Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 02 (19/02/20) - Neuroanatomia A.M.: 4, 14 e 19. G.: 7. A.M.: Anatomia macroscópica da medula espinhal e seus envoltórios - cap. 04 ● A medula espinhal é uma massa cilindróide, de tecido nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem, entretanto, ocupá-lo completamente. ● Cranialmente, limita-se com o bulbo, aproximadamente ao nível do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem importância clínica e, no adulto, situa-se geralmente em L2. ● A medula termina afilando-se para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. - Síndrome do filamento terminal: infecção e retração do filamento → medula é esticada. ● Apresenta duas dilatações, a intumescência cervical e a intumescência lombar, as quais correspondem às áreas em que fazem conexão com a medula as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacral, destinados à inervação dos membros superiores e inferiores. A formação dessas intumescências se deve à maior quantidade de neurônios e, portanto, de fibras nervosas que entram ou saem dessas áreas e que são necessárias para a inervação dos membros. ● A superfície da medula possui: - sulco mediano posterior; - fissura mediana anterior; - sulco lateral anterior; - sulco lateral posterior; - sulco intermédio posterior (na medula cervical). ● Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma de uma borboleta, ou de um H. ● Três colunas aparecem ao longo da medula, as colunas anterior, posterior e lateral. A coluna lateral, no entanto, só aparece na medula torácica e em parte da lombar. ● No centro da substância cinzenta, localiza-se o canal central da medula (ou canal do epêndima), resquício da luz do tubo neural do embrião. Continuação do canal central do bulbo. Preenchido por liquor. ● A substância branca é formada por fibras, a maior parte delas amielínicas, que sobem e descem na medula e podem ser agrupadas, de cada lado, em funículos: - funículo anterior: entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior; - funículo lateral: entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior; - funículo posterior: entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. Na parte cervical da medula, o funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio posterior em fascículo grácil e fascículo cuneiforme. ● Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior, fazem conexão pequenos filamentos nervosos denominados filamentos radiculares, que se unem para formar, respectivamente, as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais. As duas raízes se unem para formar os nervos espinhais. ● No adulto, a medula não ocupa todo o canal vertebral, uma vez que termina no nível de L2. Abaixo desse nível, o canal vertebral contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais que, dispostas em torno do cone medular e filamento terminal constituem, em conjunto, a cauda equina. - Síndrome da cauda equina: envolve as raízes nervosas lombares e sacrais, que descem abaixo do cone medular e passam pelo espaço subaracnóide até seus forames de saída. Podem ocorrer paraparesia ou paraplegia, com estase urinária e também hipoestesia às diversas formas da sensibilidade geral pela lesão das raízes e nervos espinhais. Síndrome do neurônio motor inferior e dor irradiada (compressão). ● Entre os níveis das vértebras C2 e T10, adiciona-se 2 ao número do processo espinhoso da vértebra e tem-se o número do segmento medular subjacente. ● Aos processos espinhosos das vértebras T11 e T12 correspondem os cinco segmentos lombares, enquanto ao processo espinhoso de L1 correspondem os cinco segmentos sacrais. ● A medula é envolvida por membranas fibrosas denominadas meninges: dura-máter (mais espessa), aracnoide e pia-máter. - dura-máter (paquimeninge): mais externa, formada por abundantes fibras colágenas que a tornam espessa e resistente. Envolve toda a medula, como um dedo de luva, o saco dural. Cranialmente, a dura-máter espinhal continua com a craniana e, caudalmente, termina em fundo-de-saco ao nível da vértebra L2. Prolongamentos laterais dessa meninge embainham as raízes dos nervos espinhais, continuando com o epineuro que envolve esses nervos, Os orifícios ficam então obliterados, não permitindo a saída de liquor; - aracnoide: compreende um folheto justaposto à dura-máter e um emaranhado de trabéculas aracnóideas, que unem esse folheto à pia-máter. - pia-máter: é a meninge mais delicada e mais interna. Adere intimamente ao tecido nervoso da superfície da medula e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua caudalmente, formando o filamento terminal. Este filamento perfura o fundo do saco dural e continua caudalmente até o hiato sacral. Ao atravessar o saco dural, o filamento terminal recebe vários prolongamentos da dura-máter e o conjunto passa a ser denominado filamento da dura-máter espinhal. Este, ao inserir-se no periósteo da superfície dorsal do cóccix, constitui o ligamento coccígeo. A pia-máter forma, de cada lado da medula, uma prega longitudinal denominada ligamento denticulado, que fixam a medula à aracnoide e à dura-máter. ● Espaços entre as meninges: - espaço epidural/peridural/extradural: situa-se entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral. Contém tecido adiposo e um grande número de veias que constituem o plexo venoso vertebral interno (de Batson); ↳ as veias desse plexo não possuem válvulas e têm comunicações com as veias das cavidades torácica, abdominal e pélvica. Aumentos de pressão nessas cavidades (como a tosse), aumentam a compressão medular e impelem o sangue no sentido do plexo. Essa inversão do fluxo explica a disseminação, para a coluna vertebral ou para a medula, de infecções, metástases cancerosas e lesões neurológicas (mielite esquistossomótica) por ovos de Schistosoma mansoni (parasita sai do sistema porta). Obs.: plexo venoso externo → pode ser um meio de disseminação de câncer para a medula, advindo do tumor de próstata. - espaço subdural: situado entre a dura-máter e a aracnoide, é uma fenda estreita contendo pequena quantidade de líquido, suficiente apenas para evitar a aderência das paredes; - espaço subaracnóideo: contém uma quantidade consideravelmente grande LCR, ou liquor. ● O saco dural e a aracnoide que acompanham o espaço subaracnóideo terminam em S2, ao passo que a medula termina em L2. Entre esses dois níveis, o espaço subaracnóideo é maior, contém maior quantidade de liquor e nele se encontram apenas o filamento terminal e as raízes que formam a cauda equina. Não havendo perigo de lesão medular, esta área é ideal para a introdução de uma agulha no espaço subaracnóideo, para: - retirada de liquor para fins terapêuticos ou diagnósticos nas punções lombares, ou raquidianas → propedêutica; - medida da pressão do liquor; - introdução de substâncias que aumentam o contraste em exames de imagem (mielografia); - introdução de anestésicos (anestesias raquidianas) → terapêutica; - administração de medicamentos. ● Anestesias raquidianas: o anestésico é introduzido noespaço subaracnóideo por meio de uma agulha que penetra no espaço entre L2-L3, L3-L4 ou L4-L5. Em seu trajeto, a agulha penetra sucessivamente a pele e a tela subcutânea, o ligamento interespinhoso, o ligamento amarelo, a dura-máter e a aracnoide. Certifica-se que a agulha atingiu o espaço pela presença de liquor que goteja na extremidade. ● Anestesias peridurais: são feitas na região lombar, introduzindo-se o anestésico no espaço epidural, onde ele se difunde e atinge os forames intervertebrais, pelos quais passam as raízes dos nervos espinhais. Confirma-se quando se observa súbita baixa de resistência, indicando que a agulha perfurou o ligamento amarelo. Mais segura. A.: Estrutura da medula espinhal - cap. 14 ● Substância cinzenta: tecido nervoso constituído de neuróglia, corpos de neurônios e fibras predominantemente amielínicas. ● Substância branca: neuróglia, fibras predominantemente mielínicas. ● Núcleo: massa de substância cinzenta dentro de substância branca. ● Formação reticular: agregação de neurônios separados por fibras nervosas que não correspondem exatamente às substâncias branca ou cinzenta e ocupa a parte central do tronco encefálico. ● Córtex: substância cinzenta que se dispõe em uma camada fina na superfície do cérebro e do cerebelo. ● Trato: feixe de fibras nervosas com aproximadamente a mesma origem, função e destino. As fibras podem ser mielínicas e amielínicas. Primeiro nome = origem, segundo nome = terminação e terceiro nome = posição do trato (ex.: trato corticoespinhal lateral → origem no córtex cerebral, termina na medula espinhal e se localiza no funículo lateral da medula). ● Fascículo: trato mais compacto. ● Lemnisco: fita, é empregado para alguns feixes de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao tálamo. ● Funículo: cordão, é usado para a substância branca da medula. Um funículo contém vários tratos ou fascículos. ● Decussação: fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e têm a mesma direção. ● Comissura: fibras nervosas que cruzam perpendicularmente o plano mediano e têm, consequentemente, direções opostas (ex.: corpo caloso). ● Fibras de projeção: fibras que saem fora dos limites de determinada área ou órgão do SNC. ● Fibras de associação: fibras que associam pontos mais ou menos distantes de determinada área ou órgão do SNC sem, entretanto, abandoná-los. ● Modulação: mudança de excitabilidade de um neurônio causada por axônios de outros neurônios não relacionados com a função do primeiro. ● Neuroimagem funcional: técnica que permite estudar o estado funcional de áreas do SNC em indivíduos sem anestesia. ● Entre a fissura mediana anterior e a substância cinzenta, localiza-se a comissura branca, local de cruzamento de fibras. ● A quantidade de substância branca em relação à cinzenta é tanto maior quanto mais alto o nível considerado. ● No nível das intumescências lombares e cervicais, a coluna anterior é mais dilatada. ● A coluna lateral só existe de T1 a L2. ● A substância cinzenta da medula é dividida em: coluna anterior, coluna posterior (substância gelatinosa) e substância cinzenta intermédia (central e lateral). ● Classificação dos neurônios medulares: ● Neurônios radiculares: seu axônio, muito longo, sai da medula para constituir a raiz ventral. - neurônios radiculares viscerais: são os neurônios pré-ganglionares do SNA, cujos corpos localizam-se na substância cinzenta intermédia lateral, de T1 a L2 (coluna lateral), ou de S2 a S4. Destinam-se à inervação de músculos lisos, cardíacos ou glândulas; - neurônios radiculares somáticos: destinam-se à inervação de músculos estriados esqueléticos e têm seu corpo localizado na coluna anterior. São também denominados neurônios motores inferiores. ↳ Os neurônios alfa são muito grandes e seu axônio, bastante grosso, destinam-se à inervação de fibras musculares que contribuem efetivamente para a contração dos músculos. Cada neurônio alfa, juntamente com as fibras musculares que ele inerva, constituem uma unidade motora. Essas fibras são extrafusais, ou seja, localizam-se fora dos fusos neuromusculares; ↳ Os neurônios gama são menores e possuem axônios mais finos (fibras eferentes gama), responsáveis pela inervação motora das fibras intrafusais. ● Neurônios cordonais: são aqueles cujos axônios ganham a substância branca da medula, onde tomam direção ascendente ou descendente, passando a constituir as fibras que formam os funículos da medula. O axônio de um neurônio cordonal pode passar ao funículo situado do mesmo lado onde se localiza o seu corpo (homolateral/ipsilateral), ou do lado oposto (heterolateral/contralateral). - neurônios cordonais de projeção: possuem um axônio ascendente longo, que termina fora da medula (tálamo, cerebelo etc.), integrando as vias ascendentes da medula. - neurônios cordonais de associação: possuem um axônio que, ao passar pela substância branca, se bifurca em um ramo ascendente e outro descendente, ambos terminando na substância cinzenta da própria medula. Constituem, pois, um mecanismo de integração de segmentos medulares, situados em níveis diferentes, permitindo a realização de reflexos intersegmentares na medula. As fibras nervosas formadas por esses neurônios dispõem-se em torno da substância cinzenta, onde formam os chamados fascículos próprios. ● Neurônios de axônio curto (internunciais): o axônio destes neurônios permanece sempre na substância cinzenta (pequeno tamanho). Seus prolongamentos ramificam-se próximo ao corpo celular e estabelecem conexões entre as fibras aferentes, que penetram pelas raízes dorsais, e os neurônios motores, interpondo-se, assim, em vários arcos reflexos medulares. - célula de Renshaw: localizada na porção medial da coluna anterior. Os impulsos nervosos provenientes da célula de Renshaw inibem os neurônios motores. Os axônios destes, antes de deixar a medula, emite um ramo colateral recorrente que volta e termina estabelecendo sinapse com uma célula de Renshaw, cujo neurotransmissor (glicina, majoritariamente) é inibitório. ● Os núcleos do grupo medial existem em toda a extensão da medula e os neurônios motores aí localizados inervam a musculatura relacionada com o esqueleto axial. ● Os núcleos do grupo lateral dão origem a fibras que inervam a musculatura apendicular, ou seja, dos membros superior e inferior, ou seja, aparecem apenas nas regiões das intumescências cervical e lombar. - Neurônios motores localizados mais medialmente → inervam musculatura proximal dos membros; - Neurônios situados mais lateralmente → inervam a musculatura distal dos membros (músculos intrínsecos e extrínsecos da mão e do pé). ● Na coluna posterior, são mais evidentes - o núcleo torácico (dorsal): evidente apenas na região torácica e lombar alta (L1-L2), relaciona-se com a propriocepção inconsciente e contém neurônios cordonais de projeção, cujos axônios vão ao cerebelo; - a substância gelatinosa: recebe fibras sensitivas que entram pela raiz dorsal e nela funciona o chamado portão da dor, mecanismo que regula a entrada de impulsos dolorosos no sistema nervoso. Importante as fibras que chegam do tronco encefálico. ● As fibras da substância branca da medula agrupam-se em tratos e fascículosque formam verdadeiros caminhos, ou vias. ● Se a área de degeneração se localiza acima do ponto de secção da medula, o trato degenerado é, portanto, ascendente, ou seja, o corpo do neurônio localiza-se em algum ponto abaixo da lesão. Se a área de degeneração localiza-se abaixo, conclui-se, que o trato é descendente. ● Vias descendentes: são formadas por fibras que se originam no córtex cerebral, ou em várias áreas do tronco encefálico, e terminam fazendo sinapse com os neurônios medulares. Algumas terminam nos neurônios pré-ganglionares do SNA, constituindo as vias descendentes viscerais. Outras terminam fazendo sinapse com neurônios da coluna posterior e participam dos mecanismos que regulam a penetração dos impulsos sensoriais no SNC. Contudo, o contingente mais importante termina direta ou indiretamente nos neurônios motores somáticos, constituindo as vias motoras descendentes somáticas. - Lesão do funículo lateral: perda dos movimentos finos das extremidades, sem alterar a postura. Lesão do funículo anterior: alterações na postura e impossibilidade de ajustes posturais. - Sistema lateral da medula: compreende os tratos corticoespinhal e rubroespinhal. Ambos conduzem impulsos nervosos aos neurônios da coluna anterior da medula, relacionando-se com estes neurônios diretamente, ou através de neurônios internunciais. - Trato corticoespinhal: se origina no córtex. No nível da decussação das pirâmides do bulbo, os tratos corticoespinhais se cruzam, o que significa que o córtex de um hemisfério cerebral comanda os neurônios motores situados na medula do lado oposto, visando a realização de movimentos voluntários (a motricidade voluntária é cruzada). ↳ Um pequeno número de fibras não se cruza na decussação das pirâmides e continua em posição anterior, constituindo o trato corticoespinhal anterior, localizado no funículo anterior da medula e faz parte do sistema medial. ↳ O trato corticoespinhal lateral localiza-se no funículo lateral da medula, atinge até a medula sacral e, como suas fibras vão pouco a pouco terminando na substância cinzenta, quanto mais baixo, menor o número delas. - Trato rubroespinhal: se origina no núcleo rubro do mesencéfalo. Liga-se aos neurônios motores situados lateralmente na coluna anterior, os quais controlam os músculos responsáveis pela motricidade da parte distal dos membros. - Sistema medial: compreende os tratos corticoespinhal anterior, tetoespinhal, vestibuloespinhal e os reticuloespinhais pontino e bulbar. Todos esses tratos terminam na medula em neurônios internunciais, através dos quais eles se ligam aos neurônios motores situados na parte medial da coluna anterior e, assim, controlam a musculatura axial, ou seja, do tronco e pescoço e a musculatura proximal dos membros. Os tratos vestibuloespinhais e reticuloespinhais são importantes para manutenção do equilíbrio e da postura básica, sendo que estes últimos controlam também a motricidade voluntária da musculatura axial e proximal. - Trato corticoespinhal anterior: origina-se no córtex cerebral. Motricidade voluntária axial e proximal dos membros superiores; - Trato tetoespinhal: origina-se no teto mesencefálico (colículo superior). Relacionado a reflexos em que a movimentação decorre de estímulos visuais (orientação sensorial motora da cabeça); - Trato vestibuloespinhal: origina-se nos núcleos vestibulares, situados na área vestibular do IV ventrículo. Ajustes posturais para manutenção do equilíbrio (lateral) e da cabeça e tronco (medial); - Tratos reticuloespinhais pontino e bulbar: origina-se na formação reticular, estrutura que ocupa a parte central do tronco encefálico (sendo que as fibras que vão à medula se originam da formação reticular da ponte e do bulbo). O trato reticuloespinhal pontino promove a contração da musculatura extensora (antigravitária) do membro inferior necessária para a manutenção da postura ereta, resistindo à ação da gravidade - isso dá estabilidade ao corpo para fazer movimentos com os membros superiores. Já o reticuloespinhal bulbar tem efeito oposto, ou seja, promove o relaxamento da musculatura extensora do membro inferior. ● Vias ascendentes: as fibras que formam essas vias relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que penetram pela raiz dorsal do nervo espinhal, trazendo impulsos aferentes de várias partes do corpo. - As fibras dos fascículos grácil e cuneiforme, que ocupam os funículos posteriores da medula e terminam fazendo sinapse nos núcleos grácil e cuneiforme, situados, respectivamente, nos tubérculos do núcleo grácil e do núcleo cuneiforme do bulbo. - Sinapses na substância cinzenta da medula: - sinapse com neurônios motores na coluna anterior: realização de arcos reflexos monossinápticos (arco reflexo simples); - sinapse com os neurônios internunciais: realização de arcos reflexos polissinápticos, que envolve ao menos um neurônio internuncial, cujo axônio se liga ao neurônio motor; - sinapse com neurônios cordonais de associação: realização de arcos reflexos intersegmentares; - sinapse com os neurônios pré-ganglionares: realização de arcos reflexos viscerais; - sinapse com neurônios cordonais de projeção: cujos axônios vão constituir as vias ascendentes da medula. - As fibras que formam as vias ascendentes da medula são ramos ascendentes de fibras da raiz dorsal (fascículos grácil e cuneiforme) ou axônios de neurônios cordonais de projeção situados na coluna posterior. - Vias ascendentes do funículo posterior: - fascículo grácil: inicia-se no limite caudal da medula e é formado por fibras que penetram na medula pelas raízes coccígea, sacrais, lombares e torácicas baixas, terminando no núcleo grácil, situado no tubérculo do núcleo grácil do bulbo. Conduz impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco e pode ser identificado em toda a extensão da medula; - fascículo cuneiforme: evidente apenas a partir da medula torácica alta, é formado por fibras que penetram pelas raízes cervicais e torácicas superiores, terminando no núcleo cuneiforme do bulbo. Conduz impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco. - ambos os fascículos conduzem impulsos relacionados com: a) propriocepção consciente, ou sentido de posição e de movimento (cinestesia); b) tato discriminativo (ou epicrítico): permite localizar e descrever as características táteis de um objeto; c) sensibilidade vibratória; d) estereognosia: capacidade de perceber, com as mãos, a forma e o tamanho de um objeto (tato e propriocepção). - Vias ascendentes do funículo anterior: - trato espinotalâmico anterior: axônios de neurônios cordonais de projeção da coluna posterior se cruzam, cujas fibras nervosas vão em direção ao tálamo e terminam no giro pós-central e levam impulsos de pressão e tato leve (tato protopático). Esse tipo de tato é pouco discriminativo e permite, apenas de maneira grosseira, a localização da fonte do estímulo tátil. - Vias ascendentes do funículo lateral: - trato espinotalâmico lateral: neurônios cordonais de projeção, na coluna posterior, emitem axônios que cruzam, cujas fibras vão em direção ao tálamo e terminam no giro pós-central. O tamanho dessetrato aumenta à medida que ele sobe na medula (constante adição de novas fibras). Conduz impulsos de temperatura e dor. - trato espinocerebelar posterior: neurônios cordonais de projeção, situados no núcleo torácico da coluna posterior, emitem axônios lateralmente. As fibras desse trato penetram o cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior, levando impulsos de propriocepção inconsciente originados em fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos. - trato espinocerebelar anterior: neurônios cordonais de projeção, situados na coluna posterior e na substância cinzenta intermédia, emitem axônios lateralmente. As fibras desse trato penetram o cerebelo, principalmente pelo pedúnculo cerebelar superior. Através desse trato, o cerebelo é informado de quando os impulsos motores chegam à medula e qual sua intensidade. Essa informação é usada pelo cerebelo para controle da motricidade somática. A.M.: Considerações anatomoclínicas sobre a medula e o tronco encefálico - cap. 19 ● Paresia: diminuição da força muscular. - Só de um lado do corpo: hemiparesia. ● Paralisia/plegia: ausência total de força, impossibilitando o movimento. - Só de um lado do corpo: hemiplegia. ● Hipertonia: aumento do tônus muscular. ● Hipotonia: diminuição do tônus muscular. ● Atonia: ausência completa do tônus muscular. ● Arreflexia: ausência de motricidade. ● Hiporreflexia: diminuição da motricidade. ● Hiperreflexia: aumento da motricidade. ● Paralisias flácidas: hiporreflexia e hipotonia. - Caracterizam a síndrome do neurônio motor inferior, que resulta de lesão dos neurônios motores da coluna anterior da medula, ou dos núcleos motores dos nervos cranianos. Ocorre também, por pouco tempo, atrofia da muscula inervada por perda da ação trófica dos nervos sobre os músculos. ● Paralisias espásticas: hiperreflexia e hipertonia. - Ocorrem na síndrome do neurônio motor superior, ou central, onde a lesão localiza-se nas áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias motoras descendentes, em especial no trato corticoespinhal. Nesse caso, a atrofia é muito discreta, pois os músculos continuam inervados pelos neurônios motores inferiores e o sinal de Babinski é positivo. ● Anestesia: desaparecimento total ou de uma ou mais modalidades de sensibilidade após estimulação adequada. ● Hipoestesia: diminuição da sensibilidade. ● Hiperestesia: aumento da sensibilidade. ● Parestesia: aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas, como o “formigamento”. ● Algia: dores, em geral. ● Quando a lesão ocorre nas raízes ventrais, os sinais motores incluem fraqueza, atrofia e perda de reflexos nos músculos inervados pela raiz. ● Quando são lesadas as raízes dorsais, haverá perda total de sensibilidade do dermátomo correspondente à raiz lesada. ● Lesões da coluna anterior: - Poliomielite (paralisia infantil): o vírus destrói especificamente os neurônios motores da coluna anterior. Assim, ocorre uma síndrome do neurônio motor inferior, ou seja, paralisia flácida nos músculos correspondentes à área da medula que foi lesada, bilateralmente, seguida, depois de algum tempo, de hipotrofia desses músculos. Quando a lesão ocorre nos neurônios responsáveis pelos movimentos respiratórios, pode haver morte por insuficiência respiratória. - Esclerose lateral amiotrófica: ocorre a perda progressiva de toda a motricidade voluntária por lesão dos neurônios motores alfa, ficando mantida a sensibilidade. ● Tabes dorsalis: consequência da neurossífilis, ocorre lesão das raízes dorsais, especialmente da divisão medial destas raízes. Como esta divisão contém as fibras que formam os fascículos grácil e cuneiforme, estes também são destruídos. Há perda propriocepção consciente, do tato epicrítico, da sensibilidade vibratória e da estereognosia do nível acometido para baixo. ● Hemissecção da medula: produz no homem um conjunto de sintomas conhecido como síndrome de Brown-Séquard. Os sintomas mais característicos resultam da interrupção dos principais tratos, que percorrem uma metade da medula. Os sintomas do resultado da secção dos tratos que não se cruzam na medula aparecem do mesmo lado da lesão. Já os sintomas resultantes da lesão de tratos que se cruzam na medula manifestam-se no lado oposto ao lesado. Todos os sintomas aparecem somente abaixo do nível da lesão. - Sintomas que se manifestam do mesmo lado da lesão (tratos não cruzados na medula): síndrome do neurônio motor superior, em virtude da interrupção do trato corticoespinhal lateral; perda da propriocepção consciente e do tato epicrítico, em razão da interrupção dos fascículo grácil e cuneiforme. - Sintomas que se manifestam do lado oposto ao lesado (tratos cruzados): perda da sensibilidade térmica e dolorosa de um ou dois dermátomos abaixo do nível da lesão, em consequência da interrupção do trato espinotalâmico lateral; ligeira diminuição do tato protopático e da pressão, por comprometimento do trato espinotalâmico anterior. ● Siringomielia: há formação de uma cavidade no canal central da medula, levando à destruição da substância cinzenta intermédia central e da comissura branca. Esta destruição interrompe as fibras que formam os dois tratos espinotalâmicos laterais, quando eles se cruzam ventralmente ao canal central. Ocorre, assim, perda de sensibilidade térmica e dolorosa de ambos os lados, em uma área que corresponde aos dermátomos relacionados com as fibras lesadas. Além disso, ocorre lesão do trato corticoespinhal lateral (SNMS do nível acometido para baixo). - Dissociação sensitiva: perda da sensibilidade térmica e dolorosa, com persistência da sensibilidade tátil e proprioceptiva. ● Transecção da medula: após a secção completa da medula, o paciente entra em estado de choque espinhal. Esta caracteriza-se pela absoluta perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos músculos inervados pelos segmentos medulares situados abaixo da lesão, bilateralmente. Também ocorre a síndrome do neurônio motor superior abaixo do nível acometido e síndrome do neurônio motor inferior no nível medular acometido. Há, ainda, retenção de urina (bexiga neurogênica) e de fezes e perda da função erétil. Contudo, após um período, reaparecem os movimentos reflexos, que se tornam exagerados. ● Síndrome da medula anterior: as causas são traumatismos, hérnias de disco e, mais caracteristicamente, a oclusão da artéria espinhal anterior, ou uma de suas artérias nutridoras (artéria de Adamkiewicz). Afeta os tratos que formam os funículos anterior e lateral, bilateralmente. Tratos espinotalâmicos laterais e anteriores → perda bilateral das sensibilidades térmica e dolorosa, tato protopático e pressão abaixo da lesão. Tratos corticoespinhais laterais e anteriores → resulta em SNMS, bilateralmente, abaixo do nível da lesão. ● Compressão da medula: ocorre, com maior frequência, em casos de câncer. Inicialmente, podem aparecer dores em determinados dermátomos que correspondem às raízes dorsais comprometidas. ● Secção cirúrgica dos tratos espinotalâmicos laterais (cordotomias): em casos de dor resistentes aos medicamentos (tumores malignos). O processo consiste na secção cirúrgica do trato espinotalâmico lateral, acima e do lado oposto ao processo doloroso(perda da dor e da temperatura). Em caso de tratamento de dores viscerais, é imprescindível a cirurgia bilateral, em vista do grande número de fibras cruzadas. ● Mielotomia da linha média: usada em casos de tratamento de dores viscerais. Consiste na lesão das fibras responsáveis pela dor visceral de origem pélvica e abdominal, que se localizam em um pequeno fascículo medial ao fascículo grácil e pode ser abordado cirurgicamente pelo sulco mediano posterior da medula. ● Lesões do bulbo: - Lesão da base do bulbo: compromete a pirâmide e o nervo hipoglosso. A lesão da pirâmide compromete o trato corticoespinhal e, como este se cruza abaixo do nível da lesão, causa hemiparesia do lado oposto ao lesado. Quando a lesão se estende dorsalmente, atingindo os demais tratos motores descendentes, o quadro é de hemiplegia. A lesão do hipoglosso causa paralisia dos músculos da metade da língua situada do lado lesado, com sinais de síndrome de neurônio motor inferior. - Síndrome da artéria cerebelar inferior posterior (de Wallemberg): ramo da vertebral, essa artéria irriga a parte dorsolateral do bulbo. ↳ lesão do pedúnculo cerebelar inferior: incoordenação de movimentos da metade do corpo situado no lado lesado; ↳ lesão do trato espinhal do trigêmeo e seu núcleo: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade da face situada no lado da lesão; ↳ lesão do trato espinotalâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade do corpo situada do lado oposto ao da lesão; ↳ lesão do núcleo ambíguo: perturbações da deglutição (disfagia) e da fonação (disfonia) por paralisia dos músculo da faringe e da laringe. ● Lesões da ponte: - Lesões do nervo facial (núcleo do nervo na ponte): resultam em paralisia total dos músculos da expressão facial na metade lesada. Esses músculos perdem o tônus, tornando-se flácidos e, como isso ocorre com o músculo bucinador, há, frequentemente, vazamento de saliva pelo ângulo da boca do lado lesado. Reflexo corneano está abolido, o doente não consegue assoprar, assoviar e nem enrugar o lado da testa correspondente. ↳ Paralisias periféricas: homolaterais, ou seja, ocorrem do mesmo lado da lesão. Acometem uma metade toda da face e são totais. ↳ Paralisias centrais: ocorrem do lado oposto ao da lesão (contralaterais). Manifestam-se apenas nos músculo da metade inferior da face, poupando os músculos da metade superior. Pode haver contração involuntária da musculatura mímica como manifestação emocional. - Lesão da base da ponte (Síndrome de Millard-Gubler): comprometendo o trato corticoespinhal (hemiparesia do lado oposto), resulta em hemiplegia cruzada, com lesão do abducente (paralisia do músculo reto lateral do mesmo lado e estrabismo convergente). - Lesão da ponte ao nível da emergência do nervo trigêmio: lesão do trato corticoespinhal (quadro de hemiplegia cruzada com síndrome do neurônio motor superior) e lesão do V (perturbação motora - paralisia da musculatura mastigadora do lado da lesão, desvio da mandíbula para o lado paralisado - e sensitiva - anestesia da face do mesmo lado da lesão, no território correspondente aos três ramos do V). ● Lesões do mesencéfalo: - Lesões da base do pedúnculo cerebral (Síndrome de Weber): compromete o trato corticoespinhal (hemiparesia do lado oposto) e as fibras do nervo III (impossibilidade de mover o bulbo ocular para cima, baixo ou medial; diplopia; estrabismo divergente; ptose palpebral; midríase). - Lesão do tegmento do mesencéfalo (Síndrome de Benedikt): compromete o nervo III, o núcleo rubro (tremores e movimentos anormais do lado oposto) e os lemniscos medial, espinhal e trigeminal (anestesia da metade oposta do corpo). - Síndrome de Parinaud: geralmente decorrente de tumores da pineal, que comprime o colículo superior, causando paralisia do olhar conjugado para cima. Pode evoluir para oclusão do aqueduto, hidrocefalia e paralisia ocular (compressão dos núcleos dos nervos III e IV). ● Nível medular (raízes nervosas): - C1 = C1. - Vértebra + 2 = nível da medula. - T11 = L1, L2 e ½ L3. - T12 = ⅓ L4, L5. - L1 = sacrais. ● Dermátomos: - Clavícula → C4/C5. - Dedos (“star wars”) → C6, C7, C8. - Umbigo → T10. - Crista ilíaca → L1. - Mamilo → T4/T5. - Face anterior da coxa → L4. - Pé caído → L5. - Flexão do pé, parassimpático (bexiga): abaixo de L4. ● CASOS CLÍNICOS DA AULA: 1) Paraplegia, hipotensão, bradicardia, bexigoma, formigamento abdominal. - Explosão de T8. - Perda do simpático. - Choque neurogênico (↓P.A. ↓F.C.). Obs.: perda de sangue (↓P.A. ↑F.C.) e HIC (↑P.A. ↓F.C.). Choque medular (≠ choque neurogênico): lesões medulares agudas, especialmente em regiões próximas à medula. Nas primeiras horas ou semanas → SNMI (hipotonia, hiporreflexia e plegia). Em uma das fases do choque medular, pode haver choque neurogênico, que se manifesta como hipotonia vascular por disfunção do SN → pode resultar em grave hipotensão arterial refratária à reposição volêmica. 2) Sexo feminino, jovem, quadro súbito de perda de força, dificuldade de andar, dormência nos braços e pernas, cansaço (não respira direito), piora da visão (nervo II), problemas psicológicos (mudanças de comportamento), uso de medicação para emagrecer e de anticoncepcionais. - Exame físico: respiração superficial (n. frênico/cervical alta → não usa o diafragma, só os mm. intercostais), F.C. 27bpm (bradicardia), massa palpável infra-umbilical (bexigoma), eufásica (falando), acuidade visual (II), tetraparesia espástica (os quatro membros não estão mexendo bem, rígidos), tetra-hiperreflexia (reflexo alterado de braços e pernas), hipoestesia sem definição de dermátomo. - Lesão em nível medular de C5: da clavícula para baixo. - D.S.: síndromes motora, sensitiva e comportamental. D.A.: coluna cervical (ressonância magnética). D.E.: esclerose múltipla. ↳ A medula e os nervos inflamam e desinflamam. ↳ Cada vez que tem a piora, não há recuperação total. ↳ O organismo começa a produzir anticorpos contra ele mesmo. - Tratamento: imunossupressão.
Compartilhar