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U N O PA R M O D ELA G EM M ATEM ÁTIC A Modelagem Matemática Keila Tatiana Boni Renata Karoline Fernandes Modelagem Matemática Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Boni, Keila Tatiana ISBN 978-85-8482-200-3 1. Matemática. 2. Modelos matemáticos. I. Fernandes, Renata Karoline. II. Título. CDD 511.8 Karoline Fernandes. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 216 p. : il. B715m Modelagem matemática / Keila Tatiana Boni, Renata © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Nilton R. dos Santos Machado Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2015 Editora e Distribuidora Educacional S. A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041 -100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ SumárioSumário Unidade 1 | Modelagem Matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de Matemática Seção 1 - Pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática 1.1 | Modelo matemático 1.2 | Modelagem Matemática Seção 2 - Procedimentos da atividade de Modelagem Matemática 2.1 | Etapas e subetapas do processo de Modelagem Matemática 2.2 | Onde a Modelagem Matemática é utilizada? Seção 3 - A Modelagem Matemática na perspectiva educacional 3.1 | A Modelagem Matemática no contexto escolar 3.2 | Modelagem Matemática e Modelação Matemática: qual a diferença? 3.3 | Avaliação da aprendizagem Seção 4 - Implicações da Modelagem Matemática no processo de aprendizagem 4.1 | Importância da utilização da Modelagem Matemática na sala de aula 4.1.1 | Aspecto relacionado à motivação a partir do estabelecimento de relações entre Matemática e vida real 4.1.2 | Aspecto relacionado ao uso de computadores no ensino de Matemática 4.1.3 | Aspecto relacionado ao trabalho cooperativo 4.1.4 | Aspecto relacionado ao desenvolvimento do conhecimento crítico reflexivo 4.1.5 | Aspecto relacionado à utilização de diferentes registros de representação 4.1.6 | Aspecto relacionado à ocorrência de aprendizagem significativa Unidade 2 | Modelos Matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no Ensino Fundamental Seção 1 - Modelagem Matemática no Ensino Fundamental 1.1 | A atividade de Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental Seção 2 - Modelo Matemático 1: “Cerca elétrica” 2.1 | Modelo matemático: “cerca elétrica” 59 63 63 69 69 7 11 12 13 19 19 24 27 27 32 38 43 43 44 44 45 46 47 48 Unidade 3 | Desenvolvimento de Modelos Matemáticos na educação básica Seção 1 - A utilização da Modelagem Matemática em aulas da educação básica 1.1 | Atividades de Modelagem Seção 2 - Atividade de modelagem e o conteúdo programático 2.1 | Utilização de atividades de modelagem para contemplar os conteúdos programáticos Seção 3 - Atividade de modelagem – a Ritalina 3.1 | A ritalina 111 115 115 129 129 137 137 Unidade 4 | Desenvolvimento de Modelos Matemáticos na educação básica Seção 1 - Utilização do software curve para auxiliar em atividades de modelagem 1.1 | Software curve Seção 2 - Modelo de modelagem e o problema da água 2.1 | Atividade de modelagem – A água 2.1 | A água e o abastecimento 2.1.1 | Modelo 1: consumo médio anual de água nas residências 2.1.2 | Obtenção do valor de estabilidade Seção 3 - Continuação do modelo de modelagem e o problema da água – o modelo do crescimento populacional 3.1 | Modelagem 2: crescimento populacional na cidade do interior do Paraná 159 163 163 173 173 174 175 177 187 187 Seção 3 - Modelo Matemático 2: “Construção de casas” 3.1 | “Construção de casas” 3.1.1 | Como fazer uma planta baixa de uma casa? 3.1.2 | Como o construtor de uma casa sabe o tamanho que se quer construir? 3.1.3 | Quais devem ser as medidas do terreno e o local da construção da casa? 3.1.4 | Área útil e área construída: o que são e quais suas relações? 3.1.5 | Vendo o projeto da casa por outra perspectiva: construção de maquete 3.1.6 | Quanto de pisos, tijolos e tinta vão precisar? 3.1.7 | Tesoura do suporte ao telhado: o que é isso e como confeccioná-las? 3.1.8 | Finalizando a casa: aonde vai a caixa d’água? Seção 4 - Modelo Matemático 3: “Telefonia celular” 4.1 | Modelo matemático: telefonia celular 77 77 78 79 81 82 84 85 87 88 93 93 Apresentação O que podemos perceber na atual educação, mais especificamente no ensino de Matemática, é que o modo, tradicional e desvinculado da realidade, que os educadores estão acostumados a proporcionar novos conhecimentos aos alunos, tem provocando neles aversão a essa disciplina, uma vez que, em geral, não conseguem atribuir sentido para aquilo que é trabalhado em sala de aula. Com o intuito de apresentar uma alternativa pedagógica potencial para enfrentar a situação relatada, apresentamos a obra “Modelagem Matemática”, destacando orientações de como utilizá-la no processo de ensino e de aprendizagem. Assim, a ideia principal que permeia este material é que a Modelagem Matemática auxilia no processo de ensinar e de aprender conceitos matemáticos a partir do reconhecimento de situações-problemas reais em que se pode aplicar tais conceitos, aproximando a teoria da prática, o que conduz o estudante a um estudo significativo daquilo que está sendo estudado e a perceber a importância e aplicabilidade da Matemática. Portanto, este material é de extrema importância para o futuro professor que objetiva, após sua formação, desenvolver uma prática pautada na aprendizagem significativa de seus alunos. Bons estudos! Unidade 1 MODELAGEM MATEMÁTICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade trazemos uma discussão a respeito da Modelagem Matemática, que se constitui como uma alternativa pedagógica em que se aborda, por meio de conhecimentos matemáticos, um problema real que pode ser matemático ou extramatemático. Em pormenores, apresentamos nesta unidade os principais pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática, os procedimentos para desenvolver atividades nessa abordagem e destacamos seu papel no processo de ensino e de aprendizagem de objetos matemáticos em sala de aula. Todas estas abordagens têm por objetivo proporcionar a você, futuro professor de Matemática, oportunidades de acesso às diversas possibilidades de integração de atividades de Modelagem Matemática à prática educativa, visando conduzi-lo a uma perspectiva otimista a respeito da utilização da Modelagem Matemática em sala de aula, como alternativa pedagógica que potencializa o processo de aprendizagem de objetos matemáticos a partir da constatação da aplicabilidade da Matemática em situações reais. Keila Tatiana Boni Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 8 Nesta seção esclarecemos os procedimentos de uma atividade de Modelagem Matemática que estabelece um elo entre situação-problema real e a situação final, que corresponde à resolução da problemática. Assim, nesta seção, apresentamos as etapas e subetapas que constituem os procedimentos da atividade de Modelagem Matemática. Seção 2 | Procedimentos da atividade de Modelagem Matemática Nesta seção, abordamos sobre a Modelagem Matemática no contexto escolar, diferenciando a Modelagem Matemática da Modelação Matemática. Destacamos,ainda, em que consiste avaliar, tanto os estudantes quanto a própria prática diante de uma atividade de Modelagem Matemática. Nesta seção, após realizar uma abordagem sobre a Modelagem Matemática no contexto educacional, discutimos sobre as principais implicações dessa alternativa pedagógica no processo de aprendizagem, explicitando a importância de sua utilização na sala de aula em diversos aspectos. Seção 3 | A Modelagem Matemática na perspectiva educacional Seção 4 | Implicações da Modelagem Matemática no processo de aprendizagem Nesta primeira seção apresentamos uma caracterização da Modelagem Matemática, destacando o que é modelo, ponto-chave da atividade nessa perspectiva. Assim, nesta seção, fazemos uma abordagem sucinta, mas ao mesmo tempo essencial, sobre aspectos fundamentais da Modelagem Matemática, tendo em vista introduzir você, estudante, no estudo que será realizado nas próximas seções. Seção 1 | Pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 9 Introdução à unidade Diante de tantas dificuldades que o professor enfrenta com relação ao processo de ensino e de aprendizagem de Matemática na Educação Básica, podemos considerar a Modelagem Matemática como uma alternativa pedagógica profícua para minimizar tais dificuldades. A criação de situações-problemas a partir da realidade e de temas de interesse dos alunos, tão potenciais matematicamente quanto aqueles rotineiramente apresentados pelo professor, contribuem para que o aluno se sinta mais motivado em aprender. Isso acontece porque durante uma atividade de Modelagem Matemática o aluno é o autor principal do processo de aprendizagem, envolvendo- se em uma investigação que o permitirá atribuir sentido e conhecer a aplicabilidade e a importância de conceitos matemáticos estudados em sala de aula. Nessa perspectiva, esta unidade vem trazer a você, caro estudante, esclarecimentos sobre a Modelagem Matemática como uma atividade que pode provocar melhorias na aprendizagem de conceitos matemáticos, partindo da evidenciação de que a Matemática pode ser útil, instigante e, ao mesmo tempo, agradável quando contextualizada com o real e o cotidiano. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 10 Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 11 Seção 1 Pressupostos teóricos a respeito de modelagem matemática Introdução à seção Se você parar para refletir sobre tudo o que já aprendeu (e vai aprender) no curso de Matemática, deve se questionar para que servem os conhecimentos de Cálculo, Geometria (descritiva e analítica) e Estruturas Algébricas. São possíveis de serem aplicados? Se sim, quando e como? Você estudará, nesta primeira seção, os princípios da Modelagem Matemática, a qual não foi engendrada no âmbito da Educação Matemática, mas a partir da Matemática Aplicada. Nessa perspectiva, a Modelagem Matemática como estratégia de ensino e de aprendizagem de Matemática contribui para que conceitos matemáticos possam ser compreendidos a partir de resultados práticos, oriundos da aplicação de tais conceitos em situações reais. Apesar da abordagem que realizaremos nesse estudo remeter-se, sobretudo, a estratégias de ensino e de aprendizagem de Matemática, ressaltamos que a Modelagem Matemática é considerada como um método científico de pesquisa, sendo, deste modo, aplicada também em outras áreas, tais como a Astrofísica, a Química, as Ciências Biológicas etc. Diante desse contexto, já podemos constatar uma primeira justificativa para a importância da Modelagem Matemática no processo de ensino: ela pressupõe um trabalho multidisciplinar, quebrando barreiras impostas entre diversificadas áreas do conhecimento. Além disso, a Modelagem Matemática no processo de ensino e de aprendizagem contribui para que o estudante se envolva ludicamente com a Matemática a partir do seu potencial aplicável e se envolva, ao mesmo tempo, com a Matemática e tecnologias. Devido à sua essência unir teoria e prática, seja por meio da aplicação matemática, seja por meio da criação matemática, a Modelagem Matemática conduz o estudante ao desejo de entender a realidade que o cerca e a buscar meios para agir sobre esta realidade e transformá-la. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 12 1.1 Modelo matemático De acordo com Biembengut e Hein (2013), a ideia de modelagem pode ser entendida, metaforicamente, como o objeto produzido por um escultor a partir da argila, pois, tendo em mãos o material necessário (argila) e fazendo uso de técnicas, intuição e muita criatividade, ele consegue construir um objeto, um modelo, que representa algo real ou imaginário. Do mesmo modo, podemos entender um modelo matemático como uma representação de algo, sendo este modelo uma imagem concebida da mente humana “no momento em que o espírito racional busca compreender e expressar de forma intuitiva uma sensação, procurando relacioná-la com algo já conhecido, efetuando deduções” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 11). Partindo do exposto, podemos entender que os modelos são vastamente utilizados em diversas áreas, sendo que o que diferencia os modelos de cada situação é a finalidade para a qual foram construídos: de demonstrar algo (como uma maquete), para prever ou explicar um fenômeno, com um fim pedagógico (para ilustrar um conceito em estudo) etc. Se considerarmos o modelo como uma finalidade pedagógica, mais especificamente na disciplina de Matemática, podemos definir que um modelo matemático pode ser entendido como um conjunto de símbolos e de relações matemáticas, os quais visam traduzir, de algum modo, um determinado fenômeno ou problema relacionado a uma situação real (BIEMBENGUT; HEIN, 2013). Almeida, Silva e Vertuan (2013) defendem que na Matemática os modelos não são usados apenas para representar algo (ou um conceito), mas para explicar situações (sejam estas matemáticas ou não) que se pretende analisar numa perspectiva matemática. Os mesmos autores afirmam, ainda, que é possível dizer: Partindo do que foi abordado até aqui, reflita sobre algumas áreas em que podemos encontrar modelos com as finalidades já mencionadas. Além disso, pense outros tipos de finalidades que poderiam ser citadas com relação à construção de modelos. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 13 Em suma, podemos considerar que um modelo matemático é uma representação simplificada da realidade ou de um fenômeno, o qual será analisado sob a perspectiva e concepção de quem investiga. Sendo assim, a construção de um modelo não está pautada simplesmente em si mesmo, mas tendo em vista fomentar uma solução para um problema relacionado a tal realidade ou fenômeno que o modelo representa. 1.2 Modelagem Matemática Agora que você já aprendeu o que é um modelo, vamos compreender o que é Modelagem Matemática. Como você viu, um modelo é uma representação de algo real, de um fenômeno ou conceito. Relacionando com o que foi apresentado, podemos dizer, basicamente, que a Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo. De maneira geral, uma atividade de Modelagem Matemática pode ser descrita conforme apresenta o esquema a seguir: [...] que um modelo matemático é um sistema conceitual, descritivo ou explicativo, expresso por meio de uma linguagem ou uma estrutura matemática e que tem por finalidade descrever ou explicar o comportamento de outro sistema, podendo mesmo permitir a realização de previsões sobre este outro sistema (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 13). SITUAÇÃO INICIAL (Problemática) SITUAÇÃO FINAL (Solução para a problemática) PROCEDIMENTOS Figura 1.1 | Descrição de uma atividade de Modelagem Matemática FONTE: Adaptado de: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 12). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagemde matemática U1 14 No esquema temos que a situação inicial é chamada de situação-problema e para solucioná-la utiliza-se um conjunto de procedimentos e conceitos, com os quais é possível produzir um modelo, por meio do qual se torna possível solucionar a problemática inicial. De maneira geral, “[...] pode-se dizer que matemática e realidade são dois conjuntos disjuntos e a modelagem é um meio de fazê-los interagir” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013). É possível percebermos que a Matemática (que corresponde aos procedimentos) e a realidade (que corresponde à situação-problema) estão intrinsecamente relacionadas e esta relação contribui potencialmente para que novos conhecimentos, sejam estes matemáticos ou não, sejam construídos, integrados ou, até mesmo, acionados. Apesar de considerarmos uma situação inicial como uma situação-problema, é essencial definirmos o que será considerado como problema em uma atividade de Modelagem Matemática. Nesse estudo, o termo problema será compreendido como uma situação para a qual a pessoa que se envolve com este não possui esquemas a priori para solucioná-lo. Tendo em vista que um problema, para assim ser considerado, depende do sujeito e dos esquemas eficazes que possui para lidar com esse problema, assim, podemos concluir que não pode existir uma única maneira de solucioná-lo, como não necessariamente poderá haver uma única solução. Dessa forma, podemos afirmar que a construção de um modelo matemático depende dos conhecimentos matemáticos que o indivíduo possui. Se o indivíduo possui conhecimentos mais básicos, apenas estes poderão ser evocados ao lidar com uma situação-problema, assim como um indivíduo com conhecimentos mais avançados em Matemática elaborará modelos mais sofisticados e mais eficazes para lidar com situações-problemas mais complexas. Entretanto, é importante Você estudou que uma situação inicial na atividade de Modelagem Matemática se caracteriza como uma situação- problema. O que define um problema? Será que algo que é um problema para você também é para outra pessoa? Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 15 ressaltar que a validade e a eficácia de modelos matemáticos não estão estritamente relacionadas ao nível de conhecimento do indivíduo, sendo que é por esse motivo que é possível propor atividades de Modelagem Matemática em diversos níveis de escolaridade, inclusive nos mais elementares, como nos anos iniciais do Ensino Fundamental, desde que estes alunos já tenham conhecimentos matemáticos básicos para lidar com situações-problemas de menor complexidade. Agora que já fizemos uma abordagem relacionando a Modelagem Matemática com os modelos, vamos definir em que consiste, de fato, a Modelagem Matemática. “Neste contexto, entendemos por Modelagem o processo de aproximar ou transformar problemas concretos do mundo real em modelos de problemas que simulem de forma ótima o objeto de estudo e assim poder resolvê-los para interpretar suas soluções de forma clara (CHUQUIPOMA, 2012, p. 7). Por meio da Modelagem Matemática objetiva-se propor soluções para situações- problemas por intermédio de modelos matemáticos. Dessa forma, considera- se o modelo matemático como “[...] o que 'dá forma' à solução do problema e a Modelagem Matemática é a ‘atividade’ de busca por essa solução” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 15). Bassanezi (2004) defende que a Matemática em si objetiva, fundamentalmente, extrair a parte essencial de uma situação-problema para, então, formalizá-la em um contexto abstrato, característico da Matemática, tornando possível reduzir o pensamento referente à situação-problema em uma linguagem mais precisa. A Matemática, nesse contexto, é responsável por sintetizar ideias concebidas em situações empíricas, sendo que estas, em geral, encontram-se camufladas dentre tantas variáveis menos importantes. Contudo, vale ressaltar que, apesar de mencionarmos que a atividade de Modelagem Matemática é engendrada a partir de situações e fenômenos reais, nem todas as situações ou fenômenos podem ser modelados. Um exemplo diz respeito às emoções e aos sentimentos humanos, como amor, ciúmes e saudade, os quais não são possíveis de serem descritos significativamente por meio de modelos matemáticos. Tendo como base os estudos de Bassanezi (2004), é essencial elencarmos alguns cuidados que precisam ser tomados ao se envolver com atividades de Modelagem Matemática: Figura 1.2 | Cuidados com as atividade de modelagem matemática Para que a Modelagem seja eficiente, é preciso esclarecer que os modelos que constituem uma atividade nessa perspectiva representam aproximações da realidade e não a realidade em si. (continua) Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 16 Fonte: Bassanezi (2004) A excessiva utilização de simbolismo matemático pode prejudicar a compreensão da situação que representa. A linguagem matemática adotada precisa ser equilibrada e circunscrita à problemática e aos objetivos que se pretende atingir. Pode haver situações para as quais não existe teoria que torna possível construir modelo matemático adequado. E, ainda que exista teoria, pode ser que essa não condiz ou não seja suficiente para obter os resultados almejados. 1. A Modelagem Matemática — arte que consiste na transformação de situações da realidade em problemas matemáticos com soluções interpretadas na linguagem do mundo real (BASSANEZI, 2004) — impõe ao aluno a posição de sujeito do processo cognitivo. Considerando o que você estudou até aqui sobre Modelagem Matemática, julgue os itens a seguir: I- No processo de Modelagem Matemática, nem todo problema ou fenômeno, com dados provenientes de Acesse o link abaixo e leia o artigo “Por uma educação matemática crítica: a modelagem matemática como alternativa”, dos autores Lourdes Maria Werle Almeida e André Silva, e saiba mais sobre a Modelagem Matemática como estratégia de ensino e de aprendizagem em Matemática. <http://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/ viewFile/2752/3304>. Acesso em: 15 maio 2015. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 17 2. A respeito da Modelagem Matemática, analise as afirmações a seguir, assinalando (V) para as afirmativas verdadeiras ou (F) para as afirmativas falsas. Em seguida, observe a sequência delas e escolha a alternativa correta. ( ) Na Modelagem Matemática parte-se de uma situação inicial (problemática) e, após alguns procedimentos, visa- se chegar à situação final (a construção de um modelo). ( ) A aula expositiva e explicativa, na qual o aluno tem o papel de expectador e depositário de informações, é favorável ao desenvolvimento da tendência de Modelagem Matemática. ( ) Tanto a Modelagem na Matemática Aplicada quanto a Modelagem na Educação Matemática possuem diversas perspectivas e finalidades, mas com o objetivo comum de estudar, resolver e compreender um problema da realidade ou de outra área do conhecimento, utilizando, para isso, sobretudo, a Matemática. ( ) A Modelagem Matemática é eficiente, pois os modelos que constituem uma atividade nessa perspectiva representam fielmente e totalmente a realidade. Assinale a sequência correta: a) F – F – F – V. b) V – F – V – F. c) V – V – F – V. d) F – V – V – F. situações reais, se adequa às ferramentas matemáticas ao alcance do saber e da aprendizagem do aluno. II- Com a Modelagem pretende-se que o aluno aprenda Matemática problematizando contextos reais. III- Uma condição imprescindível na Modelagem Matemática para que esta seja válida é a de um contexto matemático com alto grau de elaboração. Assinale a alternativa em que constam apenas as afirmativas corretas: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 18 Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 19Seção 2 Procedimentos da atividade de modelagem matemática Introdução à seção Você já estudou na seção anterior que em uma atividade de Modelagem Matemática parte-se de uma situação inicial e real (problemática) e, mediante um conjunto de procedimentos, constrói-se um modelo matemático que possibilita “dar forma” à solução do problema abarcando tanto conceitos matemáticos quanto conceitos externos à Matemática. Mas, que procedimentos são esses? É no estudo desses procedimentos que nos inseriremos a partir de agora. 2.1 Etapas e subetapas do processo de Modelagem Matemática A Modelagem Matemática de uma problemática oriunda de uma situação ou fenômeno real deve seguir uma sequência de etapas que, até então, denominados genericamente de procedimentos. Antes de estudar sobre esses procedimentos, considerando o que foi mencionado sobre Modelagem Matemática até o momento, reflita: como é que podemos confrontar problemas do mundo real com modelos que possam interpretar tais problemas? Ao realizar essa reflexão, considere que a Modelagem Matemática também pode ser considerada como um método científico de pesquisa. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 20 Os procedimentos que permitem que haja a interação entre Matemática e realidade podem ser agrupados em três etapas, subdivididas em seis subetapas. Figura 1.3 | Etapas e subetapas dos procedimentos de Modelagem Matemática FONTE: A autora (2015) INTEIRAÇÃO MATEMATIZAÇÃO MODELO MATEMÁTICO Reconhecimento da situação-problema Formulação do problema → hipótese Interpretação do modelo Familiarização com o assunto a ser modelado → referencial teórico Resolução do problema em termos do modelo Validação do modelo → avaliação Vamos entender cada uma dessas etapas e subetapas elencadas: • Inteiração: esta etapa, como o próprio nome diz, corresponde ao ato de inteirar-se, de informar-se sobre algo. No contexto da Modelagem Matemática, a inteiração corresponde ao momento em que se começa a conhecer a situação- problema em seus pormenores. Para conhecer a situação-problema existem duas maneiras de obter informações sobre ela: indireta ou diretamente. As informações são obtidas indiretamente quando se realiza estudos teóricos, a partir de artigos, livros, revistas especializadas etc. Já as informações diretas são obtidas por meio da experiência em campo (in loco), podendo ser esta experiência realizada pelo próprio indivíduo que se envolverá na atividade de Modelagem Matemática. Neste último caso, as informações podem ser oriundas de dados Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 21 experimentais obtidos por outrem, como especialistas da área. Além disso, os dados e informações podem ser de natureza qualitativa ou quantitativa. Com relação às duas subetapas apresentadas – reconhecimento da situação- problema e familiarização com o assunto a ser modelado – ambas podem ser compreendidas como concomitantes durante o processo de inteiração, pois estas subetapas estão relacionadas à compreensão da situação-problema. Nesse sentido, não podemos dizer que uma ocorre antes e a outra depois, ou que uma precisa terminar para que a outra comece, mas ambas estão relacionadas às diversas formas de inteiração com as informações e os dados que permitem a compreensão, cada vez mais clara, sobre a situação-problema. Essa etapa da inteiração é essencial, porque esse é o ponto de partida para a formulação do problema e do estabelecimento de metas a serem atingidas tendo em vista sua resolução. Afinal, a formulação de problemas depende da falta de compreensão clara sobre a situação: é quando não se conhece claramente a situação em estudo que diversos questionamentos sobre ela emergem. Entretanto, para que estes questionamentos sejam coerentes à situação, é necessário que algumas informações a respeito desta já tenham sido conhecidas. • Matematização: esta etapa, certamente, caracteriza-se como a mais desafiadora, pois será nesse momento que a situação-problema, apresentada, até então, em linguagem natural, será traduzida para a linguagem matemática. Caracterizamos esse momento como desafiante, pois, em geral, uma situação- problema se apresenta em uma linguagem que muitas vezes pouco, ou em nada, se aproxima da linguagem matemática. Além disso, esta etapa é desafiadora no sentido de que intuição, criatividade, experiência e conhecimento de técnicas e procedimentos matemáticos que sejam adequados para representar a situação-problema são elementos essenciais que o indivíduo precisa possuir. Considerando o que você estudou até o momento sobre Modelagem Matemática, comparando esta ao método científico, bem como analisando o que você acabou de estudar sobre a etapa de inteiração, reflita: será que esta etapa é apenas inicial no processo de atividade de Modelagem Matemática, ou a inteiração pode ser estendida durante o desenvolvimento da atividade? Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 22 Esse momento de matematização é realizado “[...] a partir de formulação de hipóteses, seleção de variáveis e simplificações em relação às informações e ao problema definido na fase de inteiração” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 16). Para essa etapa destacamos duas subetapas: formulação do problema e resolução do problema em termos do modelo. O primeiro corresponde à tradução da situação-problema para uma linguagem matemática, por meio de expressões, equações, gráficos etc., que auxiliem no processo de busca da solução. Nesta subetapa é fundamental: Quanto à subetapa resolução do problema em termos do modelo, esta corresponde à análise ou à própria resolução a partir das ferramentas matemáticas que se têm disponíveis. Nessa perspectiva, é perceptível que é indispensável um saber aguçado sobre as ferramentas matemáticas envolvidas, contudo, nesse processo, o computador pode ser uma ferramenta bastante potencial, principalmente para obter resultados aproximados, por meio de processos discretos. • Modelo Matemático: esta etapa refere-se à conclusão do modelo, momento em que ele é avaliado, tendo como foco evidenciar o nível de aproximação entre o modelo e a situação-problema que ele representa, corroborando, assim, o grau de confiabilidade em utilizá-lo. Nesse sentido, temos duas subetapas: a interpretação do modelo, que é quando se analisa as implicações da solução oriunda do modelo, e a validação do modelo, que é quando se retorna à situação-problema para avaliar quão significativa e relevante é a solução obtida por meio do modelo. Caso o modelo não atenda satisfatoriamente às expectativas que o geraram, retorna-se à etapa de matematização, ajustando-se as hipóteses, as variáveis, entre outros. Após a apresentação das etapas e subetapas de uma atividade de Modelagem Matemática, esperamos que você, estudante, tenha percebido que estas se • classificar as informações (relevantes e não relevantes), identificando fatos envolvidos; • decidir quais os fatores a serem perseguidos, levantando hipóteses; • selecionar variáveis relevantes e constantes envolvidas; • selecionar símbolos apropriados para essas variáveis; e • descrever essas relações em termos matemáticos (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 14). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 23 constituem como procedimentos necessários para tornar possível realizar tal atividade, porém, não necessariamente estas etapas precisam se apresentar linearmente, mas de maneira dinâmica, num processo de “idas e voltas”. Em resumo, podemos considerar que as etapas e subetapas apresentadas constituem-se por elementos que evidenciam as principais características da Modelagem Matemática, “[...] o início é uma situação-problema; os procedimentos de resolução não são predefinidos e as soluções não são previamente conhecidas; ocorre a investigação de um problema; conceitosmatemáticos são introduzidos ou aplicados; ocorre a análise da solução” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 17). Voltando aos procedimentos de uma atividade de Modelagem Matemática, perceba que o procedimento final, que corresponde à validação do modelo, nos remete questionar: o que pode ser considerado como um bom modelo? Como já foi mencionado, o bom modelo é aquele que responde satisfatoriamente à situação-problema que representa. Contudo, Bassanezi (2004) vai além, defende que o bom modelo é aquele que favorece a formulação de novos modelos. Afinal, por mais satisfatório que se apresente, precisamos ter bem claro que nenhum modelo é definitivo, podendo este ser melhorado ou, até mesmo, substituído. Esse ponto de vista do autor Bassanezi (2004, p. 31) é defendido por ele ao considerar os seguintes aspectos: Além disso, para uma mesma situação-problema, um mesmo modelo pode ser eficiente para uma pessoa e para outra não. Isso acontece porque o modelo depende do contexto ao qual está inserido, por exemplo, para uma mesma situação-problema, o mesmo modelo pode ser considerado “bom” por um químico, no sentido de ser aplicável, mas não ser considerado da mesma forma para um matemático. • Os fatos conduzem constantemente a novas situações; • Qualquer teoria é passível de modificações; • As observações são acumuladas gradualmente de modo que novos fatos suscitam novos questionamentos; • A própria evolução da Matemática fornece novas ferramentas para traduzir a realidade (Teoria do Caos, Teoria Fuzzy etc). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 24 Acessando o link indicado a seguir você conhecerá a Modelagem Matemática segundo a perspectiva de outros autores diferentes dos que utilizamos nesse capítulo. São eles: Burak, Caldeira, Barbosa e, também, Biembengut, sendo que este é utilizado no presente estudo. <http://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/ viewFile/1642/1058>. Acesso em: 15 maio 2015. 2.2 Onde a Modelagem Matemática é utilizada? Como você está cursando licenciatura, é claro que você já imagina que a utilização da Modelagem Matemática destina-se à sala de aula, porém, sua utilização não se restringe apenas à área educacional. Como já foi explanado, a Modelagem Matemática pode ser, de certo modo, compreendida como um método científico, portanto, pode ser aplicada em diversos ramos. Primeiramente, vamos esclarecer que, quando falamos sobre aplicação, nos referimos à utilização de conceitos matemáticos visando entender ou explicar fenômenos reais. E o elo entre matemática e realidade é a Modelagem Matemática. Começaremos abordando sobre a Modelagem Matemática como método científico. Segundo Bassanezi (2004, p. 33), alguns pontos justificam a importância da Modelagem Matemática ser utilizada como instrumento de pesquisa: • Pode estimular novas ideias e técnicas experimentais. • Pode dar informações em diferentes aspectos dos inicialmente previstos. • Pode ser um método para se fazer interpolações, extrapolações e previsões. • Pode sugerir prioridades de aplicações de recursos e pesquisas e eventuais tomadas de decisão. • Pode preencher lacunas onde existem falta de dados experimentais. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 25 • Pode servir como recurso para melhor entendimento da realidade. • Pode servir de linguagem universal para compreensão e entrosamento entre pesquisadores em diversas áreas do conhecimento. Tendo discutido sobre a Modelagem Matemática como instrumento de pesquisa, as principais áreas de pesquisa em que tal abordagem é empregada são: • Física Teórica. Essa área foi impulsionada pela matemática em diversos aspectos, sobretudo, devido ao desenvolvimento das Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs) e da Teoria dos Campos Vetoriais. Este estudo é amplamente utilizado em conteúdos sobre Eletricidade, Hidrodinâmica, Elasticidade e Magnetismo. Tal integração da Matemática aos estudos da Física Teórica teve como ponto de partida o desenvolvimento da Teoria da Relatividade e da Teoria Quântica, quando se evidenciou que os conceitos intuitivos tradicionais não eram suficientes para descrever e buscar entender conceitos físicos fundamentais, tais como espaço, tempo e matéria. • Química Teórica. Esta área de pesquisa objetiva entender as propriedades das moléculas individuais em termos de elétrons e outras partículas. Durante o processo desse entendimento, além das Equações Diferencias Ordinárias que são utilizadas para modelar velocidade de reações químicas, também são utilizadas as matrizes para descrever a estrutura das moléculas, além da utilização de diversos outros conceitos matemáticos. • Biomatemática. Também nessa área há uma grande aplicação de Equações Diferenciais Ordinárias ou Parciais, entre outros conceitos matemáticos. Contudo, na área biológica, a dificuldade de aplicação da Matemática é maior se comparada à Física e à Química Teórica. Tal dificuldade está pautada no fato de os fenômenos estudados em Biologia, em geral, apresentarem variáveis de comportamentos aleatórios e sensíveis a pequenas perturbações. É nesse contexto que outros estudos da Matemática Pura têm se destacado como aplicação na área biológica: para tratar sobre fenômenos aleatórios a Teoria Fuzzy, a Teoria do Caos, dentre outras, tem proporcionado valiosas contribuições. Concomitantemente ao progresso da área biológica, devido à matematização, a própria Matemática tem se desenvolvido diante da complexidade dos fenômenos biológicos. Além das três áreas destacadas, podemos ainda considerar a aplicação de Modelagem Matemática nas Engenharias, na Ciência da Computação, nas Ciências Sociais, na Economia, entre tantas áreas que estão se iniciando ou já estão se desenvolvendo na utilização da Matemática. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 26 1. De acordo com estudos realizados nesta seção, a Modelagem Matemática de uma situação ou problema real deve seguir procedimentos que podem ser organizados em etapas e subetapas distintas. Considerando essa abordagem, analise a afirmativa: “A partir de uma situação-problema a ser estudada, o momento em que se observa os fatos, compara com outros estudos e se faz deduções e analogias é considerado um momento de ”. É correto afirmar que a palavra que completa a afirmativa acima é: a) Matematização (formulação do problema – hipótese). b) Matematização (resolução do problema em termos do modelo). c) Modelo matemático (interpretação da solução). d) Modelo matemático (validação do modelo – avaliação). 2. Você estudou nessa seção que a Modelagem Matemática pode ser utilizada em diversas áreas. Uma dessas áreas é a Economia. Veja a seguinte situação: “(Ulbra 2012) Preocupados com o lucro da empresa VXY, os gestores contrataram um matemático para modelar o custo de produção de um dos seus produtos. O modelo criado pelo matemático segue a seguinte lei: C=15000- 250n+n², onde C representa o custo, em reais, para se produzirem n unidades do determinado produto”. Veja que nessa situação o modelo utilizado para representar a situação-problema é uma equação de 2º grau, o que ilustra a possibilidade de aplicação de conceitos matemáticos na Economia. Considerando a situação descrita acima e seus conhecimentos matemáticos, responda: quantas unidades deverão ser produzidas para se obter o custo mínimo? a) – 625. b) 125. c) 1245. d) 625. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 27 Seção 3 A modelagem matemática na perspectiva educacional Introdução à seção Após apresentar os primeiros pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática, bem como os procedimentos para realizar atividades com essa abordagem e o seu caráter de método científico, podendo, assim, ser aplicado em diversas áreas, vamos agora contemplar a aplicação da ModelagemMatemática como estratégia de ensino e de aprendizagem, ponto-chave dos nossos estudos. 3.1 A Modelagem Matemática no contexto escolar Atividades de Modelagem Matemática, tal como caracterizamos nas seções anteriores, podem ser incluídas em aulas regulares de Matemática. Nesse contexto, a Modelagem Matemática se constitui como uma alternativa pedagógica, sendo que nesta alternativa objetivamos fazer uma abordagem matemática partindo de uma situação-problema que não necessariamente precisa ser matemática. Almeida, Silva e Vertuan (2013) defendem que características fundamentais podem ser evidenciadas em atividades conduzidas de acordo com a Modelagem Matemática nas aulas de Matemática. Estas características fundamentais podem ser observadas na figura a seguir: Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 28 CARACTERÍSTICAS Envolve um conjunto de ações cognitivas do indivíduo É direcionada para objetivos e metas estabelecidas e/ou reconhecidas pelo aluno Envolve a representação e manipulação de objetos matemáticos Figura 1.4 | Características fundamentais evidenciadas em atividades de Modelagem Matemática FONTE: A autora (2015) Vamos entender essas características fundamentais: quando o aluno se envolve com uma situação real (situação-problema), o primeiro passo é identificar suas intenções e evidenciar suas limitações para desenvolver uma atividade envolvendo tal situação. Nesse momento, o aluno começa a colocar em prática ações cognitivas implícitas e explícitas. As ações cognitivas implícitas são aquelas manifestadas por meio de procedimentos, enquanto que as ações explícitas são manifestadas por meio de representações simbólicas. Tais ações são colocadas em ação devido à necessidade do aluno em apresentar e explicar a situação-problema que está sendo estudada e para qual se visa obter uma resposta. Diante da situação-problema, o primeiro passo do aluno é investigar essa situação para tentar compreendê-la. Nesse momento, o aluno começa a construir representações mentais da situação e estas são essenciais para auxiliar o aluno a compreender e atribuir significados para a situação-problema. Assim, identificamos duas ações cognitivas: representação mental e compreensão da situação. A partir das informações sobre a situação-problema, o aluno buscará definir metas para a sua resolução e, nesse momento, a ação cognitiva que podemos destacar é a estruturação da situação. Ao definir essas metas, o aluno já começa a compreender a situação-problema numa perspectiva matemática. Assim, podemos considerar que tal “[...] estruturação é mediada por conhecimentos e habilidades que levam à identificação de regularidades e relações até então desconhecidas” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 18). Perceba que este momento de estruturação, baseado em conhecimentos e habilidades matemáticas, corresponde à ação cognitiva que leva ao nome da etapa de Modelagem Matemática: matematização. Nesse momento, o aluno busca Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 29 associar as informações e compreensões que possui sobre a situação-problema aos conceitos, técnicas e procedimentos matemáticos que conhece e que se mostram adequados para representar em linguagem matemática a situação- problema. Sendo assim, essa ação cognitiva envolve a construção e resolução de um modelo matemático que represente a situação-problema. Para que tudo isso seja possível, é imprescindível que o aluno domine técnicas e procedimentos matemáticos e, além disso, seja capaz de coordenar representações diferentes referentes a um mesmo objeto matemático. Nesse momento, a ação cognitiva colocada em ação é denominada de síntese. É evidente que não é uma tarefa fácil realizar essa coordenação entre representações, por isso destacamos o papel essencial de recursos tecnológicos, sobretudo, o uso de softwares. A próxima ação cognitiva é a interpretação e validação, que é caracterizada por um momento de comparações ente ideias e articulação entre conhecimentos diversos. Assim, é realizada uma análise da representação matemática (modelo) referente à situação-problema, não apenas quanto aos procedimentos matemáticos, mas, principalmente, com relação ao modelo apresentar-se adequado ou não para representar a situação-problema. O ponto culminante da atividade de Modelagem Matemática é a comunicação, ou seja, tendo passado por todas as etapas anteriormente descritas, é chegado o momento em que o aluno deverá comunicar os resultados obtidos a outros com o intuito de estabelecer uma argumentação de convencimento de que os resultados alcançados são consistentes e adequados. A figura a seguir ilustra as ações cognitivas dos alunos, as quais foram mencionadas e destacadas no texto que você acabou de estudar e, evidencia, ainda, por meio dessa ilustração, a relação destes com as diversificadas fases do desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática. No decorrer dessa seção comentamos diversas vezes sobre “objeto matemático”. Você sabe o que é isso? Reflita sobre o que pode ser considerado como objeto matemático e, em seguida, realize uma pesquisa para descobrir exatamente o que significa e o que envolve. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 30 Figura 1.5 | Ações cognitivas dos alunos e sua relação com as fases de Modelagem Matemática FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 19). Até agora falamos sobre as ações cognitivas do aluno durante atividade de Modelagem Matemática. Mas, afinal, qual a finalidade e importância da atividade de Modelagem Matemática no contexto escolar? Há muito tempo que os conceitos matemáticos estudados em sala de aula perderam o sentido, pois são, em geral, ensinados de maneira mecânica, pautados em algoritmos, técnicas e procedimentos sem nenhuma conexão com a realidade. Nesse aspecto, a Modelagem Matemática pode contribuir para trazer à tona a motivação na aprendizagem de Matemática, uma vez que conduz o estudante a se envolver em uma proposta investigativa, tendo como ponto inicial situações fenomenológicas. Desse modo, o estudante passa a aprender Matemática de maneira mais próxima ao que ocorreu no processo histórico de construção dessa ciência: ao Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 31 invés de aprender Matemática da maneira tradicional, por exemplo, aprender um teorema na graduação seguindo o modelo “enunciado – demonstração – aplicação”, com a Modelagem Matemática essa aprendizagem ocorre ao contrário, como se estivesse “redescobrindo” a teoria. Nessa perspectiva, partindo-se de uma motivação, seja esta interna ou externa à Matemática, levanta-se e valida-se hipóteses e questionamentos para chegar ao enunciado. É nesse sentido que alternativas pedagógicas, tais como a Resolução de Problemas e a Modelagem Matemática, têm sido amplamente defendidas pelos envolvidos com a Educação Matemática. O principal intuito é promover um ensino de Matemática de maneira significativa a partir da realidade. Entretanto, ainda que tenhamos argumentos favoráveis com relação à utilização da Modelagem Matemática, ainda existem aqueles que impõem obstáculos para seu uso, sobretudo, em cursos regulares. Dentre tais obstáculos, estes podem ser classificados de acordo com três tipos, de acordo com Bassanezi (2004): instrucionais, para os estudantes e para os professores. Vamos entender cada um desses obstáculos: • Obstáculos instrucionais: já sabemos que todo curso regular possui um programa, o qual deve ser cumprido totalmente. Como já foi estudado sobre os procedimentos de atividade de Modelagem Matemática podemos entender que uma atividade nessa abordagem demanda muito tempo, o que pode acarretar no não cumprimento de todo o programa. • Obstáculos para os estudantes: a utilização da Modelagem Matemática precisa ser bem orientada e,para isso, o professor precisa se sentir confiante e estar bem preparado para conduzir esse tipo de atividade. Caso contrário, como a utilização da Modelagem Matemática difere da rotina tradicional de estudos do estudante, esta pode se tornar responsável por gerar um sentimento apático às aulas. Nossos alunos estão acostumados a terem o professor como o centro do processo educativo, sendo ele o detentor e transmissor do conhecimento e os alunos apenas receptores e reprodutores do que lhes é transmitido. Quando o aluno se vê como centro de todo o processo de ensino e de aprendizagem, sendo o principal responsável pela dinâmica desse processo e pelos resultados que serão obtidos, é inevitável que a aula ocorra mais lentamente. Além disso, as salas de aula, em geral, são compostas por alunos com formação heterogênea, o que dificulta o relacionamento entre conhecimentos teóricos (que são em níveis diferentes) e situação-problema prática e real. Ainda, por se tratar de turmas heterogêneas, algo comum que pode ocorrer é que a temática da situação-problema que engendrará a atividade de Modelagem Matemática não seja de interesse de uma parcela dos estudantes, provocando nestes o desinteresse pela atividade. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 32 • Obstáculos para os professores: muitos professores se sentem despreparados para desenvolver atividades de Modelagem Matemática em suas turmas. Essa insegurança é justificada, basicamente, por dois motivos: ou o professor não tem conhecimento sobre o que é e como desenvolver uma atividade na perspectiva da Modelagem Matemática, ou tem medo de se envolver em uma situação embaraçosa em que não conseguirá aplicar conhecimentos matemáticos em áreas que para ele são totalmente ou parcialmente desconhecidas. Ainda, relacionado ao obstáculo instrucional, o professor teme que o desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática demande muito tempo de suas aulas, prejudicando que ele consiga cumprir o programa do curso. Você deve estar se perguntando agora: tendo em vista a importância da Modelagem Matemática no âmbito escolar e ponderando os obstáculos mencionados, de que maneira seria possível utilizar a modelagem nos cursos regulares, contornando (ou até mesmo enfrentando) esses obstáculos? Bassanezi (2004) defende que uma alternativa seria modificar o clássico processo de Modelagem Matemática: ter como ponto de partida momentos de sistematização do conteúdo, bem como propor analogias constantes entre o que foi estudado com outras situações-problemas. Ainda, de acordo com o autor, a Modelagem Matemática “no ensino é apenas uma estratégia de aprendizagem, onde o mais importante não é chegar imediatamente a um modelo bem-sucedido, mas caminhar seguindo etapas onde o conteúdo matemático vai sendo sistematizado e aplicado” (BASSANEZI, 2004, p. 38). Nesse contexto, a Modelagem Matemática passa a ser encarada como uma estratégia de ensino e de aprendizagem de Matemática, passando a receber o nome de Modelação Matemática. 3.2 Modelagem Matemática e Modelação Matemática: qual a diferença? Você estudou o que é a Modelagem Matemática. Mas, e Modelação Matemática, o que é isso? A Modelação Matemática corresponde ao método que utiliza a essência da modelagem em cursos e programas regulares. Em outras palavras, a Modelação Matemática orienta-se por desenvolver o conteúdo previsto, partindo de um tema ou modelo matemático, constituindo-se como modelagem em educação. Uma diferença que já podemos apontar entre a Modelação e a Modelagem Matemática é que no primeiro a validação de um modelo não é considerada Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 33 como uma etapa prioritária, isso porque os modelos obtidos não é o foco, mas sim “o processo utilizado, a análise crítica e sua inserção no contexto sociocultural” (BASSANEZI, 2004, p. 38). Nesse sentido, o mais importante não é o fenômeno modelo, mas é fazer uso deste para motivar o aprendizado de objetos matemáticos. Biembengut e Hein (2013, p. 18-19) apresentam alguns objetivos da Modelação Matemática como método de ensino e de aprendizagem de Matemática, desde o nível mais elementar até o mais avançado: Os autores sugerem que, ao implementar a proposta de modelação matemática, cinco passos precisam, necessariamente, serem seguidos: • Diagnóstico: é preciso fazer um levantamento entre os alunos, contemplando quantos serão envolvidos na atividade, o horário da disciplina, a realidade socioeconômica e os principais interesses dos alunos como forma de direcionar o melhor tema que poderá ser proposto, o nível de conhecimento matemático dos estudantes, a disponibilidade dos alunos para que seja possível realizar um trabalho extraclasse etc. • Escolha do tema ou modelo matemático: ao desenvolver o conteúdo programático, parte-se de um tema para cada tópico do conteúdo ou do programa de determinado período letivo. Contudo, se um tema for abrangente e interessante, é possível utilizar um único tema para todo o período. Este tema pode ser escolhido pelo professor ou pelos alunos. • Desenvolvimento do conteúdo programático: o desenvolvimento segue as mesmas etapas e subetapas do processo de modelagem que já foi mencionado: interação (reconhecimento da situação-problema e familiarização), matematização Os objetivos são: • aproximar uma outra área do conhecimento da Matemática; • enfatizar a importância da Matemática para a formação do aluno; • despertar o interesse pela Matemática ante a aplicabilidade; • melhorar a apreensão dos conceitos matemáticos; • desenvolver a habilidade para resolver problemas; e • estimular a criatividade. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 34 (formulação e resolução do problema) e modelo matemático (interpretação e validação). Vamos entender cada uma dessas etapas e subetapas, agora, na Modelação Matemática: Figura 1.6 | Etapas e subetapas no processo de Modelação Matemática se suscita Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 35 Finalizadas as etapas e subetapas elencadas, é possível formular novo modelo, caso o tema ainda continue sendo de interesse dos alunos. Para isso, elabora-se uma segunda questão e seguem-se novamente os passos descritos. Segundo Biembengut e Hein (2013), o principal objetivo de desenvolver atividades de Modelagem Matemática em sala de aula é conduzir os alunos à aprendizagem de criar modelos matemáticos e, consequentemente, aprimorar seus conhecimentos. Ainda de acordo com esses autores, o que se espera por meio da Modelagem Matemática é: Contudo, o professor precisa ter cuidado com a maneira que irá integrar o trabalho com Modelagem Matemática ao programa regular. As atividades de Modelagem Matemática não podem simplesmente ser realizadas de maneira não diretiva, sem uma finalidade clara e sem planejamento. As atividades precisam ser realizadas, tendo em vista enriquecer a aprendizagem de conceitos estudados e, portanto, precisa ser muito bem planejado o tempo que o professor precisará disponibilizar para desenvolver atividades de Modelagem Matemática, que objetivos pretende atingir, qual o momento ideal para desenvolver tal abordagem (antes ou depois de trabalhar determinado conteúdo) etc. • incentivar a pesquisa; • promover a habilidade em formular e resolver problemas; • lidar com tema de interesse; • aplicar o conteúdo matemático; e • desenvolver a criatividade (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 23). FONTE: A autora (2015) outras Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 36 Em suma, o que podemos entender por Modelação Matemática, diferenciando-a da Modelagem Matemática, é que, por meio desta última, podemos nos deparar com situações que dificultam o desenvolvimento de atividades na sala de aula como, por exemplo, o professor ter a obrigaçãode acompanhar constantemente o tema escolhido por cada aluno (ou cada grupo de alunos) e o fato de nem sempre as ferramentas matemáticas necessárias para determinada atividade estarem ao alcance do aluno e, até mesmo, do professor. Nesse sentido, para que seja possível desenvolver atividades de Modelagem nas aulas de Matemática, foi preciso realizar algumas adaptações para que a Modelagem pudesse ser considerada como metodologia de ensino e de aprendizagem, porém sem perder suas características próprias. É essa metodologia adaptada da Modelagem que chamamos de Modelação Matemática. Na Modelação Matemática, uma das opções disponíveis ao professor consiste em escolher modelos, fazendo sua recriação na sala de aula, junto aos alunos e de acordo com os conteúdos abordados. Tais modelos podem ser utilizados para melhorar a capacidade dos estudantes em aplicar conceitos matemáticos, mas nada impede que a Modelagem seja utilizada como processo para ensinar conceitos matemáticos. Os autores Biembengut e Hein (2013) esclarecem que, para implementar um trabalho com Modelação Matemática em sala de aula, o professor precisa, primeiro, ter disposição e vontade de modificar sua prática e de aprender cada vez mais. Além disso, os autores esclarecem que não basta ler e estudar teorias sobre o assunto, pois a segurança em desenvolver este tipo de trabalho só é adquirida com a experiência. Algumas orientações para aqueles professores que se iniciarão na proposta de atividades de Modelação Matemática são: Figura 1.7 | Orientações para as atividades de modelação matemática Conhecer alguns modelos clássicos por meio da literatura a respeito da história da ciência ou da ciência contemporânea, adaptando-os para a sala de aula; ou Apresentar cada um dos conteúdos do programa a partir de modelos matemáticos de outras áreas do conhecimento (Física, Química, Economia, dentre outras); ou Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 37 Aplicar trabalhos ou projetos realizados por outros colegas, por tempo curto, com uma única turma e de preferência aquela cujo conteúdo se tem melhor domínio; ou Para os alunos, propor que busquem exemplos ou tentem criar seus próprios modelos, sempre a partir da realidade. FONTE: Biembengut e Hein (2003, p. 30). Acesse o link indicado a seguir e leia o artigo “Modelagem Matemática na formação de professores: possibilidades e limitações” e saiba mais sobre as possibilidades e as limitações de professores e futuros professores em aprender Modelagem Matemática para utilizá-la como método de ensino. <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/ pdf/2120_1094.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Quanto à familiarização dos estudantes com atividades de Modelagem Matemática, Almeida, Silva e Vertuan (2013) conjecturam três diferentes “momentos”, considerando que essa familiarização deve ocorrer de modo gradativo: • 1º momento: o professor coloca à disposição do aluno uma situação- problema e diversas informações a respeito dela. Em seguida, os procedimentos de matematização (formulação de hipóteses, simplificação, tradução da linguagem natural para a linguagem matemática etc.), assim como a validação do modelo, são acompanhados constantemente pelo professor. • 2º momento: o professor sugere uma situação-problema para seus alunos e estes, neste momento, em grupos, se mostrarão mais independentes do professor no que diz respeito à definição de procedimentos extramatemáticos e matemáticos que são adequados para a situação-problema. Estes procedimentos correspondem à formulação de hipóteses, obtenção e validação do modelo e sua utilização para descrever e responder à questão gerada a partir da situação-problema. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 38 • 3º momento: ainda em grupos, nesse momento, os alunos serão responsáveis pela condução de uma atividade de Modelagem Matemática, cabendo a eles todo o processo compreendido entre a identificação de uma situação- problema até a análise e resposta à situação por meio de modelo matemático, cabendo aos alunos, ainda, a comunicação dos resultados da investigação para a comunidade escolar. Ainda que tenhamos apresentados esses três momentos, não defendemos que estes devem ser seguidos criteriosamente, mas são sugestões para desenvolver um trabalho gradativo de familiarização dos alunos com a Modelagem Matemática, momentos estes que se mostraram adequados em algumas experiências já realizadas (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013). Para iniciar uma atividade de Modelagem Matemática no âmbito escolar, não basta o professor se suprir de conhecimentos teóricos, pois a segurança em desenvolver esse trabalho é advinda, sobretudo, da experiência. Além disso, não basta apenas o professor receber formação para lidar com a Modelagem Matemática: o aluno, do mesmo modo, precisa ser formado gradativamente no sentido de adquirir habilidades para se envolver de forma cada vez mais independente com atividades de Modelagem Matemática. 3.3 Avaliação da aprendizagem Tendo estudado as diferenças entre Modelação e Modelagem Matemática, e sabendo que, ao desenvolver propostas nesse âmbito, em sala de aula, é preciso que o trabalho seja bem planejado e diretivo, faz-se necessário discutirmos sobre como realizar uma avaliação tendo em vista evidenciar se os objetivos traçados para a atividade de Modelagem Matemática foram alcançados. Lembrando que, além de avaliar a aprendizagem do aluno, é essencial que seja realizada uma avaliação da própria prática, afinal, muitas vezes a abordagem do professor pode dificultar o processo de aprendizagem, não cabendo a culpa pelo fracasso apenas ao aluno. Nesse sentido, dois aspectos precisam, necessariamente, ser contemplados no processo avaliativo: o trabalho do professor, o qual pode ser redirecionado por essa avaliação, e o nível de aprendizado do aluno. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 39 Ao avaliar o nível de aprendizado dos alunos que se envolvem (ou se envolveram) com atividade de Modelagem Matemática, o professor precisa considerar dos aspectos: subjetivo e objetivo. O aspecto subjetivo corresponde à avaliação pautada nas observações do professor. Nesse quesito, o professor precisa ficar atento para observar, registrar e avaliar tudo o que diz respeito ao empenho do aluno, tal como participação, assiduidade e cumprimento de tarefas propostas. No aspecto objetivo, o professor pode contar com o auxílio de instrumentos, como provas escritas, exercícios, ente outros, considerando os seguintes critérios elencados por Biembengut e Hein (2013): • Produção e conhecimento matemático: nesse critério contemplam- se os conhecimentos matemáticos específicos que devem ser explicitados e manifestados, tais como expressão por meio de gráficos e interpretação destes, raciocínio lógico, operacionalização de problemas numéricos etc. • Produção de um trabalho de modelagem em grupo: nesse critério contemplam-se os desempenhos manifestados pelos estudantes em relação ao grupo durante desenvolvimento da atividade de Modelagem Matemática: qualidade de questionamentos, obtenção de informações e dados sobre a situação-problema, exposição oral e escrita do trabalho etc. • Extensão e aplicação do conhecimento: nesse critério contemplam-se as habilidades dos estudantes em sintetizar, compreender e expressar os resultados matemáticos obtidos, bem como analisar e interpretar de maneira crítica outros modelos utilizados. Perceba que o papel do professor em avaliar é bastante complexo, pois diversos fatores estão envolvidos e diversos critérios precisam ser contemplados. Além disso, é muito importante que esses critérios de avaliação sejam esclarecidos para o estudante antes de dar início ao processo avaliativo. De que maneira você acredita que pode ser realizada a avaliação da aprendizagem do aluno durante e após o envolvimentocom atividade de Modelagem Matemática? E que maneiras você julga mais eficientes para esse fim? Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 40 1. De acordo com os estudos realizados nessa unidade, vimos que a Modelagem Matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. Além disso, vimos que a Modelagem Matemática pode ser entendida como um método científico de pesquisa, mas, também, pode ser entendida como uma estratégia de ensino e de aprendizagem. Quando considerada como estratégia de ensino e de aprendizagem, a modelagem é denominada modelação matemática. No que diz respeito à modelação matemática, assinale a opção correta: a) A modelação matemática parte de problemas teóricos da própria Matemática e tenta modelá-los a partir de um conjunto de procedimentos. b) A modelação matemática não considera que a validação do modelo é a etapa prioritária, mas considera que o mais importante é o processo utilizado, a análise crítica e sua inserção no contexto sociocultural. c) A modelação matemática tem por objetivo levar o indivíduo a aplicar conceitos puros e abstratos da Matemática, não tendo como foco a preparação desse indivíduo para a vida real como cidadão competente para entender exemplos representativos de aplicações de conceitos matemáticos. d) A modelação matemática tem por objetivo o desenvolvimento de novas técnicas e teorias matemáticas. 2. Sobre o uso da Modelagem Matemática na sala de aula, analise as afirmativas a seguir: I- Os resultados na sala de aula podem ser muito ricos, no entanto, dependem de uma preparação do professor para evitar que ocorra uma prática não diretiva, sendo que essa preparação não depende apenas de um estudo teórico, mas de experiências. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 41 II- A avaliação na Modelagem Matemática deve atribuir um significado especial ao desempenho do aluno, ponderando não apenas os conhecimentos matemáticos apreendidos, mas a compreensão da importância do modelo matemático, sua assiduidade e participação durante a atividade e as observações do professor. III- Para que o aluno possa se familiarizar com a atividade de Modelagem Matemática, a melhor opção é o professor propor um texto teórico para que o aluno aprenda o que é e como é desenvolvida uma atividade de Modelagem Matemática para, em seguida, deixá-lo escolher uma situação-problema, realizar todos os procedimentos de modelagem e validar esse modelo, sem ser necessária a mediação direta do professor. Estão corretas as afirmativas: a) I e II . b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 42 Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 43 Seção 4 Implicações da modelagem matemática no processo de aprendizagem Introdução à seção No decorrer dessa unidade já foram, de certo modo, explicitadas algumas implicações positivas sobre a utilização da Modelagem Matemática no processo de ensino e de aprendizagem. Vamos, agora, discutir mais especificamente as principais implicações da Modelagem Matemática na sala de aula. 4.1 Importância da utilização da Modelagem Matemática na sala de aula Como já foi estudado, a Modelagem Matemática fomenta muitas contribuições em diversas áreas. Na perspectiva educacional, por meio da integração de modelos matemáticos, a Modelagem Matemática contribui para conduzir os alunos a investigarem o “porquê” e o “como” desses modelos e para compreender a relevância destes para a situação-problema proposta e para a apreensão de conceitos matemáticos. A atividade de Modelagem Matemática na sala de aula pode ter dois objetivos: didática ou conceitual. O primeiro objetivo (didática) refere-se à atividade de Modelagem Matemática, que tem por finalidade desencadear a aprendizagem de Matemática; enquanto que o segundo objetivo (conceitual) refere-se à atividade de Modelagem Matemática, que tem em vista introduzir ou sistematizar conceitos matemáticos. As atividades de Modelagem Matemática contribuem, entre tantos outros aspectos, no processo de ensino e de aprendizagem de conceitos matemáticos por meio de aplicações desses conceitos em situações-problemas reais, extramatemáticos, os quais podem ser observados e até vivenciados pelo aluno fora do ambiente escolar. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 44 Nesse sentido, as atividades de Modelagem Matemática proporcionam ao aluno, sobretudo da Educação Básica, diversos aspectos que o motivam a aprender Matemática. É sobre esses aspectos que abordaremos na sequência. 4.1.1 Aspecto relacionado à motivação a partir do estabelecimento de relações entre Matemática e vida real Um dos fatores que certamente prejudica o processo de aprendizagem em Matemática e provoca nos estudantes um sentimento de aversão pela disciplina é a maneira como ela é ensinada: de maneira desvinculada da realidade. A Modelagem Matemática pode ser considerada como alternativa para minimizar tais problemas, uma vez que aproxima Matemática da realidade ao aplicar conceitos dessa área em situações-problemas advindas de fenômenos reais, sendo esses fenômenos pautados nos interesses dos alunos. Dessa forma, a compreensão de objetos matemáticos é facilitada, uma vez que o aluno se sente motivado em aprender, ao perceber que há aplicação da Matemática estudada na sala de aula em situações reais, inclusive em situações que envolvem outras áreas do conhecimento. Para exemplificar este aspecto, podemos considerar o caso em que o aluno consegue compreender o efeito de um medicamento no organismo, o qual “[...] vai diminuindo no decorrer do tempo e tende mesmo a desaparecer, no entanto, o aluno não associa esse fato ao conceito de uma função decrescente apresentada pelo professor” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 31). 4.1.2 Aspecto relacionado ao uso de computadores no ensino de Matemática Sabemos que as tecnologias são essenciais nos dias de hoje e que estão cada vez mais presentes na vida cotidiana de todas as pessoas, inclusive e, sobretudo, na vida dos alunos da contemporaneidade. Durante uma atividade de Modelagem Matemática é possível se deparar com situações em que fica difícil analisar ou validar um modelo por meio de cálculos, procedimentos e representações realizados manualmente e, nesse sentido, as tecnologias, em especial os computadores, podem auxiliar nesse processo. Sendo assim, a tecnologia é uma integração importante e necessária na maioria das atividades de Modelagem Matemática. Atualmente, são inúmeros os softwares disponíveis e que possibilitam a construção de gráficos, a realização de cálculos e a observação da influência de parâmetros. Assim, essas tecnologias permitem que o aluno tenha melhor contato Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 45 visual e experimental sobre o comportamento de um modelo considerado em uma atividade de Modelagem Matemática. Dentre as justificativas para a integração de tecnologias nas atividades de Modelagem Matemática, destacamos na figura a seguir três justificativas: Assim, em suma, podemos considerar que a integração de tecnologias na atividade de Modelagem Matemática possibilita interagir fatos reais com o conteúdo matemático estudado em sala de aula. Dessa forma, as tecnologias somadas às atividades de Modelagem Matemática potencializam a motivação do aluno em aprender, pois possibilitam explicitar uma ligação entre realidade e conhecimento teórico. 4.1.3 Aspecto relacionado ao trabalho cooperativo Para que seja possível haver aprendizagem em Matemática, além do estabelecimento de relações entre os objetos relativos a essa disciplina e refletir sobre a própria atividade matemática querealiza, é essencial que o aluno negocie Possibilita lidar com situações-problemas mais complexas e fazer uso de dados reais, ainda que estes sejam em grande quantidade ou assumam valores muito grandes. Permite que a maior parte dos esforços se concentre nas ações cognitivas associadas ao desenvolvimento da atividade de modelagem, considerando que a realização de cálculos, de aproximações e de representações gráficas são mediadas pelo uso do computador. Possibilita lidar com as situações-problemas por meio de simulações numéricas ou gráficas, variando parâmetros nas representações gráficas e (ou) algébricas. Figuras 1.9 | Justificativas para a utilização de tecnologias na Modelagem Matemática FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 32). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 46 significados matemáticos com outras pessoas. Se pensarmos nas ações de ensinar e aprender em sala de aula, podemos perceber que tais atos são constituídos por comunicação, interação e negociação de significados. Nesse sentido, “[...] aprender é uma experiência pessoal, mas que se dá em contextos sociais e cercados de relações interpessoais” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 32). Para que sejam estabelecidas interações de qualidade, as atividades desenvolvidas pelos estudantes podem influenciar significativamente, e é nesse intuito que a Modelagem Matemática se constitui como uma atividade profícua para estabelecer relações. Afinal, a atividade desenvolvida nesse contexto permite e depende da interação entre alunos, entre aluno e professor e, até mesmo, entre aluno e sociedade, uma vez que é nela que as situações-problemas, que engendram a atividade de Modelagem Matemática, têm origem. Vale destacar que a aprendizagem nesse âmbito consiste, sobretudo, no fato de que durante atividade de Modelagem Matemática os alunos envolvidos buscam atingir um mesmo objetivo, muitas vezes alcançado por caminhos diferentes, os quais são discutidos entre eles, proporcionando melhor apreensão dos conceitos matemáticos envolvidos na atividade. 4.1.4 Aspecto relacionado ao desenvolvimento do conhecimento crítico reflexivo O conhecimento crítico e reflexivo, para o qual a atividade de Modelagem Matemática proporciona fortes contribuições, conduz o estudante a ampliar e refinar sua visão de mundo, permitindo-o se “enxergar” em seu próprio contexto social (SKOVSMOSE, 2001). Na atividade de Modelagem Matemática em si, o conhecimento crítico e reflexivo contribui para a interpretação e a discussão de modelos matemáticos, ponderando suas características sociais concomitantemente aos conhecimentos matemáticos envolvidos. Considerando que esses modelos são oriundos de situações-problemas reais, podemos afirmar que, do mesmo modo, o conhecimento reflexivo traz contribuições para o aluno em sociedade, no sentido que o auxilia na tomada de decisões e em suas atitudes. Assim, podemos afirmar que os modelos matemáticos de uma atividade de Modelagem Matemática não são neutros, pois carregam em si grande aporte social e, portanto, muito mais do que aprender conceitos matemáticos, o aluno reflete, reage e age criticamente sobre a situação-problema com a qual se envolve. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 47 4.1.5 Aspecto relacionado à utilização de diferentes registros de representação Se você refletir sobre a aprendizagem de Matemática, perceberá que o conhecimento nessa disciplina só é possibilitado por meio de representações, que podem ser gráficas, tabulares, algébricas, em linguagem natural etc. Sendo assim, as representações estão associadas à compreensão, à atribuição de significados e ao conhecimento em Matemática, sendo que estes estão pautados na identificação das diferentes representações relacionadas a um mesmo objeto matemático. Ainda mais nos conceitos mais abstratos da Matemática, suas representações possibilitam ao aluno interagir com esses conceitos e conhecer suas principais características. Duval (2003) defende que as diversificadas representações de um mesmo objeto matemático são essenciais para a compreensão deste. Esses diferentes tipos de representações (figuras, gráficos, tabelas, linguagem natural, linguagem algébrica etc.) o autor denomina de “Registros de Representação Semiótica”. De acordo com Duval (2003), para que um sistema de signos seja considerado como registro de representação semiótica é preciso: • Que a representação seja identificável, ou seja, deve ser possível reconhecer na representação aquilo que ela representa. • Que o tratamento ocorra dentro de um mesmo sistema de registro. Por exemplo: No exemplo acima, temos a simplificação de uma expressão aritmética que pode ser considerada como tratamento, pois as transformações ocorrem, desde o início até o fim, em um mesmo registro: no registro aritmético. • Que a conversão ocorra. A conversão implica a transformação de um registro de representação de um objeto matemático em outro, sendo, portanto, uma transformação externa ao registro inicial. Por exemplo: {2+5-[7-(3-1)]}= ={2+5-[7-2]}= ={2+5-5}= ={7-5}= =2. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 48 Figura 1.9 | Conversão entre registros de representação semiótica FONTE: Adaptado de Vertuan (2007, p. 24) Na figura acima temos a conversão entre registros de representação semiótica. A primeira conversão é da linguagem algébrica para a linguagem tabular, e a segunda conversão é da linguagem tabular para a gráfica, portanto, são registros diferentes, mas que se referem a um mesmo objeto matemático: função polinomial do terceiro grau. Contudo, é à coordenação entre registros que Duval (2003) atribui a responsabilidade principal pela compreensão de objetos matemáticos, pois essa consiste em “[...] mobilizar, simultaneamente, dois ou mais registros associados a um mesmo objeto matemático, identificando características do objeto em cada um dos registros” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 35). Assim, é possível evidenciar características em um registro que não são evidenciados em outro, portanto, estes registros se complementam. Nesse contexto, a Modelagem Matemática se apresenta como uma atividade potencial “[...] no que diz respeito à investigação sobre a compreensão de objetos matemáticos que se fazem presentes nas situações de modelagem a partir da coordenação entre os diferentes registros de representação associados aos objetos” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 35). 4.1.6 Aspecto relacionado à ocorrência de aprendizagem significativa Ausubel (1980), em sua teoria sobre Aprendizagem Significativa, argumenta que uma nova aprendizagem só ocorre a partir daquilo que o aluno já sabe. Isso é o que o autor chama de “subsunçores”, mas que conhecemos como “conhecimentos prévios”. Partindo desse pressuposto, o autor considera que, para o ensino conduzir o Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 49 aluno a uma aprendizagem significativa, é necessário cumprir as condições básicas: • Organizar material didático potencialmente significativo. • Os conhecimentos prévios dos alunos devem permitir a relação entre o que eles já sabem com os novos conhecimentos. • O aluno precisa se apresentar predisposto positivamente para aprender de maneira significativa. Essas condições básicas indicadas por Ausubel (1980) e elencadas acima são características presentes nas atividades de Modelagem Matemática. Tendo realizado os estudos desta seção, reflita e dê sua opinião: quais as implicações da modelagem matemática no processo de aprendizagem? Acessando o link a seguir você lerá um artigo em que se discutem as possíveis relações entre a perspectiva sociocrítica da Modelagem Matemática (que apresentamos uma breve abordagem no item 4.1.4.) e a aprendizagem significativa: <http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID281/v17_n1_a2012.pdf>. Acesso em 15 maio 2015. Já no próximo link, você conhecerá um pouco mais sobre as contribuições da Modelagem Matemática para a ocorrência de aprendizagem significativa: <http://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/ viewFile/4689/3258>. Acesso em 15 maio 2015. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 50 1. Você acabou de estudar que as atividades de Modelagem Matemática proporcionam ao aluno, sobretudo da Educação Básica, diversos aspectos que o motivam a aprender Matemática. Dentre estes aspectos, comentamos sobre aquele que está relacionado à utilização de diferentes registros de representação. Sobre esse aspecto, é correto afirmar: a) Na atividade de Modelagem Matemática é complexo dizer que um modelo é uma representação identificável, pois ele não permite reconhecer na representação aquilo que ele representa. b) A conversão na atividade de Modelagem Matemática só ocorre no momento em que diversos modelos são elaborados, visando identificar o mais adequado. c) O tratamento na atividade de Modelagem Matemática consiste em reconhecer que modelos apresentados em registros diferentes fazem referência a um mesmo objeto matemático. d) Devido ao caráter investigativo da atividade de Modelagem Matemática, é possível ocorrer a coordenação entre diferentes registros de representação, os quais fazem referência a um mesmo objeto matemático. 2. Considerando os aspectos que motivam alunos a aprender Matemática a partir de atividades de Modelagem Matemática, considere as afirmativas a seguir: I- Devido ao caráter de não neutralidade dos modelos, podemos afirmar que estes carregam em si grande aporte social. Sendo assim, em uma atividade de Modelagem Matemática, o aluno pode aprender conceitos matemáticos e, além disso, pode refletir, reagir e agir criticamente sobre a situação-problema com a qual se envolve. II- Na atividade de Modelagem Matemática os alunos buscam atingir objetivos distintos, o que promove a discussão entre eles para negociar significados, caracterizando o aspecto de realização de trabalhos cooperativos. III- Os recursos tecnológicos, quando integrados à atividade Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 51 de Modelagem Matemática, permitem e possibilitam o aumento (ou surgimento) de motivação no aluno em aprender, pois tais recursos possibilitam explicitar uma ligação entre realidade e conhecimento teórico. Estão corretas as afirmativas: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Nesta unidade você aprendeu: • O que é modelo matemático e em que consiste a Modelagem Matemática. • Os procedimentos da atividade de Modelagem Matemática, conhecendo as etapas e subetapas desse processo. • As principais aplicações da Modelagem Matemática em diversas áreas do conhecimento, mas, sobretudo, na área de Educação Matemática. • Os principais pressupostos teóricos a respeito da Modelagem Matemática como alternativa pedagógica no cenário educacional. • A diferença entre Modelagem Matemática e Modelação Matemática. • Como avaliar o desempenho dos alunos em atividades de Modelagem Matemática e como deve ocorrer a familiarização, tanto do professor quanto do aluno, com esse tipo de atividade. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 52 • As implicações da Modelagem Matemática no processo de aprendizagem, a partir dos aspectos principais que contribuem para aprender Matemática a partir de atividades de Modelagem Matemática. Esta unidade foi elaborada com a intenção de auxiliar na aprendizagem de conceitos muito importantes para você, futuro professor. Os conceitos trabalhados nessa unidade compõem o campo do conhecimento de Modelagem Matemática, muito importante não apenas para a Matemática, como para diversas outras áreas como Física, Química, Economia etc., uma vez que a Modelagem pode ser comparada ao método científico. Contudo, nesse estudo, após apresentar aspectos principais sobre a Modelagem Matemática, focamos nesta como atividade no contexto escolar e, portanto, os estudos realizados nessa unidade constituem como uma base para estudos sequentes. No intuito de aprofundar sua aprendizagem, enfatizamos que é muito importante que você não apenas faça a leitura desse material, mas acesse os materiais sugeridos, resolva as atividades de aprendizagem que foram propostas e busque em outras fontes (inclusive na Biblioteca Digital) mais informações a respeito da temática dessa unidade. Além disso, não se esqueça de acessar o fórum. É por meio dele que você poderá sanar suas dúvidas. Bons estudos! Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 53 1. Considere as afirmativas a seguir: I- A Modelagem Matemática consiste em transformar problemas reais em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. II- O objetivo da Modelagem Matemática é ditar um modelo padrão de ensino da Matemática a ser seguido por todos os professores. III- A Modelagem Matemática consiste em estudar problemas teóricos através de métodos matemáticos. Assinale a alternativa que indica(m) afirmativa(s) correta(s): a) I. b) II. c) III. d) I e III. 2. A Modelagem Matemática pode ser entendida como a arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir, considerando as competências que o aluno precisa mobilizar na utilização desse recurso metodológico: I- Selecionar variáveis que serão relevantes para o modelo a construir. II- Formular o problema teórico na linguagem matemática. III- Formular hipóteses explicativas do fenômeno em estudo. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 54 IV- Recorrer ao conhecimento matemático para a resolução do problema formulado e confrontar as conclusões teóricas com os dados empíricos existentes. Assinale a alternativa que apresenta afirmativas corretas: a) I, II e IV. b) II, III e IV. c) I, II e III. d) I, II, III e IV. 3. (Adaptado de UFSC/2010) De acordo com Bassanezi (2004), a Modelagem Matemática pode ser considerada tanto como um método científico de pesquisa quanto como uma estratégia de ensino e de aprendizagem. Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas abaixo com relação aos argumentos utilizados para justificar a inclusão da Modelagem Matemática como estratégia a ser usada para o ensino e a aprendizagem da Matemática no âmbito escolar: ( ) Desenvolve a habilidade para resolver problemas e estimula a criatividade dos alunos. ( ) Possibilita uma melhor compreensão e apreensão dos conceitos matemáticos. ( ) Ressalta a importância da Matemática na formação dos alunos para uma atuação crítica na sociedade, tornando-os capazes de reconhecer e entender situações que envolvam conceitos matemáticos. ( ) Aproxima a Matemática de outras áreas do conhecimento. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 55 4. (Adaptado de FEPESE/UFSC – 2007) A Modelagem Matemática, arte de expressar através de linguagem matemática situações-problemas de nosso dia a dia, tem estado presente desde os tempos mais primitivos. Atualmente, nas escolas brasileiras, tem-se este tema presente nas discussões do processo ensino- aprendizagem da Matemática. Em relação a esse tema, assinale a alternativa correta. a) A Modelagem Matemática envolve sempre conteúdos avançados e, portanto, não deve ser usada no Ensino Fundamental. b) Em geral, o processo da Modelagem Matemática requer três etapas básicas: Inteiração, Matematização e Modelo Matemático. c) Ao demonstrar um teorema em sala de aula, estamos realizando o processo de Modelagem Matemática. d) O professor propõe o tema “Quadra de Esportes da Escola” paraseus alunos. Conduz os alunos até o local e solicita-lhes que identifiquem as figuras geométricas. Essa situação envolve todo o processo de Modelagem Matemática no ensino. ( ) É uma estratégia de aprendizagem, na qual o mais importante é chegar imediatamente a um modelo bem-sucedido. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo. a) V – F – F – V – F. b) F – V – F – F – F. c) V – V – V – V – F. d) V – F – V – V – V. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 56 5. (Adaptado de CONSULPLAN/ 2013) Acerca da Modelagem Matemática, importante recurso metodológico na sala de aula, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) Cria modelos por hipóteses e aproximações simplificadoras para obter múltiplas respostas com suas respectivas justificativas. ( ) Os temas de estudo para uma aula devem sempre ser decididos pelo professor, pois considera-se sua experiência e segurança. ( ) Traduz a linguagem do mundo real para o mundo matemático. ( ) Oferece uma maneira de colocar a aplicabilidade da Matemática em situações do cotidiano, tornando-a significativa. A sequência está correta em: a) F - F - V - V. b) V - F - V - V. c) F - V - V - V. d) F - V - V - F. U1 57Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática Referências ALMEIDA, Lourdes Werle de; SILVA, Karina Pessôa da; VERTUAN, Rodolfo Eduardo. Modelagem matemática na educação básica. São Paulo: Contexto, 2013. AUSUBEL, David P. Psicologia educacional. Trad. Eva Nick. 2. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2004. BIEMBENGUT, Maria Sallet; HEIN, Nelson. Modelagem matemática no ensino. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2013. CHUQUIPOMA, José Angel Dávalos. Modelagem matemática. São João del-Rei, MG: UFSJ, 2012. DUVAL, Raymond. Registros de representação semiótica e funcionamento cognitivo da compreensão em matemática. In: MACHADO, S. D. A. Aprendizagem em matemática: registros de representação semiótica. Campinas: Papirus, 2003, p. 11-34. SKOVSMOSE, Ole. Educação matemática crítica: a questão da democracia. Campinas: Papirus, 2001. VERTUAN, Rodolfo Eduardo. Um olhar sobre a modelagem matemática à luz da teoria dos registros de representação semiótica. 2007. 141 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina, Paraná. 2007. Unidade 2 MODELOS MATEMÁTICOS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: EXEMPLOS NO ENSINO FUNDAMENTAL Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade trazemos uma abordagem a respeito da atividade de Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental, apresentando alguns aspectos relevantes sobre esse tipo de atividade na referida etapa escolar. Com esta unidade temos por objetivo conduzir você, estudante, a vislumbrar possibilidades de atividades de Modelagem Matemática para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, por meio de exemplos de atividades que serão descritas, as quais são fundamentadas em aspectos sobre Modelagem Matemática que já foram estudados na unidade anterior. Esperamos que por meio dos exemplos que serão elencados você possa ter algumas ideais sobre como conduzir atividades de modelagem e possa perceber a potencialidade desta abordagem no processo de ensino e de aprendizagem de Matemática. Keila Tatiana Boni Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 60 Nesta primeira seção visamos explicitar a você a possibilidade de realização de atividades de Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental, bem como as implicações positivas dessa abordagem na referida etapa escolar. Nesta seção damos início à apresentação de atividades de Modelagem Matemática que podem ser realizadas nos anos finais do Ensino Fundamental. Contudo, destacamos que tais atividades não se restringem a essa etapa escolar, mas podem ser adaptadas para outras etapas. Essa primeira atividade de Modelagem Matemática que exemplificamos refere- se ao tema “cerca elétrica” de residências, por meio do qual envolvemos conceitos matemáticos, tais como sistema de equação linear, intersecção de retas e inequação linear. Seção 1 | Modelagem Matemática no Ensino Fundamental Seção 2 | Modelo Matemático 1: “Cerca elétrica” Nesta seção apresentamos mais um exemplo de atividade de Modelagem Matemática para os anos finais do Ensino Fundamental, a qual é apresentada em diversas etapas, permitindo ao professor propor essa atividade em momentos diversos, de acordo com os objetivos de aprendizagem de cada momento do período letivo. A atividade apresentada contempla diversos conceitos matemáticos, dentre eles podemos destacar: porcentagem, unidades de medidas, produtos notáveis, operações com números inteiros e racionais na forma decimal e fracionária e elementos de Geometria plana e espacial. Nesta seção apresentamos outro exemplo de atividade de Modelagem Matemática para os anos finais do Ensino Fundamental, com foco no ensino e na aprendizagem de funções por meio da problemática de escolha do melhor plano de telefonia móvel entre três empresas. Apesar de nos basearmos em uma atividade que foi desenvolvida no primeiro ano do Ensino Médio, podemos adaptá-la para ser trabalhada no 9º ano ao introduzir o estudo de funções afim, bem como para auxiliar no processo de aprendizagem desse conteúdo a partir da evidenciação de sua aplicabilidade. Seção 3 | Modelo Matemático 2: “Construção de casas” Seção 4 | Modelo Matemático 3: “Telefonia celular” Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 61 Introdução à unidade Na presente unidade você terá a oportunidade de aprender um pouco mais sobre modelação para ensinar Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental por meio de três atividades de Modelagem Matemática que serão apresentadas, as quais estão envolvendo as temáticas “cerca elétrica”, “construção de casas” e “telefonia celular”. Esperamos que os modelos que serão apresentados sirvam para nortear o seu futuro trabalho como professor da Educação Básica, encorajando-o a implementar a Modelagem Matemática como estratégia de ensino em sua futura prática docente. Vale destacar que, ainda que os exemplos apresentados estejam voltados para os anos finais do Ensino Fundamental, todos eles podem ser adaptados para outros níveis escolares. Além disso, mostramos apenas algumas situações, porém, no mesmo nível de ensino, outras abordagens partindo dos mesmos temas podem ser delineadas durante o desenvolvimento na sala de aula. Enfim, tudo depende da criatividade do professor e dos objetivos que se pretende atingir. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 62 Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 63 Seção 1 Modelagem Matemática no Ensino Fundamental Introdução à seção Questionamentos comuns dos alunos durante as aulas de Matemática certamente são: “por que estudar esse conteúdo? Para que vou usar esse conteúdo na minha vida?”. Perguntas como estas são comum, sobretudo, em escolas em que o ensino da Matemática continua tradicional, em que o professor é o detentor e o transmissor do conhecimento, enquanto os alunos recebem todos esses conhecimentos de maneira pronta e acabada, as aceitam como verdades indiscutíveis e as reproduzem, sem compreenderem o significado do que estão “aprendendo”. A Matemática ensinada dessa maneira é totalmente descontextualizada e desconexa com a realidade, assim como os conteúdos são apresentados isoladamente, como se não tivessemrelação entre eles. Para que o aluno consiga atribuir sentido para o que está sendo estudado, ele precisa vivenciar a importância e aplicabilidade do que está sendo estudado. Tal experiência é possível de ser proporcionada pela Modelagem Matemática. Como já foi estudado na unidade anterior, a Modelagem Matemática, por seus procedimentos análogos ao método científico, permite ao aluno experimentar a importância da Matemática para representar e resolver uma situação-problema não matemática. Além disso, dessa maneira, o aluno deixa de ser o sujeito passivo, para se tornar ativo e responsável pela sua própria aprendizagem. É nessa perspectiva que você estudará, nesta seção, a Modelagem Matemática como alternativa para o ensino e a aprendizagem da Matemática, porém, agora com foco nos anos finais do Ensino Fundamental. 1.1. A atividade de Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 64 Na unidade anterior você já estudou sobre como se constitui uma atividade de Modelagem Matemática no contexto educacional, sendo a abordagem realizada de maneira geral, contemplando desde o Ensino Fundamental (anos iniciais) até o Ensino Superior. Você vai estudar, agora, de maneira mais específica, a Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental, que compreende do 6º ao 9º ano (antigamente denominados de 5ª a 8ª série). Assim como já foi estudado, a Modelagem Matemática pode ser compreendida como “um conjunto de procedimentos cujo objetivo é construir um paralelo para tentar explicar matematicamente, os fenômenos presentes no cotidiano do ser humano, ajudando-o a fazer predições e tomar decisões” (BURAK, 1992, p.62). Para explicar fenômenos cotidianos, o aluno é conduzido a indagar e a investigar, utilizando conhecimentos matemáticos e o fenômeno em questão, o que contribui para uma formação matemática mais crítica e reflexiva do aluno. Na sala de aula, uma atividade de Modelagem Matemática poderá ser realizada de três maneiras: (1) Os alunos fazem a investigação a partir de um problema apresentado pelo professor, sendo este relatado devidamente, com dados quantitativos e qualitativos. (2) Os alunos têm à disposição apenas o problema, mas a coleta de dados deverá ser realizada fora da sala de aula. (3) São propostos projetos a partir de temas não matemáticos, temas estes que podem ser escolhidos pelo aluno ou pelo professor. Todos os procedimentos, desde a formulação do problema até a resolução da situação-problema ficam a cargo do aluno (BARBOSA, 2004). Na tabela a seguir, apresentamos os três casos elencados: Por meio do quadro apresentado você deve ter sentido a falta de algo muito importante que você estudou na unidade anterior: Barbosa (2004) não faz menção a Modelos Matemáticos. Isso porque Barbosa (2004) defende que uma atividade de Modelagem Matemática consiste CASO 1 CASO 2 CASO 3 Formulação do problema Professor Professor Professor/aluno Simplificação Professor Professor/aluno Professor/aluno Coleta de dados Professor Professor/aluno Professor/aluno Solução Professor/aluno Professor/aluno Professor/aluno Tabela 2.1 | Três casos para atividades de Modelagem Matemática FONTE: Adaptado de: Barbosa (2004, p. 5). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 65 Quando nos referimos a modelos matemáticos, imaginamos funções ou equações, ainda mais porque na unidade anterior vimos uma vasta utilização do Cálculo Diferencial e Integral na Modelagem Matemática em diversas áreas (Física, Química, Biologia etc.). Em especial no Ensino Fundamental, modelo matemático pode ser tabela, gráfico, relações funcionais, figuras geométricas, entre tantos outros meios de representar a realidade. Para que você possa compreender melhor a ideia de modelo matemático que estamos adotando aqui, considere a planta baixa de uma residência, ou uma tabela de preços de um supermercado: ambos permitem que o sujeito tome decisões, portanto podemos considerá-los como modelos matemáticos. Sendo assim, no Ensino Fundamental (mas não apenas nesse nível escolar), o mais importante durante uma atividade de Modelagem Matemática não é chegar a um modelo matemático final, mas é o processo percorrido para compreender o objeto em estudo e buscar respostas para a problemática levantada sobre ele, utilizando a Matemática. Além disso, como já vimos na unidade anterior, para que a aprendizagem de Matemática seja motivadora, atrativa e, consequentemente, significativa, ao propor uma atividade de Modelagem Matemática, o professor precisa ficar atento para desenvolver um tema que seja de interesse dos alunos e que, ao mesmo tempo, valorize o contexto social deles, ponderando suas relações com sua história, cultura e contextos social e político. Quanto às etapas e subetapas a serem seguidas para realização de uma atividade de Modelagem Matemática no Ensino Fundamental, são as mesmas apresentadas na unidade anterior, em Modelação Matemática. O que também permanece constante são os obstáculos enfrentados ao se iniciar uma proposta de Modelagem Matemática em sala de aula. Dentre estes obstáculos, destacamos a preocupação dos professores em conciliar conteúdos a [...] em escolher um tema e formular um problema a partir deste tema, de modo que a busca pela solução deste problema levará o aluno a levantar hipóteses, simplificá-las e coletar dados para resolver matematicamente o problema. É claro que em muitos casos, a resolução do problema acarretará em um Modelo Matemático, mas este é apenas uma consequência da Atividade de Modelagem Matemática desenvolvida (BARBOSA, 2004, apud TORTOLA; REZENDE; SANTOS, 2009, p. 4). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 66 serem trabalhados, os quais são apresentados ordenadamente no programa a ser cumprido no período letivo. A Modelagem Matemática permite trabalhar com os conteúdos matemáticos de maneira menos estanque e compartimentada ao trabalhar conteúdos do programa sem seguir criteriosamente uma ordem, assim como conteúdos já estudados em anos anteriores e conteúdos programados para séries posteriores, além de um trabalho interdisciplinar. Diante do que foi apresentado até então, reflita: o que foi apresentado de novo para a atividade de Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental que não havia sido apresentado na unidade anterior, quando fizemos uma abordagem mais geral? E será que essas mudanças são muito diferentes do que ocorre no Ensino Médio e no Ensino Superior? Saiba mais sobre a Modelagem Matemática no Ensino Fundamental acessando os links a seguir: <file:///C:/Users/Acer/Downloads/3.2_consideracoes_ matematica%20_marcelo_camara_e_paulo.pdf>. Acesso em 15 maio 2015. <http://www.conferencias.ulbra.br/index.php/ciem/vi/paper/ viewFile/1303/488>. Acesso em 15 maio 2015. <http://sbemparana.com.br/arquivos/anais/epremxii/ARQUIVOS/ MESAS/MT004.pdf>. Acesso em 15 maio 2015. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 67 1. Sobre modelos matemáticos na atividade de Modelagem Matemática no Ensino Fundamental, considere as afirmativas a seguir: I- Em muitos casos, após a escolha do tema e formulação da situação-problema, bem como após o processo de matematização, a resolução do problema certamente acarretará em um modelo matemático, pois este é primordial no processo de uma atividade de Modelagem Matemática. II- Além de equações e de funções, qualquer outra forma de representação matemática, como relações funcionais, figuras geométricas, tabelas e gráficos podem ser consideradas como modelos matemáticos. III- Em geral, uma representação em linguagem matemática que conduza o sujeito àtomada de decisão pode ser considerada como modelo matemático. Estão corretas as afirmativas: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. 2. Considerando as abordagens realizadas a respeito de Modelagem Matemática no Ensino Fundamental, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas. ( ) O essencial é o processo percorrido na busca de compreender o objeto em estudo e em respondê-lo, em detrimento de chegar a um modelo matemático final. ( ) A aprendizagem da Matemática precisa ser atrativa, motivadora e, principalmente, significativa. Para isso, é muito importante que o professor proponha atividades de Modelagem Matemática a partir de um tema escolhido por ele e que contemple o conteúdo sendo estudado naquele momento pela turma, atentando-se para não envolver conceitos já estudados em outros momentos. ( ) As etapas da atividade de Modelagem Matemática nesse contexto escolar são: inteiração, matematização e modelo, tal como na Modelação Matemática, ainda que a obtenção do modelo não seja o foco principal. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 68 ( ) Ao desenvolver uma atividade de Modelagem Matemática, o professor precisa ter cuidado para não deixar de cumprir o programa ordenadamente, pois os conteúdos matemáticos não podem ser apresentados em outra ordem para evitar prejudicar a compreensão dos alunos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo. a) V – F – V – F. b) V – V – F – F. c) F – F – V – V. d) F – V – F – V. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 69 Seção 2 Modelo Matemático 1: “cerca elétrica” Introdução à seção Nesta segunda seção, assim como nas próximas seções desta unidade, você conhecerá alguns exemplos de atividades de Modelagem Matemática que podem ser desenvolvidas nos anos finais do Ensino Fundamental. As atividades que serão apresentadas já foram desenvolvidas em contexto de ensino e aprendizagem e foram desenvolvidas segundo as etapas de Modelagem Matemática que foram estudadas na primeira unidade deste material. 2.1 Modelo matemático: “cerca elétrica” Para a primeira atividade que será apresentada, descrevemos as fases da Modelagem Matemática, propomos uma solução para a situação investigada e apresentamos sucintamente algumas considerações a respeito dos conceitos matemáticos mais explícitos na atividade. Antes de dar início à apresentação de exemplos, aconselhamos que qualquer atividade de Modelagem Matemática seja iniciada com um “bate-papo” sobre o tema que será trabalhado, criando um clima mais descontraído e permitindo ao aluno explicitar suas experiências e compreensões a respeito do tema. Reflita sobre qual a importância de estabelecer um “bate-papo” sobre o tema que será abordado antes de dar início à atividade de Modelagem Matemática, destacando as implicações tanto para o professor quanto para o aluno. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 70 O primeiro exemplo de atividade de Modelagem Matemática que vamos apresentar é sobre “Cerca Elétrica”. Esta atividade foi desenvolvida por estudantes de um curso de Especialização na área de Educação Matemática e é apresentado por Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 75). Sobre a cerca elétrica, seu uso começou a ser mais amplamente difundido no Brasil a partir de 1990. No início, sua utilização era mais comum na divisão de áreas de pastagens e de lavouras, contudo, devido a questões de segurança, passou a ser bastante utilizada como meio de auxiliar na segurança de residências e de estabelecimentos comerciais e industriais. A partir dessa temática, o professor pode promover uma discussão em sala de aula sobre o aumento do índice de violência no país e na sua região, elencando os equipamentos de segurança disponíveis e discutindo sobre a eficácia das cercas elétricas. Após discussão, partindo da temática da instalação de cercas elétricas, os estudantes que participaram dessa atividade “[...] obtiveram a informação de que estão disponíveis duas opções de serviços para instalação de cercas elétricas residenciais” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 75). Veja no quadro a seguir: Vale destacar que nesse exemplo estamos utilizando valores que já foram obtidos, mas o interessante é que, ao propor esta atividade, o professor solicite que os alunos pesquisem os valores. Destacamos, ainda, que a quantidade de alguns compostos de cada kit pode variar, por exemplo, contamos com apenas uma haste de aterramento, porém, pode haver variações na quantidade. O interessante é que a atividade seja desenvolvida de maneira que se aproxime o máximo possível da realidade dos alunos e, por isso, aconselhamos que eles façam essa coleta das informações que constituirão os dados da atividade. As informações que foram obtidas para esta atividade são: Conteúdo Opção 1 (kit pronto) Opção 2 (kit a montar) Central R$ 370,00 R$ 180,00 Bateria R$ 60,00 Sirene R$ 25,00 Haste de aterramento R$ 35,00 Cerca (20 metros com 4 fios) -------------------------------- Valor do metro de cerca (4 fios) R$ 5,00 R$ 4,50 Quadro 2.1 | Preços de kits (pronto e a montar) para instalação de cercas elétricas residenciais FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 76). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 71 A problemática levantada para a situação apresentada é: qual a opção mais vantajosa para um cliente que deseja instalar esse equipamento de segurança? Para responder a esta questão, considerando as informações obtidas, vamos escrever em linguagem matemática alguns aspectos principais. Assim, vamos chamar de l o comprimento da cerca, o qual está sendo considerado em metros. Esse comprimento é a variável independente. O que depende dessa variável independente é o preço que será pago pelos kits. Portanto, temos como variáveis dependentes o custo do kit 1 (C 1 ) e o custo do kit 2 (C 2 ), sendo ambos dados em reais (R$). Portanto, temos que o valor de cada kit depende do comprimento da cerca. Nestas condições, para ilustrar e comparar cada opção, observe as tabelas a seguir: Tabela 2.2 | Custo (C 1 ) da cerca usando a opção 1 Figura 2.1 | Informações obtidas para a realização da atividade. FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 76). Fonte: Adaptado de: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 76). OPÇÃO 1: Valor do kit é R$ 370,00 e, para cada metro de cerca que excede 20 metros, paga-se R$ 5,00. OPÇÃO 2: Valor do kit é R$ 300,00 e, para cada metro de cerca, paga-se R$ 4,50. l (em m) C 1 1 a 20 370 21 370+5=370+1∙5 22 370+5+5=370+2∙5 23 370+5+5+5=370+3∙5 24 370+5+5+5+5=370+4∙5 25 370+5+5+5+5+5=370+5∙5 l 370+(l-20)∙5 ... ... Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 72 Tabela 2.3 | Custo (C 2 ) da cerca usando a opção 2 Figura 2.2 | Representação gráfica dos modelos C 1 (l) e C 2 (l)1 1 Para obtenção do gráfico, utilizamos o software gratuito de geometria dinâmica GeoGebra. Disponível em: <http://www.geogebra.im-uff.mat.br>. FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 76). FONTE: A autora (2015) l (em m) C 2 1 300+4,50=300+1∙4,50 2 300+4,50+4,50=300+2∙4,50 3 300+4,50+4,50+4,50=300+3∙4,50 4 300+4,50+4,50+4,50+4,50=300+4∙4,50 l 300+4,50+4,50+ +4,50=300+4,50∙l ... ... ... Assim, cada opção de custo de cerca elétrica pode ser representada algebricamente por: Essas representações algébricas é que podemos considerar como modelos. Tais modelos podem ainda serem representados graficamente, conforme mostra a figura a seguir: 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 g 26 28 30 f h Modelos matemáticos para o ensino de matemática:exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 73 Por meio do gráfico fica mais fácil analisar qual a opção mais vantajosa para a instalação de uma cerca elétrica residencial. Se você fizer o gráfico no Geogebra ou em outro software perceberá que existem dois pontos de interseção entre ambos os gráficos. Estes pontos representam o comprimento de cerca e o seu custo sendo iguais. Se descobrirmos os valores desses pontos, será possível discutir sobre as vantagens e desvantagens de cada opção. Para isso, vamos igualar ambas as opções, porém considerando que para a primeira opção temos dois casos. Para o primeiro caso, temos que 0 < l ≤ 20, C 1 (l) = 370 e C 2 (l)=300 + 4,5l. Assim, temos: C 1 (l)=C 2 (l) 370=300+4,5l → l=15,56m Portanto, para l=15,56m temos que o custo de ambas as opções é R$ 370,00. Para o segundo caso, temos que l>20,C 1 (l)=370+5(l-20) e C 2 (l)=300+4,5l. Assim, temos: C 1 (l)=C 2 (l) 370+5(l-20)=300+4,5l 370+5l-100=300+4,5l 5l-4,5l=300-270 l=60m Portanto, quando l=60m, o custo para ambas as opções é R$ 570,00. Tendo em vista resolver a problemática inicial, com relação ao custo de instalação elétrica, podemos chegar às seguintes conclusões, de acordo com Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 81): • “para 0 < l < 15,56m, a opção 2 é a mais vantajosa; • para 15,56 < l < 60m, a opção 1 é mais vantajosa; • para l > 60m, a opção 2 é mais vantajosa”. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 74 Portanto, cabe ao cliente determinar quantos metros de cerca pretende instalar para se decidir por uma das duas opções apresentadas. Vamos, agora, analisar em que aspectos nós estamos, nesta atividade, contemplando cada uma das etapas e subetapas estudadas na unidade anterior. Tais informações são elencadas no quadro a seguir. Situação inicial (problemática) Instalação de cerca elétrica Inteiração Coleta de dados em empresa da cidade → Na opção 1, o valor do kit é de R$370,00 e paga-se R$5,00 por metro de cerca que exceder 20 metros. → Na opção 2, tem-se um valor fixo de R$300,00 e cada metro de cerca custa R$4,50. Definição do problema → Dentre os kits ofertados, qual a opção mais vantajosa para um cliente que deseja instalar cerca elétrica em sua residência? Matematização e resolução Definição de variáveis → Variável independente: l comprimento da cerca, em metros; Variável dependente: C 1 custo do kit 1, em reais C 2 custo do kit 2, em reais Construção das funções para os diferentes kits. Representação gráfica das funções. Determinação da intersecção das duas funções. Modelo matemático da situação C 1 (l)= 370, se 0 < l ≤ 20 370 + 5 . (l-20), se l > 20 C 2 (l)=300+4,5∙l para l>0 Matemática utilizada na atividade → Sistema de equação linear. → Intersecção de retas. → Inequação linear. Interpretação e validação A intersecção entre as retas corresponde ao valor para o qual o preço dos dois kits é igual. A partir dessa informação cada usuário pode optar pela opção mais vantajosa do ponto de vista econômico. Situação final Em virtude do tamanho da cerca, o usuário pode escolher a melhor opção (econômica) para a instalação da cerca. { { Quadro 2.2 | Aspectos da atividade que caracterizam etapas e subetapas da Modelagem Matemática FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 81-82). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 75 Acesse o link: <http://www.sbembrasil.org.br/files/ix_enem/Html/ comunicacaoCientifica.html> e selecione o artigo: “O uso do computador no estudo de funções no Ensino Médio”. Este artigo foi escrito por três autores, sendo dois deles os mesmos que escreveram o livro em que nos baseamos para descrever a atividade de Modelagem Matemática acima (Almeida e Silva). Neste artigo, a mesma atividade é apresentada, porém, com uma abordagem voltada para aplicação no Ensino Médio. Além disso, outras atividades também são descritas. 1. Se uma pessoa deseja instalar 450 metros de cerca elétrica em sua propriedade, podemos afirmar que: I – O kit 1 é a opção mais econômica. II – O kit 2 é a opção mais econômica. III – O valor total do kit será R$ 2.325,00. IV – O valor total do kit será R$ 2.020,00. É correto afirmar que as afirmativas corretas são: a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) II e IV. Considerando a atividade de Modelagem Matemática a respeito da instalação de cerca elétrica residencial apresentada anteriormente e os modelos obtidos para descrever tal situação, resolva as questões a seguir: Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 76 2. Márcio e Pedro cercarão suas residências com cerca elétrica. Márcio precisará de 57 metros de cerca elétrica, enquanto que Pedro precisará de 61 metros. Considerando essas informações, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as afirmativas falsas: ( ) Será mais vantajoso financeiramente Márcio comprar o kit 2, o qual pagará R$ 555,00. ( ) Será mais vantajoso financeiramente Márcio comprar o kit 1, o qual pagará R$ 555,00. ( ) Será mais vantajoso financeiramente Pedro comprar o kit 2, o qual pagará R$ 574,50. ( ) Será mais vantajoso financeiramente Pedro comprar o kit 1, o qual pagará R$ 574,50. ( ) Se Márcio comprar o kit 2 e Pedro comprar o kit 1, eles pagarão o mesmo valor pelas metragens de cerca que precisam. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) F – V – F – V – V. b) F – V – V – F – F. c) V – F – F – V – V. d) V – F – V – F – F. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 77 Seção 3 Modelo matemático 2: “construção de casas” Introdução à seção Nesta seção, vamos conhecer mais uma atividade de Modelagem Matemática que pode ser proposta nos anos finais do Ensino Fundamental. Essa proposta é apresentada por Biembengut e Hein (2013, p. 52-69) e envolve diversos conceitos matemáticos, sobretudo geométricos. Vale destacar que, assim como a atividade de Modelagem Matemática que apresentamos na seção anterior, esta pode ser adaptada para ser proposta em outros níveis de ensino. 3.1 “Construção de casas” Com certeza não é uma tarefa tão fácil projetar e construir uma casa. Decidir o formato, o tamanho e a fachada não são o suficiente, é preciso projetar uma casa considerando o conforto e, para isso, é preciso analisar os locais em que serão posicionadas portas e janelas de maneira a garantir luminosidade, ventilação e temperatura apropriadas, considerando, por exemplo, o posicionamento do sol na maior parte do ano e as condições climáticas da região. Podemos, assim, evidenciar que a elaboração do projeto de uma casa é uma etapa fundamental e essencial, pois é esta que orientará todo o trabalho do construtor. Para dar início a este projeto, o primeiro passo é esboçar a planta baixa. Você sabe o que é necessário para construir uma casa? O que o projetista precisa levar em consideração ao construir uma casa? Será que existe Matemática por trás de tudo isso? Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 78 Biembengut e Hein (2013) defendem que antes de iniciar uma atividade de Modelagem Matemática com essa temática (construção de casa) é essencial que o professor faça um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema por meio de discussões em sala de aula. Para promover tais discussões, os autores sugerem questionamentos como: “O que é preciso para construir uma casa? Como o pedreiro sabe o tamanho e o modelo de uma casa? Onde construir? Em que terreno? Qual a forma do terreno?” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 52). Diferentedo que fizemos na unidade anterior, ao apresentar um exemplo de atividade de Modelagem Matemática, em que detalhamos minuciosamente como desenvolver essa atividade e explicitamos os passos da Modelagem Matemática que foram contemplados, sobre essa nova temática (construção de casas) propomos diversas problemáticas que podem servir como engendradoras de uma ou mais atividades de Modelagem Matemática, sugerindo algumas orientações para desenvolver a atividade em sala de aula de acordo com cada proposta. 3.1.1 Como fazer uma planta baixa de uma casa? Tendo realizado as discussões sobre a temática em sala de aula, Biembengut e Hein (2013) orientam que o professor proponha aos seus alunos que façam um esboço da planta baixa de suas casas, da escola ou de outro ambiente conhecido por eles. Essa primeira proposta pode servir como meio do professor evidenciar conhecimentos sobre conceitos geométricos e sobre medidas manifestados pelos alunos. Com essa atividade, o professor já pode trabalhar com seus alunos alguns elementos fundamentais da Geometria, como retas paralelas, retas perpendiculares e classificação de ângulos. Veja um exemplo de esboço de planta baixa de uma casa na figura a seguir: Figura 2.3 | Esboço de planta baixa de uma casa FONTE: Adaptada de: <http://www.donagiraffa.com/2012/12/plantas-de-casas-projetos-de-planta-baixa.html>. Acesso em: 15 maio 2015. SALÃO QUARTO QUARTO SUITE Ângulo reto Área da casa = 72,32m2 Área externa = 33,40 m2 Área total = 108,72 m2 Paredes paralelas COZINHA VARANDA BANHO BANHO Paredes = Segmentos de reta Paredes perpendiculares Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 79 Na imagem, destacamos elementos da Geometria que podem ser explorados enquanto os alunos constroem esboços da planta baixa. Dessa forma, os alunos já poderão ir aprendendo tais conceitos, como ferramentas necessárias e aplicáveis em situações reais. 3.1.2 Como o construtor de uma casa sabe o tamanho que se quer construir? Outro aspecto matemático importante que pode (e precisa) ser abordado ao introduzir uma atividade de Modelagem Matemática envolvendo a temática construção de casas é medidas, destacando que “As medidas são padrões específicos que relacionam cada objeto com outros de “estrutura” semelhantes” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 54). O professor pode começar essa abordagem perguntando sobre quais as unidades de medida que conhecem, não só de comprimento (medidas lineares), mas outras unidades também, como de capacidade, de superfície etc. Além disso, pode ser promovida uma discussão sobre como as pessoas mediam antigamente, quando os padrões de medida que conhecemos e utilizamos hoje não haviam sido estabelecidos, iniciando, assim, uma abordagem envolvendo a História da Matemática. Uma experiência interessante ao trabalhar com medidas é pedir para que os alunos encontrem as medidas de objetos que se encontram no interior da sala de aula, utilizando partes do corpo (pés, polegadas, palmos, passos etc.). Além disso, após medirem diversos objetos, o professor pode solicitar para os alunos construírem uma tabela constando o objeto e a unidade de medida (parte do corpo) mais apropriada para realizar tais medidas, conforme ilustra a tabela a seguir: Tabela 2.4 | Exemplo de objetos e unidades de medida mais apropriadas para medi-los FONTE: Biembengut e Hein (2013, p. 54). Objetos Unidade de medida Carteira Palmos Lápis Polegar Classe Passos Em seguida, o professor pode incentivar os alunos a compararem as respostas e os tamanhos dos passos, das polegadas etc. entre eles, para que percebam a necessidade e a importância do estabelecimento de uma unidade padrão, no caso, o metro e seus múltiplos e submúltiplos. Feita essa constatação, o professor pode solicitar para que os alunos meçam objetos utilizando régua, trena e fita métrica. O essencial nesse momento é que Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 80 os alunos percebam que nem sempre é possível obter medidas inteiras, momento oportuno para explorar os múltiplos e submúltiplos do metro, bem como destacar o metro em representação decimal. Ao envolver o conceito de medidas na atividade de Modelagem Matemática, o professor pode aproveitar para abordar outro conceito muito importante: escala. Assim, o aluno terá a oportunidade de compreender como é possível construir uma casa de maneira que ela seja semelhante à sua planta. No conceito de escala, temos que uma medida da planta, que em geral é dada em centímetros, equivale a uma medida em outra unidade (em metros, por exemplo) no real. Para ilustrar o que acabamos de mencionar, observe a figura a seguir: Ainda falando sobre medidas, como é possível construir uma casa de acordo com a planta desta, uma vez que possui dimensões extremamente diferentes? Que conceito matemático pode ser abordado com relação a esse questionamento? Figura 2.4 | Planta baixa de uma casa em que são apresentadas algumas medidas FONTE: Disponpivel em: <http://bloguedorenato.blogspot.com.br/2012/12/projetosdecasas.html>. Acesso em: 15 maio 2015. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 81 Em geral, em uma planta, teremos medidas expressas em centímetros. Porém, para que seja possível construir uma casa semelhante à sua planta, é necessário utilizar medidas proporcionais. Vamos ver alguns exemplos: • 1 centímetro da planta pode corresponder a 1 metro da casa. Dessa forma, podemos escrever que 1:100 (1 está para 100 ou escala de 1 por 100). • 5 centímetros da planta pode corresponder a 1 metro da casa. Dessa forma, podemos escrever que 5:100 (5 está para 100 ou escala de 5 por 100). Ao abordar sobre proporcionalidade, o professor pode colocar em discussão outros casos e situações em que a proporcionalidade se faz presente e é bastante utilizada, como em imagens de fotografias, em revistas ou, até mesmo, na televisão. Além disso, é preciso que o aluno perceba que há proporcionalidade em diversas situações cotidianas. Por exemplo, ao comprar produtos quaisquer o aluno pode pensar: “se um produto custa tanto, quer dizer que cinco produtos custam cinco vezes esse tanto”. 3.1.3 Quais devem ser as medidas do terreno e o local da construção da casa? Com certeza uma casa não pode ser construída em qualquer lugar. Existem normas para que seja feita essa construção. Além disso, a planta da casa precisa deixar muito bem explícita quais as medidas que cada cômodo da casa irá ocupar do terreno. Em outras palavras, é preciso conhecer qual a área que será ocupada por cada cômodo da casa que será construída. Vamos ver um exemplo, o qual é proposto por Biembengut e Hein (2013). Vamos supor o terreno e a planta de uma casa com formas retangulares, com medidas iguais a 12 metros por 25 metros e 8 metros por 10 metros. Veja na figura o terreno e a planta da casa a que nos referimos. Figura 2.5 | Planta do terreno e da casa em formas retangulares Fonte: Biembengut e Hein (2013, p. 56). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 82 Na figura, temos que a casa é o retângulo de lados a e b, enquanto que o terreno é o retângulo de lados c e d. Assim, temos que a=8, b=10,c=12 e d=25. Logo, as áreas são: • Área do terreno: 12m x 25m=300 m². • Área da casa: 8m x 10m=80 m². Por meio dessa atividade, a etapa de matematização pode ser contemplada a partir desse conceito de medida de superfície plana, em que é possível abordar sobre números racionais na forma fracionária. Além de envolver a medida de área do terreno e da casa, pode-se envolver o cálculo de área de cômodos dessa casa. Conhecer esses tamanhos, bem como os tamanhos dos móveis e objetos que se pretende inserir nessesambientes é muito importante durante o planejamento da planta. Também, é muito importante determinar as melhores localizações para portas e janelas. Por exemplo, no caso da porta, quando aberta, pode ocupar muito espaço, por isso o melhor local é sempre no canto. Esse fato pode ser motivo para levantar discussões em sala de aula. 3.1.4 Área útil e área construída: o que são e quais suas relações? Ao construir uma residência, podemos ouvir os termos “área útil” e “área construída". Mas o que será que significa isso? Para melhor compreensão, vamos partir da situação apresentada anteriormente, quando determinamos as medidas de áreas da casa e do terreno em que esta será construída. Nessa situação, deixamos de considerar algo muito importante: e a espessura das paredes? Esta medida está inclusa na área calculada, ou não? Na atividade, pode ser proposto ao aluno que ele analise o seguinte caso: “[...] uma planta baixa de forma retangular, supondo que as medidas internas sejam 7 m e 8 m, respectivamente, e a espessura da parede seja 0,15 m” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 57). Veja essa situação na figura a seguir: Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 83 Pela figura, podemos chegar à conclusão que: “Área total = área útil (interna) + área ocupada pelas paredes + área ocupada pelas colunas” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 57). Mas como representar tudo isso numericamente? Tomando como base a figura apresentada acima, temos: [8+2∙(0,15)]∙[7+2∙(0,15)]=(7∙8)+2∙[7∙(0,15)+8∙(0,15)]+4∙(0,152) Ainda, o esboço pode ser a forma de algum outro ambiente, em que variando somente as medidas teremos: 8m= a 7m=b 0,15m=c Se substituirmos essas correspondências na expressão numérica que apresentamos acima, vamos obter uma expressão algébrica que corresponde a um produto entre polinômios. (a+2c)∙(b+2c)=(ab)+2∙(bc+ac)+4∙(c2) Entretanto, como estamos generalizando um terreno retangular, é possível que este apresente medidas que formam um quadrado. No caso, teríamos a=b e a expressão ficaria: (a+2c)∙(a+2c)=(a2 )+2∙(ac+ac)+4∙(c2) Ou, ainda: (a+2c)2=a²+4ac+4c² Figura 2.6 | Esboço de planta baixa de forma retangular com destaque da espessura das paredes FONTE: Adaptado de: Biembengut e Hein (2013, p. 57). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 84 Dessa forma, estamos trabalhando produtos notáveis. Portanto, essa etapa da atividade de Modelagem Matemática que propomos poderia ser desenvolvida com alunos a partir do 8º ano (7ª série). Para avaliar a compreensão dos alunos envolvidos nessa atividade de Modelagem Matemática, o professor pode solicitar para que eles construam uma planta baixa contendo as especificações exigidas. Nesse momento, “[...] enquanto desenham, verifique se os conceitos geométricos, as medidas lineares e as operações com números racionais já estão incorporados, retomando o que for necessário. A planta baixa elaborada pelo aluno pode ser considerada um modelo!” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 58). 3.1.5 Vendo o projeto da casa por outra perspectiva: construção de maquete Até agora envolvemos apenas a planta baixa de uma casa, porém muitos outros aspectos precisam ser considerados na construção de uma casa, como o telhado, o acabamento, os alicerces etc. Assim, vamos envolver, agora, na atividade de Modelagem Matemática, a construção de maquete, que facilitará a visualização e a consideração dos aspectos que mencionamos. A maquete pode ser considerada como um modelo, pois é uma representação da casa que se pretende construir. Por meio desse modelo, além de obtermos a visualização da casa que se pretende construir, é possível efetuar cálculos para determinar a quantidade e o custo do material que será necessário na construção. Para desenvolver essa etapa da atividade de Modelagem Matemática, o professor pode deixar seus alunos (em grupos) livres para escolher os materiais que irão utilizar, incentivando a criatividade deles e tornando a construção da maquete mais agradável. Contudo, é muito importante que o professor oriente seus alunos sobre a necessidade de uma base firme para a construção da maquete, sendo essa base é a planta baixa já construída. Ainda, Biembengut e Hein (2013, p. 59) aconselham ao professor que: Neste momento você pode propor também que façam uma pesquisa sobre os tipos de material disponíveis para construção civil, entrevistas com profissionais na área, pesquisa em revistas especializadas e, se possível, visita a algumas obras, desde que haja consentimento por parte do profissional responsável. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 85 Já mencionamos que é muito importante que, ao construir a maquete, o aluno seja orientado a construir uma base firme, sendo esta base a própria planta baixa. Porém, para utilizá-la, faz-se necessário ampliá-la. Mas como saber que escala usar? Ao levantar esse questionamento, é muito importante que os alunos percebam que a escala que deverá ser utilizada depende do material que será utilizado, sobretudo, é necessário conhecer a espessura do material. A título de exemplo, vamos supor que o material que será utilizado sejam placas de isopor com seis milímetros de espessura. Vamos supor ainda que: • A espessura da parede de uma casa seja 15 cm. • A espessura da parede da maquete, em centímetros, seja 0,6 cm. Nesse momento, o professor já pode explorar o conteúdo de unidades de medida linear: o metro e seus múltiplos e submúltiplos, bem como as transformações entre estes. Com a situação hipotética que propomos, podemos representar que: Assim, por meio de uma regra de três, podemos obter qual a escala a ser utilizada: Logo, a escala a ser utilizada será 4:100 (4 está para 100 ou escala de 4 por 100). Tendo disponível essa escala, facilita fazer e montar as paredes da maquete. Feito a montagem, é possível realizar uma abordagem sobre sólidos geométricos, uma vez que a maquete da casa apresentará um formato de prisma. 3.1.6 Quanto de pisos, tijolos e tinta vão precisar? Até esse momento, na atividade de Modelagem Matemática, já foi possível construir a planta da casa e sua estrutura por meio da maquete. Mas e o acabamento? Tabela 2.5 | Proporção entre tamanho real e reduzido Fonte: A autora (2015). Tamanho real Tamanho reduzido proporcional 100 cm X 15 cm (parede) 0,6 cm x= =4 100 . 0,6 15 Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 86 E a quantidade de tijolos para “levantar” essa casa? Também é possível tratar desses assuntos na atividade de maneira a explorar importantes conceitos matemáticos. Vamos supor a seguinte frente de uma casa: Para essa casa, vamos considerar as seguintes medidas: Área da parede = área total – área da porta – área da janela = (3 m)x(6 m)-(1 m)x(1,5 m)-(2,5 m)x(1 m) =18 m² - 1,5 m² - 2,5 m² = 14 m² Área da face do tijolo = (5 cm)x(20 cm)=100cm² ou (0,05 m)x(0,20 m)=0,0100 m² Calculando área da parede ÷ área do tijolo = total de tijolos Portanto, 15 m² ÷ 0,0100 m² = 1500 tijolos Por procedimentos análogos, os alunos poderão obter a quantidade de pisos, de telhas e de azulejos necessários para a construção da casa projetada. Além Figura 2.7 | Modelo de frente de uma casa FONTE: Disponível em: <http://postmania.org/icones-e-desenhos-selecionados-do-dia-para-estudantes-e- professores/>. Acesso em: 15 maio 2015. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 87 disso, o professor pode questionar os alunos e encorajá-los a pesquisar como que estes materiais são vendidos. Por exemplo, os pisos e azulejos são vendidos em m² e em caixas (com 1 m² ou um poucomais). Ao calcular a quantidade de telhas necessárias na construção da casa, o professor pode questionar os alunos sobre a estrutura triangular para as telhas, solicitando que estes pesquisem sobre o assunto. 3.1.7 Tesoura do suporte ao telhado: o que é isso e como confeccioná-las? As tesouras suporte ao telhado dependem muito do tipo de telha que será utilizado. As tesouras são armações, que dependem do tamanho da casa e do tipo de telha: paulistinha, francesa etc. “Experimentalmente, o caimento das tesouras deve ser de 20%, ou seja, a cada metro da horizontal corresponderá 20 cm do suporte vertical” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 64). Biembengut e Hein (2013, p. 64) apresentam o exemplo de uma casa que “[...] tem 8 m de largura, a metade tem 4 m. Logo, o suporte vertical deverá ter 80 cm”. Você já observou como é construída a estrutura de telhados de uma casa? Em geral, essas estruturas são triangulares. Por que elas têm esse formato? Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 88 Figura 2.8 | Tesoura suporte ao telhado. FONTE: Biembengut e Hein (2013, p. 64). Considerando a situação e sua representação pelo esquema acima, temos: Assim, podemos afirmar que o ângulo de inclinação corresponde ao arco da tangente (arctg) de 0,20: tg-1 (0,20) ≅ 11,3° Como se trata dos anos finais do Ensino Fundamental, o professor pode explorar nesse momento, além dos ângulos, propriedades, semelhanças, congruência e, ainda, relações métricas no triângulo retângulo (BIEMBENGUT; HEIN, 2013). 3.1.8 Finalizando a casa: aonde vai a caixa d’água? Sabemos que em muitas regiões do país a falta de chuva vem acarretando cada vez mais no racionamento da água. Portanto, é essencial que uma casa possua um reservatório de água (uma caixa d’água) para os casos em que esta estiver restrita. Tais reservatórios, geralmente, têm a forma de prismas ou cilindros, confeccionados com material resistente, porém, leve, permitindo serem alocados sobre a laje de casas. Porém, é necessário que a caixa d’água seja colocada em um local alto, pois assim proporcionará uma água com maior pressão nas torneiras e nos chuveiros. Mas, não apenas em casas de laje é possível possuir caixas d’água. Quando uma casa é de forro de madeira ou de PVC, ou não possui forro, a caixa d’água pode ser colocada em um local externo, desde que esteja, no mínimo, na mesma altura da casa. Partindo-se do formato da caixa d’água, o professor pode trabalhar o conceito de volume com seus alunos. Supondo uma caixa d’água no formato de um cubo, ou seja, com todas as dimensões com mesma medida, e que estas medidas sejam de 1 metro, temos que: 20% = = = =tg (tangente de a) 20 100 80 cm 400 cm c.o (cateto oposto de a) c.a (cateto adjacente de a) Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 89 Volume = largura x comprimento x altura ou Volume = área da base x altura Assim, na situação que foi suposta temos que o volume = (1 m) x (1 m) x (1 m) = 1 m³ (um metro cúbico). É muito importante que neste momento fique claro para o aluno o que são medidas de volume, capacidade e massa, envolvendo, ainda, noções de potenciação. Também é de extrema importância que os alunos vivenciem situações em que possam explorar e compreender as relações entre medidas, bem como as transformações de uma em outra. Ainda, para determinar o local ideal para colocar uma caixa d’água, é possível integrar conceitos da Física na atividade de Modelagem Matemática. Uma boa proposta é começar diferenciando peso de massa. Finalizando, você pôde ver que a atividade de Modelagem Matemática que propomos nessa seção é capaz de abranger diversos conteúdos matemáticos e que para desenvolvê-la integralmente demanda-se muito tempo. Portanto, ela pode ser realizada no decorrer do período letivo, sempre em concordância com os objetivos que se pretende atingir em determinados momentos, como também apenas partes dessa atividade podem ser realizadas. O projeto da casa que propomos, desde a planta baixa até a construção da maquete, pode ser considerado como modelo matemático e, por meio dele, “[...] podemos fazer um orçamento, uma estimativa do quanto custará para fazer a casa (materiais, mão de obra, impostos etc.), bem como do tempo que pode levar para construí-la” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 67). Além de tudo que já foi mencionado, muitos outros aspectos ainda podem ser explorados, como a unidade de medida em que cada material é comercializado, quantidade de produtos e seus preços, como os profissionais da construção cobram etc., o que nos permite evidenciar a riqueza da atividade apresentada. No final, o professor pode solicitar para que os alunos façam o orçamento de uma construção envolvendo todos os aspectos que elencamos, sendo para isso necessário realizar diversos cálculos em que será necessário colocar em prática diversos conceitos (se não todos) que foram abordados. Essa é uma ótima maneira do professor avaliar se a atividade de Modelagem Matemática proposta atingiu os objetivos por ele traçados. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 90 Acessando os links a seguir, você terá maiores informações sobre o tema “construção de casas” para atividade de Modelagem Matemática no Ensino Fundamental: <http://www.urisaoluiz.com.br/anaisdocoloquio/divulgacao-final/ trabalhos/Margarete%20Catarina%20Mendes%20Matte%202.pdf> <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/96512/Adriana_ Timbola_de_Rocco.pdf?sequence=1>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/modelagem/ Modelagem_Tesouras_Web/modelagem_tesouras.htm>. Acesso em: 15 maio 2015. 1. Ao propor a atividade de Modelagem Matemática com a temática “construção de casa”, mencionamos sobre a questão da caixa d’água, quando vimos como determinar o volume de uma caixa d’água no formato de um cubo. Mas, se a caixa d’água tiver a forma de um cilindro? Sobre essa questão considere as afirmativas a seguir: I- Devido ao local em que será alocada a caixa d’água, não é possível obter uma caixa d’água no formato cilíndrico, apenas na forma de prisma. II- Para determinar o volume de uma caixa d’água cilíndrica podemos calcular a área da base x altura, ou seja, V=πr²∙h. III- Para determinar o volume de uma caixa d’água cilíndrica podemos calcular a área da base x altura, ou seja, V=2πr∙h. Assinale a alternativa que apresenta apenas alternativa(s) correta(s): a) I. b) II. c) III. d) I e III. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 91 Considerando que a área total desse cômodo seja de 96,39 m², é correto afirmar que a espessura da parede é de aproximadamente: a) 0,05 metros. b) 0,10 metros. c) 0,15 metros. d) 0,20 metros. 2. Supondo que um grupo de alunos tenha construído a planta baixa de uma suíte conforme mostra a figura a seguir: Figura 2.9 | Esboço de planta baixa de uma suíte FONTE: A autora (2015) Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 92 Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 93 Seção 4 Modelo matemático 3: “telefonia celular” Introdução à seção Com a intenção de evidenciar a aplicabilidade de conteúdos matemáticos, apresentamos mais um exemplo de atividade de Modelagem Matemática que pode ser desenvolvido nos anos finais do Ensino Fundamental, partindo de um tema real que pode ser de interesse dos alunos. O tema que será tratado nesse exemplo de atividade é “Telefonia Celular” e foi uma atividade desenvolvida com uma turma do 1º ano do Ensino Médio, porém que pode ser desenvolvida em turmas de 9º ano quandoestes estiverem aprendendo funções. 4.1 Modelo matemático: telefonia celular A atividade que será apresentada foi originada por Camelo (2013). De acordo com a autora, as etapas de Modelagem Matemática contempladas foram: • 1ª etapa: Escolha do tema: os próprios alunos sugeriram alguns temas, de acordo com suas experiências e contextos, porém, para que fosse possível atender ao conteúdo programático em foco, a professora participou ativamente da escolha do tema, tendo como objetivo trabalhar o conteúdo de função afim. • 2ª etapa: Pesquisa exploratória: as informações obtidas por meio de pesquisas foram compartilhadas socialmente, sendo que tais pesquisas envolveram “Perfil dos consumidores de telefonia celular, operadoras que atuam na região, tipos de plano e serviços oferecidos e tarifas de planos pós e pré-pagos” (CAMELO, 2013, p. 28). • 3ª etapa: Levantamento dos problemas: foram consideradas informações de três operadoras, denominadas de Operadora A, Operadora B e Operadora C. Sobre estas, os principais questionamentos levantados foram: Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 94 • Diante de tantas opções qual a vantagem e/ou desvantagem de optar por determinado plano? • Como calcular e/ou conferir se a fatura do celular está correta? • Qual operadora tem melhor e/ou maior cobertura em nossa região? • Quais as vantagens do serviço pós-pago? • Como optar por um plano pós-pago mais adequado ao perfil do usuário se as operadoras apresentam tabelas com categorias diferentes? (CAMELO, 2013, p. 29). Dentre tantas opções, com o auxílio da professora, a turma formulou o seguinte problema: “Como optar por um plano pós-pago mais adequado ao perfil do usuário se as operadoras apresentam tabelas com categorias diferentes?” (CAMELO, 2013, p. 29). • 4ª etapa: Resolução dos problemas: a autora destaca que na realização da atividade proposta algumas variáveis foram desprezadas por serem consideradas irrelevantes para a problemática em questão, variáveis como acesso à internet e vantagens adicionais. Esse é o momento dos alunos levantarem e testarem suas hipóteses, utilizando as ferramentas matemáticas que possuem para tentar solucionar o problema proposto. Para ajudar nesse processo, na atividade realizada, a professora construiu junto aos alunos uma tabela para organizar e sistematizar as informações que eles já possuíam. Em seguida, elencamos alguns questionamentos realizados pela professora com o intuito de orientar os alunos a refletirem sobre o problema, a analisarem os dados apresentados na tabela e a estabelecer relações entre essas informações e seus conhecimentos sobre função afim. Figura 2.9 | Tabelas de planos e valores FONTE: Camelo (2013, p. 30). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 95 A seguir, conheceremos alguns questionamentos realizados pela professora (CAMELO, 2013), destacando o objetivo de estudo a que se refere cada questionamento e algumas observações para realização da atividade proposta: A) Conceito de correspondência Questionamento: “Como é feito o cálculo do valor a ser pago de uma fatura de telefonia celular em planos pós-pagos?”. Observações: o objetivo é que os alunos percebam a correspondência que existe entre o valor a ser pago e a quantidade extra de minutos que são utilizados. Perguntas adicionais podem ser feitas de maneira a conduzir os alunos a essa percepção e compreensão. Por exemplo: “Cada quantidade de minutos extra fixada tem um único valor correspondente a ser pago?”. Nesse momento, é importante que os alunos registrem as informações que vão obtendo. B) Relação de dependência entre quantidades Questionamento: “Em qual dos perfis de usuários pesquisados você se encaixa? Dentro desse perfil, de acordo com os dados da operadora de sua preferência, qual o valor mensal a ser pago se você utilizar 10 min extras? E 30 min extras? E 50 min? Qual o modelo matemático que relaciona o valor mensal a ser pago e os minutos extras usados?”. Observações: o professor pode orientar os alunos a construírem uma tabela descrevendo os valores obtidos. É essencial que o aluno perceba que o valor a ser pago é dado em função de um valor fixo, que é a franquia, mais o valor do minuto extra, multiplicado pela quantidade de minutos extras utilizados. Também, para realizar esse processo, é importante que os alunos deixem estipulado um perfil de usuário e operadora de preferência. Aqui também o professor pode realizar questionamentos adicionais visando auxiliar o aluno a perceber dependências existentes e variâncias envolvidas na situação, culminando na percepção de que o modelo matemático adequado para a situação é uma função, chegando a representar algebricamente essa função. Para melhor compreensão, vamos tomar a Operadora A como exemplo: Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 96 Tabela 2.6 | Tabela para obtenção de modelo matemático para a Operadora A, escolhendo o plano de 60 min FONTE: A autora (2015). Minutos extras Valor a ser pago 10 49,90+10∙0,87=R$58,60 30 49,90+30∙0,87=R$76,00 50 49,90+50∙0,87=R$93,40 N 49,90+n∙0,87=P(n) ... ... C) Representação algébrica da função Questionamento: “De acordo com os dados obtidos nas pesquisas, para um usuário cujo perfil é de 60 min: 1) qual é a operadora mais vantajosa para um usuário que utilize 65 min por mês? E para 75 min por mês? E para 95 min por mês?”. Observações: espera-se que nesse momento o aluno utilize representação algébrica para responder tais questionamentos. Além disso, é importante que o aluno analise o caso de cada perfil de usuário para cada operadora. Por exemplo: as respostas dos itens 1 e 2 é a Operadora A, enquanto que para o item 3 é a Operadora B. D) Conceito e representação de função Questionamento: “A partir de quantos minutos utilizados, para um usuário cujo perfil é de 60 min, a Operadora B é mais vantajosa que a Operadora A?”. Observações: o ponto-chave desse momento é levar o aluno a perceber a importância do conceito de função para encontrar resposta eficiente e eficaz para a situação. Para que os alunos cheguem a esse ponto, é essencial que o professor os conduza por meio de questionamentos adicionais que os levem a escrever funções que modelam a situação de cada uma das operadoras. Uma boa pedida é a construção gráfica por meio de software, conforme ilustra a figura a seguir. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 97 Figura 2.9 | Gráfico do custo para as operadoras A e B2 FONTE: Camelo (2013, p. 35). E) Valor numérico da função Questionamento: “De acordo com os dados obtidos nas pesquisas, qual é a operadora mais vantajosa para um usuário que utilize 100 min por mês? Qual a operadora mais vantajosa para um usuário que utilize 120 min por mês? E 130 min? E 140 min?”. Observações: temos mais um caso particular. Aqui os alunos podem se remeter à resolução do item C, percebendo que a resposta para o primeiro questionamento é a Operadora C e para os questionamentos 2, 3 e 4 é a Operadora B. F) Função definida por mais de uma sentença Questionamento: “A partir de quantos minutos utilizados, para um usuário cujo perfil é de 100 min, a Operadora B é mais vantajosa que a Operadora C?”. Observações: Apesar dos alunos já terem respondido ao questionamento parecido, esse acaba se constituindo como um desafio, pois, agora, para esse perfil de usuário, as operadoras oferecem pacotes de minutos diferentes. O desafio consiste em que a Operadora B será dada por duas sentenças. Por esse motivo, talvez essa parte seja interessante de ser proposta apenas no 1º ano do Ensino Médio, mas nada impede que a problemática seja levantada de maneira 2 Para obtençãodo gráfico, utilizamos o software gratuito de geometria dinâmica GeoGebra, disponível em: <http://www.geogebra.im-uff.mat.br>. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 98 a levar os alunos a refletirem e buscarem estratégias para solucionar tal problema. Aqui perguntas adicionais poderão ser realizadas, assim como a construção de gráficos podem facilitar a visualização. Por meio do gráfico, o aluno poderá perceber a função que representa o custo da Operadora B, a qual se apresenta diferente das funções vistas na construção gráfica anterior. É importante que a partir do gráfico o professor questione os alunos sobre o significado do ponto de intersecção entre as retas. • 5ª etapa: Análise crítica dos resultados encontrados: esse é o momento que podemos considerar como de validação, em que os alunos analisarão de maneira crítica os resultados que foram obtidos até então. Para melhor compreensão, vamos continuar com o processo de apresentação de questionamentos durante atividade de Modelagem Matemática: Questionamento: “Como optar por um plano pós-pago mais adequado ao perfil do usuário se as operadoras apresentam tabelas com categorias diferentes?”. Observações: o que se espera nesse momento final da atividade de Modelagem Matemática é que o aluno saiba identificar que aspectos e que elementos precisa ponderar para resolver a situação-problema, bem como qual modelo matemático é o mais adequado para aplicar como ferramenta de resolução desse problema. Para conseguir resolver o problema, é essencial que o aluno compreenda conceitualmente os aspectos envolvidos, estabelecendo relações entre teoria e prática. Deixemos bem claro que é bem provável que a maioria dos alunos não conseguirá responder imediatamente com êxito os questionamentos elencados, Figura 2.10 | Gráfico do custo para as Operadoras B e C FONTE: Camelo (2013, p. 37). Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 99 nem tampouco conseguirá obter exatamente e rapidamente resultados exatos para o problema formulado. Contudo, é todo o processo de formulação de estratégias na tentativa de resolução que deve ser valorizado pelo professor. A partir da valorização dessas estratégias, da ajuda dos demais alunos envolvidos na atividade, bem como a partir da condução do professor é que o aluno conseguirá gradativamente atingir resultados cada vez mais satisfatórios. Encerrando essa seção, com a apresentação de mais uma atividade de Modelagem Matemática, fica evidente que o desenvolvimento de uma atividade nesse âmbito não é uma tarefa fácil, porém é uma tarefa potencial para facilitar a aprendizagem com compreensão por parte do aluno, conduzindo-o cada vez mais a uma aprendizagem significativa. Considerando a atividade de Modelagem Matemática apresentada reflita: que conceitos matemáticos podem ser trabalhados em sala de aula? Você acha que a atividade proposta é melhor para introduzir esses conceitos ou para fixá-los após a abordagem deles? Conheça outros exemplos de atividades de Modelagem Matemática que podem ser desenvolvidos nos anos finais do Ensino Fundamental acessando os links sugeridos: <http://alexandria.ppgect.ufsc.br/files/2012/03/rosane.pdf> <http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/22005/RenatoIcassatiMota. pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.revistas.ufg.br/index.php/ritref/article/ viewFile/26414/15839>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://bit.profmat-sbm.org.br/xmlui/bitstream/ handle/123456789/243/2011_00085_JUSSARA_CANAZZA_DE_ MACEDO.pdf?sequence=1>. Acesso em 15 maio 2015. <http://w3.ufsm.br/ceem/eiemat/Anais/arquivos/ed_4/RE/RE_ Jovano_Rudson.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 100 1. No item B, quando tratamos sobre a relação de dependência entre quantidades, apresentamos o modelo matemático que representa o preço total a ser pago na Operadora A, escolhendo o plano de 60 min, quando excedemos minutos extras. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, os modelos matemáticos para a Operadora B e para a Operadora C, considerando o plano de 400 min: a) P(x)=135+0,59x e P(x)=155+0,99x. b) P(x)=0,59+135x e P(x)=155+0,99x. c) P(x)=135+0,59x e P(x)=0,99+155x. d) P(x)=0,59+0135x e P(x)=0,99+155x. 2. Uma pessoa que optou pelo plano de 220 min da Operadora B e que excedeu 65 min extras em um mês, pagará uma fatura total no valor de: a) R$ 139,43. b) R$ 140,72. c) R$ 143,35. d) R$ 145,20. Nesta unidade você aprendeu: • Que atividades de Modelagem Matemática podem ser utilizadas para o desenvolvimento de conteúdos programáticos nos anos finais do Ensino Fundamental. • Que atividades de Modelagem Matemática, ainda que direcionadas para determinada etapa escolar, podem, em geral, ser adaptadas para desenvolvimento em outros níveis Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 101 de escolaridade. • Que a atividade de Modelagem Matemática vai muito além de apenas apreender conceitos matemáticos, mas contribui para que o aluno tome decisões, além de permitir a ele refletir crítica e analiticamente a respeito de situações. • Que um modelo matemático utilizado para descrever e representar uma situação real pode ser uma equação, uma função, um gráfico, uma tabela etc. • Que o trabalho do professor em orientar e conduzir os alunos durante envolvimento e desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática é essencial para garantir o sucesso da atividade, atingindo os objetivos traçados. • Que uma atividade de Modelagem Matemática pode ser desenvolvida durante todo o período letivo ou em apenas poucos momentos. Tudo depende dos objetivos que o professor pretende atingir, de sua criatividade e do tema ser interessante o bastante para os alunos. Esta unidade foi elaborada com o intuito de orientar você, futuro professor, na condução de atividades de Modelagem Matemática na sala de aula, sendo que, nesta unidade, focalizamos na apresentação de atividades para os anos finais do Ensino Fundamental. Além disso, a intenção desse material é explicitar a você a importância da Modelagem Matemática como alternativa pedagógica para tornar a aprendizagem de Matemática mais prazerosa e significativa. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 102 Visando aprofundar sua aprendizagem, enfatizamos que é muito importante que você não apenas faça a leitura desse material, mas acesse os materiais sugeridos, resolva as atividades de aprendizagem que foram propostas e busque em outras fontes (inclusive na Biblioteca Digital) mais informações a respeito do que foi abordado nessa unidade. Sobretudo, acesse os links sugeridos no último “Para saber mais” e conheça outras atividades de Modelagem Matemática, além de realizar pesquisas para conhecer outras propostas de atividades. Afinal, assim como para o aluno, para o professor o processo de habituação com a Modelagem Matemática não acontece de imediato, mas a partir de seus conhecimentos sobre o assunto e, sobretudo, a partir de suas experiências de envolvimento com atividades nessa abordagem. Não se esqueça de acessar o fórum. É por meio dele que você poderá sanar suas dúvidas. Bons estudos! 1. Uma corrida de táxi tem um custo fixo de R$ 2,40 mais um custo que depende dos quilômetros rodados no valor de R$ 0,80. Sobre essa situação, analise as afirmativas a seguir: I- O modelo matemático que representa essa situação é f(x)=2,4+0,8x. II- O modelo matemático que representa essa situação é f(x)=0,8+2,4x. III- O modelo matemático que representa essa situação também pode ser f(x)=0,3+x. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensinofundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 103 IV- O preço pago por uma corrida de 12,5 Km será R$ 12,40. V- Uma pessoa que pagou R$ 16,16 fez uma corrida de 17 km. Estão corretas as afirmativas: a) I e IV. b) II, III e V. c) I, III e V. d) II e IV. 2. “Marta trabalha num restaurante. O seu chefe pediu- lhe que organizasse mesas para um jantar com 14 pessoas. Marta começou a colocar as mesas quadradas e reparou que em uma mesa poderiam sentar 4 pessoas. a) Seguindo a mesma regra, [...] quantas pessoas poderiam se sentar se Marta juntasse 20 mesas?” (PAULA; BONI; PIRES, 2014, p. 5). Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, o modelo matemático que representa essa situação e a resposta para a pergunta acima: Se juntasse duas mesas, poderiam sentar seis pessoas. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 104 a) 2n+2 e 42 pessoas. b) 2n-2 e 38 pessoas. c) 3n+3 e 63 pessoas. d) 3n-3 e 57 pessoas. 3. “Considere os três primeiros termos da sequência: [...] como poderíamos criar uma regra que permitisse saber qualquer figura dessa sequência?” (BONI et al, 2014, p. 6). Uma regra que permita saber qualquer figura da sequência acima corresponde a um modelo matemático. Nessas condições, é correto afirmar que o modelo matemático que representa a situação acima é: a) 3n+2. b) 3n-2. c) 2n+3. d) 2n-3. Figura 1 Figura 2 Figura 3 4. Considerando a situação apresentada na quarta seção dessa unidade, considere as afirmativas a seguir. Para ajudar, vamos lembrar as informações utilizadas: Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 105 5. “Uma sala de aula é ocupada por estudantes, pelo professor e por objetos que fazem parte do ambiente escolar, como cadeiras, carteiras e armários. Para que você permaneça em um ambiente mais agradável, existe uma lei que determina que em uma sala de aula cada estudante tem direito a uma área de 1 metro quadrado I- Um usuário que optou pelo plano de 100 min da Operadora A e que excedeu 35 min pagaria mais barato se optasse pelo plano de 200 min da operado C. II- Um usuário que optou pelo plano de 400 min da Operadora A e que excedeu 30 min pagaria mais barato se optasse pelo plano de 200 min da operado C. III- Um usuário que optou pelo plano de 110 min da Operadora B e que excedeu 15 min pagaria mais barato se optasse pelo plano de 100 min da operado C. Assinale a alternativa que apresenta afirmativa(s) correta(s): a) I. b) II. c) III. d) I e III. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 106 (m²)” (TORTOLA, 2012, p. 91). Considere que a figura a seguir representa uma sala de aula: Considerando a situação apresentada, julgue as afirmativas a seguir como V (verdadeira) ou F (falsa): ( ) Um modelo matemático que representa a área total da figura acima é: A total =A (retângulo maior) +A (retângulo menor) A total =(12∙5)+[(12-3,5-3,5)∙3] ( ) Um modelo matemático que representa a área total da figura acima é: A total =A (retângulo maior) -2∙A (retângulos menores) A total (12∙8)-2∙(3,5∙3) ( ) Um modelo matemático que representa a área total da figura acima é: A total =A (retângulo maior) +2∙A (retângulos menores) A total [(12-3,5-3,5)∙8]+2∙(3,5∙5) ( ) Se considerarmos que a sala toda pode ser preenchida apenas com alunos, temos que essa sala pode ser ocupada por 75 alunos. ( ) Se considerarmos que a sala toda pode ser preenchida apenas com alunos, temos que essa sala pode ser ocupada por 82 alunos. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 107 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) V – V – F – V – F. b) V – F – F – F – V. c) F – V – V – F – V. d) V – V – V – V – F. Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental U2 108 U2 109Modelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamentalModelos matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no ensino fundamental Referências ALMEIDA, Lourdes Werle de; SILVA, Karina Pessôa da; VERTUAN, Rodolfo Eduardo. Modelagem matemática na educação básica. São Paulo: Contexto, 2013. BARBOSA, Jonei Cerqueira. Modelagem matemática: O que é? Por quê? Como? Veritati, n. 4, p. 73-80, 2004. BIEMBENGUT, Maria Sallet; HEIN, Nelson. Modelagem matemática no ensino. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2013. BONI, Keila Tatiana. et al. Níveis de generalidade manifestados por estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental em uma tarefa de padrões. In: ENCONTRO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 2014, Campo Mourão. Anais... Campo Mourão: EPREM, 2014. p. 13. BURAK, Dionísio. Modelagem matemática: ações e interações no processo ensino-aprendizagem. Tese (Doutorado em Psicologia Educacional). Faculdade de Educação, UNICAMP. Campinas, 1992. CAMELO, Soraya Martins. Estudo de função afim através da modelagem matemática. Trabalho de Conclusão de Curso (Mestrado Profissional em Matemática – PROFMAT). Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande, 2013. PAULA, Heloísa de Jesus; BONI, Keila Tatiana; PIRES, Magna Natalia Marin. O pensamento algébrico e a tarefa de padrões: relato de uma experiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental. In: ENCONTRO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 2014, Campo Mourão. Anais... Campo Mourão: EPREM, 2014. p. 12. TORTOLA, Emerson; REZENDE, Veridiana; SANTOS, Talita Secorun. Modelagem Matemática no ensino fundamental: o custo da construção da quadra esportiva de uma escola por alunos de 5ª série (6º ano). In: ENCONTRO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA, 2009, Campo Mourão. Anais... Campo Mourão: FECILCAM/NUPEM, 2009. TORTOLA, Emerson. Os usos da linguagem em atividades de modelagem matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. 2012. 168 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012. Unidade 3 DESENVOLVIMENTO DE MODELOS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Objetivos de aprendizagem: Essa unidade tem por objetivo proporcionar a você, futuro professor de matemática, um contato maior com atividades de Modelagem Matemática que podem ser desenvolvidas em aulas de matemática para a Educação Básica. Ao longo dessa unidade você será convidado a refletir a respeito da utilização dessa metodologia, bem como a importância de proporcionar aos estudantes momentos desafiadores, nos quais os estudantes assumem um papel ativo no processo de aprendizagem. Ao final dessa unidade, espera-se que você tenha compreendido a respeito de algumas formas de elaboração de um Modelo Matemático para descrever determinadas situações, bem como formas de utilizar esse conhecimento na sala de aula. Renata Karoline Fernandes Na unidade 1, você terá a oportunidade de aprofundar seu conhecimento a respeito das etapas do desenvolvimento de um modelo, por meio da Modelagem Matemática, bem como será convidado a refletir a respeito de argumentos para a inclusão da Modelagem Matemática no currículo escolar. Nessa unidade, você terá contato com uma atividade de Modelagem Matemática que pode ser desenvolvida ao longo da Educação Básica. Nessa unidade realizaremos uma discussão a respeito da utilização de atividades de Modelagem Matemática com a intenção de ensinar ou então fixar um conteúdo programático específico. As atividades de modelagem podem ou não ser desenvolvidas tendo em mente o desenvolvimento de um conteúdo matemático específico, pois, se a proposta for direcionada, é possível ensinar o conceito esperado, mas caso a atividade de modelagem seja definida, por exemplo,pelos próprios estudantes, não é possível, a princípio, definir qual será a matemática necessária. Nessa seção, você terá contato com atividades de modelagem que podem guiar a aprendizagem de um conteúdo específico. A terceira seção dessa unidade é dedicada para a apresentação de uma atividade de modelagem que foi totalmente definida pelos estudantes, visto que foram eles que definiram o tema a ser estudado, elaboraram um problema, chegaram a um Modelo Matemático que descrevia a situação e resolveram o problema definido. Seção 1 | A utilização da Modelagem Matemática em aulas da educação básica Seção 2 | Atividade de modelagem e o conteúdo programático Seção 3 | Atividade de modelagem – a Ritalina Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 113 Introdução à unidade A Modelagem Matemática, quando vista como um método científico, pode ser considerada um processo que associa a teoria com a prática, auxiliando na preparação dos estudantes para assumirem um papel na sociedade. Por meio da Modelagem Matemática na Educação Básica, é possível estimular os estudantes a desenvolverem novas ideias, experimentar conjecturas, analisar informações, tomar decisões, bem como utilizarem uma linguagem aproximada da que pesquisadores de diversas áreas do conhecimento utilizam. Já quando encaramos a Modelagem Matemática como uma estratégia de ensino e de aprendizagem, ocorre uma facilitação para que haja a combinação de aspectos lúdicos da matemática e seu potencial de aplicações. A Modelagem Matemática consiste em transformar situações da realidade em problemas matemáticos que podem ser manipulados, interpretados em linguagem matemática e linguagem natural. Tanto a Modelagem Matemática como método científico quanto a Modelagem Matemática como estratégia de ensino aliam a teoria à prática, com a intenção de analisar situações reais do dia a dia, para poder realizar previsões e tomar decisões necessárias. Quando nos referimos a modelos matemáticos, estamos nos referindo a um conjunto de símbolos e relações matemáticas que são empregados de alguma forma para representar a situação ou o objeto estudado. Os modelos consistem em sistemas artificiais para representar uma porção da realidade que se pretende compreender e deve ser elaborado tendo em mente os aspectos essenciais a serem estudados. Nessa unidade você terá contato com alguns modelos matemáticos. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 114 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 115 Seção 1 A utilização da Modelagem Matemática em aulas da Educação Básica Introdução à seção A modelagem é uma tendência educacional que vem ganhando destaque, pois incentiva que estudantes busquem por meios próprios descrever, estudar e analisar situações. Na primeira seção dessa unidade, os futuros professores são convidados a refletir a respeito da utilização da modelagem em aulas de Matemática na Educação Básica, bem como suas vantagens e desafios. 1.1 Atividades de Modelagem A Modelagem Matemática tem se mostrado uma alternativa para a construção de um novo ambiente para o processo de ensino e de aprendizagem da Matemática, pois por meio dela é possível que o estudante assuma um papel mais ativo em sua aprendizagem, visto que é o estudante que, de forma geral, se propõe a desenvolver um modelo que descreva uma situação real de seu cotidiano, uma situação que lhe desperte o interesse. De acordo com Bassanezi (2002), a Modelagem Matemática é uma alternativa para despertar o interesse dos estudantes com relação à matemática e com a utilização dela em sala de aula, é possível ampliar o conhecimento e auxiliar na estruturação e no modo como eles pensam e agem. O mesmo autor afirma que com atividades de modelagem o professor deixa de apresentar o caráter de detentor e transmissor do conhecimento e assume um papel de condução, pois conduz as atividades, numa posição de participante delas. Bassanezi (2002) apresenta alguns argumentos para a inclusão da modelagem no currículo, sendo eles: Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 116 • Argumento formativo – a Modelagem Matemática deve ser incluída nos currículos e utilizada nas aulas de matemática da Educação Básica, pois por meio dela é possível enfatizar aplicações matemáticas e resoluções de problemas, que podem auxiliar no desenvolvimento de capacidades em geral e atitudes dos estudantes. • Argumento de competência crítica – por meio da elaboração, desenvolvimento e análise de modelos matemáticos, seguindo as etapas da Modelagem Matemática, os estudantes são preparados para analisar criticamente as situações de seu cotidiano. • Argumento de utilidade – a aplicação da Modelagem Matemática auxilia no preparo do estudante para perceber que a matemática pode ser utilizada como ferramenta para resolver diversos problemas. Frequentemente, os estudantes questionam os professores a respeito da aplicação dos conteúdos matemáticos que aprendem, por meio da modelagem esse tipo de questão deixa de existir, pois eles aprendem os conceitos matemáticos já inseridos em contextos de aplicação. • Argumento intrínseco – considera que a inclusão de modelagem ajuda o estudante a perceber a matemática de várias formas, pois, para a elaboração de um modelo, frequentemente, o estudante se vê utilizando diferentes formas de representação, seja por meio de gráficos, tabelas e/ou equações. • Argumento de aprendizagem – ao aplicar os processos da modelagem, o estudante compreende melhor os argumentos matemáticos, guarda os conceitos e os resultados e valoriza a própria matemática. • Argumento de alternativa epistemológica – a modelagem também se encaixa nos processos da etnomatemática, atuando como uma metodologia alternativa mais adequada às diversas realidades socioculturais. Agora que você já leu a respeito dos argumentos apresentados por Blum (1995) para a introdução da Modelagem Matemática nos currículos, reflita a respeito deles e verifique se você concorda ou discorda. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 117 Existem também alguns obstáculos que dificultam a introdução da Modelagem Matemática na Educação Básica. Um dos obstáculos é o obstáculo institucional, pois a modelagem pode ser um processo mais demorado, visto que depende do tempo dos estudantes, e este processo pode atrapalhar o cumprimento do programa curricular da escola. Esse obstáculo deve nos levar a uma reflexão a respeito do que é mais válido, o cumprimento total do programa de conteúdos escolares sem levar em conta o efetivo processo de aprendizagem dos estudantes, ou então o não cumprimento total do programa e o que isso pode acarretar no desenvolvimento escolar dos estudantes. Pense a respeito disso. Outro obstáculo é o próprio comportamento dos estudantes, que, em geral, estão acostumados com a aula tradicional e, por isso, podem se tornar apáticos ao desenvolvimento dos processos da modelagem. Esse obstáculo deve ser superado pelo professor, pois ele deve assumir a postura de incentivador, auxiliando os estudantes a trilharem novos caminhos e a realizarem descobertas. Algumas vezes os próprios professores podem se tornar um obstáculo para a realização de atividades de modelagem em sala de aula, pois alguns não se sentem confortáveis para conduzir esse tipo de atividade, seja por não se sentirem preparados, por nunca terem desenvolvido uma atividade de modelagem, por falta de conhecimento a respeito dos processos, ou por medo de se encontrarem em situações embaraçosas quanto às aplicações da matemática em áreas que desconhecem. É natural sentir medo de algo que não conhecemos, por isso as unidades 3 e 4 têm, também, como objetivo que você tenha contato com atividades de modelagem, para que assim se sinta mais confortável para desenvolver com seus futuros estudantes processos de modelagem em sala de aula. As atividades de modelagemem geral seguem algumas etapas e, de acordo com Bassanezi (2002), essas etapas são: • Experimentação: nessa etapa ocorre a obtenção dos dados que serão utilizados para o desenvolvimento do Modelo Matemático que representará a situação em questão. Essa etapa, em geral, é laboratorial. A etapa de experimentação em que os dados são obtidos, quando se trata da elaboração de modelos matemáticos em aulas da Educação Básica, geralmente acontece por meio da observação da situação que será analisada, ou, então, por meio do estudo em livros, artigos e outros a respeito dela. Vejamos as próximas etapas: • Abstração: é o processo que deve levar à formulação do(s) Modelo(s) Matemático(s). Nesta fase, procura-se estabelecer: quais são as variáveis envolvidas na situação; problematização ou formulação dos problemas Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 118 teóricos numa linguagem própria da área em que se está trabalhando; formulação hipóteses e simplificação. • Resolução: nessa etapa o Modelo Matemático será constituído, ou seja, após a compreensão da situação, substitui-se a linguagem natural empregada nas hipóteses por uma linguagem matemática coerente. É uma atividade própria do matemático, podendo ser completamente desvinculada de realidade modelada. • Validação: é o processo de aceitação ou não do modelo desenvolvido. Nesta etapa, os modelos, junto às hipóteses às quais lhe são atribuídas, devem ser testados em confronto com os dados empíricos, comparando suas soluções e previsões com os valores obtidos no sistema real (de forma laboratorial, por meio de pesquisas, ou por meio de observações). • Modificação: nem sempre essa etapa é necessária se no momento de validação o modelo foi aceito, ou seja, é uma reformulação dos modelos quando alguns fatores ligados ao problema original provocam sua rejeição. Figura 3.1 | Fluxograma – etapas de desenvolvimento de atividades de modelagem Fonte: Adaptado de: Bassanezi (2002) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 119 Essas etapas não são únicas, existem outros autores que apresentam diferentes etapas para a realização de atividades de modelagem. Vejamos um fluxograma que relaciona as etapas de atividades de modelagem apresentadas anteriormente. Como dito anteriormente, outros autores apresentam outras etapas para o processo de obtenção de um Modelo Matemático que descreva situações reais, vejamos as etapas descritas por Biembengut e Hein (2000). 1ª etapa – Interação com o assunto: nessa etapa acontece o reconhecimento da situação do problema, ou seja, uma pesquisa a respeito do tema, por exemplo, se o interesse é estudar os efeitos do contato constante com substâncias que podem provocar câncer, antes de procurar desenvolver um Modelo Matemático para essa situação, é preciso conhecer a respeito das substâncias. Com o reconhecimento da situação do problema por meio da realização de pesquisas, o estudante se torna familiarizado com o assunto a ser modelado. 2ª etapa – Matematização: no sentido atribuído para a palavra matematizar na educação matemática realística, matematizar se refere à matemática como uma atividade humana que envolve a resolução de problemas, é um processo que se inicia na realidade. A etapa da matematização é a mais complexa e desafiadora no processo de modelagem, pois é nessa fase que ocorre a formulação do problema e a resolução desse problema em termos de modelo, ou seja, a situação problema que era descrita por meio da linguagem escrita passa a ser representada na linguagem matemática por meio de um modelo que conduza a uma solução. 3ª etapa – Modelo Matemático: essa etapa é voltada para a validação do modelo obtido, para isso o indivíduo envolvido na modelagem deve interpretar as soluções obtidas e por meio delas concluir se o modelo é ou não adequado à situação que está analisando. 1. Os fluxogramas são diagramas que têm o objetivo de representar fluxos dinâmicos de materiais e operações, tendo sempre um início, um sentido de leitura e um fim, sendo que as setas são utilizadas para indicar o sentido. Realize uma leitura do fluxograma apresentado anteriormente e escreva um pequeno texto explicando o que ele está representando. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 120 Nesse saiba mais você é convidado a aprofundar seu conhecimento a respeito das etapas de elaboração de um Modelo Matemático, para isso, estude os materiais dos links a seguir: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 636X2012000300008&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 maio 2015. <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source= web&cd=9&ved=0CEUQFjAI&url=http%3A%2F%2Fwww.sbembrasil. org.br%2Ffiles%2Fix_enem%2FMinicurso%2FTrabalhos%2FMC74390 627520T.doc&ei=cfC_VMWvKZHjsASS0IKQDw&usg=AFQjCNFilTpC MhriNS_NKDt4KH_bLYnPhA&sig2=pJXJIPvklTcCf0fvd7AibQ&bvm= bv.83829542,d.aWw&cad=rja> Acesso em 15 maio 2015. Como estamos vendo ao longo das unidades, um dos principais objetivos das atividades de modelagem é a elaboração de modelos matemáticos que descrevam as situações que queremos estudar. Blun (1995) apresenta algumas classificações para os modelos, sendo elas: • Modelo Linear: por meio da utilização de modelos lineares é possível descrever grande parte das atividades do cotidiano das pessoas, como gastos com compras em uma padaria; quanto uma pessoa deve pagar pelo combustível que colocou em seu automóvel; a variação do investimento em uma poupança; e o crescimento populacional quando se conhecem as suas variáveis. Nesse tipo de modelo, uma variável depende diretamente de outra. Geralmente, são modelos lineares desenvolvidos em aulas da Educação Básica. • Modelo Não linear: um exemplo de modelo matemático não linear é o modelo que é utilizado para descrever a curva característica de água no solo que caracteriza a armazenagem de água através de relação entre a umidade e o potencial matricial do solo. Esse tipo de modelo geralmente é obtido por meio da utilização de conceitos que não estão no currículo da Educação Básica. • Modelo Dinâmico – exemplos de modelos dinâmicos são os fenômenos térmicos, condução, radiação e convenção. • Modelo Educacional – são os modelos que podem ser tratados facilmente em sala de aula com os estudantes, sendo de modo geral simples e de fácil compreensão, são geralmente lineares e de preferência emergem de situações do cotidiano dos estudantes. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 121 • Modelo Estocástico ou determinístico – o modelo estocástico ou determinístico faculta a análise dos efeitos individuais dos diversos, exemplos deste modelo são elementos base envolvidos no modelo de gestão, ou seja, dos parâmetros de entrada das técnicas de otimização e do Modelo Matemático de simulação do comportamento do aquífero costeiro. Agora que já conhecemos os diferentes tipos de modelos matemáticos, podemos nos voltar à Modelagem Matemática como um favorável ambiente de ensino e de aprendizagem, que, de acordo com Barbosa, pode se configurar por meio de três níveis de possibilidades sem limites claros que ilustram a materialização da modelagem na sala de aula da Educação Básica: Em sala de aula, os estudantes podem se envolver em atividades de modelagem de qualquer um dos níveis, mas se eles nunca tiveram contato com esse tipo de atividade, é adequado iniciar pelo primeiro nível. A partir de agora, vejamos um exemplo de atividade de Modelagem Matemática que pode ser desenvolvida em aulas de matemática da Educação Básica. A atividade Nível 1: trata-se da problematização de algum episódio real: a partir das informações qualitativas e quantitativas apresentadas no texto da situação, o aluno desenvolve a investigação do problema proposto. - O professor apresenta a descrição de uma situação-problema, com as informações necessárias à sua resolução e o problema formulado, cabendo aos alunos o processo de resolução. Nível 2: trata-se da apresentaçãode um problema aplicado: os dados são coletados pelos próprios alunos durante o processo de investigação. - O professor traz para a sala um problema de outra área da realidade, cabendo aos alunos a coleta das informações necessárias à sua resolução. Nível 3: tema gerador: os alunos coletam informações qualitativas e quantitativas, formulam e solucionam o problema. -9 A partir de temas não matemáticos, os alunos formulam e resolvem problemas. Eles também são responsáveis pela coleta de informações e simplificação das situações-problema (BARBOSA, 2001, p. 2). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 122 que segue seria uma atividade característica do nível 1. Nela, evidenciaremos as etapas seguidas do desenvolvimento de uma atividade de modelagem. ATIVIDADE DE MODELAGEM DO CÉSIO-137 A atividade que segue foi desenvolvida após o professor apresentar o tema que deveria ser estudado, ou seja, o acidente ocorrido com o Césio-137 na cidade de Goiânia, capital de Goiás. Após a apresentação do tema, os estudantes devem realizar uma pesquisa a respeito do assunto, para que eles se familiarizem e obtenham os dados necessários para escreverem um modelo. Vale destacar que o professor pode definir uma questão a ser respondida pelos estudantes, ou então deixar que eles próprios definam o que querem investigar a respeito do assunto. Na atividade apresentada, a questão que deveria ser respondida é: Desenvolva um Modelo Matemático para descrever a quantidade de Césio presente em cada instante na cidade de Goiânia e faça uma estimativa de como estará a situação da cidade daqui a 12 anos. Perceba que, para que seja possível obter a resposta para a pergunta, os estudantes devem pesquisar sobre a relação da cidade de Goiânia com o Césio-137. Vejamos algumas informações relevantes sobre tal situação: Acidente com Césio-137 na cidade de Goiânia O maior acidente radiológico com Césio-137 do mundo aconteceu na cidade de Goiânia e teve início no dia 13 de setembro de 1987. Houve centenas de vítimas, que foram contaminadas por meio da radiação emitida por uma única cápsula que continha Césio-137. A tragédia se iniciou quando dois catadores de lixo, ao vasculharem instalações antigas do Instituto Goiano de Radiografia, se depararam com um aparelho de radiografia abandonado. Os homens removeram a máquina e levaram tal equipamento para a casa deles, com a intenção de vender as partes de metal e de chumbo do aparelho. Ao retirarem as peças que poderiam ser vendidas, deixaram o que não lhes interessava em um ferro-velho. O dono desse ferro-velho desmontou o resto da máquina e, por não ter Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 123 conhecimento a respeito do assunto, expôs ao ambiente 19,26g de cloreto de Césio-137 (CsCl), que é um pó branco similar ao sal de cozinha, mas que, no entanto, brilha no escuro com uma coloração azulada. Devido a esse brilho azulado, o dono do ferro-velho decidiu mostrar aos seus familiares a substância encontrada, bem como para seus amigos e vizinhos. Algumas dessas pessoas quiseram levar amostras para casa, o que contribuiu para que muitas pessoas tivessem contato com a substância. Após algumas horas de contato com ela, vítimas começaram a apresentar os primeiros sintomas de contaminação, que eram vômito, náusea, diarreia e tontura. A grande quantidade de pessoas que procuraram os hospitais chamou a atenção, mas levou alguns dias até que descobriram a possibilidade de se tratar de uma síndrome aguda de radiação. No dia 29 de setembro de 1987, verificaram índices de radiação na cidade. Com a intenção de estancar a contaminação, a Secretaria de Saúde do estado realizou uma triagem dos suspeitos de contaminação, separou todas as roupas das pessoas expostas ao material radioativo, mas, mesmo com os cuidados prestados, muitas pessoas vieram a óbito. A descontaminação dos locais atingidos rendeu cerca de 6000 toneladas de lixo, pois tudo que teve contato com as pessoas contaminadas e com o Césio-137 teve de ser descartado. Esse material está confinado na cidade de Abadias de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), cada elemento radioativo se transmuta a uma velocidade que lhe é característica. A meia-vida é o tempo necessário para que a sua atividade seja reduzida à metade da atividade inicial. Alguns elementos possuem meia-vida de milionésimos de segundos, outros, de bilhões de anos (CNEM, 2006). A meia-vida do Césio-137 é de aproximadamente 30 anos. A partir destas informações, a atividade de Modelagem Matemática se propõe a estudar como se comporta a concentração do Césio-137 na cidade de Goiânia no decorrer do tempo, tendo em mente o problema Desenvolva um Modelo Matemático para descrever a quantidade de Césio presente em cada instante na cidade de Goiânia e faça uma estimativa de como estará a situação da cidade daqui a 12 anos. Geralmente, uma atividade de modelagem é desenvolvida em pequenos grupos, para que haja interação, troca de ideias e informações. Após a pesquisa realizada a respeito do Césio-137 e com a intenção de estudar o seu comportamento na cidade, os estudantes devem conseguir perceber quais Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 124 são as variáveis envolvidas na situação, ou seja, o tempo em anos e a quantidade em gramas de Césio-137. Como a quantidade de Césio-137 depende do tempo que se passou desde o contato com o ambiente, podemos afirmar que a variável tempo (t) é independente e a variável quantidade de Césio-137(Q) é a variável dependente. Para deduzir um Modelo Matemático, é preciso que os estudantes utilizem as informações que possuem, ou seja, que a meia-vida do Césio-137 é de 30 anos, ou seja, se hoje a quantidade dele é de, por exemplo, 12g, daqui a 30 anos sua quantidade será de 6g. Uma forma de organizar os dados, com a intenção de analisar como eles se comportam, é por meio da construção de um quadro. Vejamos como ela ficaria. A partir da dica construímos o seguinte quadro para podermos analisar os dados. Perceba que os valores obtidos para a quantidade de Césio-137 foram obtidos por meio da divisão da quantidade anterior e que esse quadro varia de 30 em 30 anos. Só a elaboração do quadro não responde ao problema, bem como não representa Modelo Matemático. A partir desse momento, inicia o processo de verificar semelhanças, ou seja, relacionar a quantidade de césio-137 com a quantidade inicial. Vejamos: 1) Inicialmente, a quantidade de césio-137 era de 19,26g. 2) Ao passar 30 anos (o tempo da meia-vida), a quantidade diminuiu pela metade. Ano t Quantidade de césio-137 Quantidade de tempo passado desde a data de 1987 (anos) 1987 0 19,26 0 2017 1 9,63 30 2047 2 4,815 60 2077 3 2,4075 90 2107 4 1,20375 120 2137 5 0,601875 150 2167 6 0.30093 180 2197 7 0.1504 210 2227 8 0.075 240 2257 9 0.0375 270 Quadro 3.1 – Decaimento da quantidade de césio. Fonte: A autora (2015) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 125 Quais foram as descobertas que você chegou ao fazer a reflexão sugerida? Se sua resposta é que esse modelo é válido apenas para os anos que podem ser escritos como n = 1987 + 30b, como b pertencente ao conjunto dos números naturais, você está correto! Com o modelo , conseguimos descrever o decaimento do Césio-137 na cidade de Goiânia de 30 em 30 anos, substituindo t por 1 caso tenham se passado 30 anos, por 2 caso tenham se passado 60 anos, 3 caso tenham se passado 90 anos, e assim por diante. 3) Ao passar 60 anos (duas vezes o tempo de meia vida), a quantidade restante é a quarta parte da quantidade inicial (a quantidade inicial foi dividida por 4). 4) Ao passar 90 anos (três vezes o tempo de meia-vida), a quantidade restante é um oitavo da quantidade inicial (a quantidade inicial foi dividida por 8). Se continuarmos com a sequência, é possível perceber que a quantidaderestante de Césio-137 é dividida por potências de meio. Com base na análise das informações, percebe-se que o decaimento pela metade do Césio-137 a cada 30 anos pode ser representado pela seguinte expressão: , como Q 0 = 19,26, então temos: Até o momento, o modelo obtido para descrever a situação analisada é Realize a validação desse modelo com os dados apresentados no quadro. Após a validação, reflita a respeito de validade do modelo e se com ele é possível responder à quantidade de Césio-137 daqui a 12 anos. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 126 Mas o modelo apresentado tem dois problemas: • Só conseguimos saber a quantidade de Césio-137 em um período de 30 em 30 anos, não conseguimos saber a quantidade da substância, por exemplo, depois de 40 anos da data do acidente. • É necessário saber quanto tempo se passou desde o ano do acidente para podermos dividir este valor por 30 e descobrir por qual valor devemos substituir a variável t. Esses problemas verificados no modelo só foram descobertos no momento da validação, por isso esta etapa é muito importante nas atividades de modelagem. Como visto na validação, nosso modelo precisa de modificações, as quais serão apresentadas na sequência. Para resolvermos o problema de não conseguirmos descobrir a quantidade de Césio-137 em anos que não podem ser escritos como n = 1987 + 30b, podemos dividir o t, que representa, inicialmente, um período de 30 anos, por 30 para que possamos saber a quantidade de Césio-137 depois de qualquer quantidade de anos passados desde o ano de 1987. Sendo assim, chegamos a um novo modelo, que é: Mesmo com a utilização da fórmula anterior, ainda seria necessário descobrir quantos anos se passaram desde o ano do acidente até o ano em que queremos saber a quantidade de Césio-137. Para que não seja necessário saber a quantidade de anos passados desde 1987 e, assim, tornar uma situação contínua para saber a quantidade de Césio-137 ainda existente, é possível escrever a variável t = d – 1987, deste modo, apenas fornecendo conseguiríamos saber a quantidade. Sendo assim, o novo modelo obtido para calcular a quantidade existente de Césio-137 para qualquer ano após o acidente dado por: Onde a quantidade de Césio-137 varia de acordo com o tempo passado desde a data do acidente. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 127 2. Considerando a atividade de modelagem a respeito do Césio-137 apresentada anteriormente e o modelo obtido, assinale a alternativa que apresenta a quantidade da substância que terá daqui 12 anos na cidade de Goiânia, levando em consideração que estamos no ano de 2015. a) 7,99 g. b) 7,86 g. c) 7,72 g. d) 7,64 g. e) 7,55 g. Perceba que a modelagem realizada envolve apenas conceitos da Educação Básica, frações, potências e funções. O modelo obtido não é o único, em uma situação de sala de aula cada grupo poderia ter desenvolvido um modelo diferente. O papel do professor ao longo do desenvolvimento de atividades de modelagem está em auxiliar os estudantes a aprenderem uma nova matemática, ou então atribuir significado para a matemática que já possuem. Depois de elaborado um modelo que seja válido para a situação em estudo, o professor pode incentivar os estudantes a irem ao quadro expor suas descobertas e o que utilizaram para chegar a elas. Cabe lembrar que a atividade de modelagem apresentada tinha uma pergunta a ser respondida, mas na Modelagem Matemática também tem a opção de que o professor proponha apenas uma situação e os estudantes busquem questões para investigar e modelar a respeito dela, ou então, que o professor não proponha nem ao menos a situação, que sejam os estudantes que desenvolvam modelos matemáticos a respeito de uma situação que eles mesmos escolham. Vamos aprofundar mais nosso conhecimento a respeito de Modelagem Matemática no próximo Saiba Mais. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 128 Para saber mais a respeito da utilização da modelagem em aulas da Educação Básica, estude os materiais disponíveis nos links a seguir. <ftp://ftp.cefetes.br/cursos/EngenhariaEletrica/Hans/Pos_EPT/Wan/ MODELAGEM%20MATEM%C1TICA%20E%20OS%20FUTUROS%20 PROFESSORES%20anped2002.pdf>. Acesso em 15 maio 2015. <http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/10/MC86136755572.pdf> <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_ teses/MATEMATICA/Artigo_Barbosa.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/funcoes_modelagem/ modulo_VI/pdf/30%20anos%20de%20modelagem.pdf> <http://www.somaticaeducar.com.br/arquivo/ material/142008-11-01-16-07-09.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Na próxima seção dessa unidade, você terá contato com outra atividade de modelagem. Vale relembrar que a intenção dessa unidade é que você conheça algumas atividades de modelagem, para que se inspire e possa promover momentos envolvendo a Modelagem Matemática em suas futuras aulas de Matemática para a Educação Básica. A atividade de modelagem apresentada nessa seção é uma atividade que poderia ser desenvolvida por estudantes da Educação Básica em diferentes níveis, pois o professor poderia ter o interesse de desenvolver o conceito de funções com os estudantes do Ensino Médio, como poderia também lidar o estudo de relações com estudantes do Ensino Fundamental II. Perceba que essa atividade é mais direcionada do que a atividade de modelagem apresentada na seção anterior, pois com a aplicação dessa atividade, possivelmente o professor regente da turma tinha a intenção de desenvolver um conteúdo programático. Reflita a respeito de como você conduziria a aula com estudantes do 1º ano do Ensino Médio a partir do desenvolvimento da atividade apresentada nessa seção. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 129 Seção 2 Atividade de modelagem e o conteúdo programático Introdução à seção A modelagem matemática pode ser utilizada como instrumento para a construção do conhecimento de diversos conteúdos, porém, é comum em atividades de modelagem os estudantes utilizarem diferentes conteúdos, de acordo com a situação que estão descrevendo. Nesta seção, o futuro professor de Matemática é convidado a refletir a respeito da associação entre as atividades de modelagem e o conteúdo programático que o professor deve seguir ao longo dos anos e das etapas da Educação Básica. 2.1 Utilização de atividades de modelagem para contemplar os conteúdos programáticos Em uma atividade de Modelagem Matemática, o professor pode não ter um objetivo específico que queira trabalhar, aproveitando, assim, os conteúdos que emergirem ao longo do processo de desenvolvimento do Modelo Matemático que descreve a situação de interesse, mas também pode ter a intenção de reforçar ou de ensinar um conteúdo determinado. No caso da atividade de modelagem apresentada na seção anterior, o professor poderia utilizá-la para o estudo de funções. Cabe lembrar que a atividade do Césio-137 em uma situação de sala de aula deveria ser desenvolvida pelos próprios estudantes, não é comum o professor levar uma atividade de modelagem pronta, que já resultou em um Modelo Matemático e apresentá-la para os estudantes. Quando o professor faz uso da Modelagem Matemática para o desenvolvimento de um conteúdo matemático específico, ele deve auxiliar para que esse conteúdo flua durante o processo de modelagem. Vejamos uma figura que ilustra o desenvolvimento de um conteúdo no processo de modelagem. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 130 Figura 3.2 | O desenvolvimento de um conteúdo por meio do processo de modelagem Fonte: Biembengut e Hein (2000 apud JÚNIOR, 2005, p. 38). Por meio da figura, é possível perceber que o tema escolhido pelo professor deve favorecer o levantamento e a formulação de questões que se relacionem ao conteúdo programático de interesse. Após a aplicação e utilização do conteúdo de interessepara resolver a questão envolvida na atividade de modelagem, o professor pode apresentar novos exemplos que tenham alguma similaridade com a atividade que foi desenvolvida. Com a utilização da Modelagem Matemática ocorre uma inversão da ordem tradicional das aulas de matemática, que é definição/exemplos/exercícios/ aplicações, pois as atividades iniciam com aplicações e problemas, assim, os estudantes têm oportunidade de conhecer novos ambientes de aprendizagem. Vejamos uma atividade que foi utilizada em uma aula da disciplina de Modelagem Matemática do curso de licenciatura em Matemática. Essa atividade pode ser aplicada em aulas da Educação Básica. Aprenda mais a respeito da Modelagem Matemática para desenvolver um conteúdo programático e também na formação de professores, estudando os materiais disponíveis nos links a seguir. <http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado//tde_busca/ arquivo.php?codArquivo=2880>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.ppgedmat.ufop.br/arquivos/produtos_2014/produto_ Laercio%20Nogueira.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.dme.ufcg.edu.br/PROFmat/TCC/soraya.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 131 O procedimento seguido pela professora regente foi de entregar a seguinte atividade aos estudantes, que estavam organizados em grupos de 3 pessoas. ATIVIDADE DE MODELAGEM – A REGRA DO GUARDA RODOVIÁRIO Os guardas rodoviários utilizam uma regra para calcular a distância de frenagem de um veículo desde o momento em que o freio é acionado até o momento em que este se encontra parado. A regra é composta por: I- Eleva-se ao quadrado a velocidade do veículo no momento da frenagem. II- O resultado obtido é dividido por 100. III- Após realizar a divisão, o resultado obtido é o valor da distância em que o veículo vai para depois de acionado o freio. MATEMATIZANDO COM OS DADOS Complete o quadro a seguir, relacionando a velocidade (V) e a distância que o móvel deve ser freiado (D), utilizando o método apresentado anteriormente. Observando o quadro anterior, defina um modelo que relaciona a velocidade do veículo com a distância que ele percorre desde o acionamento dos freios até o momento em que o carro para totalmente. O quadro a seguir, divulgado na “Revista Quatro Rodas”, fornece os resultados encontrados para a mesma situação descrita anteriormente, no lançamento de um carro. Analise esse quadro e utilize-o para validar o modelo encontrado, pois as medidas apresentadas neles são reais. Antes de prosseguirmos com o estudo dessa atividade de modelagem, o que você acha de realizar essa atividade? Vamos à nossa atividade de aprendizagem. V(Km/h) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 V D(m) V 40 60 80 100 120 D 8,2 18,1 31,8 50,3 71,6 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 132 1. A atividade de modelagem que estamos desenvolvendo está relacionada à velocidade de um automóvel com a distância que ele percorre desde o acionamento dos freios até o momento que ele para totalmente, por meio de uma fórmula desenvolvida por guardas rodoviários. Complete o quadro acima e assinale a alternativa que apresenta a distância percorrida até parar por um automóvel que estava a 50 quilômetros por hora. a) 21 metros. b) 22 metros. c) 23 metros. d) 24 metros. e) 25 metros. Para resolver a atividade de aprendizagem 1, como solicitado, você teve que preencher o quadro apresentado na atividade que estamos modelando e ao fazer isso seguindo a regra dos rodoviários, provavelmente você obteve os seguintes resultados: O problema ligado à essa situação é o desenvolvimento de um modelo que relacione a velocidade do automóvel com a distância que ele anda até o momento de parar totalmente. Para estabelecer esse modelo, devemos escrever em linguagem matemática as indicações escritas em linguagem natural dos rodoviários, ou seja: I- Eleva-se ao quadrado a velocidade do veículo no momento da frenagem. II- O resultado obtido é dividido por 100. III- Após realizar a divisão, o resultado obtido é o valor da distância em que o veículo vai para depois de acionado o freio. Traduzindo as informações para a linguagem matemática, obtemos como modelo: V(Km/h) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 V D(m) 0 1 4 9 16 25 36 49 64 D(m) = v2 100 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 133 Após a elaboração do Modelo Matemático vem uma etapa muito importante, que é a validação, ou seja, verificar se o modelo corresponde à realidade da situação analisada. Para a validação desse modelo, podemos utilizar o quadro com os dados obtidos por meio dele com o quadro com as informações reais advindas da Revista Quatro Rodas. Vejamos esses quadros. Perceba que os valores obtidos pelo Modelo Matemático não estão coerentes com os valores reais do segundo quadro, sendo assim, o modelo precisa de certa modificação. Analisando os valores que estão presentes nos dois quadros (40km/h, 60km/h, 80km/h), é possível perceber que os valores obtidos por meio dos modelos são praticamente o dobro dos valores reais, sendo assim, se dividirmos por 2 o nosso modelo, chegaremos a um movo modelo que é mais condizente com a realidade, assim: V(Km/h) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 V D(m) 0 1 4 9 16 25 36 49 64 D(m) = v2 100 V 40 60 80 100 120 D 8,2 18,1 31,8 50,3 71,6 Quadro 3.2 | Valores obtidos com a utilização do modelo. Quadro 3.3 – Valores da Revista Quatro Rodas Fonte: da autora (2015) Fonte: da autora (2015) Nós percebemos que é necessário realizar uma adequação no modelo desenvolvido, pois o que temos até o momento não é adequado à situação que estamos estudando. Pense a respeito do que poderia ser feito para que o Modelo Matemático passasse a descrever coerentemente a situação. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 134 Perceba que esse novo modelo não apresenta exatamente os valores reais, mas sim valores muito próximos aos da realidade, deste modo, podemos afirmar que esse modelo é válido para a nossa situação. A notação D 2 (m), tendo o 2 como índice, foi utilizada apenas para diferenciar o primeiro modelo do segundo modelo. Antes de prosseguirmos com o estudo, vamos refletir a respeito de uma questão muito importante relacionada com essa atividade de modelagem. 2. Utilizando o Modelo Matemático elaborado na atividade de modelagem, é correto afirmar que um automóvel está em qual velocidade, aproximadamente, sabendo que ele percorreu a distância de 60 metros desde o acionamento dos freios até a parada total do automóvel? a) 99 km/h. b) 109 km/h. c) 119 km/h. d) 129 km/h. e) 139 km/h. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 135 Vamos aprender mais a respeito da utilização da Modelagem Matemática para desenvolver um conteúdo programático. Na próxima seção você conhecerá uma atividade de modelagem que foi desenvolvida pela autora da unidade, junto à professora doutora Karina Alessandra Pessoa da Silva, em uma situação de aula. Estude mais a respeito da utilização da utilização de atividades de modelagem com os links a seguir. <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/37104/000819637.pdf?sequence=1>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.sbembrasil.org.br/files/ix_enem/Minicurso/Trabalhos/ MC92894607687T.doc>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.uesb.br/mat/semat/seemat2/index_arquivos/p3.pdf> <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/31675/000784065.pdf?...1>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.somaticaeducar.com.br/arquivo/ artigo/1-2008-09-04-18-05-46.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <file:///C:/Users/Renata%20Karoline/Downloads/000380369- Texto+Completo-0.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 136 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 137 Seção 3 Atividade de modelagem – a Ritalina Introdução à seção A seção 3 desta unidade é destinada para a reflexão a respeito dasetapas de uma atividade de modelagem. Por meio de uma atividade já resolvida, podemos inferir a importância das etapas de modelagem, bem como da necessidade de cada uma delas. A atividade que será apresentada nesta seção evidencia aprendizagens matemáticas em diferentes níveis, visto que poderia ser desenvolvida na Educação Básica, bem como no Ensino Superior. 3.1 A ritalina A atividade de modelagem que será apresentada na terceira seção dessa unidade é o resultado de uma atividade proposta em uma aula de Modelagem Matemática. Na atividade apresentada na seção 1 dessa unidade, a professora propôs uma questão para responder e, a partir dessa questão, os estudantes realizaram pesquisas para se familiarizar com a situação e então desenvolveram e validaram um Modelo Matemático que descrevesse a situação do césio-137 na cidade de Goiânia. Na segunda atividade de Modelagem Matemática, apresentada na seção 2 dessa unidade, podemos perceber que ela é uma atividade mais direcionada, pois o professor regente tem por intenção o desenvolvimento de um conteúdo programático por meio da realização da atividade de modelagem. Já nessa seção teremos contato com uma atividade de modelagem que foi proposta pela professora doutora, citada anteriormente em uma de suas aulas. A proposta é que os estudantes desenvolvessem um Modelo Matemático que descrevesse uma situação de interesse. Perceba que essa forma de apresentar uma atividade de modelagem é muito Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 138 mais aberta que as demais, pois a professora em questão não tinha interesse em trabalhar um conteúdo específico, muito pelo contrário, o interesse era aproveitar toda a matemática que emergisse ao longo da realização dos diferentes trabalhos desenvolvidos na turma. De acordo com os três níveis para as atividades de modelagem relatados por Barbosa (2001), a proposta que segue pertence ao terceiro nível, ou seja, de um tema gerador, pois foram os estudantes que coletaram informações qualitativas e quantitativas a respeito do tema que lhes chamou a atenção, bem como formularam e solucionaram um problema. Como característica desse nível, será possível perceber que a partir de um tema não matemático, que é a utilização do medicamento conhecido como Ritalina, foi possível formular e resolver um problema. Essa atividade foi apresentada no XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática, que foi realizado na cidade de Campo Mourão - PR. Após a realização da proposta para a atividade de modelagem, inicia-se um processo de reflexão para escolher um tema que fosse de interesse e que pudesse gerar um Modelo Matemático que descrevesse a situação. A partir de agora, começaremos a analisar a atividade de modelagem. Vejamos o artigo adaptado na sequência, intercalando o conteúdo do próprio artigo com as nossas inferências. Uma experiência com modelagem matemática por meio do estudo da Ritalina no organismo A Modelagem Matemática é uma parte da matemática que tem grande aplicação prática, pode auxiliar no desenvolvimento do pensamento matemático e do pensamento crítico dos estudantes. Além desse tipo de contribuição, a Para ter contato com o trabalho publicado na integra, acesse o link a seguir: <http://sbemparana.com.br/arquivos/anais/epremxii/ARQUIVOS/ RELATOS/autores/REA050.PDF>. Acesso em: 15 maio 2015. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 139 modelagem pode trazer, aos estudantes, discussões sociais. A modelagem que segue apresentará uma situação do cotidiano, que está cada vez mais próxima da prática dos professores, ou seja, a utilização de medicamentos para auxiliar na aprendizagem de estudantes com TDAH. A atividade de modelagem nos auxiliará a compreender essa situação por meio da utilização de dados matemáticos e, através da interpretação e da análise de dados, tomar decisões. A atividade a respeito da Ritalina é um artigo apresentado em um evento da área de matemática (FERNANDES; SILVA, 2014) e nessa seção realizaremos apontamentos e você terá contato com um trabalho da área de modelagem publicado e, assim, compreenderá mais a respeito das etapas da modelagem. Como falaremos a respeito da ingestão da Ritalina, que vem sendo o remédio mais utilizado para auxiliar na concentração de estudantes com Déficit de Atenção e Hiperatividade, vamos parar um momento, para que você possa refletir a respeito. Quando se inicia uma atividade de modelagem, comumente os conteúdos que serão aplicados e que nos auxiliarão na compreensão da situação analisada são desconhecidos, pois é a necessidade de resolver problemas que indica qual é o conceito ou conteúdo mais adequado. A característica de não saber a priori os conteúdos utilizados para resolver a situação analisada é uma das características essenciais da Modelagem Matemática, pois o seu objetivo é que os estudantes vão em busca dos conteúdos matemáticos necessários ao longo da atividade. Cabe destacar que nem sempre os estudantes sabem todos os conteúdos que vão utilizar e, quando isso acontece, o professor regente pode auxiliar, bem como os estudantes podem, por meios próprios, buscar soluções. A ingestão da Ritalina tem aumentado dia a dia e é frequentemente receitada para o tratamento de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O que você pensa a respeito desse aumento? Você já ouviu falar de Déficit de Atenção e Hiperatividade? Qual postura é adequada a professores que têm em suas turmas estudantes com Déficit de Atenção e Hiperatividade? Reflita a respeito dessas questões. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 140 Outra vantagem associada à utilização da modelagem em todos os períodos da Educação Básica é exatamente a incerteza da utilização de conteúdos determinados, ou seja, o estudante deve buscar os conteúdos que são necessários e é comum que, para chegar a uma resolução, o estudante interaja com mais de um conteúdo matemático. Você perceberá na atividade a respeito da Ritalina que em cada uma das etapas da modelagem utilizaram-se conteúdos diferentes e até mesmo as tentativas que não conduziram à solução esperada proporcionaram reflexões e aprendizagens. Na sequência, iniciaremos o processo de modelagem. Ao longo do texto, você será convidado a refletir sobre cada uma das etapas desenvolvidas, a validação dos modelos matemáticos encontrados e a possível interpretação dos resultados. Sobre o tema: Ritalina, a droga da obediência Nós vimos que, para iniciar o processo de modelagem, é necessário um movimento de pesquisa, um movimento que conduz à compreensão do tema que será modelado, para, pelo menos, ter alguns dos dados que serão utilizados. A pesquisa inicial tem por intenção compreender os fatores envolvidos no consumo do medicamento denominado Ritalina, quais são as variáveis envolvidas, se todos os organismos expostos ao medicamento reagem igualmente, se a dosagem do mesmo depende do peso ou da idade de quem vai consumi-lo. A partir desse momento, apresentaremos algumas informações a respeito desse medicamento, para que você possa compreender melhor o contexto dessa modelagem. De acordo com Fernandes e Silva (2014, p. 2): O composto de Cloridrato de metilfenidato, conhecido como Ritalina é um medicamento que atua diretamente no sistema nervoso central, que frequentemente é receitado para o tratamento de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Acredita-se que de 14% a 18% dos adolescentes apresentam diagnóstico de TDAH em idade escolar e, ao receitar este medicamento tem-se o objetivo de reduzir o comportamento impulsivo e facilitar a concentração em atividades curtas e prolongadas (ITABORAHY, 2009). O tratamento com Ritalina não é indicado em todos os casos de TDAH e deve ser considerado somente após levantamento Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 141 A dosagem desse medicamento é determinada de acordo com a idade do indivíduo que o consumirá,sendo essa: • 5 a 10 miligramas se for prescrito a uma criança. • 10 a 20 miligramas se for prescrito a um adolescente. • Acima de 20 miligramas se for prescrito a um adulto. Essa quantidade pode sofrer alterações dependendo do grau e das características apresentadas do TDAH. De acordo com Fernandes e Silva (2014), a modelagem que estudaremos destina-se a investigar sobre o tempo em que o medicamento Ritalina permanece no organismo de um indivíduo de idade entre 12 e 17 anos, e justifica-se pela quantidade crescente de estudantes que consomem o medicamento e que estão na Educação Básica. Além disso, verificou-se que existem pesquisas que indicam que a exposição prolongada a esse medicamento pode causar dependência. As autoras Fernandes e Silva (2014) definiram que, por meio dos processos de modelagem e seguindo as etapas dessa tendência, investigariam a respeito da quantidade em miligramas que permanece no organismo de adolescentes medicados com 20 mg de Ritalina com o passar do tempo. Uma informação importante que foi obtida no primeiro processo de pesquisa a respeito do tema, primeira etapa da modelagem, é que a meia-vida da Ritalina é de duas horas, ou seja, a quantidade desse composto no organismo se reduz a metade a cada duas horas que passa desde sua ingestão. Aspectos envolvidos na modelagem com o tema Ritalina Uma etapa importante da modelagem é a determinação das hipóteses, ou seja, aquilo que acreditamos que pode ocorrer na situação. detalhado da história e avaliação do paciente. A decisão de prescrever este medicamento deve depender da gravidade dos sintomas e de sua adequação à idade, não considerando somente a presença de uma ou mais características incomuns de comportamento. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 142 Antes de prosseguir e verificar quais foram as hipóteses estabelecidas pelas autoras da modelagem (FERNANDES; SILVA, 2014), pense a respeito do tema e estabeleça as suas hipóteses. Assim que as estabelecerem, verifique se são as mesmas que as autoras estabeleceram, ou se são diferentes. Se forem diferentes, reflita a respeito dos motivos pelos quais elas utilizaram tais hipóteses. As hipóteses de uma atividade de modelagem são muito importantes, pois elas auxiliam no traçar das estratégias e na escolha pelos caminhos que serão utilizados. Para que fosse possível compreender a respeito da quantidade de Ritalina no organismo de estudantes com o passar do tempo, as autoras da modelagem (FERNANDES; SILVA, 2014) estabeleceram as seguintes hipóteses: • o adolescente que é medicado com Ritalina para auxiliar no desenvolvimento de sua concentração utiliza 20mg deste medicamento; • a quantidade de vezes que o adolescente ingere do medicamento depende da receita médica, mas a modelagem considerará que ele a ingere três vezes ao dia, ou seja, de oito em oito horas. A justificativa para a primeira hipótese se dá porque, como vimos anteriormente, a quantidade em miligramas pode variar de acordo com a necessidade, porém a quantidade mais comum a ser indicada para um adolescente é de 20 mg. Após a etapa de estabelecer as hipóteses, é importante para a modelagem a definição das variáveis envolvidas. Na pesquisa inicial você verificou que a meia vida da Ritalina é de duas horas, mas será que isso vai ser importante para o desenvolvimento dessa atividade de modelagem? Vamos pensar um pouco a respeito disso. Como seria possível identificar as variáveis envolvidas em um problema de modelagem? Especificamente a respeito da atividade de modelagem a respeito da Ritalina, você é capaz de determinar as variáveis envolvidas? Pare um momento para pensar a respeito. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 143 Com as informações apresentadas até o momento, você foi capaz de delimitar as variáveis? Se sim, parabéns, mas se não foi, tudo bem, vamos pensar juntos. O problema envolve a quantidade, em miligramas, de Ritalina do organismo dos adolescentes, essa é uma das nossas variáveis. A outra variável é o tempo, pois a quantidade de Ritalina do organismo depende do tempo que se passou desde que o adolescente ingeriu o último comprimido de 20 mg. Assim, de acordo com as autoras Fernandes e Silva (2014): • A variável dependente dessa situação - Q: quantidade de Ritalina que é medida em miligramas no organismo do adolescente que é medicado com essa droga. • A variável independente dessa situação - t: tempo medido em horas desde o momento em que o adolescente ingeriu a Ritalina. As autoras identificaram que apenas com essas duas variáveis seria difícil de compreender a situação apresentada, por isso utilizaram variáveis auxiliares: “Variável Auxiliar - n: quantidade de períodos de duas horas após a ingestão do primeiro comprimido de Ritalina; a: resto da divisão de t por 4, com t∈N” (FERNANDES; SILVA, 2014, p. 6). Até esse momento, foram apresentadas etapas importantes da modelagem, que é a determinação das hipóteses e reflexão a respeito das variáveis envolvidas. Após essas etapas, inicia-se o processo de esforço para descrever a situação por meio da utilização de argumentos matemáticos, movimento que pode gerar um Modelo Matemático que descreve a situação. Assim como apresentado no artigo original, nós apresentaremos a modelagem em duas etapas. A primeira é composta de esforços que não conduziram a um modelo que pode ser utilizado para descrever a situação de nosso interesse. Mas se não chegou ao modelo correto, porque vamos estudá-la? Talvez você tenha se feito essa pergunta, que realmente é coerente. A resposta para ela está associada à importância de valorizar o caminho percorrido para a obtenção das respostas matemáticas. É importante que você, como futuro professor, lembre-se de que o importante não Pense a respeito das informações apresentadas até o momento e indique quais são as variáveis envolvidas na situação. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 144 é só o produto final, ou seja, só a resposta, mas sim todo o pensamento e raciocínio envolvido para chegar à resposta. Você perceberá que, mesmo esse primeiro momento não conduzindo ao modelo adequado, muitos conteúdos matemáticos foram empregados e reflexões frutíferas foram realizadas. Aqui surge uma questão muito importante para você como futuro professor: mesmo que os estudantes não consigam chegar a um Modelo Matemático para a situação de interesse, o professor deve valorizar as descobertas que eles fizeram até o ponto em que chegaram. Vejamos a partir de agora a primeira tentativa de descrever a situação por meio de um Modelo Matemático. Para poder compreender a situação da Ritalina de interesse, as autoras optaram por organizar os dados que conheciam a respeito em um quadro, e por meio da comparação de informações estabelecerem generalizações. A organização dos dados de modo que os estudantes possam analisá-los é muito importante. Perceba que em uma aula para a Educação Básica a organização dos dados por meio de um quadro, para que os estudantes realizem a leitura dos dados, analisem eles e tomem decisões já é um aspecto importante, pois proporciona a eles momentos de matematização e de organização de suas ideias matemáticas. Tempo desde a ingestão da Ritalina Quantidade em mg de Ritalina no tempo n Concentração de Ritalina em miligrama no organismo dos estudantes 0 Q 0 1 Q 1 2 Q 2 3 Q 3 4 Q 4 5 Q 5 6 Q 6 7 Q 7 8 Q 8 16 Q 16 n Q n Quadro 3.4 | Primeira tentativa de criar um Modelo Matemático – situação Ritalina no organismo dos estudantes Fonte: Adaptado de: Fernandes e Silva (2014, p. 5) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 145 De acordo com Fernandes e Silva (2014, p. 6): Por meio do quadro verificando os aspectos invariantes de nossa situação, podemos chegar que no tempo n (quantidade de períodos de duas horas após a ingestão do primeiro comprimido de Ritalina) a quantidade deste medicamentono organismo do adolescente pode ser descrita de acordo com o seguinte modelo: Organizando e evidenciando os termos semelhantes temos: mas ainda pudemos perceber que é a soma de uma Progressão Geométrica (P.G) finita de razão (1/2)4 ou ainda (1/16) e, utilizamos a fórmula da soma da PG, Substituindo na expressão de Q n , ficamos com: Assim, o Modelo Matemático obtido na primeira tentativa foi: Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 146 Ao realizar uma atividade de modelagem, é necessário que os estudantes não percam de vista o objetivo que os move. Na modelagem que estamos estudando, o interesse é verificar a quantidade, em miligramas, de Ritalina no organismo de adolescentes que consomem essa medicação. O modelo obtido para atingir esse objetivo foi: Mas como o n representa a quantidade de duas horas que passaram desde a ingestão do medicamento, é preciso tornar esse modelo contínuo, ou seja, torná- lo um modelo que pode ser utilizado para diferentes períodos de tempo, inclusive os que não são múltiplos de 2. Para que isso aconteça, podemos dividir o tempo por dois, realizando uma mudança de variável, obtendo assim: Você viu nas unidades anteriores que não devemos chegar em um modelo que pode descrever uma situação e não realizar sua validação. O modelo apresentado até o momento ainda não foi validado. Como você pode perceber no momento de validação do modelo, esse não é válido, pois os valores resultantes para os testes estão em torno de 21,34mg, sendo este um 1. Em atividades de Modelagem Matemática, uma etapa muito importante é a validação do Modelo Matemático obtido. Uma forma de fazer isso é apoiando-se nos dados coletados. Faça a validação do modelo Q(t)=21,34-21,34.(1/16)(t/2) para a situação em questão e escreva um pequeno texto explicando suas conclusões. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 147 n Quantidade em mg de Ritalina no tempo n Modelo Matemático que descreve a quantidade em miligramas no organismo do adolescente 0 Q 0 4 Q 1 8 Q 2 12 Q 3 valor aproximado apenas para os momentos em que o adolescente ingere o remédio. O momento de validação pode gerar ou não um momento de modificação. Como na validação, vimos que o modelo não era adequado, iniciou-se um momento muito importante de modificação. Para corrigir esse modelo é preciso um processo de reflexão, guiado pela pergunta "o que deu errado?" Como podemos arrumar isso? Vejamos a segunda tentativa de modelagem (FERNANDES; SILVA, 2014). O modelo matemático da situação da Ritalina no organismo Na primeira tentativa de estabelecer um Modelo Matemático que descrevesse a quantidade em miligramas de Ritalina no organismo de um adolescente, as autoras Fernandes e Silva (2014) apresentaram uma expressão que se aproxima deste valor no instante em que o adolescente toma um comprimido de 20mg do remédio, mas como sempre sobra um pouco do composto no organismo, é de se imaginar que este valor vai aumentar um pouco a cada vez que tomar o remédio. Com a atividade de aprendizagem anterior, você realizou a validação desse modelo e pode perceber que ele não representa bem a situação estudada para todos os valores. Esse fato fortalece a necessidade de obter um modelo e validado, para só depois da validação afirmar que o modelo pode descrever o problema de interesse. Vejamos agora a segunda tentativa de modelar a quantidade de Ritalina no organismo de adolescentes. A primeira parte da análise se refere aos momentos em que o adolescente ingere o remédio, como verificamos no quadro a seguir. Quadro 3.5 | Estudo da concentração de Ritalina no organismo do adolescente ao ingerir o comprimido (continua) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 148 16 Q 4 n Q 5 Fonte: Adaptado de: Fernandes e Silva (2014, p. 7) Com a análise dos dados do quadro anterior é possível perceber que, nos momentos em que o adolescente ingere a Ritalina, observas-se uma soma de termos de uma progressão geométrica finita. A expressão obtida é válida apenas para os valores de n múltiplos do número quatro, ou seja, dos momentos em que o adolescente ingere o medicamento, mas como a intenção é verificar a quantidade desse remédio em qualquer período de tempo, a modelagem deve continuar, para chegarmos em um modelo mais adequado para a situação. Vejamos a citação a seguir: Como podemos verificar no tempo n, com n múltiplo de quatro, é a soma de P.G finita com a 1 =1/16 e q=1/16 e, realizando essa soma temos: Substituindo novamente na expressão inicial: (FERNANDES; SILVA, 2014, p. 8). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 149 Com essa informação, as autoras confeccionaram outro quadro, voltando as atenções para os valores que não são múltiplos de quatro. Vale lembrar que os valores que não são múltiplos de quatro representam as horas em que os adolescentes não ingeriram o remédio. Vamos analisar o quadro a seguir. No caso de determinar a quantidade aproximada de Ritalina no organismo depois de tomada certa quantidade c de comprimidos, é possível também realizar outra mudança de variável, tornando a expressão da seguinte maneira, em que c representa a quantidade de comprimidos que o adolescente já tomou: Q(c)=20+20[0.067-0.067(0.0625)8c]=20+1,34-1,34(0.0625)c Lembrando que essas duas expressões são válidas para o momento em que o adolescente tomar o Ritalina (FERNANDES, SILVA, 2014, p. 8). n≠4k, com k ∈ N Valores que não são múltiplos de quatro Quantidade de Ritalina no tempo n Modelo Matemático para compreender a concentração de Ritalina no organismo Quadro 3.6 | Estudo da concentração de Ritalina no organismo para diversos tempos Fonte: Adaptado de: Fernandes e Silva (2014, p. 9) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 150 Verifique que, com a mudança de variável, as autoras obtiveram o seguinte modelo para descrever a concentração de Ritalina nos organismos: Após a determinação desse modelo, é importante lembrarmos que só podemos determinar se ele é adequado ou não para a situação que estamos analisando após realizar a verificação dele, como sabemos que t=8k com k∈N, obtemos: Possivelmente, se os estudantes da Educação Básica fossem realizar essa atividade, utilizariam uma notação diferente para representar o resto da divisão por 4, ou então chegariam a um modelo mais simples do que o apresentado anteriormente, mas isso não traria problema para o processo de modelagem, pois você pode perceber que muita matemática foi empregada até conseguirmos definir um modelo. Como você faria para validar esse modelo? Pense a respeito, leve em consideração as informações que você conhece e realize esse processo tão importante para as atividades de modelagem. Para saber mais a respeito do conteúdo apresentado anteriormente, acesse: <http://www.mat.ufmg.br/~elaine/AlgebraA/aula03_2010.pdf> <http://www.eumed.net/libros-gratis/2009a/499/CLASSES%20 DE%20EQUIVALENCIA.htm> Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 151 Quais são as considerações que você pode tirar a respeito da situação da Ritalina no organismo dos estudantes? Será que a quantidade desse composto no organismo, após parar de consumi-lo, é suficientemente grande para causar dependência? Pense a respeito. Você percebeu a quantidade de conceitos que foram utilizados para realizar a primeira e a segunda tentativa de modelagem? Para desenvolver um Modelo Matemático que descrevesse de maneira satisfatória a situação, foram aplicados os conceitos de: funções; funções do tipo exponencial, comumente ensinados no Ensino Médio e a ideia de resto de divisão, a notação modular algébrica (presente no Ensino Superior). Vamos aprender mais a respeito da utilização de modelos matemáticos para a aprendizagem de conteúdos nos nosso Saiba Mais. Aprenda mais a respeito da utilização de atividades de Modelagem Matemática para o ensino e aprendizagem de conceitosmatemáticos. <http://www.ufpa.br/npadc/gemm/documentos/docs/artigo_ CNNECIM.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/ arquivos/975-4.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.ppgedmat.ufop.br/arquivos/dissertacoes_2013/ 2. Utilize o modelo desenvolvido para descrever a quantidade, em miligramas, de Ritalina no organismo e assinale a quantidade dessa substância no organismo após 20 horas da ingestão. a) 1 mg. b) 0,950 mg. c) 0,825 mg. d) 0,775 mg. e) 0,625 mg. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 152 Neuber%20Ferreira.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1806- 58212009000300010&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.somaticaeducar.com.br/arquivo/ artigo/1-2010-04-03-16-12-38.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://meriva.pucrs.br:8080/dspace/ bitstream/10923/2970/1/000446488-Texto%2BCompleto-0.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Deve ficar bem claro a você, futuro professor, que faz parte do seu papel discutir com os estudantes as atividades de modelagem, auxiliando na boa compreensão dos conceitos matemáticos desenvolvidos, para que, assim, a atividade não acabe se perdendo. Os conteúdos dessa unidade chegam ao fim, mas agora é a sua vez de praticar. O Fique Ligado a seguir vai te ajudar a relembrar coisas que aprendemos ao longo dessa unidade. Nessa unidade, você aprendeu: • As atividade de modelagem podem ser utilizadas para o desenvolvimento de conteúdos programáticos. • Uma atividade de modelagem pode ter o tema proposto pelos estudantes. • Em uma atividade de modelagem, o professor pode auxiliar os estudantes na aprendizagem de novos conteúdos, pois geralmente os estudantes não sabem a princípio a matemática que utilizarão. • Um Modelo Matemático pode ser utilizado para descrever e analisar uma situação real. • A Modelagem Matemática pode auxiliar no desenvolvimento Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 153 de capacidades necessárias nos estudantes, como a reflexão crítica a respeito de situações, a análise de dados e a tomada de decisões. Além disso, tenho certeza que você aprendeu muitas outras coisas. Uma atividade de aprendizagem que pode ser produtiva é realizar um texto resumo, escrevendo suas aprendizagens. Outra sugestão é que você escolha uma situação de seu interesse e realize uma atividade de modelagem, seguindo os passos apresentados e elabore um Modelo Matemático que descreva tal situação. Na próxima unidade deste material, daremos continuidade às atividades de Modelagem Matemática, mas com o enfoque voltado para o Ensino Superior. Convite importante Para finalizar essa unidade, tenho um convite importantepara você participar do fórum de aprendizagem. No fórum de aprendizagem dessa disciplina você terá a oportunidade de dividir sua aprendizagem e refletir a respeito da opinião de outras pessoas. Bons estudos e boas participações. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 154 Esta unidade foi elaborada com a intenção de auxiliar na aprendizagem de conceitos muito importantes para você como futuro professor. Os conceitos trabalhados nessa unidade são a base do que chamamos de Cálculo Moderno e dão base para estudos sequentes, por exemplo, o cálculo de integrais, que são utilizados para o cálculo da área e de volumes, bem como diversas outras aplicações. É muito importante para aprofundar sua aprendizagem que faça as leituras sugeridas, resolva as atividades de aprendizagem, participe do fórum e também, se possível, vá a uma biblioteca e estude os materiais que compõem a bibliografia dessa unidade. Para aprender conceitos matemáticos, o treino é muito importante, então faça as atividades de aprendizagem da unidade com bastante atenção. Bons estudos. 1. Na atividade do Césio-137 chegamos a um modelo que descreve a quantidade de Césio presente na cidade de Goiânia. Utilizando o modelo que representa essa situação, é correto afirmar que a quantidade de Césio-137 no ano de 2100 será de aproximadamente: a) 2,50 g. b) 1,41 g. c) 1,22 g. d) 1,10 g. e) 1,01 g. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 155 2. Utilizando o modelo desenvolvido para descrever a situação do Césio-137, assinale a alternativa que indica o ano aproximado em que a quantidade dessa substância será de 3,1 g? a) 2106. b) 2096. c) 2086. d) 2076. e) 2066. 2. Utilizando o modelo desenvolvido para descrever a situação do Césio-137, assinale a alternativa que indica o ano aproximado em que a quantidade dessa substância será de 3,1 g? a) 2106. b) 2096. c) 2086. d) 2076. e) 2066. 3. Com as informações prestadas por guardas rodoviários e com adequações feitas a partir de dados reais, foi possível desenvolver um Modelo Matemático que descreve a distância percorrida por um automóvel desde o momento em que os freios são acionados até o momento em que ele para totalmente, em relação à velocidade que ele está. Com base nesse modelo, é correto afirmar que um veículo que está a 135km/h locomove-se quantos metros desde o acionamento dos freios até sua parada total? Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U3 156 a) 87,125 m. b) 88,125 m. c) 89,125 m. d) 90,125 m. e) 91,125 m. 4. Utilizando o mesmo Modelo Matemático que descreve a distância percorrida com relação à velocidade que um automóvel leva para parar totalmente, é correto afirmar que, se um carro percorreu aproximadamente 38 metros, sua velocidade no momento de acionamento dos freios era de: a) 87 km/h. b) 92 km/h. c) 93 km/h. d) 97 km/h. e) 99 km/h. 5. Se um automóvel percorre uma distância de 50 metros desde o acionamento dos freios até o momento em que se encontra totalmente parado, de acordo com o Modelo Matemático desenvolvido, é correto afirmar que sua velocidade estava por volta de: a) 80km/h. b) 90 km/h. c) 100km/h. d) 110 km/h. e) 120 km/h. U3 157Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica Referências BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática. São Paulo: Editora Contexto, 2002. BARBOSA, J. C. Modelagem matemática e os professores: a questão da formação, Rio Claro, n. 15, p. 5-23, 2001, BIEMBENGUT, M. S.; HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. São Paulo: Editora Contexto, 2000 BLUM, W. Applications and modelling in mathematics teaching and mathematics education – some important aspects of practice and of research. In: SLOVER, C. et al. Advances and perspectives in the teaching of mathematical modeling and applications. Yorklyn: Water Street Mathematics, 1995. FERNANDES, R. K; SILVA, K. A. P. Uma experiência com modelagem matemática por meio do estudo da Ritalina no organismo. EPREM, 2014. JUNIOR MACHADO, Arthur Gonçalves. Modelagem matemática no ensino- aprendizagem e resultados, Belém, 2005. Unidade 4 DESENVOLVIMENTO DE MODELOS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Objetivos de aprendizagem Essa unidade é muito importante para o estudo da modelagem, pois tem como objetivo que você conheça a aplicação de modelos matemáticos estudados nas unidades anteriores. A Modelagem Matemática é uma disciplina muito importante para o estudante do Ensino Superior, porque, ao lidar com uma situação para modelar, o estudante tem a possibilidade de, por meio das etapas da própria modelagem, ter que analisar variáveis e as interferências de cada uma para a situação, tomar decisões baseadas nas análises realizadas, verificar a validade do Modelo Matemático desenvolvido, bem como utilizar o modelo, caso esse seja adequado, para poder descrever a situação de interesse. O principal objetivo dessa unidade é auxiliá-lo na compreensão das etapas da modelagem, bem como algumas possibilidades voltadas ao Ensino Superior. Renata Karoline Fernandes Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 160 Algumas atividades de modelagem podem ser facilitadas quando conseguimosobservar alguns pontos da situação envolvida, pois podemos decidir qual tipo de função descreve a situação que estamos estudando de modo mais satisfatório. Nessa seção, aprenderemos a respeito da utilização do software curve para realizar a representação de pontos de funções. Apenas com o modelo desenvolvido na seção anterior não é possível analisar o problema apresentado para a atividade de modelagem, por esse motivo, na terceira seção dessa unidade, continuamos a atividade iniciada na seção anterior, com o objetivo de conseguir desenvolver modelos que possam ser utilizados para compreender a situação envolvida. A seção 2 dessa unidade é dedicada ao início da apresentação e análise de um Modelo Matemático desenvolvido por meio de uma atividade de modelagem que envolve conceitos específicos da disciplina. Por meio do estudo dessa seção é possível um contato mais direto com atividades de modelagem voltadas para o Ensino Superior. Seção 1 | Utilização do software curve para auxiliar em atividades de modelagem Seção 3 | Continuação do modelo de modelagem e o problema da água – o modelo do crescimento populacional Seção 2 | Modelo de modelagem e o problema da água Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 161 Introdução à unidade A Modelagem Matemática tem um papel importante na Educação Matemática e se fortaleceu no Brasil a partir dos anos de 1990. As atividades de Modelagem Matemática exploram o imaginário dos estudantes, bem como auxiliam no desenvolvimento da capacidade de estabelecer estratégias, avaliá-las, segui-las, bem como avaliar se a estratégia adotada é a adequada ou deve ser mudada. Com relação às atividades de modelagem de nível 1, as que os professores propõem a situação a qual poderá gerar uma atividade de modelagem, requerem um cuidado minucioso dos professores, pois eles devem conhecer o cotidiano de seus estudantes, pois uma situação que não faz parte da vida dos estudantes pode não ser tão interessante, ou então, não despertar a vontade dos estudantes em se envolverem com a tarefa. Diversas pesquisas das últimas décadas vêm apresentando as atividades de Modelagem Matemática que podem motivar os estudantes e também os professores, pois o conteúdo matemático deixa de ser abstrato e passa a ser mais concreto, o estudante deixa de ser um agente passivo do seu processo de aprendizagem e passa a ser um cidadão crítico e ativo com relação à sua aprendizagem. A modelagem se tornou uma alternativa didática também para o Ensino Superior, visto que as características presentes nas atividades de Modelagem Matemática são necessárias para a formação principalmente dos futuros professores de Matemática. Nessa unidade, você aprenderá a respeito da utilização de modelos matemáticos que envolvem conceitos matemáticos do Ensino Superior, bem como uma ferramenta que pode auxiliar no processo de tomada de decisões. Tenha bons estudos. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 162 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 163 Seção 1 Utilização do software curve para auxiliar em atividades de modelagem Introdução à seção Algumas atividades de modelagem podem apresentar valores e poderemos ter dificuldade em descrever por meio de uma função. Às vezes, o nosso objetivo não é chegar na função que descreve uma situação, mas aplicá-la. Tendo em mente esses aspectos, nesta seção você é convidado a conhecer o software curve, que poderá ser útil para as atividades de modelagem. 1.1 Software curve Aprenderemos nessa seção a utilizar o software curve, se poderá lhe auxiliar na compreensão e no comportamento de determinadas situações. A versão que utilizaremos nessa seção é a CurveExpert Basic. Para que você possa saber mais a respeito do CurveExpert, bem como aprofundar seu conhecimento a respeito da aplicação dele em atividades de modelagem, acesse o link: <http://www.curveexpert.net/download/>. Acesso em: 15 maio 2015. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 164 Em quais aspectos uma representação gráfica pode auxiliar na compreensão de determinadas situações? Pense a respeito. O software CurveExpert pode ser baixado em seu computador gratuitamente em sua versão básica e apresenta uma grande vantagem para o trabalho com modelagem, pois possibilita a obtenção de gráficos que apresentam o comportamento de pontos utilizados na elaboração de um modelo específico. Além da representação gráfica, é possível, com a utilização do CurveExpert, a equação do modelo, os coeficientes, a matriz de variância, os resíduos, entre outros. A janela principal do CurveExpert apresenta uma janela de dados, gráfico de classificação, barra de ferramentas, menu e barra de status, vejamos essa janela na figura a seguir: Figura 4.1 | Janela principal do CurveExpert Fonte: CurveExpert (2015). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 165 Os valores que são apresentados foram inseridos de forma aleatória e servirão apenas como ilustração. Perceba que no canto esquerdo inferior da figura estão apresentados os pontos, bem como uma representação gráfica que foi ajustada utilizando uma função do 2º grau, uma função quadrática. Perceba que a função apresentada não toca todos os pontos, mas é um ajuste, ou seja, passa pelos pontos ou o mais próximo possível deles. A área de visualização do gráfico mostra a representação dos pontos inseridos e por meio dele podemos tomar a decisão de qual é o tipo de curva que se adéqua melhor aos pontos. Se clicarmos na miniatura do gráfico, o programa gera uma área de visualização em que podemos verificar algumas informações a respeito da função e dos pontos apresentados na planilha. Isso nos ajuda a optar por uma curva que apresenta a melhor estimativa dos parâmetros para os determinados pontos. Vamos analisar as imagens a seguir, mantendo os mesmos valores, para tomarmos a decisão de qual função melhor representa esses dados. Figura 4.2 | Regressão quadrática Fonte: CurveExpert (2015). Para obter o gráfico maior, clicou-se com o botão esquerdo sobre o gráfico menor, mas para obter os valores dos parâmetros utilizados para realizar a regressão por meio de uma função quadrática, é preciso clicar com o botão direito sobre o gráfico maior e, na sequência, clicar em Information, como vemos na figura a seguir. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 166 Figura 4.3 | Informações a respeito das regressões Fonte: CurveExpert (2015). Com o programa CurveExpert, é possível escolher o tipo de função que nós queremos. Vejamos nas figuras a seguir a representação dos mesmos dados por meio de outras funções sem ser a quadrática, apresentada anteriormente. Figura 4.4 | Representação gráfica por meio de uma aproximação linear Fonte: CurveExpert (2015). A representação apresentada na figura anterior mostra a utilização de uma função afim que melhor se aproxima aos dados. Perceba que a função descrita é do tipo y = ax + b, e os valores e a e b são expressos ao lado. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 167 Figura 4.5 | Representação dos dados por meio de uma função do tipo exponencial Fonte: CurveExpert (2015). Por meio dessas figuras, é possível perceber que determinado tipo de função descreve melhor os dados apresentados do que outros tipos de função. A utilização desse programa pode auxiliar na tomada de decisão com relação ao tipo de Modelo Matemático que queremos desenvolver em determinada atividade de modelagem. Para poder alterar o tipo de função que será utilizada para representar os dados, é preciso clicar em Apply Fit e escolher a mais adequada, como podemos ver na figura a seguir. Figura 4.6 | Tipos de funções. Fonte: CurveExpert (2015). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 168 Vamos utilizar o software na próxima atividade de aprendizagem. A partir das figuras apresentadas sobrea representação dos dados inseridos aleatoriamente, qual dos tipos de função você acredita ser mais adequada? Reflita a respeito e justifique sua opinião. 1. É possível realizar ajustes quando conhecemos determinados pontos e a partir desses pontos apresentar a lei de formação de funções que melhor os expressam. Observando os pontos e o gráfico apresentado na figura a seguir, é correto afirmar que a função que melhor se ajusta a ele é: Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 169 a) Função do primeiro grau. b) Função do segundo grau. c) Função do terceiro grau. d) Função do quarto grau. e) Função exponencial. 2. Uma empresa organizou os dados relativos ao lucro que tiveram durante um ano e obtiveram o seguinte quadro: Utilizando o programa CurveExpert, a empresa percebeu que uma função polinomial do décimo grau seria adequada para representar tais pontos. Sabendo dessas informações, assinale a alternativa que apresenta o gráfico da função do décimo grau que descreve o lucro da empresa em questão. Mês do ano Lucro (em unidade de milhar) Janeiro 5 Fevereiro 2 Março 7 Abril 4 Maio 3 Junho 8 Julho 9 Agosto 4 Setembro 7 Outubro 9 Novembro 10 Dezembro 11 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 170 a) b) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 171 c) d) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 172 e) O software CurveExpress é composto por ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento de atividades de modelagem, pois nos auxilia a conseguir modelos que descrevem situações de nossos interesses, ajudando na tomada de decisões. Vamos aprender mais a respeito do CurveExpert na próximo Saiba Mais. Para aprender mais a respeito do software, acesse os links: <http://docs.curveexpert.net/curveexpert/basic/_static/ CurveExpertBasic.pdf> <http://norbas86.blogspot.com.br/> <http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID151/v6_n2_a2011.pdf> Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 173 O software que estamos estudando pode nos auxiliar em atividades de modelagem, bem como pode ser de grande ajuda para o estudo de funções. Agora que você já conhece esse poderoso software educacional, vamos analisar o desenvolvimento de um Modelo Matemático voltado para desenvolvido para o Ensino Superior. Você acha que a utilização do software CurveExpert poderia ser útil para ensinar conceitos relacionados com funções? Como você utilizaria esse software para ensinar, por exemplo, a diferença em contra domínio e imagem de uma função? Reflita a respeito. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 174 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 175 Seção 2 Modelo de modelagem e o problema da água Introdução à seção Um dos objetivos da modelagem é analisar dados, escrever funções que podem descrever determinadas situações e por meio dessas funções ou relações tomar decisões e fazer previsões para o futuro. Nesta seção, você é convidado a conhecer mais uma atividade de modelagem, que foi desenvolvida seguindo os passos da modelagem, e a refletir a respeito dos benefícios que esse tipo de atividade pode trazer para a sala de aula. 2.1 Atividade de modelagem – A água Nesta seção, você é convidado a estudar um Modelo Matemático voltado para o estudo do abastecimento de água de uma cidade do interior do Paraná. A atividade que segue é uma adaptação do trabalho final da disciplina de Modelagem Matemática do curso de licenciatura em Matemática realizado no ano de 2011. Esse modelo seria um correspondente às atividades de modelagem do nível 3, pois os estudantes tiveram como desafio a realização de uma atividade de modelagem e, sendo assim, eles tiveram que escolher um tema de interesse, verificar hipóteses, se familiarizar com a situação, utilizar teorias e a matemática necessária para desenvolver um Modelo Matemático que fosse capaz de descrever a situação estudada. Cabe aqui o agradecimento aos estudantes envolvidos nessa atividade de modelagem (Elder, Karina, Osmar e Renata), sendo uma das estudantes envolvidas a autora dessa unidade. Num primeiro momento, os estudantes pensaram em algumas ideias de situações do cotidiano, as quais poderiam descrever por meio de um Modelo Matemático. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 176 Após refletir a respeito das ideias, optou-se por estudar o abastecimento de água na cidade na qual os estudantes residiam. Tendo em mente a situação que estudariam, iniciou-se o primeiro momento da modelagem, ou seja, uma pesquisa a respeito do tema, uma familiarização com a situação. Vejamos algumas informações importantes para a compreensão do modelo da atividade de modelagem desenvolvida. 2.1 A água e o abastecimento A água é um elemento primordial para a vida. A superfície terrestre é ocupada por aproximadamente 75% de massa de água, sendo ela distribuída por mares e oceanos (97%), calotas polares (2%) e para consumo humano (1%). A água própria para o consumo está dividida em rios, lagos, cursos de água, subsolo até 800 metros. Esta pequena quantidade de água disponível para consumo demonstra a necessidade de utilizar, de forma sustentável, as reservas de água doce ainda existente, que têm sofrido nos últimos 50 anos uma redução quantitativa de aproximadamente 62%. O abastecimento de água feito na cidade, onde será realizada essa atividade de modelagem, é feita por meio de um sistema de abastecimento que retira a água da natureza. Essa água retirada passa por um tratamento e depois é transportada até aglomerados que distribuem a água para as pessoas. Frequentemente, a empresa responsável pela distribuição de água tem que realizar investimentos para aumentar a distribuição da água, visto que, com o passar do tempo, a cidade vem aumentando e a quantidade de pessoas que moram nela e utilizam a água tem crescido. Tendo em mente que com o crescimento da quantidade de residências na cidade, será necessário realizar novos investimentos para que todas as casas recebam água potável, essa atividade de modelagem se dedica a estudar o seguinte problema: Quando a cidade que estamos estudando atingir qual quantidade de residências, será necessário realizar novos investimentos para aumentar a capacidade de distribuição de água? Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 177 Agora que você já pensou a respeito das variáveis envolvidas, podemos continuar com a apresentação dessa atividade de modelagem. Para resolvermos este problema, inicialmente, é preciso desenvolver um modelo que descreva o comportamento do consumo médio anual por residência, para poder utilizar esse modelo e prever em qual ano o consumo médio será igual ou maior à capacidade de produção e distribuição da água no atual sistema na cidade em que ocorreu o estudo. Sabendo o que precisamos fazer, é necessário definir as hipóteses que levaremos em consideração nesse primeiro momento. Assim: • A produção máxima atual de água é de 6664074,785 litros. • O modelo que desenvolveremos segue os padrões adotados pela empresa responsável pela distribuição de água na cidade estudada, e por isso dividiremos este valor por 5, para descobrir o consumo por residência. O valor obtido é de 1332814,957. A divisão por 5 vem da hipótese de que a quantidade média de pessoas por residência é de 5 cinco pessoas. Agora será iniciada a apresentação do primeiro modelo desenvolvido e que será utilizado para realizar a compreensão da situação. Esse modelo descreve o consumo médio anual de água. 2.1.1 Modelo 1: consumo médio anual de água nas residências Para o desenvolvimento desse modelo, consideramos as seguintes hipóteses: Hipóteses - consideraremos que: É muito importante ser capaz de verificar quais são as variáveis envolvidas em uma atividade de modelagem, por isso, treine essa capacidade por meio dessa atividade. Reflita a respeito de quaissão as variáveis envolvidas na situação que queremos descrever e analisar por meio do Modelo Matemático. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 178 • A quantidade de residências na cidade de Londrina é o número populacional dividido por 5. • O consumo no período analisado determina uma sequência (C n ) monótona crescente e também limitada. Vamos aprender mais a respeito das sequências monótonas crescentes e decrescentes limitadas, estudando os links desse Saiba Mais. <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp049579.pdf> <http://www.uel.br/grupo-pesquisa/grupemat/docs/CC1727_ enem2010.pdf> <http://bit.profmat-sbm.org.br/xmlui/bitstream/ handle/123456789/472/2011_00364_FABIO_BARBOSA_DE_ OLIVEIRA.pdf?sequence=1> <http://gradmat.ufabc.edu.br/livros/Temas%20&%20Modelos-%20 o%20livro.pdf> Tendo em mente nossas hipóteses e conhecendo mais agora a respeito das sequências monótonas crescentes e limitadas, podemos delimitar as variáveis envolvidas. Variáveis: t n = Variável auxiliar t = Tempo C n = Média do consumo de água anual por residência. Na sequência, veremos um quadro que apresenta os valores reais do consumo médio mensal das residências da cidade que faz parte desse estudo. Ano Consumo (médio mensal – m3) 2005 1222070,41 2006 1246169,37 2007 1263511,15 2008 1275036,80 2009 1285578,52 Quadro 4.1 | Consumo mensal (Média) (continua) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 179 Esses valores serão utilizados para a obtenção do modelo que descreve o consumo médio nas residências. 2.1.2 Obtenção do valor de estabilidade Com base no quadro anterior, consideramos que o consumo nesse período determina uma sequência (C n ) monótona crescente e também limitada, sendo essa uma das nossas hipóteses para a situação. Como a sequência monótona, crescente e limitada pode-se afirmar que essa sequência é convergente. Em outras palavras, o limite desta sequência existe, ou seja: Podemos afirmar que C* é o ponto de estabilidade o consumo de água, que é o mesmo valor do limite dessa função. Para determinar o valor de C*, utilizaremos o Método de Ford-Walford, mas para que você possa compreender bem a respeito desse modelo, vamos ao nosso Saiba Mais. Fonte: Diretoria de Meio Ambiente e Ação Social – da empresa responsável pela distribuição da água na cidade (2011) 2010 1300192,20 2011 1310886,96 <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source =web&cd=28&ved=0CEMQFjAHOBQ&url=http%3A%2F%2Fwww. researchgate.net%2Fprofile%2FRodney_Bassanezi%2Fpublication% 2F256007243_Ensino_-_aprendizagem_com_Modelagem_matemtica %2Flinks%2F0046352163725accb1000000.pdf&ei=4V_GVLKyJ8f7sAS W0ILgBg&usg=AFQjCNF_7HLiHr->3kAkpxMEOxGGSqz7qjA&sig2=5f15 bHP0h7iVX46pfUqMOw&bvm=bv.84349003,d.cWc&cad=rja <https://www.puc-campinas.edu.br/websist/portal/pesquisa/ic/ pic2009/resumos/2009824_2116_207354466_res530.pdf> <http://www.periodicos.unifra.br/index.php/VIDYA/article/ view/22/210> Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 180 Tendo conhecimento a respeito do método de Ford-Walford e utilizando os valores do quadro anterior, foram calculados os valores apresentados no quadro a seguir: C n C n+1 1222070,41 1246169,37 1246169,37 1263511,15 1263511,15 1275036,80 1275036,80 1285578,52 1285578,52 1300192,20 1300192,20 1310886,96 Quadro 4.2 | Sequência C n e C n+1 Fonte: A autora (2011). 1. O Método de Ford-Walford é comumente utilizado para encontrar o valor de lim n→∞ Cn= C* quando Cn representa uma sequência monótona limitada crescente. Para praticar a aplicação desse método, utilize-o para preencher os valores do quadro apresentado anteriormente, ou seja: Após, verifique se os valores são iguais ao do quadro anterior. C n C n+1 1222070,41 1246169,37 1263511,15 1275036,80 1285578,52 1300192,20 Agora, é necessário determinar uma função que se ajuste a estes pontos C n e C n+1 , apresentados no quadro 2. Para isso será utilizado o Método dos Mínimos Quadrados, ou seja, queremos determinar uma reta C n+1 a+bC n que se ajuste a esses pontos. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 181 Vamos considerar C n+1 = y e C n = x, essa mudança de notação auxilia na compreensão das operações que seguem e “economiza” notação, deixando mais claro o que será apresentado. Com isso, pelos Métodos dos Mínimos Quadrados, temos: Realizando as substituições: Utilizando os valores obtidos com a aplicação do método dos mínimos quadrados e substituindo-os em Vamos aprofundar nosso conhecimento a respeito do Método dos Mínimos Quadrados, estudando os links a seguir. <http://www1.univap.br/spilling/CN/CN_Capt5.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.mat.ufmg.br/gaal/aplicacoes/quadrados_minimos.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://wwwp.fc.unesp.br/~arbalbo/Iniciacao_Cientifica/ interpolacao/teoria/4_Metodo_dos_quadrados_minimos.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 182 obtemos o seguinte sistema de equações: Resolvendo este sistema, obtemos a=217076 e b= 0,84015496. Com isso, podemos representar C n+1, por: C n+1 =217076,146+0,84015496 C n Como estamos interessados no valor de C*, podemos inferir que , podemos supor que Realizando a substituição em C n+1 =217076,146+0,84015496 C n , obtemos C n+1 =217076,146+0,84015496 C n C n -0,84015496 C n =217076,146 0.15984504C n =217076,146 217076,146 0.15984504 C n = = 1358041,175 Assim, obtemos o valor de estabilidade C*=1358041,175 Sabendo o valor de estabilidade da sequência monótona limitada e crescente C n , é possível construir um quadro que expressa a diferença entre o consumo e o ponto de estabilidade durante os anos. n Ano C*-C n 1 2005 135970,765 2 2006 111871,805 3 2007 94530,025 4 2008 83004,325 5 2009 72461,655 6 2010 57848,875 7 2011 47154,215 Quadro 4.3 | C*- C n Fonte: A autora (2011). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 183 Você notou que C*-C n diminui conforme o tempo aumenta? O que será que vai acontecer com esse valor com o passar de muitos e muitos anos? Qual conceito matemático pode utilizar para representar essa situação? Reflita a respeito dessas questões antes de prosseguir seus estudos. Se você apresentou como resposta para a última questão feita no “Questão para reflexão”, que podemos expressar essa situação por meio da utilização de limites, você está correto, assim, podemos supor que , visto que Com isso, vamos procurar uma função na forma: Perceba que agora será utilizado um ajuste exponencial aos pontos dados. Novamente, com a intenção de diminuir a quantidade de notações utilizadas, consideremos C n - C* = y. Assim, temos y = aebx. Aplicando logaritmo em ambos os lado da igualdade, obtemos: ln(y) = ln (aebx) = ln(a) + ln (ebx) = ln(a) + bx, ou ainda y=k+bx, Com y=ln(y) e k=ln(a), temos: Realizando os cálculos necessários, obtemos: ~ ~ Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 184 Com isso, obtemos o sistema a seguir. Resolvendo-o pelo método da adição, encontramos os seguintes valores: b= -0,167510830044 e k= 11,97825824. Como k=ln(a), temos que a=159254,406754. Logo: ou ainda, com relação ao ano de 2004, podemos escrever: Com a aplicação de todos esses métodos e com a realização desses cálculos, chegamos a um modelo que descreve o crescimento do consumo de água na cidade estudada. Agora se inicia uma etapa de grande importância, que é a validação do modelo, e, para isso, apresentaremos um quadro comparando os valores reais, com os valores obtidos por meio da aplicação do modelo obtido. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 185 De acordo com o quadro acima, podemos afirmar que o modelo desenvolvido é válido para o cálculo do consumo mensal médio para a cidade envolvida no estudo, pois a diferença entre o valor observado e o valorestimado é relativamente pequena. Não devemos esquecer que, para resolvermos nosso problema, precisamos descobrir quando o consumo de água na cidade será maior igual ao máximo de produção de água, pois quando isso acontecer precisará de novos investimentos para ampliar o sistema. Sabemos que a média máxima de produção é de 6664074,785, mas como o modelo descreve o consumo por família, precisamos utilizar este valor dividido por 5, onde teremos a média de 1332814,957. Sendo assim, como: Segue que Ano C(t) Observado C(t) estimado |C obs - C est | 2005 1222070,41 1223683,84 1613,43 2006 1246169,37 1244688,62 1480,75 2007 1263511,15 1262409,61 1101,54 2008 1275036,80 1277360,19 2323.39 2009 1285578,52 1289973,47 4394,95 2010 1300192,20 1300614,85 422,65 2011 1310886,96 1309592,60 1294,36 Quadro 4.4 | Validação do modelo Fonte: A autora (2011). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 186 Sendo assim, daqui a, aproximadamente, 11 anos, deverão ocorrer novos investimentos na ampliação do sistema de água da cidade envolvida no estudo. Utilizando o modelo que descreve essa situação de maneira contínua temos: Logo, t= 2004+10,999999991, ou seja, aproximadamente, t ≅ 2015. 2. O Modelo Matemático desenvolvido pode auxiliar no estudo a respeito da situação apresentada, ou seja, o estudo a respeito da distribuição de água em uma cidade do interior do Paraná. O modelo desenvolvido e validado é dado por C n =1358041,175-159254,406754e-0,167510830044(t-2004). Tendo em mente as características desse modelo, é correto afirmar que o gráfico que se adéqua à situação é expresso em qual das alternativas abaixo? Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 187 a) b) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 188 c) d) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 189 e) Com a resposta de parte do nosso problema resolvido, encerramos aqui essa seção. Na terceira seção dessa unidade veremos a segunda modelagem relacionada ao nosso problema. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 190 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 191 Seção 3 Continuação do modelo de modelagem e o problema da água – o modelo do crescimento populacional Introdução à seção Começamos essa seção relembrando que o objetivo da atividade de modelagem que estamos desenvolvendo é compreender a relação existente entre a quantidade de residências de uma determinada cidade com o aumento no fornecimento de água. Cabe destacar também que essa atividade não pode ser generalizada, ou seja, acreditar que os resultados obtidos nessa atividade de modelagem poderão ser utilizados para outra cidade, pois cada uma tem um sistema de distribuição de água distinta, bem como tem um crescimento ou decrescimento populacional diferenciado. Iniciaremos, agora, um segundo momento da atividade de modelagem. 3.1 Modelagem 2: crescimento populacional na cidade do interior do Paraná Para o desenvolvimento desse Modelo Matemático que descreve o crescimento populacional da cidade envolvida no estudo, consideraremos as seguintes hipóteses: Hipóteses - Consideraremos que: • O crescimento populacional é limitado. • O crescimento populacional determina uma sequência monótona crescente. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 192 Antes de prosseguir o estudo do desenvolvimento do modelo apresentado, reflita a respeito de quais são as variáveis envolvidas nessa situação. Agora que você já refletiu a respeito, podemos apresentar as variáveis que foram consideradas nessa situação. • N(t): População em função do tempo (t). • L: limite populacional. Com o auxilio do software Curve, apresentaremos a representação gráfica de uma reta que passe próximo aos pontos, para que possamos desenvolver uma função que descreva o comportamento dessa situação. Vejamos o quadro a seguir. Com a utilização do software Curve e utilizando os pontos apresentados no quadro anterior, foi possível realizar a seguinte representação: t Ano População 0 2004 480822 1 2005 486493 2 2006 492168 3 2007 497833 4 2008 500800 5 2009 503760 6 2010 506701 7 2011 509680 Quadro 4.5 | Crescimento populacional da cidade estudada Fonte: IBGE (2011). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 193 Com o auxílio da representação gráfica, podemos iniciar o processo de obtenção do Modelo Matemático que descreve tal situação. Para melhor compreender os processos empregados na sequência, vamos ao nosso Saiba Mais. Agora que você já aprendeu mais a respeito do modelo de Verhulst, podemos voltar à obtenção do modelo que descreve a situação de interesse. Utilizando o modelo de Verhulst Figura 4.7 | Representação gráfica dos dados da situação Fonte: software Curve (2011). No modelo que iremos estudar, aplicaremos o modelo de Verhulst. Vamos aprender a respeito desse modelo, estudando os links a seguir. <http://www.geocities.ws/espmath/monizabe.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.if.ufrj.br/~carlos/infoenci/notasdeaula/roteiros/aula06. pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. <http://www.sbmac.org.br/eventos/cnmac/xxxiii_cnmac/pdf/397. pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 194 em que β é a taxa de natalidade e N(0) = 480822 = N 0 (condição inicial). Vamos resolver a EDO não linear. Usamos o método de separação de variáveis para escrever: Usamos a decomposição em frações parciais, obtemos: Integrando ambos os lados da igualdade, obtemos: Resolvendo a integral, segue que: Como N(0) = N 0 , temos que Substituindo esta constante: Aplicando a função exponencial de ambos os lados, segue: Após realizar esses cálculos e explicitando N=Nt , finalmente, obtemos: Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 195 Agora, resta-nos determinar os valores de L e β. Com base no quadro anterior, consideraremos que o número de habitantes nesse período determina uma sequência (Nn) monótona, crescente e limitada. Logo, podemos determinar o ponto de estabilidade dessa sequência, ou seja, N* tal que Para determiná-lo, vamos usar o método de Ford-Walford, o mesmo utilizado no modelo anterior e, assim, tomemos como base o quadro 5 e construiremos o seguinte quadro: Vamos aplicar o método dos mínimos quadrados para obter um ajuste da forma. N (n+1) =a+bN n Consideraremos N n+1 = y e N n =x Como vamos operar com somatórias, que tal aprender mais a respeito delas? t N n N (n+1) 0 480822 486493 1 486493 492168 2 492168 497833 3 497833 500800 4 500800 503760 5 503760 506701 6 506701 509680 7 509680 Quadro 4.6 | Representação da sequência N n e N (n+1) Fonte: A autora (2011). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 196 Vamos relembrar os conceitos de somatório, estudando os materiais disponíveis nos links: <http://wwmat.mat.fc.ul.pt/aninf/2003_2/aninf2/notas/somatorios/> <http://www.pucrs.br/famat/augusto/calcIII/Series>. Acesso em: 15 maio 2015. Acesso em: 15 maio 2015. Agora, podemos realizar alguns cálculos para obter os valores esperados: Portanto, o sistema que se formou é: Resolvendo esse sistema, obtemos: a= 720038293 e b= 0,86300 Logo, temos o seguinte ajuste: N (n+1) =720038293+0,86300 N n , obtemos N n =52557,5=N*=L, logo, temos N*=N n =L. Obtemos: Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 197 Em seguida, vamos estimar o valor do parâmetro β , para isso construímos o quadro a seguir, por meio da expressão: Vamos usar o método dos mínimos quadrados para ou seja, Após realizar alguns cálculos, obtemos: tn N(t n ) β(t n ) 0 480822 ---- 1 486493 0,147221852 2 492168 0,315716004 3 497833 0,512978511 4 500800 0,63203308 5 503760 0,76516356 6 506701 0,915797112 Quadro 4.7 | Obtenção do valor do parâmetro Fonte: A autora (2011). Desenvolvimento de modelos matemáticos na educaçãobásica U4 198 Assim, temos o seguinte sistema: Resolvendo-o, obtemos: Logo, Substituindo em N(t), chegamos a: Ou ainda, podemos relacionar este modelo com os anos, da maneira como segue. Com a obtenção desse modelo, podemos partir para a validação dele. Para isso, utilizaremos os valores reais coletados, com os valores obtidos por meio da aplicação do modelo apresentado. 1. A etapa de validação de um modelo é muito importante, pois é nela que verificamos se o modelo descreve adequadamente ou não a situação de interesse. Utilizando o modelo desenvolvido, complete o quadro a seguir e realize a validação do modelo desenvolvido. t Ano N(t) observado N(t) estimado |N(t) obs - N(t) est | 0 2004 480822 (continua) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 199 Como você pode perceber por meio da análise das diferenças dos valores observados e estimados, é possível concluir que o modelo é aceitável, pois os valores obtidos como resultado de |N(t) obs - N(t) est | são consideravelmente pequenos. Agora, por meio da utilização dos dois modelos, é possível se voltar para o problema que gerou o desenvolvimento e elaboração dos dois modelos, ou seja, quando a cidade que estamos estudando atingir qual quantidade de residências, será necessário realizar novos investimentos para aumentar a capacidade de distribuição de água? Para resolver o problema, precisamos descobrir o valor populacional no ano de 2015. 1 2005 486493 2 2006 492168 3 2007 497833 4 2008 500800 5 2009 503760 6 2010 506701 2. A resposta da situação de modelagem que estamos estudando está relacionada à utilização do Modelo Matemático que foi desenvolvido. Assinale a alternativa que apresenta o valor obtido por meio da aplicação desse modelo, ou seja, o valor aproximado de N(2015). a) 559164. b) 541742. c) 539871. d) 524751. e) 516667. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 200 Para chegar à solução final do estudo é necessário lembrar que o valor obtido na atividade de aprendizagem deve ser dividido por 5. Resposta para o problema: A empresa que realiza o fornecimento de água da cidade estudada terá que realizar novos investimentos para aumentar a capacidade de distribuição de água, quando quantidade de residências atingirem, aproximadamente, 10334. Com o término dessa atividade de modelagem chegamos ao fim dessa seção. Espero que você tenha aproveitado e aprendido novos conceitos relativos à Modelagem Matemática, bem como a aplicação dessa disciplina em atividades voltadas ao Ensino Superior. Essa atividade de modelagem é voltada para o Ensino Superior e a princípio os envolvidos não sabiam qual matemática que seria necessária para resolver o problema. Reflita a respeito de como o professor poderia auxiliar os estudantes se eles tivessem se deparado com a necessidade de utilizar conceitos que eles não sabiam. Nessa unidade, você aprendeu: • O programa CurveExpert pode ser utilizado para realizar interpolação. • Podem existir dados que não podem ser representados fielmente por meio de uma função, mas pode existir uma função que representa de forma adequada esses valores. • Com a utilização de programas que realizam interpolação é possível realizar de forma mais fácil atividades matemáticas, por exemplo, atividades de modelagem. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 201 • A disciplina de modelagem pode ser utilizada no Ensino Superior para a interpretação de situações mais complexas e que envolvam a utilização de modelos. • Quando lidamos com sequências monótonas crescentes limitadas, podemos encontrar o valor que as limitam, ou seja, o limite quando a quantidade de termos da sequência tende ao infinito. • Existem tipos de modelos matemáticos diferentes para descrever situações com diversas características. Esses tópicos são apenas algumas das coisas que você deve ter aprendido na quarta unidade, mas tenho certeza que você aprendeu muito mais. Uma forma de organizar o pensamento e suas aprendizagens é escrevendo um texto a respeito de tudo o que você aprendeu. O que você acha de realizar essa atividade? Outra atividade que pode ser interessante é a elaboração de um plano de aula que utilize os conceitos de modelagem. Tem também uma forma para que você possa dividir seu conhecimento e discutir a respeito de suas descobertas e para isso tenho um convite a você. Convite importante Para finalizar essa unidade, tenho um convite importante. O convite é para participar do fórum de aprendizagem. No fórum de aprendizagem dessa disciplina você terá a oportunidade de dividir sua aprendizagem e refletir a respeito da opinião de outras pessoas. Bons estudos e boas participações. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 202 A última unidade desse material teve a intenção proporcionar a você, futuro professor de matemática, contato com uma ferramenta que pode ser utilizada em atividades de modelagem, bem como em diversos outros tipos de atividades, o software CurveExpert. Além disso, você teve contato com uma atividade de modelagem voltada para o Ensino Superior, aprendendo mais a respeito dos modelos estudados nas unidades anteriores. Essa unidade é rica em conceitos muito importantes para a modelagem, alguns podem parecer um pouco difíceis ou confusos, mas com a utilização de uma calculadora científica e com a substituição adequada dos valores, é resolver e analisar as situações de interesse. Para que você aproveite ao máximo o material dessa unidade, é importante que faça as leituras sugeridas, estude os materiais que apresentam exemplos resolvidos e estude passo a passo cada uma das etapas, para que assim você compreenda os conceitos envolvidos. Para aprofundar seu conhecimento a respeito dos assuntos tratados nessa unidade, que tal resolver as atividades de aprendizagem? Bons estudos. 1. Atividades de modelagem podem ser úteis para que os estudantes desenvolvam capacidades importantes, como a tomada de decisões, análise de situações e Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 203 desenvolvimento do senso crítico, mas também podem promover a aprendizagem de conteúdos. Em uma atividade de modelagem, desenvolvida com estudantes do 1º ano do Ensino Médio, a professora apresentou os seguintes dados: Solicitou aos estudantes para que analisassem os dados e realizassem uma atividade de modelagem, desenvolvendo um modelo que descrevesse o comportamento desses pontos. Ao determinar um Modelo Matemático que descrevesse tal situação, chegaram à seguinte expressão y=3.2x-1. Com a intenção de compreender melhor tal expressão, os estudantes utilizaram o programa CurveExpert para representar os dados. Conhecendo as propriedades das funções do tipo exponencial, assinale a alternativa que apresenta a representação obtida pelos estudantes. Quilometragem Preço pago (R$) 1 3 2 6 3 12 4 24 5 48 6 96 Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 204 a) b) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 205 c) d) Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 206 e) 2. Na atividade de modelagem apresentada nessa unidade foi obtido o seguinte Modelo Matemático Aplicando esse modelo, é correto afirmar que o valor aproximado quando t = 2030 é: a) 512789. b) 524645. c) 475189. d) 478495. e)3145879. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 207 e utilizando o programa CurveExpert, é correto afirmar que a função que melhor descreve o comportamento desse modelo é: a) Função Linear. 3. Sabendo que o modelo validado obtido em uma atividade de modelagem é dado por Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 208 b) Função quadrática. c) Função polinomial do quarto grau. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 209 d) Função logarítmica. e) Função polinomial do terceirograu. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 210 4. Ao lidarem com uma atividade de modelagem a respeito do crescimento bacteriano em condições específicas, os estudantes de licenciatura em Matemática validaram o Modelo Matemático como sendo um modelo adequado para a situação. Sabendo que t representa o tempo desde o começo do estudo, é correto afirmar que no tempo igual a 9 unidades de tempo, a quantidade de bactérias será de aproximadamente: a) 47581 bactérias. b) 54784 bactérias. c) 94751 bactérias. d) 47518 bactérias. e) 89521 bactérias. 5. Em atividades de Modelagem Matemática, é importante conhecer valores reais, para que por meio desses valores seja possível realizar estudos e assim, elaborar um modelo adequado aos dados. Vejamos um quadro que apresenta dados relacionados ao nascimento de crianças na maternidade XXXX. Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 211 Mês do ano de 2014 Quantidade de Nascimento Janeiro 35 Fevereiro 40 Março 32 Abril 38 Maio 42 Junho 50 Julho 33 Agosto 48 Setembro 42 Outubro 51 Novembro 55 Dezembro 36 Com a utilização do software CurveExpert foi possível representar os dados da seguinte forma: Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica U4 212 Faça um estudo e desenvolva um modelo que seja adequado para representar tal situação, utilizando os conhecimentos adquiridos ao longo desse material. Para isso, utilize os modelos e os conteúdos que achar necessário. Depois fazer essa atividade de modelagem, você chegará a um modelo que pode ser descrito por uma função de qual tipo? a) Função polinomial do sexto grau. b) Função polinomial do sétimo grau. c) Função polinomial do oitavo grau. d) Função polinomial do nono grau. e) Função polinomial do décimo grau. U4 213Desenvolvimento de modelos matemáticos na educação básica Referências BARBOSA, J. C. Modelagem na educação matemática: contribuições para o debate teórico. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 24., 2001, Caxambu. Anais... Rio Janeiro: ANPED, 2001. 1 CD-ROM. BARBOSA, J. C. A prática dos alunos no ambiente de modelagem matemática: o esboço de um framework. Modelagem Matemática na Educação Matemática Brasileira: pesquisas e práticas educacionais, Recife, v. 3, 2007. BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. São Paulo: Contexto, 2002. IBGE. Anuário Estatístico 95. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. U N O PA R M O D ELA G EM M ATEM ÁTIC A Modelagem Matemática