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U N O PA R Q U ÍM IC A G ERA L E EX PERIM EN TA L Química Geral e Experimental Renata Joaquim Ferraz Bianco Carlos Roberto da Silva Júnior Edson Torres Química geral e experimental Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bianco, Renata Joaquim Ferraz ISBN 978-85-8482-196-9 1. Química geral. 2. Química experimental. I. Silva Jr., Carlos Roberto da. II. Torres, Edson. III. Título. CDD 540 Bianco, Carlos Roberto da Silva Jr., Edson Torres. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 208 p. : il. B578q Química geral e experimental / Renata Joaquim Ferraz © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Nilton R. dos Santos Machado Editoração e Diagramação: eGTB Editora 2015 Editora e Distribuidora Educacional S. A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041 -100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 | Química geral Seção 1 - Estrutura atômica 1.1 | Modelos atômicos 1.1.2 | Modelo atômico de John Dalton 1.1.3 | Modelo atômico de Joseph John Thomson 1.1.4 | Modelo atômico de Ernest Rutherford 1.1.5 | Modelo atômico de Niels Bohr – Teoria atômica atual 1.2 | Matéria 1.3 | Elemento químico 1.3.1 | Íons 1.4 | Semelhanças atômicas 1.4.1 | Isótopos 1.4.2 | Isóbaros 1.4.3 | Isótonos 1.4.4 | Isoeletrônicos 1.5 | Diagrama de Linus Pauling 1.6 | Números quânticos 1.6.1 | Número quântico principal (n) 1.6.2 | Número quântico secundário (ℓ) 1.6.2.1 | Orbitais atômicos 1.6.3 | Número quântico magnético ou azimutal (mℓ) 1.6.4 | Número quântico de Spin (m s ) Seção 2 - Tabela periódica 2.1 | Organização periódica dos elementos químicos na tabela 2.2 | Períodos da Tabela Periódica 2.3 | Famílias ou grupos 2.4 | Metais, Semimetais e Não Metais Seção 3 - Ligações químicas 3.1 | Ligações químicas 2.2 | Ligações iônicas 2.3 | Ligações covalentes ou moleculares 2.4 | Ocorrência da ligação covalente ou molecular 2.5 | Ligação covalente coordenada dativa 2.6 | Ligação metálica 9 13 14 14 15 16 17 19 20 21 22 23 23 24 24 25 27 27 27 28 28 29 33 34 35 35 37 39 39 41 44 44 46 48 Unidade 2 | Reações químicas e leis ponderais Seção 1 - Reações Químicas 1.1 | Equação química 1.2 | Tipos de reações 1.3 | Reação de síntese ou adição 1.4 | Reação de análise ou decomposição 1.5 | Reação de simples troca ou deslocamento 1.6 | Reação de dupla troca 1.7 | Fatores importantes para ocorrência de reações químicas 1.8 | Reação de combustão Seção 2 - Leis ponderais 2.1 | Lei de Lavoisier – lei da conservação de massas 2.2 | Lei de Proust – lei das proporções constantes, definidas ou fixas 2.3 | Lei de Dalton – lei das proporções múltiplas 2.4 | Lei de Gay-Lussac Seção 3 - Balanceamento de equações químicas 3.1 | Método de balanceamento por tentativas e erros 3.2 | Método algébrico 3.3 | Método redox 3.4 | Método íon-elétron 57 63 64 68 68 70 71 72 73 74 77 78 80 83 84 87 88 91 94 99 Unidade 3 | Forças intermoleculares e cálculos estequiométricos Seção 1 - Forças Intermoleculares 1.1 | Gases, líquidos e sólidos 1.2 | Forças intermoleculares 1.3 | Forças Íon-dipolo 1.4 | Forças dipolo-dipolo 1.5 | Forças de dispersão de London 1.6 | Ligação de hidrogênio Seção 2 - Cálculos estequiométricos 2.1 | Massa atômica 2.2 | Massa molecular 2.3 | O mol 2.4 | Fórmulas mínimas a partir de análises 2.5 | Reagentes limitantes Seção 3 - Soluções 3.1 | Soluções aquosas 3.2 | Propriedades gerais das soluções aquosas 3.3 | Reações de precipitação 3.4 | Estequiometria de soluções 111 117 118 120 120 121 124 125 129 130 131 133 137 142 145 146 147 147 148 Unidade 4 | Química inorgânica Seção 1 - Ácidos e bases ou hidróxidos 1.1 | Nox: número de oxidação 1.2 | Determinação do nox 1.3 | Ionização e dissociação 1.4 | Tipos de eletrólitos 1.5 | Grau de ionização (α) 1.6 | ácidos 1.7 | Potencial hidrogeniônico 1.8 | Definição segundo Arrhenius 1.9 | Classificação 1.9.1 |Quanto ao número de elementos diferentes 1.9.2 | Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis 1.9.3 | Quanto à presença de oxigênio 1.9.4 | Quanto à força 1.10 | Força dos oxiácidos 1.11 | Força dos hidrácidos 1.12 | Nomenclatura dos ácidos 1.12.1 | Nomenclatura dos hidrácidos 1.12.2 | Nomenclatura dos oxiácidos 1.13 | Os ácidos na natureza 1.14 | Bases ou hidróxidos 1.15 | Indicadores ácido/base 1.16 | Definição segundo Arrhenius 1.17 | Classificação das bases ou hidróxidos 1.17.1 | Quanto ao número de hidroxilas (OH-1) 1.17.2 | Quanto à solubilidade em água 1.17.3 | Quanto à força 1.18 | Nomenclatura das bases ou hidróxidos Seção 2 - Sais e óxidos 2.1 | Definição e composição dos sais 2.2 | Reação de neutralização 2.2.1 | Reações de neutralização total e parcial 2.3 | Nomenclatura dos sais 2.4 | Propriedades funcionais dos sais 2.4.1 | Sais hidratados 2.4.2 | Sais duplos ou mistos 2.5 | Os óxidos 2.6 | Classificação 2.6.1 | Óxidos básicos 2.6.2 | Óxidos ácidos ou anidridos 159 163 163 165 167 169 170 171 173 175 176 176 177 177 177 178 179 180 180 180 181 183 184 185 185 185 185 186 186 189 189 190 190 191 192 193 193 194 195 196 196 2.7 | Nomenclatura dos óxidos 2.7.1 | Óxidos anfóteros 2.7.2 | Óxidos indiferentes ou neutros 2.7.3 | Óxidos duplos, mistos ou salinos 2.7.4 | Peróxidos 2.7.5 | Polióxidos ou superóxidos 197 198 198 198 199 199 Apresentação Olá, acadêmico(a)! Iniciamos agora a disciplina de Química Geral e Experimental. Neste curso vamos conhecer os princípios básicos que norteiam esta ciência que interage naturalmente com o meio que nos rodeia, sendo essencial para a existência de vida na Terra. Para isso, nosso estudo será dividido em quatro unidades de ensino, onde conheceremos os conceitos básicos da química e sua experimentação. Na Unidade 1 serão apresentados os tópicos básicos da química. Estudaremos os conceitos de modelo atômico e de matéria e energia e suas transformações. Conheceremos as propriedades dos elementos químicos e a periodicidade da Tabela Periódica. Veremos também como os átomos se ligam formando as moléculas através do estudo das ligações e reações químicas. Por fim, conheceremos um pouco sobre os processos de oxidação e redução. Na Unidade 2 conheceremos a estrutura de uma reação química, as reações de adição, decomposição, simples troca e dupla troca. Nesta unidade também veremos as condições necessárias para que ocorram reações, assim como a estrutura de uma reação de combustão. Veremos ainda as Leis Ponderais, que são as leis que norteiam as transformações da matéria, como a Lei de Lavoisier, a Lei de Proust, Lei de Dalton e a Lei de Gay-Lussac. Por fim, estudaremos as leis de balanceamento das reações químicas, com os métodos de tentativas e erros, pelo método algébrico e os métodos de oxidação e redução, que são divididos em métodos redox e íon-elétron. Na Unidade 3 começaremos a estudar as leis intermoleculares, que são as forças do tipo dipolo-dipolo, íon-dipolo, força de dispersão de London e Ligações de hidrogênio e como as atómos e moléculas se unem formando compostos sólidos, líquidos e gasosos. Nesta unidade veremos também as regras de cálculosestequiométricos da matéria, processadas através das reações químicas balanceadas. Veremos os conceitos de mol e a calcular fórmulas mínimas e reagentes limitantes. Por fim, veremos nesta unidade também as reações que se processam em soluções aquosas e como estas soluções são preparadas. Na Unidade 4 iniciaremos o estudo dos compostos inorgânicos, quais são as características principais destes compostos. Veremos os conceitos de ácidos e bases e suas nomenclaturas, respectivamente. Conheceremos também os conceitos relacionados ao pH, que é um importante parâmetro na área da química. E para finalizar nossos estudos, veremos os conceitos de sais e óxidos e suas classificações e também suas nomenclaturas. Este livro auxiliará você a conhecer os príncípios básicos da química geral e como podemos verificar os conceitos teóricos com experiências práticas. Este texto servirá como base para o entendimento sobre balanceamento de processos que ocorrem em indústrias quando reações químicas ocorrem, este ponto é importante dentro de um contexto de gerenciamento de produção. Este texto também auxiliará você no aprendizado de processos químicos que são importantes em outras áreas do conhecimento, como é o caso das engenharias, assim como nas formas de transferêcia do conhecimento. Bons estudos! Unidade 1 QUÍMICA GERAL Objetivos de aprendizagem: Caro(a) acadêmico(a), nesta unidade iremos estudar os conceitos gerais da química como ciência, responsável por estudar a composição, interação e transformação da matéria. Na seção 1 iremos abordar o tema: Estrutura atômica, que se refere ao estudo completo dos átomos existentes na natureza. Na seção 2 faremos um estudo completo da Tabela Periódica, uma ferramenta didático-pedagógica indispensável para a compreensão das propriedades periódicas e aperiódicas. E, para finalizar, na seção 3, reconheceremos os tipos de ligações químicas existentes que são responsáveis pelos milhares de compostos existentes em nosso dia a dia. Renata Joaquim Ferraz Bianco Nesta seção faremos um estudo completo dos átomos existentes na natureza. Seção 1 | Estrutura atômica Nesta seção iremos explorar as informações presentes na Tabela Periódica, uma ferramenta didático-pedagógica indispensável para a compreensão das propriedades periódicas e aperiódicas. Nesta seção reconheceremos os três tipos de ligações químicas existentes, ligações iônicas, covalentes e metálicas, que são responsáveis pelos milhares de compostos existentes em nosso dia a dia. Seção 2 | Tabela periódica Seção 3 | Ligações químicas Química geral U1 10 Química geral U1 11 Introdução à unidade Caro(a) acadêmico(a), a química está presente em todos os momentos de nossas vidas, ainda que muitas vezes não percebamos isso. Nossas roupas, por exemplo, podem ter origem natural ou artificial, como lã, algodão, seda, náilon, couro, que são obtidos através de reações químicas realizadas de maneira industrial em laboratório ou de ocorrência natural. Muitas pessoas fazem mau uso da definição da química, relacionando-a com produtos tóxicos, carcinogênicos e causadores de vários impactos ambientais. De certa forma, muitas dessas informações possuem fundamento, porém nem todas são verdadeiras, afinal, não podemos nos esquecer dos medicamentos, dos bactericidas, dos alimentos e etc., que nos causam muitos benefícios. Atualmente fala-se muito em sustentabilidade e este é um dos desafios da indústria química. Criar produtos em geral que facilitem e aumentem a qualidade de vida de forma sustentável, ou seja, que este desenvolvimento se apoie nos três pilares da sustentabilidade: a preocupação com o meio social, o meio econômico e o meio ambiente. A química é uma ciência experimental, por isso seu estudo e aplicação são indispensáveis para o desenvolvimento científico e tecnológico. A tecnologia, por exemplo, apresenta os conhecimentos de forma aplicada. Nos tempos antigos o homem já a aplicava sem ter noção, como na fabricação de cerveja, vinho e ligas metálicas. Hoje, a tecnologia é encontrada na produção industrial e, muitas vezes, sem domínio dos princípios envolvidos. Boa leitura! Química geral U1 12 Química geral U1 13 Seção 1 Estrutura atômica Introdução à seção Desde os primórdios o homem tentava entender a origem da vida, a relação entre o homem e o seu meio e as transformações ocorridas na natureza. Povos da antiguidade criaram mitos e lendas sobre deuses e figuras sobrenaturais. Com isso explicavam a origem do mundo, do fogo, da água, dos alimentos e etc. Foi na Grécia no século V a.C. que surgiram as primeiras tentativas de se entender os fenômenos da natureza desvinculados de forças sobrenaturais ou religiosas. Empédocles, um filósofo grego, idealizou a explicação da constituição da matéria. Para ele, a matéria era constituída por quatro elementos primários: o fogo, o ar, a água e a terra. Tais elementos sofriam constantes mudanças, porém, eram indestrutíveis. Em seguida, Aristóteles divulgou sua ideia de que esses quatro elementos poderiam ser diferenciados através de suas propriedades: • A terra seria fria e seca; • A água seria fria e úmida; • O fogo seria quente e seco; • O ar seria quente e úmido. Figura 1.1 | Os quatro elementos vitais: Terra, Água, Ar e Fogo Fonte: Disponível em: <http://www.clubedotaro.com.br/site/ n43_4_simb_quatro.asp>. Acesso em: 21 abr. 2015. Assim, uma substância poderia ser transformada na outra, apenas alterando suas propriedades. Ex.: a chuva era resultado do resfriamento do ar quente e úmido. Porém, por volta de 400 a.C., os filósofos Leucipo e Demócrito divulgaram que a matéria seria Química geral U1 14 formada por pequenas partículas indivisíveis, que seriam: os átomos. A alquimia foi muito importante para o desenvolvimento da química. Os alquimistas criaram equipamentos de laboratório e desenvolveram várias metodologias para a obtenção de metais, na produção de papiros, sabões e de funções inorgânicas, como: o ácido sulfúrico, o ácido nítrico, o hidróxido de sódio e o hidróxido de potássio. Figura 1.2 | Selo em homenagem a Demócrito Fonte: Disponível em: <http://oatomodedemocrito. blogspot.com/2010/09/pre-socraticos-democrito.html>. Acesso em: 19 abr. 2015. CHYMIA = fundir, moldar. Origem grega. KHEMEIA = terra ou país. Origem egípcia. Atualmente, com o avanço da tecnologia, podemos comparar os químicos com os antigos alquimistas. 1.1 Modelos atômicos Como vimos anteriormente, no século V a.C., Demócrito e Leucipo acreditavam que a matéria era constituída por pequenas partículas indivisíveis, os átomos. Porém, em 1808, John Dalton retomou essa ideia através de sua teoria atômica, sugerindo que os átomos eram esferas maciças (rígidas) e indivisíveis. No final do século passado, muitos cientistas desenvolveram vários experimentos para demonstrar que os átomos são constituídos por partículas ainda menores, subatômicas. (USBERCO; SALVADOR, 2006). Modelo atômico é uma representação gráfica que procura explicar, de maneira científica, os fenômenos relacionados à composição da matéria e suas formas. Um modelo atômico tem como função explicar a estrutura microscópica da matéria. 1.1.2 Modelo atômico de John Dalton Química geral U1 15 Figura 1.3 | Bola de Bilhar Fonte: Disponível em: <http://bioeduca55.webnode.com/news/introdu%C3%A7%C3%A3o-a-quimica%3A-a-teoria- atomica/>. Acesso em: 15 abr. 2015. O cientista inglês John Dalton (1766-1844) propôs, em meados de 1800, o modelo conhecido como Teoria Atômica de Dalton: • A matéria é constituída por pequenas partículas esféricas maciças e indivisíveis, denominadas átomos; • Elemento químico é a junção de átomos com a mesma massa, tamanho e as mesmas propriedades; • Elementos químicos diferentes possuem propriedades diferentes, tais como tamanho e massa; • A combinação de átomos de elementos diferentes forma substâncias diferentes; • Durante uma reação química, os átomos não são criados,nem destruídos, são reorganizados, formando novas substâncias. John Dalton ficou conhecido como: “O Pai da Teoria Atômica” e o seu modelo ficou conhecido conforme a Figura 1.3: Figura 1.3 | Bola de Bilhar 1.1.3 Modelo atômico de Joseph John Thomson Joseph John Thomson (1856-1940), no final de 1800, conseguiu demonstrar que o átomo não era divisível, utilizando uma aparelhagem denominada tubo de raios catódicos. Com base nas evidências deste experimento, Joseph John Thomson concluiu que: Química geral U1 16 Para obter maiores informações sobre o experimento de Joseph John Thomson com o Tubo de Raios Catódicos, consulte a referência: USBERCO, João; SALVADOR, Edgar. Química. 5. ed. vol. único. São Paulo: Saraiva, 2006. • Os raios eram partículas (corpúsculos) menores que os átomos; • Os raios apresentavam carga elétrica negativa, denominada elétron; • O átomo era uma esfera maciça, positiva, incrustada de elétrons (carga negativa), de modo que a carga total fosse nula; • Em sua totalidade, o átomo seria eletricamente neutro. O modelo atômico de Joseph John Thomson ficou conhecido conforme a Figura 1.4: 1.1.4 Modelo atômico de Ernest Rutherford Ernest Rutherford (1871-1937), em 1904, ao realizar um experimento com gás hidrogênio (H 2 ), detectou a presença de partículas com cargas elétricas positivas ainda menores, as quais ele denominou prótons (p). Figura 1.4 – Pudim de passas Fonte: Disponível em: <http://bioeduca55.webnode.com/news/introdu%C3%A7%C3%A3o-a-quimica%3A-a-teoria- atomica/>. Acesso em: 15 abr. 2015. Química geral U1 17 Figura 1.5 | Planetário Fonte: Disponível em: <http://bioeduca55.webnode.com/news/introdu%C3%A7%C3%A3o-a-quimica%3A-a-teoria- atomica/>. Acesso em: 15 abr. 2015. Ele propôs que o átomo seria constituído, no centro, por um núcleo positivo que continha a massa e os nêutrons do átomo. A região fora do núcleo, chamada de eletrosfera, deveria ser ocupada pelos elétrons de carga negativa, orbitando ao redor do núcleo. Este modelo lembrava um sistema solar, conhecido como modelo planetário, representado pela Figura 1.5. Sobre a experiência de Ernest Rutherford utilizando material radioativo e uma finíssima lâmina de ouro para verificar se os átomos eram maciços, confira em: REIS, Martha. Completamente Química: Química Geral. São Paulo: FDT, 2001. 1.1.5 Modelo atômico de Niels Bohr – Teoria atômica atual Niels Bohr (1885-1962) desenvolveu um modelo atômico partindo dos seguintes postulados: • Os elétrons movimentam-se em órbitas circulares ao redor do núcleo do átomo; Química geral U1 18 • Cada órbita possui energia constante, estacionária. Os elétrons que estiverem nas órbitas mais afastadas do núcleo serão mais energéticos; • Absorvendo certa quantidade de energia, o elétron salta para uma órbita mais energética. Voltando à sua órbita original, perde a mesma quantidade de energia, na forma de luz (ondas eletromagnéticas); • O núcleo é positivo e as órbitas são regiões específicas disponíveis para acomodar os elétrons, de carga negativa, as chamadas camadas eletrônicas ou níveis de energia; • Cada camada eletrônica ou nível de energia foi representado por uma letra: K, L, M, N, O, P e Q, recebendo um número quântico principal (n): 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente; • Cada camada eletrônica ou nível de energia comporta um número máximo de elétrons, conforme a Figura 1.6, a seguir: Figura 1.6 | Órbitas circulares dos elétrons e as camadas eletrônicas Fonte: Disponível em: <http://aprendendoquimicaonline.blogspot.com/2011/03/o-estudo-do-atomo.html>. Acesso em: 22 abr. 2015. OBS.: A camada eletrônica ou nível de energia mais afastada do núcleo é a mais energética e recebe o nome de Camada de Valência. Química geral U1 19 1.2 Matéria A matéria é definida como tudo que possui massa, volume e ocupa lugar no espaço. Se olharmos ao nosso redor, perceberemos que estamos cercados de matéria, como árvores, carros, ar, alimentos, água e etc. Porém, devemos ter o cuidado para não confundir energia com matéria. Energia não pode ser considerada como matéria, pois não ocupa lugar no espaço. Existem vários tipos de energia, como solar, elétrica, cinética, sonora, mecânica e etc. Sendo assim, energia é uma transformação, realização de trabalho. Toda matéria é formada por átomos, estes que são definidos como as menores partículas que constituem a matéria. Ao se definir a composição de um material ou substâncias, consegue-se identificar quais os átomos que a formam, ou seja, quais os elementos químicos que estão presentes. Exemplo: A água do mar é composta principalmente por sais como cloreto de sódio (NaCl), gases dissolvidos como o nitrogênio (N 2 ), oxigênio (O 2 ) e dióxido de carbono (CO 2 ), macronutrientes como fósforo (P) e enxofre (S), íons de magnésio (Mg+2), potássio (K+1), cálcio (Ca+2) e sulfato (SO 4 )-2. A matéria é dividida em substâncias e misturas. Seguem abaixo, no Quadro 1.1, as subdivisões das mesmas. SUBSTÂNCIA ELEMENTAR É formada por um mesmo elemento químico. EX: He, Al, Fe, etc. SUBSTÂNCIA PURA Não pode ser separada, pois apresenta composição constante. EX: H 2 O, O 2 , CO 2 etc. SUBSTÂNCIA SIMPLES É formada por átomos do mesmo elemento químico. EX: O 3 , N 2 , Cl 2 , etc. SUBSTÂNCIA COMPOSTA É formada por átomos de elementos químicos diferentes. EX: Ca(OH) 2 , SO 3 , Al 2 (SO 4 ) 3 , etc. MISTURA É a junção de duas ou mais substâncias, simples ou compostas. Podem ser classificadas como misturas homogêneas ou heterogêneas. EX: H 2 O + NaCl, H 2 O + CO 2 , O 2 + N 2 , etc. HOMOGÊNEA Apresenta apenas uma fase, um aspecto visual. EX: H 2 O + açúcar, misturas de gases, ligas metálicas, etc. HETEROGÊNEA Apresenta duas ou mais fases, dois ou mais aspectos visuais. EX: H 2 O + óleo, EX: H 2 O + pedra + CO 2 , etc. Quadro 1.1 | Substâncias e misturas Fonte: A autora Química geral U1 20 Para finalizar este conteúdo, veremos: As Partículas Fundamentais da Matéria: Prótons, Elétrons e Nêutrons. • Prótons: são partículas positivas, representadas por: p+ • Elétrons: são partículas negativas, representadas por: e- • Nêutrons: são partículas neutras, ou seja, não apresentam carga positiva ou negativa e são representadas por: n 1.3 Elemento químico A junção de vários átomos iguais, ou seja, que apresentam o mesmo número atômico (Z), é chamada de: Elemento químico. O número atômico (Z) é a característica mais importante de um elemento químico, pois ele indica o número de prótons (p) e o número de elétrons (e-) do elemento. Logo, em um elemento químico: Z = p = e- Traduzindo, número atômico é igual ao número de prótons e número de elétrons. Os elementos químicos são representados por um símbolo, seguindo a padronização da IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada), onde a primeira letra do elemento químico deve ser maiúscula e a segunda letra, se houver, deve ser minúscula. Em relação à nomenclatura dos elementos químicos, esta origina do latim. Todo elemento apresenta um número atômico (Z), um número de massa atômica (A) e um número de nêutrons (n). Para verificar estas informações, basta consultar uma Tabela Periódica, contudo o número de nêutrons deve ser calculado através da fórmula a seguir: n = A – Z Lembrando: n = número de nêutrons A = número de massa atômica Z = número atômico Química geral U1 21 Exemplo: 17 Cl 35,5 n = A – Z ------ n = 35,5 – 17 ------ n = 18,5 Assim, o valor de massa atômica é a soma do número atômico com o número de nêutrons. A = Z + n 1.3.1 Íons Os elementos químicos apresentam a tendência de perder ou ganhar elétrons para se estabilizar quimicamente, ou seja, alcançar os oito elétrons na camada de valência, tal estabilidade é explicada pela regra do octeto. Quando um elemento químico perde ou ganha elétrons, ele se torna uma espécie química carregada eletricamente, chamada de íon. REGRA DO OCTETO:Os gases nobres, elementos da família 8A ou grupo zero da Tabela Periódica, são elementos estáveis, pois já apresentam a camada de valência completa, com oito elétrons, com exceção do gás hélio, que é estável com dois elétrons na camada de valência, que é explicado pela regra do dueto. Por este motivo, os gases nobres não perdem ou ganham elétrons. Os íons são espécies químicas carregadas eletricamente. Íons carregados com carga positiva são chamados de cátions e íons carregados com carga negativa são chamados de ânions. CÁTIONS: são íons que doam (perdem) elétrons, desta forma adquirem carga positiva. Exemplo: Na+1, Ca+2, Al+3 etc. ÂNIONS: são íons que ganham (recebem) elétrons, desta forma adquirem carga negativa. Exemplo: N-3, O-2, F-1 etc. A partir do que foi estudado sobre os íons, cátions e ânions, teste seu entendimento sobre o assunto analisando o exemplo resolvido a seguir. Caro(a) acadêmico(a), você já consegue interpretar a valência de um íon? Química geral U1 22 Certo cátion trivalente (+3) contém 10 elétrons e 14 nêutrons. Determine o seu número atômico e o seu número de massa atômica. Resolução: O cátion trivalente pode ser representado por X3+, que contém: 10 elétrons e 14 nêutrons, logo, por ser um cátion trivalente, significa que ele doou três elétrons, e assim o seu número atômico (Z) é igual a 13. 13X3+ = 13 – 3 = 10. Lembre-se: a perda ou ganho de elétrons ocorre sempre no número atômico da espécie química. Como a massa atômica (A) = Z + n: A = 13 + 14 = 27 1.4 Semelhanças atômicas No início do século XX, experiências realizadas por Soddy e outros cientistas com elementos radioativos mostraram evidências de que um elemento químico pode ser constituído por uma mistura de vários átomos com o mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa. Esses átomos foram chamados por Soddy de isótopos. A diferença no número de massa é produzida pelas diferentes quantidades de nêutrons existentes em casa isótopo. (USBERCO; SALVADOR, 2006) Outros átomos com semelhanças atômicas também são estudados, como os: isóbaros, isótonos e isoeletrônicos. Radioisótopo é um isótopo que emite radiação. Os radioisótopos podem ser aplicados na medicina no diagnóstico de muitas doenças e problemas fisiológicos, permitindo sua identificação para um futuro tratamento. Confira no Quadro 1.2 alguns exemplos. Química geral U1 23 1.4.1 Isótopos São átomos de um mesmo elemento químico que apresentam o mesmo número atômico (Z) e diferentes números de massa atômica (A). O magnésio, por exemplo, é um elemento químico que ocorre na natureza na forma de três isótopos. 12 Mg24 12 Mg25 12 Mg26 A maioria dos elementos químicos é encontrada na natureza na forma de mistura isotópica, ou seja, com um ou mais isótopos. Os isótopos apresentam-se em porcentagens diferentes, os mais estáveis são aqueles que ocorrem com maior frequência, que é representada por porcentagem. Por exemplo, o hidrogênio: é o único elemento químico em que os seus isótopos apresentam nomes diferentes. Confira no Quadro 1.3 a seguir: 1.4.2 Isóbaros São átomos que apresentam o mesmo número de massa atômica (A) e diferente número atômico (Z), logo, pertencem a elementos químicos diferentes. Na Tabela RADIOISÓTOPOS APLICAÇÃO F18 (Flúor) Mapeamento ósseo Tc99 (Tecnécio) Mapeamento do coração, fígado, rins, cérebro I131 (Iodo) Mapeamento da tireoide Cr51 (Cromo) Mapeamento das hemácias ISÓTOPO NOMENCLATURA OCORRÊNCIA (aproximada) 1 H1 Prótio, hidrogênio comum, leve 99,985% 1 H2 Deutério 0,015% 1 H3 Trítio, Tricédio, Tritério 10-7% Quadro 1.2 | Aplicação de radioisótopos na medicina Quadro 1.3 | Isótopos do hidrogênio e sua ocorrência na natureza Fonte: A autora Fonte: A autora Química geral U1 24 Periódica encontram-se vários elementos químicos com o mesmo valor de massa atômica. Exemplo: 18 Ar 40 (Argônio) e 20 Ca 40 (Cálcio) 1.4.3 Isótonos São átomos de diferentes elementos químicos com números atômicos (Z) e números de massas atômicas (A) diferentes, porém, com mesmo número de nêutrons. Sendo: n = A –Z Exemplo: 7 N 14 14 – 7 = 7 nêutrons 6 C 13 13 – 6 = 7 nêutrons 1.4.4 Isoeletrônicos São espécies químicas diferentes que apresentam o mesmo número de elétrons. Tais espécies englobam os íons, cátions e ânions, e os elementos químicos. Ex: 13 Al+3 → Z = 13, como é um cátion trivalente (+3), perde três elétrons e finaliza com 10 elétrons. 8 O-2 → Z = 8, como é um ânion bivalente (-2), ganha dois elétrons e finaliza com 10 elétrons. Portanto, o Al+3 e o O-2 são isoeletrônicos, pois no final apresentam o mesmo número de elétrons. Lembre-se de que a perda ou ganho de elétrons sempre ocorre com número atômico (Z) da espécie química. Caro(a) acadêmico(a), você já consegue identificar átomos isótopos, isóbaros, isótonos e isoeletrônicos? Química geral U1 25 A partir do que foi estudado sobre as semelhanças atômicas, teste seu entendimento sobre o assunto analisando o exemplo resolvido abaixo. Considere as representações: 3x + 32 R 11x + 15 5x – 8 S 12x – 2 4x + 10 T 10x + 35 Sabendo que R e S são isótopos, determine os números atômicos (Z) e os números de massa (A) de R, S e T. Resolução: Como sabemos que R e S são isótopos, temos: 3x + 32 = 5x – 8 40 = 2x 20 = x Substituindo o x nas representações, teremos: 92 R 235 92 S 238 90 T 235 1.5 Diagrama de Linus Pauling Linus Pauling desenvolveu um diagrama para o preenchimento da eletrosfera pelos elétrons de um átomo em ordem crescente de energia, definida pelo diagrama, em níveis e em subníveis de energia. Química geral U1 26 Cada camada eletrônica ou nível de energia apresenta um número quântico principal (n), que é o valor numérico que se localiza antes do subnível de energia. Confira no Quadro 1.4 abaixo: Exemplo: 1s2: 1 = número quântico principal = camada eletrônica ou nível de energia = K s = subnível. As camadas eletrônicas ou níveis de energia (K, L, M, N, O, P e Q) são subdivididas em quatro subníveis de energia, s, p, d e f. Cada subnível de energia comporta um número máximo de elétrons, que é representado sobre o subnível de energia. Confira na Figura 1.7 a seguir o Diagrama de Linus Pauling. Camadas eletrônicas ou Níveis de energia K L M N O P Q Número Quântico Principal (n) 1 2 3 4 5 6 7 Quadro 1.4 | Números quânticos principais Fonte: A autora Figura 1.7 | Diagrama de Linus Pauling Fonte: Disponível em: <http://elixirforexistence.blogspot.com/2009/06/diagrama-de-linus-pauling.html>. Acesso em: 19 abr. 2015. Caro acadêmico, caso seja necessário, volte ao assunto sobre o modelo atômico de Niels Bohr para relembrar as camadas ou níveis de energia. Química geral U1 27 Para realizar uma distribuição eletrônica deve-se usar o número atômico (Z) do átomo e respeitar a ordem do Diagrama de Linus Pauling. Para isso, basta seguir as setas de cima para baixo na diagonal. A soma dos elétrons dos subníveis deve ser igual ao valor do número atômico do átomo. No final deve-se indicar a Camada de Valência, ou seja, a camada ou nível com o maior número quântico principal. Veja o exemplo abaixo: Ex.: Ba 56 - 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 Neste caso, a Camada de Valência é 6s2, pois apresenta o maior número quântico principal, que neste caso é 6. 1.6 Números quânticos 1.6.1 Número quântico principal (n) Como foi visto anteriormente, o número quântico principal indica a camada eletrônica ou nível de energia. Confira no Quadro 1.5 o número máximo de elétrons em cada camada eletrônica ou nível de energia. 1.6.2 Número quântico secundário (ℓ) Conforme estudamos anteriormente, cada camada eletrônica ou nível de energia é subdividida em subníveis de energia, s, p, d e f, e cada subnível é representado por um número quânticosecundário (ℓ), 0, 1, 2 e 3, respectivamente. Logo, cada subnível de energia recebe um número quântico secundário (ℓ) e, ainda, comporta um número máximo de elétrons. Camada eletrônica ou Níveis de energia K L M N O P Q Número Quântico Principal (n) 1 2 3 4 5 6 7 Número máximo de elétrons nas camadas eletrônicas ou níveis de energia 2 8 18 32 32 18 8 Quadro 1.5 | Número máximo de elétrons em cada camada eletrônica ou nível de energia Fonte: A autora Química geral U1 28 Subníveis s p d f N° Máx. de elétrons 2 elétrons 6 elétrons 10 elétrons 14 elétrons N° quântico secundário 0 1 2 3 Quadro 1.6 | Número quântico secundário e número máximo de elétrons nos subníveis de energia Figura 1.8 | Números de Orbitais Figura 1.9 | Orbitais representados por quadrados Fonte: A autora Fonte: 1.8/1.9 Disponível em:<http://professorandrebarbosa.blogspot.com.br/2011/03/cpv-sintufrj-estrutura-da- materia-4.html>.Acesso em: 15 mar. 2015. 1.6.2.1 Orbitais atômicos Orbital atômico é o local mais provável de se encontrar os elétrons de um átomo. O orbital atômico é representado por um “quadradinho”. Cada subnível de energia possui um número de orbital, que será sempre a metade do número de elétrons que o subnível comporta. Cada orbital possui um número quântico magnético ou azimutal (ml) que se encontra abaixo do mesmo. Veja na Figura 1.8 a quantidade de orbitais que cada subnível de energia comporta, e na Figura 1.9 a representação dos orbitais (“quadradinhos”). 1.6.3 Número quântico magnético ou azimutal (mℓ) O número quântico magnético ou azimutal está relacionado com a região de maior probabilidade de se encontrar um elétron, chamada de orbital. Como cada orbital comporta no máximo dois elétrons, estes são associados aos subníveis de energia, e devido a isso, apresentam valores variados, -mℓ, à esquerda do zero e +mℓ, à direita do zero. Cada subnível de energia pode apresentar um ou mais orbitais. subnível “s” subnível “p” subnível “d” subnível “f” Química geral U1 29 Figura 1.10 | Subníveis e orbitais Figura 1.11 | Regra de Hund Fonte: Disponível em: <http://aprendendoquimicaonline.blogspot.com/2011/03/o-estudo-do-atomo.html>. Acesso em: 22 abr. 2015. Fonte: Disponível em: <http://aprendendoquimicaonline.blogspot.com/2011/03/o-estudo-do-atomo.html>. Acesso em: 22 abr. 2015. 1.6.4 Número quântico de Spin (m s ) O número quântico de spin indica a rotação do elétron dentro do orbital. Esse número quântico diferencia os elétrons de um mesmo orbital. Conforme o princípio de exclusão de Pauli, cada orbital comporta no máximo dois elétrons de rotações contrárias. Os elétrons são representados por Spins (setas). Note, na Figura 1.10, que o orbital do subnível s está preenchido com dois elétrons, representados pelos spins. Obs.: Tanto o número quântico magnético ou azimutal quanto o número de spin são definidos através do elétron de diferenciação ou diferenciador, que é o último elétron (spin) distribuído nos orbitais. Número quântico de spin (ms): para cima ↑ = +1/2 Número quântico de spin (ms) para baixo ↓ = -1/2 Regra de Hund: Os orbitais devem ser preenchidos primeiramente com todos os spins para cima e depois, se necessário, para baixo. Confira na Figura 1.11 abaixo, que o elétron de diferenciação ou diferenciador se encontra no primeiro orbital, que foi o último elétron (spin) distribuído. Química geral U1 30 Caro acadêmico, os orbitais completos com dois elétrons são chamados de emparelhados ou completos, com um elétron é chamado de desemparelhado ou incompleto, e sem elétron, vazio. Para se definir os quatro números quânticos deve-se utilizar o subnível mais energético que se encontra no final da distribuição eletrônica. O quadro 1.7 demonstra a configuração completa dos quatro números quânticos que acabamos de estudar. Quadro 1.7 | Números quânticos Fonte: Disponível em: <pessoal.educacional.com.br/up/50280001/.../EstruturaAtomica(1).ppt>. Acesso em 23 fev. 2012. 1. A energia nuclear é usada em vários segmentos industriais, como fonte de energia, na medicina (radioterapia) e etc. Consiste no fato de alguns átomos, como os do urânio, rádio e tório, serem “instáveis”, perdendo constantemente partículas alfa, beta e gama (raios-X), porém o lixo nuclear gera muita preocupação em relação ao homem e ao meio ambiente. O lixo radioativo de uma fábrica de material nuclear contém os elementos radioativos urânio e tório. Considere a seguir as representações desses elementos e Química geral U1 31 assinale a alternativa que contém um par de isóbaros: 92 U 238 92 U 234 90 Th 230 90 Th 234 a) I e II. b) III e IV. c) II e IV. d) Todas as alternativas estão corretas. 2. As estimativas do primeiro massacre por armas de destruição maciça, sobre uma população civil, apontam para um número total de mortos a variar entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, sendo algumas estimativas consideravelmente mais elevadas quando são contabilizadas as mortes posteriores devido à exposição à radiação. A bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroshima, no Japão, no dia 6 de agosto de 1945, ceifando instantaneamente a vida de 80 mil pessoas, era à base de urânio: 235 U 92 Essa simbologia permite-nos concluir que o átomo de urânio em questão apresenta: a) 92 prótons, 92 elétrons e 235 nêutrons. b) 92 prótons, 92 elétrons e 92 nêutrons. c) 92 prótons, 92 elétrons e 143 nêutrons. d) 235 prótons, 92 elétrons e 235 nêutrons. Química geral U1 32 Química geral U1 33 Seção 2 Tabela Periódica Introdução à seção Sempre foi preocupação dos cientistas organizar os resultados obtidos experimentalmente de tal maneira que semelhanças, diferenças e tendências se tornassem mais evidentes. Isto facilitaria previsões a partir de conhecimentos anteriores. Um dos recursos mais usados em Química para atingir essa finalidade é a Tabela Periódica. As primeiras tabelas foram propostas no início do século XIX; porém, apresentavam mais erros do que acertos. Foi somente em 1869 que surgiu uma tabela que atendia às necessidades dos químicos e que se tornou a base da Tabela Periódica atual. Foi proposta por Dimitri Ivanovitch Mendeleev (1834-1907) e organizava os elementos em linhas horizontais, os períodos ou séries, e em linhas verticais, os grupos ou famílias. À medida que percorremos um período, as propriedades físicas variam regularmente, uniformemente. Num grupo, os elementos apresentam propriedades químicas semelhantes. Esquematicamente: Períodos – regularidade na variação das propriedades físicas Grupos – semelhanças das propriedades químicas (USBERCO; SALVADOR, 1998) Caro(a) acadêmico(a), você conhece todas as informações presentes na Tabela Periódica? Tem domínio sobre a sua utilização? A IUPAC, União Internacional de Química Pura e Aplicada, é o órgão responsável sobre toda a organização dessa ferramenta didático-pedagógica. Química geral U1 34 Caro acadêmico, você conhece todas as informações que a Tabela Periódica oferece sobre os elementos químicos? Aprofunde os conhecimentos sobre o histórico desta ferramenta indispensável para o entendimento desta disciplina tão fascinante que é a química. 2.1 Organização periódica dos elementos químicos na tabela A Tabela Periódica atual é constituída por 18 famílias. Cada família contém elementos com propriedades químicas semelhantes, devido ao fato de apresentarem o mesmo número de elétrons na camada de valência. Na família 1A, por exemplo, todos os elementos apresentam um elétron na camada de valência. Atualmente, 118 elementos químicos estão organizados na Tabela Periódica em ordem crescente de seus números atômicos (Z). Confira na Figura 1.12 abaixo: Caro acadêmico, verifique na Figura 1.13, abaixo, a representação de uma legenda presente numa Tabela Periódica, onde estão as informações citadas acima. Exemplo: Figura 1.12 | Tabela periódica Fonte: Disponível em: <www.maristas.org.br/colegios/assuncao/.../tabela_periodica.ppt>.Acesso em: 15 abr. 2015. Figura 1.13 – Legenda de tabela periódica Fonte: Disponível em: <tabelaperiodicaclc.blogspot.com/>. Acesso em: 15 mar. 2015. Química geral U1 35 Note que a massa atômica ou peso atômico apresenta valor maior que o número atômico! Na Tabela Periódica os elementos foram classificados, segundo suas propriedades físicas e químicas, agrupando-se em metais, não metais, semimetais, gases nobres ou grupo zero e Hidrogênio. Elementos artificiais - Os elementos químicos que apresentam número atômico superior a 92 são artificiais, isto é, foram sintetizados em laboratório químico através de pesquisas nucleares. Com exceção dos elementos Promécio com número atômico igual a 43 e Tecnécio com número atômico igual a 61. Dos 118 elementos químicos reconhecidos, os elementos artificiais classificam-se em: Cisurânicos: recebem esse nome (cis = “aquém de”) porque apresentam número atômico inferior a 92, o do elemento urânio. São os seguintes: tecnécio (Tc), ástato (At), frâncio (Fr) e promécio (Pm). Transurânicos: recebem esse nome (trans = “além de”) porque apresentam número atômico superior a 92, ou seja, que se encontram depois do Urânio. 2.2 Períodos da Tabela Periódica A Tabela Periódica possui sete períodos ou séries, que são as linhas horizontais, numeradas de 1 a 7 através dos números quânticos principais, que representam as sete camadas eletrônicas ou níveis de energia, K, L, M, N, O, P e Q, respectivamente. Lembre-se de que as séries dos lantanídeos e actinídeos pertencem ao sexto e sétimo período, respectivamente. Vide figura 1.14. Após a realização de uma distribuição eletrônica, define-se como camada de valência aquela que apresentar o maior número quântico principal, e você pode utilizá-lo também para definir o período em que o elemento se encontra na Tabela Periódica. Exemplo: Camada de valência do K (potássio) = 4s1, o 4 indica que o potássio está no quarto período da Tabela Periódica, ou seja, na quarta linha horizontal. 2.3 Famílias ou grupos As 18 famílias estão dispostas em linhas verticais que são divididas em dois grupos: o grupo A, que são as colunas verticais mais altas, e o grupo B, que são as colunas verticais mais baixas e centrais da Tabela Periódica. Química geral U1 36 Os elementos químicos presentes nas famílias do grupo A são chamados de elementos representativos, do grupo B são chamados metais de transição e as séries dos lantanídeos e actinídeos são chamadas de metais de transição interna. Todas as famílias recebem uma classificação diferenciada por cores, conforme representado na Figura 1.14, abaixo: Figura 1.14 | Tabela periódica dos elementos do universo conhecido Fonte: Disponível em: <www.guiadacarreira.com.br/wp-content/uploads/...>. Acesso em: 15 abr. 2015. Química geral U1 37 Caro acadêmico, lembre-se de que a Tabela Periódica é uma ferramenta de apoio para as aulas de Química, por isso não se preocupe em decorá-la, basta saber usá-la. 2.4 Metais, Semimetais e Não Metais METAIS – Ocupam cerca de 80% da Tabela Periódica. São sólidos em temperatura ambiente, com exceção do mercúrio (Hg), que é o único metal líquido; são bons condutores de calor e eletricidade, são maleáveis (capacidade de formar lâminas), apresentam ductilidade (capacidade de formar fios), tenacidade (resistência à tração) e brilho metálico. São cátions, ou seja, possuem a capacidade de doar elétrons e geralmente apresentam 1, 2 ou 3 elétrons na camada de valência (última camada). NÃO METAIS – Representam cerca de 10% da Tabela Periódica, porém são os mais abundantes na natureza. Não há um estado físico definido. Não apresentam brilho, não conduzem calor nem eletricidade e são utilizados na produção de pólvora e pneus. SEMIMETAIS – Estes elementos apresentam características intermediárias entre os metais e os não metais. Adquira uma Tabela Periódica atualizada e aprenda a utilizá-la na prática. Livrarias e papelarias comercializam esse material didático. Para um aprofundamento neste assunto, consulte a bibliografia: CHANG, Raymond. Química Geral: conceitos essenciais. 4. ed. Porto Alegre: McGraw Hill – Artmed 2010. Sobre os elementos químicos, acesse: <http://www.cdcc.sc.usp.br/ elementos/>. Química geral U1 38 1. O vanádio é um elemento químico de transição utilizado como um importante recurso (formação do aço) para produzir um tipo de liga que melhora consideravelmente a tenacidade, a resistência mecânica e a corrosão do ferro. Sabendo que o número atômico do vanádio é 23, determine o número de elétrons que ele possui na camada de valência. a) Três elétrons. b) Onze elétrons. c) Dois elétrons. d) Três elétrons. 2. Os átomos pertencentes à família dos metais alcalinos- terrosos e dos halogênios adquirem configuração eletrônica de gases nobres, quando, respectivamente, formam íons com número de carga: a) + 1 e – 1. b) – 1 e + 2. c) + 2 e – 1. d) – 2 e – 2. e) + 1 e – 2. Química geral U1 39 Seção 3 Ligações químicas Introdução à seção Na natureza são raros os elementos químicos que se encontram de forma isolada. Na verdade, os únicos elementos que formam substâncias elementares são os elementos pertencentes à família 8A ou grupo zero da Tabela Periódica. Os Gases Nobres (família 8A) são estáveis, pois apresentam oito elétrons na camada de valência - com exceção do gás hélio (He), que é estável com dois elétrons na camada de valência - e são pouco reativos, pois não necessitam realizar ligações químicas com outros elementos. Os demais elementos químicos tendem a se ligar uns com os outros em busca da estabilidade química, ou seja, adquirir os oito elétrons na camada de valência, semelhante aos gases nobres. As ligações químicas são responsáveis pelas centenas de compostos presentes em nosso dia a dia. Muitas vezes nos perguntamos como funciona a atração eletromagnética de um imã? Como uma lagartixa consegue andar pelas paredes? Todos esses fatos são explicados pelas forças de atração e no contrário, as forças de repulsão. 3.1 Ligações químicas Caro(a) acadêmico(a), você já parou para pensar nas centenas de milhares de compostos, substâncias, que estão presentes ao nosso redor? E o quanto elas influenciam o nosso cotidiano, seja de forma positiva ou negativa? Logo, como elas ocorrem? Química geral U1 40 Ligação química é o nome dado às formas de associação existentes entre os átomos. (COVRE, 2001, p. 109). Qualquer fenômeno químico ocorre na eletrosfera (local onde se encontram os elétrons) do átomo. As ligações químicas, por exemplo, acontecem devido às interações entre as eletrosferas dos átomos ligantes. E por qual motivo isso acontece? Se observarmos os gases nobres, que já são estáveis, perceberemos que esses elementos possuem uma característica típica em relação às suas configurações eletrônicas e o número de elétrons na camada de valência. Resumindo, os gases nobres apresentam duas características fundamentais: são estáveis quimicamente e apresentam a última camada completa com oito elétrons (no caso do hélio, dois elétrons). Com exceção do grupo 8A, os outros átomos apresentam a capacidade de se combinarem. Segundo Lewis: “Os átomos de diferentes elementos ligam-se entre si, cedendo, recebendo ou compartilhando elétrons, na tentativa de adquirir uma configuração eletrônica igual à de um gás nobre, ou seja, estável”. Valência - É o que determina o número de ligações que o átomo necessita fazer. Eletrovalência - É o valor da valência (carga elétrica) seguida do respectivo sinal. Os cátions, por perderem elétrons, apresentam eletrovalência positiva, e os ânions, por ganharem elétrons, apresentam eletrovalência negativa. No Quadro 1.8, abaixo, segue a tendência que os elementos químicos das famílias dos elementos típicos ou representativos (grupo A) apresentam em ganhar ou perder elétrons da camada de valência para se estabilizar. Em relação aos elementos do grupo B, metais de transição e transição- interna,devemos lembrar que todos apresentam carga positiva, pois são metais e apresentam a tendência de perder elétrons para se estabilizar. Ainda, como citado anteriormente, nem todos os elementos se estabilizam conforme a regra do octeto. Existe a chamada Pseudoconfiguração-gás-nobre, a qual não possui Famílias do Grupo A Família 1A Família 2A Família 3A Família 4A Família 5A Família 6A Família 7A Nº elétrons na Camada de Valência 1 elétron 2 elétrons 3 elétrons 4 elétrons 5 elétrons 6 elétrons 7 elétrons Eletrovalência +1 +2 +3 +4 / -4 -3 -2 -1 Quadro 1.8 | Elementos químicos - Valência e eletrovalência Fonte: A autora Química geral U1 41 nenhuma semelhança com a configuração de um gás nobre. Contudo, o que temos de semelhança é que todos os orbitais da camada de valência estão completos. Alguns elementos de transição, após a ligação, não apresentam nem a configuração do gás nobre nem a pseudoconfiguração. Como exemplo podemos citar as espécies catiônicas Fe+2 e Fe+3. 2.2 ligações iônicas Ligação iônica ou eletrovalente é aquela que se estabelece por meio da transferência definitiva de elétrons entre átomos. (COVRE, 2001, p. 110). Este tipo de ligação ocorre entre um elemento metálico e um elemento não metálico por transferência de elétrons. Os metais são catiônicos, por isso doam seus elétrons da camada de valência para os não metais, que são aniônicos e por isso recebem esses elétrons, ambos com o intuito de se estabilizar. Essa transferência de elétrons pode ser representada através da notação de Lewis. Notação de Lewis ou Fórmula eletrônica: é a representação dos elétrons da camada de valência ao redor do átomo. Tais elétrons podem ser representados por pontos (.) ou (x). Confira abaixo nas figuras 1 e 2. Fórmula molecular: é a representação final do número de elementos utilizados na ligação. Coloca-se em primeiro lugar o cátion (metal) e em seguida o ânion (não metal). Note a seguir a junção entre a fórmula molecular, os íons formados e a notação de Lewis. Caro acadêmico, confira na tabela de cátions esses dois íons. Aproveite para realizar suas distribuições eletrônicas e verifique os números de elétrons nas respectivas camadas de valência. Química geral U1 42 Note que foram necessários dois íons Cl-1 para estabilizar o íon Ca+2 e formar o composto: CaCl 2 e que as cargas dos íons desceram de forma invertida. Observação: 1 - Quando as valências (cargas) apresentam valores diferentes, a valência de um indica a quantidade do outro elemento. 1º) K 2 O 2º) Ca 3 P 2 2 - Ao montar a fórmula molecular, colocamos os elementos em ordem crescente de eletronegatividade. No caso específico de ligação iônica, metal (cátion) à esquerda, não metal (ânion) à direita. 3 - Os números colocados junto aos símbolos indicam a quantidade de átomos (atomicidade) na referida fórmula molecular, são denominados índices e devem permanecer na parte inferior dos elementos. Exemplo 1: Caro acadêmico, note que na figura abaixo os elétrons da camada K ............................ +1 O ............................ -2 Ca ........................... +2 P ............................ -3 Química geral U1 43 de valência estão ao redor dos átomos (Notação de Lewis), mostrando que o elétron do cátion metálico é transferido para o ânion não metálico. Ou seja, o Na (sódio) apresenta apenas um elétron na camada de valência (família 1A) para ser doado, por isso é nomeado como cátion (carga positiva) monovalente. Já o cloro (Cl) recebe a nomeação de ânion (carga negativa) monovalente, pois só precisa receber um elétron para se estabilizar, afinal apresenta sete elétrons na camada de valência (família 7A). Exemplo 2: Repare mais uma vez, na figura abaixo, que os elétrons da camada de valência estão ao redor dos átomos (Notação de Lewis), mostrando que o elétron do cátion metálico é transferido para o ânion não metálico. Ou seja, o Al (alumínio) apresenta três elétrons na camada de valência (família 3A) para ser doado, por isso é nomeado como cátion (carga positiva) trivalente. Já o flúor (O) recebe a nomeação de ânion (carga negativa) monovalente, pois só precisa receber um elétron para se estabilizar, afinal apresenta sete elétrons na camada de valência (família 7A). Figura 1.15 | Ligação iônica Figura 1.16 | Ligação iônica Fonte: Disponível em: <http://wmnett.com.br/quimica/ligacao-ionica/>. Acesso em: 25 mar. 2015. Fonte: Disponível em: <http://cfqdacarolina. blogspot.com.br/>. Acesso em: 25 mar. 2015. A fórmula molecular é então: NaCl. Foi necessário apenas um átomo de sódio (Na) para estabilizar um átomo de cloro (Cl). Note que o cátion permanece à frente do ânion. Química geral U1 44 A fórmula molecular é então: AlF 3 . Foram necessários três átomos de alumínio (Al) para estabilizar um átomo de flúor (F). Note que o cátion permanece à frente do ânion. OBS.: A ligação iônica ocorre entre um elemento metálico com outro elemento não metálico, onde a diferença de eletronegatividade é igual ou superior a 1,7. 2.3 Ligações covalentes ou moleculares Os não metais e o hidrogênio (H) apresentam alta eletronegatividade (capacidade em atrair elétrons). A ligação entre seus átomos, estabelecida para alcançarem a estabilidade, é chamada de ligação covalente ou molecular (COVRE, 2001, p. 115). Ligação covalente é aquela que envolve um par eletrônico que é compartilhado pelos dois átomos. A . x B A B Um elemento químico pode efetuar uma ou mais ligações covalentes, dependendo do número de elétrons disponíveis em sua camada de valência para formar outros pares de elétrons e do número de elétrons que deve compartilhar para se tornar estável. Cada compartilhamento de elétrons, ou seja, cada ligação covalente, realizada é representada por um traço (). Este tipo de ligação apresentará a fórmula eletrônica ou notação de Lewis, a fórmula estrutural e, finalmente, a fórmula molecular. No caso da fórmula estrutural, o número de ligações realizadas (elétrons compartilhados) será representado por tantos traços, ou seja, o número de traços equivale ao número de ligações efetivadas. 2.4 Ocorrência da ligação covalente ou molecular Química geral U1 45 Este tipo de ligação ocorre entre um elemento não metálico com outro não metálico, hidrogênio com hidrogênio e hidrogênio com um elemento não metálico por compartilhamento de elétrons, com diferença de eletronegatividade inferior a 1,7. As ligações covalentes ou moleculares podem ser classificadas como: • Simples: representada por um traço e chamada de sigma (σ); • Dupla: representada por dois traços; • Tripla: representada por três traços. Confira abaixo, na Figura 1.17, os tipos de ligações covalente ou moleculares e suas respectivas representações. Lembrando que cada traço significa uma ligação covalente ou molecular realizada. Resumindo: • As ligações covalentes ou moleculares só são realizadas através dos elétrons da camada de valência dos átomos (última camada); • Um par de elétrons compartilhado é formado por um elétron de cada átomo e assim respectivamente; • Para atingir a estabilidade química conforme a regra do octeto, o átomo pode formar até três pares de elétrons compartilhados. • Veja abaixo o exemplo de compartilhamento de um par de elétrons e suas respectivas fórmulas: Figura 1.17 | Ligação covalente ou molecular Fonte: Disponível em: <http://agracadaquimica.com.br/?&ds=1>. Acesso em: 26 mar. 2015. Química geral U1 46 Notação de Lewis ou Fórmula eletrônica: H . x H Fórmula estrutural: H H Fórmula Molecular: H 2 Neste exemplo pode-se verificar o compartilhamento de apenas dois elétrons, um elétron de cada átomo, formando-se assim uma ligação covalente simples ou sigma (σ), representada por um traço. Em outros casos, pode-se verificar ocompartilhamento de quatro elétrons (dois elétrons de cada átomo), e assim, há formação de uma ligação dupla ou pi (). Um exemplo é a formação da molécula do gás oxigênio (O=O). Como o oxigênio pertence à família 6A da Tabela Periódica, apresenta seis elétrons na camada de valência e para se estabilizar necessita realizar duas ligações covalentes. Enfim, quando são compartilhados seis elétrons (três de cada átomo) há formação de ligação tripla. Um exemplo é o que ocorre com a formação do gás nitrogênio (N 2 ). Como o nitrogênio pertence à família 5A da Tabela Periódica, precisa realizar três ligações para se estabilizar, conforme a regra do octeto. 2.5 Ligação covalente coordenada dativa Existe um outro tipo de ligação covalente entre átomos de elementos (iguais ou diferentes) de alta eletronegatividade. Esse tipo de ligação recebe o nome de ligação covalente coordenada dativa ou ligação covalente coordenada ou dativa, que ocorre quando o par eletrônico compartilhado é formado por elétrons de apenas um dos átomos participantes. A ligação coordenada dativa é representada por uma flecha que parte do átomo que contribuiu com o par eletrônico para aquele que o está utilizando. Na fórmula estrutural da substância existem tantas flechas quantas ligações dativas forem realizadas (COVRE, 2001, p. 115). Caro acadêmico, você sabe quando ocorre uma ligação coordenada dativa? Este é um caso especial de ligação covalente, onde só realizará a ligação coordenada dativa o elemento que já tenha realizado suas ligações, ou seja, já está estável (octeto completo, ou seja, oito elétrons na camada de valência), e que apresente pelo menos um par de elétrons para compartilhar com o elemento que ainda não realizou suas ligações. Confira a Figura 1.18, abaixo: Este exemplo apresenta a fórmula estrutural do HClO3 (Ácido clórico), onde ocorrem duas ligações covalentes simples (entre o hidrogênio Química geral U1 47 e o oxigênio) e duas coordenadas dativas (entre o cloro e os outros dois oxigênios), que são representadas por flechas. O cloro (família 7A da Tabela Periódica) se estabilizou fazendo uma ligação covalente simples com o oxigênio, como esse elemento apresenta sete elétrons na camada de valência, após sua estabilização ainda apresenta pares de elétrons sobrando, por isso, pode realizar duas ligações coordenadas dativas com os outros oxigênios que necessitam desses pares de elétrons para se estabilizar. Figura 1.18 | Ligação covalente coordenada dativa Figura 1.19 | Ligação covalente Figura 1.20 | Notação de Lewis Fonte: Disponível em: <http://quimicaangela. b logspot .com.br /2011 /08/ l i gacoes- quimicas-1-ano.html>. Acesso em: 26 mar. 2015. Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/ligacao-covalente.htm>. Acesso em: 18 mar. 2015. Fonte: Disponível em: <http://www.proprofs.com/quiz-school/story.php?title=geometria-das-molculas>. Acesso em: 18 mar. 2015. Já na Figura 1.19, abaixo, podemos observar a formação do dióxido de enxofre (SO 2 ). Repare que o enxofre (S) realiza uma dupla ligação com o oxigênio da direita (afinal, ambos são da família 6A da Tabela Periódica, apresentam seis elétrons na camada de valência e necessitam realizar duas ligações para se estabilizar) e após sua estabilização com os pares de elétrons sobrantes, realiza uma ligação coordenada dativa com o oxigênio da esquerda. Note que a figura acima apresenta a Notação de Lewis (fórmula eletrônica) do SO 2 . Note que a figura acima apresenta a fórmula estrutural do SO 2 finalizando com uma ligação coordenada dativa (à esquerda) e uma dupla ligação. Química geral U1 48 2.6 Ligação metálica Ligação metálica é aquela realizada entre átomos e cátions de metais cujos elétrons mais externos migram do átomo para o cátion e vice-versa (COVRE, 2001, p. 120). Caro acadêmico, como o próprio nome diz, este tipo de ligação química ocorre entre metais. Os metais apresentam várias características, como boa condutividade de calor e eletricidade, maleabilidade (capacidade de formar lâminas), ductilidade (capacidade de formar fios), tenacidade (resistência à tração), são sólidos à temperatura ambiente (25°C), com exceção do mercúrio (Hg), que é o único metal líquido, e são doadores de elétrons, ou seja, são catiônicos. Este tipo de ligação é conhecido como “mar de elétrons” ou “nuvem de elétrons”. Veja a Figura 1.21 abaixo. As ligações metálicas não apresentam fórmula eletrônica e fórmula estrutural, depende do conhecimento específico dos retículos cristalinos. Os metais em sua maioria são representados por seus símbolos, sem valores de atomicidade (quantidade de átomos), que é muito grande e indeterminada. • Ligas metálicas Uma liga metálica é a mistura de dois ou mais metais ou de metais com ametais, cujo componente principal é um metal. Porém, raramente um metal possui todas as qualidades necessárias para determinada aplicação. Figura 1.21 | Ligação Metálica Fonte: Disponível em: <portaldoprofessor. mec.gov.br/storage/discovir>. Acesso em: 16 mar. 2015. Por isso, o objetivo de uma liga metálica é de melhorar as propriedades físico-químicas do material resultante e, se possível, diminuir o custo. As ligações metálicas justificam a ocorrência das ligas metálicas, pois estão presentes nelas. Química geral U1 49 A seguir veremos alguns exemplos de ligas metálicas, no Quadro 1.9. Caro acadêmico, para aprofundar seu conhecimento sobre as ligações químicas, acesse a referência: CHANG, Raymond. Química Geral: conceitos essenciais. 4. ed. Porto Alegre: McGraw Hill – Artmed 2010. Você sabia que usamos várias ligas metálicas em nosso dia a dia? O aço inoxidável (ferro, carbono e cromo) e o bronze (cobre e estanho) são alguns exemplos. Nome comercial Composição Aplicação Ouro 18 quilates Au (75%) e Ag, Cu (25%) Joias e ornamentos Amálgama Hg (50%), Ag (35%) e Sn (15%) Obturações odontológicas Solda comum Pb (67%) e Sn (33%) Solda elétrica Níquel-crômio Ni (60%), Cr (15%) e Fe (25%) Fios de resistência elétrica Duralumínio Al (95%) e Cu, Mg, Mn (5%) Peças de automóveis e aviões Latão Cu (70%) e Zn (30%) Latões, parafusos, válvulas e bijuterias Aço comum Fe e C (0,1% a 1,5%) Peças, estruturas e fios Ouro branco Au (90%) e Pd (10%) Joias e ornamentos Quadro 1.9 | Ligas metálicas e suas aplicações Fonte: A autora Química geral U1 50 1. À grande transformação econômica da Idade do Bronze dá-se o nome de Revolução Urbana. Essa revolução correspondeu à passagem das comunidades agrícolas autossuficientes para cidades, com comércio e artesanato especializado. A agricultura continuou como a principal atividade econômica, mas a economia, antes agrícola e pastoril, ganhou maior diversidade e complexidade com a multiplicação dos ofícios ou profissões e com o estabelecimento de um sistema regular de trocas. Assim, por volta de 3000 a.C., o Egito, a Mesopotâmia e o Vale do Indo já não eram mais um conjunto de aldeias de agricultores autossuficientes, mas constituíam Estados, com uma complexa organização social. AQUINO, R. S. et al. História das sociedades, das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980. p. 77-78. (Adaptado) Em relação ao bronze, citado no texto, considere as seguintes afirmações: I. É um elemento químico e sua massa atômica é 79,9. II. É um bom isolante térmico. III. A tenacidade não é uma de suas propriedades químicas. IV. É uma liga metálica formada por cobre e estanho. V. Em condições normais de temperatura e pressão é sólido. Somente é correto o que se afirma em: a) I e II. b) I e V. c) II e III. d) III e IV. e) IV e V. 2. Inúmeras são as substâncias que estão presentes em nosso cotidiano, e esses compostos são formados através de ligações químicas. A combinação entre um átomo de caráter metálico e outro de caráter ametálico deverá ocorrer por: Química geral U1 51 a) Transferência de elétrons.b) Compartilhamento de elétrons. c) Remoção de elétrons. d) Redução de elétrons. e) Absorção de elétrons. Nesta unidade pudemos estudar que: • Toda matéria apresenta massa, volume e ocupa um lugar no espaço; • Uma substância pode ser definida como elementar ou em mistura homogênea ou heterogênea; • Os átomos são definidos como as menores partículas que constituem a matéria. Apresentam um núcleo positivo, nêutrons e uma eletrosfera; • Isótopos são átomos de mesmo elemento químico, possuem o mesmo número atômico (Z), números de massas atômicas (A) diferentes; • Isóbaros são átomos que apresentam o mesmo número de massa atômica (A), porém apresentam números atômicos (Z) diferentes; • Isótonos são átomos com mesmo número de nêutrons (n); • Para os íons, cátions e ânions, o número atômico (Z) é igual ao número de prótons (p), porém, é diferente do número de elétrons (e-); • Isoeletrônicos são espécies químicas que apresentam o mesmo número de elétrons; Química geral U1 52 • A distribuição eletrônica é realizada através do Diagrama de Linus Pauling, distribuindo-se o número de elétrons em ordem crescente de energia em níveis e subníveis; • Número quântico principal (n) – determina a camada eletrônica ou nível de energia em que se encontra o elétron; • Número quântico secundário (ℓ) – determina o subnível de energia em que se encontra o elétron; • Número quântico magnético ou azimutal (mℓ) – determina o orbital em que está localizado o elétron; • Número quântico spin (ms) – determina a rotação do elétron localizado no orbital; • A Tabela Periódica possui sete períodos e 18 famílias ou grupos; • Os elementos químicos estão divididos em: metais, não metais, semimetais e gases nobres; • Os átomos apresentam a tendência de perder ou ganhar elétrons para obter os oito elétrons na camada de valência; • Ligação iônica ocorre por transferência de elétrons, entre um metal e um não metal; • A ligação covalente ou molecular ocorre por compartilhamento de elétrons entre não metal com não metal; • A ligação coordenada dativa é um caso particular de ligação covalente; • As ligações metálicas ocorrem entre metais e são conhecidas como “nuvem de elétrons” ou “mar de elétrons”. • As ligas metálicas são junções de dois ou mais metais podendo conter um não metal, com o intuito de melhorar suas propriedades. Química geral U1 53 Caro acadêmico(a), pudemos perceber que o estudo da estrutura atômica é sequencial e complexo. A partir das informações que foram adquiridas, muitas dúvidas cotidianas foram sanadas. Mas a compreensão e contextualização da química é muito mais ampla. Procure se atualizar e identificar a química em seu dia a dia. 1. O titânio já foi conhecido como o “metal maravilha” devido às suas qualidades. É mais resistente à corrosão que o aço inoxidável, suas ligas metálicas são empregadas na indústria aeronáutica, em próteses e em implantes dentários. A produção mundial anual de titânio é cerca de 10 milhões de toneladas, e as principais reservas estão no Canadá e na Austrália. Sobre o Titânio (Z=22), determine a configuração eletrônica dos elétrons. 2. Identifique o elemento químico que se encontra na família 3A e no 3° período. 3. Correlacione a 1° coluna com a segunda: a) metais alcalinos ( ) coluna 0 b) metais alcalinos-terrosos ( ) coluna 6A c) calcogênios ( ) coluna 7A d) halogênios ( ) coluna 2A e) gases nobres ( ) coluna 1A Química geral U1 54 4. Dois elementos, A e B, apresentam valores de números atômicos 20 e 17, respectivamente. A fórmula molecular e o tipo de ligação do composto formado são: Assinale a alternativa CORRETA: a) AB2 ligação covalente. b) A2B ligação iônica. c) AB2 ligação iônica. d) A2B ligação covalente. e) A2B2 ligação iônica. 5. Justifique por que o íon cloreto (Cl-) é mais estável que o átomo de cloro. U1 55Química geral Referências COVRE, Geraldo José. Química Total Volume Único. São Paulo: FTD, 2001. MAIA, Daltamir Justino. Química Geral: fundamentos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. USBERCO, João; SALVADOR, Edgard. Química. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Unidade 2 REAÇÕES QUÍMICAS E LEIS PONDERAIS Objetivos de aprendizagem: Nesta seção você será levado a conhecer os principais tipos de reações químicas existentes e como estas são balanceadas. Para isso, vamos conhecer as Leis Ponderais, como a Lei de Lavoisier, também conhecida como lei da conservação de massas, para, enfim, poder balancear uma equação química, entre outras leis existentes, necessário para evoluirmos em nossos estudos. Deste modo, nossos principais objetivos serão: • Conhecer a estrutura de uma reação química. • Conhecer os principais tipos de reações químicas existentes, entre elas estudaremos a reação de síntese ou adição, a reação de decomposição, a reação de simples troca e a reação de dupla troca. • Conhecer as condições necessárias para que dois átomos possam interagir entre si em uma reação química. • Conhecer a estrutura de uma reação de combustão. • Conhecer as leis ponderais, como a Lei de Lavoisier (lei de conservação de massas), Lei de Proust (lei das proporções definidas), Lei de Dalton (lei das proporções múltiplas) e a Lei de Gay-Lussac, que é conhecida como a lei dos gases. • Conhecer e aplicar as regras para balanceamento de equações químicas, inicialmente realizando o método de tentativas e erros, assim como o método algébrico, e os métodos baseados em Carlos Roberto da Silva Júnior Reações químicas e leis ponderais U2 58 reações de oxidação e redução, como o método redox e o método íon elétron. Ao final desta unidade vocês estarão aptos em reconhecer, caracterizar e montar reações químicas e saberão quais são os procedimentos que devemos realizar para balancear uma equação química de acordo com leis ponderais que regem a matéria e por técnicas desenvolvidas para facilitar sua determinação. Bons estudos! Nesta seção, conheceremos um pouco sobre equações químicas, que nada mais são do que uma forma de representação das reações que acontecem entre átomos e compostos químicos, originando novos compostos. Sabendo a estrutura de uma reação química, partimos então para o entendimento dos diferentes tipos de reações que podem acontecer, que são as reações de adição ou síntese, onde dois ou mais reagentes darão origem a um único produto; reações de decomposição, onde um único reagente dará origem a dois ou mais produtos; reações de simples troca e reações de dupla troca. Também conheceremos as condições de afinidade que os átomos precisam ter para que possam reagir. Para finalizar, iremos trabalhar um pouco com reações de combustão, que são de extrema importância nos dias atuais. Nesta seção, veremos as leis que foram descritas baseadas em observações experimentais sobre como é o comportamento dos compostos químicos durante uma reação química. A primeira lei é a de conservação das massas, a Lei de Lavoisier, que diz que nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Também veremos a Lei de Proust, conhecida como a lei das proporções definidas, a Lei de Dalton, conhecida como a lei das proporções múltiplas, e a Lei de Gay-Lussac, que também é conhecida como lei dos gases e serve como base para a definição do conceito de moléculas. Seção 1 | Reações Químicas Seção 2 | Leis ponderais Reações químicas e leis ponderais Reações químicas e leis ponderais U2 59 Nesta seção iremos realizar o balanceamento de equações químicas, que nada mais é que adicionar coeficientes aos compostos químicos durante uma reação para que as proporções de reagentes e produtos sejam as mesmas ao final do processo. Para isso, utilizaremos quatro métodos básicos. O método de tentativa e erro, que é aplicado em casos de reações simples; o método algébrico, que pode ser aplicado em casos simples como em casos complexos, e os métodos baseados em reações de oxidação e redução, estes métodos são: o métodoredox e o método íon-elétron. Exemplos serão utilizados para esclarecer as informações necessárias a respeito deste assunto. Ao longo de cada seção, exercícios baseados nos assuntos abordados auxiliarão na fixação dos conteúdos vistos. Caso surjam dúvidas, releia os tópicos e refaça as atividades para melhor aproveitamento de seus estudos. Ao final da unidade, outras atividades de aprendizado são propostas para também verificar a fixação dos temas abordados. Seção 3 | Balanceamento de equações químicas Reações químicas e leis ponderais U2 60 Reações químicas e leis ponderais Reações químicas e leis ponderais U2 61 Introdução à unidade Reações químicas são de extrema importância na nossa vida, sem elas não podemos sobreviver. Mas como podemos começar a entender reações químicas? De acordo com Atkins e Jones (2006), um composto químico é uma substância formada pela união de dois ou mais átomos de diferentes elementos em proporções definidas. Estes compostos são formados a partir de reação química, ou seja, uma interação entre seus átomos que dão origem ao composto químico. Para conseguir alcançar estes pontos, vamos dividir nosso estudo em três seções de estudo, conforme descrito a seguir: Reações químicas e leis ponderais U2 62 Reações químicas e leis ponderais Reações químicas e leis ponderais U2 63 Seção 1 Reações químicas Introdução à seção Acadêmico, você sabe o que são as reações químicas? Este assunto é importantíssimo dentro da química, pois a partir dele a vida começou a se modernizar, e através destes processos, que acontecem mesmo que não percebamos, conseguimos viver. As reações são de fundamental importância na vida das pessoas, nas transformações dos alimentos no nosso organismo, no processo de fotossíntese realizado por espécies vegetais quando expostas à luz solar e a determinados compostos químicos; na nossa própria respiração, na produção dos nossos alimentos, na água que consumimos diariamente, enfim, em toda a nossa vida reações químicas se processam a todos os instantes, mesmo que não notemos, mas sem eles não existiríamos. Na realidade, uma reação química nada mais é do que uma transformação que ocorre na matéria. Estas mudanças estão relacionadas à estrutura dos compostos que interagem entre si para formar um determinado produto, que é a combinação da interação dos compostos. A Figura 2.1 apresenta uma reação química entre a amônia e o ácido clorídrico. Quando os dois compostos são adicionados no mesmo recipiente, eles interagem e formam um produto, que é o cloreto de amônio. A formação do produto é verificada pela formação de uma fumaça branca, como demonstrado nesta figura. Figura 2.1 | Reação química entre amônia e ácido clorídrico, a fumaça branca representa o produto, cloreto de amônio formado pela reação Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a0/Hydrochloric_acid_ammonia.jpg>. Acesso em: 13 mar. 2015. Reações químicas e leis ponderais U2 64 Na Unidade 1 verificamos que os elementos químicos são representados por símbolos, por exemplo, o carbono é representado pelo símbolo C, o oxigênio pelo símbolo O, o hidrogênio pelo símbolo H, assim como os demais elementos que podem ser encontrados na Tabela Periódica, com os seus respectivos símbolos de identificação, sendo que estes símbolos servem para facilitar a identificação do átomo ao qual o elemento químico pertence e também para facilitar a escrita de compostos químicos complexos, como, por exemplo, a molécula de água, H 2 O, que é formada por dois átomos de hidrogênio e por um átomo de oxigênio, a forma de representação por seus respectivos símbolos facilita sua escrita. E a respeito das reações químicas, como os símbolos representativos dos elementos químicos podem facilitar o entendimento de uma reação? Reflita um pouco para podemos iniciar nossos estudos sobre este imenso campo de aplicação, que é o universo das reações químicas. 1.1 Equação química Para compreendermos quais os tipos de reações químicas que podem existir, tanto de fonte natural quanto sintética, partimos do princípio, com as formas de representação de uma equação química, conforme descrito abaixo. EQUAÇÃO QUÍMICA – “é apenas uma forma de representação concisa de uma reação química” (BROWN, T. L.; et al.; 2005, p. 68). Para entendermos melhor este conceito, vamos conferir a reação de formação de uma molécula de água. Em condições específicas de pressão e temperatura, o hidrogênio (H 2 ) presente no ar pode reagir com o oxigênio (O 2 ) e formar uma molécula de água (H 2 O). Mas como será que representamos este processo? A resposta é bem simples, basta conferir a representação abaixo: 2 H 2 + 1 O 2 → 2 H2O Reações químicas e leis ponderais Reações químicas e leis ponderais U2 65 Ainda de acordo com Brown, et al. (2005), o sinal de mais (+) presente no lado esquerdo da flecha (→) indica que os reagentes reagiram um com o outro para formar um produto, sendo que a flecha (←) é a indicação da formação dos produtos. Deste modo, podemos classificar os compostos químicos do lado esquerdo da flecha como sendo os reagentes e os compostos químicos do lado direito são os produtos formados na reação. Para facilitar ainda mais a compreensão deste processo, podemos fazer a leitura deste processo como sendo: duas moléculas de hidrogênio (H 2 ) reagiram com uma molécula de oxigênio (O 2 ) para formar duas moléculas de água (H 2 O), sendo os componentes da esquerda os reagentes e os da direita, os produtos de uma reação. Conforme descrito acima, podemos então, de acordo com Atkins e Jones (2006), representar uma reação química através da seguinte forma: Reagentes → Produtos Reagentes e produtos são formas simbólicas de representação de uma reação química. Neste caso, temos que os reagentes se transformaram nos produtos. Dentro de uma reação química, a quantidade de átomos de um determinado elemento que estão do lado esquerdo da equação, ou seja, dos reagentes, deve ser igual à quantidade de átomos deste mesmo elemento que aparecem do lado direito, ou seja, no lado dos produtos. Em uma reação química nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, por isso necessitamos balancear as reações, conforme poderemos verificar em breve nesta mesma unidade. Acadêmico(a), você sabe dizer qual é a diferença entre uma reação balanceada e uma reação não balanceada? Reação não balanceada – é aquela que apresenta apenas os tipos de Reações químicas e leis ponderais U2 66 átomos que reagiram para formar determinado produto, não levando em consideração a igualdade de átomos de cada tipo dos dois lados da flecha. Por exemplo, temos a reação de combustão do metano, como representada a seguir, o metano reage com o oxigênio e forma dióxido de carbono e água, sendo que a quantidade de cada átomo não é levada em consideração, apenas a reação que acontece. De acordo com Brown, et al. (2005), esta reação é apresentada a seguir: CH 4 + O 2 → CO 2 + H 2 O (reação de combustão do gás metano não balanceada). Reações balanceadas – são reações que apresentam um número igual de átomos de cada elemento de cada lado da flecha, pois sabemos que átomos não são formados e nem destruídos em uma reação, apenas sofrem uma transformação, por exemplo: 1CH 4 + 2O 2 → 1CO 2 + 2H 2 O (reação balanceada de combustão do gás metano). A Figura 2.2 mostra uma representação da reação de combustão do metano balanceada através de uma representação molecular dos compostos. Figura 2.2 | Representação da reação balanceada de combustão do gás metano na presença de oxigênio e com a formação de dióxido de carbono e água. Fonte: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/Combustion_ reaction_of_methane.jpg>. Acesso em: 17 mar. 2015 Atkins e Jones (2006) dizem que em uma reação química também podemos representar o estado físico em que se encontra cada um dos reagentes e cada um dos produtos formados