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Caderno de Resumos. VII Seminário de Teses e Dissertações – ―Para além dos muros 
da universidade: ciência sociedade cidadania‖. Belo Horizonte: UFMG, 2016. 143 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2016 
3 
 
 
 
 
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 
Prof. Dr. Jaime Arturo Ramírez 
 
 
Faculdade de Letras 
Profa. Graciela Ines Ravetti de Gómez (Diretora) 
 
 
Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos 
Profª. Drª. Emília Mendes Lopes 
 
 
 
Comissão Organizadora 
Bruna Toso Tavares 
Eva dos Reis 
Júlia Ferreira Veado 
Luanna de Souza 
Priscila Tulipa 
Tâmara Milhomem 
Thiago Nascimento 
 
4 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 RESUMOS MESAS TEMÁTICAS ................................................................... 5 
 1.1 Área 1 –Linguística Teórica e Descritiva .................................................... 5 
 1.2 Área 2 – Linguística do Texto e do Discurso ............................................... 43 
 1.3. Área 3 – Linguística Aplicada ..................................................................... 81 
2 RESUMOS MINI-CURSOS ............................................................................... 129 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 1.1 Área 1 – Linguística Teórica e Descritiva 
 
 
CORRELATOS ACÚSTICOS DE UMA SEGMENTAÇÃO PERCEPTUAL 
 
Bárbara Helohá Falcão Teixeira (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudos Linguísticos baseados em corpora 
Orientador: Tommaso Raso 
E-mail: barbaraheloha@gmail.com 
 
Há várias formas de segmentar a fala, como por exemplo, fones, sílabas, palavras, 
sintagmas etc. Durante a comunicação oral entre falantes, a fala é segmentada em uma 
unidade de referência superior ao nível lexical da palavra. A segmentação superior ao 
nível lexical da palavra é importante para viabilizar a comunicação oral entre falantes, 
pois a unidade de referência é a unidade mínima de sentido completo que é vista como 
domínio das principais relações linguísticas. O conceito da unidade de referência da fala 
varia conforme seja a visão teórica adotada, entretanto, existe uma concordância quanto 
a sua importância para os estudos. De fato, é bastante consensual que a fala não pode ser 
segmentada com os mesmos critérios da escrita. A literatura da área apresenta como 
unidade de referência: i) a sentença falada; ii) o turno; iii) a pausa; iv) o enunciado. O 
C-Oral Brasil adota como unidade de referência o enunciado, que pode ser entendido 
como a menor unidade pragmaticamente e prosodicamente autônoma e interpretável da 
fala. O enunciado é delimitado graças às variações prosódicas perceptivelmente 
relevantes no fluxo da fala. Essas variações são chamadas de quebras prosódicas. As 
quebras prosódicas percebidas como terminais atribuem um valor conclusivo e 
segmentam naturalmente o fluxo da fala. Já as quebras prosódicas percebidas como 
não-terminais possuem um valor não conclusivo e segmentam internamente o 
6 
 
 
enunciado. Assim, a segmentação em enunciados é uma tarefa baseada na percepção de 
fenômenos de natureza prosódica. É demonstrado que a percepção dessas fronteiras é 
muito saliente e que os falantes possuem um alto acordo quanto a elas. Este trabalho 
tem como objetivo contribuir na verificação da correspondência entre a segmentação de 
base perceptual de um grupo treinado e os parâmetros acústicos associados à 
segmentação desse grupo. A correspondência é obtida através da adaptação do script 
para Praat ProsodyDescriptor (Barbosa, 2013). O script utiliza cinco camadas de 
anotações: a) unidades VV; b) quebras não-terminais; c) quebras terminais; d) pausa; e) 
transcrição dos enunciados. O script calcula uma série de medidas numa janela de 10 
unidades VV a esquerda e a direita de cada quebra marcada perceptualmente pelas 
pessoas do grupo. Algumas medidas extraídas são velocidade de fala e ritmo, duração 
normalizada, medidas de F0, normalização de F0 e medida de intensidade em dB. O 
script também calcula: o acordo entre os segmentadores na segmentação de base 
perceptual; uma regressão na janela estabelecida para obter quais parâmetros acústicos 
foram essenciais na segmentação de base perceptual do grupo. Os resultados mostram 
que pausa silenciosa e alongamento em sílaba pré-fronteiriça são relevantes para a 
segmentação perceptual, mas não são os únicos parâmetros importantes. Mais 
especificamente, o trabalho que será realizado na dissertação constitui na análise dos 
resultados obtidos pelo script em comparação com os resultados mostrados pela 
segmentação perceptual. 
 
Palavras-chave: fala; segmentação; unidade de referência; C-Oral Brasil 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
A ZOOTOPONÍMIA MINEIRA 
Cassiane Josefina de Freitas (Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos 
Linguísticos da UFMG) 
Linha de pesquisa: (1A) Estudo da Variação e Mudança Linguística 
Orientador: Profª Drª Maria Cândida Trindade Costa de Seabra 
E-mail: cassianej@yahoo.com.br 
 
A Onomástica, ciência que se dedica ao estudo dos nomes próprios, se divide em duas 
vertentes: a Antroponímia e a Toponímia. A primeira se dedica ao estudo dos nomes 
próprios de pessoas, enquanto a segunda, aos nomes próprios de lugares. A pesquisa de 
doutorado em questão trata do estudo descritivo – linguístico e cultural – dos topônimos 
(nomes próprios de lugar) de índole animal, os denominados zootopônimos, presentes 
no estado de Minas Gerais. A exuberância da fauna brasileira, assim como seu papel 
fundamental à sobrevivência dos primeiros indivíduos, são revelados no expressivo 
número de topônimos de origem animal. Com a intenção de verificar a preferência 
regional pelo emprego sistemático dessas denominações em território mineiro que 
surgiu a ideia de desenvolver o presente trabalho. Vinculada ao Projeto Atlas 
Toponímico de Minas Gerais – ATEMIG –, que vem sendo desenvolvido, desde 2005, 
na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a coordenação da 
Prof.ª Dr.ª Maria Cândida Trindade Costa de Seabra, esta pesquisa constitui-se, dessa 
forma, de uma investigação toponímica que se norteia pela perspectiva de que língua e 
cultura são elementos indissociáveis. Entende-se cultura como um conjunto de ideias, 
tradições, conhecimentos e práticas individuais e sociais, que podem ser projetados na 
língua de um povo. (DURANTI, 2000). O léxico o subsistema da língua que mais se 
reporta a um ―mundo referencial, físico, cultural, social e psicológico em que atua o 
homem‖ (Ferraz, 2006, p.220), representando, assim, de maneira clara, o ambiente tanto 
físico como social dos falantes. Os topônimos refletem circunstâncias de natureza 
histórica, social, físico-ambiental e cultural que possam ter influenciado o(s) 
8 
 
 
enunciador(es) no ato do batismo dos acidentes físicos e humanos de uma determinada 
localidade, região. Segundo Dick (1990,p.22), a maior pesquisadora da área, os 
topônimos são verdadeiros testemunhos históricos de fatos e ocorrências registrados nos 
mais diversos momentos da vida de uma população encerram em si, um valor que 
transcende ao próprio ato de nomeação: se a Toponímia situa-se como a crônica de um 
povo, gravando o presente para o conhecimento das gerações futuras, o topônimo é o 
instrumento dessa projeção temporal. Dentre os objetivos do trabalho, podemos destacar 
a realização do estudo zootoponímico no território mineiro; a identificação da origem 
dos zootopônimos; a investigação dos casos de variação, mudança e retenção 
linguísticas; a Xdos zootopônimos; a investigação dos casos de variação, mudança e 
retenção linguísticas; a elaboração de um glossário com os vocábulos de índole 
animal encontrados o universo toponímico de Minas Gerais; a contribuição com as 
pesquisas do Projeto ATEMIG, na ampliação e aperfeiçoamento de seu banco de dados. 
 
Palavras-chave: léxico; cultura; toponímia; zootoponímia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9#HASHTAGS: UM ESTUDO SOB O VIÉS DA SEMÂNTICA DA ENUNCIAÇÃO 
 
Claudiene Diniz da Silva (UFMG) 
Linha de pesquisa: Semântica da Enunciação 
Área: Linguística Teórica e Descritiva 
Orientador: Luiz Francisco Dias 
E-mail: diennedinniz@hotmail.com 
 
Resumo: Nosso estudo tem a pretensão de analisar as hashtags, isto é, aquelas palavras 
ou expressões precedidas pelo símbolo (#) muito recorrentes na internet, mais 
especificamente nas redes sociais virtuais. Dentre algumas das definições atribuídas às 
hashtags, temos a visão segundo a qual elas são ―cadeias de caracteres (apenas letras, 
números e traços inferiores/underscores) criadas livremente pelos membros da rede a 
fim de adicionar contexto e metadados às postagens, funcionando muitas vezes como 
palavras-chaves‖ (CUNHA, 2012, p.4). Quanto às funções básicas das hashtag, 
elencamos aqui: fornecer e agregar informações comuns, agrupar mensagens e pessoas 
que tratam de assuntos comuns; fazer propaganda e promover marcas, campanhas, 
eventos além de serem usadas para fins lúdicos, como jogos, brincadeiras e humor. Para 
realizar um estudo sobre essa forma linguística que permeia o mundo digital e o mundo 
―real‖, adotamos como referencial teórico a Semântica da Enunciação desenvolvida por 
Guimarães (1996, 2002) e Dias (2009, 2013, 2015), inspirados por alguns conceitos dos 
linguistas franceses Emile Benveniste e de Oswald Ducrot. Tendo em vista a 
fundamentação adotada, propomos um estudo das hashtags com o objetivo de 
compreender o funcionamento enunciativo das hashtags, em especial as razões 
enunciativas de agregação dos termos que compõem essas formas linguísticas, através 
dos referenciais que sustentam as formações articulatórias. Mais especificamente, 
 
10 
 
 
nossos objetivos são: conceituar, caracterizar e sistematizar as hashtags do ponto de 
vista da Semântica da Enunciação; descrever as condições de acontecimento das 
hashtags, e mostrar a importância do referencial no processo enunciativo e discutir 
sobre o conceito de forma linguística do ponto de vista da Semântica da Enunciação, 
com base na análise das hashtags. Uma vez que a hashtag é uma forma linguística nova, 
que surgiu na década de 1990, mas foi retomada em 2007 pela rede social digital 
Twitter, quando se popularizou, nosso estudo tem a pretensão de apresentar uma 
descrição detalhada das funcionalidades da hashtag, como também seus tipos e 
formatos. Após essa descrição, dedicamo-nos ao estudo semântico, no qual analisamos 
os processos de significação das hashtags, baseados no referencial adotado. 
 
Palavras-chave: hashtag, semântica da enunciação, significação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
A CAPA DE REVISTA E A REPORTAGEM PRINCIPAL: estudo do diálogo entre 
esses dois gêneros à luz da articulação entre a RST e a Multimodalidade 
 
Danúbia Aline Silva Sampaio (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudos da Língua em Uso 
Orientadora: Profa. Dra. Maria Beatriz Nascimento Decat 
E-mail: danubiaalinesilva@yahoo.com.br 
 
A Teoria da Estrutura Retórica (RST) é uma teoria linguística que apresenta como 
objeto de estudo a organização dos textos, identificando e caracterizando as relações 
que emergem entre suas partes, conforme Mann e Thompson, 1988; Matthiessen e 
Thompson, 1988; Mann et al., 1992. Além do conteúdo proposicional explícito 
veiculado pelas orações de um texto, há proposições implícitas, denominadas 
proposições relacionais, que surgem das relações que se estabelecem a partir da 
combinação entre as porções do texto. Cada unidade linguística componente de um 
texto – tanto na perspectiva de sua macroestrutura quanto na perspectiva de sua 
microestrutura - está ligada ao restante desse texto por meio do entrelaçamento de 
relações retóricas – ou relações semânticas -, as quais são essenciais para o 
funcionamento do mesmo. Por meio da atuação das relações semânticas, os produtores 
de textos podem efetivar seus propósitos e garantir que suas intenções comunicativas 
sejam alcançadas. De acordo com a Multimodalidade (KRESS, 1995, 1997, 2003, 2008, 
2010; KRESS e VAN LEEUWEN, 2001, 2002, 2006), quando se unem diferentes 
linguagens ou modos semióticos - formas culturais utilizadas para gerar e materializar 
significados, como imagem, escrita, cor, som ou gesto -, considerando que cada um 
desses modos exerce uma determinada função no processo de construção de sentidos, 
alcança-se a melhor forma de comunicar aquilo que se deseja. Diferentes modos 
semióticos são, simultaneamente e intensamente, explorados nos vários gêneros de 
12 
 
 
texto. Ao se pesquisar formas de comunicação utilizadas, se determinada análise se 
prender a apenas um modo semiótico, como à escrita ou à fala, por exemplo, chega-se a 
um significado parcial, incompleto. Isso porque cada modo, com suas peculiaridades e 
recursos, gera um significado diferente que, associado aos outros, constrói e amplia a 
rede de sentidos dos diferentes textos multimodais. Destarte, o trabalho com as imagens, 
associadas a outros modos semióticos, tem papel fundamental, uma vez que, segundo 
Kress (1997), o visual é um poderoso meio de comunicação. Assim, à luz da articulação 
entre RST e Gramática do Design Visual (GDV), de Kress e van Leeuwen (2006), o 
presente trabalho apresenta a análise inicial das relações retóricas que emergem, 
considerando texto e imagem, a partir do diálogo entre dois gêneros textuais 
intrinsecamente relacionados em revistas: a capa de revista e a reportagem principal. 
Para análise desses gêneros foram selecionados dois (2) exemplares da revista Veja, 
dois (2) da Isto É, dois (2) da Época e dois (2) exemplares da Carta Capital. Parte-se da 
hipótese de que, diante da intrínseca ligação entre esses dois gêneros em um mesmo 
suporte, a atuação e funcionamento das diferentes relações retóricas é um dos principais 
fatores que garante o diálogo entre a capa de revista e a reportagem principal. Acredita-
se também que o estudo das relações semânticas por meio do diálogo entre esses dois 
gêneros, considerando os modos texto e imagem, pode ser feito a partir de três 
dimensões: relações semânticas entre os textos verbais, relações semânticas entre 
imagens e, por último, relações semânticas entre textos e imagens. 
 
Palavras-chave: RST; Multimodalidade; Capa de Revista; Reportagem de Capa. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
AS UNIDADES INFORMACIONAIS TEXTUAIS NÃO ILOCUCIONÁRIAS NO 
INGLÊS AMERICANO: UM ESTUDO BASEADO EM CORPUS 
 
Frederico Amorim Cavalcante (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudos Linguísticos baseados em Corpora 
Orientador: Tommaso Raso 
E-mail: fredericoa4@gmail.com 
 
O trabalho tem como objeto as unidades informacionais textuais e não-ilocucionárias no 
inglês americano falado espontâneo. O estudo será realizado segundo os princípios 
teóricos e metodológicos da Language into Act Theory (Cresti 2000), uma abordagem 
pragmática para o estudo da fala espontânea desenvolvida a partir da observação 
sistemática de dados de fala coletados em corpora. De acordo com essa abordagem, a 
fala é organizada em enunciados, definidos como as menores unidades linguísticas 
detectáveis no fluxo da fala e que apresentam autonomia prosódico-pragmática. Um 
enunciado pode ser simples ou complexo, conforme apresente apenas uma unidade 
tonal/informacional ou mais do que uma dessas unidades. O núcleo do enunciado é 
realizado por pelo menos uma unidade ilocucionária, a qual veicula a função pragmática 
(ato de fala) do mesmo. As unidades tonais são delimitadas por quebras prosódicas, que 
podem ser terminais, que sinalizam a fronteira do enunciado, e não terminais, que 
segmentam o enunciado complexo em unidades subordinadas a um mesmo programa 
melódico. As unidades tonais correspondem a unidades do padrão informacional, 
definidas conforme (i) a posição em que apareçam, (ii) a função que desempenhem e 
(iii) as características prosódicascom que sejam realizadas. A primeira distinção que se 
pode fazer no domínio das unidades informacionais relaciona-se à função que elas 
desempenham, ora como componentes do conteúdo sintático-semântico do enunciado, 
ora como mecanismo de regulação interacional. As do primeiro tipo são chamadas 
14 
 
 
unidades textuais; as do segundo, dialógicas. As unidades textuais ilocucionárias 
(comentário, comentários múltiplos e comentários ligados) veiculam o valor 
comunicativo do enunciado, o qual pode ser rotulado como asserção, pergunta total, 
pergunta polar e ordem, dentre vários outros (Moneglia 2011). O valor comunicativo 
dos enunciados é crucialmente mediado pela prosódia, não havendo conteúdos sintático 
semânticos que possam ser aprioristicamente identificados com determinada função. As 
demais unidades textuais desempenham funções não ilocucionárias, e apresentam 
correlatos prosódicos e também distribucionais que permitem a sua identificação (Raso 
2012). Até o presente momento, apenas a unidade de tópico foi estudada 
sistematicamente em uma língua não-românica, em um trabalho que propiciou um 
avanço no que diz respeito ao entendimento da realização prosódica da unidade 
(Cavalcante 2016). As demais unidades informacionais — parentético, introdutor 
locutivo e os apêndices (cf. Moneglia & Raso 2014), ainda não foram estudadas de 
modo sistemático em uma língua não românica. Os dados para a realização deste 
trabalho serão obtidos a partir do AE minicorpus (Cavalcante & Ramos, no prelo). 
Trata-se de um minicorpus de fala espontânea, criado a partir do Santa Barbara Corpus 
of Spoken American English (Du Bois et al. 2000-2005), que apresenta a mesma 
arquitetura dos minicorpora da família C-ORAL para o italiano e o português brasileiro 
(Cresti & Raso 2012). Assim, a comparabilidade entre resultados obtidos neste trabalho 
e os já obtidos em outras pesquisas no mesmo paradigma teórico será assegurada. 
Espera-se contribuir para uma descrição mais ampla da organização informacional do 
inglês americano e para a difusão de um paradigma teórico que, embora muito profícuo, 
como atesta a extensa bibliografia, esteve até há pouco restrito ao domínio das línguas 
românicas. 
 
Palavras-chave: fala espontânea; pragmática; estrutura informacional; unidades textuais. 
 
 
 
15 
 
 
 
PERFIS LINGUÍSTICOS DE SURDOS BILÍNGUES DO PAR LIBRAS-
PORTUGUÊS: UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA 
 
Giselli Mara da Silva (UFMG) 
Linha de pesquisa: Processamento da Linguagem 
Orientador: Ricardo Augusto de Souza 
E-mail: gisellims@yahoo.com.br 
 
 
A despeito do uso das línguas de sinais pelas comunidades surdas ao longo da história, a 
situação de bilinguismo vivida pelos surdos foi reconhecida somente recentemente, 
como consequência do reconhecimento das línguas de sinais pela Linguística (ANN, 
2001). Com isso, temos alcançado muitos avanços em termos do reconhecimento de 
direitos linguísticos dos surdos no Brasil e da descrição da Libras (QUADROS, 2013), 
mas a situação de bilinguismo vivida pelos surdos brasileiros permanece ainda pouco 
descrita. Assim, neste trabalho, a partir de uma visão de bilinguismo focada no uso 
(GROSJEAN, 1998, 2008), pretende-se abordar o bilinguismo intermodal, vivido por 
surdos usuários do par linguístico Libras-português, apresentando-se um estudo 
exploratório conduzido com participantes surdos de diferentes cidades do Brasil. Na 
perspectiva do Princípio da Complementaridade (GROSJEAN, 2008, 2013), bilíngues 
utilizam suas línguas no cotidiano com diferentes propósitos, com diferentes pessoas e 
em diferentes domínios. Considerando tais questões, o objetivo deste trabalho foi 
descrever os perfis linguísticos de surdos bilíngues, bem como identificar os domínios 
de uso da Libras e do português no cotidiano (família, trabalho, etc.). Para tanto, foram 
conduzidas entrevistas semi-estruturadas com 15 surdos. Os resultados parciais indicam 
grande diversidade dos perfis linguísticos, especialmente no que tange à idade de 
contato com a Libras e às possibilidades de desenvolvimento da fluência nessa língua e 
16 
 
 
no português (falado e/ ou escrito). Em relação ao uso das línguas em interações face a 
face, observou-se que: (i) a maioria dos participantes, por serem de famílias ouvintes, 
tem o português como língua dominante nesse domínio de uso, ainda que não tenham 
alta proficiência nessa língua; (ii) a língua mais usada no trabalho dependerá da área de 
atuação dos participantes; (ii) a língua de sinais é a língua escolhida para ser utilizada 
em momentos de lazer, especialmente com amigos surdos ou ouvintes sinalizadores. 
Importante destacar que o português escrito ganha um lugar nas interações face a face 
como um apoio nos momentos de dificuldades de comunicação (por exemplo, em 
situações vividas em restaurantes, lojas, etc). No que tange ao uso das línguas para 
comunicação a distância, percebe-se que, com as novas tecnologias, os surdos passam a 
usar a Libras também nessas situações, além de construir novas práticas de uso do 
português. Esses participantes relatam o uso do português escrito em redes sociais, bem 
como de vídeos em Libras para interagir a distância. Ressalta-se aqui que, 
progressivamente, gêneros textuais típicos da escrita vão sendo utilizados pelos surdos 
em vídeos em Libras, como é o caso de trabalhos acadêmicos, textos didáticos, convites 
para eventos, etc. Finalmente destaca-se que, para os bilíngues surdos, além de questões 
relativas aos propósitos da comunicação, aos domínios de uso e às pessoas envolvidas, 
há também outras questões importantes que perpassam as possibilidades de escolha das 
línguas em diferentes situações, a saber: (i) as possibilidades de desenvolvimento da 
oralidade e da compreensão via leitura labial; (ii) os usos sociais da escrita de sinais, 
que ainda são restritos; (iii) as atitudes linguísticas da comunidade surda na escolha das 
línguas para a comunicação. 
 
Palavras-chave: bilinguismo dos surdos; bilinguismo intermodal; Libras; português. 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
EXPRESSÕES FIXAS DO PORTUGUÊS FORMADAS A PARTIR DE NOMES 
GERAIS: UMA ABORDAGEM VARIACIONISTA 
 
Luanna de Sousa do Nascimento Oliveira (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudo da Variação e Mudança Linguística 
Orientador: Dr. Eduardo Tadeu Roque Amaral 
E-mail: soluoli@gmail.com 
 
Interessa para este trabalho fazer uma análise, em uma perspectiva léxico-varicionista, 
de expressões fixas que tenham em sua constituição um nome geral. Optou-se por se 
estudar esse tipo de construção dada a possível potencialidade desse diminuto grupo de 
reduzido conteúdo semântico em comporem novas estruturas com significados que não 
remetem à somatória dos seus componentes. Tal estudo lexical será guiado pela corrente 
teórica da Sociolinguística, subárea da Linguística que estuda ―a língua em uso no seio 
das comunidades de fala, voltando a atenção para um tipo de investigação que 
correlaciona aspectos linguísticos e sociais‖ (MOLLICA, 2004, p. 9). Apesar de as 
Expressões Fixas (EFs) terem por característica principal a cristalização, é preciso 
sempre ter em mente que elas podem estar em uma escala maior ou menor de fixidez. 
Nesse contexto, em expressões como não falar coisa com coisa e não dizer coisa com 
coisa constata-se que, além de conterem o mesmo sentido - ter um ‗discurso 
desconexo‘, ou seja, ‗dizer disparates‘ -, não há variação, neste caso, quanto ao nome 
geral, e sim dos demais componentes que o acompanham. Por outro lado, podem ser 
observadas substituições do próprio nome geral, como em dar uma coisa e dar um trem, 
em que o sentido, ‗perder os sentidos‘, é mantido apesar da variação lexical. Por sua 
vez, e não menos importante, os nomes gerais (general nouns) são definidos por 
Halliday e Hasan (1995 [1976], p. 274) como uma classe de nomes situada entre as 
classes abertas e fechadas que possui importante funçãocoesiva nos textos por 
18 
 
 
envolverem o mínimo de conteúdo semântico referencial. O comportamento inerente 
desses itens permite questionamentos quanto a possíveis alternâncias entre membros 
dessa particular classe no interior das expressões, visto que são elementos esvaziados 
semanticamente. Ainda no que diz respeito à variação, mas neste caso, diatópica, no 
território brasileiro, como observa Fulgêncio (2008, p. 369), o uso de algumas 
expressões fixas pode ser considerado tipicamente regional, pois há variação geográfica. 
Logo, o trabalho também se presta a assinalar os locais típicos das ocorrências das EFs 
compostas com um nome geral, caracterizando uma variação diatópica. Devido a seus 
comportamentos particulares, outra questão a ser explorada pelo trabalho é o motivo dos 
nomes gerais aparecerem em expressões fixas. Esses itens, a partir do que é apontado 
em alguns estudos, como em Amaral e Ramos (2014), Mahlberg (2003), podem 
apresentar diversas propriedades estruturais, discursivas, entre outras, que permitiriam 
ampla gama de uso, consequentemente, participação em novas estruturas. Por se tratar 
de um conjunto com um restrito número de elementos, como será apresentado 
posteriormente, é necessária a seleção dos nomes gerais para melhor delimitação e 
critério de investigação das Efs. A partir dos trabalhos de Mahlberg (2003), sob a 
perspectiva da Linguística de Corpus, e Halliday e Hasan (1995 [1976]), sob a ótica 
coesiva e referencial, as expressões fixas que serão analisadas deverão conter os itens: 
homem, mulher, coisa, negócio e lugar. Acrescentam-se cara, pessoa e trem por se 
encaixarem nos critérios de seleção que serão expostos mais adiante. Destarte, a partir 
da peculiaridade dessa classe de nomes, para além de se voltar à verificação da 
possibilidade de troca do nome geral, como em coisa à toa e negócio à toa, sem 
alteração do seu sentido, interessa ao trabalho também o estudo sobre a variedade 
diatópica das expressões. 
 
Palavras-chave: expressões fixs; nomes gerais; variação lexical; variação diatópica. 
 
 
 
19 
 
 
 
A PRESENÇA DOS NOMES DE ANIMAIS NOS IDIOMATISMOS 
INTERFACE PORTUGUÊS-ESPANHOL-ITALIANO 
 
Luciana Massai do Carmo (FALE-UFMG) 
Linha de pesquisa: Variação e mudança linguística 
Orientador: Eduardo Tadeu Roque Amaral 
E-mail: massai.luciana@gmail.com 
 
A comparação é uma tendência universal dos homens na construção do conhecimento. 
É prazeroso comparar certos fenômenos com outros e isso enriquece uma pesquisa ou 
observação científica, além de ajudar a esclarecer certos fenômenos. A partir daí, e 
tendo como base a importância e o conceito de idiomatismo ou expressão idiomática, 
ambas no âmbito da Lexicologia, esta pesquisa de mestrado visa à análise de 
idiomatismos do espanhol estándar e do italiano que possuam nomes de animais em 
suas construções lexicais a fim de estabelecer as diferenças e/ou semelhanças quanto à 
sua equivalência para o português brasileiro. Mas por que comparar essas três línguas? 
É notória a semelhança existente entre as línguas portuguesa, italiana e espanhola. Faz-
se saber se essa semelhança persiste nos idiomatismos, uma vez que neles há também 
uma questão cultural que irá interferir na sua construção e que também deve ser levada 
em conta. Esta pesquisa analisa expressões idiomáticas (EIDs) com nomes de animais, 
tema selecionado por ser muito frequente no discurso e por ser de extrema relevância a 
comparação entre línguas românicas. Com isso, faz-se saber a enorme diversidade 
cultural e lexical que os idiomatismos são representados em uma língua e em outra. A 
partir da coleta de EIDs com nome de animais como palavra-chave a ser analisada, ou 
seja, buscar-se-á os equivalentes idiomáticos em espanhol e italiano de algumas EIDs 
que, em português, contivessem alguma palavra-chave dentro do campo ―animais‖. Esta 
pesquisa de mestrado visa dar uma contribuição lexicológica dentro do vocabulário de 
mailto:massai.luciana@gmail.com
20 
 
 
animais das EIDs que serão analisadas. Assim, observando a simbologia dos animais 
constantes das EIDs em espanhol, italiano e em português, intenciona-se compreender a 
representatividade que tem cada animal nesses três idiomas. Com isso, faz-se saber a 
enorme diversidade cultural e lexical pelo qual os idiomatismos são representados em 
uma língua e em outra. Ao estudar as línguas portuguesa, espanhola e italiana pode-se 
constatar sua semelhança. De acordo com Brito et al (2010), no que tange ao léxico o 
português, o espanhol e o italiano são línguas muito semelhantes. Os autores afirmam 
que a língua portuguesa e a língua espanhola ainda formam um conjunto à parte devido 
a sua semelhança no léxico. Ainda no caso do espanhol e do português, Camorlinga 
(1997) afirma que a semelhança no léxico dessas duas línguas é bastante significativa. 
Assim como acontece entre o português e o espanhol, a semelhança entre o italiano e o 
espanhol (Calvi, 2004) também é muito próxima, podendo ser comprovado pelos seus 
próprios falantes nativos. A facilidade de compreensão oral e a similaridade entre os 
sistemas vocálicos do italiano e do espanhol permitem que muitas palavras e expressões 
sejam identificadas já nos primeiros contatos entre os falantes. Dessa forma, espera-se 
uma significativa correspondência nas três línguas, mesmo dentro do ramo da 
Lexicologia, onde há uma interferência sociocultural, uma vez que as três línguas além 
de terem a mesma origem, possuem um léxico bastante semelhante. 
 
Palavras-chave: idiomatismos; Lexicologia; animais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
VERBOS DE COMUNICAÇÃO OU CONSTRUÇÕES DE COMUNICAÇÃO? 
UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA NOÇÃO DE VALÊNCIA VERBAL. 
 
Marcella Monteiro Lemos Couto (UFMG) 
Linha de pesquisa: Interface sintaxe-semântica lexical 
Orientador: Mário A. Perini 
mar.mlcouto@gmail.com 
 
Nesta pesquisa é feito o levantamento e análise sistemáticos, de forma descritiva, da 
valência verbal de verbos classificados na literatura como verbos de comunicação, de 
dizer ou dicendi. Pretendo fazer o levantamento das construções (denominadas 
diáteses), de cada verbo de comunicação encontrado para ilustrar como eles podem 
ocorrer na língua em uso do Português Brasileiro. O objetivo desta investigação é 
explicitar o que é adequado: classificar o verbo ou a construção como de comunicação. 
Parte-se da perspectiva de que os verbos determinam as estruturas das orações e que o 
conjunto das possíveis construções de um verbo revela sua valência verbal. Na 
descrição da valência verbal são apresentadas as características sintáticas e semânticas 
dos complementos oracionais em construções possíveis do verbo. Como o conceito de 
verbo dicendi é mal delimitado na literatura, e percebemos que esses verbos podem 
ocorrer em construções que nada têm a ver com comunicação, então se faz necessário 
delimitá-lo e conceituá-lo. Para efeitos do trabalho não existem verbos dicendi e sim 
diáteses de comunicação ou diáteses dicendi. Essas requerem a presença de um 
conteúdo de mensagem explícito na sentença.Um levantamento prévio de 78 verbos 
(sugerido pela lista da Levin, 1993 p. 202 - 212) sugere que o sujeito das sentenças 
possivelmente é sempre o Agente, o que já constitui uma hipótese da qual partir no 
estudo dos verbos portugueses correspondentes. Outro objetivo é listar os papéis 
semânticos elaborados (―emissor‖, ―receptor‖ e ―conteúdo da mensagem‖ – chamados 
22 
 
 
de relações semânticas cognitivas, ou RSC’s, por Perini (2015), e os papéis 
semânticos esquemáticos (Agente, Mensagem, Meta) a fim de localizar algumas 
relações, buscar regularidades e irregularidades nessas relações. Uma pergunta a ser 
respondida é se os papéis elaborados (como ―emissor‖) podem ser derivados dos 
esquemáticos (Agente) levando-se em conta traços de significado dos verbos em 
questão – o que nos liberaria da necessidadede definir esses papéis exclusivos dos 
verbos de comunicação.Este trabalho se insere no Projeto de Valências Verbais do 
Português Brasileiro. O projeto tem como finalidade a elaboração de um dicionário de 
valências verbais do PB e é coordenado por Mário A. Perini na Universidade Federal de 
Minas Gerais (UFMG).Este estudo tem como referencial teórico básico os trabalhos de 
Jackendoff (1972,1990); Levin (1993); Borba (1996); e Perini (2008, 2010, 2015). 
 
Palavras–chave: valências verbais; verbos dicendi; verbos de comunicação; verbos de 
dizer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
AS MARCAS DE USO REGIONAIS EM DICIONÁRIOS BILÍNGUES ESCOLARES 
PORTUGUÊS/ESPANHOL 
 
Mônica Emmanuelle Ferreira de Carvalho Nogueira 
monicaemmanuelle@gmail.com 
Orientadora: Maria Cândida Trindade Costa de Seabra 
Área de concentração: Linguística Teórica e Descritiva 
Linha de pesquisa: (1a) Estudo da variação e mudança linguística 
 
As marcas de uso diatópicas indicam restrições do tipo geográfico para o uso de uma 
determinada unidade lexical. No caso específico da língua espanhola, a confecção de 
dicionários bilíngues parece não dar real relevância à variação linguística. Considerando 
a falta de reflexão mais profunda sobre a diversidade linguística do espanhol, no âmbito 
da lexicografia, este trabalho discute a necessidade de normalização de marcas de uso 
dialetais em dicionário bilíngues e descreve como tais marcas estão inseridas em 
dicionários bilíngues de espanhol do tipo escolar. Dentro do nível lexical, pretendemos 
analisar a presença/ausência de diferentes itens e a discussão que os autores trazem em 
suas obras. O corpus que oferece a base empírica ao presente estudo é constituído por 
268 lexias e suas variantes extraídas dos dicionários MICHAELIS Dicionário escolar 
ESPANHOL espanhol / português português / espanhol e Dicionário Santillana para 
estudantes espanhol / português português / espanhol. A análise, ainda em andamento, 
seguiu com a verificação do conteúdo disposto nesses dicionários bilíngues por meio 
dos corpora de referência de espanhol disponíveis hoje para consulta em rede – Corpus 
del español; Corpus de Referencia del Español Actual (CREA); Corpus del español del 
siglo XXI (CORPUS XXI), de dicionários de americanismos consultados e do projeto 
dialetal que aborda a variação linguística no idioma espanhol, VARILEX: Variación 
léxica del español en el mundo, além da busca em sites específicos de cada país. Os 
24 
 
 
resultados preliminares apontam que, embora os dicionários analisados contemplem um 
repertório lexical hispano-americano, observamos a inexistência de um padrão nos 
verbetes para a apresentação das marcas regionais, nas duas direções: português-
espanhol e espanhol-português. As principais incoerências referiam-se à generalização 
de determinadas extensões geográficas, à falta de uma determinada região ou país, e 
classificação equivocada como americanismo. Concluímos, portanto, que essa 
imprecisão dos dados se deu, em parte, devido à falta de uma explicitação de proposta 
lexicográfica quanto ao tratamento da variação linguística no espanhol nos verbetes das 
obras consultadas. 
Palavras-chave: Americanismos léxicos. Dicionários escolares. Lexicografia bilíngue. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
CCV>CV: REDUÇÃO EM SÍLABAS COMPLEXAS 
 
Nívia Aniele Oliveira (UFMG) 
Linha de pesquisa: Fonologia 
Orientador: Thaïs Cristófaro Alves da Silva 
E-mail: nivianiele@gmail.com 
 
Este estudo tem por objetivo avaliar variação de encontros consonantais formados por 
(obstruinte + tepe) no português brasileiro (PB). A variação em encontros consonantais 
é um caso em que o tepe pode ou não ocorrer, como, por exemplo, em [pɾ]ocura > 
[p]ocura. Neste trabalho, pretende-se discutir a lenição de encontros consonantais em 
relação aos seguintes aspectos da variação: 1) tonicidade, 2) região, 3) tipo de 
consoante, 4) vozeamento 5) número de sílabas, 6) item lexical e 7) indivíduo. A 
perspectiva teórica é da Teoria dos Exemplares (JOHNSON 1997, BYBEE 2001, 
PIERREHUMBERT 2001, ERNESTUS; BAAYEN 2011). A motivação para este 
estudo é a de compreender se a variação de encontros consonantais formados por 
(obstruinte + tepe) é um fenômeno em curso no PB em geral. Estudos com a população 
infantil e adulta de Belo Horizonte (MG), mostraram que sílabas formadas por 
(obstruinte + tepe) podem se realizar apenas com a consoante obstruinte (FREITAS 
2001, MIRANDA 2007, (CRISTÓFARO-SILVA; MIRANDA, 2011). Portanto, faz-se 
pertinente avaliar se o fenômeno é recorrente apenas no PB de Minas Gerais ou se 
ocorre em outras regiões do país. Outra questão relevante diz respeito à implementação 
do fenômeno da lenição. A Teoria de Exemplares sugere que as mudanças 
foneticamente motivadas afetam inicialmente as palavras mais frequentes e que as 
mudanças analógicas afetam inicialmente as palavras menos frequentes (BYBEE 2001, 
PHILLIPS 1984, 2011). O corpus para análise foi compilado a partir de gravações 
obtidas em www.fonologia.org. Este corpus é constituído de gravações do texto 
26 
 
 
intitulado ―O Brasil em 2012‖ que foi lido por 4 falantes de cada uma das capitais do 
país (um homem e uma mulher com idade superior ou igual a 45 anos, e um homem e 
uma mulher com até 25 anos). Todos os falantes possuíam nível superior completo ou 
incompleto. A gravação da leitura do texto para cada falante durou entre 4 e 5 minutos. 
Um total de 62 itens lexicais foram examinados. Cada uma das palavras foi examinada 
acusticamente através do programa Praat. Os resultados preliminares indicaram que o 
cancelamento do tepe em encontros consonantais formados por (obstruinte + tepe) 
ocorre em três regiões do país: Sul, Sudeste e Nordeste. Os resultados preliminares 
indicam que o tepe é cancelado em 68,34% das ocorrências analisadas. O índice de 
cancelamento do tepe é semelhante nas regiões estudadas, sendo 70,89% no Nordeste, 
69,1% no Sudeste e 64,61% no Sul. Pode-se sugerir que o cancelamento do tepe está 
presente em todos os Estados analisados. Podemos sugerir até o momento que a 
variação do tepe em sílabas CCV>CV é impactada por diversos fatores como: 
tonicidade, primeira consoante CCV desvozeada, número de sílabas, item lexical e 
indivíduo. Analisaremos também a frequência lexical e a gradiência fonética. Os dados 
para os demais estados do país estão em fase final de etiquetagem para que a análise 
seja concluída. 
 
Palavras chave: encontro consonantal, variação, Teoria de Exemplares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
VALÊNCIAS VERBAIS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: A DIÁTESE DE 
COLOCAÇÃO COMO CRITÉRIO DE CATEGORIZAÇÃO DE UM 
CONJUNTO DE VERBOS DO PORTUGUÊS 
 
Polyana Prates de Oliveira Plais (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudos na interface sintaxe e semântica 
Orientador: Mário A. Perini 
E-mail: polyana.plais@hotmail.com 
 
A tentativa de categorizar os verbos por seu comportamento gramatical não é novidade, 
e muitos estudiosos do tema vêm trabalhando com o objetivo de executar tal tarefa. 
Publicações como a de LEVIN (1993), para os verbos do inglês, e a de CANÇADO; 
GODOY; AMARAL (2013) são exemplos dessa tentativa de organizar em categorias os 
verbos de uma língua. A leitura de LEVIN (1993) iniciou nossa reflexão acerca dos 
critérios e metodologias empregados na tarefa de categorização verbal e, da lista de 
classes de verbos definidas pela autora, elegemos a dos denominados verbs of 
putting, ou verbos de colocação (tradução nossa), que é o objeto de estudo de nossa 
pesquisa de mestrado. Já analisamos os correspondentes em português de parte desses 
verbos, componentes das 10 subclasses daquela categoria. Diferentemente de BORBA 
(1990), cujo córpus se compõe de registros de português escrito, o presente trabalho 
descreve estruturas do português falado em uso no Brasil. Grande parte das construções 
já registradassão elaboradas pelos próprios participantes do projeto. Seguimos nisso a 
orientação do Projeto VVP, em curso na UFMG (coordenação de Mário A. Perini), que 
objetiva a construção do Dicionário de valências verbais do Português Brasileiro. O 
trabalho preliminar já realizado deixa claro que a designação ―verbos de colocação‖ é 
inexata, porque praticamente todos os verbos da lista podem ocorrer em diversas 
 
28 
 
 
diáteses, e nem todas elas denotam colocação. Chamamos ―diátese‖ uma construção que 
não vale para todos os verbos da língua (como a negativa), nem é gramaticalmente 
condicionada (como a topicalização, que funciona para qualquer verbo que co-ocorra 
com certos complementos). As diáteses dependem das propriedades do verbo e, 
portanto, contribuem para sua classificação. Definimos então o grupo a ser estudado 
como aqueles que ocorrem em uma diátese de colocação. Assim, o verbo colocar é de 
colocação porque ocorre em uma diátese que colocação. Assim, o verbo colocar é de 
colocação porque ocorre em uma diátese que inclui Agente, Tema e Meta (a menina 
colocou a boneca na cama), embora ocorra também em diáteses que não são de 
colocação (o presidente colocou bem o problema). Nossa pesquisa pretende formular a 
valência de cada um dos verbos selecionados, num total de 17, até o momento, de uma 
lista inicial que se compõe de 378 verbos, traduzidos de LEVIN (1993) – na qual a 
valência é o conjunto de diáteses em que o verbo pode ocorrer. O resultado final será a 
lista dos verbos levantados, cada qual com sua valência completa. colocação. Assim, o 
verbo colocar é de colocação porque ocorre em uma diátese que inclui Agente, Tema e 
Meta (a menina colocou a boneca na cama), embora ocorra também em diáteses que 
não são de colocação (o presidente colocou bem o problema). Nossa pesquisa pretende 
formular a valência de cada um dos verbos selecionados, num total de 17, até o 
momento, de uma lista inicial que se compõe de 378 verbos, traduzidos de LEVIN 
(1993) – na qual a valência é o conjunto de diáteses em que o verbo pode ocorrer. O 
resultado final será a lista dos verbos levantados, cada qual com sua valência completa. 
 
 
Palavras-chave: Valências verbais; Construções; Diátese de colocação. 
 
 
 
 
29 
 
 
 
OS PHRASAL VERBS E SEU USO NA PRODUÇÃO ESCRITA DE 
APRENDIZES DA LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE 
BASEADA EM CORPUS DE ESTUDANTES BRASILEIROS 
 
Priscilla Tulipa da Costa (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudos da Língua em Uso 
Orientador: Adriana Maria Tenuta de Azevedo 
E-mail: priscillatulipa@gmail.com 
 
De grande importância para a proficiência na língua inglesa, os phrasal verbs 
constituem 
uma das marcas mais distintivas e criativas do inglês (Gardner & Davis, 2007). 
Contudo, suas características os tornam difíceis de serem assimilados por estudantes 
não nativos, especialmente aqueles cuja primeira língua não provém da família 
germânica (Celce-Murcia & Larsen-Freeman, 1999; Darwin & Gray, 1999). Faria et al. 
(2007) sugerem que o ensino/aprendizado de phrasal verbs constitui um desafio para 
estudantes de inglês graças a peculiares aspectos sintáticos e semânticos, como a 
idiomaticidade, as classificações que os diversos autores conferem a essa categoria 
gramatical, as interferências e transferências linguísticas e a própria terminologia. Nesse 
sentido, considerando o papel dos verbos frasais na aquisição da fluência em língua 
inglesa e as questões que permeiam seu ensino/aprendizagem, este trabalho propõe um 
estudo descritivo (fundamentado na linguística de corpus) acerca do uso dos phrasal 
verbs em produções escritas de aprendizes brasileiros da língua inglesa, tendo como 
objetivo principal a observação e a descrição das semelhanças, diferenças e preferências 
percebidas na escrita acadêmica de falantes nativos e de não nativos, no que concerne à 
utilização desse item lexical. A escolha por pesquisar o fenômeno na língua escrita tem 
fundamento nos estudos de Biber et al. 1999; Fletcher, 2005 e McCarthy & O‘Dell, 
30 
 
 
2004, que demonstram que, apesar de ser um traço mais frequente na língua oral e 
informal, essa unidade lexical também tem sido bastante usada na língua escrita formal. 
A metodologia desenvolvida é composta por exames quantitativos e qualitativos dos 
verbos frasais. O estudo pretende colaborar para situar as classes de verbos formados 
por mais de uma palavra na escrita acadêmica de aprendizes, além de apontar, por meio 
dos resultados, a representatividade dos phrasal verbs nos corpora estudados. Além 
disso, ela busca contribuir para a descrição desse fenômeno linguístico por meio da 
identificação de padrões e das preferências dos estudantes, auxiliando não só nas 
questões que envolvem o ensino e a aprendizagem dos verbos frasais do inglês, mas 
também na conscientização acerca de possíveis adequações e inadequações de uso, bem 
como no fomento da reflexão sobre processos de aquisição e uso dos phrasal verbs. 
 
Palavras-chave: Linguística de corpus. Phrasal verbs. Aprendizes. Ensino e 
aprendizagem de línguas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
ALTERNÂNCIA DE VALÊNCIA EM TENETEHÁRA 
(TUPÍ-GUARANÍ) 
Ricardo Campos de Castro (UFMG) 
Linha de pesquisa: 1G – Gramática de Línguas Indígenas 
Orientador: Prof. Dr. Fábio Bonfim Duarte 
E-mail: ricardorrico@uol.com.br 
 
A língua Tenetehára é falada no nordeste do Brasil por dois povos indígenas: os Tembé 
e os Guajajára. De acordo com Rodrigues (1985), essa língua pertence ao Ramo IV da 
família linguística Tupí-Guaraní, do Tronco Tupí. O objetivo desta tese é apresentar 
uma análise teórica e descritiva de alguns fenômenos morfossintáticos na língua 
Tenetehára. Primeiramente, mostrarei que os verbos transitivos, ao receberem o 
morfema {puru-}, apresentam propriedades gramaticais que são típicas de construções 
antipassivas. Isto porque passam a apresentar propriedades translinguísticas deste tipo 
de construção. Adicionalmente, está tese objetiva corroborar e refinar as assunções 
acerca de incorporação nominal em Tenetehára (Tupí-Guaraní) investigada por Castro 
(2007), Duarte & Castro (2010) e Castro (2012). As primeiras análises mostram que 
uma quantidade expressiva de predicados transitivos, em Tenetehára, torna-se 
intransitiva quando o objeto do verbo transitivo inicial incorpora-se à raiz verbal. Nesse 
contexto, o resultado será um verbo semanticamente transitivo, mas que c-seleciona 
apenas um argumento nuclear na função de sujeito. Adicionalmente, Castro (2012) 
evidencia que, nas construções de alçamento ou ascensão do possuidor, apenas parte do 
objeto - a saber: o NP possuído - pode se incorporar ao núcleo do vP. Ao final desse 
processo morfossintático, a estrutura transitiva inicial não é alterada. Ou seja, nas 
construções de alçamento do possuidor, não existe diminuição de valência, apesar de 
haver incorporação. Outra finalidade deste trabalho é o aumento de valência por meio 
do morfema aplicativo {-er(u)}. Esse morfema introduz um objeto aplicativo com a 
32 
 
 
propriedade semântica de comitativo. Baseado na proposta de Pylkkänen (2002) e 
Vieira (2001, 2010), a hipótese é que este morfema seja a instanciação de um núcleo 
aplicativo alto. Semanticamente, o núcleo aplicativo alto tem a função de introduzir um 
objeto aplicativo com funções semânticas diversas, tais como: comitativo, beneficiário, 
fonte, alvo, locativo, instrumento, dentre outros. Em Tenetehára, o objeto aplicado 
possui a função de comitativo e se junta a verbos intransitivos. Segundo Pylkkänen 
(2002), sintaticamente, o aplicativo alto pode afixar-se a verbos inacusativos e 
inergativos, o que dá sustentabilidade a presente análise do Tenetehára. Por fim, o 
último assunto desta tese refere-se à descrição de estruturas causativas, recíprocas e 
anticausativas em Tenetehára. A língua apresenta dois morfemas causativos: {mu-} e {-
kar}, e o morfema {-ze},cuja função é instanciar as vozes reflexiva, recíproca e 
anticausativa. A partir da análise detalhada de cada um desses morfemas, analisarei 
estruturas morfologicamente complexas, em que há a coocorrência dessas três unidades 
gramaticais. Essa investigação permitirá entender melhor as diferenças e semelhanças 
dos fenômenos analisados numa perspectiva interlinguística e poderá fornecer novos 
subsídios para um conhecimento mais apurado no âmbito da teoria gramatical. 
 
Palavras-chave: Família Tupí-Guaraní, Língua Tenetehára, Mudança de Valência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
O DESAPARECIMENTO DO FRANCOPROVENÇAL NA FRANÇA: PERFIL 
SOCIOLINGUÍSTICO DO FALANTE 
 
Simone Fonseca Gomes Duarte Guimarães (FALE-UFMG) 
Linha de pesquisa: Variação e mudança linguística 
Orientadora: Maria Antonieta A. M. Cohen 
E-mail: simonefrancais@gmail.com 
 
Esta comunicação apresentará resultados parciais da pesquisa de doutorado intitulada 
―Línguas em extinção: estudo do desaparecimento do francoprovençal‖. Nessa pesquisa, 
proponho o estudo do processo de desaparecimento do francoprovençal, língua 
românica minoritária falada na França, Itália e Suíça, que se encontra hoje em vias de 
extinção. É objetivo da pesquisa compreender o que acontece com a estrutura de uma 
língua em desaparecimento, identificando fenômenos de interferência linguística, de 
mudança e de retenção linguística. Na França, onde delimito minha pesquisa, o francês 
vem substituindo as línguas regionais desde o século XVI, processo caracterizado pela 
luta contra os patois, que ganharam forte estigma social. Na presente comunicação, 
proponho discutir o perfil sociolinguístico do falante do francoprovençal na região 
denominada Bresse, no departamento Ain, na França, onde, de setembro de 2015 a maio 
de 2016 desenvolvi o trabalho de campo e a coleta de dados, que estão em fase de 
transcrição e análise. No estudo de línguas em desaparecimento, a análise dos fatores 
sociais, políticos e culturais que caracterizam as comunidades linguísticas em contato, 
de um lado, e o perfil sociolinguístico do falante, de outro, são de extrema importância 
para compreender o rumo das mudanças que podem levar à substituição de uma língua 
pela outra. Essas características nos fornecerão pistas para compreender o processo de 
abandono da língua e suas consequências na estrutura linguística, assim como os casos 
de manutenção ou recuperação da língua, que ganharam força nas últimas décadas com 
34 
 
 
as diversas iniciativas de revitalização. A problemática do falante é central no estudo do 
francoprovençal, visto que nos deparamos frequentemente com uma diversidade de 
perfis, que variam em relação ao modo de aquisição da língua, à variedade dentro do 
domínio francoprovençal (o qual engloba diferentes patois), aos contextos e frequência 
de uso da língua, ao sentimento em relação à língua, à rede social do falante, etc. Para 
abordar essa questão, nos inspiramos na hipótese desenvolvida por James Milroy e 
Lesley Milroy, de que a manutenção de variedades linguísticas com baixo prestígio 
social é favorecida por uma rede social caracterizada por laços fortes – que ligam 
indivíduos de um mesmo grupo que também se relacionam em outros grupos –, ao 
contrário do que ocorre com redes onde prevalecem os laços fracos – que ligam 
indivíduos de grupos diferentes – sendo portanto mais propensos a mudanças, a 
interferências externas. Os falantes do patois bressan que mais preservaram a língua 
tiveram trajetórias similares, fortemente ligadas ao mundo rural e/ou à cidadezinha de 
onde são originários, são pessoas bastante ativas na comunidade e que possuem um 
sentimento positivo em relação à língua regional. Elas fazem parte de uma comunidade 
onde todos se conhecem e se relacionam no dia-a-dia, muitos se ligam inclusive por 
laços familiares. Essas características reforçam a hipótese dos Milroy e serão de suma 
importância para o desenvolvimento da tese. 
 
Palavras-chave: línguas em extinção; francoprovençal; retenção linguística; perfil 
sociolinguístico do falante; rede social. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
OPERAÇÕES LINGUÍSTICO-COGNITIVAS E O PROCESSO DE AQUISIÇÃO 
DA ENUNCIAÇÃO ESCRITA POR CRIANÇAS E ADULTOS 
 
SUELEN ÉRICA COSTA DA SILVA (PUC-MG) 
Linha de pesquisa: Linguística do Texto e do Discurso 
Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira 
 Supervisora Período Sanduíche: Prof. Dra. Maria Bernadete Marques Abaurre 
(UNICAMP) 
E-mail: suelenerica@gmail.com 
 
A escolha do tema de investigação desta tese – a aquisição da enunciação escrita – é 
movida pelo interesse tanto pessoal como científico de compreendermos, a partir de um 
viés crítico bem como científico, os ―erros‖ produzidos pelos falantes em fase de 
aquisição da enunciação escrita como manifestações de operações linguístico-
cognitivas. Essas operações, provenientes das várias dimensões da linguagem, são 
necessárias para construção do texto, objeto construído no processo das relações 
interacionais, um evento comunicativo no qual convergem ações linguísticas, cognitivas 
e sociais de um sujeito de e da linguagem. Embora o número de pesquisas acerca do 
processo de aquisição da enunciação escrita seja grande e significativo, um breve 
percurso pela literatura em questão indicou que a maioria dos pesquisadores priorizam o 
confronto entre sistema fonológico/sistema ortográfico e suas implicações, a fim de 
esclarecer os problemas no processo de transferência da forma sonora da fala à forma 
gráfica da escrita. Destarte, a partir das reflexões levantadas reconhecemos que há um 
número pouco expressivo de pesquisas que façam o exame da produção textual do 
falante – adulto ou criança – a fim de exceder análises restritas ao nível microtextual e 
ao quadro teórico da Fonologia. A maior parte dos estudos ficam restritos a análises 
sobre o processo de transferência da forma sonora da fala para forma gráfica da escrita, 
36 
 
 
ou de forma teórica, das relações entre fonemas/grafemas ou, ainda, buscam identificar 
o processo de construção do sistema ortográfico pela criança a partir de frases ou 
palavras isoladas, desconsiderando a dimensão textual. Além disso, são poucas as 
pesquisas que articulam saberes provenientes das várias áreas da Linguística – 
Fonologia, Morfossintaxe, Semântica, Linguística Textual, Linguística da Enunciação, 
Sociolinguística – às teorias do Letramento, da Linguística Cognitiva e da Semiótica 
Cognitiva, por exemplo, para apreensão das operações linguístico-cognitivas necessárias 
para produção de texto/sentido. Assim, a partir da articulação de contribuições teóricas 
advindas da Linguística Textual, da Linguística da Enunciação, da Linguística 
Cognitiva, da Sociolinguística, e da Semiótica Cognitiva, propomos como objetivo geral 
desta tese analisar, descrever e interpretar as operações linguístico-cognitivas realizadas 
pelo falante para representar (na) sua escrita, o sujeito que enuncia, o interlocutor, a 
finalidade da interação, o tempo bem como o espaço da enunciação. Nossa hipótese 
central é a de que os chamados ―erros‖ produzidos pelos falantes são manifestações de 
operações linguísticas provenientes das várias dimensões da linguagem – fônica, 
morfossintática, semântica, textual e discursiva – que marcam a trajetória do aprendiz 
em sua inserção na escrita convencional. Tais operações, além de apontar para um 
entrelaçamento entre a oralidade e a escrita, compreendidas como um continuum, como 
práticas sociais, evidenciam um modo heterogêneo de enunciação escrito, o trabalho do 
sujeito aprendiz com e sobre a linguagem para produção da escrita como enunciação. 
Como resultados parciais podemos dizer que operações linguístico-cognitivas de 
hipossegmentação, de hipersegmentação, de hipercorreção, de ditongação, de integração 
conceitual, de consciência e de atenção compartilhada são realizadas pelo falante pararepresentar (na) sua escrita, o sujeito que enuncia, o interlocutor, a finalidade da 
interação, o tempo bem como o espaço da enunciação. 
 
Palavras-chave: Operações linguístico-cognitivas; Aquisição da escrita, Enunciação 
escrita. 
 
 
37 
 
 
 
AS METÁFORAS DO PENSAMENTO E DO DISCURSO EM TEXTOS DE 
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE ALZHEIMER: um olhar comparativo 
sobre os jornais O Globo e USA Today 
 
Suelen Martins (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudos da língua em uso 
Orientador: Profa. Dra. Luciane Corrêa Ferreira 
E-mail: susudaletras@yahoo.com.br 
 
A metáfora é considerada um recurso humano construído na mente e constitui ainda 
importante pretexto para se estudar, por exemplo, a língua que se manifesta em 
diferentes gêneros textuais. Nota-se que, em um gênero textual específico, as matérias 
de divulgação científica publicadas em jornais online diários, há vasta opção pelas 
metáforas como mecanismos para informar descobertas, fenômenos e procedimentos de 
cunho técnico na área da saúde. Sendo assim, este estudo que tem como tema Metáfora, 
Pensamento e Discurso objetiva investigar, nos jornais online O Globo e USA Today, 
publicados em um período de janeiro de 2011 a janeiro de 2017, o funcionamento das 
metáforas do pensamento e do discurso relativas ao Alzheimer, assim como é também 
objetivo examinar essas metáforas como estratégias que constituem o gênero textual 
divulgação científica que versam sobre esse assunto. Os problemas de pesquisa são: a) 
Quais as metáforas são mais utilizadas na construção de textos de divulgação da ciência 
veiculados nos jornais O Globo e USA Today? b) Quais se referem à doença de 
Alzheimer; c) Até que ponto as metáforas utilizadas pelo jornal O Globo e pelo USA 
Today se diferenciam ou se assemelham no ato de fazer divulgação científica, mesmo os 
jornais sendo de países e culturas diferentes? As hipóteses, que até o momento se 
formulam, tendo como referência a empiria gerada pelos dados coletados são de que as 
metáforas sistemáticas formam uma rede semântica que ajuda o leitor a construir 
38 
 
 
sentido quanto aos assuntos concernentes ao Alzheimer; as metáforas sistemáticas 
seriam as mesmas em O Globo e no USA Today, apesar das diferenças culturais e 
contextuais entre Brasil e Estados Unidos e do período distal de coleta de dados (entre 
2011 e 2017), já que as experiências corpóreas observadas nesses dois países podem ser 
comuns e as metáforas, na divulgação científica, seriam uma forma de organizar o 
conhecimento científico e técnico em um conhecimento cotidiano acessível a um largo 
número de pessoas. Os resultados esperados para a pesquisa que se pretende fazer são 
relacionados à constatação de que a metáfora é um recurso linguístico que permeia todo 
o continuum da divulgação científica praticada pelos jornais O Globo e USA Today de 
forma a conceptualizar o Alzheimer negativamente. Espera-se que o uso da metáfora, 
por parte do divulgador, seja mecanismo para o acionamento de domínios mentais 
importantes para a compreensão, no que concerne às descobertas da ciência por parte da 
instância pública. 
 
Palavras-chave: Alzheimer; divulgação científica; O Globo; USA Today. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESTUDO DA VARIÁVEL NJ EM MANAUS: VARIAÇÃO FONOLÓGICA EM 
PAROXÍTONAS TERMINADAS EM NIA E NIO 
 
Tatiana Belmonte dos Santos Rodrigues (UFMG) 
Linha de pesquisa: Estudo da Variação e Mudança Linguística 
Orientador: Seung Hwa Lee 
E-mail: tatibelmonte@yahoo.com.br 
 
O estudo da variável (nj) em paroxítonas terminadas em -nia e -nio em Manaus é o tema 
da tese que está em execução no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos 
da Universidade Federal de Minas Gerais, concentrada na área de Linguística Teórica e 
Descritiva. Tal estudo visa descrever os processos de variação fonológica que ocorrem 
no contexto desta variável. A pesquisa traz um recorte de trabalhos que tratam do 
subfalar amazônico e abordam traços de variação fonológica no Amazonas, destacando 
aqueles que fazem referência à variável em estudo em Manaus. Em destaque, aponta a 
pesquisa de Cruz (2004), que registrou as variantes [nʲ] e [ɲ] para a palavra Antônio em 
Barcelos, Parintins, Tefé e Benjamim Constant, todos municípios do interior do 
Amazonas. Aponta, também, a pesquisa de Campos (2008), que registrou a variante [ɲ] 
para a palavra Antônio, em Borba, município no sul do Amazonas. A pesquisa realizada 
em Manaus é desenvolvida sob a perspectiva de análise linguística proposta por Labov 
(1972), também conhecida como sociolinguística quantitativa, por operar com números 
e tratamento estatístico dos dados coletados. Tendo como proposta o estudo da língua 
em seu contexto social. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas 
gravadas, direcionadas para que as respostas dos informantes correspondessem à lista de 
palavras previamente elaborada com 20 palavras paroxítonas, 10 terminando em –nia e 
10 terminando em –nio. No total, 58 informantes foram entrevistados em Manaus, 
subdivididos de acordo com os seguintes fatores sociais: gênero (grupos de 29 homens e 
40 
 
 
de 29 mulheres), idade (grupos de 10 crianças- 7 a 10 anos; de 16 jovens- 18 a 28 anos; 
de 16 adultos- 35 a 55 anos; e de 16 idosos- acima de 60 anos) e escolaridade (grupos 
de 10 informantes de nível Fundamental 1- até o quarto ano; de 24 informantes de baixa 
escolaridade –até o nono ano do Ensino Fundamental; e de 24 informantes de alta 
escolaridade – cursando ou com ensino superior concluído). A análise dos dados 
iniciou com a análise acústica no Praat, por meio de medições de formantes, seguindo 
os pressupostos de Ladefoged (2001) e Thomas (2011). A análise acústica apontou 
quatro variantes para a variável (nj): palatalização total, palatalização secundária, 
síncope e iotização. Foi investigada a influência dos seguintes fatores linguísticos: vogal 
anterior, categoria do substantivo – próprio ou comum – e vogal final. Por fim, os 
resultados foram elaborados à luz de três bases teórico-metodológicas: a teoria da 
variação e mudança linguística, a fonologia gerativa padrão e o modelo de sílaba da 
fonologia não linear. 
 
Palavras-chave: Variável (nj); Variação fonológica; Subfalar amazônico; Fonologia 
gerativa; Modelo de sílaba. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AS FORMAÇÕES ARTICULATÓRIAS E AS SIGNIFICAÇÕES DE RACISMO: 
UM ESTUDO SEMÂNTICO-ENUNCIATIVO DAS CONSTRUÇÕES 
NOMINALIZADAS 
 
Waldemar Duarte de Alencar Neto (UFMG) 
Linha de pesquisa: (1C) Estudos da Língua em Uso 
Orientador: Prof. Dr. Luiz Francisco Dias 
E-mail: wduarteneto@gmail.com 
 
RESUMO: Esta pesquisa propõe uma investigação, no âmbito de uma perspectiva 
semântico-enunciativa, de como é construída a significação de racismo a partir da 
análise do funcionamento de construções nominalizadas em textos integrantes dos mais 
diversos gêneros e que contemplem esse debate. Dois recortes são importantes tendo em 
vista esse propósito. O primeiro é quanto ao tipo de construção que focalizamos: as 
construções nominalizadas, as decorrentes do processo de formação de um nome ou 
expressão nominal a partir de uma base verbal ou adjetival, e o seu impacto na 
significação de racismo. O segundo recorte diz respeito ao modo como concebemos, 
enunciativamente, as construções nominais, qual seja, como ―formações‖, por buscarem 
captar o processo de constituição das construções nucleadas por nomes. Em outras 
palavras, trata-se de formações articulatórias cujas razões enunciativas não prescindem 
das regularidades estruturais, segundo Dias (2015g), mas estão centradas numa ordem 
da materialidade do dizer cujo alcance é mais amplo e denso do que a horizontalidade 
das relações sintagmáticas. Nesse sentido, as formações nominais abarcam não uma 
referência, mas um domínio referencial capaz de produzir as condições para os recortes 
do sentido. Nasformações, os objetos do dizer adquirem pertinência na relação entre a 
memória e as demandas do presente no acontecimento enunciativo (DIAS, 2013h). As 
nominalizações são pensadas, portanto, dentro dessa concepção enunciativa das 
42 
 
 
formações articulatórias, considerando que é em função dos referenciais que há os 
agenciamentos de formas. Uma análise preliminar dos dados mostra que, no 
acontecimento enunciativo, a nominalização participa da predicação alocando o racismo 
no lugar do não confronto, da neutralidade. Nesse lugar em que o racismo é posto, 
outros dizeres ganham pertinência dada a relação entre a atualização e memória, e 
determinam, desse modo, as significações. Nas formações nominais, a predicação vai 
agir sobre o lugar sujeito, ocupado ou não por uma nominalização, e vai explorar as 
potencialidades referenciais desse sujeito, produzindo uma certa intelegibilidade sobre 
ele. Os referenciais, nesse sentido, vão constituir a significação de racismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 1.2 Área 2 – Linguística do Texto e do Discurso 
 
 
GESTOS DE AUTORIA E MOVIMENTO DOS SENTIDOS NAS 
GRAMÁTICAS CONTEMPORÂNEAS DO PORTUGUÊS NO BRASIL 
 
Agnaldo Almeida de Jesus (UFMG) 
Linha de pesquisa: Análise do discurso 
Orientadora: Glaucia Muniz Proença Lara 
Coorientadora: Eni de Lourdes Puccinelli Orlandi 
E-mail: agn.al@hotmail.com 
 
Neste trabalho buscamos compreender o que significa, no século XX, com o 
estabelecimento da NGB (1959) e a disciplinarização (1965) e consolidação da 
Linguística no Brasil, ser autor de uma Gramática? E como essa história continua no 
início do século XXI? A questão central que norteia nossa investigação é: como os 
gestos de autoria discursivizados nos elementos paratextuais de gramáticas 
contemporâneas do português significam a função-autor gramático brasileiro na 
segunda metade do século XX e, sobretudo, no início do século XXI? Para compreender 
essa indagação maior, outras se abrem: (i) ao se colocarem na origem do dizer (função-
autor), como os gramáticos significam a gramática (e sua forma), a língua, o seu ensino 
e, significando-os, significam a si mesmos e à sua posição-sujeito?; (ii) se diferentes 
versões (formulações) de um texto constituem novas materialidades significativas, 
como se estabelece o percurso enunciativo dos gramáticos nas reedições de sua 
gramática? Para tanto, nosso objeto de análise são os elementos paratextuais, ou seja, 
aquilo que margeia (cerca, prolonga) um texto ―principal‖, oferecendo-lhe uma 
perspectiva de entrada, sendo imputado ao próprio autor ou a terceiros (GENETTE, 
2009), de gramáticas contemporâneas do português, publicadas no Brasil, sendo elas de 
diferentes filiações teóricas e ideológicas e tendo na NGB o seu limiar. 
Especificamente, exporemos nosso olhar-leitor aos títulos, prefácios, apresentações e 
introduções desses instrumentos linguísticos. Assim, às questões acima, acrescentamos 
44 
 
 
 outra: (iii) no paratexto gramatical, quem enuncia e a partir de que posições-sujeito? O 
próprio autor ou terceiros, os quais contribuem para construção da imagem de autor, 
como propõe Maingueneau (2010a, 2010b)? Teórico-metodologicamente, respaldamo-
nos em trabalhos voltados para a História das Ideias Linguísticas, perspectiva segundo a 
qual a história das ideias é produzida em determinadas condições e inclui o político e a 
questão da ética, afetando o modo de funcionamento dos princípios que regem a vida 
social; e na Análise de Discurso proposta por Michel Pêcheux, na França, e 
desenvolvida a partir dos trabalhos de Eni Orlandi, no Brasil. Para esse viés teórico, 
sujeito e sentidos se constituem na articulação da língua com a história, intervindo aí o 
imaginário e a ideologia. Acrescentamos a esse referencial as considerações de outros 
autores, como Foucault e Maingueneau, sobre a noção de autor, que nos é nuclear. 
Nossa hipótese geral é a de que, com a assunção da autoria, identificando-se com 
determinadas posições-sujeito, os gramáticos recortariam o interdiscurso (saber 
discursivo) de diferentes modos, produzindo, por meio de seus gestos de intepretação, 
diferentes efeitos de sentido no que tange à questão da gramática (e sua forma), da 
língua, do ensino e de sua própria posição. Ao considerarmos que um mesmo texto é 
atravessado por diferentes formações discursivas (regiões do interdiscurso) que, por sua 
vez, são determinadas por formações ideológicas postas em jogo sócio-historicamente, 
acreditamos que os gestos de autoria de um mesmo gramático identificar-se-iam com 
uma ou mais de uma posição-sujeito, visto que a identidade de uma formação discursiva 
é reciprocamente delimitada por outras, podendo significar aquilo mesmo que ela nega. 
 
Palavras-chave: autoria gramatical; análise de discurso; gramatização; língua 
portuguesa; história das ideias linguísticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 DISCURSO DA “SANTIDADE” NAS NARRATIVAS DE VIDA DE SÃO 
FRANCISCO DE ASSIS E DE FRANCISCO XAVIER 
 
Aline Torres Sousa Carvalho (UFMG) 
Linha de pesquisa: Linguística do Texto e do Discurso/Análise do Discurso 
Orientador: Ida Lucia Machado 
E-mail: alinetorres_letras@yahoo.com.br 
 
Este trabalho tem como tema o discurso da ―santidade‖ nas narrativas de vida de São 
Francisco de Assis e de Francisco Xavier (Chico Xavier), dois homens de diferentes 
credos, épocas, culturas e nacionalidades. O objetivo é analisar os procedimentos e as 
estratégias discursivas da construção de uma imagem de ―santidade‖ atribuída a ambos 
nas obras Vida de um homem: Francisco de Assis (FRUGONI, 2011) e As vidas de 
Chico Xavier (MAIOR, 2003). Para tanto, pretende i) estabelecer algumas interfaces 
entre a Análise do Discurso de vertente Semiolinguística e a Narrativa de Vida; ii) 
definir o conceito de santidade a ser considerado na pesquisa, tendo em vista nosso 
referenciais teórico-metodológicos e nosso corpus; iii)Analisar as estratégias 
discursivas presentes nas referidas obras, tais como, os efeitos de real, de ficção e de 
gênero e a patemização; vi) Identificar as diferentes imagens atribuídas aos 
protagonistas nas narrativas de vida, observando em que medida tais imagens 
corroboram para a construção de uma imagem de ―santidade‖. Nossas hipóteses são as 
seguintes: i) nas narrativas de vida de São Francisco de Assis e de Francisco Xavier, 
ocorreria a construção da imagem de ―santidade‖ para ambos, independentemente de 
suas respectivas religiões ou credos; ii) esta imagem estaria vinculada a ações e valores 
como renúncia aos bens materiais, caridade e doação; iii) haveria, em ambas as obras, 
uma organização da estrutura narrativa que valorizaria os dois personagens como heróis 
da história, os quais agiriam motivados por um bem comum ao seu povo; iv) os 
imaginários sociodiscursivos, os saberes culturais perceptíveis na construção discursiva 
46 
 
 
das duas narrativas de vida mostrar-nos-iam pontos em comum entre catolicismo e 
espiritismo, passado (século XII) e presente (século XXI), Brasil e Itália (Europa), de 
modo que a construção da imagem de santidade esmaeceria, de certo modo, essas 
dicotomias. Os resultados obtidos até o momento revelam que: i) os discursos de 
Frugoni (2011) e de Maior (2003) apresentam efeitos discursivos que exploram tanto os 
dados biográficos dos respectivos protagonistas, quanto a ficcionalização, que culmina 
na presença de uma literatura não realista, fantástica; ii) dentre as estratégias discursivas 
pelos autores encontra-se a patemização, sobretudo, o efeito patêmico da dor; iii) é 
atribuída uma imagem de carisma (CHARAUDEAU, 2012) a São Francisco de Assis e 
a Francisco Xavier; iv) cada uma das narrativas de vida atribui ao seu protagonista a 
imagem de homem extremamente generoso e desprendido, que dedicou sua vida ao 
bem dos outros; que se dedicou com afinco à caridade, à doação,à pobreza, enfim, que 
abdicou de sua própria vida em função de fazer o bem ao próximo, características que, 
conforme nossas concepções, definiriam um santo. 
 
Palavras-chave: análise do discurso; narrativa de vida; santidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
MOVIMENTOS AUTORAIS DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA 
NAS REDES DE ATIVIDADES FORMATIVAS DO COTIDIANO ESCOLAR 
 
Andréia Godinho Moreira (PUC MINAS) 
Linha de Pesquisa: Enunciação e Processos Discursivos 
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Alves Assis 
(deiagm2007@gmail.com) 
 
RESUMO: Este projeto de pesquisa de doutorado pretende lançar foco sobre a prática 
pedagógica de professores de língua materna, que lecionam em uma escola pública da 
Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte (RME/BH), no âmbito do ensino 
fundamental. A investigação que se propõe ocorrerá por meio da observação de 
atividades docentes, tais como aulas, reuniões de formação continuada e em serviço, 
reuniões com os pares, conversas informais com os colegas a respeito do objeto de 
ensino e aprendizagem - a língua materna -, produções escritas, momentos de 
planejamento individual e/ou coletivo e outros eventos que ocorrem em âmbito escolar. 
O objetivo principal desta proposta é tentar compreender de que maneira os professores 
se constituem como autores de um projeto didático-pedagógico que tende a se 
materializar em diversos movimentos empreendidos por esses profissionais em sua 
prática cotidiana. Este estudo opera com a hipótese de que as redes de atividades de 
formação das quais professores de língua portuguesa fazem parte estão intrinsecamente 
ligadas à maneira como esses profissionais se constituem como a(u)tores de suas aulas. 
Assim, por meio desta investigação, pretende-se buscar respostas para os 
questionamentos que se fazem presentes no momento, a saber: É possível apreender 
movimentos autorais nas práticas pedagógicas dos professores colaboradores da 
pesquisa? Esses docentes se reconhecem como autores de tais práticas, como sujeitos 
que tecem reflexões sobre a língua e auxiliam os estudantes a fazerem o mesmo? Em 
que medida as redes de atividades formativas das quais esses professores participam 
influenciam sua prática pedagógica? Há ecos de documentos parametrizadores nas aulas 
48 
 
 
dos colaboradores? Esses professores tentam a trabalhar conforme ditam os documentos 
parametrizadores ou tendem a desenvolver uma postura crítica, reflexiva, ao levar em 
conta esses textos, não deixando, porém, de se constituirem como autores de sua aula? 
Outras perguntas poderão ser feitas adiante e, com certeza, se multiplicarão à medida 
que mais luzes forem lançadas sobre o objeto de estudo deste projeto de pesquisa. 
 
Palavras-chave: Movimentos autorais; redes de formação; ensino de Língua 
Portuguesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UM SOPRO DE EMPODERAMENTO NAS OBRAS DE NÍSIA FLORESTA: 
ENTRE O REAL E A FICÇÃO 
 
Bárbara Amaral da Silva (UFMG) 
Linha de pesquisa: Linguística do texto e do discurso 
Orientadora: Profa. Dra. Helcira Maria Rodrigues de Lima 
E-mail: barbara.amaral87@gmail.com 
 
Resumo: Nísia Floresta Brasileira Augusta, nome pouco conhecido para a maioria das 
pessoas e figura pouco reconhecida na história de luta pelos direitos das mulheres. Nísia 
foi a primeira feminista brasileira, viveu no século XIX e foi peça fundamental para o 
início do empoderamento feminino, assunto muito discutido atualmente. O tema de 
nosso trabalho diz respeito, pois, a este primeiro feminismo e a esta primeira feminista. 
Nesse sentido, propomo-nos a discutir questões como: o que é empoderamento 
feminino? Como essse empoderamento aparece nas obras de Nísia Floresta e como ele é 
construído? Quais imagens Floresta constrói para si mesma? Essas imagens de si 
condizem com aquelas projetadas por sua real vivência? Seria possível considerá-la uma 
mulher empoderada? Quais imagens Nísia constrói para as mulheres em seus textos? 
Qual seria o modelo ideal de mulher representado nas obras de Nísia? Com o objetivo 
de refletir sobre essas e outras questões, sob à luz da Análise do Discurso, retomaremos 
noções basilares da retórica antiga, como ethos, pathos e logos, a partir da releitura de 
autores contemporâneos, como Ruth Amossy e Patrick Charaudeau. Isso nos permitirá 
verificar as imagens de si e do outro nas obras analisadas e observar a construção 
argumentativa do discurso nisiano, tanto em suas obras didático-pedagógicas quanto em 
algumas de suas ficções. Veremos, pois, que o dialogismo se fará presente todo o tempo 
na relação real-ficção estabelecida entre os corpora e a vida de Nísia, os quais serão 
estudados principalmente, respectivamente, com base em Bakhtin e Constância Lima 
50 
 
 
Duarte. Esta pesquisadora foi a principal responsável por revelar o mérito de Nísia 
Floresta, na Literatura brasileira. Com esta pesquisa, acreditamos contribuir para a 
disseminação das obras e do pensamento de Nísia e, também, para os estudos feministas 
na Análise do discurso que, por vezes, menciona grandes nomes estrangeiros, como 
Simone de Beauvoir e Judith Butler, mas parece se esquecer da importância de figuras 
como a de Nísia para o início do feminismo brasileiro. Por fim, ainda discorreremos 
sobre a relevância do contexto de produção dessas obras para sua eficaz análise, uma 
vez que, hoje, poderíamos considerar o empoderamento nisiano como insuficiente, 
entretanto, para aquela época, suas ideias representariam uma transgressão audaciosa. 
Acreditamos ainda que alguns valores tradicionais cristãos se fariam presentes no 
discurso de Floresta, contribuindo para inibir um maior avanço de ideias. 
 
Palavras-chave: Imagens de si; Imagens do outro; Argumentação; Dialogismo; Nísia 
Floresta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VOSSA EXCELÊNCIA ME PERMITE UM APARTE? 
A CONSTRUÇÃO ARGUMENTATIVA DO DISCURSO POLÊMICO 
NOS DEBATES ORAIS DURANTE JULGAMENTO DO MENSALÃO 
 
Daniel Monteiro Neves (UFMG) 
Linha de pesquisa: Linguística do Texto e do Discurso 
Orientador: Helcira Lima 
E-mail: dmneves@gmail.com 
 
O trabalho pretende analisar, sob o viés da Análise do Discurso em articulação com 
teorias linguísticas, retórico-argumentativas e pragmáticas afins, a produção discursiva 
em debates travados no Supremo Tribunal Federal. O intuito é investigar a utilização de 
determinados argumentos em momentos e circunstâncias específicas dentro de reuniões 
colegiadas do STF, com atenção na eventual omissão das temáticas discutidas para além 
dos debates orais. O corpus é composto por interações verbais durante o julgamento da 
Ação Penal nº 470, conhecida como o julgamento do ―mensalão‖. Em meio aos votos 
que compõem o acórdão elaborado pelo colegiado, houve manifestações, às quais 
podemos chamar de apartes, que geraram, com frequência, debates e produziram 
enunciados menos controlados, à medida que convocaram, quase sempre, argumentos 
sonegados nos votos escritos. Além disso, os debates, muitas vezes, foram ocultados das 
transcrições de voto, deliberadamente. Se, sob o ponto de vista discursivo, tal atitude é 
questionável, sob o prisma legal ela não só é aceitável, como daria azo a determinadas 
decisões. Alguns autores dão relevância aos componentes silenciados dentro de um 
raciocínio entimemático, dizendo que, neles, reside muito da força persuasiva do 
argumento. Outrossim, todas omissões, silenciamentos, apagamentos no nível do 
enunciado, são, para a Análise do Discurso, dotados de um sentido que é inerentemente 
atrelado ao sujeito que cala, que apaga, que silencia – e, fazendo-o, aponta, 
52 
 
 
invariavelmente, para o movimento das significações. Além do necessário resgate 
histórico da noção de debate e da pretensão de situá-lo, como gênero discursivo, nos 
estudos discursivos contemporâneos, intentamos compreender os mecanismos

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