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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA GABRIEL COELHO CRUZ IMPACTO DO POLIMORFISMO CYP2D6*4 EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA EM USO DO TAMOXIFENO Natal Novembro, 2018 1 IMPACTO DO POLIMORFISMO CYP2D6*4 EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA EM USO DO TAMOXIFENO por Gabriel Coelho Cruz Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Bacharel em Biomedicina. Orientador(a): Profa. Tirzah Braz Petta Lajus Natal Novembro, 2018 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA Impacto do polimorfismo CYP2D6*4 em pacientes com câncer de mama em uso do Tamoxifeno Gabriel Coelho Cruz e aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. Natal,______de_______2018 BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Prof. Dra. Tirzah Braz Petta Lajus (Orientadora) (Departamento de Biologia Celular e Genética – DBG) _____________________________________ Prof. Dra. Viviane Souza do Amaral (Departamento de Biologia Celular e Genética – DBG) _____________________________________ Prof. Dr. Ermeton Duarte do Nascimento (Departamento de Microbiologia e Parasitologia – DMP) 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB Cruz, Gabriel Coelho. Impacto do poliformismo CYP2D6*4 em pacientes com câncer de mama em uso do tamoxifeno / Gabriel Coelho Cruz. - Natal, 2018. 39 f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Curso de Biomedicina. Orientador: Prof. Dr. Tirzah Braz Petta Lajus. 1. Tamoxifeno - Monografia. 2. Câncer de Mama - Monografia. 3. Gene CYP2D6 - Monografia. I. Lajus, Tirzah Braz Petta. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE-CB CDU 615.015.2 Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 4 AGRADECIMENTOS Aos meus pais por todo esforço e sacrifício que fizeram e fazem até hoje, por tudo o que abdicaram em prol da minha felicidade, permitindo que eu me dedique aos estudos sem maiores preocupações. Meu amor e gratidão a vocês é imensurável. Espero poder retribuir esse gesto algum dia. À Arthur e Thiago por terem compreendido os meus momentos difíceis ao longo da graduação e, apesar disso, estarem sempre por perto. Amo vocês! À Nero, amigo para todas as horas, por ter feito me sentir especial e extraordinário em vários momentos, sem julgamentos, emitindo carinho sempre. À Luís, pelo suporte emocional, por sempre estar por perto e, também, por ter deixado toda essa jornada bem menos árdua. À minha orientadora, Professora Drª Tirzah Braz Petta Lajus, por ter aberto as portas da LIGA, bem como do Laboratório de Biologia Molecular e Genética da UFRN, para que eu me dedicasse ao estudo da oncologia. Além disso, por ter sido responsável pela minha inserção no Grupo de Oncologia Molecular, foi bastante enriquecedor. Ao Professor Dr. Ermeton Duarte do Nascimento que, com profissionalismo e disponibilidade, me orientou academicamente ao longo do curso. Sou grato pela oportunidade e confiança. O senhor é exemplo de educador. À Dra. Viviane Souza do Amaral, pesquisadora e professora do Departamento de Biologia Celular e Genética da UFRN, que aceitou o convite e se mostrou disponível para participar da banca do meu trabalho de conclusão. Aos meus colegas de curso, da turma com ingresso em 2013.2, em especial à Lorenna Costa, pela companhia e companheirismo durante as aulas e no Grupo de Pesquisa Oncologia Molecular. Aos meus amigos do curso de Medicina por terem me acolhido tão bem e me fazerem dar boas risadas, além de ter compartilhado com vocês os momentos mais decisivos da graduação. Aos excelentíssimos professores do curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo conhecimento compartilhado. Em especial às mulheres mastectomizadas, que sempre estiveram dispostas a contribuir para a construção deste estudo 5 ÍNDICE RESUMO ........................................................................................................................................ 6 ABSTRACT ...................................................................................................................................... 7 LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................ 10 LISTA DE APÊNDICES ................................................................................................................... 11 LISTA DE FIGURAS........................................................................................................................ 12 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 13 1.1 CÂNCER DE MAMA ............................................................................................................ 15 1.2 CYP2D6: ENZIMA E GENE .................................................................................................. 16 1.3 TAMOXIFENO .................................................................................................................... 20 2. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 23 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................... 23 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 23 3. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 24 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................... 26 5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 32 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 33 7. APENDICES............................................................................................................................... 36 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE ........................... 36 APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE COLETA ................................................................................ 40 6 RESUMO O Tamoxifeno (TMX) é a droga mais usada na terapia hormonal para tratamento de câncer de mama (CM). O TMX é um pró-fármaco e necessita de ativação metabólica pela subunidade 2D6 do citocromo P450 (CYP2D6), cujo gene apresenta inúmeros polimorfismos. Um determinado polimorfismo no alelo 4 do gene CYP2D6, bastante comum em determinadas populações já estudadas, quando encontrado em homozigose recessiva, indica pior metabolização de drogas. Estudos de associação entre o CYP2D6*4 e a resposta terapêutica ao TMX são importantes para identificar pacientes que possamnão responder de forma eficiente ao tratamento devido a má metabolização do fármaco e assim desenvolver efeitos colaterais indesejáveis, tais como: fogachos e esteatose hepática. Esse estudo pretende, portanto, genotipar mulheres diagnosticadas com CM para o polimorfismo rs3892097 (referência no NCBI) a fim de relacionar o genótipo com os efeitos adversos da terapia. Mulheres entre 18 e 80 anos, diagnosticadas com CM do tipo receptor hormonal (RH) positivo, no estado do Rio Grande do Norte, que iniciaram o tratamento com o TMX entre 2013 e 2016, foram incluídas. Amostras de sangue foram coletadas para extração do DNA e posterior genotipagem. A genotipagem de dezoito pacientes revelou que, do grupo em questão, quinze são homozigotas selvagens para o alelo *4 (G/G), sugerindo rápida metabolização do TMX. Apenas três pacientes apresentaram o alelo 4 em heterozigose. No Brasil, as frequências alélicas não são conhecidas e, por isso, mais estudos clínicos randomizados são fundamentais para traçar um perfil populacional. Tornar claro o papel da genotipagem prévia do CYP2D6 na prática clínica, antes mesmo da aplicação de um protocolo terapêutico, ajudaria mulheres que possam não responder de forma adequada ao tratamento. Palavras-chave: Tamoxifeno; Câncer de mama; Gene CYP2D6. 7 ABSTRACT Tamoxifen (TMX) is the most used drug in hormone therapy for the treatment of breast cancer (BC). TMX is a prodrug and requires metabolic activation by the 2D6 subunit of cytochrome P450 (CYP2D6), whose gene has numerous polymorphisms. A certain polymorphism in the allele 4 of the CYP2D6 gene, quite common in certain populations already studied, when found in recessive homozygosis, indicates worse drug metabolism. Association studies between CYP2D6*4 and the therapeutic response to TMX are important to identifying patients who may not respond effectively to treatment due to poor drug metabolism and, therefore, develop undesirable side effects, such as hot flashes and hepatic steatosis. This study, thus, intends to genotype women diagnosed with BC with the polymorphism rs3892097 (reference in the NCBI) in order to relate the genotype to the adverse effects of the therapy. Women between the ages of 18 and 80 diagnosed with hormone receptor-positive BC in the state of Rio Grande do Norte, who started treatment with TMX between 2013 and 2016, were included. Blood samples were collected for DNA extraction and subsequent genotyping. The genotyping of eighteen patients revealed that 15 of the group in question are wild homozygotes for the *4 (G / G) allele, suggesting rapid metabolism of TMX. Only three patients presented the allele 4 in heterozygosity. In Brazil, allelic frequencies are not known and, therefore, more randomized clinical studies are fundamental to draw a population profile. Making clear the role of prior CYP2D6 genotype in clinical practice, even prior to the application of a therapeutic protocol, would help women who may not respond adequately to treatment Keywords: Tamoxifen; Breast cancer; Gene CYP2D6. 8 LISTA DE ABREVIATURAS ABC ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CÂNCER ANVISA AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA BJP BRAZILIAN JOURNAL OF PHARMACY CECAN CENTRO AVANÇADO DE ONCOLOGIA CAAE CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO PARA APRECIAÇÃO ÉTICA CONEP COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA CEP COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA CYP CITOCROMO P450 EDTA ÁCIDO ETILENODIAMINO TETRA-ACÉTICO ERE ELEMENTO DE RESPOSTA AO ESTRÓGENIO FSH HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE IHQ EXAME IMUNO-HISTOQUÍMICO INCA INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER HL HORMÔNIO LUTEINIZANTE LIGA LIGA NORTE RIOGRANDENSE CONTRA O CÂNCER OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE PCR POLYMERASE CHAIN REACTION RBF REVISTA BRASILEIRA DE FARMÁCIA RE RECEPTOR DE ESTROGÊNIO RH RECEPTOR HORMONAL SERM MODULADORES SELETIVOS DE RECEPTOR DE ESTRÓGENO 9 SI SISTEMA INTERNACIONAL SNEP SISTEMA NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA SNP SINGLE NUCLEOTIDE POLYMORPHISM TCLE TERMO DE COSNCENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TMX TAMOXIFENO 10 LISTA DE TABELAS Tabela 01 Estimativas para o ano 2018 de número de casos novos de câncer, por Estado* (Brasil)......................................................................................... 14 Tabela 02 Principais alelos do CYP2D6 e seus efeitos na atividade da enzima CYP2D6.................................................................................................... 18 Tabela 03 Algumas das drogas cuja CYD2D6 participa da metabolização.............. 19 Tabela 04 Fármacos que possuem o TMX como princípio ativo comercializados no Brasil.......................................................................................................... 22 Tabela 05 Critérios de inclusão e exclusão adotados no estudo............................... 24 Tabela 06 Identificação do gene e SNP’s usado no ensaio Taqman®...................... 25 Tabela 07 Características patológicas das pacientes com câncer de mama............ 27 Tabela 08 Resultado da Genotipagem....................................................................... 27 Tabela 09 Efeitos adversos x genótipo....................................................................... 28 Tabela 10 Teste do ᵪ².................................................................................................. 30 11 LISTA DE APÊNDICES APÈNDICE A Termo De Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE........ 35 APÊNDICE B Formulário De Coleta............................................................. 38 12 LISTA DE FIGURAS Figura 01 Classificação das CYP’s de acordo com o número de SNP’s conhecidos 18 Figura 02 Comparação de frequências alélicas do gene CYP2D6 de determinadas populações ao redor do mundo................................................................. 20 Figura 03 Vias de metabolização do TMX e CYP’s mais importantes...................... 21 Figura 04 Efeitos adversos x genótipo....................................................................... 29 13 1. INTRODUÇÃO Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2012), o câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo, num processo conhecido por metástase, dividindo-se rapidamente. Estas células tendem a ser muito agressivas, por inúmeros fatores, tais como: evasão do sistema imune, instabilidade genômica, resistência à morte celular e inflamação, por exemplo (HANAHAN & WEINBERG, 2011). As causas de câncer são distintas, por fatores ambientais e genéticos, estando ambos inter-relacionados. No entanto, de todos os casos descritos na literatura, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais (INCA, 2012). Dentre as neoplasias conhecidas, o câncer de mama (CM) é o segundo tipo de neoplasia mais frequente no mundo e o mais frequente dentre as mulheres. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos do diagnóstico é de 61%. Além disso, esses dados revelam que a neoplasia mamária em mulheres antes dos 35 anos é uma patologia relativamente rara. Entretanto, acima desta faixa etária, sua incidência cresce rápida e progressivamente (INCA,2012) Para o ano de 2018, no território global, são estimados 2.088.849 novos casos (GLOBOCAN, 2018). O CM é o mais comum tipo de câncer entre as mulheres no Brasil, respondendo por 28%, em média, dos casos novos a cada ano (INCA, 2018). No Brasil, o Ministério da Saúde estima 52.680 casos novos em um ano, com um risco estimado de 52 casosa cada 100 mil mulheres. E, de acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, aproximadamente uma a cada 12 mulheres terão um tumor nas mamas até os 90 anos de idade (BARBOSA et al. 2013). Foram estimados 57.120 novos casos de câncer no Brasil em 2014, então, em 2016, foram diagnosticados 57.960 casos novos de CM, com um risco estimado de 56,20 casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2016). E, para o ano de 2018, são estimados no país 59.700 novos casos (INCA 2018). No estado do Rio Grande do Norte, de acordo com o INCA (tabela 01), para 2018 são estimados cerca de 800 novos casos de neoplasia mamária em mulheres. Desses novos casos, um terço estará localizado na capital, Natal. Além disso, dados oriundos da Liga Norte-Riograndense Contra o Câncer, referentes ao ano de 2017 revelam que o CM ficou em segundo lugar no ranking de incidência de novos casos de câncer, correspondendo a (17,3%), atrás apenas do câncer de pele (31,41%). 14 Tabela 1: Estimativas para o ano 2018 de número de casos novos de câncer, por Estado* (Brasil). *Números arredondados para múltiplos de 10. Fonte: Estimativa I. Traditions_Sage Handbook of Film Studies.pdf. (Adaptado) Um dos tipos de tratamento do CM é a hormonioterapia. E, nesse contexto, o Tamoxifeno (TMX) aparece como sendo uma das opções terapêuticas para prevenção e manejo do CM, usado principalmente em mulheres, independentemente da faixa etária. O TMX se tornou o principal medicamento prescrito no tratamento de cânceres receptores hormonais (RH) positivos, ou seja, aqueles cuja célula tumoral expressa em sua superfície esses receptores, uma característica que confere maior taxa de crescimento tumoral e replicação celular. Este fármaco é um modulador seletivo de ação antiestrogênica, por se ligar ao receptor de estrogênio (RE) no tecido mamário, e assim impedir de forma competitiva a ação do estrogênio neste tecido (OLIVEIRA, 2006). 15 Muito embora o TMX tenha mostrado bons resultados com relação a uma maior sobrevida livre da doença por parte dos usuários, este apresenta-se para muitas mulheres como prolongado e com efeitos indesejáveis. Osborne (1998), afirma que a resposta clínica ao TMX varia de paciente para paciente, porém, aproximadamente 35% das pacientes com CM RH positivo não respondem ao tratamento. O TMX é um pro-fármaco e a enzima CYP2D6 é chave para a formação dos dois metabólitos ativos: 4-hidroxitamoxifeno, que possui afinidade com o RE marcadamente superior à do TMX e o endoxifeno, considerado o principal metabólito ativo do TMX, uma vez que tem 100 vezes mais afinidade com o RE do que o TMX e 3-10 vezes maior potência para suprimir a proliferação celular (BRITO et al., 2011). No entanto, alterações nas sequências nucleotídicas dos genes estão presentes ao longo do genoma e podem contribuir para o desenvolvimento de doenças. Dentre estas alterações existem os polimorfismos de nucleotídeo único (SNP, do inglês single nucleotide polymorphisms) que consiste na variação da sequência do DNA em um único nucleotídeo (WYSS et al., 2014).Estima-se que a genética do paciente pode ser a razão de 20% a 95% da variabilidade na biodisponibilidade do medicamento e em seus efeitos (KERB et al., 2006). O CYP2D6 também é o gene que codifica a enzima que recebe o mesmo nome. Como a atividade farmacológica do TMX depende da sua bioativação pelo citocromo CYP2D6, os resultados clínicos da terapia com TMX são influenciados por diversos fatores, incluindo o genótipo do CYP2D6, a aderência ao tratamento e o uso de comedicações inibidoras, como os antidepressivos. Vários estudos sugerem que mulheres que transportam uma ou duas variantes alélicas do CYP2D6, que codificam proteínas recessivas podem ter um pior desfecho clínico quando tratadas com terapia adjuvante com TMX em comparação às mulheres portadoras de dois alelos com função normal. Diante do exposto, constatamos que o CM é uma patologia de grande relevância na saúde pública e geradora de alterações significativas na vida das pacientes. O presente estudo visa genotipar mulheres em tratamento para o CM e que usam TMX e, caso o alelo variante esteja associado a efeitos colaterais durante o uso do TMX, poderemos propor um teste genético antes do início do tratamento e assim acompanhar mais de perto a paciente, oferecendo um tratamento personalizado. 1.1 CÂNCER DE MAMA O CM é uma doença heterogênica, caracterizada por diversas formas patológicas, disparidade nas respostas terapêuticas e diferenças substanciais 16 na sobrevida em longo prazo. Portanto, as diferenças encontradas nas neoplasias mamárias torna bem aceito que não se trata apenas de uma doença com alguns subtipos, mas sim uma coleção de doenças neoplásicas e composições celulares. (RIVENBARK; O’CONNOR & COLEMAN, 2013) O INCA (2012), afirma que, infelizmente, qualquer mulher pode vir a ter um CM. No entanto, há determinados grupos de mulheres com maiores possibilidades de apresentar a doença. Essas mulheres têm em comum certas características denominadas fatores de risco, como: história familiar, idade, menarca precoce, menopausa tardia e não ter gerado filhos. Vale salientar, que elas apresentam condições favoráveis ao desenvolvimento da doença, mas não obrigatoriamente terão o CM. Apenas há uma maior probabilidade de tê-lo quando comparadas com a população feminina em geral, que não apresenta esses fatores. O câncer pode ser causado por fatores externos (substâncias químicas, radiações e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores causais podem agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover o processo de carcinogênese. Em geral, dez ou mais anos se passam entre exposições ou mutações e a detecção do câncer (ONCOGUIA, 2012). Felizmente o diagnóstico precoce do CM seguido do tratamento efetivo tem comprovadamente diminuído a mortalidade em diversos estudos. No Brasil, infelizmente, aproximadamente 60% dos tumores malignos da mama ainda são diagnosticados com estadiamento avançado. (VIEIRA et al., 2012) 1.2 CYP2D6: ENZIMA E GENE As proteínas do citocromo P450 (CYP’s) são uma grande família com mais de 50 enzimas funcionais distintas, cada uma delas codificada por um gene diferente. Todas as CYP’s são hemeproteínas do fígado, ou seja, são proteínas conjugadas cujo grupo prostético é o heme (COSTA et al., 2008). O citocromo P450 está agrupado em 20 famílias de acordo com a homologia entre as sequencias de aminoácidos. Três dessas famílias - CYP1, CYP2 e CYP3 – contêm enzimas que atuam sobre uma grande variedade de substratos e que participam de um metabolismo de uma gama enorme de substâncias externas ao corpo (xenobióticos), incluindo medicamentos. (UNG Y et al., 2018) E, em particular, seis genes (CYP1A1, CYP1A2, CYP2C9, CYP2C19, CYP2D6 e CYP3A4) são de conhecida importância para a farmacogenética, pois as enzimas que eles codificam são responsáveis pela fase 1 do metabolismo, que ocorre no fígado, de mais de 90% de drogas comumente utilizadas. Uma anormalidade nesses genes codificadores da produção enzimática responsável pela biotransformação desses 17 xenobióticos/medicamentos pode gerar alteração quanto a sua biodisponibilidade e excreção. (BANDEIRA et al., 2014) Dos genes citados anteriormente, o CYPD26 está mapeado em 22q13.1 e é conhecido por ser o mais polimórfico entre os genes da Superfamília do Citocromo P450, com mais de 100 alelos já descritos (WICKRAMAGE et al., 2017). Além disso, um estudo de revisão publicado em 2013 indica que o CYP2D6, além de ser um dos principais polimorfos CYP, se destaca por ser o maior contribuinte de alelos polimórficos em caucasianos. (PREISSNER et al., 2013). Dentro de uma espécie, os cromossomos homólogos são bastante similares entre si, mas em determinadas localizaçõespode haver variabilidades na sequência do DNA. Se a variação é encontrada em uma frequência superior a 1% da população, denomina-se polimorfismo. Genes são considerados polimórficos funcionalmente, quando as variantes alélicas existentes, de forma estável na população, alteram a atividade de alguma proteína codificada pelo DNA (CHOUDHURY et al.,2014; LEITE; GUERRA; DE MELO, 2005). As variações mais comuns entre os indivíduos são do tipo Polimorfismo de Nucleotídeo Único (em inglês Single Nucleotide Polymorphisms - SNP’s), cuja variação encontrada se trata de uma única base nitrogenada no DNA que, durante o processo de codificação, poderá ou não dar origem a uma enzima alterada. (BANDEIRA et al., 2014) Variações alélicas que modulam a atividade da enzima CYP2D6 afetam, portanto, a resposta ao TMX, modulando o metabolismo desse fármaco, uma vez que sua metabolização é dependente das enzimas do Citocromo P450, dentre elas, a CYP2D6. A Figura 1 contém informações sobre a quantidade de SNP’s existentes dentre os principais representantes do Citocromo P450 em humanos. A CYP2D6, com mais de 100 polimorfismos, é a enzima representante mais prevalente do grupo. Os polimorfismos genéticos da isoforma CYP2D6 provavelmente é o mais bem caracterizado nas enzimas do citocromo P450 (WEINSHILBOUM, 2003). Em muitos casos, o SNP está associado com atividade enzimática reduzida, mas também há exemplos de variantes com atividade aumentada (Tabela 01). Estima-se que um milhão de SNP’s (um para cada mil nucleotídeos) possa existir no genoma humano, dos quais 60 mil estão em regiões que codificam proteínas, um campo ainda muito vasto a ser explorado (ARAKAKI; MARQUES; SANTOS, 2009). Um estudo pioneiro realizado por Gough et al. (1990) com 20 indivíduos de metabolismo deficiente de debrisoquina (um substrato seletivo de CYP2D6), identificaram uma mutação no local de splicing no gene CYP2D6, produzindo uma proteína sem atividade funcional. Este alelo foi denominado de CYP2D6 * 4. As variações alélicas que alteram a atividade da enzima do citocromo P450- 18 2D6 afetam a resposta a xenobióticos modulando o metabolismo de medicamentos, porém ainda existe pouca evidência sobre a associação entre esses polimorfismos e efeitos adversos às medicações. A enzima CYP2D6 está envolvida na metabolização de muitas drogas clinicamente importantes, incluindo os β-bloqueadores, antiarrítimos, anti- hipertensivos, opióides, antipsicóticos, antidepressivos, dentre outros. A tabela 2 exibe algumas drogas na qual a enzima CYP2D6 faz parte da metabolização. Um vasto número de medicamentos são metabolizados pela enzima CYP2D6 (Tabela 3). Porém, é importante ressaltar que a sua atividade pode também ser afetada pela coadministração de drogas que inibam a atividade metabólica do CYP2D6. (BRITO et al., 2011) A quinidina, a fluoxetina e a paroxetina são potentes inibidores da atividade de CYP2D6, podendo levar a interações medicamentosas quando utilizadas com outros fármacos metabolizados por essa isoenzima (RIESENMAN, 1995). Tabela 2: Principais alelos do CYP2D6 e seus efeitos na atividade da enzima CYP2D6. EM, extenso metabolizador; IM, metabolizador intermediário; PM, pobre metabolizador. Fonte: http://www.cypalleles.ki.se/cyp2d6.htm 19 Figura 1: Classificação das CYP’s de acordo com o número de SNP’s conhecidos. Fonte: (PREISSNER et al., 2013) Tabela 3: Algumas das drogas cuja enzima CYD2D6 participa da metabolização. Cardiovascular Anti- Histamínico Antidepressivo e Neurolépticos Outras Drogas Quinidina Clorfheniramina Nortriptilina Codeína Lidocaína Hidroxizine Amitriptilina Metóxi Propranonol Prometazina Clomipramina Anfetamina Metroprolol Clozapina Esparteína Captopril Desioramina Ondasentrona Timold Desmelticitalopram Bufarolol Fluvoxamina Debrisoquina Haloperidol Risperidona Imipramina Fluoexitina Sertralina Paroxetina Venlafaxina Fonte: (MARINELI; SOUZA, 2011). Um grande estudo retrospectivo, realizado em 2017, demonstrou a frequência de alguns alelos do gene CYP2D6 em diferentes populações do mundo, tomando como base e fonte de dados as publicações existentes em um determinado banco de dados, o Pubmed. Foram analisadas, a partir daí, 20 publicações entre 1995 e 2015. Um dos resultados desse estudo aparece na Figura 2. Podemos observar que a frequência alélica do CYP2D6*4 é maior na população judaica e em segundo lugar se na população europeia. Figura 2: Comparação de frequências alélicas do gene CYP2D6 de determinadas populações ao redor do mundo. As frequências foram calculadas a partir de estudos publicados no banco de dados Pubmed de 1995 a 2015. O gráfico representa as frequências alélicas (*2xN/*10/*17/*4/*5) de acordo com a função enzimática: não metabolizador (no), metabolizador diminuído (↓), normal (↔) e alelos de função aumentada (↑). Traduzido. (GAEDIGK, A. et al. 2017) 1.3 TAMOXIFENO O CM, dentre as neoplasias malignas, tem sido o responsável pelos maiores índices de mortalidade no mundo e, dentre os tratamentos disponíveis, está a utilização de quimiopreventivos, que são agentes químicos naturais ou sintéticos na reversão, bloqueio ou prevenção do surgimento do câncer. Entre esses fármacos, encontra-se o TMX (OLIVEIRA et al. 2006). O TMX se trata de um pró-fármaco de via oral que requer ativação metabólica para realizar sua atividade farmacológica. Seus metabólitos competem com o estrogênio endógeno pela ligação no domínio do RE. Sua 21 biotransformação é mediada pela enzima citocromo P450, majoritariamente pela subunidade 2D6, através da desmetilação e hidroxilação, gerando vários metabólitos: 4-OH-tamoxifeno, alfa-OH-tamoxifeno, N- desmetil-tamoxifeno, e 4-OH-N-desmetil-tamoxifeno (endoxifeno). (DUART et al., 2011) Na Figura 3, o esquema representativo demonstra a via de metabolização do TMX em nosso organismo, com a participação da enzima CYP2D6 na formação dos metabólitos citados. Figura 3: Vias de metabolização do tamoxifeno e CYP’s mais importantes. Fonte: (IRVIN WJ et. Al., 2011) O uso mais comum do TMX é no tratamento do CM, devido a sua ação antagonista nas células mamárias. Este fármaco é utilizado tanto em mulheres pós-menopáusicas quanto pré-menopáusicas, que apresentem tumor RH positivo. Isso porque foi verificado que a maioria das mulheres que apresentam RH negativo não respondem ao tratamento com TMX (MARKOPOULOS et al., 2014). Além disso, o TMX atua estimulando a expressão do gene que controla a produção do fator de crescimento insulinóide tipo I (IGF-1), também denominado de somatomedina-C, reduzindo sua síntese (GEBRIM et al., 2003). Outro mecanismo pelo qual o TMX regula a transcrição de genes é pelo percurso clássico, através de um elemento de resposta ao estrogênio (ERE). Com interação do complexo fármaco-receptor, o RE torna-se ativado o que causa a formação de dímeros que se ligam ao ERE que desencadeiam alterações conformacionais no domínio aminoterminal do RE, o qual interage 22 com fatores de ativação transcricional, que levam a ativação da transcrição. No entanto este complexo não consegue ativar completamente o processo de transcrição interferindo desta forma no ciclo celular (BRENTANI; FELDMAN, F Ao longo dos anos o TMX tem se mostrado bastante eficiente no tratamento do CM, enquanto a terapia endócrina adjuvante em pacientes RH negativos produz uma resposta significativa em apenas aproximadamente 30% desses, em pacientes RH positivos, taxas de resposta maior do que 80% podem ser observadas. (GRADISHAR, 2004) Em mulheres pré-menopáusicas sadias, o TMX reduz as concentrações plasmáticas de prolactina, talvez por inibir a liberação de prolactina pela hipófise induzida por estradiol. Em mulheres anovulatórias, aumenta também as concentraçõesplasmáticas de HL (Hormônio Luteinizante) e FSH (Hormônio Folículo-Estimulante) melhorando a ovulação e a função do corpo lúteo. Por isso, este fármaco também pode ser utilizado para estimulação ovulatória no tratamento de infertilidade (VIANNA, 2007). O TMX é um dos principais medicamentos oncológicos usados no mundo. No Brasil, o TMX já é fabricado e comercializado por diversas empresas da indústria farmacêutica. O medicamento é ofertado para uso em doses de 10 e 20mg, a depender da prescrição médica. Além disso, muitas farmácias já manipulam a sua própria formulação. Tabela 4. Tabela 4: Fármacos que possuem o TMX como princípio ativo comercializados no Brasil. Fonte: KOROLKOVAS; ALBUQUERQUE; CUNHA, 2002; VADE-MÉCUM 2004a 23 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o impacto do polimorfismo CYP2D6*4 em pacientes com câncer de mama em uso do TMX, no estado do Rio Grande do Norte. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Realizar um levantamento bibliográfico a cerca os efeitos de um polimorfismo no alelo 4 do gene CYP2D6 em um grupo de mulheres diagnosticadas com CM; Genotipar o polimorfismo (referência no NCBI: rs3892097) em um grupo de mulheres diagnosticadas com CM, utilizando a técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR); Correlacionar o genótipo e o efeito do polimorfismo CYP2D6*4 no grupo de mulheres em questão; Avaliar a ocorrência de eventos adversos no grupo de mulheres inseridas no estudo. 24 3. METODOLOGIA O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Liga Norte Rio-Grandense Contra o Câncer (LIGA) e possui o seguinte número referente ao Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE), fornecido pelo Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP): 68832917.0.0000.5293. Todos os pacientes foram consentidos e assinaram o Termo de Comprometimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A). A partir de um grupo inicial de 42 pacientes incluídas no estudo, que tinham em comum o início do TMX entre 2013 e 2016, selecionamos, usando critérios de exclusão (tabela 5), um grupo menor a partir deste. Este grupo inicial foi identificado com o prefixo TMX seguido de uma numeração crescente: TMX 1, TMX 2,TMX 3...TMX 42. Então, ao excluir as pacientes que fizeram o switch da droga ou que não obtiveram sucesso na extração do DNA ou que pediram para sair do estudo, restaram 18 pacientes. Ao final, foram selecionadas, então,18 mulheres, entre 18 e 80 anos de idade, de nacionalidade brasileira, residentes no estado do Rio Grande do Norte. As participantes inseridas foram diagnosticadas com carcinoma mamário de grau histológico I ao III, iniciaram a terapia com o TMX entre 2013 e 2016 e estavam, até o momento da assinatura do TCLE, em tratamento regular na LIGA, com o acompanhamento de um médico mastologista e retirada regular de medicação diretamente na farmácia da LIGA. Um Formulário de Coleta (Apêndice B) foi aplicado logo após a assinatura do TCLE ao participante, este era composto por três partes: os dados pessoais gerais, comorbidades e uso de medicamentos (I), aspectos clínicos relacionados com o surgimento de possíveis eventos adversos 25 relacionados ao uso de TMX (confirmado em prontuário hospitalar) (II) e o resultado da genotipagem (III). O Formulário de Coleta foi idealizado de modo que servisse como template para o estudo, por meio deste fora possível checar os critérios de exclusão e de inclusão do estudo dispostos na tabela 5. Além disso, o preenchimento do mesmo facilitou a organização, de forma sucinta e clara, do histórico médico da participante e o resultado da genotipagem. Tabela 5 – Critérios de inclusão e exclusão adotados no estudo. Critérios de inclusão: - Pertencer ao sexo feminino e possuir idade mínima de 18 anos; - Receber tratamento regular na LIGA; - Está fazendo uso regular diário do TMX, 20mg ao dia; - Ter iniciado o uso do TMX entre os anos 2013 e 2016. Critérios de exclusão: - Estar em tratamento adjuvante quimioterápico no momento da coleta; - Estar em uso de medicamentos potencializadores ou inibidores da enzima CYP2D6; - Estar realizando hormônio terapia com outro medicamento que não seja o TMX; - Possuir difícil acesso venoso, que exija mais de uma punção. Ao logo do estudo, a frequência do genótipo do alelo CYP2D6*4 em mulheres em diferentes grupos etários foi analisada. Para isso, coletas de sangue foram realizadas através de punção intravenosa com agulhas e seringas descartáveis estéreis. Foram coletados cerca de 2ml de sangue de cada indivíduo, o qual foi colocado imediatamente em tubos estéreis contendo solução anticoagulante Ácido Etilenodiamino Tetra-acético (EDTA) e mantidos a 4ºC até o momento do processamento. Foi utilizado o procedimento padrão de acesso venoso por flebotomia na coleta de amostra sanguínea e o DNA genômico foi extraído dos leucócitos periféricos usando a técnica de salting out simples descrita por (S.A.MILLER, 1988). Posteriormente, para a determinação do alelo variante *4 (G1934A) do gene CYP2D6 foi utilizado o método de PCR-Taqman® (polymerase chain reaction – Taqman®) realizado com um TaqMan kit (Applied Biosystems, Foster City, California, USA) comercialmente disponível (kit # C- 27102431-D0). Tabela 6. A amplificação foi realizada no QIAGEN®'s Real- Time PCR Cycler, o Rotor-Gene Q®. 26 Uma função prejudicada da enzima CYP2D6 foi definida na presença de uma ou duas cópias do alelo variante * 4 (rs3892097). Na presença de dois alelos normais, a função da proteina foi considerada normal (SØILAND et al.,2012) Tabela 6: Identificação do gene e SNP’s usado no ensaio Taqman® Código do Gene ID do Produto Código do SNP (NCBI) CYP2D6*4g.1846G>A C_27102431_D0 rs3892097 Produto Comercial: Thermo Fisher Scientific, Inc. SNP, Single Nucleotide Polymorphism, CYP2D6, Cytochrome P450 2D6; NCBI, National Center for Biotechnology Information Ao final, para a inferência estatística do estudo, os dados de genotipagem obtidos foram submetidos ao teste do Quiquadrado ( , todavia o detalhamento dessa metodologia foge do escopo deste trabalho. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados foram apresentados e discutidos de acordo os estudos sobre o impacto do polimorfismo CYP2D6*4 em um grupo de mulheres diagnosticadas com CM. A partir de um levantamento, realizado entre os anos de 2017 e 2018, para a reunião do maior número de informações referentes ao tema, temos a seguir, apresentados e analisados, os dados obtidos. A genotipagem de dezoito pacientes, após os filtros dos critérios de inclusão e exclusão, revelou que, do grupo em questão, quinze são homozigotas selvagens para o alelo *4 (G/G) (83%), sugerindo rápida metabolização do TMX. Apenas três pacientes apresentaram o alelo 4 em heterozigose (G/A) (17%) e, consequentemente nenhuma destas apresentaram ambos alelos recessivos (A/A). Tabela 8. Foi observado ainda que o maior número de pacientes foi diagnóstica entre 41 e 50 anos de idade (38,8%), com maior prevalência do grau histológico II de malignidade entre elas (44,4%). Além disso, mulheres pré- menopausadas na data de diagnóstico encontravam-se em maior quantidade (44,4%). O status do HER2, que indica pior prognóstico, foi negativo na maioria das pacientes (61,1%). Tabela 7. Ao analisar o perfil clínico dessas pacientes foi constatado que os eventos adversos mais variados e sérios, estavam presente em mulheres heterozigotas. E, apesar de se tratar de um número amostral ainda 27 inexpressivo (n=18), esse dado observado corrobora com os dados presentes na literatura, bem como com os resultados do teste genético. Tabela 9. Estudos têm revelado fortes evidências de que mulheres com CM portadoras de um alelo de hipofunção do CYP2D6 podem não responder ao tratamento como TMX. No Brasil, entretanto, as frequências alélicas ainda não são bem conhecidas e, por isso, mais estudos clínicos randomizados são fundamentais para traçar um perfil populacional. Tornar claro o papel da genotipagem prévia do CYP2D6 na prática clínica, antes mesmo da aplicação de um protocolo terapêutico, ajudaria mulheres que possam não responder de forma adequada ao tratamento. Desse modo, poder-se-ia obter os efeitos desejados, a menores custos, evitando os efeitos adversos e, talvez, medidas preventivas pudessem tornar a terapêutica e a resposta ao tratamento ao carcinoma mamário ainda mais eficaz. Futuros estudos clínicos poderão comprovar estes achados e apresentar vantagens na redução de efeitos colaterais e custos. Tabela 7. Características patológicas das pacientes com câncer de mama Idade do Diagnóstico N (%) 21-30 1 (5,5%) 31-40 4 (22,2%) 41-50 7 (38,8%) 51-60 2 (11,1%) 61-70 3 (16,6%) 71-80 1 (5,5%) Grau Histológico N (%) Grau I 3 (16,6%) Grau II 8 (44,4%) Grau III 7 (38,8%) Status Menopausa N (%) Pré-menopausa 8 (44,4%) Pós-menopausa 6 (33,3%) N/A 4 (22,2%) Receptor HER2 N (%) HER2- 11 (61,1%) HER2+ 5 (27,7%) n/a 2 (11,1%) Tabela 8: Resultado da Genotipagem 28 CYP2D6*4 n (%) Frequência Genotípica/ Alélica Genótipos GG 15 (83,3%) 0,83 GA 3 (16,7%) 0,16 AA 0 0 Alelos Alelo G 33 (91,6%) 0,91 Alelo A 3 (8,4%) 0,08 Tabela 9: Efeitos adversos x genótipo. ID PARTICIPANTE CYP2D6*4 1846G>A RESPOSTA AO TRATAMENTO 1 TMX2 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 2 TMX4 G/G FOGACHO 3 TMX6 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 4 TMX8 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 5 TMX9 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 6 TMX10 G/G FOGACHO/ATERAÇÃO DE HUMOR E INSUFICIÊNCIA VENOSA 7 TMX11 G/A AVC MAIS CAIMBRAS APÓS INÍCIO DO TMX 8 TMX13 G/A FOGACHO/VARIZES 9 TMX14 G/G FOGACHO E ALTERAÇÃO DE HUMOR 10 TMX15 G/A CEFALÉIA/ DERMATITE SEBORRÉICA/DORMÊNCIA NOS PÉS E FADIGA 11 TMX21 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 29 12 TMX22 G/G FOGACHO E ALTERAÇÃO DE HUMOR 13 TMX24 G/G FOGACHO/CAIMBRAS NAS PERNAS 14 TMX30 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 15 TMX31 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 16 TMX32 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 17 TMX33 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE 18 TMX34 G/G SEM QUEIXAS/BEM TOLERANTE Representado no gráfico da figura 4, temos a relação entre os genótipos obtidos e os sintomas observados no grupo de mulheres. Em azul, o grupo de mulheres que apresentaram o genótipo G/G, com expressivo número de pacientes sem queixa/ bem tolerantes ao TMX, enquanto que em vermelho, as pacientes heterozigotas (G/A), não fazem parte desse grupo não queixoso. É válido apontar que o maior número de eventos adversos e os mais sérios também, foram encontrados principalmente em pacientes heterozigotas. Figura 4: O gráfico relaciona o número de pacientes, o genótipo e os sintomas relatado pelas pacientes do estudo. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N ú m e ro d e p ac ie n te s Sintomas Relação: Genótipo x Sintomas G/G G/A 30 Estudos relacionados com polimorfismos genéticos são de grande interesse, pois aumentam a compreensão atual do metabolismo de muitas drogas, em particular as drogas anticâncer. Este tipo de trabalho se torna particularmente oportuno no Brasil devido à pronunciada etnia, diversidade e variabilidade regional na miscigenação. Em oncologia, a terapia endócrina comumente usada para quimioprevenção e o tratamento adjuvante do CM é o pró-fármaco TMX. No entanto, sua eficácia depende do seu metabolismo pela enzima CYP2D6 em metabolitos ativos, sendo endoxifeno o principal metabólito ativo. (ABRAHAM et al., 2010) O gene que codifica o CYP2D6 é altamente polimórfico e as variantes mostram uma grande diversidade entre os diferentes genótipos e populações.(VAN SCHAIK, 2005) A variante CYP2D6*4 é uma das mais importantes variantes nulas funcionalmente alteradas e está presente em 15 a 21% dos caucasianos.(GOETZ; KAMAL; AMES, 2008) Por fim, a análise estatística provinda pelo teste do ᵪ² resulta na aceitação da hipótese nula de que a população em questão está em equilíbrio, já que - considerando o nível de significância com percentual de p=0,05 - obteve-se um valor inferior ao tabelado (3,84 > 0,17), o que reafirma o equilíbrio de Hardy-Weinberg para esse conjunto de indivíduos (exceto o espaço amostral diminuto de 18 pessoas).Tabela 10. *Valor oriundo do teste do utilizando os genótipos obtidos das 18 participantes do estudo Tabela 10 – Teste do ᵪ² GENÓTIPOS OBSERVADOS ESPERADOS** G/G 15 14,9 G/A 3 2,62 A/A 0 0,1152 **Valores obtidos usando a fórmula p2 +2 pq + q2 = 1 de Hardy- Weinberg. Aplicando os resultados encontrados na fórfuma do Qui-quadrado, Temos: G/G G/A A/A Frequências genotípicas 0,83 0,16 0 Frequências alélicas G: 0,83 + (0,5x 0,16) = 0,91 A: 0 + (0,5x 0,16) = 0,08 ᵪ = = 𝑂 − 𝐸 ² 𝐸 31 G/G = ² = 0,00067114 G/A= ² = 0,0551145 A/A= ² = 0,1152 ᵪ²= 0,1709... 32 5. CONCLUSÃO O presente estudo possibilitou um conhecimento maior do impacto do polimorfismo CYP2D6*4 em um grupo de pacientes com CM que fazem o uso do TMX no estado do Rio Grande do Norte. O número reduzido de trabalhos ainda gera preocupação, uma vez que o estudo da correlação entre os efeitos adversos ao TMX e o genótipo das pacientes é fundamental para melhor elucidar aspectos da terapia oncológica. O estudo dos genes e polimorfismos em genes que codificam enzimas metabolizadoras é essencial para que as pacientes tenham melhor qualidade no tratamento e para que este seja mais personalizado. E, diante da concretização deste trabalho, é esperado que o interesse, de outros pesquisadores em desenvolver mais estudos sobre assuntos correlatos à temática abordada, seja despertado. É um desejo que esse projeto tenha segmento e que a perspectiva para a sua continuidade esteja no sequenciamento do gene completo CY2D6. Assim, com mais informações desse grupo específico de pacientes, poderemos fazer mais colocações a cerca do perfil populacional em questão e o medicamento em questão. 33 6. REFERÊNCIAS 1. ARAKAKI PA, Marques MR, Santos MCLG. MMP-1 polymorphism and its relationship to pathological processes. J Biosci. 2009;34(2):313– 20. 2. BANDEIRA CM, Almeida AÁ de, Gonçalves AJ. Genetic polymorphisms in the Cytochrome P450 family and squamous cell carcinoma of the oral cavity, pharynx and larynx. Rev Col Bras Cir [Internet]. 2014;41(5):366–72. 3. BARBOSA AMM, Ferraz EB, Hott GO, Geraldo J. Câncer De Mama , Um Levantamento Epidemiológico Dos Anos De 2008 a 2013. 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APENDICES APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE LIGA NORTE RIOGRANDENSE CONTRA O CÂNCER TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE De acordo com a Resolução 466/12 Prezado senhor (a), Gostaria de convidá-lo (a) para participar da pesquisa “Estudo de polimorfismos genéticos relacionados com a resposta terapêutica em oncologia” que é coordenada pela Dra. Tirzah Braz Petta Lajus, que cumpre as exigências da Resolução 466/2012- CONEP/MS. Sua participação no estudo é voluntária, o que significa que você participa apenas se quiser. Você pode recusar a participar ou desistir deste estudo a qualquer momento sem que você seja prejudicado ou perca algum benefício do qual você tem direito. Você continuará sendo acompanhado e tratado para seu câncer de mama da mesma maneira. Se você sofrer algum dano durante esse estudo, prevista ou não nesse termo de consentimento, como consequência da participação nesse estudo, você receberá assistência imediata, total e gratuita, pelo tempo necessário, para tratar o dano, sem custos para você. E qualquer despesa referente ao estudo são de responsabilidade do pesquisador, você poderá ser ressarcida ou indenizada, conforme descrito no item IV.3 e IV.4 da Resolução nº466/12-CONEP/MS. Essa pesquisa tem como objetivo pesquisar polimorfismos ou SNPs, que são variações existentes em diferentes regiões do DNA, relacionados com o metabolismo do medicamento 37 Tamoxifeno e correlaciona-los com a resposta terapêutica e efeitos colaterais de pacientes com câncer. Caso decida aceitar o convite, você nos ajudará da seguinte forma: assinará esse termo, em seguida serão coletados 5 mL de seu sangue em tubo com tampa roxa ou lilás, contendo uma substância anticoagulante, o etilenodiamino-tetra-acético (EDTA), que conserva a morfologia das células sanguíneas. Um biomédico ou por um enfermeiro fará este procedimento. Este procedimento de coleta poderá causar algum desconforto, dor, tontura, constrangimento, bem como o surgimento de hematoma (mancha roxa) no local da punção. No entanto, o profissional capacitado irá instruir o paciente afim de evitar complicações decorrentes do procedimento e intervirá caso elas ocorram, fornecendo todos os cuidados necessários, colocando compressas por exemplo. Após a coleta, você será liberado (a) e não haverá acompanhamento no âmbito deste estudo, ou seja, este estudo não terá influência sobre o seu acompanhamento médico oncológico. Em um outro momento, o pesquisador irá consultar o seu prontuário para coletar algumas informações sobre o seu histórico médico, seu tumor e seu tratamento. Suas respostas farão parte de um conjunto de respostas dadas por outros pacientes que estão fazendo uso do tamoxifeno, para que possamos entender melhor as chances de pacientes desenvolver efeitos colaterais durante a hormonioterapia. Esperamos que o conhecimento dessas questões nos dê uma idéia de como os profissionais de saúde podem fazer para que os pacientes diminuam as chances de ter efeitos colaterais como fogacho e sudorese, assim como a gravidade durante o tratamento. Desejamos também entender a partir da avaliação genética quais genótipos estão associados com os efeitos adversos da paciente. Como ainda não validamos alguma associação entre o genótipo e a ocorrência de efeitos adversos tais como fogacho, espessamento do endométrio ou catarata, essa informação não será útil para você durante o seu tratamento. De forma que não temos, nesse momento, como prever se você irá desenvolver algum desses eventos adversos. Porém, estamos desenvolvendo este estudo para que futuramente pessoas possam ser beneficiadas com tais informações. Os dados serão guardados em local seguro e a sua identidade sempre será mantida em sigilo, usaremosapenas o seu número atribuído na pesquisa. O seu DNA permanecerá armazenado por no mínimo 5 anos no Laboratório de Biologia Molecular e Genômica da UFRN. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente aos pesquisadores através dos endereços e telefones que se encontram indicados no final deste documento. Desde já agradecemos a disponibilidade em participar voluntariamente deste estudo através da confirmação neste documento. TERMO DE CONSENTIMENTO: 38 Eu,____________________________________________________________, li o esclarecimento e compreendi a finalidade do estudo e qual procedimento a que serei submetida. Entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas. Autorizo o uso de dados médicos obtidos através do meu prontuário com o objetivo de desenvolver a pesquisa citada. Autorizo o armazenamento do meu DNA por no mínimo 5 anos. Autorizo a publicação do referido trabalho escrito em revistas científicas. Concedo também o direito de uso para quaisquer fins de ensino e divulgação em jornais e/ou revistas científicas, desde que mantenha o sigilo sobre a minha identidade. Eu aceito participar da pesquisa: “Estudo de polimorfismos genéticos relacionados com a resposta terapêutica em oncologia”. Natal/RN ____de_____________ de 201_. ________________________________________ Assinatura do Paciente ou Impressão datilográfica do paciente ________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável CONTATOS DE INTERESSE: Pesquisador responsável para casos de urgências (24h): Dra. Tirzah Braz Petta Lajus (84) 99197-3655 Dra. Tirzah Braz Petta Lajus Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer Av. Miguel Castro, 1355 CEP 59062-000 / Natal-RN 39 Telefone: (84) 4009-5595 e-mail: pesquisaclinica.tirzah@liga.org.br Comitê de Ética em Pesquisa da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer - LNRCC Rua Dr. Mário Negócio, 2267 Quintas, Natal – RN, CEP: 59040-000 Tel: (84) 4009-5494 Horário de funcionamento: 13:00-16:45h e-mail: cep@liga.org.br mailto:cep@liga.org.br 40 APÊNDICE B – FORMULÁRIO DE COLETA LIGA NORTE RIOGRANDENSE CONTRA O CÂNCER DEPARTAMENTO DE ENSINO, PESQUISA E EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA - DEPECOM FORMULÁRIO DE COLETA I INFORMAÇÕES DO PACIENTE Nº do Prontuário: Nome do paciente: Iniciais: N° do Estudo: Data de nascimento: Data de diagnóstico: Data de inclusão: Comorbidade: Uso de medicamentos: Estadiamento clínico TNM: Médico responsável: II INFORMAÇÕES CLÍNICAS Período de uso do TMX: SIM NÃO Observação: Fogacho Insuficiência venosa Espessamento do endométrio Alteração de humor AVC/ALT TVP Catarata Progressão de doença Data: EC: III GENÓTIPO: DEPECOM Av. Miguel Castro, 1355 – Dix-Sept Rosado CEP: 59062-00 – Natal/RN Fone: (84) 4009-5567 E-mail: sec.depecom@liga.org.br mailto:sec.depecom@liga.org.br
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