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Aula 01: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS E QUALIDADE DE VIDA - QV No decorrer da história o trabalho, vem tomando um espaço cada vez maior e mais significativo na vida de muitos trabalhadores. Trabalho não serve só para prover as necessidades de sobrevivência como, alimentar-se, vestir-se, suprir necessidades básicas e de sua família, mas, sobre tudo, para satisfazer uma necessidade pessoal em instituir uma identidade social, ter um sentimento de pertencimento e de propriedade de um determinado conhecimento, para isso o individuo investe muita energia disponibilizando maior parte do seu tempo ao trabalho em detrimento ao tempo com a família, com os amigos e até para cuidar de si mesmo. Por outro lado as instituições, públicas ou privadas, exigem cada vez mais, maior empenho por parte do trabalhador param alcançar resultados esperados na prestação de seus serviços. Para isso o trabalhador deve ter maior capacidade de raciocínio, criatividade e habilidades pessoais que possam alcançar esse objetivo. Desta forma, as instituições devem oferecer, aos seus trabalhadores, um ambiente que traga conforto, respeito, segurança, liberdade de expressão e que possa motivar o individuo a desenvolver suas habilidades pessoais com qualidade de vida e o investimento e criar Programas de Qualidade de Vida no Trabalho – PQVT se faz cada vez mais necessário não devendo ser considerado como um custo na planilha, mas como um investimento importante para minimizar ou eliminar mazelas que contribuem para o adoecimento do trabalhador, levando em consideração que os custos e prejuízos causados pelo absenteísmo, afastamento por adoecimento e acidente no trabalho são bem maiores do que se investido em medidas de promoção e prevenção a saúde. 1 CONCEITO DE SAÚDE De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, “Saúde é o estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas ausência de doenças” Este conceito de saúde adotado e utilizado diversas vezes por programas de saúde nas variadas instituições, está sendo cada vez mais colocado em cheque, pois longe de ser uma realidade, remete a ideia de uma saúde perfeita, possivelmente inatingível, visto que saúde não é um “estado estável” que, uma vez atingido possa ser mantido. A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjetividade e influencia histórica, a medida que, o ser humano em sociedade considera ser mais ou menos saudável dependendo de suas escolhas e estilo de vida e, por outro lado, cada ser humano é único e de acordo com sua forma própria de viver, enfrenta situações mais ou menos estressantes nos variados assuntos, como por exemplo o financeiro, as relações na família, amizade e no trabalho, perda importantes, insegurança pública entre outras. 2 CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA – QV De acordo com Maximiano (2000), a QV está baseada em uma visão integral das pessoas, que é o chamado enfoque biopsicossocial e este é originado da medicina psicossomática a qual propõe uma visão integrada, ou holística do ser humano. Porém o que nos interessa é falar sobre Qualidade de Vida no Trabalho – QVT. Tendo como base o conceito acima se pode observar que o sofrimento causado pelo exercício do trabalho não interfere somente no ambiente deste, mas em todos os contextos sociais e pessoais da vida do individuo e que poderá trazer repercussões danosas às relações intra e interpessoal do trabalhador com os seus pares, familiares, amigos o que pode contribuir para o adoecimento, ausência no trabalho entre outras consequências negativas. A QVT busca constantemente humanizar o ambiente de trabalho, pois essa prática contribui muito para o desenvolvimento das habilidades pessoais e para o equilíbrio entre o pessoal e o tecnológico dedicado ao cumprimento das tarefas exigidas no exercício das atividades laborais. Davis e Newstron(1992) entendem por QVT os pontos favoráveis e desfavoráveis de um ambiente de trabalho para as pessoas. Onde a proposta básica deve ser a de desenvolver um ambiente de trabalho que seja bom tanto para os trabalhadores como também propiciem a organização atingir bons resultados. 2.1 MODELOS DE QVT Vários estudiosos do trabalho vem desenvolvendo ao longo do tempo modelos de QVT, entre eles destaca- se Nadler e Walton, Hackman e Oldhan que criaram uma espécie de indicadores apresentando os fatores que podem influenciar na qualidade de vida dos trabalhadores. Não se pretende aqui desenvolver uma pesquisa aprofundada para explicar detalhadamente cada modelo apresentado e sim dar ao aluno uma noção sobre os diversos modelos existentes, o que será feito a seguir: 2.2 MODELO DE QVT DE NADLER E LAWLER Esses autores consideram fatores fundamentais que permeiam a vida e as relações sociais do trabalhador e a partir dai construir seus modelos de QVT e para esses autores diversos fatores podem contribuir com a qualidade de vida no trabalho, primeiramente o fator Econômico no qual a instituição deve garantir direitos básicos como uma remuneração e carga horária compatível com as competências exigidas ao cargo, bem como outros benefícios. Em seguida apresenta fatores Políticos que como pode ser observado inclui bom relacionamento com as chefias, liberdade de expressão, participação sindical entre outros fatores que podem oferecer ao trabalhador uma maior autonomia nas suas decisões e posicionamento no ambiente de trabalho. O terceiro aspecto elaborado pelo autor diz respeito ao fator Psicológico no qual a deve-se levar em consideração o desenvolvimento das habilidades em vários aspectos como, desenvolvimento pessoal e profissional, criatividade, desafio, auto avaliação, variedade e identificação das ações e a tarefa desenvolvida no trabalho. Finalmente os autores consideram o fator Social que apontam, direito a participação nas decisões, autonomia, relacionamento interpessoal, grau de responsabilidade e valor social. Estes aspectos demonstram que o trabalhador passa a ser parte integrante das nas decisões das instituições e podem contribuir de forma significativa no bom desempenho da gestão. 2.3 MODELO DE HACKMAN E OLDHA De acordo com o modelo de Hackman e Oldham (1975), os estados psicológicos críticos são criados pela presença de cinco dimensões ‘básicas’ do trabalho, descritas da seguinte forma: Variedade de Habilidades: grau em que o trabalho requer uma variedade de diferentes atividades e o uso de diferentes habilidades e talentos em sua realização; Identidade da Tarefa: grau em que o trabalho é realizado por completo (do início até o final) com um resultado visível, sendo composto de tarefas identificáveis; Significado da Tarefa: grau no qual o trabalho tem impacto substancial na vida ou no trabalho de outras pessoas – na própria organização ou na sociedade; Variedade de Habilidades: grau em que o trabalho requer uma variedade de diferentes atividades e o uso de diferentes habilidades e talentos em sua realização; Autonomia: grau com que o trabalho permite a liberdade, independência e discrição do trabalhador na programação de suas atividades e na determinação dos procedimentos a serem utilizados; Feedback do próprio trabalho (intrínseco): grau com que informações relacionadas ao desempenho na execução das atividades solicitadas são claramente apresentadas durante sua realização. Feedback extrínseco: grau com que os trabalhadores recebem informações claras a respeito do seu desempenho nas atividades, segundo a opinião de supervisores e companheiros; Inter-relacionamento:grau com que o trabalho requer a interação do trabalhador com outras pessoas para a realização das atividades. Os autores em questão afirmam que o modelo não é capaz de captar os ‘resultados pessoais e do trabalho’ segundo a percepção do trabalhador no que se refere à sua própria produtividade e aos índices de absenteísmo e turnover . Os resultados captados dos trabalhadores pelo modelo são: Satisfação geral com o trabalho: é uma medida geral de quanto o trabalhador está satisfeito e feliz com o trabalho que executa; Motivação interna para o trabalho: grau com que o trabalhador sente-se feliz ao executar perfeitamente as tarefas (ou infeliz ao executar as tarefas erroneamente); Satisfação específica: busca captar a satisfação do trabalhador com: (a) a segurança no emprego; (b) pagamento e outras formas de compensação; (c) companheiros de trabalho; (d) supervisores; e, (e) oportunidades de crescimento e desenvolvimento na organização. 2.4 MODELO DE WALTON FATORES DE QVT DIMENÇÕES 1. Compensação justa e adequada Salário compatível Equidade e compatibilidade externa e interna 2. Condições no trabalho Ambiente físico saudável Jornada adequada de trabalho 3. Uso e desenvolvimento da capacidade Autonomia Significado e identidade da tarefa Variedade e habilidade Retroação Retroinformação 4. Segurança e oportunidade de crescimento Carreira Crescimento profissional Segurança do emprego 5. Integração social na organização Igualdade de oportunidade Relacionamentos interpessoais e grupais Senso comunitário 6. Constitucionalismo Respeito ás leis e direitos trabalhistas Privacidade pessoal Liberdade de expressão Normas e rotinas claras da organização 7. Trabalho e espaço total de vida Papel balanceado do trabalho na vida pessoal 8. Relevância social de vida no trabalho Imagem da empresa Responsabilidade social pelos empregado, produtos e serviços Fonte: adaptado de CHIAVENATO (1999, p. 393) As dimensões da QVT abrangem, basicamente a vida organizacional e a social do trabalhador, o que confirma a visão biopsicossocial. Estes fatores apontam a importância do bem-estar dos trabalhadores para a saúde da organização. Além disso, percebe-se o papel do ser humano cada vez mais integrante, de valor e participante na vida das organizações. Dentre estes fatores pode-se destacar: Utilização e desenvolvimento de capacidades: a organização passa a dar espaço para que as potencialidades do indivíduo sejam desenvolvidas e utilizadas. Esta postura, por parte da administração, é um dos novos paradigmas: antes as pessoas eram “treinadas” para trabalhos repetitivos, enquanto que hoje, a tecnologia executa estes tipos de trabalhos e as pessoas precisam desenvolver suas capacidades. A tendência é que as pessoas tenham um certo grau de autonomia e identificação com o trabalho. Oportunidades de crescimento contínuo: o trabalho deve proporcionar crescimento e desafios constantes. As pessoas são muito mais capazes do que pensam que são, mas para isso a organização deve oportunizar o crescimento, tanto em termos pessoais e intelectuais como profissional. Integração social na organização: neste aspecto fica evidente a importância da igualdade de oportunidades. Garantias constitucionais: a liberdade de expressão e o respeito à individualidade e diferenças devem ser respeitadas pela organização. Com a QVT surge o conceito de trabalho humanizado segundo Davis e Newstrom (1992), a hipótese básica do trabalho humanizado é que ele é mais vantajoso quando promove o “melhor ajustamento” entre os empregados, tarefas, tecnologia e meio ambiente. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Seguindo os modelos de QVT aqui apresentados é possível elaborar e implementar um PQVT para os servidores das organizações que tem responsabilidade social e consideram a importância da prevenção e promoção a saúde de seus trabalhadores. A QVT é o grande desafio das organizações atuais, pois ela é primordial no processo de prevenção e promoção á saúde dos trabalhadores é como foi percebido ao longo desse trabalho, o trabalhador que tem garantido, por parte da instituição, seus direitos a liberdade de expressão, maior autonomia nas decisões e execução das tarefas a ele determinada, além de possuírem oportunidade de desenvolver suas habilidades pessoais apresentam mais comprometimento profissional, melhor desempenho nas tarefas, maior motivação e desenvolvimento pessoal e profissional. Daí a importância de se investir em PQVT, pois isso faz a grande diferença na qualidade de vida dos trabalhadores e conseqüentemente as organizações obtém os melhores os resultados, e podem oferecer um serviço com excelência aos seus usuários. • REFERÊNCIAS: CHIAVENATO, Idalbert. Gestão de Pessoas: no papel dos recursos humanos nas organizações.14ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DAVIS, KEITH e NEWSTROM, John W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem organizacional. São Paulo: Pioneira TL, 1992. MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da escola cientifica a competitividade na economia globalizada. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2000. Sugestão de leitura complementar: RIOS, Izabel Cristina Caminhos da humanização na saúde : prática e reflexão. São Paulo : Áurea Editora, 2009
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