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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Instalação Industrial Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Barreiras de Segurança; • O Projeto; • Matriz de Risco; • A Importância do Planejamento e Simulações para a Saúde e Segurança; • Manutenção, Reforma e Demolições; • Acessibilidade. Fonte: Getty Im ages Objetivo • Apresentar aos alunos informações básicas sobre as Barreiras de Segurança em Insta- lações Industriais, suas obrigações legais, as responsabilidades técnicas e as ações que visem à proteção e à prevenção de ocorrências de incidentes e acidentes. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Instalação Industrial UNIDADE Instalação Industrial Contextualização A concepção das Instalações Industriais é fundamental para as ações de Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, vez que é o momento das tomadas de decisões e é este o mais importante para atingir o objetivo preventivo e protetivo. No dia a dia das investigações de acidentes de trabalho ou ambiental, nota-se que a tomada de decisão é um ponto muito importante e estratégico e pode vir a ser respon- sável por um acidente que envolve um grande Complexo Industrial, como, por exemplo, o acidente em Mariana (MG) e seus impactos ambientais, que vitimou 17 pessoas, bem como a tragédia de Brumadinho (MG) onde 176 pessoas foram encontradas mortas e 134 desaparecidas após o rompimento da barragem, mas também pode ocorrer em um estabelecimento pequeno, como o que ocorreu numa farmácia na Bahia, com uma explosão de gás que causou incêndio que matou 9 pessoas. É nesse contexto que entra a responsabilidade do Engenheiro de Segurança do Tra- balho, que é um dos profissionais que deve estar atento e apto a participar nos Projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas numa Empresa, devendo sempre aplicar os conhecimentos de Engenharia de Segurança e de Medicina do Tra- balho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, de modo a reduzir e até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador. Na construção do Parque Olímpico de Londres, em 2012, o fator mais importante para a prevenção e a proteção foi a tomada de decisão, segundo entrevista do engenhei- ro Alistair Gibb, um dos responsáveis pela segurança da obra. Ele afirma que o sucesso foi determinado porque o cliente principal não aceitou a possibilidade de que na construção pudessem morrer três ou quatro trabalhadores. Portanto, para dar início ao conteúdo, é fundamental a leitura da Entrevista do engenheiro Alistair Gibb, considerado pelos especialistas uma experiência bem-sucedida em saúde e segurança na construção. Disponível em: https://bit.ly/2DXQiJb 6 7 Barreiras de Segurança Profissional de segurança, fique muito atento a este tópico porque a Barreira de Segurança é um conceito utilizado para eliminar ou mitigar um perigo/risco. As Barreiras de Segurança podem ser identificadas no dia a dia da atuação de uma Equipe de Segurança, como, por exemplo, um “guarda-corpo”, que evita a queda de tra- balhadores, uma placa de “sinalização de perigo”, que pode alertar os trabalhadores, um “airbag” que pode atuar assim que houver uma batida de carro, na qual ele é acionado para “diminuir dano”, podendo salvar a pessoa da morte. Esse conceito é fundamental para um Sistema de Gestão de Segurança que se preo- cupe em antecipar os perigos. Ao identificar os riscos e perigo, deve-se instalar uma sé- rie de Barreiras de Segurança visando à prevenção e à proteção. Esse princípio introduz a explicação de acidentes como resultado de falta de e ou de falha de Barreiras presentes no Sistema (HOLLNAGEL, 2004). As Barreiras de Segurança, na linguagem da Equipe de Saúde e Segurança, devem ser entendidas como preventivas quando atuam para evitar o acidente/incidente e pro- tetivas quando atuam após o acidente/incidentes. Observe os exemplos na Tabela 1, a seguir. Tabela 1 – Exemplos de Barreiras de Segurança Preventivas e Protetivas Barreira Momento do uso Ações Sprinkler incêndio Após o incêndio Sua ação é protetiva, vez que não impediu o incêndio Airbag Atua após a batida Sua ação é protetiva, vez que atua após a batida do carro Guarda- corpo Obstrui a queda de trabalhadores Sua ação é preventiva, vez que evita a queda Porta com cadeado na cabine de força Impede o acesso de pessoas não autorizadas Sua ação é preventiva, vez que não permite a entrada de trabalhadores O conceito de Barreira de Segurança proposto por Hollnagel (2004) é classificado em quatro categorias: • Barreiras físicas ou materiais: visam a obstruir a energia ou a informação de um ponto a outro, não requerendo que sejam percebidas ou interpretadas pelos indi- víduos. São exemplos grades, guarda-corpos, muros, cercas e portas contra fogo; • Barreiras funcionais: impedem o acesso, como um cadeado, por exemplo, mas podem permitir a entrar numa área de risco, como uma cortina de luz, ou dificultar o acesso, como uma chave ou senha de identificação etc; • Barreiras simbólicas: precisam de interpretação, sendo que sua eficácia requer que o usuário perceba e responda do modo previsto. São exemplos sinalização de segu- rança, placas, semáforos, rótulos em embalagens, alarmes e permissões de trabalho; • Barreira imaterial: necessita de interpretação por se tratar de fases de prescrição e de monitoramento. Assim, sua eficácia depende do conhecimento da Equipe de Segurança. São exemplos regras e normas internas, indicadores, auditoria, princí- pios éticos e regras tácitas de convivência e trabalho em grupo. 7 UNIDADE Instalação Industrial Figura 1 – Exemplos de barreiras físicas – Grade de proteção de máquinas, passarela, proteção das partes móveis em esteira, proteção de periferia Fonte: Acervo do conteudista Figura 2 – Exemplos de barreiras funcionais – Chave de segurança, CLP de segurança e Cortina de luz de segurança Fonte: Acervo do conteudista Figura 3 – Exemplos de barreiras simbólicas – Placa, semáforo e rótulo em embalagem química Fonte: Adapatado de Getty Images Conforme a NR 26, em uma Instalação Industrial deve ser utilizada a sinalização de segu- rança em estabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes. A seguir, na Figura 4, apresentam-se as várias formas de barreiras pensadas pelo pesquisador Hollnagel (2004). 8 9 Figura 4 – Sistema de barreira e suas funções com exemplos Fonte: Adaptada de Hollnagel, 2004 Para melhor entendimento das Barreiras de Segurança, a Equipe precisa compreen- der quais são usadas para ações preventivas e quais para ações protetivas (ver Tabela 2). Tabela 2 – Exemplos de Barreiras de Segurança na Instalação Industrial Barreira Protetivas Preventivas Barreiras físicas ou materiais Redundância de Válvula de segurançaRedundância de disjuntores Guarda-corpo Porta com cadeado na Cabine de Força Barreiras funcionais Sprinkler incêndio Hidrante Câmeras filmadoras localizadas em área de risco Barreiras simbólicas Telefones de emergências Placas de sinalização Barreira imaterial Plano de emergência Investigação de acidente Procedimento operacional Regras de segurança A Equipe de Segurança precisa compreender as diferenças entre Barreiras de Segu- rança com redundância ou em diversidade. A primeira, por exemplo, pode ser a instalação de duas válvulas de segurança em série. A segunda, são barreiras com funções diferentes, como, por exemplo, a proteção de uma máquina de grande porte que possui grades físicas que não permitem acesso, comando bimanual, cortina de luz, válvulas de segurança, relés de segurança. Sobre as barreiras, Reason (2000) relaciona analogicamente as fatias de queijos suí- ços às barreiras, para evitar acidentes. 9 UNIDADE Instalação Industrial Figura 5 – Modelo do queijo suíço Fonte: Adaptado de James Reason Para Reason (2000), os buracos nas defesas surgem por duas razões: falhas ativas e condições latentes, conforme exemplo a seguir. Tabela 3 – Exemplos de falhas ativas e condições latentes Razões para surgirem os buracos Descrição Efeitos adversos Falhas ativas São representadas pela ação imediata cometida pelas pessoas que estão em contato direto com o Sistema Deslizes, lapsos, perdas, erros e violações de procedimentos Condições latentes São representadas pelas patologias intrínsecas do Sistema, e surgem a partir de decisões de projetistas, construtores, elaboradores de pro- cedimentos e do nível gerencial mais alto. Podem contribuir para o erro no local de trabalho (como, por exemplo, pressão de tempo, sobrecarga de trabalho, equipamentos inadequados, fadiga e inexpe- riência) e podem criar buracos ou fraquezas duradouras nas defesas (alarmes e indicadores não confiáveis, pro- cedimentos não exequíveis, deficiências de projetos e construtivos, dentre outros). As condições latentes, como o nome sugere, podem permanecer dormentes no Sistema por anos antes que se combinem às falhas ativas, provocando acidentes (REASON, 2000). Reason (2000) propõe outra forma de enxergar as barreiras de segurança, conforme apresentado na Tabela 4, a seguir: Tabela 4 – Exemplos de barreira individual, coletiva, técnica e organizacional Barreira Descrição Exemplo Barreira individual O trabalhador tem formação para identificar as pistas que permitem a ele distinguir um incidente frequen- te de um incidente grave, mas raro, e que começam da mesma maneira Motorista em direção contrária reduz a velocidade, vez que identificou uma ultrapassagem irregular que pode afetar muitas vidas Barreira coletiva A dupla em atividade em linha viva no setor de distri- buição elétrica, os eletricistas em ação, observam-se e se regulam. A atividade em linha viva em dupla depende da ob- servação do parceiro e ao redor do espaço de trabalho, vez que um erro pode gerar um acidente e atingir os dois trabalhadores Barreira técnica Em um hospital que armazenava soro e vaselina em recipientes com cores e bicos diferentes A construção dos recipientes com cor e bocal di- ferente não permite a conexão de produtos que podem oferecer risco ao paciente durante a medi- cação via intravenosa. 10 11 Barreira Descrição Exemplo Barreira organizacional Redundância de checagem de medicação a ser aplicada num paciente vulnerável, a etiqueta do medicamento é verificada muitas vezes, de ma- neiras independentes. Em atividades que controlam a medicação a ser apli- cada, ela tem de ser checada por vários profissionais e em locais diferentes. Depois da solicitação médica, o farmacêutico checa a etiqueta; a seguir, a enferma- gem padrão checa e vai para a equipe que aplica a medicação. Portanto, há tripla checagem Fonte: o próprio autor O Projeto Para iniciar, precisamos compreender que Instalações Industriais é a junção de ativi- dades que incluem os Setores de elétrica, químico, construção civil, hidráulica, mecânica e recursos humanos, como forma de garantir todo o funcionamento do Estabelecimento, bem como a eficiência dos Processos de Produção. Assim, para iniciar, ampliar ou reformar uma Instalação Industrial, deve-se considerar as regras existentes em cada município e estado, vez que os registros são diferentes nas várias regiões do Brasil. Todavia, existem procedimentos comuns, independentemente da região. Podemos citar, por exemplo, o Alvará de Construção e de Reforma, a Autorização para instalação de energia elétrica e captação de água, a apresentação do Projeto e seu planejamento de execução, a obtenção da carta de Habite-se. Dependo da Indústria, da capacidade industrial e do Setor de atuação, é preciso ter a Licença Ambiental e a dos bombeiros. Notadamente você, aluno(a) de Segurança do Trabalho vai observar que muitas Leis, Resoluções, Portarias e Normas ao longo do tempo se complementam com outras atri- buições da Engenharia como um todo. Por exemplo: para um Engenheiro Civil ao projetar uma Instalação Predial deve observar o Código de Obras municipal que é um conjunto de leis que permite à admi- nistração municipal, controlar e fiscalizar o espaço construído e seu entorno que visam a garantir o conforto ambiental, segurança, conservação de energia, salubridade e aces- sibilidade (SÃO PAULO, 2019). É fundamental que, no momento da elaboração do Projeto, o profissional realize as seguintes análises: estruturais, energéticas, estudos térmicos e termodinâmicos, estudos de ventilação natural, estudos de níveis de emissão de CO2, estudos luminotécnicos e estudos de insolação e sombreamento, isto é, todos os itens que podem auxiliar na pro- teção da saúde dos trabalhadores no ambiente de trabalho. No projeto, os profissionais têm de ficar atentos à Norma Regulamentadora n. 8, que estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto para os trabalhadores, é importante a altura do pé direito, que precisa estar de acordo com o Código de Obra Municipal, sempre visando a atender as condições de conforto, segurança e salubridade. 11 UNIDADE Instalação Industrial Tabela 5 – Itens da Norma Regulamentadora n. 8 ITENS DESCRIÇÃO DA NR 8 Circulação Os pisos não devem permitir saliências e nem depressões que prejudiquem a circulação Proteção nos pisos e nas paredes devem impedir a queda de pessoas ou objetos e os andares acima do solo devem dispor de proteção contra quedas Os pisos, as escadas e as rampas devem ser resistentes e ser construídas de acordo com as Normas Técnicas oficiais Nos locais de circulação devem ser empregados materiais ou processos antiderrapantes em locais com risco de queda Proteção contra intempéries As paredes devem ser resistentes ao fogo, ter isolamento térmico, isolamento e condicionamento acústico, re- sistência estrutural e impermeabilidade Os pisos e as paredes, sempre que necessário, devem ser impermeabilizados e protegidos contra a umidade As coberturas dos locais de trabalho devem assegurar proteção contra as chuvas As edificações dos locais de trabalho devem ser projetadas e construídas de modo a evitar insolação excessiva ou falta de insolação O projetista tem papel muito importante quando está elaborando o Projeto predial “arquitetônico” para as ações de proteção e prevenção no campo da saúde e segurança no trabalho, mas, na prática, esses profissionais solicitam a ajuda da Equipe de Segurança para ajudar nesse trabalho de criação? Os projetistas Os projetistas têm papel fundamental para antecipar os riscos presentes numa Ins- talação Industrial porque esses profissionais são responsáveis por desenhar os Projetos Técnicos das instalações, dos dispositivos, dos equipamentos e dos produtos, utilizando instrumentos e ferramentas apropriadas e atualizadas à sua época. Nesse momento, deve seguir as regras estabelecidaspreviamente, principalmente, as Normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. O projetista precisa pensar nas várias fases do processo da fabricação, mas é de suma importância pensar nas atividades do trabalhador. Ao projetar uma Instalação Industrial, o profissional deve pensar na vida útil do Pro- jeto, na composição do Sistema Industrial, visando a atender ao desempenho requerido. O projetista deve trabalhar com equipe multidisciplinar na identificação dos riscos, deve seguir as Normas Técnicas e as orientações dos fabricantes dos produtos contem- plados no Projeto. Para demonstrar a importância do Projeto e da atuação do projetista para as ações preventivas, vamos analisar um contexto de um modernização e ampliação de uma Usina de Açúcar. Os gestores da época compreenderam que, com o fim da queimada que estava por vir no Setor canavieiro, no estado de São Paulo, necessitavam de um novo modelo de negócio. Assim, construiriam novas caldeiras e geradores, que tinham a função de gerar energia elétrica decorrente da queima dos bagaços da cana que saiam do processo de 12 13 moagem. Mas como a Indústria estava obsoleta, necessitou de novas construções estru- turais e, dessa maneira, iniciou o processo de montagem industrial. Para executar a montagem, foram contratadas muitas Empresas prestadora de servi- ços, de vários segmentos, e ocorreram muitos acidentes, muitas autuações trabalhistas, muitas horas extras de trabalho etc. Considerando que à época da montagem, no estado de São Paulo, chove muito de dezembro a março, as atividades de trabalho ficaram muito intensificadas, porque em abril iniciaria a safra. Nesse contexto, ocorreu um acidente de trabalho com um trabalhador de 21 anos, que era terceirizado, trabalhava na montagem da estrutura auxiliar da esteira. As muitas equipes e Empresas montavam as passarelas e as esteiras. Por volta das 19h50min ele e seus companheiros estavam realizando a solda na es- teira e a chuva começou. Imediatamente a chefia determinou o recolhimento do material que estava sobre a passarela. O local estava mal iluminado e, assim, não permitiu identificar que havia uma grade faltando no piso. Ao se deslocar, o traba- lhador não viu o buraco no piso metálico, caiu de 21m de altura e veio a falecer. Para ver o resultado das ações pós acidente, consulte: https://bit.ly/2VpVKj3 O projetista poderia ter evitado esse acidente? Matriz de Risco A Matriz de Riscos é uma ferramenta que permite ao proprietário industrial se intei- rar dos riscos presentes no meio ambiente de trabalho e, assim, junto com sua Equipe Multidisciplinar mensurar, avaliar e ordenar os eventos de riscos que podem afetar o al- cance dos objetivos da cadeia produtiva e, dessa forma, construir e organizar o processo da Empresa a fim de atender aos objetivos estratégicos da Gestão empresarial. Nesse sentido, para o desenvolvimento do Projeto, é importante o gerenciamento de riscos, que pode ser de baixa complexidade, como montar um escritório, até alta complexidade, como uma Usina de fabricação de álcool. Por isso, é preciso o gerenciamento de risco, conforme mostra a Figura 6. Assista à aula sobre Matriz de risco, disponível em: https://youtu.be/TD19OeKyyJg Planejamento do gerenciamento Identi�cação dos riscos Análise quantitativa e qualitativa Planejar e controlar o risco Figura 6 – Fases do gerenciamento de riscos 13 UNIDADE Instalação Industrial Planejamento do gerenciamento Aqui, você que tem experiência de trabalho numa Empresa, vai perceber que as fer- ramentas e os nomes se confundem, mas, na realidade, elas se complementam. A análise de risco pode ser elaborada no campo da administração, da qualidade, da produção, da segurança, da ambiental, da contabilidade etc. Nesse sentido, a Equipe de Segurança deve compreender que a responsabilidade de desenvolver o Plano de Gerenciamento é do proprietário ou dos gestores nomeados. Ao iniciar o Projeto com a Equipe Multidisciplinar nomeada, deve-se checar se todas as Áreas de Conhecimento do Projeto estão contempladas, sendo todas integradas e consolidadas por meio do Plano de Gerenciamento do Projeto. Agora é o momento de a Equipe de Segurança trabalhar com a prevenção, porque esse espaço permite a conexão de saberes. Na linguagem da saúde e segurança, é o momento de identificar e antecipar o risco para eliminá-lo em sua origem. Nesta fase, que se consegue eliminar ou reduzir um risco, como exemplo, o enge- nheiro pode auxiliar na organização do layout para facilitar a movimentação da empi- lhadeira numa Metalúrgica, delimitando as passagens dos trabalhadores num espaço que reduz a exposição de trabalhadores, diminuindo, assim, o risco de atropelamentos. Também pode aperfeiçoar a eficiência dos processos, como instalar os religadores automáticos na Rede de Distribuição Elétrica, diminuindo a exposição dos eletricistas nas linhas energizadas e desenergizadas, diminuindo, dessa forma, o risco de choque elétrico. Mas, por outro lado, podem ser criados outros riscos, que devem ver avaliados e monitorados (SILVA et al 2018). Identificação dos riscos para a saúde e a segurança A identificação e a classificação dos riscos pode ser dividida em três partes básicas: caracterização do local de trabalho, descrição da exposição e avaliação risco. A seguir, na Tabela 6, exemplos para a identificação de risco. Tabela 6 – Exemplos para identifi cação de risco Identificação do risco Causa/Fonte geradora Tipo de exposição Trabalhadores expostos Ruído Máquinas Contínua Operador de empilhadeira Fumos metálicos Solda Contínua Soldador Queda de altura Telhado Eventual Mantenedor Ergonômico Pegar peça de 7kg no piso Contínua Montador 14 15 Realização de análise quantitativa A análise quantitativa, como exemplo, pode ser usada em Projetos de instalação de máquinas, para verificar o nível de ruído presente no ambiente de trabalho. Para reduzir o ruído, deve ser utilizada a norma da ABNT NBR 10151 de controle do ruído no meio ambiente. Realização de análise qualitativa No que tange à análise qualitativa, o profissional de segurança deve buscar indicado- res, tais como, absenteísmo, afastamento por adoecimento, estatística da sinistralidade da Empresa, relatórios de acidentes e incidentes, estatística da sinistralidade do Setor de atividade etc. Planejar e controlar os riscos A partir do momento em que a Equipe de Segurança identifique os riscos presentes, deve levar em conta Normas Técnicas, estudos científicos e parâmetros de exposição no meio ambiente de trabalho, que podem auxiliar a planejar e projetar medidas de controle e métodos trabalho. O Controle dos Riscos deve sempre ser uma decisão multidisciplinar e que deve ser pensada priorizando maior eficácia. A ordem de prioridade são os de controle de Engenharia, depois os administrativos e, por último, os de equipamento de proteção individual, conforme mostra a Figura 7. EPI Adotar as medidas anteriores, tais como, respiradores, luvas etc. Açõ es pa ra red uzi r d an o Açõ es pa ra pro teç ão e p rev en ção Controles administrativos Limitação do tempo de exposição; a rotação de trabalhadores pode reduzir a exposição; montagem de procedimento de trabalho; capacitação, treinamento; Controle de engenharia Ventilação (geral e localizada); enclausuramento da fonte (colocação de uma barreira entre o trabalhador e o agente); substituição (substituição de materiais menos tóxicos e in�amáveis etc.); mudanças no processo (eliminação de etapas perigosas); mudança ou alteração do processo ou operação; segregação do processo ou operação; modi�cação de projetos. Figura 7 – Medidas de controle de risco e a representação da sua efi cácia A base da pirâmide são as ações de maior eficácia, porque têm a função de eliminar ou minimizar a fonte do risco. Um exemplo dessa ação é a troca no processo de um produto químico que gera câncer para um produto que não faz mal à saúde dostrabalhadores. 15 UNIDADE Instalação Industrial A Importância do Planejamento e Simulações para a Saúde e Segurança Quando observamos o ambiente de trabalho, o Engenheiro de Segurança visualiza muitos riscos/perigos. Ao entrar num Setor de trabalho, pode facilmente observar uma atividade de risco de acidente numa movimentação de carga com içamento de peças pe- sadas pela ponte rolante, cuja condução está permitindo a passagem das peças sobre os trabalhadores na linha de produção, gerando um risco muito grande, vez que pode romper a cinta, escapar a peça, ocorrer um desequilíbrio e a peça cair sobre os trabalhadores. Por que essa situação do dia a dia tem a ver com o tema Instalações Industriais? Esse relato mostra que, na elaboração do Projeto, o profissional que vai organizar o layout da Indústria, deve ficar atento às seguintes normativas da NR 12 e da NR 26: • NR 12 – Item 12.93: Durante o transporte de materiais suspensos, devem ser ado- tadas medidas de segurança visando a garantir que não haja pessoas sob a carga; • Subitem 12.93.1: As medidas de segurança previstas no item 12.93 devem prio- rizar a existência de áreas exclusivas para a circulação de cargas suspensas devida- mente delimitadas e sinalizadas; • NR 26 – Item 26.1.2: Diz que as cores utilizadas nos locais de trabalho devem delimitar áreas e advertir contra riscos e devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais. Assim, podemos considerar que num bom Projeto, seguindo a Legislação de Saúde e Segurança, a Equipe de Segurança não precisaria ficar apontando perigo e risco no dia a dia do trabalho, com exceção das atividades não rotineiras, vez que no Projeto atendeu à Legislação e, assim, eliminou o risco na movimentação de carga suspensa sobre os trabalhadores, na sua origem. Simulações Aqui entra a necessidade de utilizar as Simulações do comportamento e do desempe- nho nas Instalações Industriais. Novas ferramentas e softwares estão sendo construídos e com elas é possível anteci- par os riscos e criar os meios de proteção e prevenção em laboratório. Na fase do Projeto, os profissionais da Equipe podem utilizar ferramentas de Computação Gráfica e de simulação para a implantação de novos sistemas de produção e de negócios. A utilização da simulação permite integrar as facilidades de edição, manipulação e animação dos pacotes computacionais gráficos bi e tridimensionais às fortes caracterís- ticas de análise dos softwares de simulação. Aqui, em caso de uma reforma industrial, pode ser analisada as atividades de traba- lho e verificadas as Ações características ou Ações de referência, com, por exemplo, 16 17 manobras críticas, processos de manutenção que a Equipe teria dificuldade de visualizar nas ações futuras. Assim, utilizar a simulação permitiria à equipe a trabalhar esses pontos críticos no futuro, para que a Equipe não cometa erros na próxima situação. No caso de um projeto novo, Ações características ou Ações de referência serão encontradas em outras fábricas, em pesquisas acadêmicas, em observação de postos de trabalho, em situações parecidas e, dessa forma, será utilizada a simulação nessas situa- ções para que a Equipe cometa o mínimo de erros na próxima situação. Assista ao vídeo da Indústria moveleira no link: https://youtu.be/ynpatV3rq5g e ao vídeo dos modelos de Linha de Produção no link: https://bit.ly/2YithZb Manutenção, Reforma e Demolições A manutenção das Instalações Industriais é um conjunto de atividades a ser realizado para conservar ou recuperar a capacidade funcional das Instalações Industriais e seus Sistemas constituintes a fim de atender às necessidades e à segurança dos seus proprie- tários e trabalhadores a fim de garantir a produtividade. Nesse sentido, pode-se utilizar a manutenção como ferramenta de melhoria, que permeia a efetivação de condições do meio ambiente de trabalho e que contribui para o aumento da produtividade, “evitando a parada de uma máquina”, e a qualidade dos serviços, “antecipando falhas”. Está dividida em: • Atividades de manutenção: que têm o objetivo de manter ou restabelecer as con- dições de operação e de desempenho, corrigindo eventuais deteriorações prediais, maquinário etc.; • Atividades de melhoria: focam-se na identificação de metodologias, ferramentas e processos que contribuam para o aprimoramento e a maximização dos recursos, possibilitando a antecipação e a mitigação de falhas ou interrupções indesejadas. A vida útil de qualquer produto, seja um maquinário ou uma edificação, depende da eficiência do projeto, da construção, das condições de agressividade do meio e dos cui- dados no uso e manutenção. Pesquise as Normas Técnicas de gestão e dos procedimentos de manutenção. 17 UNIDADE Instalação Industrial As modalidades (Tabela 7) de manutenção são diferentes e são conduzidas pela Equi- pe gestora da Empresa. Numa Organização, pode-se dividir a manutenção em patrimonial e produtiva. Tabela 7 – Modalidades e objetivo da manutenção Modalidade Base de ação Período da ação Objetivo Manutenção preditiva Baseada em estudos e históricos de cada componente Pré-programados Aproveitar ao máximo a vida útil das insta- lações e dos equipamentos Manutenção preventiva Atividades planejadas que prezam a conservação dos equipamentos e suas características produtivas Pré-programados Antecipar a ocorrência de falhas/quebras Manutenção corretiva Atividades não planejadas decorrentes de problemas nas instalações industriais Caráter emergencial Substituir peças ou componentes que se desgastaram ou falharam Os mantenedores estão trabalhando numa atividade em que as Barreiras de Segurança que foram pensadas para proteger os operadores da produção não estão atuando em sua integridade e, muitas vezes, estão totalmente desligadas. O que fazer nessas condições? Que Barreiras de Segurança devem existir? A variabilidade de Manutenção é gigantesca porque envolve várias tarefas, como ins- peção, preparação, ajuste, reparo e limpeza e, para um melhor planejamento é preciso de as manutenções preventivas e corretivas sejam registradas em livro próprio, ficha ou sistema informatizado, com os seguintes dados: • Cronograma de manutenção; • Intervenções realizadas; • Data da realização de cada intervenção; • Serviço realizado; • Peças reparadas ou substituídas; • Condições de segurança do equipamento; • Indicação conclusiva quanto às condições de segurança da máquina; • Nome do responsável pela execução das intervenções. Por ser uma atividade dinâmica e complexa, os profissionais de manutenção devem ser capacitados, qualificados ou legalmente habilitados, formalmente autorizados pelo em- pregador, e as atividades/tarefas devem ter procedimentos operacionais e de segurança. A manutenção é uma combinação de ações técnicas, administrativas e de gestão. Assim, deve-se avaliar o ciclo de vida de um componente, a estrutura, os equipamentos no local de trabalho, sempre observando e mantendo o desempenho de suas funções. A atividade de manutenção influencia a segurança e a saúde dos trabalhadores de duas maneiras. 18 19 Observe o quadro a seguir: Quadro 1 DESCRIÇÃO EXEMPLO A manutenção regular deve manter as máquinas e o am- biente de trabalho seguro e confiável. A ausência de manutenção regular pode sobrecarregar um Sistema, que pode explodir a indústria e ter danos materiais, humanos, econômicos e sociais, conforme mostra o vídeo do Acidente em Bhopal. A manutenção deve ser executada de forma segura, com proteção adequada dos trabalhadores que a efetuam e das restantes pessoas presentes no local de trabalho. As atividades rotineiras de manutenção têm uma inte- ração de atividade muito grande e é de difícil controle para as Equipes de Segurança, conforme mostra o vídeo do Napo. Assista ao acidente em Bhopal no link: https://youtu.be/YMhmcbecB9Y e ao filme do Napo sobre a importância do bloqueio e da sinalização em: https://youtu.be/UnYKkVV4AoQ Reforma As atividadesde reforma se confundem muito com as manutenções do dia a dia e, para a Gestão de Segurança, é primordial garantir uma gestão de terceiros para as Em- presas que executam atividades de alto risco. Para se organizar a Equipe de Segurança, deve-se montar o procedimento de contra- tação de Empresas Prestadoras de Serviços. É de suma importância constar o escopo de trabalho, todas as informações operacionais, de meio ambiente, de saúde e segurança. Após a contratação, antes de iniciar a atividade, a Equipe de Segurança deve realizar um diagnóstico com os responsáveis da produção e com o gestor de contrato, a fim de verificar toda a documentação necessária. A Equipe de Segurança realiza a conferência dos documentos de saúde e segurança, tais como, Instruções de Trabalho, Certificados de Formação, Atestado de Saúde Ocu- pacional etc. e todos os empregados devem passar por integração. Para um bom controle das condições industriais, a Empresa deve seguir as Normas da ABNT atualizadas dos seguintes temas: • Manutenção de edificações: Requisitos para o sistema de gestão de manutenção; • Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações: Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Demolições Para atividades de demolição, a Equipe de Segurança deve, primeiramente, ficar atenta à NR 18 Item de demolição. Destaca-se que esta atividade somente pode ser desenvolvida por um profissional legalmente habilitado. 19 UNIDADE Instalação Industrial A Gestão de Segurança tem como atribuição, antes de iniciar a demolição, organizar as medidas de controle nas linhas de fornecimento de energia elétrica, água, inflamáveis, líquidos e gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, canalizações de esgoto e de escoa- mento de água sempre respeitando as normas e as determinações atualizadas. Outra medida de controle é criar Barreiras de Segurança para não permitir ao traba- lhador e a terceiros no espaço da demolição e da implosão. Também tem de proteger as construções vizinhas, que devem ser examinadas previa e periodicamente, no sentido de ser preservada sua estabilidade e a integridade física. Acessibilidade Para as novas instalações, os projetistas devem levar em conta a acessibilidade, con- siderando que no Brasil há a “Lei de Cotas”, que é uma Política Social. Essa Lei exige de Empresas de grande porte a contratação de profissionais com deficiência e/ou reabi- litados pelo INSS. Nesse sentido, as Instalações Industriais devem garantir a segurança e a integridade física de pessoas com necessidades especiais ou de mobilidade reduzida, assegurando assim o direito de ir e vir e, ainda, de usufruir os mesmos ambientes que uma pessoa sem necessidades especiais. Nesse contexto, o papel da Equipe de Saúde e Segurança, juntamente com a Equipe de Recursos Humanos, é fundamental estimular ações que despertem e facilitem o con- vívio dos empregados com exposição da diferença e da diversidade humana. Assim, pode promover ações que favoreçam a redução das desigualdades sociais e da segregação de pessoas, diminuindo o preconceito. Figura 8 – Rampa de acesso para cadeirantes Fonte: Getty Images Figura 9 – Sinalização para defi cientes visuais Fonte: Getty Images 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Simulação de Evacuação de Salas https://youtu.be/Lp04BA-_Y2k Simulação dos trabalhadores na fabricação de aviões e no conforto dos passageiros https://youtu.be/2SMN7Zl43Tg Simulação de uma linha de produção https://youtu.be/pL0U0049uiE Leitura Entenda o acidente de Mariana e suas consequências para o meio ambiente Reportagem de acidente em Mariana (MG) e seus impactos ambientais que vitimou 17 pessoas. https://bit.ly/2OCOw3K Explosão de gás causou incêndio que matou 9 em farmácia na BA, diz polícia Reportagem do acidente em uma farmácia na Bahia com explosão de gás causou incên- dio que matou 9 pessoas. https://glo.bo/2LyG0Wb 21 UNIDADE Instalação Industrial Referências ALMEIDA, I. M; VILELA, R. A. G. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho – Mapa. Piracicaba: CEREST Piracicaba, 2010. ALMEIDA, I. M. et al. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes – Mapa: ferramenta para a vigilância em Saúde do trabalhador, Ciênc. Saúde coletiva, [on-line], v.19, n.12, p. 4679-4688, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n12/1413- 8123-csc-19-12-04679.pdf>. BRASIL. Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 8 – Edificações. Brasília, Ministério do Trabalho Emprego, 2001. ______. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Brasília, Ministério do Trabalho Emprego, 2011. ______. Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 26 – Sinalização de Segurança. Brasília, Ministério do Tra- balho Emprego, 2011. DANIELLOU, F., SIMARD, M. ET BOISSIÈRES, I. Facteurs humains et organisationnels de la sécurité industrielle: unét at de l’art, Cahiers de la Sécurité Industrielle, n. 2010-02. Toulouse, Institut pour une Culture de Sécurité Industrielle, 2010. Disponível em: <http://www.icsi-eu.org/francais/dev_cs/cahiers/>. Acesso em: 14 nov. 2014. GIBB, A. et al. A experiência bem-sucedida em saúde e segurança na construção do Parque Olímpico de Londres 2012: uma entrevista com Alistair Gibb,Rev. Bras. Saúde ocup. vol.43 supl.1 São Paulo 2018 [on-line]. 2018. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/rbso/v43s1/2317-6369-rbso-43-s01-e2s.pdf>. HOLLNAGEL, E. Barriers and Accident Prevention. Aldershot: Ashgate, 2004. p. 226. REASON, J. Human error: models and management. Manchester, BMJ: 2000. v.320 SILVA, A. J. N. et al. Acidentes de trabalho e os religadores automáticos no setor elé- trico: para além das causas imediatas, Cad. Saúde Pública [on-line]., Rio De Janeiro, Epub May, v. 34, n. 5, p. 13, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/ v34n5/1678-4464-csp-34-05-e00007517.pdf>. 22 Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Máquinas e Equipamentos Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Identificação de Perigo e Risco em Máquinas e em Equipamentos; • Legislação sobre Máquinas e Equipamentos; • Riscos Mecânicos; • Movimentos Mecânicos; • Ação Mecânica; • Métodos de Proteção de Máquinas e Equipamentos; • Dispositivos de Controle de Segurança; • Manutenção Preventiva, Corretiva e Preditiva. Fonte: Getty Im ages Objetivo • Apresentar aos alunos informações básicas sobre as Barreiras de Segurança em Máqui- nas e em Equipamentos, suas obrigações legais, as responsabilidades técnicas e as ações que visem à proteção e à prevenção de ocorrências de incidentes e acidentes. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideiase aprendizagem. Bons Estudos! Máquinas e Equipamentos UNIDADE Máquinas e Equipamentos Contextualização O Brasil vive um momento paradigmático, vez que vários ramos de trabalho estão introduzindo a robótica e novas Tecnologias. Por isso, os riscos mecânicos vêm sendo gradativamente superados e substituídos por outros riscos mais diretamente relaciona- dos à organização do trabalho. Por outro lado, ainda existe um número exagerado de indústrias com utilização de Tecnologias e máquinas obsoletas. Nesse contexto, não existe, ainda, estímulo por meio de Políticas Públicas para in- centivar o retrofit e os investimentos em novas máquinas e equipamentos. Mas ainda estão muito presentes os Acidentes de Trabalho (AT) que envolvem máquinas e equipa- mentos por ausência de Barreiras de Segurança. No Brasil, no período de 2012 a 2017, ocorreram 462.747 (AT) envolvendo Máqui- nas e Equipamentos. Nesses acidentes, foram diagnosticados (32,8%) Ferimentos Corte Contusos, (16,4%) Fraturas, (17,8%) Contusões e (4,95) Amputações. Nesse mesmo período, ocorreram 2.104 mortes no trabalho nas operações envol- vendo máquinas e equipamentos (Observatório MPT). As proteções de uma máquina têm como princípios básicos prevenir contra o conta- to; portanto a proteção tem de impedir o acesso de partes do corpo do trabalhador às partes móveis perigosas. As proteções e os dispositivos de segurança devem ser feitos de material durável; de- ve-se proteger a queda de objetos nas partes móveis, que podem danificar o equipamen- to ou se tornar um projétil, não pode criar novos perigos e não deve criar interferência que impeça ou dificulte os trabalhadores de executarem normalmente suas atividades. Nesta unidade, o profissional de segurança deverá ficar atento aos conceitos e às responsabilidades, uma vez que poderá ser utilizada nas demais áreas que envolvem a segurança no trabalho. Para isso, indica-se a leitura do seguinte artigo: Acidentes do trabalho com máquinas – Identificação de riscos e prevenção. Disponível em: https://bit.ly/2LMfHfB 6 7 Identificação de Perigo e Risco em Máquinas e em Equipamentos As Técnicas de Segurança em máquinas requerem envolvimento e participação dos diferentes atores que participam da Cadeia Produtiva. As Empresas que compram e os trabalhadores que operam são, do ponto de vista da Segurança, os profissionais a serem ouvidos pelos fabricantes e projetistas, vez que têm um papel privilegiado, porque podem interferir nesse ciclo, assegurando que a máquina nasça com segurança desde o berço. A adaptação de proteções, com a máquina já em funcionamento, é muito mais difícil e onerosa. O profissional de segurança deve ficar atento aos riscos e aos perigos existentes nas máquinas e nos equipamentos e, para executar uma análise de qualidade, deve utilizar a NBR 12100, porque a norma permite utilizar uma terminologia básica, que auxilia o profissional a seguir uma Metodologia para a obtenção da segurança das Máquinas. A adoção da apreciação e a redução de riscos pode ser realizada em novos projetos de máquinas ou na verificação da necessidade de melhorias nas máquinas existentes. Para melhor entendimento, a apreciação de risco se trata de um processo completo pelo qual o profissional legalmente habilitado realiza, nos moldes da Norma ABNT NBR ISO 12100 a identificação dos riscos e propõe a redução dos riscos inerentes a máqui- nas e a equipamentos, sendo composto pelas etapas de análise de risco e avaliação de risco (ver Figura 1). Análise de Risco Avaliação de Riscos Apreciação de Risco Determinação dos Limites da Máquina Identi�cação dos Perigos Estimativa de RiscosLimites da Máquina dos Perigos de Riscos Figura 1 – Etapas da apreciação e redução de risco em máquinas e equipamentos Fonte: Adaptado de ABNT NBR ISO 12100, 2013 O profissional de segurança deve ficar atento, vez que a apreciação de risco é uma metodologia internacional e normatizada para a redução de riscos em máquinas e em equipamento, para atender à NR 12, item 12.5, que especifica que: Na aplicação desta Norma e de seus anexos, devem-se considerar as características das máquinas e equipamentos, do processo, a aprecia- ção de riscos e o estado da técnica. (BRASIL, NR12, 2018) 7 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Um dos métodos que se pode utilizar é o Hazard Hating Number – HRN que, em tradução livre, significa Número de Classificação de Perigo e é um método quantitativo para a realização da estimativa de risco. Com ele, torna-se possível a priorização das ações na melhoria e na correção de falhas relacionadas à saúde e à segurança nos equi- pamentos (SANTOS JUNIOR; ZANGIROLAMI, 2015). Utiliza-se a fórmula HRN = GMPL x FE x PO x NP, na qual se calcula o número de classificação e risco – ou HRN, em que são utilizadas as quatro variáveis a seguir: • Grau Máximo de Perda ou Lesão – GMPL; • Frequência de Exposição – FE; • Probabilidade de Ocorrência – PO; • Número de Pessoas Envolvidas – NP. Vale lembrar que o HRN deve ser calculado para cada perigo existente no equipa- mento. Dessa forma, o projetista/avaliador pode priorizar as ações e direcionar re- cursos para o controle dos riscos com melhor eficiência. Legislação sobre Máquinas e Equipamentos A Norma Regulamentadora 12 é uma normativa construída visando a atender as barreiras de segurança preventivas e as protetivas, bem como garantir redundância e diversidade. Com esse princípio, foram construídos, pela Comissão Nacional Tripartite na Te- mática, os itens a seguir: Princípios Gerais, Arranjo Físico e Instalações, Instalações e Dispositivos Elétricos, Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada; Sistemas de Se- gurança, Dispositivos de Parada de Emergência, Meios de Acesso Permanentes, Com- ponentes Pressurizados, Transportadores de Materiais, Aspectos Ergonômicos, Riscos Adicionais, Manutenção, Inspeção, Preparação, Ajuste, Reparo e Limpeza, Sinalização, Manuais, Procedimentos de Trabalho e Segurança, Projeto, Fabricação, Importação, Venda, Locação, Leilão, Cessão a Qualquer Título, Exposição e Utilização, Capacita- ção, Outros Requisitos Específicos de Segurança e Disposições Finais. Para melhor entendimento, foi organizada a Tabela 1 dos itens a serem compreendi- dos sobre a NR 12 e quais ações devem ser tomadas pela Equipe de Segurança. Tabela 1 – Descrição dos itens da NR 12 e ações importantes para a Equipe de Segurança Item Descrição Ação para a equipe de SST Inventário Identificar por tipo, capacidade, Sistemas de Se- gurança e localização em Planta Baixa. As infor- mações do inventário devem subsidiar as ações de gestão para a aplicação da NR 12. Organizar o inventário, garantindo a elaboração por meio de um ou mais profissionais qualifica- dos ou legalmente habilitados. 8 9 Item Descrição Ação para a equipe de SST Arranjo físico e Instalações Nos locais de instalação de Máquinas e Equipa- mentos, as áreas de circulação devem ser devida- mente demarcadas. Averiguar se as instalações estão em conformi- dade com as Normas Técnicas oficiais. Instalações e Dispositivos elétricos As instalações elétricas das máquinas e dos equi- pamentos devem ser projetadas e mantidas de modo a prevenir, por meios seguros, os perigos de choque elétrico, incêndio, explosão e outros tipos de acidentes, conforme previsto na NR 10. Averiguar se as instalações e os dispositivos elé- tricos estão em conformidade com as Normas Técnicas oficiais, bem como se existe o Respon- sável Técnico pelo tema. Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada Os dispositivos de partida, acionamento e parada das máquinas devem ser projetados, selecionados e instalados de modo que protejam o operador. Observar se dispositivos de partida, acionamen- to e parada não se localiza em zonas perigosas; impeçam acionamento ou desligamento invo- luntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental; não acarretem riscos adicionais e não possam ser burlados. Sistemas de Segurança As zonasde perigo das máquinas e dos equipa- mentos devem possuir sistemas de segurança. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legal- mente habilitado. Dispositivos de Parada de Emergência As máquinas devem ser equipadas com um ou mais dispositivos de parada de emergência. Garantir que os dispositivos de parada de emer- gência sejam posicionados em locais de fácil acesso e visualização. Meios de Acesso Permanentes Devem possuir acessos permanentemente fixados e seguros a todos os seus pontos de operação, abastecimento, inserção de matérias-primas e retirada de produtos trabalhados, preparação, manutenção e intervenção constante. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legal- mente habilitado. Componentes Pressurizados Devem ser adotadas medidas adicionais de prote- ção das mangueiras, tubulações e demais compo- nentes pressurizados. Desenvolver instrumentos para o monitoramen- to dos componentes pressurizados. Transportadores de Materiais Os movimentos perigosos dos transportadores contínuos de materiais devem ser protegidos, es- pecialmente, nos pontos de esmagamento, agar- ramento e aprisionamento. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legalmente habilitado. Aspectos Ergonômicos As máquinas e os equipamentos devem ser pro- jetados, construídos e mantidos com as questões envolvendo os riscos ergonômicos. Nesse campo, a equipe de saúde e de segurança devem atuar de forma sistêmica envolvendo to- dos os setores da Empresa. Uma Análise Ergonô- mica da Atividade permite uma ação adequada. Riscos Adicionais Substâncias perigosas quaisquer, sejam agentes biológicos sejam agentes químicos em estado sólido, líquido ou gasoso, que apresentem riscos à saúde ou à integridade física dos trabalhadores por meio de inalação, ingestão ou contato com a pele, olhos ou mucosas. Garantir a apreciação de risco conforme NBR ISO 12100 por profissional qualificado ou legal- mente habilitado. Sinalização Devem possuir sinalização de segurança para advertir os trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estão expostos, as instruções de operação e manutenção e outras informações necessárias para garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores. Averiguar se a sinalização está em conformidade com as normas técnicas oficiais. Manuais As máquinas e equipamentos devem possuir Ma- nual de Instrução fornecido pelo fabricante ou importador, com informações relativas à seguran- ça em todas as fases de utilização. Averiguar se os manuais estão em conformidade com as Normas Técnicas oficiais. Procedimentos de Trabalho e Segurança Devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança específicos, padronizados, com des- crição detalhada de cada tarefa, passo a passo, a partir da análise de risco. Nesse campo, as equipes de saúde e segurança de- vem atuar de forma sistêmica envolvendo todos os Setores de Qualidade e Produção para realizar os procedimentos e as instruções de trabalho. 9 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Item Descrição Ação para a equipe de SST Capacitação A operação, manutenção, inspeção e demais inter- venções em máquinas e equipamentos devem ser realizadas por trabalhadores habilitados, qualifi- cados e capacitados. Garantir que os trabalhadores estejam habilita- dos, qualificados, capacitados e autorizados. Outros Requisitos específicos de Segurança As ferramentas e os materiais utilizados nas inter- venções em máquinas e em equipamentos devem ser adequados às operações realizadas. Averiguar se as ferramentas e os materiais utili- zados estão em conformidade com as Normas Técnicas oficiais. Fonte: Norma Regulamentadora nº 12 Riscos Mecânicos Para Gerecke e Pope (1998), consultores da OIT, os riscos mecânicos são criados pe- las partes móveis dos diferentes tipos de máquinas, de suma importância conhecer, vez que a exposição do trabalhador a essas partes móveis decorrentes de ausências de bar- reiras de segurança nas máquinas é um dos indicadores em que mais ocorrem acidentes. Por isso, é importante reconhecer os pontos dos riscos mecânicos identificados a seguir. Tabela 2 – Apresentação dos pontos dos riscos mecânicos RISCO PARTES MÓVEIS DESCRIÇÃO EXEMPLOS Ponto de operação É o local onde o trabalho é executado Ponto de prensagem, moldagem, perfuração, estampagem, esmagamento etc. Mecanismo de transmissão de força É o sistema mecânico que transmite energia para as partes da máquina que executam o trabalho Volantes, polias, correias, conexões de eixos, junções, engates, fusos, correntes, manivelas e engrenagens etc. Outras partes móveis É o movimento que a máquina faz quando está trabalhando, tal como movimento de ida e volta, partes girantes, movimentos transversais Elevadores, sistemas mecânicos de alimentação e extração. Fonte: Vilela, 2000 Movimentos Mecânicos Após compreendermos onde estão os pontos a serem olhados na Identificação dos Perigos, precisamos, agora, observar os tipos de movimentos mecânicos existentes: giratório, alternado e retilíneo ou transversal. Movimento giratório Pode gerar acidente conforme o citado a seguir, no qual o trabalhador, depois de finalizar a montagem dos equipamentos, para não se molhar, tentou se deslocar próximo às partes móveis (Figura 2), que estavam em movimento e que prenderam sua calça, o que, conse- quentemente, levou sua perna para a zona de prensagem, o que veio a causar fraturas. 10 11 Por outro lado, sua outra perna ficou pressionada em decorrência da calça ter sido ar- rancada, devido à força e à velocidade dos eixos. Por isso, a calça virou um “torniquete”, causando problemas de circulação momentâneos na perna do trabalhador. Depois do acidente foi realizado a proteção fixa para atender o item 12.38 da NR 12, que determina que as zonas de perigo dos equipamentos devem possuir Sistemas de Segurança. Figura 2 – Partes móveis desprotegidas do conjunto – Biela, eixo cardam e cruzeta Fonte: Silva, 2016 Movimento alternado (vai e vem) Pode ser perigoso porque, durante a ida e a volta ou o movimento de subida e desci- da, um trabalhador pode ser golpeado ou pode ser pego entre uma parte móvel e uma parte estacionária. Um acidente ocorreu com esse movimento com um elevador de carga da Construção Civil, vez que não existia um sistema de identificação de andar. Para dar conta dessa tarefa, era utilizado um método que usava uma corda no fosso do elevador, que compreendia todos os andares e, na parte inferior, onde ficava o controle do elevador, havia uma barra de ferro. Quando os trabalhadores queriam que o elevador chegasse ao andar, movimentavam a cor- da com o ferro e faziam barulho para o operador. Se estivessem no terceiro andar, faziam três movimentos e, assim, o operador entedia que era para levar o elevador até o terceiro andar. Certo dia, o elevador estava no andar de cima e um trabalhador mexeu a cordinha para que o elevador chegasse até o andar em ele que estava. Quando estava olhando no fosso para ver se o elevador estava subindo, o elevador desceu e decepou sua cabeça, como se fosse uma guilhotina. Movimento retilíneo ou transversal de linha contínua Cria um perigo, pois o trabalhador pode ser golpeado ou pode ser pego em um pon- to de aperto ou em um ponto de corte por uma parte móvel. Um exemplo comum é a esteira aberta, que pode arrastar ou ferir uma pessoa. 11 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Acidente Mantenedor de 19 anos foi solicitado a identificar um defeito na esteira de argila Para poder identificar o ocorrido, o acidentado subiu a rampa que dá acesso à esteira, ficando no mesmo patamar dela (Figura 3). Ele chegou à extremidade da esteira para verificar o defeito. Primeiramente, o aciden- tado olhou, para identificar onde estava rasgado, mas não enxergou, pois estava muito escuro no local. Ele constatou que a esteira funcionava fazendo um ruído estranhoe colocou a mão direita para sentir onde estava o rasgo ou desgaste da lona na esteira, mas seu braço foi puxado e arrancado com o membro superior todo. Depois do acidente, foi realizada a ampliação da proteção (Figura 3) para atender ao item 12.38 da NR 12, que determina que as zonas de perigo das máquinas e dos equi- pamentos devem possuir Sistemas de Segurança. Figura 3 – Esteira desprotegida e de esteira protegida Fonte: Silva, 2009a Ação Mecânica Para a compreensão dos dispositivos de proteção a serem desenvolvidos, é de suma importância conhecer as ações mecânicas que as máquinas têm. Dentre elas, destacam-se os quatro tipos básicos, descritos a seguir: Tabela 3 – Ações Mecânicas Ação mecânica Descrição Exemplos Ação de corte Envolve movimentos giratórios, alternados e transversais. A ação de corte cria perigos no ponto de operação. Serras de fita, serras circulares, fresadoras, plai- nas, furadeiras, tornos mecânicos e moinhos. Ação de puncionamento Ocorre quando é aplicada força a um êmbolo, pis- tão ou martelo, com a finalidade de amassar, repu- xar ou estampar metal etc. Prensas mecânicas. Ação de cisalhamento Ocorre na aplicação de força em uma lâmina ou faca visando a aparar ou tosquiar metal, papel, borracha etc. Guilhotinas, tesouras mecânicas motorizadas, tesouras hidráulicas e pneumáticas. Ação de dobramento ou flexão Ocorre quando é aplicada força a uma lâmina para moldar, puxar ou estampar metal ou outros materiais. Prensas mecânicas, viradeiras e dobradeiras. Fonte: Vilela, 2000 12 13 Métodos de Proteção de Máquinas e Equipamentos Para compreender os métodos de proteção de máquinas e o atendimento à Norma Regulamentadora nº 12, vamos desenvolver o olhar sistêmico que Hollagnel (2004) pro- põe sobre as Barreiras de Segurança. Vamos citar alguns métodos de segurança, os mais tradicionais, utilizados para as ações de proteção e de prevenção, visando a garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Dentre as Barreiras, destacamos: Barreira Fixa, Barreira Interligada, Anteparo Ajus- tável e Anteparo Autoajustável, conforme descrito a seguir: Barreira Fixa • Ação de Segurança: Assegura uma barreira, conforme podemos verificar na Figu- ra 4, que mostra as grades alaranjadas; • Vantagens: Adapta-se a muitas aplicações, pode ser concebida no Projeto, as proteções são eficientes e assegura proteção máxima; requer o mínimo de manutenção; • Limitações: Pode interferir na visibilidade; é limitada a operações específicas; os ajustes e as manutenções requerem a sua remoção, necessitando de outras medidas de segurança; • Descrição: É parte permanente da máquina e não é dependente das partes móveis para exercer sua função. Exemplo: Uma tela quadrada usada em uma barreira ou proteção fixa não pode permitir a passagem de um dedo para proteger o acesso de mãos em uma zona de risco em uma esteira. Atende o item 12.41, alínea “a”, da NR12. Fonte: GERECKE, 1998 Figura 4 – Esteira desprotegida e de esteira protegida Fonte: Silva, 2010 13 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Barreira Interligada • Ação de Segurança: Bloqueia ou desliga a energia e previne a partida da máquina quando a proteção está aberta. Pode assegurar a parada da máquina antes que o trabalhador acesse a zona de risco; • Vantagens: Assegura proteção máxima, permite acesso à máquina para a remo- ção de obstáculos sem consumo de tempo na remoção e na instalação de barreiras de proteção; • Limitações: Requer ajuste cuidadoso e manutenção, e pode ser facilmente anulada; • Descrição: Age quando aberta ou removida, o mecanismo de acionamento e ou de potência automaticamente desliga ou desengata, impedindo o funciona- mento da máquina ou o término de um ciclo, até que a Barreira regresse à sua posição fechada. Exemplo: As Barreiras deslizantes ou portas utilizadas em células de robot têm a chave de segurança que desliga o dispositivo de potência da célula quando a porta é aberta. Atende ao item 12.41, alínea “b”, da NR12. Fonte: GERECKE, 1998 Figura 5 – Barreira interligada com chave de segurança Fonte: Silva, 2018 Anteparo Ajustável • Ação de Segurança: Assegura uma Barreira que pode ser ajustada para facilitar uma variedade de operações de produção. O anteparo (ver Figura 6) sobre a serra protege o trabalhador caso quebrem os dentes da serra e possa atingir o operador; o anteparo por ser ajustado decorrente do tamanho da madeira; • Vantagens: Pode ser construída para se adaptar a muitas aplicações específicas; pode ser ajustada para aceitar uma variedade de tamanhos de material; 14 15 • Limitações: O operador pode entrar na zona de risco. A proteção pode não ser completa em todo o momento; pode requerer manutenção e ajuste constante; pode ser anulada por um operador e pode interferir na visibilidade (ver Figura 6); • Descrição: Barreiras ou proteções ajustáveis permitem flexibilidade, acomodando vários tamanhos de materiais. Exemplo: Proteção de anteparo contra quebra de dentes da serra circular (ver Figura 6). Fonte: GERECKE, 1998 Figura 6 – Serra desprotegia e de serra protegida Fonte: Silva, 2009b Anteparo Autoajustável • Ação de Segurança: Assegura uma barreira que se move de acordo com o tama- nho do material que entra na zona de risco; • Vantagens: Pode ser encontrada avulso para venda no Mercado; • Limitações: Nem sempre assegura uma proteção máxima n; pode interferir na visibilidade n; podem requisitar ajuste e manutenção frequentes; • Descrição: As aberturas das barreiras autoajustáveis são determinadas pelo movi- mento do material. À medida que o operador move o material para a área de risco, a proteção é puxada para trás ou para cima, possibilitando uma abertura que é grande o suficiente somente para o material. Depois que o material é removido, a proteção retorna à posição de descanso. Exemplo Muito comum: serras de braço radial com barreira tipo coifa autoajustá- vel. Assim que a lâmina é empurrada para o material, a proteção move para cima, ficando em contato com ele. Fonte: GERECKE, 1998 15 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Dispositivos de Controle de Segurança Com as novas Tecnologias advindas dos Sistemas de Automação e robótica, os ris- cos, muitas vezes, estão em mudanças constantes, mas as Barreiras de Segurança sem- pre estão presentes e muitas delas são contempladas pela NR12. Por mais que as ações de automação e robótica tenham tirado as mãos dos trabalha- dores da área de risco, criaram outros tipos de riscos, como os braços dos robôs, que podem causar acidentes. Por isso, as Barreiras de Segurança devem sempre ser analisadas de forma sistêmica e observadas as atividades dos trabalhadores. Vamos apresentar alguns dispositivos utilizados no meio ambiente de trabalho para proteger os trabalhadores nas operações das máquinas. Célula Fotoelétrica • Ação de Segurança: Máquina não dá partida quando o campo de luz é interrom- pido e, ao acessar a zona de risco, interrompe-se o feixe de luz, acionando imedia- tamente o sistema de freio; • Vantagens: Possibilita liberdade de movimento ao operador; • Limitações: Não protege contra falhas mecânicas da máquina, requer constante alinhamento e calibração, a vibração excessiva pode causar danos e destruição pre- matura, limitado as máquinas que podem parar antes de completar o ciclo; • Descrição: Dispositivos detectores que atuam quando uma pessoa ou parte do seu corpo adentra a zona de detecção, enviando um sinal para interromper ou impedir o início de funções perigosas. Exemplo Muito comum: A cortina de luz deve ser instalada com gerenciamento de um CLP ou relé de segurança definido pelo profissional especialista e a utilização da cortina de luz que deve estar conjugada com um dispositivo de acionamento bima- nual. Outros exemplos: detectores de presença, laser, barreiras óticas, monitores de área ou scanners, batentes, tapetes e sensores de posição. Fonte: VILELA, 2000 Controle bimanual • Ação de Segurança: Uso simultâneo dasduas mãos prevenindo o acesso do ope- rador à zona de risco; • Vantagens: Mãos do operador estão a uma distância pré-determinada, fora da zona de risco; • Limitações: Requer uma máquina de ciclo parcial com freio (não se aplica à Pren- sa Mecânica com chaveta); protege somente o operador; pode ser danificado com vibração da máquina; 16 17 • Descrição: Requere pressão simultânea e constante das duas mãos do operador para acionar a máquina, até que termine o seu movimento de risco. Quando ins- talado em prensas mecânicas à fricção, esses controles usam uma embreagem de ciclo parcial e um monitor de freio. Exemplo Muito comum: O dispositivo de acionamento bimanual deve ser instalado com gerenciamento de um CLP ou relé de segurança definido pelo profissional espe- cialista e a utilização do comando bimanual deve estar conjugada com a cortina de luz. Fonte: VILELA, 2000 Porta • Ação de Segurança: Assegura uma barreira entre a área de risco e o operador ou outras pessoas; • Vantagens: Pode prevenir o acesso ou a entrada dentro da área de risco; • Limitações: Pode requisitar inspeção e manutenção frequente; não pode interferir na visibilidade; • Descrição: Controle de segurança que possui uma Barreira móvel que protege o operador no ponto de operação antes que dê início ao ciclo da máquina; portas são projetadas frequentemente para serem operadas com cada ciclo da máquina. Exemplo: Enclausuramento da zona de risco – Não permite frestas ou passagens de dedos e mãos nas zonas de perigo. Fonte: VILELA, 2000 O profissional de segurança precisa observar que a proteção para cada máquina depende do potencial de risco analisado por profissional habilitado e capacitado. O primeiro passo é garantir que a máquina tenha uma apreciação de risco. Mas para nos ajudar a entender o desenvolvimento desta Unidade, vamos fazer uma simulação para identificação das Barreiras de Segurança mínimas e gerais que devem ter uma máquina prensa apresentada na Figura 7. Figura 7 – Prensa mecânica Fonte: Silva, 2008 17 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Tabela 4 – Tipos de Barreira de Segurança Barreira de Segurança Tipos de Barreiras mínimas solicitadas pela NR 12 Física Grades de proteção fixa ou moveis – Com sistema de intertravamento Calço de segurança com sistema de intertravamento Funcional Cortina de luz instalada com gerenciamento de CLP ou relé de segurança Comando bimanual instalado com gerenciamento de CLP ou relé de segurança Parada de emergência Simbólica Procedimentos de trabalho e segurança Manuais Sinalização Manutenção Preventiva, Corretiva e Preditiva Além de aumentar o tempo de vida da máquina, a manutenção preventiva e preditiva (que se baseia no tempo de vida útil dos componentes) é fundamental para assegurar a efetividade dos dispositivos de segurança. A manutenção preditiva e preventiva pode assegurar que componentes como uma chave de segurança colocada em uma porta de segurança, por exemplo, seja substituída antes de ser danificada, evitando, assim, a ocorrência de acidentes, conforme podemos verificar no relato do acidente a seguir: Durante uma manutenção, um mecânico realizava destravamento da esteira dentro da máquina CNC. Ao entrar na máquina, passou por uma porta que continha uma chave de segurança. Por isso, interpretou que estava funcionando. O operador da máquina, ao retornar ao local, não enxerga o mecânico ao ver que a ferramenta estava encostada na peça; por isso, movimenta o eixo Z da máquina e o eixo movimenta a parte móvel na máquina e atinge a perna direita do mecânico que está dentro da máquina. A chave de segurança que deveria acusar a presença do mecânico não funcionou porque foi desabilitada pelos profissionais de produção, porque estava causando interrupções na operação da máquina. Nota-se que o acidente foi causado por ausência de Barreiras de Segurança, mas a que mais chama a atenção é que o mecânico confiava que a chave de segurança estava funcionando; mas não estava. Por isso, criou-se uma armadilha cognitiva para o mecâ- nico. Assim, a Equipe de Segurança deve ficar atenta aos itens da NR 12: • (12.111): Determina que as máquinas e os equipamentos sejam submetidos à ma- nutenção preventiva e corretiva, na forma e na periodicidade determinada pelo fabricante, conforme as Normas Técnicas oficiais nacionais vigentes; • (12.111.1.): Garantir profissional legalmente habilitado para planejar e gerenciar as manutenções preventivas com potencial de causar acidentes; • (12.112): Garantir que as atividades de manutenções sejam registradas em livro próprio, ficha ou sistema informatizado; • (12.112.1.): O registro das manutenções deve ficar disponível aos trabalhadores, à CIPA, ao SESMT e à fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Dispositivos Alternativos de Proteção de Máquinas https://youtu.be/HzkWg4vfSbA Grade de proteção mecânica – Cumpre a norma NR 12 https://youtu.be/dpuSDjtRarA Projeto 3D Após a Adequação Completa NR12 https://youtu.be/KZ5B9IjYGfo Napo in... Safe maintenance https://youtu.be/394vWGelTKU Napo in... dust at work https://youtu.be/zsyPtsmV7XA 19 UNIDADE Máquinas e Equipamentos Referências ALMEIDA, I. M.; VILELA, R. A. G. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho – MAPA. Piracicaba: CEREST, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12100: Se- gurança de Máquinas – Princípios gerais de projeto – Apreciação e redução de riscos Brasília, ABNT, 2013. ______. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Brasília, ABNT, 2005. ______. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Brasília, ABNT, 2005. ______. NBR NM - ISO 13852: Segurança de Máquinas – Distâncias de segurança para impedir o acesso a zonas de perigo pelos membros superiores. Brasília, ABNT, 2003. ______. NBR NM 272: Segurança de máquinas – Proteções– Requisitos gerais para o projeto e construção de proteções fixas e móveis. Brasília, ABNT, 2002. ______. NBR NM 273: Segurança de máquinas – Dispositivos de intertravamento asso- ciados a proteções – Princípios para projeto e seleção. Brasília, ABNT, 2002. BRASIL. Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. 2004. Disponível em: <http:// trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR-10- -atualizada-016.pdf>. Acesso em: 8 jan. 2019. ______. Ministério do Trabalho Emprego. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 12 – Segurança o Trabalho em Máquinas e Equipamentos. 2010. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normati- zacao/normas-regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-12-seguranca-no-trabalho- -em-maquinas-e-equipamentos>. Acesso em: 8 jan. 2019. GERECKE, K. Machine Safeguarding in Encyclopaedia of Occupational Health and Safety. 4thed. Espanha, Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo,1998. p. 58.1-58.82. v.2. GERECKE, K.; POPE, C. T. Aplicaciones de la Accidentes y Gestion de la Seguridad (En- ciclopedia de la OIT). Espanha, Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo, 1998. 88p. SANTOS JUNIOR, J. R.; ZANGIROLAMI, M. J. NR-12: Segurança em Máquinas e Equipamentos: conceitos e aplicações. São Paulo: Érica, 2015. SILVA, A. J. N. Relatório de Investigação de acidente em prensa. Piracicaba: CEREST, 2008. SILVA, A. J. N. Relatório de Investigação de acidente em esteira. Piracicaba: CEREST, 2009a. SILVA, ALESSANDRO JOSÉ NUNES. Relatório de inspeção em madeireira. Piraci- caba: CEREST, 2009b. SILVEIRA, E. F. Interpretação dos requisitos da norma regulamentadora 12 por fabricantes de máquinas importadas. 2015. Disponível em: <Repositorio.jesuita.org. br>. Acesso em: 16/04/2019. 20 Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Caldeiras, Vaso de Pressãoe Tubulações Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • A Consolidação das Leis do Trabalho “CLT” – Caldeiras e Recipientes sob Pressão; • NR-13: Caldeiras e Vasos sob Pressão e Tubulação; • Responsabilidade da Equipe de Segurança; • Responsabilidade Técnica na Operação da Caldeira; • Equipamentos Dispensados do Cumprimento da NR 13; • Sistemas de Segurança em Caldeiras, Vaso de Pressão e Tubulações; • Instalação de Caldeiras a Vapor; • Treinamento de Segurança na Operação de Caldeiras; • Reforma e Retrofit das Caldeiras; • Vasos de Pressão; • Análise de Perigos e Riscos; • Estudo de Perigo e Operabilidade (HAZOP). Fonte: Getty Im ages Objetivo • Apresentar aos alunos informações básicas sobre as Barreiras de Segurança para Caldei- ras, Vasos de Pressão e Tubulações, suas obrigações legais, as responsabilidades técnicas e as ações que visem à proteção e à prevenção de ocorrências de incidentes e acidentes. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Caldeiras, Vaso de Pressão e Tubulações UNIDADE Caldeiras, Vaso de Pressão e Tubulações Contextualização O processo produtivo que envolve atividades nas caldeiras e vasos de pressão é extremante importante para os profissionais da área de segurança. Nesse sentido, é fundamental nessa área de atuação uma gestão de melhoria contínua, que vise ao aprimoramento das condições de risco e de perigo na utilização desses equipamentos. É preciso atuar nesse segmento de alto risco, vez que os acidentes ocorridos com caldeiras e vasos de pressão são altamente danosos, podendo gerar muitas perdas de vidas, como o acidente de explosão de caldeira em cervejaria, em Jacareí, em 2016, que deixou quatro trabalhadores mortos e um ferido (G1 VALE DO PARAÍBA, 2016). Além das perdas de vidas, existem perdas estruturais para a Empresa, tais como parada da Empresa, perda e necessidade de recuperação dos danos causados, necessidade de investimentos, além de processos judiciais na esfera trabalhista e criminal, que podem levar a Empresa à falência; por isso, a importância de Medidas de Segurança. Quando se trata de processos produtivos que utilizam Caldeiras ou Vasos de Pressão, os riscos envolvidos são extremamente sérios, vez que as consequências de um acidente envolvendo esses equipamentos são catastróficas. Por isso, o primeiro passo para a Área de Segurança é identificar os riscos, sejam eles internos, sejam externos. Todavia, nem todos os riscos são fáceis de identificar e, por isso, é de suma impor- tância selecionar um método estruturado para identificação do risco, vez que uma má identificação dos riscos causa avaliação falha que, por sua vez, implica selecionar uma estratégia inadequada de mitigação do risco (BRASIL, 2014). A Equipe de Segurança tem de ficar atentar à responsabilidade técnica desses equipa- mentos, porque é preciso seguir normativas específicas, como a Norma de NBRISO16528, que define os requisitos mínimos para a construção de caldeiras e vasos de pressão. Importante ficar atento, também, à Decisão Normativa nº 045 do CONFEA, que dispõe que, em serviços técnicos de geradores de vapor e vasos sob pressão, deve haver um Responsável Técnico legalmente habilitado para desenvolver as atividades de elaboração, projeto, fabricação, montagem, instalação, inspeção, reparos e manutenção de geradores de vapor, vasos sob pressão, em especial caldeiras e redes de vapor, que são enquadradas como atividades de Engenharia (CONFEA, 1992). As caldeiras são equipamentos de grande valia para os mais diversos segmentos industriais. As funções variam, mas são essenciais para produzir energia, e podem ser utilizadas para a geração de energia elétrica ou simplesmente de calor. Por isso, esses equipamentos necessitam de um bom funcionamento e a manutenção rigorosa, supervisionada por um Responsável técnico. 6 7 No Brasil, a Norma Regulamentadora (NR) Nº 13 estabelece os requisitos mínimos para a gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores. Portanto, para dar início ao conteúdo, é fundamental que você assista ao vídeo que aponta as causas do acidente na plataforma de Piper Alpha. Acidente da plataforma de Piper Alpha – https://youtu.be/mQ0Clv-RtZc 7 UNIDADE Caldeiras, Vaso de Pressão e Tubulações A Consolidação das Leis do Trabalho “CLT” – Caldeiras e Recipientes sob Pressão A “CLT” regulamenta as relações trabalhistas, tanto do trabalho urbano quanto do rural, de relações individuais ou coletivas e no que tange a saúde e segurança (BRASIL, CLT, 1977), neste sentido ela assegura juridicamente a NR-13 em dois Artigos: Art. 187 – As caldeiras, equipamentos e recipientes em geral que ope- ram sob pressão deverão dispor de várias válvulas e outros dispositivos de segurança, para evitar que seja ultrapassada a pressão interna de trabalho compatível com a sua resistência. § Único – O Ministério do Trabalho expedirá normas complementares quanto à segurança das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, especialmente quanto ao revestimento interno, à localização, à ventilação dos locais e outros meios de eliminação de gases ou vapores prejudiciais à saúde, e demais instalações ou equipamentos necessários à execução segura das tarefas de cada empregado. (BRASIL, CLT, 1977) Art. 188 – As caldeiras serão periodicamente submetidas a inspeções de segurança, por engenheiro ou Empresa especializada, inscritos no Ministério do Trabalho, de conformidade com as instruções que, para esse fim, forem expedidas. § 1º – Toda caldeira será acompanhada de “Prontuário”, com docu- mentação original do fabricante, abrangendo, no mínimo: especificação técnica, desenhos, detalhes, provas e testes realizados durante a fabri- cação e a montagem, característica funcionais e a pressão máxima de trabalho permitida (PMTP), esta última indicada, em local visível, na própria caldeira. § 2º – O proprietário da caldeira deverá organizar, manter atualizado e apresentar, quando exigido pela autoridade competente, o Registro de Segurança, no qual serão anotadas, sistematicamente, as indicações das provas efetuadas, inspeções, reparos e quaisquer outras ocorrências. § 3º – Os projetos de instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão deverão ser submetidos à aprovação prévia do órgão regional competente em matéria de segurança do trabalho. (BRASIL, CLT, 1977) NR-13: Caldeiras e Vasos sob Pressão e Tubulação A NR 13 estabelece requisitos mínimos para a gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores (BRASIL, 2017). A normatização descreve os equipamentos
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