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Tratamento ortodôntico compensatório da Classe III – uma abordagem contemporânea Marlos Loiola1 Wendel Shibasaki2 Chris Chang3 Vanessa Dias4 Flavio Cotrim5 Ortotecnologia 1Mestre em Ortodontia – Unicid; Coordenador dos Cursos de Especialização em Ortodontia – Instituto Lumier/Famosp e do Funorte/Iappem-BA; Especialista em Ortodontia – Cebeo/BA; Membro da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPQQ. 2Mestre em Ortodontia – Unicid; Professor do Curso de Especialização em Ortodontia – Funorte/Iappem-BA; Especialista em Ortodontia – Cebeo/BA. 3DDS; PhD; Certificado em Ortodontia – ABO; Editor do International Journal of Orthodontics & Implantology; Fundador da Newton’s A & Beethoven Co., Taiwan e da Podcast Enciclopédia em Ortodontia. 4Aluna do Curso de Especialização em Ortodontia – Funorte/Iappem-BA. 5Mestre em Ortodontia – Faculdade de Odontologia da USP; Doutor em Diagnóstico Bucal – Faculdade de Odontologia da USP; Professor associado dos Cursos de Especialização e Mestrado em Ortodontia – Instituto Vellini; Editor científico – Revista OrtodontiaSPO. Ortoinformação | Introdução A Classe III de Angle1 é a má-oclusão de menor prevalên- cia na população, seguida da Classe II e Classe I2 (Figura 1). A desarmonia dentofacial associada à Classe III é um grande desafio, tanto no diagnóstico quanto na execução de proto- colos de tratamentos. Profissionais de Odontologia e leigos identificam com facilidade os sinais clínicos desse tipo de má- -oclusão (relação molar, mordida cruzada anterior etc.), mas etiologia subjacente é mais difícil de diagnosticar. As decisões de tratamento e seu sucesso ou fracassos dependem muito do potencial de crescimento futuro no indivíduo Classe III3. Infelizmente, o conhecimento do crescimento craniofacial em uma Classe III ainda não está bem estabelecido. Os estudos em grande escala de crescimento longitudinal que fornecem informações sobre o crescimento normal não oferecem muitas informações úteis sobre a Classe III porque consistem principal- mente de indivíduos categorizados como tendo oclusão normal, má-oclusão Classe I ou Classe II4. Considerado de difícil manejo, o tratamento da Classe III pode ser feito associado à cirurgia ortognática ou por com- pensação (camuflagem) ortodôntica. Em casos graves, os procedimentos cirúrgicos devem ser realizados para corrigir as anomalias esqueléticas e dentárias, bem como para melhorar a estética facial e harmonizar o perfil5. Em casos limítrofes, nos quais a compensação é possível e uma opção válida, o tratamento deve camuflar as discrepân- cias dentárias e esqueléticas de forma que possa satisfazer ao máximo a estética facial e as preocupações funcionais do paciente5. Objetivos estes, muitas vezes, de difícil alcance em decorrência da falta de ancoragem adequada, e seu controle é fundamental para o sucesso do tratamento ortodôntico6. O Dr. Chris Chang, de Taipei, em Taiwan, diretor do Beethoven Orthodontic Center, vem tratando estas situações clínicas com o enfoque compensatório, utilizando uma biomecânica ortodôn- tica contemporânea com braquetes autoligados, variações nas suas alturas de colagens associados à ancoragem esquelética com parafusos. Este autor e clínico vem publicando uma rica casuística, fornecendo à comunidade ortodôntica mundial uma possibilidade de tratamento moderna na alteração dentoesque- lética complexa, como é o caso da Classe III. Passamos a descrever, com detalhes, um caso clínico que evidencia a abordagem estimuladora de tratamento não cirúrgico da Classe III, pelo Dr. Cris Chang7. Figura 1 Artigo publicado em 1899 pelo Dr. Angle – classificação das más-oclusões. 269 OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 Ortotecnologia Paciente do sexo masculino, com 20 anos e oito meses de idade, e queixa principal de “mordida cruzada anterior e mandíbula prognata”. Em consultas anteriores com dois orto- dontistas, obteve como única solução para a sua má-oclusão severa a cirurgia ortognática. Em sua avaliação intrabucal constatou-se normalidade de tecidos moles, periodonto e excelente higiene oral. Históricos médicos e odontológicos não foram contributivos. Diagnóstico e etiologia Fotografias faciais de pré-tratamento (Figuras 2) apre- sentaram um perfil reto com protrusão do lábio inferior. As fotografias intraorais pré-tratamento (Figuras 3) e modelos de estudo (Figura 4) revelaram uma relação molar de Classe III bilateral. A linha média dentária inferior apresentava um desvio de 1,5 mm à direita da linha média facial. A mordida cruzada se estendia desde o primeiro molar direito ao primeiro pré-molar esquerdo, e havia também uma tendência ao cruzamento do segundo pré-molar esquerdo para o segundo molar. Nenhum hábito que contribuísse foi relatado, mas a inclinação dos incisivos inferiores sugeria uma interposição labial maxilar em longo prazo. Exames intraoral e da radiografia panorâmica (Figura 5a) revelaram impactação do terceiro molar inferior direito. Todos os outros terceiros molares estavam ausentes. A análise cefalométrica da telerradiografia (Figura 5b) mostrou um padrão esquelético de Classe III, devido a uma mandíbula prognata que se manifestou com 7 mm de mordida cruzada anterior. O ângulo ANB foi de 1,5°, o ângulo SN-MP foi de 36°, e os incisivos inferiores estavam inclinados 94° ao plano Md. Mordida aberta Classe II severa tratada com abordagem não cirúrgica – filosofia de tratamento do professor Chris Chang6 Figuras 2 Fotografias faciais pré-tratamento. Figuras 3 Fotografias intraorais pré-tratamento. Figura 4 Modelos de estudo pré-tratamento. Figuras 5 Raio X panorâmico e telerradiografias iniciais. 270 OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 Ortoinformação O índice de discrepância (ID) foi de 71, de acordo com os padrões da Iboi (Conselho Internacional de Ortodontistas e Implantodontistas) e American Board of Orthodontics (ABO), conforme documentado na planilha ID. O paciente foi tratado com sucesso por meio de um método conservador por compen- sação, documentado nos registros de finalização (Figuras 6 a 9). Objetivos do tratamento Os objetivos gerais do tratamento eram manter a dimensão vertical da oclusão (DVO) ao retrair os incisivos inferiores, para compensar a mandíbula prognata, a fim de alcançar uma relação molar de Classe I e guia canino com sobressaliência e sobre- mordida ideais. Os objetivos específicos do tratamento foram: • Manter a posição anteroposterior da maxila; • Manter a posição dos incisivos superiores e molares; • Retrair os incisivos e molares inferiores na sua base óssea apical; • Corrigir a oclusão anterior e posterior, além de alinhar a linha média; • Estabelecer sobressaliência e sobremordida normais com uma oclusão Classe I mutuamente protegida; • Retrair lábios superior e inferior para melhorar o equilíbrio facial. Alternativas de tratamento As principais preocupações do paciente foram: a mordida cruzada anterior e a dificuldade de incisão dos alimentos. Por causa da protrusão do lábio inferior e da sobressaliência negativa extrema, uma opção ortocirúrgica foi sugerida por dois outros ortodontistas, mas o paciente considerou demasiadamente agressiva. Assim, um plano de tratamento de compensação não cirúrgico foi concebido para atender as necessidades do paciente: Figuras 6 Fotografias faciais pós-tratamento. Figura 7 Fotografias intraorais pós-tratamento. Figuras 8 Modelos de estudo pós-tratamento. Figuras 9 Raio X panorâmico e telerradiografia. 271 OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 Ortotecnologia 1. Extração do terceiro molar inferior direito; 2. Instalação de mini-implantes ósseos bilaterais mandibulares, para garantir uma máxima e completa retração dos dentes inferiores; 3. Remoção dos aparelhos e instalação de contenções supe- riores e inferiores. Evolução do tratamento Foi utilizado braquetes Damon Q* (Ormco), torque Standard .022”. Ambos os arcos foram colados e alinhados. No nono mês de tratamento, arcos CuNiTi .014 x .025" foramcolocados e os parafusos ósseos instalados para ancorar a retração de toda a dentição inferior (Figuras 10). No 12o mês do tratamento, a mordida cruzada anterior foi corrigida a quase uma mordida de topo a topo. Para resistir a uma maior inclinação lingual dos incisivos inferiores, o fio foi alterado para .017 x.025 TMA de baixo atrito. No 14o mês de tratamento, o arco de fio superior foi alterado para 0,017 x .025 TMA de baixo atrito (Figuras 11). Foi realizada uma expansão no arco superior, auxiliando na correção da mordida cruzada posterior lingual bilateral. Elásticos de Classe II (3,5 oz, 3/16") dos caninos superiores para os mini-implantes mandibulares foram introduzidos para distalizar a borda dos incisivos supe- riores, visando a melhora do ângulo nasolabial. No 15o mês do tratamento, o arco superior foi alterado para .019 x .025 aço e .016 x.025 aço no arco inferior coordena- dos. No 19o mês do tratamento, a mordida cruzada posterior foi corrigida no lado esquerdo. Elásticos cruzados dos molares superiores aos mini-implantes mandibulares foram introduzidos para estabelecer a relação transversal adequada (Figura 12). Enquanto isso, os elásticos de Classe II foram continuados para o aprimoramento do sorriso. Um mês depois de o problema transversal ter sido corrigido, uma moldagem diagnóstica foi realizada para avaliar a oclusão e fazer um detalhamento final. Naquela época, o grande problema era a inclinação distal dos segundos molares inferiores e mordida aberta, resultante na região posterior de molar, causadas pelo toque prematuro devido à retração da dentição inferior com ancoragem óssea. O arco não conseguiu apresentar uma força adequada na raiz distal para manter a inclinação axial dos segundos molares inferiores. Para a resolução final da oclusão, o fio superior foi seccionado na distal dos caninos e um arco menor foi cortado na distal dos segun- dos pré-molares. Elásticos verticais (3,5 onças, de 1/8") foram utilizados na região de molar para finalizar a oclusão (Figura 13). Figuras 10 Nono mês do alinhamento com dois mini-implantes fixados. Figuras 11 14o mês, correção do canino esquerdo com elástico Classe II até os parafusos. Figura 12 19o mês com elásticos para correção da mordida cruzada. Figura 13 Elásticos verticais de finalização. 272 OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 Ortoinformação O aparelho foi removido com 21 meses de tratamento; contenções superior e inferior foram instaladas. Uma gengivo- plastia foi realizada sobre os incisivos centrais superiores com um laser de diodo para melhorar a proporção de comprimento/ largura da coroa (Figuras 14). A biomecânica da retração com- pleta da arcada inferior por meio de ancoragem esquelética está ilustrada nas Figuras 15. Resultados do tratamento Os resultados gerais foram agradáveis, tanto para o orto- dontista quanto para o paciente. Houve melhora da harmonia facial e redução da protrusão labial (Figura 6). As fotografias intraorais (Figura 7) e modelos de estudo do pós-tratamento mostraram uma leve oclusão de Classe II bilateralmente. As linhas médias dentárias coincidiram com a linha média da face, e os trespasses vertical e horizontal foram alcançados. Figuras 14 Após 21 meses de tratamento, contenção e gengivoplastia nos incisivos centrais. Figuras 15 A. A limitação da retração de toda dentição mandibular é determinada pela relação molar inicial, para a distância entre segundo molar e o ramo ascendente. B. Retraindo a dentição inferior, com ancoragem esquelética, ocorrerá a extrusão dos incisivos e inclinação dos molares para trás. A análise cefalométrica e suas sobreposições (Figura 16) mostraram retração máxima da arcada inferior com rotação anti-horária do plano oclusal inferior, e uma ligeira abertura do ângulo do plano mandibular. O ângulo do incisivo superior ao ângulo SN aumentou de 114° a 115°. O incisivo inferior para o ângulo do plano Md diminuiu de 94° para 90°. A mudança do perfil e a inclinação dos incisivos superiores e inferiores foram demonstradas em cefalogramas sobrepostos (Figura 17). A avaliação crítica deste caso com o método Iboi de mo- delo radiográfico e Iboi rosa & branco resultou em pontuação de 37 e 7, conforme documentado (Tabela 1). A pontuação da avaliação de radiografia e modelos (CRE) excede o limite normal de 26 para um caso aceitável pelo Board. Os seguintes desvios em relação ao ideal (CRE e rosa & branco) foram observados: A B 273 OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 Ortotecnologia OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 1. Os segundos pré-molares superiores bilaterais exibiram pequena rotação para mesial; 2. Segundos molares inferiores e superior do lado esquerdo exibiram pequena rotação para distal; 3. Discrepâncias na crista marginal existiam entre "17-16", "16-15", "25-26", "26-27", "36-37", "35-36", "45-46" e "46-47" (FDI); 4. Falta de contatos oclusais foram observados bilateralmente nas cúspides distovestibulares dos segundo molares supe- riores e inferiores, e nas cúspides palatinas dos segundos pré-molares superiores; 5. Uma discreta relação de Classe II nos caninos foi observada bilateralmente; 6. Inadequado paralelismo das raízes entre “34-35” e “46-47” (FDI); 7. Desnivelamento da margem gengival, inclinação axial ina- dequada: “12 e 11”, comprimento da coroa reduzido: “11 e 21”, curva dos incisivos irregular (FDI). | Discussão O tratamento conservador de uma má-oclusão esquelética de Classe III, com overjet negativo por uma abordagem não ci- rúrgica, tem sido um desafio para os ortodontistas. A estratégia para camuflar a má-oclusão de Classe III geralmente envolve Iboi-ID Iboi-ID Cast-RAD Pink&White Sobressaliência 34 Apinhamento e rotações 7 Nível da margem gengival 2 Sobremordida 0 Cristas marginais 12 Curva dos incisivos 1 Mordida aberta anterior 16 Inclinação vestibulolingual I 0 Inclinação axial 2 Mordida aberta lateral 0 Contatos oclusais 12 Proporção dentária 2 Apinhamento 2 Relações oclusais 4 Oclusão 8 Contatos interproximais 0 Mordida cruzada posterior (lingual) 7 Angulação de raízes 2 Mordida cruzada posterior (vestibular) 0 Cefalometria 0 Complexidade adicional 4 Pontuação total 71 TABELA 1 – ÍNDICES DE DISCREPÂNCIAS IBOI, EVIDENCIANDO UM CASO DE GRANDE COMPLEXIDADE vestibularização dos incisivos superiores e retroinclinação dos incisivos inferiores para melhorar a oclusão dentária, mas essa abordagem não corrige o problema esquelético subjacente ou perfil facial. Estudos clínicos têm demonstrado aumento no ângulo ANB, pouca ou nenhuma alteração na dimensão vertical e diminuição da concavidade do perfil facial com tratamento camuflagem Classe III8-12. No entanto, há pouca informação disponível na literatura sobre possíveis movimentos dentários para camuflar este tipo de má-oclusão esquelética. Na maioria dos tratamentos não cirúrgicos da Classe III, a retração dos incisivos inferiores é útil. McLaughlin e Bennet13 aconselham não retrair além de 80° por causa do risco de deiscência e falta de suporte ósseo. A retração dos incisivos inferiores e a relação molar de Classe I podem ser obtidas com o auxílio de elásticos de Classe III e/ou com parafusos de fixação óssea. Com o uso desses mini- -implantes, a discrepância dental muitas vezes pode ser eficaz- mente tratada dentro dos limites da camuflagem esquelética. Em relação aos elásticos Classes III, a utilização de ancoragem óssea pode evitar a vestibularização dos incisivos superiores, o que contribui para um ângulo nasolabial mais agudo. No presente caso, a retração máxima da dentição inferior completa foi atingida com mini-implantes bilaterais, inseridos nas laterais vestibulares da mandíbula, sem efeitos adversos no ângulo nasolabial. A principal limitação do quanto se pode retrair toda a dentição inferior é a distância entre o segundo molar mandibular e o ramo ascendente (Figura 15a). No entanto, pouca informação está disponível em relação a este problema. No presentecaso, o paciente apresentava um terceiro molar inferior direito inclinado para mesial. Este relacionamento equi- vale a uma distância de pelo menos 10,5 mm14 entre o segundo molar inferior e o ramo ascendente. Assim, possibilita-se a correção da má-oclusão atual porque o overjet negativo após nove meses de descompensação foi de 8 mm. Em resumo, as indicações de correção Classe III esquelética por retração de toda a arcada inferior com ancoragem óssea são: 1. Bom perfil; 2. Posição normal AP da maxila; 3. Incisivo superior à linha sela-násio15 dentro de 120°; 4. Ângulo nasolabial ligeiramente agudo; 5. Overjet negativo após descompensação dos incisivos inferiores dentro de 11 mm (largura MD média do primeiro molar inferior). Outra preocupação no tratamento de casos de Classe III com mordida aberta é o aprimoramento do arco do sorriso. 274 Ortoinformação OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 Estes casos geralmente apresentam um plano oclusal plano, que após a correção com elásticos promove uma extrusão de ambos os molares superiores e incisivos inferiores, contribuindo para a rotação anti-horária do plano oclusal funcional e acha- tamento do arco do sorriso. No presente caso, os elásticos Classe III não foram utilizados para corrigir a má-oclusão, mas o tratamento ainda resultou em um arco do sorriso achatado. A retração de todos os dentes inferiores com os parafusos re- sultou em uma extrusão dos incisivos inferiores e das cúspides dos molares (Figura 15b)16-18. A flexibilidade do fio é diretamente proporcional ao grau de inclinação distal do último molar no arco. A partir de um aspecto biomecânico, a retração de toda a dentição inferior com auxílio de ancoragem esquelética contribui para a correção de uma mordida aberta, mas esses mecanismos não aumentam o arco do sorriso. No presente caso, os elásticos de Classe II foram introduzidos após a corre- ção da mordida cruzada anterior, mas a extrusão dos incisivos superiores é difícil quando não há nenhuma mordida aberta No 20o mês de tratamento, modelos de diagnóstico foram feitos para planejamento do quarto ao sexto mês para finalização. Infelizmente, este paciente era um estudante chinês do exterior e foi obrigado a regressar ao seu país de origem porque foi incapaz de obter um visto de trabalho. Assim, foi necessário Figura 17 Progressão de telerradiografias. Figura 16 Sobreposição dos traçados. TABELA 2 – ANÁLISE CEFALOMÉTRICA 275 Ortotecnologia OrtodontiaSPO | 2014;47(3):269-76 que ele retornasse a cada duas semanas para ajustes durante a última fase de tratamento ativo, e o aparelho foi removido no dia anterior ao que ele deixou Taiwan. Embora este caso possa não ser adequado para fins de certificação, tanto o paciente quanto o ortodontista ficaram satisfeitos com o resultado final. Deve notar-se que o alinhamento do arco mandibular foi semelhante à filosofia Tweed de finalização ortodôntica. Na fase de conclusão da dentição da filosofia Tweed- Merrifield12, as cúspides distais dos primeiros e segundos molares devem estar levemente fora da oclusão. Com os caninos e pré-molares encaixados em Classe I, a oclusão ideal ocorrerá após todo o tratamento mecânico for interrompido e a inibição de outras influências ambientais no período pós-tratamento se estabilizar, finalizando com a posição de oclusão. Esta abordagem é considerada o estágio "recuperação da dentição"19. Se esta filosofia for aplicada a este caso de Classe III sem extrações, a inclinação axial dos segundos molares se recuperará porque o overjet, overbite e intercus- pidação ideais serão alcançados. No entanto, para evitar a inclinação distal das cúspides dos molares inferiores, seria melhor retrair a dentição inferior com um arco mais rígido, como .016 x .025 aço para ajudar a impedir a rotação do plano oclusal e interferência dessas cúspides dos molares. Teria sido útil a solicitação de radiografias panorâmicas ao longo do tratamento para reconhecer os primeiros estágios da interferência distal. | Conclusão A melhoria significativa dos tecidos moles e da oclusão pode ser esperada em pacientes adultos jovens de Classe III, tratados com movimentação ortodôntica de compensação. Uma ampla gama de displasias esqueléticas pode ser camufla- da com a movimentação dentária, sem efeitos deletérios para o periodonto. No entanto, o diagnóstico correto, os objetivos reais do tratamento realista e a mecânica eficiente são neces- sários para evitar sequelas indesejáveis20. Agradecimentos: ao professor doutor Chris Chang e equipe, pela total cooperação e por ter prontamente cedido o artigo original e todas as ilustrações clínicas do caso em alta resolução, o que possibilitou a tradução e a divulgação desta técnica de tratamento em língua portuguesa. Endereço para correspondência Marlos Eurípedes de Andrade Loiola Av. ACM, 1.034 – Ed. Pituba Parque Center – Sl. 346 – Ala A – Pituba 41858-900 – Salvador – BA marlos@gmail.com Acesse o link abaixo para conferir os formulários de check-list: http://www.ortociencia.com.br/link-14232 Referências 1. Angle EH. Classification of Malocclusion. Dental Cosmos 1899;41(1/6),248-64. 2. Almeida MR, Pereira ALP, Almeida RR, Almeida-Pedrin RR, Silva Filho OGD. Prevalence of malocclusion in children aged 7 to 12 years. Dental Press J. Orthod 2011;16(4);123-31. 3. Baccetti TC, Reyes BC, McNamara Jr. JA. Gender Differences in Class III Malocclusion. Angle Orthod 2005;75:510-20. 4. Chew MT. Soft and hard tissue changes after bimaxilla- ry surgery in Chinese Class III patients. Angle Orthod 2005;75:959-63. 5. Hiller ME. Nonsurgical correction of Class III open bite malocclusion in an adult patient. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2002;122:210-6. 6. Hea S, Gaob J, Wamalwac P, Wangd Y, Zoue S, Chenf S. 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