dessa região são musgos e líquens, como também gramíneas e pequenos arbustos. As afirmativas anteriores se referem ao seguinte bioma: a) Taiga b) Tundra c) Floresta tropical d) Floresta temperada 4. (UFRGS) Os meses que antecedem a primavera são os que apresentam mais focos de queimadas no Brasil. Os biomas Amazônia e Cerrado apresentam o maior número de focos de queimadas mensal, com 3490 casos (59%) e 1673 casos (28,3%), respectivamente. Fonte: <INPE.br/quimadas/sitAtual.php> Acesso em: 06 set. 2014. 37 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 Sobre os biomas acima citados, considere as seguintes afirmações. I - A expansão da fronteira agrícola, aliada à queima da vegetação para produção de carvão, são fatores que agravam a degradação do Cerrado. II - A vegetação do Cerrado caracteriza-se por apresentar cobertura predominante de gramíneas e árvores de grande porte com folhas grandes. , III- As regiões atingidas pelas queimadas no bioma Amazônia são as florestas inundadas, denominadas de Matas de Igapó, que abrigam as árvores mais altas da floresta. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 5. (UEPA/2014) Um convidado em um programa de televisão comentou sobre questões ambientais o seguinte: … “os grandes problemas da conservação da natureza estão, na realidade, intimamente ligados aos da sobrevivência do próprio ser humano na Terra e que certos filósofos não hesitam em afirmar que a humanidade está mal encaminhada. Não nos cabe fazer julgamentos, mas de acordo com todos os biólogos, o ser humano comete um erro capital pensando poder isolar-se da natureza. Existe já há muito tempo um divórcio entre o ser humano e o ambiente, com seu clima e seus biomas”. Adaptado de: Sônia Lopes – BIO. A caminho de uma reconciliação entre os humanos e a natureza. 2008 Quanto às palavras em destaque no texto, leia as afirmativas abaixo: I. Nas Florestas Tropicais, a vegetação é exuberante com folhas largas e perenes. II. A Tundra é um bioma que no degelo apresenta árvores que perdem as folhas no inverno. III. Nas regiões com Florestas Temperadas evidenciam-se as quatro estações do ano. IV. O Cerrado é composto basicamente de plantas herbáceas e árvores de pequeno porte. V. Há discreta variação climática e de temperatura nos diversos biomas mundiais. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é: a) I, II e III b) I, III e IV c) II, III e IV d) III, IV e V e) I, II, III, IV e V 6. (Enem) O manguezal é um dos mais ricos ambientes do planeta, possui uma grande concentração de vida, sustentada por nutrientes trazidos dos rios e das folhas que caem das árvores. Por causa da quantidade de sedimentos — restos de plantas e outros organismos — misturados à água salgada, o solo dos manguezais tem aparência de lama, mas dele resulta uma floresta exuberante capaz de sobreviver naquele solo lodoso e salgado. NASCIMENTO, M. S. V. Disponível em: http://chc.cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2011. Para viverem em ambiente tão peculiar, as plantas dos manguezais apresentam adaptações, tais como: a) folhas substituídas por espinhos, a fim de reduzir a perda de água para o ambiente. b) folhas grossas, que caem em períodos frios, a fim de reduzir a atividade metabólica. 38 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia c) caules modificados, que armazenam água, a fim de suprir as plantas em períodos de seca. d) raízes desenvolvidas, que penetram profundamente no solo, em busca de água. e) raízes respiratórias ou pneumatóforos, que afloram do solo e absorvem o oxigênio diretamente do ar. 7. (UFGO) No Brasil distinguem-se diversos tipos de formações vegetais decorrentes de variações regionais, climáticas e edáficas (do solo). Considerando uma região de clima quente, semiárido, com baixo índice pluviométrico, estações de seca prolongada, vegetação de aspecto esbranquiçado, com plantas espinhosas e suculentas: a) identifique essa formação vegetal e sua distribuição geográfica; b) descreva dois mecanismos adaptativos desenvolvidos por esses vegetais para evitar a perda de água. 8. (Unifesp) Leia o texto. É uma floresta em pedaços. Segundo estimativas recentes, restam de 11% a 16% de sua cobertura original, a maior parte na forma de fragmentos com menos de 50 hectares de vegetação contínua, cercados de plantações, pastagens e cidades. Há tempos se sabe que essa arquitetura desarticulada dificulta a recuperação da floresta, uma das 10 mais ameaçadas do mundo. Pesquisadores coletaram informações sobre a abundância e a diversidade de anfíbios, aves e pequenos mamíferos em dezenas de trechos no Planalto Ocidental Paulista, as terras em declive que se estendem da Serra do Mar rumo a oeste e ocupam quase a metade do estado. Ao comparar os dados, os pesquisadores observaram quedas dramáticas na biodiversidade dos fragmentos. (Pesquisa Fapesp, maio de 2011. Adaptado.) Responda: a) Qual o nome do bioma brasileiro a que se refere o texto? Cite uma característica deste bioma quanto ao regime hídrico e uma característica relativa aos aspectos da flora. b) O texto faz referência às terras em declive que se estendem da Serra do Mar rumo a oeste. Rumo a leste, quais são os outros dois ecossistemas terrestres que estão presentes? 39 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 7 40 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia CAPÍTULO 8 - A CÉLULA VEGETAL Célula vegetal A partir deste capítulo iremos estudar o grupo das plantas terrestres. Vamos começar a partir da unidade básica das plantas, a célula vegetal. A célula vegetal possui algumas diferenças básicas quando comparada a célula animal. No geral, a célula vegetal apresenta uma parede celular mais externa e uma membrana plasmática abaixo dela. A parede celular é composta por celulose, não está presente nos animais e garante maior resistência a célula vegetal. A membrana plasmática contém o citoplasma, com as organelas, e o núcleo, que serão detalhados nos próximos tópicos. • Citoplasma No citoplasma, temos as organelas e o citosol, que é o meio aquoso no qual estão as organelas. Dentro do citosol podemos citar as seguintes estruturas: Esquema de célula vegetal. Plastos: São organelas exclusivas de plantas e a principal delas é o cloroplasto, onde ocorre a fotossíntese. Os cloroplastos contém o pigmento clorofila, responsável por conferir coloração verde às plantas e importante para o processode fotossíntese. São organelas com DNA próprio. Mitocôndrias: são pequenas organelas responsáveis pela respiração celular, que gera energia para a célula. Esta organela também está presente na célula animal. Assim como os cloroplastos, as mitocôndrias também possuem DNA próprio. Retículo Endoplasmático: é um sistema membranoso dividido em retículo 41 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 8 endoplasmático rugoso (por conter ribossomos aderidos voltados para o citosol), onde ocorre a síntese de proteínas, e retículo endoplasmático liso (Sem ribossomos), cuja função é de armazenar e servir de “caminho” para substâncias. Ribossomos: são responsáveis pela síntese de proteínas. Complexo golgiense: é um sistema membranoso de arranjo em bolsas, que recebe e armazena substâncias do citosol e vindas do retículo endoplasmático, para então secretá-las em vesículas. Vacúolos: Os vacúolos são cavidades que ocupam grande parte da célula vegetal e contêm o suco vacuolar, composto de importantes substâncias como o amido, lipídeos, proteínas, etc. Microtúbulos: São túbulos constituídos por proteínas, componentes das fibras do fuso da divisão celular e do fragmoplasto. Também estão relacionados com a formação da parede celular e sua destruição pode causar anormalidades a célula. Vale lembrar que as células vegetais não apresentam lisossomos e nem centríolos, organelas presentes nas células animais. Como surgiram as mitocôndrias e os cloroplastos? As mitocôndrias e os cloroplastos apresentam características muito particulares que levaram os cientistas a formular a teoria da endossimbiose para explicar a origem evolutiva dessas organelas. Segundo a teoria da endossimbiose, ao longo do processo evolutivo das células eucarióticas há milhões de anos, as mitocôndrias eram bactérias que foram englobadas por células grandes ancestrais, enquanto os cloroplastos eram cianobactérias (procariontes clorofilados) que por sua vez também teriam sido englobados por células ancestrais, estabelecendo assim um processo de simbiose entre célula e bactéria e/ou célula e cianobactéria. Com o passar dos anos, esses simbiontes passaram a fazer parte permanente das células eucarióticas, constituindo as mitocôndrias e os cloroplastos. As principais evidências que sustentam essa teoria são: • Mitocôndrias e cloroplastos têm tamanhos próximos de bactérias e cianobactérias. • Ambos possuem material genético próprio, muito semelhante ao de procariontes, capazes de fazer a própria 42 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia replicação e produção de parte de suas proteínas. • São capazes de se dividir, como células procarióticas. • Possuem ribossomos próprios. Esquema mostrando endossimbiose de célula ancestral com procarionte que dará origem a mitocôndria e com procarionte fotossintetizante que dará origem ao cloroplasto, ao longo do processo evolutivo. • Núcleo Por ser uma célula eucariótica, assim como a animal, a célula vegetal apresenta material genético organizado em um núcleo, delimitado por uma membrana chamada carioteca. Na região interna do núcleo estão contidos os cromossomos e o nucléolo. Os cromossomos são compostos por DNA, que é o material genético da célula. • Parede Celular Em células vegetais, a parede celular é formada por celulose. Ela garante resistência e elasticidade à célula, fazendo com que não se rompa facilmente. É permeável, permitindo a entrada e saída de substâncias da célula. Isso faz com que as consequências da osmose em uma célula vegetal sejam diferentes das que ocorrem em células animais, as quais não apresentam parede celular. Veremos a seguir o processo de osmose em uma célula vegetal. Osmose em células vegetais Em qualquer célula, o processo de osmose é a passagem de água através de uma membrana semipermeável. Por esta membrana passa água (solvente) livremente, mas não passa soluto (íons dissolvidos em água). A água passará do meio menos concentrado em soluto (hipotônico) para o meio mais concentrado em soluto (hipertônico), sempre obedecendo a esse gradiente de concentração, o que caracteriza um tipo de transporte passivo, ou seja, não há gasto de energia. Nas células vegetais há um grande vacúolo cheio de solução salina, o qual irá estabelecer o processo de osmose com o meio externo a célula. A membrana e a parede são permeáveis à água, sendo que esta última irá conferir um papel mecânico de sustentação e resistência à célula conforme a água entra ou sai. 43 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 8 Quando inserimos uma célula vegetal flácida em água destilada, a tendência é que a água entre na célula vegetal, pois o conteúdo do vacúolo é mais concentrado em soluto, ou seja, é hipertônico em relação ao meio, que é hipotônico. Ao entrar, a água começa a pressionar a parede celulósica de dentro para fora. A célula atinge seu volume máximo, mas não se rompe, devido a resistência e a flexibilidade da parede celular. Dizemos que a célula está túrgida. Ao inserir uma célula vegetal flácida numa solução hipertônica em relação ao conteúdo do vacúolo, que é hipotônico no caso, ocorre o inverso e a célula perde água. O vacúolo se retrai e diminui de volume, o que acaba arrastando o citoplasma e a membrana plasmática junto, mas ainda permanecendo ancorada em pontos da parede. Dizemos que a célula está plasmolisada. Ela pode retornar ao seu estado flácido se for colocada em uma solução hipotônica. Osmose em uma célula vegetal. Veja que nesse caso a célula não se rompe quando é colocada em um meio hipotônico, devido a presença de parede celular. Observe também que é o vacúolo que absorve e elimina a maior parte da água da célula. 44 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia LISTA DE EXERCÍCIOS 1) (VUNESP-2007) Em uma prova de biologia, um aluno deparou- se com duas figuras de células. Uma figura representava uma célula vegetal e outra representava uma célula animal. Identifique qual das figuras, A ou B, representa a célula vegetal, citando as estruturas celulares que permitem ao estudante identificá-la corretamente. Qual(is) destas estruturas permite(m) utilizar a luz na produção da matéria orgânica de que necessita? 2) (UNICAMP) A figura abaixo mostra o esquema do corte de uma célula, observada ao microscópio eletrônico. a) A célula é proveniente de tecido animal ou vegetal? Justifique. b) Se esta célula estivesse em intensa atividade de síntese protéica, que organelas estariam mais de desenvolvidas ou presentes em maior quantidade? Por quê? 3) (FEI) A ausência de cloroplastos nas células das raízes subterrâneas e nas células mais internas dos vegetais é justificada pelo fato de que: a) a presença de água e dos nutrientes orgânicos e inorgânicos do solo são fatores desencadeantes da síntese de todos os plastos, independentemente do fator luz. b) órgãos subterrâneos em hipótese alguma conseguem formar plastos e proplastos. c) a presença da luz é fundamental para que se forme a clorofila e para a organização dos plastos. d) a aeração do solo interfere diretamente na diferenciação dos cloroplastos, mas não no processo da tomada de água pelas raízes. e) a temperatura do solo não interfere no mecanismo de absorção de água pela raiz, mas apenas na produção de clorofila e dos cloroplastos. 4) (FUVEST) Células de certos organismos possuem organelas que produzem ATPs e os utilizam da síntese de substância orgânica a partir de dióxido de carbono. Essas organelas são: a) os lisossomos b) os mitocôndrios c) os cloroplastos d) o sistema de Golgi e) os nucléolos 5) Em relação aos cloroplastos, assinale a alternativa que expressa um conceito incorreto: a) são responsáveis pela síntese de substâncias orgânicas. b) todos os vegetaisapresentam cloroplastos com exceção de fungos, cianobactérias, bactérias. c) são providos de clorofila, caroteno, xantofilas e ácidos nucléicos. d) são responsáveis pelas oxidações celulares. e) libertam oxigênio quando expostos à luz branca do sol. 6) (FEI-SP) Numa célula de planta frutífera, vista ao microscópio eletrônico, observaram-se várias organelas, exceto: a) mitocôndrias. b) ribossomos. c) complexo de Golgi. d) plastos. e) centríolos. 45 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 8 7) (Ufscar-SP) Em uma célula vegetal o material genético concentra-se no interior do núcleo, o qual é delimitado por uma membrana. Além dessa região, o material genético também é encontrado no interior do: a) retículo endoplasmático e complexo golgiense. b) complexo golgiense e cloroplasto. c) lisossomo e retículo endoplasmático. d) lisossomo e mitocôndria. e) cloroplasto e mitocôndria. 8) (IFPE) Ao temperarmos uma salada de verduras, com sal e vinagre, muito tempo antes de consumi-la, observamos um acúmulo de água que é liberado pelos vegetais. Esse fenômeno: a) Recebe o nome de osmose e ocorre porque o meio extracelular fica hipertônico em relação ao meio intracelular. b) É chamado de osmose e ocorre porque o meio extracelular fica hipotônico em relação ao meio intracelular. c) Recebe o nome de difusão simples e ocorre porque o meio intra e o extracelular se tornam isotônicos. d) Tanto pode ser osmose como difusão simples, pois o meio extracelular pode se tornar hiper ou hipotônicos em relação à célula. e) O acúmulo de água verificado não tem nenhuma relação com a concentração dos meios intra e extracelular dos vegetais em questão. 9) (IFSP) Uma espécie de alga unicelular foi colocada em um tubo de ensaio (I) contendo uma determinada solução salina e o seu volume vacuolar foi analisado. Após certo tempo, as algas foram transferidas para outro tubo de ensaio (II) e o seu volume vacuolar foi novamente analisado. E, em seguida, elas foram transferidas para outro tubo de ensaio (III) e repetiu-se a análise. As variações de volume foram ilustradas em um gráfico. Pode-se concluir que os diferentes tubos de ensaio (I, II e III) continham, respectivamente, soluções a) hipotônica, isotônica e hipertônica. b) hipertônica, hipotônica e isotônica. c) isotônica, hipertônica e hipotônica. d) isotônica, hipotônica e hipertônica. e) hipotônica, hipertônica e isotônica. 10) (UEPG) As figuras abaixo representam o resultado de uma célula vegetal colocada em soluções de diferentes concentrações. Com base nas figuras, assinale a alternativa correta. Fonte: Amabis, J.M.; Martho, G.R. Biologia das Células. 2a ed. Volume 1. Editora Moderna. São Paulo. 2004. a) Na figura C, pode-se observar que a célula encontrasse em um meio menos concentrado (hipotônico) e perde água por osmose. b) A água que entra por osmose na célula vegetal (condição representada pela figura A) faz com que ela inche até um ponto em que causa o rompimento da parede celular. c) Na condição representada pela figura A, a célula encontra-se em um meio hipotônico e, nessa condição, diz-se que a célula ficou túrgida. d) A célula na condição da figura B é denominada de plasmolisada, pois a mesma foi colocada em um meio isotônico, que poderia ser representado por água pura. e) Uma célula colocada em um meio hipertônico tende a se expandir, pois a entrada de água e sais por transporte ativo faz com que a mesma torne-se túrgida (condição da figura C). 46 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia CAPÍTULO 9 – O REINO PLANTAE O surgimento das plantas terrestres O reino Plantae corresponde ao grande grupo das plantas terrestres, que abriga uma enorme diversidade de vegetais. Um importante marco evolutivo que permitiu essa diversificação foi a adaptação do meio aquático para o meio terrestre. Sendo assim, quando falamos das plantas, referimo-nos a organismos terrestres, eucariontes, pluricelulares e autótrofos fotossintetizantes. A hipótese evolutiva que os cientistas propõem sobre o surgimento das plantas é que elas teriam se originado das algas verdes carofíceas. Algumas características compartilhadas entre as algas verdes carofíceas e as plantas terrestres, que servem de evidências para sustentar essa hipótese, são: a parede celular de celulose, a reserva energética de amido, características estruturais do cloroplasto, e, principalmente, presença de clorofila do tipo a e b. A ocupação efetiva do meio terrestre pelas plantas só foi possível a partir de uma série de adaptações que ocorreram ao longo da evolução. Como a disponibilidade de água é menor no ambiente terrestre do que no ambiente aquático, é necessário que haja um mecanismo de absorção de água do solo, além de sua condução ao longo do corpo da planta. Também é importante que a perda de água seja reduzida, a partir da impermeabilização da superfície vegetal, mas que não impeça as trocas gasosas. A água é um meio que sustenta as algas, devido ao empuxo, o que não ocorre no ar, e mecanismos de sustentação se fazem necessários. A reprodução deve deixar de depender da água para levar os gametas. Assim como o indivíduo adulto deve estar adaptado ao meio terrestre, o embrião também, e o desenvolvimento de uma estrutura que proteja essa fase inicial da vida das condições já mencionadas é de extrema importância. Dadas essas condições, é possível observar ao longo da filogenia das plantas o surgimento de estruturas que possibilitaram resolver essas questões impostas pelo meio terrestre. Iremos estudar detalhadamente essas características nos próximos capítulos. Observe abaixo a filogenia na qual iremos nos basear. 47 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 9 Classificação e evolução dos grupos vegetais e as características que teriam surgido de acordo com cada grupo vegetal ao longo do processo evolutivo . Reprodução dos vegetais O ciclo de vida das plantas terrestres e da maioria das algas é caracterizado pela alternância de gerações, ou seja, ocorrem duas fases de organismos adultos diferentes entre si: uma diploide (2n), em que a reprodução é feita por esporos, e outra haploide (n), na qual são produzidos gametas. É chamado de ciclo haplodiplôntico. O organismo diploide recebe o nome de esporófito e produz esporos a partir da meiose, que por isso recebe o nome de meiose espórica (ou intermediária). A germinação desse esporo produz um gametófito, organismo haploide, que produz gametas a partir de mitose. Esses gametas irão se fundir no processo de fecundação e originarão um zigoto, o qual se desenvolve em um esporófito, fechando o ciclo haplodiplôntico. Observe abaixo o esquema representado. Cada grupo das plantas terrestres (Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas) apresenta particularidades nesse ciclo, as quais iremos estudar detalhadamente ao longo dos próximos capítulos. 48 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia Esquema de ciclo haplodiplôntico. Outros ciclos reprodutivos dos seres vivos Ciclo haplôntico Há apenas uma geração adulta, haploide (n). A meiose ocorre a partir do zigoto (2n), por isso recebe o nome de zigótica ou inicial, e gera esporos (n). É comumente encontrado em algas. Esquema de ciclo haplôntico. Ciclo diplôntico Há apenas uma geração adulta, diploide (2n). A meiose ocorre no organismo adulto (2n) e gera gametas (n), por isso recebe o nome de gamética ou final. Ocorre em algumas algas e em todos os animais. Esquema de ciclo diplôntico. LISTA DE EXERCÍCIOS 1. (UFMT) A meiose ocorre apenas nas células das linhagens germinativas masculina e feminina e é constituída por duas divisões celulares. Os produtos da meiose de um inseto e de uma samambaia são, respectivamente: a) Gametas e zigotos. b) Esporos e gametas. c) Esporose esporos. d) Gametas e esporos. e) Gametas e gametas 2. (UEL) Os esquemas a seguir representam três tipos de ciclos de vida. 49 BOTÂNICA E ECOLOGIA Capítulo 9 Os ciclos de vida válidos para todas as samambaias, certas algas e todas as aves são, respectivamente: a) I, II e III. b) I, III e II. c) II, III e I. d) III, I e II. e) III, II e I. 3. (CEFET-PR) Nas algas, existem 3 tipos de ciclos de vida, cada um caracterizado pelo momento em que ocorre a meiose. Esses ciclos de vida podem também ocorrer em outros grupos de seres vivos. Observe o esquema abaixo e indique a alternativa que apresenta a correspondência correta. a) O esquema representa um ciclo em que ocorre alternância de gerações ou metagênese. b) O esquema representa um ciclo em que os gametas formam-se por diferenciação de células de indivíduo haploide. c) O esquema representa um ciclo haplonte- diplonte em que há alternância de indivíduos diploides com indivíduos haploides. d) O esquema representa um ciclo haplonte em que a condição diploide ocorre somente no zigoto. e) O esquema representa um ciclo diplonte em que os indivíduos são diploides, apresentando- se na fase haploide apenas os gametas. 4. (FUVEST) O esquema abaixo representa o ciclo de vida da alga Ulva. Indique a etapa do ciclo em que ocorre a meiose. a) I. b) II. c) III. d) IV. e) V. https://djalmasantos.files.wordpress.com/2010/10/12t.jpg https://djalmasantos.files.wordpress.com/2010/10/14t.jpg https://djalmasantos.files.wordpress.com/2010/10/01t.jpg CITOLOGIA E GENÉTICA Professora Beatriz Folchini 52 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia CAPÍTULO 5 – METABOLISMO ENERGÉTICO – FERMENTAÇÃO, RESPIRAÇÃO, FOTOSSÍNTESE 1 – Máquinas Eficientes Os organismos são muito superiores as máquinas construídas pelo homem. Como já em capítulos anteriores, o corpo se refaz continuamente. A cada semana, e temos, por exemplo, um novo revestimento interno do estômago. Ganhamos um novo fígado a cada dois meses. Nossa pele se repõe a cada seis semanas. A cada ano, 98% dos átomos de nosso corpo são substituídos. Essa substituição química ininterrupta, o metabolismo, é um sinal seguro de vida. E a “máquina” requer uma entrada contínua de energia e de substâncias químicas (alimentos). Os biólogos chilenos Humberto Maturana (1928) e Francisco Varela (1946 - 2001) veem no metabolismo a essência de algo realmente fundamental para a vida. Dão-lhe o nome de “autopoiese” (nome já visto e discutido). Proveniente de raízes gregas que significam “si mesmo” (auto) e “fazer” (poein, como em “poesia”), a autopoiese refere-se a produção contínua de si mesma pela vida. Sem o comportamento autopoiético, os seres orgânicos não se sustentariam – não permaneceriam vivos. Uma entidade autopoiética efetua continuamente o metabolismo; perpetua-se através da atividade química, da movimentação das moléculas. A autopoiese acarreta um gasto de energia e a produção de alimentos. Na verdade, ela é detectável pela incessante química biológica e fluxo energético que é o metabolismo. Somente as células, os organismos feitos de células e as biosferas feitas de organismos são autopoiéticos e podem efetuar metabolismo. Fonte: https://static1.squarespace.com/static/52e6960 be4b04ab8b0fe1b40/t/53077250e4b0d9a824c5 a353/1392996945215/drawing-hands.jpg Figura 1 – Ilustração simbolizando a atividade autopoiética inerente a todos os seres vivos https://static1.squarespace.com/static/52e6960be4b04ab8b0fe1b40/t/53077250e4b0d9a824c5a353/1392996945215/drawing-hands.jpg https://static1.squarespace.com/static/52e6960be4b04ab8b0fe1b40/t/53077250e4b0d9a824c5a353/1392996945215/drawing-hands.jpg https://static1.squarespace.com/static/52e6960be4b04ab8b0fe1b40/t/53077250e4b0d9a824c5a353/1392996945215/drawing-hands.jpg 53 CITOLOGIA E GENÉTICA Capítulo 5 Vírus, por exemplo, não são autopoiéticos, pois não metabolizam nada até encontrarem uma entidade autopoiética: uma célula bacteriana, animal ou de qualquer outro organismo vivo. Os vírus biológicos se reproduzem no interior de seus hospedeiros, do mesmo modo que os vírus digitais se reproduzem no interior dos computadores. 2 – Mestres da Biosfera O biólogo norte americano Carl Woese (1928 - 2012) descobriu três tipos de bactérias muito resistentes que distinguem-se de todas as demais: as “halófilas”, amantes do sal, as “termófilas”, das fontes termais, apreciadoras de calor, e as “metanógenas”, que produzem metano. Woese chamou esses seres resistentes de “arqueobactérias”, sugerindo que elas são descendentes diretas das formas de vida mais primitivas da Terra. A observação de que as arqueobactérias habitam meios desprovidos de oxigênio – como fundo dos oceanos, o estômago dos bovinos, a água dos esgotos, pobre em oxigênio, e as fontes termais ácidas do Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA – é compatível com a imagem contemporânea da Terra quente do período arqueano, quando a vida deve ter surgido há cerca de 3,6 bilhões de anos, no momento em que havia, se muito, apenas vestígios de oxigênio na atmosfera. O oxigênio começou a ser liberado na atmosfera só depois que as bactérias verde-azuladas (cianobactérias) desenvolveram um modo de usar a energia da luz solar para quebrar as moléculas de água e captar seu precioso hidrogênio. Combinando o hidrogênio com os átomos de carbono extraídos do dióxido de carbono, abundante na época, essas cianobactérias conseguiram fabricar DNA, proteínas, açúcares e todos os seus outros componentes celulares. Tais bactérias, altamente necessitadas de luz, espalharam-se rapidamente pelas águas ensolaradas da todas as partes da Terra arqueana. Ao fazê-lo, liberaram vastas quantidades de oxigênio molecular que restara de sua busca de hidrogênio na água. Com isso, a atmosfera terrestre, inicialmente anóxica (sem oxigênio), via trabalho das bactérias mais inovadoras de todos os tempos, tornou-se rica em oxigênio. A princípio, o planeta fora povoado por produtores de metano, amantes de enxofre e outros anaeróbicos – seres que não produziam nem usavam oxigênio em seu metabolismo. 54 Ciclo Básico – Apostila 2 Biologia Percebam aqui como se faz a remontagem evolutiva. Analisou-se seres unicelulares menos complexos (sob alguns aspectos), e notou-se uma similaridade entre os seres existentes hoje – arqueobactérias – com os primeiros seres vivos, encontrados na forma de fósseis e datados de 3,6 bilhões de anos. Essa similaridade fez com que se concluísse, de forma científica, que esses seres eram muito aparentados, evolutivamente falando. É como se você tivesse uma marca de nascença gritante e peculiar em uma parte do seu corpo (por exemplo, um triangulo pequeno em seu calcanhar direito), e esse triangulo também existisse em sua mãe. Se você encontrasse uma outra pessoa em, por exemplo, Budapeste, na República Tcheca, com essa mesma marca, o que concluiria? Que é seu parente. A explicação mais plausível, até probabilisticamente falando, é que ele seja seu parente, ao invés de essa marca ter surgido, novamente, aleatoriamente, na mesma posição, com o mesmo formato, tamanho e coloração. Um ponto bem interessante do trecho acima é a importância vital das bactérias na alteração da atmosfera. Sim, foram as cianobactérias que, surgidas a partir de mutações aleatórias nas arqueobactérias, apresentavam um sistema metabólico revolucionário que as permitiu transformar energia luminosa em energia potencial química de alimentos, como a glicose, além de eliminar o gás oxigênio. Com isso, a atmosfera começou a ter um crescimento desse gás – a primeira poluição causada por um ser vivo - o que permitiu, posteriormente, o desenvolvimento do processo
Compartilhar