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MATERIAL COMPLEMENTAR

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MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
Estudos Disciplinares 
Tema: Métodos Eletroquímicos, Eletroforéticos e Bioanalisadores Empregados em Análises 
Bioquímicas e Clínicas 
Professor: Luiz Carlos Nevez 
 
POTENCIOMETRIA 
 
A potenciometria corresponde a uma técnica eletroanalítica de análise química 
fundamentada no uso de eletrodos para realizar medidas de diferença de potencial 
(voltagem) de uma célula eletroquímica (pilha) na ausência de corrente elétrica. Essa 
técnica permite determinar a presença de um constituinte em uma amostra, através 
da medida de potencial. Os métodos potenciométricos são métodos de baixo custo, 
com equipamentos que apresentam ótimo desempenho e alta durabilidade, além de 
serem métodos de baixa complexidade. 
Os componentes de um equipamento utilizado na potenciometria são os 
eletrodos de referência e indicador e o potenciômetro. Os eletrodos são dispositivos 
que permitem realizar a determinação da concentração da espécie química. O 
eletrodo de referência é o eletrodo que mantém o potencial constante em relação ao 
eletrodo indicador, e eletrodo indicador é o eletrodo cujo potencial será medido e a 
sua resposta depende da concentração do analito. O potenciômetro corresponde ao 
instrumento de medida da diferença de voltagem (potencial) entre o eletrodo de 
referência e o eletrodo indicador. Essa diferença de potencial será relacionada à 
concentração do analito 
em solução. A diferença 
de potencial será gerada 
em função da 
capacidade dos 
eletrodos em sofrerem 
oxidação (perda de 
elétrons que ocorre no eletrodo denominado ânodo – eletrodo negativo) e redução 
(ganho de elétrons que ocorre no eletrodo denominado cátodo – eletrodo positivo). 
Os eletrodos de referência mais utilizados são o eletrodo padrão de hidrogênio, 
o eletrodo de prata/cloreto de prata e o eletrodo de calomelano. Os eletrodos 
 
indicadores mais comuns são os eletrodos metálicos e os eletrodos de membrana. O 
eletrodo de membrana de vidro consiste em uma membrana semipermeável, sensível 
a cátions, principalmente a íons H+. Os eletrodos de íons seletivos são eletrodos 
sensíveis cátions (H+, Na+, Ag+, NH4+, Rb+, Cs+) de acordo com a composição do vidro. 
O eletrodo utilizado para a determinação de pH de soluções são eletrodos 
sensíveis aos íons hidrônio (H+) presentes em solução. Eles são constituídos por dois 
tubos de vidro concêntricos, sendo 
que no tubo interno há uma solução 
referência de ácido clorídrico com 
concentração de íons H+ na 
concentração 0,1 mol/L. No tubo 
externo, há uma solução saturada de 
cloreto de prata. Os eletrodos são 
dois fios de prata recobertos com 
cloreto de prata, sendo que cada fio 
está localizado em um dos tubos. A 
determinação do pH é realizada pela 
membrana de vidro localizada na 
parte inferior do eletrodo, membrana esta que deverá ser totalmente mergulhada na 
solução de trabalho, como se observa na figura. 
 
SENSORES QUÍMICOS 
 
Sensores químicos são dispositivos que permitem medir a concentração de 
uma espécie química (analito) em solução, produzindo um sinal elétrico mensurável. 
Esses dispositivos são menos precisos, menos sensíveis e menos seletivos que os 
métodos instrumentais, entretanto, permitem a obtenção de informações in situ e em 
tempo real e apresentam fácil portabilidade, facilidade de automação, possibilidade 
de miniaturização e baixo custo. 
A obtenção de informação analítica depende da capacidade da membrana, 
usualmente posicionada na extremidade do dispositivo, em reconhecer a espécie de 
interesse de maneira seletiva. 
 
 
SENSORES BIOLÓGICOS (BIOSSENSORES) 
 
Os sensores biológicos são dispositivos integrados e autônomos capazes de 
fornecer informações semiquantitativas e para quantificar a concentração, utilizando 
elementos de reconhecimento biológico (receptores biológicos: enzima, 
microrganismo, ácido nucleico, anticorpo etc.). Esses sensores são classificados em 
função da forma que fornecem a resposta. Nos sensores de resposta direta, a espécie 
química ou bioquímica fornece um sinal que é proporcional à concentração em 
solução, enquanto que nos sensores de resposta indireta, a espécie química é 
submetida a uma reação química anterior e o sinal obtido é função da concentração 
do produto dessa reação. 
Os componentes de um biossensor são: analitos (correspondem às espécies 
químicas cujas concentrações podem ser determinadas como células, íons, proteínas 
etc.) e suporte (biorreceptores que serão acoplados ao transdutor e que têm afinidade 
com o elemento biológico presente no analito a ser analisado). 
 
 
A imobilização do componente biológico na superfície do sensor corresponde 
à etapa mais importante do processo de determinação da concentração do analito e 
consiste no processo de ligação do analito na superfície do suporte biológico. Nessa 
etapa, os sítios ativos da molécula devem ser preservados, a fim de não prejudicar a 
reação com o analito de interesse, sendo um um processo seletivo na qual o suporte 
reconhece apenas um analito. 
As principais técnicas de imobilização são: 
 Adsorção física: estabelecimento de ligações químicas e/ou interações 
intermoleculares entre o analito e o suporte biológico. 
 
 Encapsulação: o material biológico fica dentro de uma cápsula com membrana 
semipermeável que permite a passagem de produtos racionais. 
 Ligação covalente cruzada: formação de ligações intermoleculares entre os 
componentes biológicos, formando uma rede tridimensional. 
 Ligação covalente: ligações químicas entre o analito e os grupos biológicos do 
suporte. 
 Oclusão: formação de uma rede polimérica com espaços vazios onde o 
componente biológico se encaixa. 
 
Os transdutores são os componentes responsáveis por detectar a 
concentração do analito na superfície do suporte. Esses transdutores podem ser 
eletroquímicos, ópticos, calorimétricos e piezoelétricos. 
Os biossensores são aplicados na área de saúde, para determinação de 
glicose, lactose, ureia, creatina, colesterol etc.; na pecuária, para detectar e 
determinar a presença de drogas veterinárias (hormônios esteroides em animais 
destinados para abate); na agricultura, para detectar patógenos e presença de 
pesticidas; na indústria alimentar, para detectar compostos químicos e biológicos 
como ingredientes geneticamente modificados, vitaminas e minerais e organismos 
patogênicos; dentre outras. As principais vantagens dos biossensores são: análise em 
tempo real, fácil manuseio, tempo de análise curto, baixo custo, seletividade e 
sensibilidade. 
 
BIOANALISADORES 
 
Os bioanalisadores são equipamentos dotados de eletrodos, cristais ou fibras 
ópticas, contendo enzimas ou outros componentes biológicos imobilizados em 
suportes e que irão atuar como biossensores acoplados a computadores e que terão 
a leitura do sinal elétrico convertido em quantidade de metabólito analisado por meio 
de um software. As enzimas e demais componentes biológicos imobilizados estarão 
presentes no eletrodo de trabalho. 
 
ENZIMAS IMOBILIZADAS 
 
 
As enzimas são proteínas com atividade catalítica que poderão ser 
aprisionadas em suportes no interior de eletrodos por meio de processos de 
imobilização. A imobilização da enzima garante a sua reutilização, bem como melhora 
sua estabilidade diante do contato com o substrato no momento da realização de uma 
bioanálise. A imobilização de uma enzima pode ser realizada por enredamento, 
encapsulamento, adsorção. 
 
BIOSSENSORES ANALÍTICOS 
 
Um biossensor consiste em um dispositivo analítico que contém um 
componente biológico (antígenos, anticorpos, enzimas, ácidos nucleicos, receptores, 
células e suas organelas) que garante a especificidade e produz uma resposta, que é 
traduzida pelo componente físico em um sinal óptico ou elétrico. A primeira discussão 
sobre os biossensores analíticos surgiu em 1962, através da explicação de Leland C. 
Clark sobre os eletrodos baseados
em enzimas. Entre o biossensor analítico mais 
clássico, temos o utilizado para detecção de glicose em amostras humanas de 
pessoas com diabetes. O biossensor analítico de glicose utiliza a enzima glicose 
oxidase imobilizada sobre um eletrodo de platina. 
Os componentes biológicos dos biossensores são capazes de produzir 
respostas específicas a vários analitos. Os componentes físicos são diversos, como 
fibras ópticas, dispositivos acústicos, cristais piezoelétricos, além de diversos tipos de 
eletrodos modificados quimicamente. 
 
RESSONÂNCIA DE PLASMON DE SUPERFÍCIE 
 
A primeira observação registrada sobre os Plasmons de Superfície (SPs) foi 
em 1902, quando o professor R. W. Wood notou que, ao se incidir luz em uma grade 
de difração metálica, algumas faixas escuras eram detectadas e a magnitude da 
refletância correspondente era reduzida. Os SPs são ondas que se propagam em toda 
extensão da superfície de metal. Tratam-se de ondas de luz confinadas na superfície 
devido à sua interação com elétrons da banda de condução do metal. Nessa interação, 
os elétrons livres respondem coletivamente por oscilações em ressonância com a 
onda luminosa. 
 
O elemento de reconhecimento biomolecular (ex.: antígeno) presente na 
superfície da nanopartícula do metal reconhece e captura o analito (ex.: antígeno) 
presente na amostra líquida e, com isso, será produzido um aumento local no índice 
de refração da superfície do metal. O aumento no índice de refração irá induzir a uma 
mudança no pico de comprimento de onda do espectro de extinção. 
A ressonância de plasmon de superfície apresenta aplicações na área médica 
(monitoramento das condições de pacientes portadores de doenças crônicas), 
biomédica (diagnósticos rápidos e precisos em tempo real), farmacêutica 
(monitoramento in vivo da ação de fármacos e toxinas). 
 
BIOANALISADORES PARA MICROBIOLOGIA 
 
Os bioanalisadores para microbiologia consistem em equipamentos de análise 
rápida e não destrutiva que permitem continuar a cultivar os microrganismos depois 
de terem sido corados, a fim de identificá-los utilizando qualquer tecnologia de 
identificação padrão. Esses equipamentos possibilitam a utilização de uma mesma 
amostra para detectar situações de contaminação microbiana ou determinação de 
MIC, permitindo uma abordagem flexível baseada na filtração por membrana padrão 
e incubação reduzida em placa de meio de cultivo. 
 
AUTOMAÇÃO LABORATORIAL 
 
A palavra “automação” tem origem no latim automatus e pode ser traduzida 
como mover-se por si. Atualmente, corresponde à espinha dorsal do funcionamento 
de um laboratório de análises clínicas, sendo um processo customizado que inicia na 
automação de uma etapa do processo pré-analítico e termina na automação total do 
laboratório. 
A automação nos laboratórios clínicos tem seu auge na década de 1940, nos 
Estados Unidos, quando o número de exames laboratoriais começou a crescer de 
maneira exponencial. O processo de automação laboratorial corresponde à aplicação 
de técnicas computadorizadas ou mecânicas em laboratórios de análises clínicas para 
tornar o processo de análise clínica mais eficiente; reduzir custos com burocracia; 
diminuir o índice de erros dos operadores e do processo; reduzir o desperdício de 
 
tempo, reagentes e materiais; maximizar a produção e aumentar o ritmo de rotinas 
laboratoriais; proporcionar segurança aos pacientes do laboratório; reduzir custos 
operacionais e reduzir o custo dos exames para os pacientes. 
A automação de um laboratório permite a aplicação de procedimentos 
automatizando desde a recepção dos clientes, triagem de amostras, abertura dos 
tubos de amostras, processamento das amostras (centrifugação, fracionamento, 
entrega das amostras aos analisadores, fechamento dos tubos de amostras), 
armazenamento das amostras analisadas e registro das amostras (localização e 
recuperação de uma amostra para eventual repetição ou realização de novos testes). 
As vantagens estão relacionadas ao aumento da segurança dos profissionais 
do laboratório, aumento da produtividade dos profissionais, redução do tempo de 
obtenção dos resultados, eliminação do erro humano e redução das etapas de 
manipulação das amostras. 
A automação laboratorial total se divide em três fases: a fase pré-analítica, a 
fase analítica e a fase pós-analítica. 
A fase pré-analítica corresponde aos procedimentos anteriores à realização dos 
ensaios laboratoriais, como coleta das amostras, identificação das amostras por 
códigos de barras, manipulação das amostras, processamento das amostras e 
entrega das amostras aos analisadores. 
A fase analítica inclui todos os procedimentos realizados durante o processo 
de análise do material coletado. Essa fase apresenta a maior evolução tecnológica de 
um laboratório de análises clínicas, proporcionando um aumento da produtividade do 
laboratório; aumento da qualidade dos resultados obtidos durante as análises; 
diminuição da interferência do operador, diminuindo os erros de procedimentos; 
diminuição dos custos e aumento da competitividade; diminuição da mão de obra; 
redução na quantidade de reagentes e insumos; diminuição da quantidade de 
amostras; melhoria na sensibilidade das análises, obtendo resultados mais precisos. 
A fase pós-analítica compreende o armazenamento das amostras (soroteca), 
segundo determinados padrões previamente definidos pelos órgãos reguladores 
(Anvisa, Inmetro, ISSO, dentre outros). Essa fase inclui os processos de validação e 
liberação de laudos para que o médico possa receber o resultado final e interpretá-lo, 
permitindo agilizar a comunicação entre médico e paciente devido à disponibilidade 
dos resultados de forma on-line. Também inclui o armazenamento de amostras para 
 
serem reanalisadas, se necessário, proporcionando ganho de produtividade e 
avaliação das não conformidades, como resultados ilegíveis e laudos incompletos. 
A automação laboratorial promove o aumento na velocidade de fornecimento 
de diagnósticos e prevenção de doenças; aumento da quantidade de exames 
realizados; otimização da eficiência dos laboratórios clínicos; segurança dos pacientes 
e dos funcionários; e expansão da gestão da qualidade, pois necessita de pessoal 
capacitado. Portanto, a implementação de um sistema de análises clínicas baseado 
na automação laboratorial é uma tendência para os próximos anos, pois reduz gastos, 
aumenta a qualidade dos serviços, atende de forma integral às necessidades dos 
pacientes. 
 
PROPRIEDADES COLIGATIVAS 
 
As propriedades coligativas são propriedades físicas que variam com a presença 
de um ou mais solutos não voláteis dissolvidos em um solvente adequado, 
normalmente água. Essas propriedades dependem única e exclusivamente do 
número de partículas (moléculas ou íons) dispersas na solução, portanto, dependem 
da concentração de partículas de soluto dissolvidas na solução e não dependem da 
natureza do soluto. Isso significa que a quantidade, e não a natureza das partículas 
presentes na solução, irá influenciar nas propriedades coligativas. Uma das 
propriedades coligativas fundamentais para os sistemas biológicos é a osmose. 
A osmose corresponde ao movimento preferencial de solvente (geralmente 
água) entre dois meios que apresentam concentrações diferentes, através de uma 
membrana semipermeável. Na osmose, a 
membrana semipermeável é seletiva às 
partículas de soluto, ou seja, as partículas do 
soluto não atravessam a membrana, mas as 
moléculas do solvente atravessam os poros da 
membrana semipermeável. 
O fluxo das moléculas do solvente é da 
solução mais diluída para a solução mais 
concentrada, com o objetivo de igualar as 
concentrações das duas soluções e equilibrar 
 
o sistema. O processo de osmose é a passagem do solvente da solução mais diluída 
para a solução mais concentrada, até que se encontre um equilíbrio, é um processo 
espontâneo. 
O solvente movimenta-se
sempre do meio hipotônico (menos concentrado em 
soluto) para o meio hipertônico (mais concentrado em soluto). Com esse movimento, 
o sistema atinge o equilíbrio químico quando as concentração dos dois 
compartimentos separados pela membrana se igualam (meios isotônicos). 
A pressão osmótica () corresponde à força que deve ser exercida sobre o meio 
mais concentrado para impedir que o processo de osmose ocorra, sendo a força 
necessária para mover o solvente através da membrana semipermeável de uma 
solução contendo uma baixa concentração de solutos para outra com alta 
concentração de solutos. A pressão osmótica pode ser calculada pela expressão: 
 
 = M . R. T 
Em que: 
 = pressão osmótica 
M = concentração em mol por litro (mol L-1) 
R = constante universal dos gases (R = 0,082 L atm K−1 mol−1 ou R = 62,3 L mmHg 
K−1 mol−1) 
T = temperatura absoluta em Kelvin 
 
A pressão osmótica pode ser utilizada para determinar a massa molar de 
substâncias pouco solúveis em um solvente; determinação de massa molar de 
espécies que apresentam massas molares altas, como proteínas, polímeros, coloides. 
A importância da pressão osmótica pode ser observada no sangue humano e 
no comportamento de fluxo de água dentro das células do corpo humano. O soro 
fisiológico é uma solução de NaCl com 0,9% em massa (ou seja, a cada 100 mL da 
solução aquosa há 0,9 grama do sal) ou 0,15 mol/L. Desse modo, o soro é isotônico 
em relação às células sanguíneas e aos líquidos corporais. Do contrário, isso afetaria 
de maneira grave o organismo do paciente. A pressão osmótica normal do sangue é 
de, aproximadamente, 7,7 atm, assim como a pressão osmótica das hemácias 
(glóbulos vermelhos) também é do mesmo valor. Isso permite que as moléculas de 
 
água entrem e saiam dos glóbulos vermelhos com a mesma facilidade, garantindo seu 
funcionamento normal. Se o meio for hipotônico (mais diluído que dentro da hemácia), 
a água entrará na célula com maior facilidade, fazendo com que ela inche e venha até 
a explodir (hemólise). Se o meio for hipertônico (mais concentrado que dentro da 
hemácia), ela murchará devido à perda de água. 
Os equipamentos utilizados para a 
determinação da pressão osmótica são 
constituídos por uma membrana 
semipermeável, um recipiente contendo uma 
solução de açúcar 1,0 mol L-1. Esse recipiente 
da solução é submergido em outro recipiente 
preparado com água destilada. O solvente 
puro desloca-se para dentro do osmômetro, 
sob uma pressão que é maior em seu exterior, 
e a água que sobe pelo “caninho” devido à 
diferença de pressão (pressão turgor – PT). 
Quando as pressões do solvente e da solução se igualam é obtido o estado de 
equilíbrio. A pressão osmótica pode ser calculada pela expressão: 
 
 = . g. h 

Em que: 
 = pressão osmótica (em pascal) 
 = densidade da solução de sacarose 1,0 mol L-1 1,088 g mL-1 (0,001088 kg m3) 
g = aceleração da gravidade (9,81 m s-2) 
h = altura da coluna de líquido (em metros) 
 
ELETROFORESE 
 
A eletroforese corresponde a um método analítico usado para separação e 
purificação de macromoléculas orgânicas (ácidos nucleicos, lipoproteínas e 
proteínas). Essas macromoléculas são submetidas a um campo elétrico, no qual 
migram do ânodo para o cátodo, portanto, envolve a migração de moléculas orgânicas 
 
carregadas (disperso) em um meio líquido (dispensante) sob a influência de um 
campo elétrico. 
Com a passagem da corrente 
elétrica através de um gel (meio 
dispersante), no qual estão dissolvidas 
as moléculas, estas são separadas. O 
fluxo migratório é determinado pelo 
peso molecular, no qual moléculas de 
menor peso migram mais rápido que as 
de maior peso, formando as bandas 
características que serão visualizadas 
posteriormente. 
A eletroforese foi utilizada pela 
primeira vez em 1937, pelo bioquímico Arne Tisélius, para realizar a separação de 
macromoléculas, como DNA, RNA, proteínas e enzimas com tamanhos e cargas 
diferentes. 
A eletroforese pode ser classificada em vários tipos, sendo eles: 
 Eletroforese em gel de agarose: a agarose é um polissacarídeo que forma uma 
rede e prende as partículas impedindo seu movimento. É utilizada para separar 
macromoléculas, como DNA ou proteínas. 
 Eletroforese em gel de poliacrilamida: a poliacrilamida é um polímero. É utilizada 
para separar macromoléculas biológicas (proteínas, ácidos nucleicos) de acordo 
com a mobilidade. 
 Eletroforese desnaturante: realizada em gel de agarose no qual se adiciona um 
agente desnaturante. É utilizada para diferenciação de estruturas secundárias de 
macromoléculas. 
 Eletroforese capilar: realizada em gel introduzido em um capilar. É utilizada em 
sequenciamento de DNA. 
 
Os equipamentos e materiais utilizados na eletroforese em gel são: 
 
 
 Agarose: polissacarídeo extraído de algas marinhas. Na preparação do gel de 
agarose, mistura-se o pó de agarose com a solução tampão e aquece. Ao resfriar, 
forma-se o gel. 
 Solução tampão: tem a função de controlar o pH do sistema. 
 Marcador de peso molecular: produtos constituídos de PCR (proteína C reativa) ou 
plasmídeos digeridos com enzimas de restrição. Padrão de referência tem a função 
de servir como ponto de referência e monitoramento para a eletroforese. 
 Corante: utilizado para visualizar o movimento das partículas do soluto sob a 
radiação ultravioleta. 
 Cuba de eletroforese e fonte de eletroforese: possibilita o preparo do gel e fornece 
a corrente necessária para uma corrida uniforme. 
 Transiluminador: fonte de luz UV ou LED usada para visualizar o resultado da 
corrida de eletroforese. 
 
O médico pode solicitar um exame de eletroforese para verificar a quantidade 
de proteínas no organismo, permitindo investigar possíveis alterações biológicas e 
algumas doenças, como desidratação, mieloma múltiplo, inflamações, cirrose, lúpus 
eritematoso sistêmico, hipertensão, ascite, glomerulonefrite, síndrome de cushing, 
enfisema, doenças hepáticas, anemia, pancreatite. Nesse exame, a amostra de 
sangue coletada é encaminhada para o laboratório, onde é realizada a separação dos 
glóbulos vermelhos e do plasma. Em seguida, o plasma é transferido para a placa de 
eletroforese, juntamente com um corante e o marcador de cada uma das proteínas, 
e, em seguida, é aplicada uma corrente elétrica para estimular a separação das 
proteínas e, após a separação, as proteínas conseguem ser visualizadas por meio de 
um padrão de bandas, indicando a presença ou a ausência das proteínas. Por último, 
as proteínas são quantificadas em um aparelho que determina a concentração. 
A eletroforese pode ser utilizada em análise laboratorial e pesquisas científicas. 
Na ciência forense, para comparar amostras de DNA encontradas no local do crime 
com amostras de possíveis suspeitos do crime. Na genética, para realizar testes de 
paternidade, diferenciação de espécies ou linhagens e engenharia genética. Na 
microbiologia, para detectar diferentes organismos patógenos, como vírus, bactérias 
e fungos. Na bioquímica, para detectar a presença de proteínas. 
 
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GASOMETRIA ARTERIAL 
 
O exame de gasometria arterial normalmente é realizado em pacientes 
internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para avaliar as condições 
respiratórias do paciente. Os objetivos desse exame são: verificar se as trocas 
gasosas estão ocorrendo corretamente; avaliar a necessidade de administração de 
oxigênio extra; auxiliar no diagnóstico de doenças respiratórias, renais ou infecções 
graves; verificar a eficácia do tratamento e ajudar na decisão de alta do paciente; 
verificar a função pulmonar; avaliar o pH e a acidez do sangue e o funcionamento do 
metabolismo. 
Nesse exame, são determinados os valores de pH sanguíneo, pressão parcial 
de gás carbônico (PCO2), pressão de oxigênio (PO2), concentração de íons bicarbonato 
(HCO3ꟷ), saturação da oxi-hemoglobina
(SaO2). 
Os valores de pH normais do sangue devem estar entre 7,35 e 7,45 e permitem 
determinar se o paciente está desenvolvendo uma acidose ou uma alcalose. 
A pressão parcial de oxigênio (PaO2 ou PO2) deve estar entre 80 e 100 mmHg e 
expressa a eficácia das trocas de oxigênio entre os alvéolos e os capilares 
pulmonares. 
A pressão parcial de gás carbônico (PaCO2 ou PCO2) deve estar entre 35 e 45 
mmHg e indica a eficácia da ventilação alveolar, sendo praticamente a mesma do CO2 
alveolar, uma vez que este gás apresenta alta difusão no organismo. 
A concentração de íons bicarbonato deve estar entre 22 e 26 mEq L-1 e as 
alterações na concentração de bicarbonato no plasma podem desencadear 
desequilíbrios ácido-básicos por distúrbios metabólicos. 
Os valores de Base Excess (BE) normais devem estar entre -3 e +3 mEq L-1 e 
esses valores sinalizam o excesso ou o déficit de bases dissolvidas no plasma 
sanguíneo. Esse exame é utilizado para verificar se os seus pulmões são capazes de 
mover o oxigênio dos alvéolos para o sangue e remover o dióxido de carbono do 
sangue. 
A saturação de gás oxigênio (SaO2) deve ser maior que 95% e indica a 
porcentagem de oxi-hemoglobina (hemoglobina do oxigênio-limite) no sangue, sendo 
um parâmetro vital para definir o índice de oxigênio do sangue e a entrega do oxigênio, 
 
pois cada molécula da hemoglobina contém quatro grupos do heme que podem 
rapidamente se ligar a quatro moléculas de oxigênio molecular presente no sangue. 
 
DENSITOMETRIA ÓSSEA 
 
A matriz óssea do corpo humano é formada por elementos orgânicos e 
inorgânicos, sendo que os elementos inorgânicos representam 69% de toda a 
composição óssea, dos quais 99% correspondem à hidroxiapatita – Ca10(PO4)6(OH)2. 
Os elementos orgânicos representam 22% da matriz óssea, sendo que os principais 
constituintes são colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas, além de água e lipídeos. 
A Densidade Mineral Óssea (DMO) apresenta o valor máxino na terceira 
década de vida e, depois dessa fase, observa-se um período de estabilidade da 
densidade óssea seguida de um desequilíbrio entre produção e reabsorção de células 
ósseas. 
A partir dessa fase, a densidade óssea começa a ficar prejudicada e os ossos 
se tornam mais fracos e porosos. Esse processo afeta homens e mulheres, mas as 
mulheres são mais vulneráveis à perda da densidade óssea. As principais causas são 
o envelhecimento (causa dificuldade na absorção do cálcio), fatores genéticos e 
hereditários, sedentarismo, desnutrição, pouca exposição ao Sol. 
As principais doenças relacionadas à diminuição da densidade óssea são a 
osteoporose e a osteopenia. A osteopenia corresponde ao estágio precoce da doença 
que causa diminuição progressiva da densidade óssea, enquanto que a osteoporose 
corresponde ao estágio avançado da doença, quando o osso fica fragilizado. 
O exame de densitometria óssea permite identificar a presença de osteoporose 
e osteopenia e doenças dos ossos, sendo utilizado para medir a densidade de 
minerais dos ossos (DMO). A densitometria óssea é o exame mais confiável para 
determinar se existe perda de massa óssea e é um exame relativamente simples para 
ser realizado e não são necessários grandes preparativos para o paciente. O paciente 
fica deitado sobre uma mesa e os raios X do aparelho de densitometria passam em 
ziguezague sobre o paciente, digitalizando os ossos. 
 
RESSONÂNCIA PARAMAGNÉTICA ELETRÔNICA (EPR) 
 
 
A ressonância paramagnética eletrônica (EPR) permite detectar a presença de 
elétrons desemparelhados (espécies paramagnéticas) em amostras, portanto, permite 
detectar se uma determinada espécie química é um radical livre, uma molécula 
orgânica ou se a estrutura química apresenta metal de transição. Essa técnica é 
importante na medicina e na biologia, pois permite identificar e caracterizar a estrutura 
de metaloproteínas, podendo ser utilizada em análise de produtos naturais, 
bioquímica, física-médica, farmacologia, biologia celular, e outras áreas da ciência e 
da tecnologia. 
O espectrômetro de EPR é constituído por um ímã que produz um campo 
magnético sobre toda a amostra. A radiação gerada é transmitida através do T-
mágico. O sinal é transmitido ao detector e enviado ao registrador. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
FURONI, R. M. F.; PINTO NETO, S. M.; GIORGI, R. B.; GUERRA, E. M. M. Distúrbios 
do equilíbrio ácido-básico. Rev. Fac. Ciênc. Méd. v. 12. n. 1. p. 5-12. 2010. Disponível 
em: https://revistas.pucsp.br/RFCMS/article/viewFile/2407/pdf. Acesso em: 15 abr. 
2021. 
 
 
HAGE, D. S.; CARR, J. D. Química analítica e análise quantitativa. 5. ed. São Paulo: 
Pearson Editora, 2011. 
 
HARRIS, D. C. Análise química quantitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2001. 
 
LEÃO, R. Osmose, osmolaridade e tonicidade: transporte de água e regulação do 
volume celular. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/256592/mod_resource/content/3/Aula%203
%20Med%20osmose.pdf. Acesso em: 22 abr. 2021. 
 
MENDHAM, J.; DENNEY, R. C.; BARNES, J. D.; THOMAS, M. J. K. Vogel análise 
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