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FUNORTE-FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS NÚCLEO NITERÓI-SMILE ODONTOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA TRATAMENTO ORTODÔNTICO COMPENSATÓRIO DO PADRÃO III- UMA NOVA ABORDAGEM TERAPÊUTICA ROBERTA FAUSTINO BABIO MEDEIROS Monografia apresentada à Faculdade Unidas do Norte de Minas- Nucléo Niterói - Smile Odontologia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. NITERÓI 2011 FUNORTE-FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS NÚCLEO NITERÓI-SMILE ODONTOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA TRATAMENTO ORTODÔNTICO COMPENSATÓRIO DO PADRÃO III- UMA NOVA ABORDAGEM TERAPÊUTICA ROBERTA FAUSTINO BABIO MEDEIROS Monografia apresentada à Faculdades Unidas do Norte de Minas- Nucléo Niterói - Smile Odontologia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador(a): PROFº. DR.FABIO GUEDES NITERÓI 2011 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. Niterói, ____ / ____/ ______ Assinatura: _____________________________ e-mail: FICHA CATALOGRÁFICA MEDEIROS, Roberta Faustino Babio Tratamento ortodôntico compensatório do Padrão III- uma nova abordagem terapêutica/ Rio de Janeiro, 2011. 29 f. Orientador: Fabio Guedes Monografia (Especialização em Ortodontia - Odontologia) – FUNORTE-NÚCLEO NITERÓI 1.Padrão III. 2.Ortodontia compensatória. 3. Individualização de braquetes. I- Fabio Guedes II- Faculdades Unidas do Norte de Minas - FUNORTE-NÚCLEO NITERÓI III- Tratamento ortodôntico compensatório do Padrão III: uma nova abordagem terapêutica FOLHA DE APROVAÇÃO ROBERTA FAUSTINO BABIO MEDEIROS TRATAMENTO ORTODÔNTICO COMPESATÓRIO DO PADRÃO III- UMA NOVA ABORDAGEM TERAPÊUTICA Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de especialista em Ortodontia, à comissão julgadora da FUNORTE- NÚCLEO NITERÓI-SMILE ODONTOLOGIA. Aprovada em ____ / ____ / ___ Banca Examinadora 1) Prof(a). Dr(a): ..................................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... 2) Prof(a). Dr(a): ..................................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... 3) Prof(a). Dr(a): ..................................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... Resultado: ......................................................................................................... Dedicatória Dedico este trabalho, em primeiro lugar, ao Senhor Jesus, pois sem Ele nada seria possível em minha vida. Também quero estender minha gratidão, à minha querida mãe, Regina Maria Faustino, pelo incansável zelo na minha formação como profissional e pessoal. Tenho plena certeza que sem este importante alicerce nada seria construído. Minha eterna gratidão. Não poderia deixar de citar o inquestionável apoio da minha querida irmã, Giovana Faustino Babio Pitanga. O meu muito obrigado por sua especial presença ,em todos os momentos de minha vida. Sem dúvida, este foi um dos maiores presentes que Senhor me deu. Dedico este trabalho também ao meu grande companheiro, amigo e pai de meus filhos, Alexandre de Matos Medeiros, pelo amor, dedicação, compreensão e respeito por minhas escolhas. Minha gratidão, amor incondicional e também desculpas por todos os momentos em que minha ausência se fez necessária em prol da Ortodontia, aos nossos amados filhos, Isabela Faustino Babio Medeiros e Rafael Faustino Babio Medeiros. Estendo todo meu carinho e agradecimento, àqueles que tiveram uma participação especial neste sonho profissional, meus amados sogros, Maurício da Costa Medeiros e Carmen Lúcia de Matos Medeiros, que além disso, sempre constituíram um exemplo de amor e respeito a minha família. Estou imensamente feliz em poder compartilhar este momento único com todos vocês. Meus sinceros agradecimentos a todos. Agradecimento especial A toda equipe de professores da disciplina de Ortodontia, em especial meu orientador Profº. Dr. Fabio Guedes : Agradeço pela paciência e zelo em ensinar a cada um de nós, muito mais do que ser bons profissionais, nos dando também incontáveis exemplos de humanidade e respeito àqueles que nos procuram profissionalmente. O sucesso desta conquista, inquestionavelmente tem a presença de cada um de vocês . Meus sinceros agradecimentos. Agradecimentos Á banca examinadora pelas valiosas sugestões e correções que engrandeceram consideravelmente este trabalho. Aos meus colegas de curso: Carolina Machado, Marília Guerra ,Danielle Domingues, Daniele Galvão, Érika Naegele, Tarcísio Jerônimo e Bernado Bosseli. Agradeço ao Senhor Jesus por ter me presenteado com a oportunidade de conhecê-los. Medeiros, R. F. B. Tratamento ortodôntico compensatório do Padrão III- uma nova abordagem terapêutica [Monografia]. Rio de Janeiro: Faculdades Unidas do Norte de Minas; 2011. RESUMO O tratamento ortodôntico compensatório das más oclusões do Padrão III pode ser adotado quando a face do paciente é no mínimo aceitável. O objetivo dessa perspectiva de tratamento é, em essência, melhorar as relações dentárias e manter as relações faciais. O presente trabalho tem por objetivo ilustrar, por meio de um caso clínico, a sequência de tratamento compensatório de um paciente adulto jovem Padrão III, com deficiência maxilar moderada. Descritores: Padrão III. Ortodontia compensatória. Individualização de braquetes. Medeiros, R. F. B. The compensatory orthodontic treatment of Pattern III- The new perspective. [Monografia]. Rio de Janeiro: Faculdades Unidas do Norte de Minas; 2011. ABSTRACT The orthodontic treatment of malocclusions compensatory Pattern III may be adopted when the patient’s face is at least acceptable. This perspective the goal of treatment is, in essence, dental improve relations and maintaining relationships facial. This study aims to illustrate, through a clinical case, the sequence of compensatory treatment for a young adult Pattern III, with moderate maxillary deficiency. Descriptors: Pattern III. Compensatory orthodontics. Brackets individualization. LISTA DE FIGURAS Figura 1.(A-D) - Análise das relações faciais pré-tratamento................................17 Figura 1 (E-I) - Análise das relações oclusais pré-tratamento ..............................17 Figura 1J - Radiografia panorâmica pré-tratamento..............................................17 Figura 1K - Radiografia lateral de face pré-tratamento..........................................18 Figura 2 (A-G) - Mecânica interarcos.....................................................................19 Figura 3 (A-E) – Mecânica de sobre-fio no arco inferior........................................20 Figura 4A - Radiografia panorâmica final.............................................................21 Figura 4B – Radiografia lateral de face final..........................................................21 Fig. 5 (A-E) - Fase de finalização com uso de elásticos intermaxilares com vetor de Classe III.......................................................................................22Figura 6 (A-E)- Análise das relações oclusais pós-tratamento .............................23 Figura 6 (F-I) – Análise das relações faciais pós-tratamento.................................23 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA ................................................ 12 2 RELATO DE CASO CLÍNICO ........................................................................... 16 3 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 24 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 27 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 28 1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA Os indivíduos Padrão III são portadores de más oclusões resultantes do degrau sagital maxilomandibular diminuído entre maxila e mandíbula, provocado por retrusão maxilar e/ou protrusão mandibular, independente da relação molar que seus arcos dentários apresentam 5 . A relação molar mais frequente é a de Classe III, exigindo deste dente e dos demais do arco superior, que assumam uma posição mais vestibular - expansão dento- alveolar compensatória - mas haverá situações em que será de Classe I e, mais raramente de Classe II. Outras características oclusais deste padrão de crescimento são: no arco superior os pré-molares apresentam-se com angulação mesial aumentada; os caninos tendem à maior angulação com diminuição do torque palatino e os incisivos apresentam uma inclinação vestibular aumentada. No arco inferior, os incisivos tendem a apresentar uma inclinação lingual aumentada, menor angulação e geralmente apresentam-se nivelados pelo canino; já os caninos giram no sentido mesiolingual e os pré-molares e molares apresentam inclinação lingual excessiva, também chamada de atresia dentoalveolar compensatória obrigatória 5 . O Padrão III caracteriza-se por apresentar uma das mais severas anormalidades dento-faciais, com uma incidência média de 3℅ na população geral 13 . Sendo mais frequente nos países asiáticos como Coréia e Japão, onde o seu tratamento representa uma porção significativa dos tratamentos ortodônticos e ortopédicos 9 . Infelizmente, a genética dessa má formação é relativamente pouco estudada e não permite conclusões. Os dados disponíveis são para prognatismo e deficiência maxilar ântero-posterior. Na realidade, a etiologia deste Padrão pode ser multifatorial e fatores ambientais influem na penetração e expressividade 5 . A análise morfológica da face é o principal recurso diagnóstico para determinação do padrão de crescimento, considerando a limitação das medidas faciais em expressar forma ou normalidade. A classificação do Padrão deve ser realizada pela avaliação subjetiva da face nas visões frontal e lateral 11 . Na análise facial de perfil, estes indivíduos apresentam convexidade reduzida, resultando em um perfil reto ou raramente côncavo devido à deficiência maxilar, ao prognatismo mandibular ou associação de ambos. Na análise facial frontal, o terço médio da face tende a parecer deficiente, mesmo que esteja normal, pois o excesso mandibular desloca para anterior o tecido mole da maxila, mascarando a leitura da projeção zigomática. O terço inferior tende ao aumento, principalmente no prognatismo e a linha queixo-pescoço apresenta-se normal nos deficientes maxilares ou em excesso nos prognatas. O sulco mentolabial encontra-se aberto devido à verticalização compensatória dos incisivos inferiores 11 . Os ortodontistas devem ter consciência de que os indivíduos Padrão III constroém sua morfologia facial a partir de uma face normal. Isso permite um reconhecimento pleno da rotina fisiológica e, associado à lenta evolução da doença, à busca de sua manutenção por meio do mecanismo compensatório que atinge dentes e outras estruturas menos condicionadas 5 . O Padrão III de crescimento apresenta um interesse especial para o ortodontista, apesar de sua pequena incidência na população, devido ao comportamento estético, prognóstico desfavorável à mecânica ortopédica / ortodôntica e, dificuldade na obtenção de estabilidade pós-tratamento 10 . O tratamento ortopédico para os indivíduos Padrão III pressupõe uma intervenção ativa sobre o crescimento, direção ou quantidade, capaz de estabelecer relações maxilomandibulares ideais e de caráter permanente. Estudos mostram ser possível tal intervenção ortopédica tanto na maxila quanto na mandíbula e essa possibilidade é expressa por números discretos, apesar de se mostrarem estatisticamente significantes 1 . O tratamento interceptivo das más oclusões do Padrão III, tanto na ocorrência de uma deficiência relativa da maxila, ou seja, apesar de ser classificada como normal, a maxila necessita de um incremento para poder se relacionar com a mandíbula, como na ocorrência de deficiência maxilar verdadeira, consiste de uma expansão rápida da maxila e tração maxilar, que é um rápido e excelente método de tratamento desta discrepância 7 . É importante considerar a época de indicação da expansão rápida da maxila e tração maxilar. O momento adequado seria próximo à troca dos incisivos superiores. Em termos de idade cronológica, isso compreenderia a fase dos 6 aos 9 anos de idade, admitindo-se, porém efeitos positivos após essa idade, até os 12 anos, mas com menos impacto na maxila basal 5 . Nos casos de pacientes com prognatismo, o tratamento interceptivo com o uso da mentoneira, tem cada vez menos adeptos, possivelmente por seu protocolo de utilização ser complicado pelo fator tempo de tratamento, estabilização e contenção dos resultados obtidos. Estudos mostram que para a mentoneira atingir seu objetivo, é necessário seu uso desde a dentadura mista até o fim do crescimento, ao mesmo tempo que definem sua limitação quando o objetivo for a melhora da estética. Por tudo isso, o uso deste recurso terapêutico parece, pelo menos na literatura, abandonado pelos ocidentais e adotado apenas pelos orientais 10 . Quando o tratamento compensatório é a opção de escolha do ortodontista e do paciente, este deverá somente ser iniciado após o surto pubertário de crescimento craniofacial. Isso significa pelo menos 18 meses após a menarca em meninas e após pubescência plena em meninos. As radiografias carpais servem de referência para determinar a época de tratar 4 . A observação sobre o posicionamento esperado para os dentes dos portadores de más oclusões do Padrão III compensados foram a base para determinar a prescrição dos braquetes individualizados na técnica de straight-wire 3 . Na análise dos arcos dentários dos pacientes Padrão III, as alterações compensatórias devem ser proporcionais à magnitude da má oclusão e em nível que for permitido acontecer. Como nestes pacientes, a rotina funcional quase sempre acontece, pelo menos de forma temporária, será exceção não encontrar essas alterações compensatórias 5 . Este trabalho visa expor, através de um caso clínico, uma nova abordagem no tratamento compensatório do Padrão III. 2. RELATO DE CASO CLÍNICO O paciente I.M.S.S., 18 anos e 5 meses de idade, sexo masculino, raça branca, procurou tratamento ortodôntico tendo como queixa principal melhorar a sua estética dentária. Na avaliação frontal da face, constatou-se: paciente Padrão III, deficiência maxilar moderada, discreta assimetria mandibular, face aceitável, terço inferior levemente aumentado, selamento labial passivo. Na avaliação de perfil, as seguintes características foram observadas: perfil reto, deficiência de projeção zigomática, depressão infra-orbitária pouco evidente, ângulo nasolabial normal, lábio inferior posicionado a frente do superior, sulco mentolabialdiminuído, linha e ângulo queixo- pescoço normais (Fig. 1A-1D). Na avaliação oclusal, a relação sagital inter-arcos era de Classe III (1/4) bilateral, com mordida cruzada anterior (região dos elementos 12/13 e 42/43), apinhamento anterior inferior moderado e inclinação lingual aumentada nos incisivos, pré-molares e molares inferiores justificados pela diminuição do degrau maxilomandibular. A morfologia triangular presente no arco superior associada a correta posição vestíbulo lingual dos dentes posteriores denotava atresia maxilar de caráter esquelético. O corredor bucal estava aumentado devido à atresia maxilar. A linha média dentária inferior encontrava-se 0,5mm desviada para direita em relação à linha média da face (Fig.1E-1I), que coincidia com a linha média dentária superior. Ao avaliarmos a radiografia panorâmica, foi observada a presença de todos os dentes permanentes exceto os terceiros molares superiores e inferiores (Fig. 1J). Na avaliação morfológica da radiografia lateral da face, foi verificado um degrau maxilomandibular diminuído com moderada retrusão maxilar. O tamanho do ramo e corpo mandibular encontravam-se proporcionalmente equilibrados, com leve rotação do corpo mandibular e sínfise normal, o que permitiu uma manipulação dos incisivos inferiores com menor custo biológico. Os incisivos superiores apresentavam-se com inclinação vestibular aumentada e os incisivos inferiores com inclinação normal em relação às suas respectivas bases ósseas (Fig. 1K). A B C D E F G H I J K FIGURA 1- Diagnóstico baseado na análise facial (A–D) e oclusal (E–I), complementado pelas imagens das radiografias panorâmica (J) e lateral da face (K): paciente adulto jovem, Padrão III, deficiência maxilar moderada e face desagradável. A relação oclusal era de 1/4 de Classe III bilateral, com mordida cruzada na região anterior do lado direito e na região posterior direita e, excessiva compensação transversal no arco inferior (inclinação lingual dos dentes posteriores). Os incisivos inferiores apresentavam-se com inclinação normal - com apinhamento presente nesta região - e os incisivos superiores com inclinação vestibular aumentada em relação às suas bases ósseas. Após realização do diagnóstico, o plano de tratamento foi elaborado. Com intenção compensatória, o diagrama C5-A4 foi utilizado como modelo de forma desejada. Esta atitude permitiu o aumento de perímetro do arco superior e restrição de perímetro do arco inferior, meta terapêutica pré-estabelecida no plano de tratamento. O tratamento iniciou-se no arco superior no intuito de não agravar o trespasse horizontal, onde foi realizada a colagem de braquetes prescrição Capelozza I 3 nos incisivos superiores devido ao paciente ser da raça branca onde a vestibularização excessiva desses dentes afetaria negativamente a estética do sorriso. Já nos caninos superiores foram colados braquetes prescrição Capelozza III 3 com intenção de manter e até mesmo, intensificar a angulação positiva aumentado o perímetro do arco superior, meta terapêutica pré-estabelecida no plano de tratamento. Após alinhamento e nivelamento pleno do arco superior iniciou-se a mecânica no arco inferior, onde foi realizada bandagem dos dentes 36 e 46 e colagem de braquetes prescrição Capelozza III 3 somente nos caninos e, slice na distal dos caninos e mesial dos 1 os pré-molares inferiores. Em seguida, foi instalado um fio .016” NiTi passando somente pelos caninos e molares (Fig. 2A - 2E). Com intenção de verticalizar os caninos inferiores, elásticos de Classe III 5/16” leve foram utilizados (Fig. 2F e 2G). A B C D E F G FIGURA 2- Após alinhamento e nivelamento pleno do arco superior foi iniciada a mecânica no arco inferior. Note a mecânica realizada com intenção de restringir o perímetro do arco inferior, em outras palavras, não protruir. Foram realizados desgastes interproximais com broca 2200 entre os dentes 33/34 e 43/44 e elásticos 5/16 Light instalados. Após correção da relação canina, braquetes prescrição Capelozza III 3 foram colados nos incisivos inferiores na mesma altura dos caninos inferiores com objetivo de melhorar o trespasse vertical na região anterior. Vale ressaltar que o nivelamento das faces incisais dos incisivos e caninos inferiores - provocado pela flexão lingual dos incisivos - é uma característica compensatória evidente nos indivíduos Padrão III com oclusão normal. Desgastes interproximais foram realizados de mesial de canino à mesial de canino do hemi-arco oposto e, uma mecânica com dois fios (sobre-fio), um .018” aço e um .016” NiTi, foi introduzida para evitar protrusão dos incisivos inferiores e manutenção da relação canina (Fig. 3A - 3E). A B C D E FIGURA 3- Mecânica de sobre-fio no arco inferior no intuito de alinhar e nivelar os incisivos. A colagem dos braquetes prescrição Capelozza III 3 nos incisivos inferiores deve acompanhar a altura do braquete dos caninos inferiores para que haja uma melhora da relação vertical anterior. A mecânica envolveu um fio .018” aço passando pelos molares e caninos, um fio .016” NiTi de canino a canino e desgastes interproximais de mesial de canino à mesial de canino do hemi-arco oposto. Observe que os pré-molares inferiores não foram incluídos na mecânica, pois estavam bem posicionados, o que permitiu estes servirem como unidade de referência. Como recurso mecânico auxiliar foi instalado uma barra transpalatina soldada nas bandas dos dentes 17 e 27 com intenção de melhorar a relação transversal na região posterior, em outras palavras, mecânica de resgaste de forma. Neste caso, os 2 os molares superiores são utilizados não somente como unidade de ancoragem, mas também, como unidade de referência, visto que, os mesmos se apresentavam bem posicionados. Radiografias panorâmica (Fig. 4A) e lateral da face (Fig. 4B) foram solicitadas no intuito de avaliar o paralelismo entre as raízes e os custos biológicos inerentes ao tratamento. A B FIGURA 4- A radiografia panorâmica final (A) mostrou paralelismo adequado entre as raízes dos dentes. Na radiografia lateral da face final (B), a compensação sagital dos arcos dentários pode ser observada. Houve um aumento da inclinação vestibular dos incisivos superiores e uma diminuição da inclinação vestibular dos incisivos inferiores. Na fase de finalização, foi colocado um fio .018” aço inferior com looping entre os dentes 32-33 e 42-43 e elástico de Classe III 3/16” médio, do gancho molar superior ao looping do arco inferior no intuito de melhorar o trespasse horizontal e vertical entre os arcos dentários (Fig. 5A - 5E). A B C D E FIGURA 5- Na fase de finalização houve a necessidade de utilizar elásticos intermaxilares com vetor de Classe III para permitir um melhor engrenamento oclusal. Após a remoção do aparelho, foram instaladas as contenções, placa de Hawley no arco superior e 3x3 no arco inferior (Fig. 6A - 6I). O paciente foi orientado sobre a necessidade de realizar consultas de controle pós-tratamento com finalidade de avaliar a estabilidade do tratamento e verificar a presença de eventuais contatos prematuros na região anterior. A BC D E F G H I FIGURA 6- O tratamento ortodôntico compensatório instituído devolveu as características de normalidade para a oclusão (A - E), mantendo as relações faciais (F - I). As relações oclusais obtidas foram muito satisfatórias, com forte compensação em ambos os arcos, expressa em aumento da angulação de incisivos e caninos superiores e diminuição da inclinação vestibular de incisivos inferiores. 3. DISCUSSÃO O diagnóstico na Ortodontia já foi guiado pela oclusão como sendo o principal objetivo do tratamento ortodôntico, acreditando que uma ótima oclusão levaria, consequentemente , a uma estética facial ideal. Durante quase todo o século XX persistiu a idéia de oclusão em primeiro plano nos objetivos do tratamento, o qual era impulsionado pela cefalometria, que guiava o tratamento por meio do padrão de normalidade dento-esquelética. Atualmente, a utilização de conceitos de diagnóstico, através da análise morfológica da face, já estabelecidos pela literatura ortodôntica, aplicados sob uma nova perspectiva, permite maior previsibilidade aos tratamentos ortodônticos e tranquilidade ao profissional, que se torna apto a utilizá-los 11 . A análise morfológica da face é o principal recurso diagnóstico para a determinação do padrão facial, porém é imperativo um diagnóstico correto pelo ortodontista do seu paciente, para os benefícios dessa nova visão da Ortodontia. Nesta análise, a classificação do Padrão é realizada através da avaliação morfológica da face nas visões frontal e lateral 5, 11 . As medidas cefalométricas nem sempre concordam com a análise clínica, já que essas visões bidimensionais do esqueleto seriam reflexos imperfeitos do que existe clinicamente. Assim sendo, a análise facial sistematiza o diagnóstico ortodôntico e se associa à análise cefalométrica para oferecer ao paciente uma oclusão funcional com a melhor harmonia facial possível 2, 5 . No caso do referido paciente, os incisivos superiores foram colados com braquetes prescrição Capelozza I, pois foi seguida a orientação de individualização dos braquetes do professor Capelozza Filho 3 , que orienta adotar os braquetes com prescrição III para os incisivos superiores quando estes já estiverem com forte inclinação vestibular ou quando isto for absolutamente necessário para permitir o tratamento compensatório do paciente, em outras palavras, devemos concentrar a compensação da má oclusão de Classe III no arco inferior e assim repetir o que a natureza sabiamente faz. Isto não traz limitação estética, ao contrário da compensação criada com a forte inclinação vestibular dos incisivos superiores, que eleva a porção anterior do plano oclusal podendo prejudicar a leitura do sorriso do paciente. Estas limitações são inerentes a manipulação que se pretende introduzir e não podem ser evitadas 4 . O correto diagnóstico e planejamento dos casos, são importantes a fim de evitar severas iatrogenias, como aquelas observadas em estudos realizados com pacientes Padrão III com indicação de tratamento orto-cirúrgico que no entanto foram tratados apenas compensatoriamente, resultando em perda do suporte periodontal na região dos incisivos, devido ao excessivo movimento destes no processo alveolar 6 . Com o advento do exame tomográfico de feixe cônico, pode-se avaliar a real relação que cada dente tem com as respectivas corticais ósseas vestibular e lingual. Na verdade, as metas não deverão mudar, porém a maneira de atingí-las devem permitir uma manutenção da saúde periodontal. Para isso, diante da necessidade de movimentação dos incisivos inferiores no sentido vestíbulo-lingual, o movimento dentário de inclinação deveria ser preferido em vez do movimento dentário de corpo. O movimento dentário de corpo movimentaria, além da coroa, também o ápice, podendo transgredir os limites de sua inserção óssea. Por outro lado, o movimento de inclinação (com o centro de rotação próximo ao ápice) poderia alterar a posição coronal dos incisivos inferiores, enquanto manteria o ápice na região com disponibilidade óssea 8 . Sendo assim, é importante entender que movimentos compensatórios são obtidos especialmente pela manipulação da angulação e inclinação (sem controle de torque). A estabilidade no tratamento do Padrão III está relacionada ao estágio de atuação do ortodontista e ao período de contenção pós-tratamento 13 . 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tratamento ortodôntico compensatório primário das más oclusões do Padrão III busca melhoria das relações oclusais e manutenção das relações faciais. Este se torna indicado quando a face do paciente é no mínimo aceitável. No tratamento compensatório das más oclusões do Padrão III, onde a perspectiva é manter a essência e eliminar a excrescência, um protocolo de diagnóstico e de tratamento bem definido permite diminuição do tempo, menor custo biológico e um maior conforto, ou seja, maior eficiência. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Albers, C. M. F.; Dermaut, L. R. Orthopedics in orthodontics: part I, fiction or reality – a review of the literature. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 110, p. 513-519, nov.1996. 2. Brandão, A. M. B. et al. Avaliação comparativa entre as características da má oclusão Classe II Div 1 obtidas pela cefalometria e análise facial subjetiva. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 33-40, mar/br. 2001. 3. Capelozza Filho, L. et al. Individualização de braquetes na técnica de straight- wire: revisão de conceitos e sugestões de indicações para o uso. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 4, n. 4, p. 87-106, jul-ago, 1999. 4. Capelozza Filho, L. Quais seriam as atuais considerações sobre a performance da prescrição Capelozza na clínica ortodôntica? R Clin Dental Press, Maringá, v. 1, n. 2, p. 23-24, abr/maio, 2002. 5. Capelozza Filho, L. Diagnóstico em Ortodontia. Cap. 5, p. 237, 2004. 6. Chester, S. H. The anterior alveolus: its importance in limiting orthodontic treatment and its influence on the occurrence of iatrogenic sequelae. The Angle Orthodontist, v. 66, n. 2, 1996. 7. Delaire, J. Maxillary development revisited: relevance to the orthopedic of Class III malocclusions. Eur J Orthod, London, v. 19, n. 3, p. 289-311, 1997. 8. Garib, D. G.; Yatabe, M. S.; Ozawa, T. O.; Silva Filho, O. G. Morfologia alveolar sob a perspectiva da tomografia computadorizada: definindo os limites biológicos para a movimentação dentária. Dental Press J Orthod, Maringá, v. 15, n. 5, p. 192-205, 2010. 9. Graber, T. M.; Vanarsdall, R. Jr. Ortodontia – Princípios e Técnicas atuais. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara – Koogan, 1996: 897. 10. Mitani, H.; Sato, K.; Sugawara, J. Growth of mandibular prognatism after pubertal growth peak. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St Louis, v. 104, p. 330- 336, out. 1993. 11. Reis, S. A. B.; Abrão, J.; Capelozza Filho, L.; Assis Claro, C. A. A. Análise facial subjetiva. Rev Dental Press Ortodont Ortop Facial, v. 11, n. 5, p. 159-172, set/out. 2006. 12. Silva Filho, O. G.; Freitas, S. F.; Cavassan, A. O. Prevalência de oclusão normal e má oclusão em escolares da cidade de Bauru (São Paulo). Parte I: relação sagital. Rev. Odont. USP., v. 4, n. 2, p. 130-137, 1990. 13. Satravaha, S.; Taweesedt, N. 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