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Unidade 3 – Renascimento e outras manifestações artísticas Ana Luisa Madeira de Toledo SerrainIniciar Introdução Nesta unidade iremos abordar aspectos que falam do mundo do Renascimento, Barroco, Rococó, Iluminismo, Neoclássico e da Idade Moderna como um todo. Você perceberá que de alguma forma todos os movimentos estão interligados, sendo em forma de complemento, ”cópia” ou até mesmo de confronto a ideologia do outro. A História da Arte terá o papel fundamental de conectar as manifestações e de mostrar como os pensamentos artísticos foram mudando de acordo com os acontecimentos políticos, sociais e culturais. Será mostrado que a revolução de um país não muda apenas as questões do âmbito sociocultural, também muda a função da Arte. No neoclassicismo, por exemplo, as obras tinham o objetivo propagandear as conquistas feitas por Napoleão. E ainda veremos que a Arte pode ser experimental, indagando nossa tentativa de entender o mundo e as transformações da maneira de viver. Bons estudos! 1. Renascimento O renascimento tem seu início na Itália, considerado o centro irradiador da Europa, no período 1330 a 1530. Uma arte in�uenciada pela valorização da cultura Greco Romana da Antiguidade. Em primeiro lugar percebemos nitidamente o translado da concepção religiosa existente na Idade Média, na qual Deus era o centro do universo (Teocentrismo), passando para o Antropocentrismo, na qual o ser humano torna-se principal personagem, prestigiando a inteligência, considerando o conhecimento e valorizando o talento para as Artes de maneira abrangente. O indivíduo Renascentista passa a observar o universo e a natureza. Esta nova dimensão de raciocínio choca-se com os dogmas e proibições da Igreja Católica, sendo considerada uma crítica ao mundo medieval. Em consequência, penalizado com a inquisição. 1.1. Inquisição Foi gerada na Idade Média coordenada pela Igreja Católica Romana, com a intenção de julgar aqueles considerados ameaça às doutrinas desta instituição. Todo ser humano que tinha atitudes duvidosas era perseguido. Os identi�cados culpados sofriam desde prisão temporária ou perpétua, podendo até culminar em morte na fogueira, em que eram queimados vivos em plena praça pública. Você sabia? Dentre as punições praticadas durante a época da Santa Inquisição, temos o astrônomo italiano, Galileu Galilei, que quase morreu na fogueira quando assegurou em sua tese que o planeta Terra girava ao redor do Sol.Além disso, muitas mulheres foram perseguidas e queimadas vivas na fogueira por serem consideradas bruxas medievais quando somente exerciam o conhecimento de curas naturais. Desenvolveram alguma habilidade nos segmentos da medicina com auxílio de chá e ervas medicinais, métodos aparentemente mágicos, eram descobertas consistentes 1.2. Arquitetura Como se vê o Renascimento tem por objetivo dar a obra formosura e capacidade de identidade. Iniciaremos algumas considerações sobre a Arquitetura e técnicas utilizadas. Percebemos o retorno das linhas clássicas, embora não seja possível um único conceito para toda a Europa. Projeta duas vertentes essenciais: O Classicismo e O Humanismo. 1.3. Técnicas utilizadas nas construções arquitetônicas Planta Centrada : De cúpula, as forças horizontais e verticais se igualam com coesão, atraindo quem nela entra para o centro. Causando a sensação de harmonia, com tal primor centrado em si mesmo devido à realidade que a rodeia. sobre o uso de plantas e suas propriedades naturais. Figura 1 – Basílica de São Lourenço, Sacristia Velha, Bruneleschi. Fonte: BAGNOLI, Giovanni. Curso História da Arte (2017). Disponível na Biblioteca Virtual. Construção Axial: Para o leste central, sem cúpula, nave anexada com teto horizontal ou abóboda de berço, naves colaterais. Axial é uma expressão da geometria que indica a correspondência entre dois determinados pontos, em que o segmento que os une encontra uma reta �xa em ângulo reto no meio. Prédios e Seculares : Dois tipos de construções. Se destacam durante a renascença na Itália. Exemplos : O Palazzo (ou palácio) e a Villa. Ainda na mesma época, fora da Itália, veremos um estilo de arquitetura misto, resultado da união do estilo renascentista e gótico, sucedeu uma arquitetura original na França. Museu de Louvre, obra de Pierre Lescot; O Castelo de Anet, projeto de Philibert Delorme; Faremos uma referência especial ao castelo de Fontainebleau. Entre os castelos franceses, o Fontainebleau tem uma in�uência bastante relevante deste estilo. Figura 2 – Castelo de Fontainebleau. Fonte: BAGNOLI, Giovanni. Curso História da Arte (2017). Disponível na Biblioteca Virtual. 1.3. Renascimento italiano nas Artes Plásticas Frente às conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia, ampliaram o comércio e a diversi�cação de produtos de consumo na Europa a partir do séc. XV. Em decorrência, os comerciantes armazenam riquezas e fortunas, �cando em condição de investir �nanceiramente na produção artística de escultores, pintores, músicos e arquitetos. Principais representantes do renascimento italiano e suas obras: Michaelangelo Buonarroti (1475-1564) : Destacou-se em arquitetura, pintura e escultura. Obras principais: Davi, Pietá, Moisés e pinturas da Capela Sistina. Rafael Sanzio (1483-1520) : Pintou várias madonas (representações as Virgem Maria com menino Jesus). Leonardo da Vinci: (1452-1519) : Pintor, escultor, cientista, engenheiro físico, escritor, entre outras especializações. Obras principais: Mona Lisa e Última Ceia. Figura 3 – Leonardo Da Vinci: Estudo da Anatomia. Fonte: BAGNOLI, Giovanni. Curso História da Arte (2017). Disponível na Biblioteca Virtual. Apresento neste parágrafo, uma curiosidade sobre a obra Monalisa de Leonardo da Vinci: O roubo do século. O roubo aconteceu em uma segunda-feira, no dia 21 de agosto de 1911, um dia que o museu estava fechado. A ausência do quadro só foi notada na terça-feira. O autor do roubo foi Vincenzo Peruggia. O fato tumultuou, criando grande alarme. Foi uma semana de escândalo, o centro �cou fechado e a polícia começou uma investigação. Finalmente Monalisa volta depois de dois anos, no dia 10/12/1913, quando o Peruggia tentou vender a obra para Alfredo Geri,vendedor de antiguidades de Florença (Itália). A fama mundial da Monalisa é consequência do alarme feito pela mídia sobre o desaparecimento desta. p 1.4. Características da pintura renascentista Inicia-se o uso da tela e pintura a óleo. Utilizam o claro e o escuro. Algumas partes com áreas iluminadas, e outras na sombra, contrastando o volume dos corpos, dando-lhes destaque; O realismo: O homem expressa-se como protagonista, não sendo um mero observador do mundo. O artista tem liberdade de expressar o estilo pessoal em sua obra. O pintor Giotto (1266 – 1337) introduziu a perspectiva na pintura. Tendo a característica principal na identi�cação da �gura dos santos como seres humanos comuns (pintura com visão humanista). Já Boticelli (1444 – 1510) seguiu a escola �orentina, trabalhou na decoração da Capela Sistina, em 1481. Temas de suas obras : A Antiguidade Grega e o Cristianismo. Estas possuem a leveza dos corpos esguios e desprovidos de força, que parecem �utuar com suavidade e graça. 1.5. As características das esculturas renascentistas Desvinculadas da parede, colocadas em um nicho, podendo ser observadas de vários ângulos. Equilibrando-se perfeitamente sobre as próprias pernas, utilizando a técnica compasso (ambas abertas) e contraposto (uma perna na frente da outra ligeiramente para trás). Figura 4 – Obra Pietá , feita pelo Michelangelo.Técnica:Mámore.Dimensões: 174x195 cm. Local: Basílica de São Pedro, Vaticano, Itália. Fonte : Estética e as Histórias das Artes (2019). 1.6. As características da música renascentista Ainda de caráter religioso e vocal, também começam a compor músicas não religiosas (profana). Na igreja, as composições eram normalmente sem acompanhamento instrumental, cantados em coral. Já nas músicasnão religiosas, começam a escrever peças para instrumentos que eram usados só para acompanhar vozes. Em muitos lares, os cantos são acompanhados por instrumentos como �autas, alaúdes, violão e também um pequeno instrumento de teclado que tinha semelhança com um órgão. Principais compositores renascentistas: William Bryrd (1542-1623) Giovanni Gabireli (1555-1612) Josquin des Préz (1400-1521) 2. Barroco Barroco é o estilo que in�uenciou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música no séc. XVll. A cultura deste período relacionando costumes, valores sociais é chamada de barroca. Aparece este estilo no �nal do renascimento, com extravagância e ostentação dos grupos enriquecidos pela colonização ostentação dos grupos enriquecidos pela colonização. 2.1. Principais características na arte Arte rebuscada e exagerada; Dualismo e contradições; Valorização do detalhe; Obscuridade, complexidade e sensualismo; Barroco Literário, cultismo e conceptismo. 2.2. Características do barroco como ideologia Emoção sobrepondo razão; Resgate de ideias do Teocentrismo (Deus como centro no Universo); Contestação de conceitos protestantes. 2.3. Características do barroco na música Ornamentação musical bem elaborada; Presença de expressões dramáticas, como na ópera; Harmonização entre vocais e instrumentos musicais; Utilização de notas da mesma duração com intervalos distintos; Uso do baixo contínuo. 2.4 Artistas que se destacaram Caravaggio (1571 -1610): Suas obras com temas religiosos, utilizando o contraste entre luz e sombras. Algumas Obras : A morte da virgem, �agelação de Cristo e Davi com a cabeça de Golias. Figura 5 – A Ceia de Emaús(1601),Caravaggio. Fonte:Toda Matéria (2019). Bernini (1598-1680): Escultor e arquiteto italiano. Suas obras estão em Roma e no Vaticano. Algumas Obras : Praça de São Pedro, Êxtase de Santa Teresa e Castelo de Santo Ângelo. Você sabia? É importante entender que nossas construções barrocas têm um imenso valor artístico para o Brasil. Já em relação às manifestações da Arte no mundo Ocidental, o Barroco está ligado à fortuna colonial da época, com cunho religioso. Na sua constituição geral, o Barroco exprime a ideia do in�nito. Sendo suntuoso para glori�car Deus. Sempre reforçando a essência religiosa, apoiando-se na fé. 3. Rococó Surge na França, como desdobramento do Barroco, mais leve e intimista. Desenvolveu-se na Europa. Da arquitetura expandiu-se para todas as outras artes. Estende-se principalmente na parte católica da Alemanha, Prússia e Portugal. O termo rococó vem do francês Rocaille, técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro. Enquanto o Rococó era requintado e sensual, o Barroco era sublime e imponente. Neste período, as danças populares sobressaíram a das classes superiores. O Rococó se popularizou e as casas acumularam espelhos, estuques, iluminarias bibelôs de porcelana ou de cerâmica, e inúmeros adornos. A mobília é bastante trabalhada, cinzelada e decorada, seguindo o mesmo estilo. Notamos a nítida mudança quanto à forma das vestimentas, esta nova moda exige perucas empoadas e encaracoladas, calças de cetim, coletes bordados, sapatos de saltos com �velas ornamentadas, diversos modelos de chapéus, leques ricamente confeccionados, e sombrinhas de todas as cores com rendas e fricotes. O “ new look ” rococó buscou a perfeição, levando ao excesso, adotando inclusive maneirismos. 3.1. Características principais Na Idade Média, as diversas atividades artísticas somavam-se entre si para realizações e decorações. A igreja utilizava a pintura e a escultura para ilustrar e narrar histórias bíblicas, pois era uma época em que poucos sabiam ler. Os pintores usavam temas religiosos. A utilização do dourado; Formas de curvas e de elementos decorativos, como laços e �ores; Temas com cenas eróticas, da vida cortesã, da mitologia, motivos religiosos, e vida cotidiana da burguesia; Cores tons pastéis. Você quer ver? O �lme Maria Antonieta (2006), dirigido por So�a Coppola, retrata de uma maneira muito interessante estes costumes da época ligados ao vestuário. 4. Iluminismo Iluminismo não seguiu os preceitos medievais. Um movimento intelectualizado europeu que despontou na França no séc. XVII. Abrangendo o contexto cultural, social, político e espiritual em diversos países. É conhecido como época das luzes por ter crença no saber racional. Contestava o mercantilismo e o absolutismo monárquico. Buscava contestar a redoma de trevas que a forte imposição das crenças cristãs ditavam por meio da moralidade, sujeitando os que não seguissem seus dogmas à punição de�nitiva. O iluminismo de�nia que a elevação moral e espiritual só ocorreria pelo exercício da razão. Acreditavam que na natureza e no próprio homem, Deus era somente essência e destino da elevação espiritual. E, por isso, sustentavam a crença dos direitos naturais do ser humano, lutando pela liberdade política. Serviu como base para revolução francesa. Apresento alguns pensadores iluministas: Voltaire (1694-1778) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Adam Smith (1723-1790) 5. Neoclassicismo É importante ressaltar que foi uma reação à tradição barroca e rococó. Período de grande movimento histórico-cultural, com grandes indagações intelectuais e sociais que atingem o apogeu com a revolução francesa em 1789. Desponta grandes personalidades de diversos ramos do conhecimento humano. Temos uma burguesia fortalecida, exaltando o racionalismo e o experimentalismo. Vale lembrar que a crença pelo progresso e a obtenção do bem-estar coletivo gera otimismo. 5 1 Características 5.1. Características Também temos a escultura em mar�m. Proliferou o trabalho em ouro e prata, com incrustações de pedras preciosas, porém não restaram muitas obras que chegaram até aos nossos dias. Representou o resgate estético das civilizações antigas (Grécia e Roma) Napoleão Bonaparte (1769-1821) aproveitou o conceito de democracia da Grécia Antiga e utilizou o estilo como forma de advertising para o seu governo. Uso de cores frias 6. Idade Moderna Apresento neste momento o Renascimento como um movimento que continua prevalecendo no início da Idade Moderna. Extingue-se a Idade Média com a queda de Constantinopla, marcando o �m do Império Romano do Oriente. Neste período, o processo artístico tem como pensamento compartilhar ideias e emoções por meio da Arte. 6.1. Impressionismo Capitação do que é visto em um momento exato. Já com relação a este período e estilo, vale ressaltar um dos impressionistas mais famosos: Claud Monet. Uma a�rmação que ele manteve: “A natureza é meu ateliê”. Nas diversas pinturas que ele fez, claramente percebemos a intenção do artista captar a luz cambiante. Curiosamente pintava o mesmo tema em vários momentos do dia. Você sabia? 6.2. Após o impressionismo Após impressionismo, surgem novidades e inúmeros estilos: Expressionismo : Distorce realidade, provocando emocionalmente o receptor. Citando um artista: Edvard Munch, obra O Grito. Ele expressa o sentimento da sua agitação interna. Fauvismo : O resultado desse estilo é uso forte da cor, pinceladas ousadas e temas simpli�cados. Um exemplo é da obra Ponte sobre o Tâmisa, pintada pelo André Derain. Simbolismo : Deslumbramos metáforas e domínio da fantasia, dando uma sensação misteriosa para obra. Obra: Upa Upa ( Dança do fogo Taitiana), pintada pelo Paul Gauguin. Você sabia? Em 1893, Monet adquiriu um lote, transformando-o em um jardim que seria cenário para suas diversas obras, apenas mudando a iluminação que re�etia no ambiente. Síntese Feita a leitura desta unidade, possibilitamos a interpretação do mundo com os olhos da Arte. Ao apresentar o resultado do processo observado do artista em suas obras, entendemos o fator razão e emoção, tanto social quanto individual. Observando a técnica desenvolvida com tantas transformações apresentadas, como jogo de luz e sombra, cor e suas tonalidades. Temas que representam o cotidiano e às vezes expressandoo real modi�cado artisticamente, dando ao receptor um conceito sobre sensações e formas em diversos períodos da história da humanidade. Neste capítulo você teve a oportunidade de aprender a respeito de: Renascimento; Barroco; Rococó; Iluminismo; Neoclássico; Idade Moderna. Download do PDF da unidade Bibliografia BAGNOLI, Giovanni. Curso de História da Arte – Spazio Italiano, 2017 KINDERSLEY,Dorling. Children's Book of Art : An Introduction to the World's Most Amazing Paintings and Sculptures. Dorling Kindersley, 2019 KOCH, Wilfried. Estilos de arquitetura 1 . São Paulo: Martins Fontes, 1982 ABUJAMRA, Adriana. Traços travessos : histórias de 20 pintores. São Paulo: Geração Editorial,2003
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