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U N O PA R M O D ELA G EM M ATEM ÁTIC A Modelagem Matemática Keila Tatiana Boni Renata Karoline Fernandes Modelagem Matemática Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Boni, Keila Tatiana ISBN 978-85-8482-200-3 1. Matemática. 2. Modelos matemáticos. I. Fernandes, Renata Karoline. II. Título. CDD 511.8 Karoline Fernandes. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 216 p. : il. B715m Modelagem matemática / Keila Tatiana Boni, Renata © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Nilton R. dos Santos Machado Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2015 Editora e Distribuidora Educacional S. A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041 -100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ SumárioSumário Unidade 1 | Modelagem Matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de Matemática Seção 1 - Pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática 1.1 | Modelo matemático 1.2 | Modelagem Matemática Seção 2 - Procedimentos da atividade de Modelagem Matemática 2.1 | Etapas e subetapas do processo de Modelagem Matemática 2.2 | Onde a Modelagem Matemática é utilizada? Seção 3 - A Modelagem Matemática na perspectiva educacional 3.1 | A Modelagem Matemática no contexto escolar 3.2 | Modelagem Matemática e Modelação Matemática: qual a diferença? 3.3 | Avaliação da aprendizagem Seção 4 - Implicações da Modelagem Matemática no processo de aprendizagem 4.1 | Importância da utilização da Modelagem Matemática na sala de aula 4.1.1 | Aspecto relacionado à motivação a partir do estabelecimento de relações entre Matemática e vida real 4.1.2 | Aspecto relacionado ao uso de computadores no ensino de Matemática 4.1.3 | Aspecto relacionado ao trabalho cooperativo 4.1.4 | Aspecto relacionado ao desenvolvimento do conhecimento crítico reflexivo 4.1.5 | Aspecto relacionado à utilização de diferentes registros de representação 4.1.6 | Aspecto relacionado à ocorrência de aprendizagem significativa Unidade 2 | Modelos Matemáticos para o ensino de matemática: exemplos no Ensino Fundamental Seção 1 - Modelagem Matemática no Ensino Fundamental 1.1 | A atividade de Modelagem Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental Seção 2 - Modelo Matemático 1: “Cerca elétrica” 2.1 | Modelo matemático: “cerca elétrica” 59 63 63 69 69 7 11 12 13 19 19 24 27 27 32 38 43 43 44 44 45 46 47 48 Unidade 3 | Desenvolvimento de Modelos Matemáticos na educação básica Seção 1 - A utilização da Modelagem Matemática em aulas da educação básica 1.1 | Atividades de Modelagem Seção 2 - Atividade de modelagem e o conteúdo programático 2.1 | Utilização de atividades de modelagem para contemplar os conteúdos programáticos Seção 3 - Atividade de modelagem – a Ritalina 3.1 | A ritalina 111 115 115 129 129 137 137 Unidade 4 | Desenvolvimento de Modelos Matemáticos na educação básica Seção 1 - Utilização do software curve para auxiliar em atividades de modelagem 1.1 | Software curve Seção 2 - Modelo de modelagem e o problema da água 2.1 | Atividade de modelagem – A água 2.1 | A água e o abastecimento 2.1.1 | Modelo 1: consumo médio anual de água nas residências 2.1.2 | Obtenção do valor de estabilidade Seção 3 - Continuação do modelo de modelagem e o problema da água – o modelo do crescimento populacional 3.1 | Modelagem 2: crescimento populacional na cidade do interior do Paraná 159 163 163 173 173 174 175 177 187 187 Seção 3 - Modelo Matemático 2: “Construção de casas” 3.1 | “Construção de casas” 3.1.1 | Como fazer uma planta baixa de uma casa? 3.1.2 | Como o construtor de uma casa sabe o tamanho que se quer construir? 3.1.3 | Quais devem ser as medidas do terreno e o local da construção da casa? 3.1.4 | Área útil e área construída: o que são e quais suas relações? 3.1.5 | Vendo o projeto da casa por outra perspectiva: construção de maquete 3.1.6 | Quanto de pisos, tijolos e tinta vão precisar? 3.1.7 | Tesoura do suporte ao telhado: o que é isso e como confeccioná-las? 3.1.8 | Finalizando a casa: aonde vai a caixa d’água? Seção 4 - Modelo Matemático 3: “Telefonia celular” 4.1 | Modelo matemático: telefonia celular 77 77 78 79 81 82 84 85 87 88 93 93 Apresentação O que podemos perceber na atual educação, mais especificamente no ensino de Matemática, é que o modo, tradicional e desvinculado da realidade, que os educadores estão acostumados a proporcionar novos conhecimentos aos alunos, tem provocando neles aversão a essa disciplina, uma vez que, em geral, não conseguem atribuir sentido para aquilo que é trabalhado em sala de aula. Com o intuito de apresentar uma alternativa pedagógica potencial para enfrentar a situação relatada, apresentamos a obra “Modelagem Matemática”, destacando orientações de como utilizá-la no processo de ensino e de aprendizagem. Assim, a ideia principal que permeia este material é que a Modelagem Matemática auxilia no processo de ensinar e de aprender conceitos matemáticos a partir do reconhecimento de situações-problemas reais em que se pode aplicar tais conceitos, aproximando a teoria da prática, o que conduz o estudante a um estudo significativo daquilo que está sendo estudado e a perceber a importância e aplicabilidade da Matemática. Portanto, este material é de extrema importância para o futuro professor que objetiva, após sua formação, desenvolver uma prática pautada na aprendizagem significativa de seus alunos. Bons estudos! Unidade 1 MODELAGEM MATEMÁTICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade trazemos uma discussão a respeito da Modelagem Matemática, que se constitui como uma alternativa pedagógica em que se aborda, por meio de conhecimentos matemáticos, um problema real que pode ser matemático ou extramatemático. Em pormenores, apresentamos nesta unidade os principais pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática, os procedimentos para desenvolver atividades nessa abordagem e destacamos seu papel no processo de ensino e de aprendizagem de objetos matemáticos em sala de aula. Todas estas abordagens têm por objetivo proporcionar a você, futuro professor de Matemática, oportunidades de acesso às diversas possibilidades de integração de atividades de Modelagem Matemática à prática educativa, visando conduzi-lo a uma perspectiva otimista a respeito da utilização da Modelagem Matemática em sala de aula, como alternativa pedagógica que potencializa o processo de aprendizagem de objetos matemáticos a partir da constatação da aplicabilidade da Matemática em situações reais. Keila Tatiana Boni Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 8 Nesta seção esclarecemos os procedimentos de uma atividade de Modelagem Matemática que estabelece um elo entre situação-problema real e a situação final, que corresponde à resolução da problemática. Assim, nesta seção, apresentamos as etapas e subetapas que constituem os procedimentos da atividade de Modelagem Matemática. Seção 2 | Procedimentos da atividade de Modelagem Matemática Nesta seção, abordamos sobre a Modelagem Matemática no contexto escolar, diferenciando a Modelagem Matemática da Modelação Matemática. Destacamos,ainda, em que consiste avaliar, tanto os estudantes quanto a própria prática diante de uma atividade de Modelagem Matemática. Nesta seção, após realizar uma abordagem sobre a Modelagem Matemática no contexto educacional, discutimos sobre as principais implicações dessa alternativa pedagógica no processo de aprendizagem, explicitando a importância de sua utilização na sala de aula em diversos aspectos. Seção 3 | A Modelagem Matemática na perspectiva educacional Seção 4 | Implicações da Modelagem Matemática no processo de aprendizagem Nesta primeira seção apresentamos uma caracterização da Modelagem Matemática, destacando o que é modelo, ponto-chave da atividade nessa perspectiva. Assim, nesta seção, fazemos uma abordagem sucinta, mas ao mesmo tempo essencial, sobre aspectos fundamentais da Modelagem Matemática, tendo em vista introduzir você, estudante, no estudo que será realizado nas próximas seções. Seção 1 | Pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 9 Introdução à unidade Diante de tantas dificuldades que o professor enfrenta com relação ao processo de ensino e de aprendizagem de Matemática na Educação Básica, podemos considerar a Modelagem Matemática como uma alternativa pedagógica profícua para minimizar tais dificuldades. A criação de situações-problemas a partir da realidade e de temas de interesse dos alunos, tão potenciais matematicamente quanto aqueles rotineiramente apresentados pelo professor, contribuem para que o aluno se sinta mais motivado em aprender. Isso acontece porque durante uma atividade de Modelagem Matemática o aluno é o autor principal do processo de aprendizagem, envolvendo- se em uma investigação que o permitirá atribuir sentido e conhecer a aplicabilidade e a importância de conceitos matemáticos estudados em sala de aula. Nessa perspectiva, esta unidade vem trazer a você, caro estudante, esclarecimentos sobre a Modelagem Matemática como uma atividade que pode provocar melhorias na aprendizagem de conceitos matemáticos, partindo da evidenciação de que a Matemática pode ser útil, instigante e, ao mesmo tempo, agradável quando contextualizada com o real e o cotidiano. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 10 Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 11 Seção 1 Pressupostos teóricos a respeito de modelagem matemática Introdução à seção Se você parar para refletir sobre tudo o que já aprendeu (e vai aprender) no curso de Matemática, deve se questionar para que servem os conhecimentos de Cálculo, Geometria (descritiva e analítica) e Estruturas Algébricas. São possíveis de serem aplicados? Se sim, quando e como? Você estudará, nesta primeira seção, os princípios da Modelagem Matemática, a qual não foi engendrada no âmbito da Educação Matemática, mas a partir da Matemática Aplicada. Nessa perspectiva, a Modelagem Matemática como estratégia de ensino e de aprendizagem de Matemática contribui para que conceitos matemáticos possam ser compreendidos a partir de resultados práticos, oriundos da aplicação de tais conceitos em situações reais. Apesar da abordagem que realizaremos nesse estudo remeter-se, sobretudo, a estratégias de ensino e de aprendizagem de Matemática, ressaltamos que a Modelagem Matemática é considerada como um método científico de pesquisa, sendo, deste modo, aplicada também em outras áreas, tais como a Astrofísica, a Química, as Ciências Biológicas etc. Diante desse contexto, já podemos constatar uma primeira justificativa para a importância da Modelagem Matemática no processo de ensino: ela pressupõe um trabalho multidisciplinar, quebrando barreiras impostas entre diversificadas áreas do conhecimento. Além disso, a Modelagem Matemática no processo de ensino e de aprendizagem contribui para que o estudante se envolva ludicamente com a Matemática a partir do seu potencial aplicável e se envolva, ao mesmo tempo, com a Matemática e tecnologias. Devido à sua essência unir teoria e prática, seja por meio da aplicação matemática, seja por meio da criação matemática, a Modelagem Matemática conduz o estudante ao desejo de entender a realidade que o cerca e a buscar meios para agir sobre esta realidade e transformá-la. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 12 1.1 Modelo matemático De acordo com Biembengut e Hein (2013), a ideia de modelagem pode ser entendida, metaforicamente, como o objeto produzido por um escultor a partir da argila, pois, tendo em mãos o material necessário (argila) e fazendo uso de técnicas, intuição e muita criatividade, ele consegue construir um objeto, um modelo, que representa algo real ou imaginário. Do mesmo modo, podemos entender um modelo matemático como uma representação de algo, sendo este modelo uma imagem concebida da mente humana “no momento em que o espírito racional busca compreender e expressar de forma intuitiva uma sensação, procurando relacioná-la com algo já conhecido, efetuando deduções” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 11). Partindo do exposto, podemos entender que os modelos são vastamente utilizados em diversas áreas, sendo que o que diferencia os modelos de cada situação é a finalidade para a qual foram construídos: de demonstrar algo (como uma maquete), para prever ou explicar um fenômeno, com um fim pedagógico (para ilustrar um conceito em estudo) etc. Se considerarmos o modelo como uma finalidade pedagógica, mais especificamente na disciplina de Matemática, podemos definir que um modelo matemático pode ser entendido como um conjunto de símbolos e de relações matemáticas, os quais visam traduzir, de algum modo, um determinado fenômeno ou problema relacionado a uma situação real (BIEMBENGUT; HEIN, 2013). Almeida, Silva e Vertuan (2013) defendem que na Matemática os modelos não são usados apenas para representar algo (ou um conceito), mas para explicar situações (sejam estas matemáticas ou não) que se pretende analisar numa perspectiva matemática. Os mesmos autores afirmam, ainda, que é possível dizer: Partindo do que foi abordado até aqui, reflita sobre algumas áreas em que podemos encontrar modelos com as finalidades já mencionadas. Além disso, pense outros tipos de finalidades que poderiam ser citadas com relação à construção de modelos. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 13 Em suma, podemos considerar que um modelo matemático é uma representação simplificada da realidade ou de um fenômeno, o qual será analisado sob a perspectiva e concepção de quem investiga. Sendo assim, a construção de um modelo não está pautada simplesmente em si mesmo, mas tendo em vista fomentar uma solução para um problema relacionado a tal realidade ou fenômeno que o modelo representa. 1.2 Modelagem Matemática Agora que você já aprendeu o que é um modelo, vamos compreender o que é Modelagem Matemática. Como você viu, um modelo é uma representação de algo real, de um fenômeno ou conceito. Relacionando com o que foi apresentado, podemos dizer, basicamente, que a Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo. De maneira geral, uma atividade de Modelagem Matemática pode ser descrita conforme apresenta o esquema a seguir: [...] que um modelo matemático é um sistema conceitual, descritivo ou explicativo, expresso por meio de uma linguagem ou uma estrutura matemática e que tem por finalidade descrever ou explicar o comportamento de outro sistema, podendo mesmo permitir a realização de previsões sobre este outro sistema (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 13). SITUAÇÃO INICIAL (Problemática) SITUAÇÃO FINAL (Solução para a problemática) PROCEDIMENTOS Figura 1.1 | Descrição de uma atividade de Modelagem Matemática FONTE: Adaptado de: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 12). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagemde matemática U1 14 No esquema temos que a situação inicial é chamada de situação-problema e para solucioná-la utiliza-se um conjunto de procedimentos e conceitos, com os quais é possível produzir um modelo, por meio do qual se torna possível solucionar a problemática inicial. De maneira geral, “[...] pode-se dizer que matemática e realidade são dois conjuntos disjuntos e a modelagem é um meio de fazê-los interagir” (BIEMBENGUT; HEIN, 2013). É possível percebermos que a Matemática (que corresponde aos procedimentos) e a realidade (que corresponde à situação-problema) estão intrinsecamente relacionadas e esta relação contribui potencialmente para que novos conhecimentos, sejam estes matemáticos ou não, sejam construídos, integrados ou, até mesmo, acionados. Apesar de considerarmos uma situação inicial como uma situação-problema, é essencial definirmos o que será considerado como problema em uma atividade de Modelagem Matemática. Nesse estudo, o termo problema será compreendido como uma situação para a qual a pessoa que se envolve com este não possui esquemas a priori para solucioná-lo. Tendo em vista que um problema, para assim ser considerado, depende do sujeito e dos esquemas eficazes que possui para lidar com esse problema, assim, podemos concluir que não pode existir uma única maneira de solucioná-lo, como não necessariamente poderá haver uma única solução. Dessa forma, podemos afirmar que a construção de um modelo matemático depende dos conhecimentos matemáticos que o indivíduo possui. Se o indivíduo possui conhecimentos mais básicos, apenas estes poderão ser evocados ao lidar com uma situação-problema, assim como um indivíduo com conhecimentos mais avançados em Matemática elaborará modelos mais sofisticados e mais eficazes para lidar com situações-problemas mais complexas. Entretanto, é importante Você estudou que uma situação inicial na atividade de Modelagem Matemática se caracteriza como uma situação- problema. O que define um problema? Será que algo que é um problema para você também é para outra pessoa? Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 15 ressaltar que a validade e a eficácia de modelos matemáticos não estão estritamente relacionadas ao nível de conhecimento do indivíduo, sendo que é por esse motivo que é possível propor atividades de Modelagem Matemática em diversos níveis de escolaridade, inclusive nos mais elementares, como nos anos iniciais do Ensino Fundamental, desde que estes alunos já tenham conhecimentos matemáticos básicos para lidar com situações-problemas de menor complexidade. Agora que já fizemos uma abordagem relacionando a Modelagem Matemática com os modelos, vamos definir em que consiste, de fato, a Modelagem Matemática. “Neste contexto, entendemos por Modelagem o processo de aproximar ou transformar problemas concretos do mundo real em modelos de problemas que simulem de forma ótima o objeto de estudo e assim poder resolvê-los para interpretar suas soluções de forma clara (CHUQUIPOMA, 2012, p. 7). Por meio da Modelagem Matemática objetiva-se propor soluções para situações- problemas por intermédio de modelos matemáticos. Dessa forma, considera- se o modelo matemático como “[...] o que 'dá forma' à solução do problema e a Modelagem Matemática é a ‘atividade’ de busca por essa solução” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 15). Bassanezi (2004) defende que a Matemática em si objetiva, fundamentalmente, extrair a parte essencial de uma situação-problema para, então, formalizá-la em um contexto abstrato, característico da Matemática, tornando possível reduzir o pensamento referente à situação-problema em uma linguagem mais precisa. A Matemática, nesse contexto, é responsável por sintetizar ideias concebidas em situações empíricas, sendo que estas, em geral, encontram-se camufladas dentre tantas variáveis menos importantes. Contudo, vale ressaltar que, apesar de mencionarmos que a atividade de Modelagem Matemática é engendrada a partir de situações e fenômenos reais, nem todas as situações ou fenômenos podem ser modelados. Um exemplo diz respeito às emoções e aos sentimentos humanos, como amor, ciúmes e saudade, os quais não são possíveis de serem descritos significativamente por meio de modelos matemáticos. Tendo como base os estudos de Bassanezi (2004), é essencial elencarmos alguns cuidados que precisam ser tomados ao se envolver com atividades de Modelagem Matemática: Figura 1.2 | Cuidados com as atividade de modelagem matemática Para que a Modelagem seja eficiente, é preciso esclarecer que os modelos que constituem uma atividade nessa perspectiva representam aproximações da realidade e não a realidade em si. (continua) Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 16 Fonte: Bassanezi (2004) A excessiva utilização de simbolismo matemático pode prejudicar a compreensão da situação que representa. A linguagem matemática adotada precisa ser equilibrada e circunscrita à problemática e aos objetivos que se pretende atingir. Pode haver situações para as quais não existe teoria que torna possível construir modelo matemático adequado. E, ainda que exista teoria, pode ser que essa não condiz ou não seja suficiente para obter os resultados almejados. 1. A Modelagem Matemática — arte que consiste na transformação de situações da realidade em problemas matemáticos com soluções interpretadas na linguagem do mundo real (BASSANEZI, 2004) — impõe ao aluno a posição de sujeito do processo cognitivo. Considerando o que você estudou até aqui sobre Modelagem Matemática, julgue os itens a seguir: I- No processo de Modelagem Matemática, nem todo problema ou fenômeno, com dados provenientes de Acesse o link abaixo e leia o artigo “Por uma educação matemática crítica: a modelagem matemática como alternativa”, dos autores Lourdes Maria Werle Almeida e André Silva, e saiba mais sobre a Modelagem Matemática como estratégia de ensino e de aprendizagem em Matemática. <http://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/ viewFile/2752/3304>. Acesso em: 15 maio 2015. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 17 2. A respeito da Modelagem Matemática, analise as afirmações a seguir, assinalando (V) para as afirmativas verdadeiras ou (F) para as afirmativas falsas. Em seguida, observe a sequência delas e escolha a alternativa correta. ( ) Na Modelagem Matemática parte-se de uma situação inicial (problemática) e, após alguns procedimentos, visa- se chegar à situação final (a construção de um modelo). ( ) A aula expositiva e explicativa, na qual o aluno tem o papel de expectador e depositário de informações, é favorável ao desenvolvimento da tendência de Modelagem Matemática. ( ) Tanto a Modelagem na Matemática Aplicada quanto a Modelagem na Educação Matemática possuem diversas perspectivas e finalidades, mas com o objetivo comum de estudar, resolver e compreender um problema da realidade ou de outra área do conhecimento, utilizando, para isso, sobretudo, a Matemática. ( ) A Modelagem Matemática é eficiente, pois os modelos que constituem uma atividade nessa perspectiva representam fielmente e totalmente a realidade. Assinale a sequência correta: a) F – F – F – V. b) V – F – V – F. c) V – V – F – V. d) F – V – V – F. situações reais, se adequa às ferramentas matemáticas ao alcance do saber e da aprendizagem do aluno. II- Com a Modelagem pretende-se que o aluno aprenda Matemática problematizando contextos reais. III- Uma condição imprescindível na Modelagem Matemática para que esta seja válida é a de um contexto matemático com alto grau de elaboração. Assinale a alternativa em que constam apenas as afirmativas corretas: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 18 Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 19Seção 2 Procedimentos da atividade de modelagem matemática Introdução à seção Você já estudou na seção anterior que em uma atividade de Modelagem Matemática parte-se de uma situação inicial e real (problemática) e, mediante um conjunto de procedimentos, constrói-se um modelo matemático que possibilita “dar forma” à solução do problema abarcando tanto conceitos matemáticos quanto conceitos externos à Matemática. Mas, que procedimentos são esses? É no estudo desses procedimentos que nos inseriremos a partir de agora. 2.1 Etapas e subetapas do processo de Modelagem Matemática A Modelagem Matemática de uma problemática oriunda de uma situação ou fenômeno real deve seguir uma sequência de etapas que, até então, denominados genericamente de procedimentos. Antes de estudar sobre esses procedimentos, considerando o que foi mencionado sobre Modelagem Matemática até o momento, reflita: como é que podemos confrontar problemas do mundo real com modelos que possam interpretar tais problemas? Ao realizar essa reflexão, considere que a Modelagem Matemática também pode ser considerada como um método científico de pesquisa. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 20 Os procedimentos que permitem que haja a interação entre Matemática e realidade podem ser agrupados em três etapas, subdivididas em seis subetapas. Figura 1.3 | Etapas e subetapas dos procedimentos de Modelagem Matemática FONTE: A autora (2015) INTEIRAÇÃO MATEMATIZAÇÃO MODELO MATEMÁTICO Reconhecimento da situação-problema Formulação do problema → hipótese Interpretação do modelo Familiarização com o assunto a ser modelado → referencial teórico Resolução do problema em termos do modelo Validação do modelo → avaliação Vamos entender cada uma dessas etapas e subetapas elencadas: • Inteiração: esta etapa, como o próprio nome diz, corresponde ao ato de inteirar-se, de informar-se sobre algo. No contexto da Modelagem Matemática, a inteiração corresponde ao momento em que se começa a conhecer a situação- problema em seus pormenores. Para conhecer a situação-problema existem duas maneiras de obter informações sobre ela: indireta ou diretamente. As informações são obtidas indiretamente quando se realiza estudos teóricos, a partir de artigos, livros, revistas especializadas etc. Já as informações diretas são obtidas por meio da experiência em campo (in loco), podendo ser esta experiência realizada pelo próprio indivíduo que se envolverá na atividade de Modelagem Matemática. Neste último caso, as informações podem ser oriundas de dados Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 21 experimentais obtidos por outrem, como especialistas da área. Além disso, os dados e informações podem ser de natureza qualitativa ou quantitativa. Com relação às duas subetapas apresentadas – reconhecimento da situação- problema e familiarização com o assunto a ser modelado – ambas podem ser compreendidas como concomitantes durante o processo de inteiração, pois estas subetapas estão relacionadas à compreensão da situação-problema. Nesse sentido, não podemos dizer que uma ocorre antes e a outra depois, ou que uma precisa terminar para que a outra comece, mas ambas estão relacionadas às diversas formas de inteiração com as informações e os dados que permitem a compreensão, cada vez mais clara, sobre a situação-problema. Essa etapa da inteiração é essencial, porque esse é o ponto de partida para a formulação do problema e do estabelecimento de metas a serem atingidas tendo em vista sua resolução. Afinal, a formulação de problemas depende da falta de compreensão clara sobre a situação: é quando não se conhece claramente a situação em estudo que diversos questionamentos sobre ela emergem. Entretanto, para que estes questionamentos sejam coerentes à situação, é necessário que algumas informações a respeito desta já tenham sido conhecidas. • Matematização: esta etapa, certamente, caracteriza-se como a mais desafiadora, pois será nesse momento que a situação-problema, apresentada, até então, em linguagem natural, será traduzida para a linguagem matemática. Caracterizamos esse momento como desafiante, pois, em geral, uma situação- problema se apresenta em uma linguagem que muitas vezes pouco, ou em nada, se aproxima da linguagem matemática. Além disso, esta etapa é desafiadora no sentido de que intuição, criatividade, experiência e conhecimento de técnicas e procedimentos matemáticos que sejam adequados para representar a situação-problema são elementos essenciais que o indivíduo precisa possuir. Considerando o que você estudou até o momento sobre Modelagem Matemática, comparando esta ao método científico, bem como analisando o que você acabou de estudar sobre a etapa de inteiração, reflita: será que esta etapa é apenas inicial no processo de atividade de Modelagem Matemática, ou a inteiração pode ser estendida durante o desenvolvimento da atividade? Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 22 Esse momento de matematização é realizado “[...] a partir de formulação de hipóteses, seleção de variáveis e simplificações em relação às informações e ao problema definido na fase de inteiração” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 16). Para essa etapa destacamos duas subetapas: formulação do problema e resolução do problema em termos do modelo. O primeiro corresponde à tradução da situação-problema para uma linguagem matemática, por meio de expressões, equações, gráficos etc., que auxiliem no processo de busca da solução. Nesta subetapa é fundamental: Quanto à subetapa resolução do problema em termos do modelo, esta corresponde à análise ou à própria resolução a partir das ferramentas matemáticas que se têm disponíveis. Nessa perspectiva, é perceptível que é indispensável um saber aguçado sobre as ferramentas matemáticas envolvidas, contudo, nesse processo, o computador pode ser uma ferramenta bastante potencial, principalmente para obter resultados aproximados, por meio de processos discretos. • Modelo Matemático: esta etapa refere-se à conclusão do modelo, momento em que ele é avaliado, tendo como foco evidenciar o nível de aproximação entre o modelo e a situação-problema que ele representa, corroborando, assim, o grau de confiabilidade em utilizá-lo. Nesse sentido, temos duas subetapas: a interpretação do modelo, que é quando se analisa as implicações da solução oriunda do modelo, e a validação do modelo, que é quando se retorna à situação-problema para avaliar quão significativa e relevante é a solução obtida por meio do modelo. Caso o modelo não atenda satisfatoriamente às expectativas que o geraram, retorna-se à etapa de matematização, ajustando-se as hipóteses, as variáveis, entre outros. Após a apresentação das etapas e subetapas de uma atividade de Modelagem Matemática, esperamos que você, estudante, tenha percebido que estas se • classificar as informações (relevantes e não relevantes), identificando fatos envolvidos; • decidir quais os fatores a serem perseguidos, levantando hipóteses; • selecionar variáveis relevantes e constantes envolvidas; • selecionar símbolos apropriados para essas variáveis; e • descrever essas relações em termos matemáticos (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 14). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 23 constituem como procedimentos necessários para tornar possível realizar tal atividade, porém, não necessariamente estas etapas precisam se apresentar linearmente, mas de maneira dinâmica, num processo de “idas e voltas”. Em resumo, podemos considerar que as etapas e subetapas apresentadas constituem-se por elementos que evidenciam as principais características da Modelagem Matemática, “[...] o início é uma situação-problema; os procedimentos de resolução não são predefinidos e as soluções não são previamente conhecidas; ocorre a investigação de um problema; conceitosmatemáticos são introduzidos ou aplicados; ocorre a análise da solução” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 17). Voltando aos procedimentos de uma atividade de Modelagem Matemática, perceba que o procedimento final, que corresponde à validação do modelo, nos remete questionar: o que pode ser considerado como um bom modelo? Como já foi mencionado, o bom modelo é aquele que responde satisfatoriamente à situação-problema que representa. Contudo, Bassanezi (2004) vai além, defende que o bom modelo é aquele que favorece a formulação de novos modelos. Afinal, por mais satisfatório que se apresente, precisamos ter bem claro que nenhum modelo é definitivo, podendo este ser melhorado ou, até mesmo, substituído. Esse ponto de vista do autor Bassanezi (2004, p. 31) é defendido por ele ao considerar os seguintes aspectos: Além disso, para uma mesma situação-problema, um mesmo modelo pode ser eficiente para uma pessoa e para outra não. Isso acontece porque o modelo depende do contexto ao qual está inserido, por exemplo, para uma mesma situação-problema, o mesmo modelo pode ser considerado “bom” por um químico, no sentido de ser aplicável, mas não ser considerado da mesma forma para um matemático. • Os fatos conduzem constantemente a novas situações; • Qualquer teoria é passível de modificações; • As observações são acumuladas gradualmente de modo que novos fatos suscitam novos questionamentos; • A própria evolução da Matemática fornece novas ferramentas para traduzir a realidade (Teoria do Caos, Teoria Fuzzy etc). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 24 Acessando o link indicado a seguir você conhecerá a Modelagem Matemática segundo a perspectiva de outros autores diferentes dos que utilizamos nesse capítulo. São eles: Burak, Caldeira, Barbosa e, também, Biembengut, sendo que este é utilizado no presente estudo. <http://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/ viewFile/1642/1058>. Acesso em: 15 maio 2015. 2.2 Onde a Modelagem Matemática é utilizada? Como você está cursando licenciatura, é claro que você já imagina que a utilização da Modelagem Matemática destina-se à sala de aula, porém, sua utilização não se restringe apenas à área educacional. Como já foi explanado, a Modelagem Matemática pode ser, de certo modo, compreendida como um método científico, portanto, pode ser aplicada em diversos ramos. Primeiramente, vamos esclarecer que, quando falamos sobre aplicação, nos referimos à utilização de conceitos matemáticos visando entender ou explicar fenômenos reais. E o elo entre matemática e realidade é a Modelagem Matemática. Começaremos abordando sobre a Modelagem Matemática como método científico. Segundo Bassanezi (2004, p. 33), alguns pontos justificam a importância da Modelagem Matemática ser utilizada como instrumento de pesquisa: • Pode estimular novas ideias e técnicas experimentais. • Pode dar informações em diferentes aspectos dos inicialmente previstos. • Pode ser um método para se fazer interpolações, extrapolações e previsões. • Pode sugerir prioridades de aplicações de recursos e pesquisas e eventuais tomadas de decisão. • Pode preencher lacunas onde existem falta de dados experimentais. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 25 • Pode servir como recurso para melhor entendimento da realidade. • Pode servir de linguagem universal para compreensão e entrosamento entre pesquisadores em diversas áreas do conhecimento. Tendo discutido sobre a Modelagem Matemática como instrumento de pesquisa, as principais áreas de pesquisa em que tal abordagem é empregada são: • Física Teórica. Essa área foi impulsionada pela matemática em diversos aspectos, sobretudo, devido ao desenvolvimento das Equações Diferenciais Ordinárias (EDOs) e da Teoria dos Campos Vetoriais. Este estudo é amplamente utilizado em conteúdos sobre Eletricidade, Hidrodinâmica, Elasticidade e Magnetismo. Tal integração da Matemática aos estudos da Física Teórica teve como ponto de partida o desenvolvimento da Teoria da Relatividade e da Teoria Quântica, quando se evidenciou que os conceitos intuitivos tradicionais não eram suficientes para descrever e buscar entender conceitos físicos fundamentais, tais como espaço, tempo e matéria. • Química Teórica. Esta área de pesquisa objetiva entender as propriedades das moléculas individuais em termos de elétrons e outras partículas. Durante o processo desse entendimento, além das Equações Diferencias Ordinárias que são utilizadas para modelar velocidade de reações químicas, também são utilizadas as matrizes para descrever a estrutura das moléculas, além da utilização de diversos outros conceitos matemáticos. • Biomatemática. Também nessa área há uma grande aplicação de Equações Diferenciais Ordinárias ou Parciais, entre outros conceitos matemáticos. Contudo, na área biológica, a dificuldade de aplicação da Matemática é maior se comparada à Física e à Química Teórica. Tal dificuldade está pautada no fato de os fenômenos estudados em Biologia, em geral, apresentarem variáveis de comportamentos aleatórios e sensíveis a pequenas perturbações. É nesse contexto que outros estudos da Matemática Pura têm se destacado como aplicação na área biológica: para tratar sobre fenômenos aleatórios a Teoria Fuzzy, a Teoria do Caos, dentre outras, tem proporcionado valiosas contribuições. Concomitantemente ao progresso da área biológica, devido à matematização, a própria Matemática tem se desenvolvido diante da complexidade dos fenômenos biológicos. Além das três áreas destacadas, podemos ainda considerar a aplicação de Modelagem Matemática nas Engenharias, na Ciência da Computação, nas Ciências Sociais, na Economia, entre tantas áreas que estão se iniciando ou já estão se desenvolvendo na utilização da Matemática. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 26 1. De acordo com estudos realizados nesta seção, a Modelagem Matemática de uma situação ou problema real deve seguir procedimentos que podem ser organizados em etapas e subetapas distintas. Considerando essa abordagem, analise a afirmativa: “A partir de uma situação-problema a ser estudada, o momento em que se observa os fatos, compara com outros estudos e se faz deduções e analogias é considerado um momento de ”. É correto afirmar que a palavra que completa a afirmativa acima é: a) Matematização (formulação do problema – hipótese). b) Matematização (resolução do problema em termos do modelo). c) Modelo matemático (interpretação da solução). d) Modelo matemático (validação do modelo – avaliação). 2. Você estudou nessa seção que a Modelagem Matemática pode ser utilizada em diversas áreas. Uma dessas áreas é a Economia. Veja a seguinte situação: “(Ulbra 2012) Preocupados com o lucro da empresa VXY, os gestores contrataram um matemático para modelar o custo de produção de um dos seus produtos. O modelo criado pelo matemático segue a seguinte lei: C=15000- 250n+n², onde C representa o custo, em reais, para se produzirem n unidades do determinado produto”. Veja que nessa situação o modelo utilizado para representar a situação-problema é uma equação de 2º grau, o que ilustra a possibilidade de aplicação de conceitos matemáticos na Economia. Considerando a situação descrita acima e seus conhecimentos matemáticos, responda: quantas unidades deverão ser produzidas para se obter o custo mínimo? a) – 625. b) 125. c) 1245. d) 625. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 27 Seção 3 A modelagem matemática na perspectiva educacional Introdução à seção Após apresentar os primeiros pressupostos teóricos a respeito de Modelagem Matemática, bem como os procedimentos para realizar atividades com essa abordagem e o seu caráter de método científico, podendo, assim, ser aplicado em diversas áreas, vamos agora contemplar a aplicação da ModelagemMatemática como estratégia de ensino e de aprendizagem, ponto-chave dos nossos estudos. 3.1 A Modelagem Matemática no contexto escolar Atividades de Modelagem Matemática, tal como caracterizamos nas seções anteriores, podem ser incluídas em aulas regulares de Matemática. Nesse contexto, a Modelagem Matemática se constitui como uma alternativa pedagógica, sendo que nesta alternativa objetivamos fazer uma abordagem matemática partindo de uma situação-problema que não necessariamente precisa ser matemática. Almeida, Silva e Vertuan (2013) defendem que características fundamentais podem ser evidenciadas em atividades conduzidas de acordo com a Modelagem Matemática nas aulas de Matemática. Estas características fundamentais podem ser observadas na figura a seguir: Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 28 CARACTERÍSTICAS Envolve um conjunto de ações cognitivas do indivíduo É direcionada para objetivos e metas estabelecidas e/ou reconhecidas pelo aluno Envolve a representação e manipulação de objetos matemáticos Figura 1.4 | Características fundamentais evidenciadas em atividades de Modelagem Matemática FONTE: A autora (2015) Vamos entender essas características fundamentais: quando o aluno se envolve com uma situação real (situação-problema), o primeiro passo é identificar suas intenções e evidenciar suas limitações para desenvolver uma atividade envolvendo tal situação. Nesse momento, o aluno começa a colocar em prática ações cognitivas implícitas e explícitas. As ações cognitivas implícitas são aquelas manifestadas por meio de procedimentos, enquanto que as ações explícitas são manifestadas por meio de representações simbólicas. Tais ações são colocadas em ação devido à necessidade do aluno em apresentar e explicar a situação-problema que está sendo estudada e para qual se visa obter uma resposta. Diante da situação-problema, o primeiro passo do aluno é investigar essa situação para tentar compreendê-la. Nesse momento, o aluno começa a construir representações mentais da situação e estas são essenciais para auxiliar o aluno a compreender e atribuir significados para a situação-problema. Assim, identificamos duas ações cognitivas: representação mental e compreensão da situação. A partir das informações sobre a situação-problema, o aluno buscará definir metas para a sua resolução e, nesse momento, a ação cognitiva que podemos destacar é a estruturação da situação. Ao definir essas metas, o aluno já começa a compreender a situação-problema numa perspectiva matemática. Assim, podemos considerar que tal “[...] estruturação é mediada por conhecimentos e habilidades que levam à identificação de regularidades e relações até então desconhecidas” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 18). Perceba que este momento de estruturação, baseado em conhecimentos e habilidades matemáticas, corresponde à ação cognitiva que leva ao nome da etapa de Modelagem Matemática: matematização. Nesse momento, o aluno busca Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 29 associar as informações e compreensões que possui sobre a situação-problema aos conceitos, técnicas e procedimentos matemáticos que conhece e que se mostram adequados para representar em linguagem matemática a situação- problema. Sendo assim, essa ação cognitiva envolve a construção e resolução de um modelo matemático que represente a situação-problema. Para que tudo isso seja possível, é imprescindível que o aluno domine técnicas e procedimentos matemáticos e, além disso, seja capaz de coordenar representações diferentes referentes a um mesmo objeto matemático. Nesse momento, a ação cognitiva colocada em ação é denominada de síntese. É evidente que não é uma tarefa fácil realizar essa coordenação entre representações, por isso destacamos o papel essencial de recursos tecnológicos, sobretudo, o uso de softwares. A próxima ação cognitiva é a interpretação e validação, que é caracterizada por um momento de comparações ente ideias e articulação entre conhecimentos diversos. Assim, é realizada uma análise da representação matemática (modelo) referente à situação-problema, não apenas quanto aos procedimentos matemáticos, mas, principalmente, com relação ao modelo apresentar-se adequado ou não para representar a situação-problema. O ponto culminante da atividade de Modelagem Matemática é a comunicação, ou seja, tendo passado por todas as etapas anteriormente descritas, é chegado o momento em que o aluno deverá comunicar os resultados obtidos a outros com o intuito de estabelecer uma argumentação de convencimento de que os resultados alcançados são consistentes e adequados. A figura a seguir ilustra as ações cognitivas dos alunos, as quais foram mencionadas e destacadas no texto que você acabou de estudar e, evidencia, ainda, por meio dessa ilustração, a relação destes com as diversificadas fases do desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática. No decorrer dessa seção comentamos diversas vezes sobre “objeto matemático”. Você sabe o que é isso? Reflita sobre o que pode ser considerado como objeto matemático e, em seguida, realize uma pesquisa para descobrir exatamente o que significa e o que envolve. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 30 Figura 1.5 | Ações cognitivas dos alunos e sua relação com as fases de Modelagem Matemática FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 19). Até agora falamos sobre as ações cognitivas do aluno durante atividade de Modelagem Matemática. Mas, afinal, qual a finalidade e importância da atividade de Modelagem Matemática no contexto escolar? Há muito tempo que os conceitos matemáticos estudados em sala de aula perderam o sentido, pois são, em geral, ensinados de maneira mecânica, pautados em algoritmos, técnicas e procedimentos sem nenhuma conexão com a realidade. Nesse aspecto, a Modelagem Matemática pode contribuir para trazer à tona a motivação na aprendizagem de Matemática, uma vez que conduz o estudante a se envolver em uma proposta investigativa, tendo como ponto inicial situações fenomenológicas. Desse modo, o estudante passa a aprender Matemática de maneira mais próxima ao que ocorreu no processo histórico de construção dessa ciência: ao Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 31 invés de aprender Matemática da maneira tradicional, por exemplo, aprender um teorema na graduação seguindo o modelo “enunciado – demonstração – aplicação”, com a Modelagem Matemática essa aprendizagem ocorre ao contrário, como se estivesse “redescobrindo” a teoria. Nessa perspectiva, partindo-se de uma motivação, seja esta interna ou externa à Matemática, levanta-se e valida-se hipóteses e questionamentos para chegar ao enunciado. É nesse sentido que alternativas pedagógicas, tais como a Resolução de Problemas e a Modelagem Matemática, têm sido amplamente defendidas pelos envolvidos com a Educação Matemática. O principal intuito é promover um ensino de Matemática de maneira significativa a partir da realidade. Entretanto, ainda que tenhamos argumentos favoráveis com relação à utilização da Modelagem Matemática, ainda existem aqueles que impõem obstáculos para seu uso, sobretudo, em cursos regulares. Dentre tais obstáculos, estes podem ser classificados de acordo com três tipos, de acordo com Bassanezi (2004): instrucionais, para os estudantes e para os professores. Vamos entender cada um desses obstáculos: • Obstáculos instrucionais: já sabemos que todo curso regular possui um programa, o qual deve ser cumprido totalmente. Como já foi estudado sobre os procedimentos de atividade de Modelagem Matemática podemos entender que uma atividade nessa abordagem demanda muito tempo, o que pode acarretar no não cumprimento de todo o programa. • Obstáculos para os estudantes: a utilização da Modelagem Matemática precisa ser bem orientada e,para isso, o professor precisa se sentir confiante e estar bem preparado para conduzir esse tipo de atividade. Caso contrário, como a utilização da Modelagem Matemática difere da rotina tradicional de estudos do estudante, esta pode se tornar responsável por gerar um sentimento apático às aulas. Nossos alunos estão acostumados a terem o professor como o centro do processo educativo, sendo ele o detentor e transmissor do conhecimento e os alunos apenas receptores e reprodutores do que lhes é transmitido. Quando o aluno se vê como centro de todo o processo de ensino e de aprendizagem, sendo o principal responsável pela dinâmica desse processo e pelos resultados que serão obtidos, é inevitável que a aula ocorra mais lentamente. Além disso, as salas de aula, em geral, são compostas por alunos com formação heterogênea, o que dificulta o relacionamento entre conhecimentos teóricos (que são em níveis diferentes) e situação-problema prática e real. Ainda, por se tratar de turmas heterogêneas, algo comum que pode ocorrer é que a temática da situação-problema que engendrará a atividade de Modelagem Matemática não seja de interesse de uma parcela dos estudantes, provocando nestes o desinteresse pela atividade. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 32 • Obstáculos para os professores: muitos professores se sentem despreparados para desenvolver atividades de Modelagem Matemática em suas turmas. Essa insegurança é justificada, basicamente, por dois motivos: ou o professor não tem conhecimento sobre o que é e como desenvolver uma atividade na perspectiva da Modelagem Matemática, ou tem medo de se envolver em uma situação embaraçosa em que não conseguirá aplicar conhecimentos matemáticos em áreas que para ele são totalmente ou parcialmente desconhecidas. Ainda, relacionado ao obstáculo instrucional, o professor teme que o desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática demande muito tempo de suas aulas, prejudicando que ele consiga cumprir o programa do curso. Você deve estar se perguntando agora: tendo em vista a importância da Modelagem Matemática no âmbito escolar e ponderando os obstáculos mencionados, de que maneira seria possível utilizar a modelagem nos cursos regulares, contornando (ou até mesmo enfrentando) esses obstáculos? Bassanezi (2004) defende que uma alternativa seria modificar o clássico processo de Modelagem Matemática: ter como ponto de partida momentos de sistematização do conteúdo, bem como propor analogias constantes entre o que foi estudado com outras situações-problemas. Ainda, de acordo com o autor, a Modelagem Matemática “no ensino é apenas uma estratégia de aprendizagem, onde o mais importante não é chegar imediatamente a um modelo bem-sucedido, mas caminhar seguindo etapas onde o conteúdo matemático vai sendo sistematizado e aplicado” (BASSANEZI, 2004, p. 38). Nesse contexto, a Modelagem Matemática passa a ser encarada como uma estratégia de ensino e de aprendizagem de Matemática, passando a receber o nome de Modelação Matemática. 3.2 Modelagem Matemática e Modelação Matemática: qual a diferença? Você estudou o que é a Modelagem Matemática. Mas, e Modelação Matemática, o que é isso? A Modelação Matemática corresponde ao método que utiliza a essência da modelagem em cursos e programas regulares. Em outras palavras, a Modelação Matemática orienta-se por desenvolver o conteúdo previsto, partindo de um tema ou modelo matemático, constituindo-se como modelagem em educação. Uma diferença que já podemos apontar entre a Modelação e a Modelagem Matemática é que no primeiro a validação de um modelo não é considerada Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 33 como uma etapa prioritária, isso porque os modelos obtidos não é o foco, mas sim “o processo utilizado, a análise crítica e sua inserção no contexto sociocultural” (BASSANEZI, 2004, p. 38). Nesse sentido, o mais importante não é o fenômeno modelo, mas é fazer uso deste para motivar o aprendizado de objetos matemáticos. Biembengut e Hein (2013, p. 18-19) apresentam alguns objetivos da Modelação Matemática como método de ensino e de aprendizagem de Matemática, desde o nível mais elementar até o mais avançado: Os autores sugerem que, ao implementar a proposta de modelação matemática, cinco passos precisam, necessariamente, serem seguidos: • Diagnóstico: é preciso fazer um levantamento entre os alunos, contemplando quantos serão envolvidos na atividade, o horário da disciplina, a realidade socioeconômica e os principais interesses dos alunos como forma de direcionar o melhor tema que poderá ser proposto, o nível de conhecimento matemático dos estudantes, a disponibilidade dos alunos para que seja possível realizar um trabalho extraclasse etc. • Escolha do tema ou modelo matemático: ao desenvolver o conteúdo programático, parte-se de um tema para cada tópico do conteúdo ou do programa de determinado período letivo. Contudo, se um tema for abrangente e interessante, é possível utilizar um único tema para todo o período. Este tema pode ser escolhido pelo professor ou pelos alunos. • Desenvolvimento do conteúdo programático: o desenvolvimento segue as mesmas etapas e subetapas do processo de modelagem que já foi mencionado: interação (reconhecimento da situação-problema e familiarização), matematização Os objetivos são: • aproximar uma outra área do conhecimento da Matemática; • enfatizar a importância da Matemática para a formação do aluno; • despertar o interesse pela Matemática ante a aplicabilidade; • melhorar a apreensão dos conceitos matemáticos; • desenvolver a habilidade para resolver problemas; e • estimular a criatividade. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 34 (formulação e resolução do problema) e modelo matemático (interpretação e validação). Vamos entender cada uma dessas etapas e subetapas, agora, na Modelação Matemática: Figura 1.6 | Etapas e subetapas no processo de Modelação Matemática se suscita Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 35 Finalizadas as etapas e subetapas elencadas, é possível formular novo modelo, caso o tema ainda continue sendo de interesse dos alunos. Para isso, elabora-se uma segunda questão e seguem-se novamente os passos descritos. Segundo Biembengut e Hein (2013), o principal objetivo de desenvolver atividades de Modelagem Matemática em sala de aula é conduzir os alunos à aprendizagem de criar modelos matemáticos e, consequentemente, aprimorar seus conhecimentos. Ainda de acordo com esses autores, o que se espera por meio da Modelagem Matemática é: Contudo, o professor precisa ter cuidado com a maneira que irá integrar o trabalho com Modelagem Matemática ao programa regular. As atividades de Modelagem Matemática não podem simplesmente ser realizadas de maneira não diretiva, sem uma finalidade clara e sem planejamento. As atividades precisam ser realizadas, tendo em vista enriquecer a aprendizagem de conceitos estudados e, portanto, precisa ser muito bem planejado o tempo que o professor precisará disponibilizar para desenvolver atividades de Modelagem Matemática, que objetivos pretende atingir, qual o momento ideal para desenvolver tal abordagem (antes ou depois de trabalhar determinado conteúdo) etc. • incentivar a pesquisa; • promover a habilidade em formular e resolver problemas; • lidar com tema de interesse; • aplicar o conteúdo matemático; e • desenvolver a criatividade (BIEMBENGUT; HEIN, 2013, p. 23). FONTE: A autora (2015) outras Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 36 Em suma, o que podemos entender por Modelação Matemática, diferenciando-a da Modelagem Matemática, é que, por meio desta última, podemos nos deparar com situações que dificultam o desenvolvimento de atividades na sala de aula como, por exemplo, o professor ter a obrigaçãode acompanhar constantemente o tema escolhido por cada aluno (ou cada grupo de alunos) e o fato de nem sempre as ferramentas matemáticas necessárias para determinada atividade estarem ao alcance do aluno e, até mesmo, do professor. Nesse sentido, para que seja possível desenvolver atividades de Modelagem nas aulas de Matemática, foi preciso realizar algumas adaptações para que a Modelagem pudesse ser considerada como metodologia de ensino e de aprendizagem, porém sem perder suas características próprias. É essa metodologia adaptada da Modelagem que chamamos de Modelação Matemática. Na Modelação Matemática, uma das opções disponíveis ao professor consiste em escolher modelos, fazendo sua recriação na sala de aula, junto aos alunos e de acordo com os conteúdos abordados. Tais modelos podem ser utilizados para melhorar a capacidade dos estudantes em aplicar conceitos matemáticos, mas nada impede que a Modelagem seja utilizada como processo para ensinar conceitos matemáticos. Os autores Biembengut e Hein (2013) esclarecem que, para implementar um trabalho com Modelação Matemática em sala de aula, o professor precisa, primeiro, ter disposição e vontade de modificar sua prática e de aprender cada vez mais. Além disso, os autores esclarecem que não basta ler e estudar teorias sobre o assunto, pois a segurança em desenvolver este tipo de trabalho só é adquirida com a experiência. Algumas orientações para aqueles professores que se iniciarão na proposta de atividades de Modelação Matemática são: Figura 1.7 | Orientações para as atividades de modelação matemática Conhecer alguns modelos clássicos por meio da literatura a respeito da história da ciência ou da ciência contemporânea, adaptando-os para a sala de aula; ou Apresentar cada um dos conteúdos do programa a partir de modelos matemáticos de outras áreas do conhecimento (Física, Química, Economia, dentre outras); ou Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 37 Aplicar trabalhos ou projetos realizados por outros colegas, por tempo curto, com uma única turma e de preferência aquela cujo conteúdo se tem melhor domínio; ou Para os alunos, propor que busquem exemplos ou tentem criar seus próprios modelos, sempre a partir da realidade. FONTE: Biembengut e Hein (2003, p. 30). Acesse o link indicado a seguir e leia o artigo “Modelagem Matemática na formação de professores: possibilidades e limitações” e saiba mais sobre as possibilidades e as limitações de professores e futuros professores em aprender Modelagem Matemática para utilizá-la como método de ensino. <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/ pdf/2120_1094.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015. Quanto à familiarização dos estudantes com atividades de Modelagem Matemática, Almeida, Silva e Vertuan (2013) conjecturam três diferentes “momentos”, considerando que essa familiarização deve ocorrer de modo gradativo: • 1º momento: o professor coloca à disposição do aluno uma situação- problema e diversas informações a respeito dela. Em seguida, os procedimentos de matematização (formulação de hipóteses, simplificação, tradução da linguagem natural para a linguagem matemática etc.), assim como a validação do modelo, são acompanhados constantemente pelo professor. • 2º momento: o professor sugere uma situação-problema para seus alunos e estes, neste momento, em grupos, se mostrarão mais independentes do professor no que diz respeito à definição de procedimentos extramatemáticos e matemáticos que são adequados para a situação-problema. Estes procedimentos correspondem à formulação de hipóteses, obtenção e validação do modelo e sua utilização para descrever e responder à questão gerada a partir da situação-problema. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 38 • 3º momento: ainda em grupos, nesse momento, os alunos serão responsáveis pela condução de uma atividade de Modelagem Matemática, cabendo a eles todo o processo compreendido entre a identificação de uma situação- problema até a análise e resposta à situação por meio de modelo matemático, cabendo aos alunos, ainda, a comunicação dos resultados da investigação para a comunidade escolar. Ainda que tenhamos apresentados esses três momentos, não defendemos que estes devem ser seguidos criteriosamente, mas são sugestões para desenvolver um trabalho gradativo de familiarização dos alunos com a Modelagem Matemática, momentos estes que se mostraram adequados em algumas experiências já realizadas (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013). Para iniciar uma atividade de Modelagem Matemática no âmbito escolar, não basta o professor se suprir de conhecimentos teóricos, pois a segurança em desenvolver esse trabalho é advinda, sobretudo, da experiência. Além disso, não basta apenas o professor receber formação para lidar com a Modelagem Matemática: o aluno, do mesmo modo, precisa ser formado gradativamente no sentido de adquirir habilidades para se envolver de forma cada vez mais independente com atividades de Modelagem Matemática. 3.3 Avaliação da aprendizagem Tendo estudado as diferenças entre Modelação e Modelagem Matemática, e sabendo que, ao desenvolver propostas nesse âmbito, em sala de aula, é preciso que o trabalho seja bem planejado e diretivo, faz-se necessário discutirmos sobre como realizar uma avaliação tendo em vista evidenciar se os objetivos traçados para a atividade de Modelagem Matemática foram alcançados. Lembrando que, além de avaliar a aprendizagem do aluno, é essencial que seja realizada uma avaliação da própria prática, afinal, muitas vezes a abordagem do professor pode dificultar o processo de aprendizagem, não cabendo a culpa pelo fracasso apenas ao aluno. Nesse sentido, dois aspectos precisam, necessariamente, ser contemplados no processo avaliativo: o trabalho do professor, o qual pode ser redirecionado por essa avaliação, e o nível de aprendizado do aluno. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 39 Ao avaliar o nível de aprendizado dos alunos que se envolvem (ou se envolveram) com atividade de Modelagem Matemática, o professor precisa considerar dos aspectos: subjetivo e objetivo. O aspecto subjetivo corresponde à avaliação pautada nas observações do professor. Nesse quesito, o professor precisa ficar atento para observar, registrar e avaliar tudo o que diz respeito ao empenho do aluno, tal como participação, assiduidade e cumprimento de tarefas propostas. No aspecto objetivo, o professor pode contar com o auxílio de instrumentos, como provas escritas, exercícios, ente outros, considerando os seguintes critérios elencados por Biembengut e Hein (2013): • Produção e conhecimento matemático: nesse critério contemplam- se os conhecimentos matemáticos específicos que devem ser explicitados e manifestados, tais como expressão por meio de gráficos e interpretação destes, raciocínio lógico, operacionalização de problemas numéricos etc. • Produção de um trabalho de modelagem em grupo: nesse critério contemplam-se os desempenhos manifestados pelos estudantes em relação ao grupo durante desenvolvimento da atividade de Modelagem Matemática: qualidade de questionamentos, obtenção de informações e dados sobre a situação-problema, exposição oral e escrita do trabalho etc. • Extensão e aplicação do conhecimento: nesse critério contemplam-se as habilidades dos estudantes em sintetizar, compreender e expressar os resultados matemáticos obtidos, bem como analisar e interpretar de maneira crítica outros modelos utilizados. Perceba que o papel do professor em avaliar é bastante complexo, pois diversos fatores estão envolvidos e diversos critérios precisam ser contemplados. Além disso, é muito importante que esses critérios de avaliação sejam esclarecidos para o estudante antes de dar início ao processo avaliativo. De que maneira você acredita que pode ser realizada a avaliação da aprendizagem do aluno durante e após o envolvimentocom atividade de Modelagem Matemática? E que maneiras você julga mais eficientes para esse fim? Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 40 1. De acordo com os estudos realizados nessa unidade, vimos que a Modelagem Matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. Além disso, vimos que a Modelagem Matemática pode ser entendida como um método científico de pesquisa, mas, também, pode ser entendida como uma estratégia de ensino e de aprendizagem. Quando considerada como estratégia de ensino e de aprendizagem, a modelagem é denominada modelação matemática. No que diz respeito à modelação matemática, assinale a opção correta: a) A modelação matemática parte de problemas teóricos da própria Matemática e tenta modelá-los a partir de um conjunto de procedimentos. b) A modelação matemática não considera que a validação do modelo é a etapa prioritária, mas considera que o mais importante é o processo utilizado, a análise crítica e sua inserção no contexto sociocultural. c) A modelação matemática tem por objetivo levar o indivíduo a aplicar conceitos puros e abstratos da Matemática, não tendo como foco a preparação desse indivíduo para a vida real como cidadão competente para entender exemplos representativos de aplicações de conceitos matemáticos. d) A modelação matemática tem por objetivo o desenvolvimento de novas técnicas e teorias matemáticas. 2. Sobre o uso da Modelagem Matemática na sala de aula, analise as afirmativas a seguir: I- Os resultados na sala de aula podem ser muito ricos, no entanto, dependem de uma preparação do professor para evitar que ocorra uma prática não diretiva, sendo que essa preparação não depende apenas de um estudo teórico, mas de experiências. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 41 II- A avaliação na Modelagem Matemática deve atribuir um significado especial ao desempenho do aluno, ponderando não apenas os conhecimentos matemáticos apreendidos, mas a compreensão da importância do modelo matemático, sua assiduidade e participação durante a atividade e as observações do professor. III- Para que o aluno possa se familiarizar com a atividade de Modelagem Matemática, a melhor opção é o professor propor um texto teórico para que o aluno aprenda o que é e como é desenvolvida uma atividade de Modelagem Matemática para, em seguida, deixá-lo escolher uma situação-problema, realizar todos os procedimentos de modelagem e validar esse modelo, sem ser necessária a mediação direta do professor. Estão corretas as afirmativas: a) I e II . b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 42 Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 43 Seção 4 Implicações da modelagem matemática no processo de aprendizagem Introdução à seção No decorrer dessa unidade já foram, de certo modo, explicitadas algumas implicações positivas sobre a utilização da Modelagem Matemática no processo de ensino e de aprendizagem. Vamos, agora, discutir mais especificamente as principais implicações da Modelagem Matemática na sala de aula. 4.1 Importância da utilização da Modelagem Matemática na sala de aula Como já foi estudado, a Modelagem Matemática fomenta muitas contribuições em diversas áreas. Na perspectiva educacional, por meio da integração de modelos matemáticos, a Modelagem Matemática contribui para conduzir os alunos a investigarem o “porquê” e o “como” desses modelos e para compreender a relevância destes para a situação-problema proposta e para a apreensão de conceitos matemáticos. A atividade de Modelagem Matemática na sala de aula pode ter dois objetivos: didática ou conceitual. O primeiro objetivo (didática) refere-se à atividade de Modelagem Matemática, que tem por finalidade desencadear a aprendizagem de Matemática; enquanto que o segundo objetivo (conceitual) refere-se à atividade de Modelagem Matemática, que tem em vista introduzir ou sistematizar conceitos matemáticos. As atividades de Modelagem Matemática contribuem, entre tantos outros aspectos, no processo de ensino e de aprendizagem de conceitos matemáticos por meio de aplicações desses conceitos em situações-problemas reais, extramatemáticos, os quais podem ser observados e até vivenciados pelo aluno fora do ambiente escolar. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 44 Nesse sentido, as atividades de Modelagem Matemática proporcionam ao aluno, sobretudo da Educação Básica, diversos aspectos que o motivam a aprender Matemática. É sobre esses aspectos que abordaremos na sequência. 4.1.1 Aspecto relacionado à motivação a partir do estabelecimento de relações entre Matemática e vida real Um dos fatores que certamente prejudica o processo de aprendizagem em Matemática e provoca nos estudantes um sentimento de aversão pela disciplina é a maneira como ela é ensinada: de maneira desvinculada da realidade. A Modelagem Matemática pode ser considerada como alternativa para minimizar tais problemas, uma vez que aproxima Matemática da realidade ao aplicar conceitos dessa área em situações-problemas advindas de fenômenos reais, sendo esses fenômenos pautados nos interesses dos alunos. Dessa forma, a compreensão de objetos matemáticos é facilitada, uma vez que o aluno se sente motivado em aprender, ao perceber que há aplicação da Matemática estudada na sala de aula em situações reais, inclusive em situações que envolvem outras áreas do conhecimento. Para exemplificar este aspecto, podemos considerar o caso em que o aluno consegue compreender o efeito de um medicamento no organismo, o qual “[...] vai diminuindo no decorrer do tempo e tende mesmo a desaparecer, no entanto, o aluno não associa esse fato ao conceito de uma função decrescente apresentada pelo professor” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 31). 4.1.2 Aspecto relacionado ao uso de computadores no ensino de Matemática Sabemos que as tecnologias são essenciais nos dias de hoje e que estão cada vez mais presentes na vida cotidiana de todas as pessoas, inclusive e, sobretudo, na vida dos alunos da contemporaneidade. Durante uma atividade de Modelagem Matemática é possível se deparar com situações em que fica difícil analisar ou validar um modelo por meio de cálculos, procedimentos e representações realizados manualmente e, nesse sentido, as tecnologias, em especial os computadores, podem auxiliar nesse processo. Sendo assim, a tecnologia é uma integração importante e necessária na maioria das atividades de Modelagem Matemática. Atualmente, são inúmeros os softwares disponíveis e que possibilitam a construção de gráficos, a realização de cálculos e a observação da influência de parâmetros. Assim, essas tecnologias permitem que o aluno tenha melhor contato Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 45 visual e experimental sobre o comportamento de um modelo considerado em uma atividade de Modelagem Matemática. Dentre as justificativas para a integração de tecnologias nas atividades de Modelagem Matemática, destacamos na figura a seguir três justificativas: Assim, em suma, podemos considerar que a integração de tecnologias na atividade de Modelagem Matemática possibilita interagir fatos reais com o conteúdo matemático estudado em sala de aula. Dessa forma, as tecnologias somadas às atividades de Modelagem Matemática potencializam a motivação do aluno em aprender, pois possibilitam explicitar uma ligação entre realidade e conhecimento teórico. 4.1.3 Aspecto relacionado ao trabalho cooperativo Para que seja possível haver aprendizagem em Matemática, além do estabelecimento de relações entre os objetos relativos a essa disciplina e refletir sobre a própria atividade matemática querealiza, é essencial que o aluno negocie Possibilita lidar com situações-problemas mais complexas e fazer uso de dados reais, ainda que estes sejam em grande quantidade ou assumam valores muito grandes. Permite que a maior parte dos esforços se concentre nas ações cognitivas associadas ao desenvolvimento da atividade de modelagem, considerando que a realização de cálculos, de aproximações e de representações gráficas são mediadas pelo uso do computador. Possibilita lidar com as situações-problemas por meio de simulações numéricas ou gráficas, variando parâmetros nas representações gráficas e (ou) algébricas. Figuras 1.9 | Justificativas para a utilização de tecnologias na Modelagem Matemática FONTE: Almeida, Silva e Vertuan (2013, p. 32). Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 46 significados matemáticos com outras pessoas. Se pensarmos nas ações de ensinar e aprender em sala de aula, podemos perceber que tais atos são constituídos por comunicação, interação e negociação de significados. Nesse sentido, “[...] aprender é uma experiência pessoal, mas que se dá em contextos sociais e cercados de relações interpessoais” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 32). Para que sejam estabelecidas interações de qualidade, as atividades desenvolvidas pelos estudantes podem influenciar significativamente, e é nesse intuito que a Modelagem Matemática se constitui como uma atividade profícua para estabelecer relações. Afinal, a atividade desenvolvida nesse contexto permite e depende da interação entre alunos, entre aluno e professor e, até mesmo, entre aluno e sociedade, uma vez que é nela que as situações-problemas, que engendram a atividade de Modelagem Matemática, têm origem. Vale destacar que a aprendizagem nesse âmbito consiste, sobretudo, no fato de que durante atividade de Modelagem Matemática os alunos envolvidos buscam atingir um mesmo objetivo, muitas vezes alcançado por caminhos diferentes, os quais são discutidos entre eles, proporcionando melhor apreensão dos conceitos matemáticos envolvidos na atividade. 4.1.4 Aspecto relacionado ao desenvolvimento do conhecimento crítico reflexivo O conhecimento crítico e reflexivo, para o qual a atividade de Modelagem Matemática proporciona fortes contribuições, conduz o estudante a ampliar e refinar sua visão de mundo, permitindo-o se “enxergar” em seu próprio contexto social (SKOVSMOSE, 2001). Na atividade de Modelagem Matemática em si, o conhecimento crítico e reflexivo contribui para a interpretação e a discussão de modelos matemáticos, ponderando suas características sociais concomitantemente aos conhecimentos matemáticos envolvidos. Considerando que esses modelos são oriundos de situações-problemas reais, podemos afirmar que, do mesmo modo, o conhecimento reflexivo traz contribuições para o aluno em sociedade, no sentido que o auxilia na tomada de decisões e em suas atitudes. Assim, podemos afirmar que os modelos matemáticos de uma atividade de Modelagem Matemática não são neutros, pois carregam em si grande aporte social e, portanto, muito mais do que aprender conceitos matemáticos, o aluno reflete, reage e age criticamente sobre a situação-problema com a qual se envolve. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 47 4.1.5 Aspecto relacionado à utilização de diferentes registros de representação Se você refletir sobre a aprendizagem de Matemática, perceberá que o conhecimento nessa disciplina só é possibilitado por meio de representações, que podem ser gráficas, tabulares, algébricas, em linguagem natural etc. Sendo assim, as representações estão associadas à compreensão, à atribuição de significados e ao conhecimento em Matemática, sendo que estes estão pautados na identificação das diferentes representações relacionadas a um mesmo objeto matemático. Ainda mais nos conceitos mais abstratos da Matemática, suas representações possibilitam ao aluno interagir com esses conceitos e conhecer suas principais características. Duval (2003) defende que as diversificadas representações de um mesmo objeto matemático são essenciais para a compreensão deste. Esses diferentes tipos de representações (figuras, gráficos, tabelas, linguagem natural, linguagem algébrica etc.) o autor denomina de “Registros de Representação Semiótica”. De acordo com Duval (2003), para que um sistema de signos seja considerado como registro de representação semiótica é preciso: • Que a representação seja identificável, ou seja, deve ser possível reconhecer na representação aquilo que ela representa. • Que o tratamento ocorra dentro de um mesmo sistema de registro. Por exemplo: No exemplo acima, temos a simplificação de uma expressão aritmética que pode ser considerada como tratamento, pois as transformações ocorrem, desde o início até o fim, em um mesmo registro: no registro aritmético. • Que a conversão ocorra. A conversão implica a transformação de um registro de representação de um objeto matemático em outro, sendo, portanto, uma transformação externa ao registro inicial. Por exemplo: {2+5-[7-(3-1)]}= ={2+5-[7-2]}= ={2+5-5}= ={7-5}= =2. Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 48 Figura 1.9 | Conversão entre registros de representação semiótica FONTE: Adaptado de Vertuan (2007, p. 24) Na figura acima temos a conversão entre registros de representação semiótica. A primeira conversão é da linguagem algébrica para a linguagem tabular, e a segunda conversão é da linguagem tabular para a gráfica, portanto, são registros diferentes, mas que se referem a um mesmo objeto matemático: função polinomial do terceiro grau. Contudo, é à coordenação entre registros que Duval (2003) atribui a responsabilidade principal pela compreensão de objetos matemáticos, pois essa consiste em “[...] mobilizar, simultaneamente, dois ou mais registros associados a um mesmo objeto matemático, identificando características do objeto em cada um dos registros” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 35). Assim, é possível evidenciar características em um registro que não são evidenciados em outro, portanto, estes registros se complementam. Nesse contexto, a Modelagem Matemática se apresenta como uma atividade potencial “[...] no que diz respeito à investigação sobre a compreensão de objetos matemáticos que se fazem presentes nas situações de modelagem a partir da coordenação entre os diferentes registros de representação associados aos objetos” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN, 2013, p. 35). 4.1.6 Aspecto relacionado à ocorrência de aprendizagem significativa Ausubel (1980), em sua teoria sobre Aprendizagem Significativa, argumenta que uma nova aprendizagem só ocorre a partir daquilo que o aluno já sabe. Isso é o que o autor chama de “subsunçores”, mas que conhecemos como “conhecimentos prévios”. Partindo desse pressuposto, o autor considera que, para o ensino conduzir o Modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem de matemática U1 49 aluno a uma aprendizagem significativa, é necessário cumprir as condições básicas: • Organizar material didático potencialmente significativo. • Os conhecimentos prévios dos alunos devem permitir a relação entre o que eles já sabem com os novos conhecimentos. • O aluno precisa se apresentar predisposto positivamente para aprender de maneira significativa. Essas condições básicas indicadas por Ausubel (1980) e elencadas acima são características presentes nas atividades de Modelagem Matemática. Tendo realizado os estudos desta seção, reflita e dê sua opinião: quais as implicações da modelagem matemática no processo de aprendizagem? Acessando o link a seguir você lerá um artigo em que se discutem as possíveis relações entre a perspectiva sociocrítica da Modelagem Matemática (que apresentamos uma breve abordagem no item 4.1.4.) e a aprendizagem significativa: <http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID281/v17_n1_a2012.
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