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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Máquinas e Equipamentos Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Identificação de Perigo e Risco em Máquinas e em Equipamentos; • Legislação sobre Máquinas e Equipamentos; • Riscos Mecânicos; • Movimentos Mecânicos; • Ação Mecânica; • Métodos de Proteção de Máquinas e Equipamentos; • Dispositivos de Controle de Segurança; • Manutenção Preventiva, Corretiva e Preditiva. Fonte: Getty Im ages Objetivo • Apresentar aos alunos informações básicas sobre as Barreiras de Segurança em Máqui- nas e em Equipamentos, suas obrigações legais, as responsabilidades técnicas e as ações que visem à proteção e à prevenção de ocorrências de incidentes e acidentes. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Máquinas e Equipamentos UNIDADE Máquinas e Equipamentos Contextualização O Brasil vive um momento paradigmático, vez que vários ramos de trabalho estão introduzindo a robótica e novas Tecnologias. Por isso, os riscos mecânicos vêm sendo gradativamente superados e substituídos por outros riscos mais diretamente relaciona- dos à organização do trabalho. Por outro lado, ainda existe um número exagerado de indústrias com utilização de Tecnologias e máquinas obsoletas. Nesse contexto, não existe, ainda, estímulo por meio de Políticas Públicas para in- centivar o retrofit e os investimentos em novas máquinas e equipamentos. Mas ainda estão muito presentes os Acidentes de Trabalho (AT) que envolvem máquinas e equipa- mentos por ausência de Barreiras de Segurança. No Brasil os acidentes relacionados ao trabalho, podem ser pesquisados no site SmartLab, disponível em: https://bit.ly/3iXAH0f Segundo o Observatório MPT foram notificados 5.589.837 acidentes entre 2012 e 2020 (CATWEB). No mesmo período, 20.467 desses acidentes resultaram em morte. Com a mesma forma de projeção temporal, calcula-se que 1 morte ocorra a cada 3h 51m 28s. Somando-se o total de 2012 a 2020. Também entre 2012 a 2020, apuraram- -se 427.733.347 dias de trabalho perdidos. As proteções de uma máquina têm como princípios básicos prevenir contra o conta- to; portanto a proteção tem de impedir o acesso de partes do corpo do trabalhador às partes móveis perigosas. As proteções e os dispositivos de segurança devem ser feitos de material durável; de- ve-se proteger a queda de objetos nas partes móveis, que podem danificar o equipamen- to ou se tornar um projétil, não pode criar novos perigos e não deve criar interferência que impeça ou dificulte os trabalhadores de executarem normalmente suas atividades. Nesta unidade, o profissional de segurança deverá ficar atento aos conceitos e às responsabilidades, uma vez que poderá ser utilizada nas demais áreas que envolvem a segurança no trabalho. Para isso, indica-se a leitura do seguinte artigo: Acidentes do trabalho com máquinas – Identificação de riscos e prevenção. Disponível em: https://bit.ly/2LMfHfB Para pesquisar as Normas Regulamentadoras acesse o site da ENIT (Escola Nacional da Ins- peção do Trabalho), disponível em: https://bit.ly/3i6thZn 6 7 Identificação de Perigo e Risco em Máquinas e em Equipamentos As Técnicas de Segurança em máquinas requerem envolvimento e participação dos diferentes atores que participam da Cadeia Produtiva. As Empresas que compram e os trabalhadores que operam são, do ponto de vista da Segurança, os profissionais a serem ouvidos pelos fabricantes e projetistas, vez que têm um papel privilegiado, porque podem interferir nesse ciclo, assegurando que a máquina nasça com segurança desde o berço. A adaptação de proteções, com a máquina já em funcionamento, é muito mais difícil e onerosa. O profissional de segurança deve ficar atento aos riscos e aos perigos existentes nas máquinas e nos equipamentos e, para executar uma análise de qualidade, deve utilizar a NBR 12100, porque a norma permite utilizar uma terminologia básica, que auxilia o profissional a seguir uma Metodologia para a obtenção da segurança das Máquinas. A adoção da apreciação e a redução de riscos pode ser realizada em novos projetos de máquinas ou na verificação da necessidade de melhorias nas máquinas existentes. Para melhor entendimento, a apreciação de risco se trata de um processo completo pelo qual o profissional legalmente habilitado realiza, nos moldes da Norma ABNT NBR ISO 12100 a identificação dos riscos e propõe a redução dos riscos inerentes a máqui- nas e a equipamentos, sendo composto pelas etapas de análise de risco e avaliação de risco (ver Figura 1). Análise de Risco Avaliação de Riscos Apreciação de Risco Determinação dos Limites da Máquina Identi�cação dos Perigos Estimativa de RiscosLimites da Máquina dos Perigos de Riscos Figura 1 – Etapas da apreciação e redução de risco em máquinas e equipamentos Fonte: Adaptado de ABNT NBR ISO 12100, 2013 O profissional de segurança deve ficar atento, vez que a apreciação de risco é uma metodologia internacional e normatizada para a redução de riscos em máquinas e em equipamento, para atender à NR 12, que especifica que: Na aplicação desta Norma e de seus anexos, devem-se considerar as características das máquinas e equipamentos, do processo, a aprecia- ção de riscos e o estado da técnica. (BRASIL, NR12, 2019) 7 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Um dos métodos que se pode utilizar é o Hazard Hating Number – HRN que, em tradução livre, significa Número de Classificação de Perigo e é um método quantitativo para a realização da estimativa de risco. Com ele, torna-se possível a priorização das ações na melhoria e na correção de falhas relacionadas à saúde e à segurança nos equi- pamentos (SANTOS JUNIOR; ZANGIROLAMI, 2015). Utiliza-se a fórmula HRN = GMPL x FE x PO x NP, na qual se calcula o número de classificação e risco – ou HRN, em que são utilizadas as quatro variáveis a seguir: • Grau Máximo de Perda ou Lesão – GMPL; • Frequência de Exposição – FE; • Probabilidade de Ocorrência – PO; • Número de Pessoas Envolvidas – NP. Vale lembrar que o HRN deve ser calculado para cada perigo existente no equipa- mento. Dessa forma, o projetista/avaliador pode priorizar as ações e direcionar re- cursos para o controle dos riscos com melhor eficiência. Legislação sobre Máquinas e Equipamentos A Norma Regulamentadora 12 é uma normativa construída visando a atender as barreiras de segurança preventivas e as protetivas, bem como garantir redundância e diversidade. Com esse princípio, foram construídos, pela Comissão Nacional Tripartite na Te- mática, os itens a seguir: Princípios Gerais, Arranjo Físico e Instalações, Instalações e Dispositivos Elétricos, Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada; Sistemas de Se- gurança, Dispositivos de Parada de Emergência, Meios de Acesso Permanentes, Com- ponentes Pressurizados, Transportadores de Materiais, AspectosErgonômicos, Riscos Adicionais, Manutenção, Inspeção, Preparação, Ajuste, Reparo e Limpeza, Sinalização, Manuais, Procedimentos de Trabalho e Segurança, Projeto, Fabricação, Importação, Venda, Locação, Leilão, Cessão a Qualquer Título, Exposição e Utilização, Capacita- ção, Outros Requisitos Específicos de Segurança e Disposições Finais. Para melhor entendimento, foi organizada a Tabela 1 dos itens a serem compreendi- dos sobre a NR 12 e quais ações devem ser tomadas pela Equipe de Segurança. Tabela 1 – Descrição dos itens da NR 12 e ações importantes para a Equipe de Segurança Item Descrição Ação para a equipe de SST Inventário Identificar por tipo, capacidade, Sistemas de Se- gurança e localização em Planta Baixa. As infor- mações do inventário devem subsidiar as ações de gestão para a aplicação da NR 12. Organizar o inventário, garantindo a elaboração por meio de um ou mais profissionais qualifica- dos ou legalmente habilitados. 8 9 Item Descrição Ação para a equipe de SST Arranjo físico e Instalações Nos locais de instalação de Máquinas e Equipa- mentos, as áreas de circulação devem ser devida- mente demarcadas. Averiguar se as instalações estão em conformi- dade com as Normas Técnicas oficiais. Instalações e Dispositivos elétricos As instalações elétricas das máquinas e dos equi- pamentos devem ser projetadas e mantidas de modo a prevenir, por meios seguros, os perigos de choque elétrico, incêndio, explosão e outros tipos de acidentes, conforme previsto na NR 10. Averiguar se as instalações e os dispositivos elé- tricos estão em conformidade com as Normas Técnicas oficiais, bem como se existe o Respon- sável Técnico pelo tema. Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada Os dispositivos de partida, acionamento e parada das máquinas devem ser projetados, selecionados e instalados de modo que protejam o operador. Observar se dispositivos de partida, acionamen- to e parada não se localiza em zonas perigosas; impeçam acionamento ou desligamento invo- luntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental; não acarretem riscos adicionais e não possam ser burlados. Sistemas de Segurança As zonas de perigo das máquinas e dos equipa- mentos devem possuir sistemas de segurança. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legal- mente habilitado. Dispositivos de Parada de Emergência As máquinas devem ser equipadas com um ou mais dispositivos de parada de emergência. Garantir que os dispositivos de parada de emer- gência sejam posicionados em locais de fácil acesso e visualização. Meios de Acesso Permanentes Devem possuir acessos permanentemente fixados e seguros a todos os seus pontos de operação, abastecimento, inserção de matérias-primas e retirada de produtos trabalhados, preparação, manutenção e intervenção constante. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legal- mente habilitado. Componentes Pressurizados Devem ser adotadas medidas adicionais de prote- ção das mangueiras, tubulações e demais compo- nentes pressurizados. Desenvolver instrumentos para o monitoramen- to dos componentes pressurizados. Transportadores de Materiais Os movimentos perigosos dos transportadores contínuos de materiais devem ser protegidos, es- pecialmente, nos pontos de esmagamento, agar- ramento e aprisionamento. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legalmente habilitado. Aspectos Ergonômicos As máquinas e os equipamentos devem ser pro- jetados, construídos e mantidos com as questões envolvendo os riscos ergonômicos. Nesse campo, a equipe de saúde e de segurança devem atuar de forma sistêmica envolvendo to- dos os setores da Empresa. Uma Análise Ergonô- mica da Atividade permite uma ação adequada. Riscos Adicionais Substâncias perigosas quaisquer, sejam agentes biológicos sejam agentes químicos em estado sólido, líquido ou gasoso, que apresentem riscos à saúde ou à integridade física dos trabalhadores por meio de inalação, ingestão ou contato com a pele, olhos ou mucosas. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legal- mente habilitado. Sinalização Devem possuir sinalização de segurança para advertir os trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estão expostos, as instruções de operação e manutenção e outras informações necessárias para garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores. Averiguar se a sinalização está em conformidade com as normas técnicas oficiais. Manuais As máquinas e equipamentos devem possuir Ma- nual de Instrução fornecido pelo fabricante ou importador, com informações relativas à seguran- ça em todas as fases de utilização. Averiguar se os manuais estão em conformidade com as Normas Técnicas oficiais. Procedimentos de Trabalho e Segurança Devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança específicos, padronizados, com des- crição detalhada de cada tarefa, passo a passo, a partir da análise de risco. Nesse campo, as equipes de saúde e segurança de- vem atuar de forma sistêmica envolvendo todos os Setores de Qualidade e Produção para realizar os procedimentos e as instruções de trabalho. 9 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Item Descrição Ação para a equipe de SST Capacitação A operação, manutenção, inspeção e demais inter- venções em máquinas e equipamentos devem ser realizadas por trabalhadores habilitados, qualifi- cados e capacitados. Garantir que os trabalhadores estejam habilita- dos, qualificados, capacitados e autorizados. Outros Requisitos específicos de Segurança As ferramentas e os materiais utilizados nas inter- venções em máquinas e em equipamentos devem ser adequados às operações realizadas. Averiguar se as ferramentas e os materiais utili- zados estão em conformidade com as Normas Técnicas oficiais. Fonte: Norma Regulamentadora nº 12 Riscos Mecânicos Para Gerecke e Pope (1998), consultores da OIT, os riscos mecânicos são criados pe- las partes móveis dos diferentes tipos de máquinas, de suma importância conhecer, vez que a exposição do trabalhador a essas partes móveis decorrentes de ausências de bar- reiras de segurança nas máquinas é um dos indicadores em que mais ocorrem acidentes. Por isso, é importante reconhecer os pontos dos riscos mecânicos identificados a seguir. Tabela 2 – Apresentação dos pontos dos riscos mecânicos RISCO PARTES MÓVEIS DESCRIÇÃO EXEMPLOS Ponto de operação É o local onde o trabalho é executado Ponto de prensagem, moldagem, perfuração, estampagem, esmagamento etc. Mecanismo de transmissão de força É o sistema mecânico que transmite energia para as partes da máquina que executam o trabalho Volantes, polias, correias, conexões de eixos, junções, engates, fusos, correntes, manivelas e engrenagens etc. Outras partes móveis É o movimento que a máquina faz quando está trabalhando, tal como movimento de ida e volta, partes girantes, movimentos transversais Elevadores, sistemas mecânicos de alimentação e extração. Fonte: Vilela, 2000 Movimentos Mecânicos Após compreendermos onde estão os pontos a serem olhados na Identificação dos Perigos, precisamos, agora, observar os tipos de movimentos mecânicos existentes: giratório, alternado e retilíneo ou transversal. Movimento giratório Pode gerar acidente conforme o citado a seguir, no qual o trabalhador, depois de finalizar a montagem dos equipamentos, para não se molhar, tentou se deslocar próximo às partes móveis (Figura 2), que estavam em movimento e que prenderam sua calça, o que, conse- quentemente, levou sua perna para a zona de prensagem, o que veio a causar fraturas. 10 11 Por outro lado, sua outra perna ficou pressionada em decorrência da calça ter sido ar- rancada, devido à força e à velocidade dos eixos. Por isso, a calça virou um “torniquete”, causando problemas de circulação momentâneos na perna do trabalhador. Depois do acidente foi realizadoa proteção fixa para atender o item 12.38 da NR 12, que determina que as zonas de perigo dos equipamentos devem possuir Sistemas de Segurança. Figura 2 – Partes móveis desprotegidas do conjunto – Biela, eixo cardam e cruzeta Fonte: Silva, 2016 Movimento alternado (vai e vem) Pode ser perigoso porque, durante a ida e a volta ou o movimento de subida e desci- da, um trabalhador pode ser golpeado ou pode ser pego entre uma parte móvel e uma parte estacionária. Um acidente ocorreu com esse movimento com um elevador de carga da Construção Civil, vez que não existia um sistema de identificação de andar. Para dar conta dessa tarefa, era utilizado um método que usava uma corda no fosso do elevador, que compreendia todos os andares e, na parte inferior, onde ficava o controle do elevador, havia uma barra de ferro. Quando os trabalhadores queriam que o elevador chegasse ao andar, movimentavam a cor- da com o ferro e faziam barulho para o operador. Se estivessem no terceiro andar, faziam três movimentos e, assim, o operador entedia que era para levar o elevador até o terceiro andar. Certo dia, o elevador estava no andar de cima e um trabalhador mexeu a cordinha para que o elevador chegasse até o andar em ele que estava. Quando estava olhando no fosso para ver se o elevador estava subindo, o elevador desceu e decepou sua cabeça, como se fosse uma guilhotina. Movimento retilíneo ou transversal de linha contínua Cria um perigo, pois o trabalhador pode ser golpeado ou pode ser pego em um pon- to de aperto ou em um ponto de corte por uma parte móvel. Um exemplo comum é a esteira aberta, que pode arrastar ou ferir uma pessoa. 11 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Acidente Mantenedor de 19 anos foi solicitado a identificar um defeito na esteira de argila Para poder identificar o ocorrido, o acidentado subiu a rampa que dá acesso à esteira, ficando no mesmo patamar dela (Figura 3). Ele chegou à extremidade da esteira para verificar o defeito. Primeiramente, o aciden- tado olhou, para identificar onde estava rasgado, mas não enxergou, pois estava muito escuro no local. Ele constatou que a esteira funcionava fazendo um ruído estranho e colocou a mão direita para sentir onde estava o rasgo ou desgaste da lona na esteira, mas seu braço foi puxado e arrancado com o membro superior todo. Depois do acidente, foi realizada a ampliação da proteção (Figura 3) para atender ao item 12.38 da NR 12, que determina que as zonas de perigo das máquinas e dos equi- pamentos devem possuir Sistemas de Segurança. Figura 3 – Esteira desprotegida e de esteira protegida Fonte: Silva, 2009a Ação Mecânica Para a compreensão dos dispositivos de proteção a serem desenvolvidos, é de suma importância conhecer as ações mecânicas que as máquinas têm. Dentre elas, destacam-se os quatro tipos básicos, descritos a seguir: Tabela 3 – Ações Mecânicas Ação mecânica Descrição Exemplos Ação de corte Envolve movimentos giratórios, alternados e transversais. A ação de corte cria perigos no ponto de operação. Serras de fita, serras circulares, fresadoras, plai- nas, furadeiras, tornos mecânicos e moinhos. Ação de puncionamento Ocorre quando é aplicada força a um êmbolo, pis- tão ou martelo, com a finalidade de amassar, repu- xar ou estampar metal etc. Prensas mecânicas. Ação de cisalhamento Ocorre na aplicação de força em uma lâmina ou faca visando a aparar ou tosquiar metal, papel, borracha etc. Guilhotinas, tesouras mecânicas motorizadas, tesouras hidráulicas e pneumáticas. Ação de dobramento ou flexão Ocorre quando é aplicada força a uma lâmina para moldar, puxar ou estampar metal ou outros materiais. Prensas mecânicas, viradeiras e dobradeiras. Fonte: Vilela, 2000 12 13 Métodos de Proteção de Máquinas e Equipamentos Para compreender os métodos de proteção de máquinas e o atendimento à Norma Regulamentadora nº 12, vamos desenvolver o olhar sistêmico que Hollagnel (2004) pro- põe sobre as Barreiras de Segurança. Vamos citar alguns métodos de segurança, os mais tradicionais, utilizados para as ações de proteção e de prevenção, visando a garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Dentre as Barreiras, destacamos: Barreira Fixa, Barreira Interligada, Anteparo Ajus- tável e Anteparo Autoajustável, conforme descrito a seguir: Barreira Fixa • Ação de Segurança: Assegura uma barreira, conforme podemos verificar na Figura 4, que mostra as grades alaranjadas; • Vantagens: Adapta-se a muitas aplicações, pode ser concebida no Projeto, as proteções são eficientes e assegura proteção máxima; requer o mínimo de manutenção; • Limitações: Pode interferir na visibilidade; é limitada a operações específicas; os ajustes e as manutenções requerem a sua remoção, necessitando de outras medidas de segurança; • Descrição: É parte permanente da máquina e não é dependente das partes móveis para exercer sua função. Exemplo: Uma tela quadrada usada em uma barreira ou proteção fixa não pode permitir a passagem de um dedo para proteger o acesso de mãos em uma zona de risco em uma esteira. Atende o item 12.41, alínea “a”, da NR12. Fonte: GERECKE, 1998 Figura 4 – Esteira desprotegida e de esteira protegida Fonte: Silva, 2010 13 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Barreira Interligada • Ação de Segurança: Bloqueia ou desliga a energia e previne a partida da máquina quando a proteção está aberta. Pode assegurar a parada da máquina antes que o trabalhador acesse a zona de risco; • Vantagens: Assegura proteção máxima, permite acesso à máquina para a remo- ção de obstáculos sem consumo de tempo na remoção e na instalação de barreiras de proteção; • Limitações: Requer ajuste cuidadoso e manutenção, e pode ser facilmente anulada; • Descrição: Age quando aberta ou removida, o mecanismo de acionamento e ou de potência automaticamente desliga ou desengata, impedindo o funciona- mento da máquina ou o término de um ciclo, até que a Barreira regresse à sua posição fechada. Exemplo: As Barreiras deslizantes ou portas utilizadas em células de robot têm a chave de segurança que desliga o dispositivo de potência da célula quando a porta é aberta. Atende ao item 12.41, alínea “b”, da NR12. Fonte: GERECKE, 1998 Figura 5 – Barreira interligada com chave de segurança Fonte: Silva, 2018 Anteparo Ajustável • Ação de Segurança: Assegura uma Barreira que pode ser ajustada para facilitar uma variedade de operações de produção. O anteparo (ver Figura 6) sobre a serra protege o trabalhador caso quebrem os dentes da serra e possa atingir o operador; o anteparo por ser ajustado decorrente do tamanho da madeira; • Vantagens: Pode ser construída para se adaptar a muitas aplicações específicas; pode ser ajustada para aceitar uma variedade de tamanhos de material; 14 15 • Limitações: O operador pode entrar na zona de risco. A proteção pode não ser completa em todo o momento; pode requerer manutenção e ajuste constante; pode ser anulada por um operador e pode interferir na visibilidade (ver Figura 6); • Descrição: Barreiras ou proteções ajustáveis permitem flexibilidade, acomodando vários tamanhos de materiais. Exemplo: Proteção de anteparo contra quebra de dentes da serra circular (ver Figura 6). Fonte: GERECKE, 1998 Figura 6 – Serra desprotegia e de serra protegida Fonte: Silva, 2009b Anteparo Autoajustável • Ação de Segurança: Assegura uma barreira que se move de acordo com o tama- nho do material que entra na zona de risco; • Vantagens: Pode ser encontrada avulso para venda no Mercado; • Limitações: Nem sempre assegura uma proteção máxima n; pode interferir na visibilidade n; podem requisitar ajuste e manutenção frequentes; • Descrição: As aberturas das barreiras autoajustáveis são determinadas pelo movi- mento do material. À medida que o operador move o material para a área de risco, a proteção é puxada para trás ou para cima, possibilitando uma abertura que é grande o suficiente somente para o material. Depois que o material é removido, a proteção retorna à posiçãode descanso. Exemplo Muito comum: serras de braço radial com barreira tipo coifa autoajustá- vel. Assim que a lâmina é empurrada para o material, a proteção move para cima, ficando em contato com ele. Fonte: GERECKE, 1998 15 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Dispositivos de Controle de Segurança Com as novas Tecnologias advindas dos Sistemas de Automação e robótica, os ris- cos, muitas vezes, estão em mudanças constantes, mas as Barreiras de Segurança sem- pre estão presentes e muitas delas são contempladas pela NR12. Por mais que as ações de automação e robótica tenham tirado as mãos dos trabalha- dores da área de risco, criaram outros tipos de riscos, como os braços dos robôs, que podem causar acidentes. Por isso, as Barreiras de Segurança devem sempre ser analisadas de forma sistêmica e observadas as atividades dos trabalhadores. Vamos apresentar alguns dispositivos utilizados no meio ambiente de trabalho para proteger os trabalhadores nas operações das máquinas. Célula Fotoelétrica • Ação de Segurança: Máquina não dá partida quando o campo de luz é interrom- pido e, ao acessar a zona de risco, interrompe-se o feixe de luz, acionando imedia- tamente o sistema de freio; • Vantagens: Possibilita liberdade de movimento ao operador; • Limitações: Não protege contra falhas mecânicas da máquina, requer constante alinhamento e calibração, a vibração excessiva pode causar danos e destruição pre- matura, limitado as máquinas que podem parar antes de completar o ciclo; • Descrição: Dispositivos detectores que atuam quando uma pessoa ou parte do seu corpo adentra a zona de detecção, enviando um sinal para interromper ou impedir o início de funções perigosas. Exemplo Muito comum: A cortina de luz deve ser instalada com gerenciamento de um CLP ou relé de segurança definido pelo profissional especialista e a utilização da cortina de luz que deve estar conjugada com um dispositivo de acionamento bima- nual. Outros exemplos: detectores de presença, laser, barreiras óticas, monitores de área ou scanners, batentes, tapetes e sensores de posição. Fonte: VILELA, 2000 Controle bimanual • Ação de Segurança: Uso simultâneo das duas mãos prevenindo o acesso do ope- rador à zona de risco; • Vantagens: Mãos do operador estão a uma distância pré-determinada, fora da zona de risco; • Limitações: Requer uma máquina de ciclo parcial com freio (não se aplica à Pren- sa Mecânica com chaveta); protege somente o operador; pode ser danificado com vibração da máquina; 16 17 • Descrição: Requere pressão simultânea e constante das duas mãos do operador para acionar a máquina, até que termine o seu movimento de risco. Quando ins- talado em prensas mecânicas à fricção, esses controles usam uma embreagem de ciclo parcial e um monitor de freio. Exemplo Muito comum: O dispositivo de acionamento bimanual deve ser instalado com gerenciamento de um CLP ou relé de segurança definido pelo profissional espe- cialista e a utilização do comando bimanual deve estar conjugada com a cortina de luz. Fonte: VILELA, 2000 Porta • Ação de Segurança: Assegura uma barreira entre a área de risco e o operador ou outras pessoas; • Vantagens: Pode prevenir o acesso ou a entrada dentro da área de risco; • Limitações: Pode requisitar inspeção e manutenção frequente; não pode interferir na visibilidade; • Descrição: Controle de segurança que possui uma Barreira móvel que protege o operador no ponto de operação antes que dê início ao ciclo da máquina; portas são projetadas frequentemente para serem operadas com cada ciclo da máquina. Exemplo: Enclausuramento da zona de risco – Não permite frestas ou passagens de dedos e mãos nas zonas de perigo. Fonte: VILELA, 2000 O profissional de segurança precisa observar que a proteção para cada máquina depende do potencial de risco analisado por profissional habilitado e capacitado. O primeiro passo é garantir que a máquina tenha uma apreciação de risco. Mas para nos ajudar a entender o desenvolvimento desta Unidade, vamos fazer uma simulação para identificação das Barreiras de Segurança mínimas e gerais que devem ter uma máquina prensa apresentada na Figura 7. Figura 7 – Prensa mecânica Fonte: Silva, 2008 17 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Tabela 4 – Tipos de Barreira de Segurança Barreira de Segurança Tipos de Barreiras mínimas solicitadas pela NR 12 Física Grades de proteção fixa ou moveis – Com sistema de intertravamento Calço de segurança com sistema de intertravamento Funcional Cortina de luz instalada com gerenciamento de CLP ou relé de segurança Comando bimanual instalado com gerenciamento de CLP ou relé de segurança Parada de emergência Simbólica Procedimentos de trabalho e segurança Manuais Sinalização Manutenção Preventiva, Corretiva e Preditiva Além de aumentar o tempo de vida da máquina, a manutenção preventiva e preditiva (que se baseia no tempo de vida útil dos componentes) é fundamental para assegurar a efetividade dos dispositivos de segurança. A manutenção preditiva e preventiva pode assegurar que componentes como uma chave de segurança colocada em uma porta de segurança, por exemplo, seja substituída antes de ser danificada, evitando, assim, a ocorrência de acidentes, conforme podemos verificar no relato do acidente a seguir: Durante uma manutenção, um mecânico realizava destravamento da esteira dentro da máquina CNC. Ao entrar na máquina, passou por uma porta que continha uma chave de segurança. Por isso, interpretou que estava funcionando. O operador da máquina, ao retornar ao local, não enxerga o mecânico ao ver que a ferramenta estava encostada na peça; por isso, movimenta o eixo Z da máquina e o eixo movimenta a parte móvel na máquina e atinge a perna direita do mecânico que está dentro da máquina. A chave de segurança que deveria acusar a presença do mecânico não funcionou porque foi desabilitada pelos profissionais de produção, porque estava causando interrupções na operação da máquina. Nota-se que o acidente foi causado por ausência de Barreiras de Segurança, mas a que mais chama a atenção é que o mecânico confiava que a chave de segurança estava funcionando; mas não estava. Por isso, criou-se uma armadilha cognitiva para o mecâ- nico. Assim, a Equipe de Segurança deve ficar atenta aos itens da NR 12: • Determina que as máquinas e os equipamentos sejam submetidos à manutenção preventiva e corretiva, na forma e na periodicidade determinada pelo fabricante, conforme as Normas Técnicas oficiais nacionais vigentes; • Garantir profissional legalmente habilitado para planejar e gerenciar as manuten- ções preventivas com potencial de causar acidentes; • Garantir que as atividades de manutenções sejam registradas em livro próprio, ficha ou sistema informatizado; • O registro das manutenções deve ficar disponível aos trabalhadores, à CIPA, ao SESMT e à fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Dispositivos Alternativos de Proteção de Máquinas https://youtu.be/HzkWg4vfSbA Grade de proteção mecânica – Cumpre a norma NR 12 https://youtu.be/dpuSDjtRarA Projeto 3D Após a Adequação Completa NR12 https://youtu.be/KZ5B9IjYGfo Napo in... Safe maintenance https://youtu.be/394vWGelTKU Napo in... dust at work https://youtu.be/zsyPtsmV7XA Avaliação de Conformidade de Componentes de Sistemas de Segurança de Máquina no Brasil https://bit.ly/3iJOyXx Cartilha NR-12 Segurança em Máquinas para Couro e Tratamento de Efluentes https://bit.ly/3rzzz6S 19 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Referências ALMEIDA, I. M.; VILELA, R. A. G. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho – MAPA. Piracicaba: CEREST, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12100: Se- gurança de Máquinas – Princípios gerais de projeto – Apreciação e redução de riscos Brasília, ABNT, 2013. ________. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Brasília, ABNT, 2005. ________. NBR NM -ISO 13852: Segurança de Máquinas – Distâncias de segurança para impedir o acesso a zonas de perigo pelos membros superiores. Brasília, ABNT, 2003. ________. NBR NM 272: Segurança de máquinas – Proteções– Requisitos gerais para o projeto e construção de proteções fixas e móveis. Brasília, ABNT, 2002. ________. NBR NM 273: Segurança de máquinas – Dispositivos de intertravamento associados a proteções – Princípios para projeto e seleção. Brasília, ABNT, 2002. BRASIL. Ministério da Economia. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Secretaria de Trabalho 2019. ________. Ministério da Economia. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR-12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Secre- taria de Trabalho 2019. GERECKE, K. Machine Safeguarding in Encyclopaedia of Occupational Health and Safety. 4thed. Espanha, Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo,1998. p. 58.1-58.82. v.2. GERECKE, K.; POPE, C. T. Aplicaciones de la Accidentes y Gestion de la Seguridad (En- ciclopedia de la OIT). Espanha, Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo, 1998. 88p. SANTOS JUNIOR, J. R.; ZANGIROLAMI, M. J. NR-12: Segurança em Máquinas e Equipamentos: conceitos e aplicações. São Paulo: Érica, 2015. SILVA, A. J. N. Relatório de Investigação de acidente em prensa. Piracicaba: CEREST, 2008. ________. Relatório de Investigação de acidente em esteira. Piracicaba: CEREST, 2009a. ________. Relatório de inspeção em madeireira. Piracicaba: CEREST, 2009b. SILVEIRA, E. F. Interpretação dos requisitos da norma regulamentadora 12 por fabricantes de máquinas importadas. 2015. Disponível em: <Repositorio.jesuita.org. br>. Acesso em: 16/04/2019. 20
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