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Racismo 1

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A resistência é negra!
História – 2ª Série – Ensino Médio
Professora Luize Coutinho de Oliveira
Professor Carlos Fernando dos Santos Néri
Equipe CMSP/SEDUC-SP
Dezembro de 2020
Apresentar as principais formas de resistência dos africanos e afrodescendentes no Brasil, submetidos à escravidão, ocorrida durante os períodos da Colônia e do Império (séculos XVI ao XIX);
Refletir sobre os desafios para o enfrentamento do racismo e a promoção de justiça social para a comunidade negra brasileira na contemporaneidade.
Habilidade do Currículo do Estado de São Paulo: 
Identificar as formas de resistência dos africanos e afrodescendentes visando à extinção do trabalho escravo, com ênfase para os quilombos.
Objetivos da aula
Fica a dica!
O título desta aula é inspirado na série de filmes do cineasta polonês Krzysztof Kieślowski, popularmente conhecida no Brasil como Trilogia das Cores (1993-94). Inspirados nas cores e nos lemas da Revolução Francesa – A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha –, os filmes do diretor buscaram retratar quais seriam os possíveis significados dessas expressões na contemporaneidade. Este é o olhar que buscaremos construir, nesta aula, sobre a palavra RESISTÊNCIA. Vamos lá?! 
Elaborado especialmente para o Centro de Mídias SP.
Saiba mais sobre a Trilogia 
das Cores, de Krzysztof Kieślowski 
Analise as imagens e responda:
Quais diferenças no modo de retratar o negro você consegue identificar ao comparar as duas imagens?
1
2
1 - Jean-Baptiste Debret. Escravidão no Brasil. Domínio Público. Wikimedia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Slavery_in_Brazil,_by_Jean-Baptiste_Debret_(1768-1848).jpg
2 - Albert Eckout. National Museum of Denmark. Domínio Público. Wikimedia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Albert_Eckhout_painting.jpg Acessos em: 9 dez. 2020.
3 min
Devolutiva da atividade
Castigo de escravo. Viagem Pitoresca ao Brasil, de Jean-Baptiste Debret (1834)
Homem africano, de Albert Eckhout (1641)
1 - Jean-Baptiste Debret. Escravidão no Brasil. Domínio Público. Wikimedia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Slavery_in_Brazil,_by_Jean-Baptiste_Debret_(1768-1848).jpg
2 - Albert Eckout. National Museum of Denmark. Domínio Público. Wikimedia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Albert_Eckhout_painting.jpg Acessos em: 9 dez. 2020.
Condições de vida e trabalho do negro 
escravizado no Brasil (Colônia e Império)
Travessia: viagem de 30 a 45 dias em condições desumanas (tumbeiros);
Exploração do trabalho: jornadas de 12 a 15 horas/dia;
Alimentação pobre;
Instalações insalubres (senzalas);
Violência: açoites e castigos.
Senhores que negavam a alforria.
Perda da identidade e aculturação (mudança do nome de batismo, geralmente substituído pelo nome do porto ou da região de onde foram embarcados como escravizados – Mina, Cabinda, Congo, Benguela etc.);
Escravos africanos no Brasil, oriundos de várias nações (Rugendas, c. 1830).
Johann Moritz Rugendas. História do Café no Brasil Imperial. Domínio Público. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rugendas_-_Escravos_Benguela,_Angola,_Congo,_Monjolo.jpg Acesso em: 9 dez. 2020.
Elaborado especialmente para o Centro de Mídias SP.
A importância dos negros para a economia
Você sabia que quase tudo o que existia na estrutura de um engenho de açúcar era construído pelos escravizados? Mais do que trabalhar na plantação de cana, o negro construía os equipamentos da casa de engenho, as moradias, pontes e cercas, carroças, ferramentas etc. Nas sociedades colonial e imperial, não eram raros os exemplos de negros atuando como tecelões, barbeiros, médicos, ourives etc. Isso porque os traficantes de escravizados tinham conhecimento das
tecnologias dominadas pelos povos africanos que capturavam, como a metalurgia, e outras que poderiam ser interessantes para a estruturação da economia colonial. Dessa forma, percebemos a diversidade de saberes introduzidos pelos africanos no Brasil, que contribuíram enormemente para a geração de riqueza em dois importantes ciclos econômicos: o da cana e o do café.
Elaborado especialmente para o Centro de Mídias SP.
Obras de Johann Moritz Rugendas.
Capoeira (1835) 
Batuque (1832) 
Resistências à escravidão – Cultura
1 - Johann Moritz Rugendas.Jogar Capoeira. Domínio Público. Wikimedia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rugendasroda.jpg
2 - Johann Moritz Rugendas. Batuque. Domínio Público. Wikimedia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Batuque.jpg Acessos em: 9 dez. 2020.
Além da prática de religiões africanas originais, os negros no Brasil colonial fundaram diversas irmandades. Com a aprovação de autoridades da Igreja Católica, as irmandades eram mais do que locais de culto aos santos padroeiros: elas ofereciam aos seus membros assistência material e espiritual, amparando-os nos momentos de dificuldade.
A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é uma igreja católica construída no século XVIII. Está localizada no Centro Histórico de Salvador, declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO. Até hoje, a igreja continua sendo um ponto de apoio à comunidade negra da cidade.
Paul R. Burley. CC BY-SA 4.0 Wikivoyage. Disponível em: https://de.wikivoyage.org/wiki/ Datei:Igreja_de_Nossa_Senhora_do_Ros%C3%A1rio_dos_Pretos_Salvador_2018-1153.jpg Acesso em: 9 dez. 2020.
Resistências à escravidão – Religiosidade
Suicídio
Desobediência
aos senhores
Destruição de lavouras
Depredação
dos engenhos
Fugas individuais ou coletivas
Formação de quilombos
Outras formas de resistência
Quilombos foram povoamentos formados por negros que fugiram, homens brancos pobres e outros grupos que estavam à margem da sociedade colonial. Em muitos quilombos, a organização política era centralizada, isto é, os quilombolas viviam sob a liderança de um chefe, eleito segundo os moldes dos reinos africanos. A sociedade se organizava em aldeias ou povoados, que tinham como principais atividades econômicas a agricultura e a pecu-
ária, com produção excedente, o que lhes permitia o comércio à base de trocas, para a obtenção de manufaturados. Havia, também, a divisão do trabalho, na qual aqueles que não atuavam nas lavouras ou na criação de animais trabalhavam como artesãos ou na segurança do quilombo, protegendo-o de possíveis invasores.
Elaborado especialmente para o Centro de Mídias SP.
O que foram os quilombos?
Mapa da Capitania de Pernambuco com representação do Quilombo dos Palmares, confeccionado pelo artista holandês Frans Post em 1647. Palmares foi o maior quilombo do Brasil colonial, contando com uma população de cerca de 20 mil pessoas.
Frans Post. Domínio Público. Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_da_
Capitania_de_Pernambuco,_com_representa%C3%A7%C3%A3o_do_Quilombo_dos_Palmares_(1647).jpg Acesso em: 9 dez. 2020.
Quilombo dos Palmares (sécs. XVI e XVII)
Zumbi, também conhecido como Zumbi dos Palmares (Serra da Barriga, 1655 – Serra Dois Irmãos, 20 de novembro de 1695), foi um líder quilombola brasileiro, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. Zumbi nasceu na então Capitania de Pernambuco, na região hoje pertencente ao estado de Alagoas. [...] Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito com o Quilombo, aproximou-se do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz: a liberdade para todos os
escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa. A proposta foi aceita pelo líder, mas Zumbi a rejeitou, desafiando a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do Quilombo dos Palmares. Sobreviveu à destruição de Palmares, em 1694, mas foi morto no ano seguinte, em 20 de novembro, pelas forças coloniais.
Quem foi Zumbi dos Palmares?
Wikipédia.Zumbi dos Palmares. CC BY-SA 3.0. Adaptado. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zumbi _dos_Palmares Acesso em: 9 dez. 2020.
Busto de Zumbi dos Palmares em Brasília.
Em 14 de março de 1696, o governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, escreveu ao Rei: 
“Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares”.
Zumbi e o mito da imortalidade
Elza Fiuza/Agência Brasil. CC BY 3.0 BR. Wikimedia
Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Zumbidospalmares.jpg Acesso em: 9 dez. 2020.
Wikipédia. Zumbi dos Palmares. CC BY-SA 3.0. Adaptado. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zumbi dos_Palmares Acesso em: 9 dez. 2020.
Integrando com Geografia
R J Ramey a partir de dados da Fundação Palmares, 2017. CC BY 4.0.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_quilombos_2017.jpg Acesso em: 9 dez. 2020.
Racismo estrutural em números
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018. Nota: Dados consolidados de primeiras entrevistas.
Síntese de indicadores sociais : uma análise das condições de vida da população brasileira: 2019 / IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. p. 28. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101678.pdf Acesso em: 9 dez. 2020.
#VidasNegras: preconceito e o direito de ir e vir – ONU Brasil. 
Duração: 1 min 39 s
https://www.youtube.com/watch?v=ulw9YFesid0
Após o vídeo, responda:
Que exemplo de resistência ao racismo
este vídeo nos trouxe? 
Vídeo
2 min
ONU Brasil. #VidasNegras: preconceito e o direito de ir e vir. Licença Creative Commons.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ulw9YFesid0 Acesso em: 9 dez. 2020.
Universitários se unem contra o racismo – ONU Brasil. 
Duração: 1 min 44 s
https://www.youtube.com/watch?v=D0oaUiuKjCE
Após o vídeo, responda:
Dê exemplos de atitudes simples, do dia a dia,
que podem se transformar em importantes
formas de resistência ao racismo. 
Vídeo
2 min
ONU Brasil. Universitários se unem contra o racismo. Licença Creative Commons.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=D0oaUiuKjCE Acesso em: 9 dez. 2020.
Saiba Mais!
ONU – Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024.
https://www.youtube.com/watch?v=k_EPW3Wve98 
Proposta de Redação/Podcast:
Resistir para existir!
Desafios da sociedade brasileira para a superação do racismo estrutural.
#EuNoCMSP
Atividade complementar
Elaborado especialmente para o Centro de Mídias SP.
	Atitude historiadora	
	Planejamento e organização	Para realizar a pesquisa, planeje e organize cada passo de seu projeto para facilitar a investigação e a elaboração.
	Escolha um 
objeto-tema de pesquisa	Selecione o tema do seu interesse e dentro do objeto que você pretende pesquisar.
	Identificação, seleção e comparação	A partir do tema, identifique as fontes e selecione as mais adequadas, de acordo com a pergunta a que pretende responder.
	Interpretação e análise	Investigue as fontes selecionadas, interpretando cada detalhe para a construção de suas hipóteses, levando em consideração o contexto da época estudada.
	Conclusão	Anote os resultados obtidos e apresente-os conforme for solicitado.
Atitude historiadora

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