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POLÍTICAS PÚBLICAS DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Ana Manuela Ordonez O65p Ordonez, Ana Manuela. Políticas públicas de alimentação e nutrição [recurso eletrônico] / Ana Manuela Ordonez, Andrei Valerio Paiva. – 2. ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-029-0 1. Saúde pública. 2. Nutrição – Políticas públicas. 3. Alimentação – Assistência em saúde. I. Paiva, Andrei Valerio. II. Título. CDU 614:612.39 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 Politicas_publ_alim_nutri.indb 2 16/01/17 16:21 Modelos Assistenciais de Saúde Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Caracterizar os modelos assistenciais de saúde privatista e sani- tarista. � Contextualizar os modelos assistenciais de saúde na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). � Reconhecer os desafios e as perspectivas dos novos modelos as- sistenciais de saúde. Introdução Você sabe como funcionam os modelos assistenciais de saúde? Eles têm sido definidos genericamente como combinações de tecnologias (materiais e não materiais) utilizadas nas intervenções sobre proble- mas e necessidades sociais de saúde. Neste texto, você vai conhecer os modelos assistenciais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) e os conceitos que devem ser consi- derados na sua implantação, além de entender a sua relevância no cenário de saúde nacional. Modelos assistenciais de saúde privatista e sanitarista Os modelos assistenciais de saúde se referem ao modo como as ações de atenção à saúde são organizadas na sociedade, envolvendo aspectos tecno- lógicos e assistenciais. Esses modelos dizem respeito à forma de organização e articulação entre os recursos físicos, tecnológicos e humanos disponíveis no enfrentamento e na resolução dos problemas de saúde das coletividades. São baseados na compreensão da saúde e da doença, nos diferentes recursos tecnológicos disponíveis nas diversas épocas e nas escolhas políticas e éticas que determinam os problemas prioritários a serem enfrentados pela política de saúde. Assim, o tema de qualquer modelo de atenção à saúde não faz re- ferência a programas, mas ao modo como é construída a gestão de processos Politicas_publ_alim_nutri.indb 59 16/01/17 16:21 políticos, organizacionais e de trabalho comprometidos com os atos de cuidar dos indivíduos, do coletivo, do social, dos meios, das coisas e dos lugares. Durante muito tempo, o debate de construção do Sistema Único de Saúde (SUS) não teve foco na questão dos modelos assistenciais, ou seja, nas formas de organização tecnológica do processo de prestação de serviços de saúde. O sistema de saúde brasileiro foi, desde o início, lugar de disputa entre diferentes modelos assistenciais, com tendência de reproduzir sistemas hegemônicos. Esses modelos são o modelo médico-assistencial privatista e o modelo as- sistencial sanitarista. O privatista tem ênfase na assistência hospitalar e nos serviços diagnósticos e terapêuticos. Já o sanitarista tem ênfase nas campa- nhas, programas especiais e ações de vigilância epidemiológica e sanitária. Você sabia que, no Brasil, do século XX em diante, quatro modelos assis- tenciais são identificados? São eles: 1. o modelo sanitário-campanhista do início do século; 2. o modelo médico-assistencial privatista (baseado na concepção de saúde como mercadoria); 3. o modelo racionalizador reformista (que previa a reorganização dos serviços sem mudança na concepção de saúde) 4. um modelo ainda em construção, que resgata os ideais da VII Confe- rência Nacional de Saúde e do SUS. O modelo biomédico e suas limitações O modelo centrado no hospital (voltado para a assistência à doença em seus aspectos individuais e biológicos), nas especialidades médicas e no uso in- tensivo das tecnologias é chamado de modelo biomédico ou flexneriano. O surgimento desse modelo é associado à publicação do relatório Flexner, ocor- rida em 1910 (Flexner, 1910) nos Estados Unidos. Esse documento criticava a situação das escolas médicas no país e no Canadá, orientando a ruptura com a ciência de base metafísica e a sustentação do paradigma cartesiano. O modelo biomédico é o que tem determinado a formação de profissio- nais, a organização dos serviços de saúde e a produção do conhecimento em saúde. Muitas vezes, esse modelo leva os profissionais de saúde a utilizarem instrumentos e exames complexos e caros para diagnosticar doenças, em vez de focarem no cuidado aos pacientes. A incorporação da tecnologia soma custos, pois cada novo lançamento cria a necessidade de um novo especia- lista, técnico e auxiliar, aumentando os custos com mão de obra especiali- Políticas públicas de alimentação e nutrição60 Politicas_publ_alim_nutri.indb 60 16/01/17 16:21 zada. Quanto mais cara é a medicina, mais difícil é o acesso da população pobre a ela, justamente a parcela que mais demanda serviços de saúde. O modelo biomédico foi incorporado pelos serviços de saúde por promover o alívio da dor e o tratamento das mais diferentes doenças que acometem a hu- manidade. Seus limites reconhecidos são: foco no indivíduo indiferenciado, intervenções locais na parte afetada do corpo, ênfase no tratamento e ações curativas e ênfase na atenção hospitalar como uso intensivo da tecnologia. Ou seja, há pouca ênfase nos determinantes do processo saúde-doença e na multidimensionalidade do ser humano. No Brasil, durante a década de 1980, ganhou destaque a discussão sobre o conceito de saúde. Tal conceito passou a ser entendido como o resultado das condições sociais e de vida, o tema do direito à saúde e ao acesso aos serviços de saúde como direitos de cidadania. Os princípios do SUS passaram a ser eixos de orientação das práticas assistenciais, levando em consideração o direito ao acesso universal e igualitário, a descentralização dos serviços, a participação da população no controle social e o atendimento em saúde na perspectiva da integralidade. Ao mesmo tempo em que se discutiu o conceito de saúde, esforços foram realizados para a construção de modelos assistenciais “alternativos”, con- templando tentativas de articular ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação nas dimensões individual e coletiva. Ao longo dos anos, essas tentativas acumularam experiência na construção de novos modelos em alter- nativa ao modelo assistencial hegemônico, incorporando técnicas, métodos e outros instrumentos da epidemiologia, planejamento e ciências sociais em saúde. Esses projetos apontaram possibilidades concretas de construção de um novo modelo de atenção em saúde voltado para a qualidade de vida, como proposto na 10ª Conferência Nacional de Saúde. Leia a Política Nacional de Atenção Básica (Brasil, 2012) para entender mais sobre a Polí- tica Nacional de Atenção Básica como prioridade da Rede de Atenção à Saúde. Modelos Assistenciais de Saúde 61 Politicas_publ_alim_nutri.indb 61 16/01/17 16:21 Os modelos assistenciais de saúde: perspectiva histórica e a construção do SUS O processo de construção do SUS foi marcado, desde o início, pela elaboração e execução de instrumentos legais e normativos que sempre estiveram fundamen- tados na proposta de ampliar a autonomia de políticas dos municípios na gestão da saúde. Nesse contexto, o debate privilegiou os componentes relacionados com o financiamento e a gestão do SUS, além daqueles relacionados com a descentralização do sistema, principalmente relativos à redefinição de funções e competências do Ministério da Saúde, de Secretarias Estaduais de Saúde e Se- cretarias Municipais de Saúde. Isso deixou “de lado” o debate sobre os modelos assistenciais de saúde vigentes. Assim, em diferentes momentos da história do País, diferentes modelos assistenciais de saúde foram desenvolvidos. Em 1889, início da República, os sanitaristas, guardas sanitários e demais técnicos organizavam campanhas contra as epidemias de febre amarela, va-ríola e peste que assolavam o Brasil. À época, esse tipo de campanha repre- sentou uma política importante para o setor da agroexportação. O modelo se mantém até hoje no combate às epidemias e endemias. Durante a década de 1920, com o crescimento da industrialização no Brasil e da massa de trabalhadores urbanos, surgiram as reivindicações por políticas de assistência à saúde e previdenciárias. Os trabalhadores se orga- nizaram e criaram junto às empresas as Caixas de Aposentadoria e Pensões. A partir de 1930, foram estabelecidas formas mais permanentes de atuação em saúde, com a instalação de centros e postos de saúde. Assim, criou-se um modo rotineiro de atendimento, além da criação de programas de acompanha- mento de pré-natal, vacinação, puericultura, tuberculose, hanseníase, doenças sexualmente transmissíveis, entre outros. A organização desses programas teve base tradicional biológica, sem considerar aspectos sociais ou a variação das manifestações de saúde nas diferentes regiões e populações. É por esse motivo que os programas são denominados de Programas Verticais. Políticas públicas de alimentação e nutrição62 Politicas_publ_alim_nutri.indb 62 16/01/17 16:21 No modelo dos Programas Verticais foram estruturadas as redes estaduais de saúde, com assistência voltada para o segmento mais carente da população, já que os seg- mentos com mais recursos financeiros buscavam assistência no setor privado. Ainda na era Vargas, as Caixas de Aposentadoria e Pensões se transformaram no Instituto de Aposentadoria e Pensão. Esses institutos representavam diferentes categorias profissio- nais e dispunham de uma rede de ambulatórios e hospitais. O modelo biomédico ou flexneriano estruturou a assistência previdenciária nas décadas de 1940 e 1950, orientando a organização dos hospitais estaduais e universitários. Ainda nos anos 1950, a política de saúde pública reforçou o investimento em centros e postos de saúde com programas verticalizados. Com o golpe militar de 1964, os Institutos de Aposentadoria e Pensão foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), mas com ma- nutenção do foco na assistência à saúde individual. O modelo biomédico foi expandido por meio do financiamento e da compra de serviços dos hospitais privados, o que não garantiu qualidade e excelência na assistência à saúde. A segunda metade da década de 1970 evidenciou os limites do modelo bio- médico na resolução dos problemas de saúde, os quais foram gerados pelo ace- lerado processo de urbanização. As iniciativas de saúde pública continuavam desarticuladas da assistência médica individual. Ocorreu o predomínio das chamadas tecnologias duras, isto é, dependentes do uso de equipamentos, em relação às tecnologias leves, que compunham a relação profissional-paciente. No entanto, o modelo biomédico se tornou hegemônico na prestação de ser- viços de saúde no Brasil. Ainda na década de 1970, foram iniciados debates sobre os modelos de assistência que pontuavam a necessidade de racionalizar o uso das tecnolo- gias e do gerenciamento eficiente. A proposta mais difundida foi a de atenção primária à saúde (ou medicina comunitária), como estratégia pra levar as- sistência à saúde à população em geral. A partir da década de 1980, novas propostas surgiram daqueles que queriam a real universalização da saúde. Diversos municípios organizaram redes de unidades de saúde para atenção primária com a ajuda das universidades. Modelos Assistenciais de Saúde 63 Politicas_publ_alim_nutri.indb 63 16/01/17 16:21 Essas experiências foram a base para o Movimento da Reforma Sanitária que culminou na VII Conferência Nacional de Saúde, de 1986. As diretrizes formuladas nessa conferência ganharam forma de lei na Constituição de 1988 (Brasil, 1988) e na Lei Orgânica de Saúde (8.080/90) (Brasil, 1990), dando origem aos objetivos que visavam à reorganização do SUS: � direito de todo cidadão à atenção em saúde como dever do Estado; � atenção integral à saúde; � controle social exercido pelos cidadãos na utilização e avaliação dos ser- viços de saúde (Lei 8.142/90 [Brasil, 1990]). A disputa entre o modelo biomédico e as propostas alternativas que ti- veram início na década de 1980 tiveram continuidade nos anos 1990 e no início dos anos 2000. Durante a X Conferência Nacional de Saúde (1996) e na XI Conferência Nacional de Saúde (2000), a necessidade de se debater e construir um modelo assistencial de saúde com atenção para a qualidade de vida ganhou grande destaque. Nas conferências nacionais que se seguiram (2003, 2008 e 2012), ganharam atenção questões relativas à efetivação do di- reito à saúde e acesso aos serviços e a necessidade de reorganizar os modos de prestar cuidados, questões constituintes do modelo assistencial. Em 1994 surgiu a formulação do Programa Saúde da Família, posterior- mente denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF). Esse programa foi formulado pelo Ministério da Saúde e constitui uma tentativa de superar os problemas decorrentes do modelo biomédico e também de implantar os princípios do SUS. A ESF apresentou-se como um eixo estruturante do pro- cesso de reorganização do SUS, baseado na Atenção Primária à Saúde, con- figurando um novo modelo assistencial de saúde. A forma de organização e a hierarquização das redes assistenciais envolvem a ideia de uma pirâmide, cuja complexidade é crescente em direção ao topo. Assim, as redes de hospi- tais estariam no topo, e a rede básica estaria na base da pirâmide, como porta de entrada do sistema de saúde. As possibilidades de construção de um sistema de saúde voltado para a qualidade de vida foram reconhecidas em 1995 durante o encontro de Secre- tários Municipais de Saúde, que foi realizado no Ceará. Neste encontro, foi elaborada a “Carta de Fortaleza”, documento que reconheceu as conferências de Alma-Ata (1978), Ottawa (1986) e Bogotá (1992) como referências do con- ceito de saúde para todos como direito fundamental do ser humano. Políticas públicas de alimentação e nutrição64 Politicas_publ_alim_nutri.indb 64 16/01/17 16:21 A Vigilância à Saúde é uma proposta de redefinição das práticas sanitárias que se fundamenta no princípio de integralidade. Ela incorpora a reflexão em torno da ade- quação das ações e dos serviços a problemas, necessidades e demandas da população, articulando o enfoque populacional (promoção) com o enfoque de risco (proteção) e o enfoque clínico (assistência). Constitui uma forma de pensar e agir em saúde, de acordo com a situação de saúde das populações. Modelos assistenciais de saúde: desafios na atualidade A crise do financiamento do modelo de saúde centrado na doença exigiu que fossem estabelecidas novas estratégias para a recuperação do paradigma da saúde centrado na qualidade de vida e no desenvolvimento das comunidades, com a participação dos cidadãos. Ficou explícita a necessidade de novas metas que valorizem a importância das ações intersetoriais e de promoção da saúde, ao mesmo tempo em que é necessário buscar formas autônomas e criativas para a atenção integral à saúde. As diretrizes da ESF configuram um novo modelo assistencial, no qual as práticas devem estar orientadas pelos determinantes do processo saúde- -doença. Considera-se o indivíduo no seu contexto familiar, como parte de grupos e de comunidades socioculturais e contemplando ações importantes no campo da Vigilância em Saúde e da Promoção da Saúde. A atenção bá- sica à saúde tem papel estratégico no SUS, funcionando como elo entre o sistema de saúde e a população. Porém, não pode ser entendida como porta de entrada, pois acaba ficando caracterizada pela baixa capacidade de resolver problemas, resultando em desqualificação e isolamento. O modelo ESF é uma proposta de referência da década de 1990 que surgiu para incentivar mudanças no modelo assistencial de saúde, com vistas a atender os preceitos do SUS e da Constituição de1988. Mesmo sendo reconhecido que as dimensões políticas,jurídicas e institucionais do SUS se constituem em um novo paradigma, é na dimensão operacional (onde está a ESF) que se encontra o grande desafio. Atualmente, a ESF está incorporada na Política Nacional Modelos Assistenciais de Saúde 65 Politicas_publ_alim_nutri.indb 65 16/01/17 16:21 de Atenção Básica, resgatando referências como os cuidados primários de saúde e experiências acumuladas em países como Canadá, Cuba e Inglaterra. A Atenção Primária em Saúde ou os Cuidados Primários em Saúde consistem em um conjunto de estratégias formuladas na Conferência Internacional da Alma-Ata, ocorrida na Rússia em 1978. Essas estratégias foram assumidos pela OMS como formas de atingir a meta de “saúde para todos”. A ESF prescreve assistência integral e contínua às famílias e comunidades, em seu es- paço social, atendidas a partir do local onde vivem, trabalham e se relacionam. Inclui ações multiprofissionais em perspectiva interdisciplinar, vínculos de compromisso e corresponsabilidade entre profissionais da saúde e a população local, intervindo sobre os fatores de risco com ênfase na Vigilância em Saúde e na Promoção da Saúde. No processo de construção deste novo modelo assistencial, após 20 anos da implantação, podemos perceber que ainda existem muitos desafios. É necessário o surgimento de novos modelos assistenciais de saúde, que abordem integralidade, humanização e qualidade de atenção, com compro- misso de produzir cuidado individual e coletivo. Parece estar surgindo um novo modo de tematização das estratégias de atenção e gestão do SUS, junta- mente com a formação de profissionais pela educação permanente em saúde. Como as necessidades em saúde são dinâmicas e construídas historicamente, a gestão e os serviços em saúde também devem ser dinâmicos e sensíveis aos arranjos que precisam ser executados para escutar, traduzir e trabalhar as necessidades de saúde. Nesse sentido, podemos identificar avanços na con- solidação da ESF em relação à ampliação de acesso, cuidados domiciliares, atenção à saúde da mulher, criança e idoso, puericultura e doenças crônicas. Hoje, um dos grandes desafios do sistema de saúde é a busca por um mo- delo assistencial orientado para a integralidade e as necessidades ampliadas de saúde, em sintonia com os princípios do SUS e que supere o paradigma do modelo biomédico. Para isso, precisamos considerar dois aspectos principais: o cotidiano das práticas assistenciais e as necessidades dos usuários do SUS. Essas perspectivas devem ser assimiladas pelos profissionais das equipes de saúde, usuários e gestores da saúde. O Quadro 1 mostra com clareza as carac- terísticas do modelo biomédico e da ESF. Políticas públicas de alimentação e nutrição66 Politicas_publ_alim_nutri.indb 66 16/01/17 16:21 CA R A C TE RÍ ST IC A S Modelo biomédico ESF Hegemônico dos serviços de saúde Foco em queixas, sinais e sintomas, tratamento das doenças Sem prioridade à promoção da saúde Surgimento em 1994 como estratégia para superar o modelo biomédico e efetivar os princípios do SUS Articulação da promoção de saúde, prevenção, tratamento e reabilitação “Novo modelo assistencial” Assistência individual Ênfase na especialização e no uso de tecnologias Assistência organizada de acordo com a demanda espontânea Atenção à saúde com foco em família, grupo e comunidade Consideração dos determinantes saúde-doença Proposta de autonomia e qualidade de vida Indivíduo como ser social e histórico Práticas hierarquizadas e fragmen- tadas Desigualdades entre as categorias profissionais Trabalho em equipe multiprofissional sob perspectiva interdisciplinar Dificuldade na implantação da integralidade Falta de comunicação entre os ser- viços que compõem as redes Resgate da integralidade – Atenção Bá- sica como porta de entrada articulada com os demais níveis de atenção Atendimento das necessidades de indivíduos e populações Utilização da referência e contrarrefe- rência para articulação entre os níveis Formação e produção do conheci- mento com base no modelo flexne- riano de 1910 Pouca valorização do SUS e da Saúde da Família Reconhecimento da importância de formar recursos humanos para o SUS Não utilização do planejamento de saúde como ferramenta Sem prioridade do acolhimento e do vínculo Construção de relações acolhedoras, vínculo de compromisso e correspon- sabilidade entre profissionais, gestores e população Quadro 1. Características do modelo biomédico e da ESF. Fonte: Fertoani (2015). Modelos Assistenciais de Saúde 67 Politicas_publ_alim_nutri.indb 67 16/01/17 16:21 Como atividades que a equipe da ESF pode desenvolver, podemos citar: � mapeamento da área adscrita e dos equipamentos sociais presentes nesse território (escolas, associações comunitárias, ONGs); � acolhimento, recepção, registro e marcação de consultas; � ações individuais e/ou coletivas de promoção à saúde e prevenção de doenças; � consultas médicas e/ou de enfermagem. Exemplo 1. Assinale a alternativa que se re- fere a um modelo assistencial de saúde. a) Programa Saúde na Escola (PSE). b) Política Nacional de Alimentação e Nutrição. c) Estratégia de Saúde da Família (ESF). d) Bolsa Família. e) Farmácia Popular. 2. Assinale a alternativa que se refere a uma característica do modelo assis- tencial de saúde médico-assistencial privatista. a) Ênfase nas campanhas, pro- gramas especiais e ações de vigi- lância epidemiológica e sanitária. b) Ênfase na assistência hospitalar e nos serviços diagnósticos e terapêuticos. c) Reorganização dos serviços sem mudança na concepção de saúde. d) Ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação nas dimensões individual e coletiva. e) Movimento da Reforma Sanitária. 3. A implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e da estratégia de Saúde da Família (ESF) possibilitou a identi- ficação de questões referentes à atenção básica à saúde no Brasil. Essa discussão fundamentou-se nos eixos transversais da universalidade, da integralidade e da equidade, em um contexto de descentralização e controle social da gestão, princípios assistenciais e organizativos do Sis- tema Único de Saúde (SUS). Conside- rando esse contexto, assinale a opção correta acerca da atenção básica em saúde. a) O Programa Saúde da Família (PSF) é a estratégia considerada prioridade na reorganização da atenção básica; o atendimento é feito por equipes de especialistas responsáveis pelas famílias cadas- tradas em sua área. b) A equipe mínima para a ESF é composta por um médico de fa- mília, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, um dentista, Políticas públicas de alimentação e nutrição68 Politicas_publ_alim_nutri.indb 68 16/01/17 16:21 agentes comunitários de saúde (ACS), um auxiliar e um técnico de higiene dental. c) A atenção básica em saúde é considerada a porta de entrada para o SUS por cuidar apenas da promoção da saúde e da pre- venção primária. d) Cada equipe da ESF é responsável pelo acompanhamento de três mil pessoas ou 500 famílias de determinada área. e) O PACS substitui a ESF em municípios com menos de 50 mil habitantes. 4. Assinale a alternativa que contempla o conceito de modelo assistencial de saúde. a) Criação de programas voltados ao cuidado com a saúde da popu- lação. b) Criação do Sistema Único de Saúde (SUS). c) Criação e implantação do Huma- niza SUS. d) Forma de organização e articu- lação entre os recursos físicos, tecnológicos e humanos dis- poníveis no enfrentamento e na resolução dos problemas de saúde das coletividades. e) Incorporação de novas tecnolo- gias diagnósticas. 5. Assinale a alternativa que contém desafios impostos à criação de novos modelos assistenciais de saúde no Brasil. a) Implantar práticas de diagnóstico e tratamento com a utilização de recursos tecnológicos. b) Criação de programas de diag- nóstico e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. c) Recuperação do paradigma da saúde centradona qualidade de vida e no desenvolvimento das comunidades. d) Determinar estratégias que situem a atenção básica como porta de entrada do SUS. e) Ênfase no tratamento e em ações curativas na atenção hospitalar com o uso intensivo da tecno- logia. Modelos Assistenciais de Saúde 69 Politicas_publ_alim_nutri.indb 69 16/01/17 16:21 FERTOANI, H. P. et al. Modelo assistencial em saúde: conceitos e desafios para a atenção básica brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 6p. 1869-1878, 2015. FLEXNER, A. Medical education in the United States and Canada. New York: Carnegie Foundation for The Advancement of Teaching, 1910. (Bulletin, 4) Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção básica. Brasília: MS, 2012. Dispo- nível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf.>. Acesso em: 01 dez. 2016. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 01 dez. 2016. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 8.080 de 19 se setembro de 1990. Dis- põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a orga- nização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080. htm>. Acesso em 01 dez. 2016. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 8. 142, de 28 de dezembro de 1990. Bra- sília, DF, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm>. Acesso em 01 dez. 2016. SILVA, J.; GOMES, A.; ALMEIDA, C. Modelos assistenciais em saúde: desafios e perspecti- vas. In: MOROSINI, M.V.G.C.; CORBO, A.D.A (Org.). Modelos de atenção e a saúde da família. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007. p. 27-41. TEIXEIRA, C.F et al. SUS, modelos assistenciais e vigilância de saúde. Informe Epidemioló- gico do SUS, Brasília, v. 7, n. 2, abr./jun. 1998. Referências Políticas públicas de alimentação e nutrição70 Politicas_publ_alim_nutri.indb 70 16/01/17 16:21 Conteúdo:
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